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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
DESAFIOS ENFRENTADOS FRENTE AO ENSINO DO FUTEBOL PARA MENINAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Vilson Dobrantz1
Felipe Canan2 RESUMO
A temática deste estudo está centrada no contexto que envolve os desafios enfrentados pelos professores de Educação Física, no ensino do futebol, às meninas do Ensino Fundamental Anos Finais. Esse artigo que aqui se apresenta é fruto do desenvolvimento do trabalho de pesquisa vinculado ao PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), que tem como titulo de pesquisa “Os Desafios Enfrentados Frente ao Ensino do Futebol para Meninas na Educação Física Escolar”. A escolha da estratégia de pesquisa justifica-se pela possibilidade de contribuir à motivação das meninas do Nono Ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio do Distrito da Moreninha no município de Santa Helena, à prática do futebol. O objetivo dessa pesquisa foi de desenvolver metodologias e práticas de ensino do futebol, que inclua e motive as meninas, aprimorando suas habilidades em relação a essa modalidade esportiva. Pois no decorrer da prática docente constatou-se que, as mesmas são desmotivas a praticar o futebol seja dentro do contexto escolar ou fora, havendo assim a necessidade de promover junto às mesmas metodologias com atividades predesportivas de futebol de campo que oportunize a inclusão e motivação das meninas bem como dos demais alunos. Com a aplicação das atividades foi possível a desconstrução do preconceito que futebol é uma atividade do gênero masculino e promoveu a motivação e participação de meninas e meninos nas atividades propostas nas aulas de Educação Física e a interação entre os gêneros. Palavras-Chave: “Futebol”; “Motivação”; “Gênero”; “Educação Física Escolar”; “Metodologias”.
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física Escolar tem como objetivo contribuir na formação do cidadão, o
que implica afirmar ao educando os valores e práticas sociais que dizem respeito a
valorização e a dignidade do ser humano.
Dentro do contexto escolar, a Educação Física passa a ser o espaço que permite ao
aluno experimentar os movimentos, e por meio dessa experimentação, desenvolver um
conhecimento corporal e uma consciência dos motivos que o levam a prática desses
movimentos. Contudo, nem sempre isso acontece e parte dos alunos acaba “[...]
desmotivando-se pelas aulas de Educação Física, e dentro desse contexto, sobretudo, as
meninas em relação ao conteúdo futebol, prática que apresenta traços históricos de
machismo” (DAOLIO, 2007. P, 23).
1 Professor de Educação Física Escolar do Ensino Público do Estado do Paraná – Cursista do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. 2013 a 2014. 2 Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná. Professor Orientador vinculado à UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido Rondon.
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Desde muito cedo e muitas vezes antes de ingressarem na escola, a educação que é
recebida pelos gêneros, diferenciando as meninas, passa muitas vezes a ser uma influência
negativa nas aulas de Educação Física Escolar, criando um clima de preconceito e
marginalização em relação à prática de esporte, principalmente do futebol por meninas, pelos
alunos, pais e até mesmo muitos professores; “[...] o esporte e a atividade física não fazem
parte da realidade feminina brasileira; esse é um direito hoje que as mulheres não desfrutam
por não ter sido educada para isso" (LOURO, 2003, p. 144).
Além dos aspectos relacionados ao gênero, que por si, podem ser geradores de
segregação nas aulas de educação física, a motivação apresenta-se como fator de grande
influencia. Sendo inerente a cada pessoa, a motivação é vista como uma “[...] força propulsora
cujas verdadeiras origens se acham, na maioria das vezes, escondidas no interior do indivíduo
e cuja satisfação ou insatisfação fazem parte integrante dos sentimentos experimentados por
ele mesmo como benéficos ou maléficos ao seu ajustamento motivacional" (BERGAMINI,
1993, p.48).
Ao tratar de motivação no campo dos esportes tem-se como uma das vertentes a
Teoria da Motivação para a Competência, sustentando que “[...] as pessoas são motivadas a
sentirem-se dignas ou competentes, e que, além disso, esses sentimentos são os principais
determinantes de motivação" (WEINBERG & GOULD, 2001, p. 67). Dessa forma, a aula de
educação física e, especificamente a aula de futebol para meninas, deve ser apta a despertar a
motivação para a prática, superando os problemas já existentes de antemão, como os aspectos
sócio-culturais relacionados ao preconceito entre gêneros, por exemplo.
Portanto esse trabalho busca responder ao seguinte problema: como realizar o ensino
do futebol dentro da educação física escolar, para meninas do Nono Ano do Ensino
Fundamental, sobretudo em relação a aspectos de inclusão e motivação? Para tanto, foi
traçado como objetivo, desenvolver uma metodologia de ensino do futebol que inclua e
motive as meninas, aprimorando suas habilidades em relação ao futebol, sem, contudo,
excluir os meninos das aulas.
2. REVISÃO DA LITERATURA
A prática do esporte coletivo no contexto escolar contribui para a formação integral
dos educandos, sendo primordial que o processo de ensino e aprendizagem esteja voltado a
metodologias que considerarem o aluno como um todo e, desta forma, proporcionem aulas
que intencionalmente visem o estímulo não somente do aspecto motor, mas o cognitivo e
afetivo social (DARIDO, 2003).
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Sabe-se que, “[...] o ensino está comprometido com a formação do cidadão que não é
parcelado em compartimentos estanques, portanto, devemos considerá-lo em sua
integralidade” (ZABALA, 1998, p.34). Para que aconteça uma formação plena do educando
as metodologias usadas pelos educadores devem estar voltadas as novas tendências da
Pedagogia do Esporte, que não são centradas na reprodução de padrões de técnica perfeita,
mas sim na prática estimulante dentro do contexto lúdico do jogo, despertando a afetividade,
exigindo a resolução, individual e coletiva, de problemas surgidos do próprio jogo,
desenvolvendo a cognição e a sociabilidade e propiciando a adequação motora da técnica à
cada situação imposta pela atividade.
Paes (2008), ao se referir às práticas metodológicas para aprendizagem do esporte no
Ensino Fundamental, também destaca essa necessidade, ou seja, uma pedagogia do esporte,
que deve ser pensada tendo em conta as habilidades que o aluno já traz consegue e
estimulando o desenvolvimento incidental, espontâneo de novas habilidades.
Quando aborda-se os métodos de ensino de modalidades coletivas para alunos do
Ensino Fundamental, entre as quais tem-se o futebol, destaca Galatti, Paes e Darido (2010, p.
28): [...] um método voltado ao ensino de fundamentos de forma isolada do contexto do jogo – analítico sintético – e outro pautado no ensino através de jogos – global funcional – que visa, dentre outros pontos, a articulação entre os aspectos técnicos e táticos, permitindo ao aluno a tomar decisões constantemente tanto individual quanto coletivamente, o que fortalece não somente os aspectos motores, mas a inteligência e o senso de coletividade.
Sobre isso ressalta Paes (2008), que o esporte pode ser desenvolvido de modo formal,
informal e não-formal, suscetível a se transformar em atividade profissional; possui em seu
desenvolvimento um importante elemento, a competição, e pode se apresentar na perspectiva
do lazer, do rendimento e da educação, sendo nessa última abordagem que se direciona o
presente estudo.
Segundo Paes (2002), ainda, são inúmeros os recursos pedagógicos para o ensino do
esporte no contexto escolar, entre os quais tem-se “[...] exercícios analíticos, sincronizados,
específicos e de transição. Os jogos e as brincadeiras também têm sido utilizados como
facilitadores nesse processo” (PAES, 2002, 94). E, “[...] o esporte é visto como sendo um
produto cultural é tem sua origem no jogo e que foi institucionalizado e intitulado”.
(SCAGLIA, 2005, p.76).
Nessa concepção, é fácil compreender a importância de utilizar os jogos como
elemento metodológico para o ensino do esporte. Ressalta Paes (2002, p. 93):
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O aprendizado do esporte na escola poderá ocorrer privilegiando seu caráter lúdico, proporcionando aos alunos a oportunidade de conhecer, de aprender de tomar gosto, de manter o interesse pela ação esportiva e ainda de contribuir para a consolidação da educação física como uma disciplina.
O ensino do esporte, por meio de jogos, passa a ser atrativo aos educandos, pois além
de estarem presente na cultura infantil e juvenil, proporciona aos mesmos uma aprendizagem
significativa na medida em que passa a ter um papel importante no contexto educacional. E,
além da diversão, os alunos são estimulados a tomar suas próprias decisões, experimentando
diferentes ações motoras para resolver os problemas que o jogo impõe.
Comenta Paes (2002) que o professor deverá sempre motivar os alunos a pratica do
esporte. Desta maneira, o professor deve se valer de diferentes metodologias para estimular a
formação plena dos alunos, partindo do ensino através nos jogos, possibilitando aos alunos,
construções de ações táticas individuais e coletivas, a resolução de problemas em grupo,
prática de diferentes ações motoras, diferentes tomadas de decisão coletiva e individual, entre
outros aspectos.
Porém, se faz necessário que as atividades com jogos sejam adequadas às faixas
etárias e às necessidades das crianças, partindo de jogos mais simples para os mais complexos
até chegar ao jogo formal, no caso aqui em estudo o futebol. Tais medidas contribuirão para o
desenvolvimento e a formação plena seja na cognição, na motricidade e nos aspectos afetivo-
sociais.
O ensino do esporte coletivo nas aulas de Educação Física Escolar é importante, não
apenas por ser um de seus conteúdos, mas por ser a escola uma instituição de promoção e
difusão da cultura e também por questão de justiça social, pois, em outros locais como os
clubes esportivos, escolinhas de esportes e academias, o acesso ao esporte será restrito a um
número crianças e adolescentes.
Na escola, durante as aulas de Educação Física, inúmeros conteúdos estruturantes
fazem parte dessa disciplina e que podem ser trabalhados pelo professor. Mas escolhas desses
conteúdos e das metodologias que serão oferecidas precisam partir do princípio de que o
professor compreenda o contexto cultural no qual o aluno esta inserido, bem como a
influência do próprio contexto em que serão desenvolvidos esses conteúdos.
Segundo Darido e Rangel, (2005), o professor precisa ter cuidado na escolha de
atividades que podem ser aplicadas para colaborar e aprimorar o ensino dos esportes
coletivos, para não cair novamente naquela prática do jogo pelo jogo, apenas como forma de
competição, ainda muito freqüente no contexto da Educação Física escolar.
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Sendo assim o futebol precisa ser visto, enquanto esporte coletivo, não como
competição ou apenas em seus aspectos formais, mas uma prática a ser desenvolvida na
Educação Física Escolar em função dos objetivos estabelecidos pelo professor e do contexto
onde ela ocorre, a escola.
Em contrapartida, muitos professores ainda deixam os esportes coletivos de lado na
escola, ou os ensinam de maneira tecnicista, sem o contexto do jogo. Nos curtos espaços para
se jogar, muitas vezes, adotam uma prática competitiva em excesso, que permite aos melhores
(mais experientes, melhores técnico-taticamente) jogar, em detrimento dos menos aptos, que
tornam-se apenas espectadores. É o caso comum das meninas, que simplesmente assistem os
meninos jogando. Ou, quando têm oportunidade de jogar, acabam sendo motivo de piada por
parte dos meninos que as assistem.
Segundo Paes (2002), o ensino do esporte na escola se depara com alguns problemas,
que vão desde a escassez de materiais e espaço físico, até a própria metodologia utilizada pelo
professor, que, comumente, incorre em erros como:
Prática esportivizada: na qual predomina os fundamentos e os gestos técnicos de diferentes modalidades, porém sem nenhum compromisso com os objetivos do cenário em questão; Prática repetitiva dos gestos técnicos em diferentes níveis de ensino: uma mesma modalidade esportiva é praticada da mesma forma tanto na 5ª como na 8ª série, ou no colegial, revelando-se assim falta de respeito às fases de desenvolvimento do aluno; Fragmentação dos conteúdos: o esporte sendo oferecido de forma desorganizada, sem continuidade e evolução ao aprendizado; Especialização esportiva precoce: apesar da maior incidência da especialização esportiva precoce estar focalizada nos clubes, existe profissionais que adotam a especialização como procedimento pedagógico também na escola. (PAES, 2002, p. 102, grifo do autor)
Para Darido (2013) o ensino dos esportes coletivos não está sendo adaptado para o
âmbito escolar, na medida em que há uma reprodução do esporte formal e, da parte do
professor, apenas dominar o conteúdo não é suficiente para garantir a aprendizagem dos
alunos.
O esporte que deve integrar a educação física escolar não é aquele que reproduz o
esporte formal, nem voltado para seleção dos melhores alunos, vistos como futuros atletas
destaca Betti (1991, p. 58);
[...] o esporte não deve restringir-se a um “fazer” mecânico, visando um rendimento exterior ao indivíduo, mas tornar-se um “compreender”, um “incorporar”, um “aprender” atitudes, habilidades e conhecimentos que levem o aluno a dominar os valores e padrões de cultura esportiva.
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Dessa forma, o processo de ensino e aprendizagem dos esportes coletivos, por ser
dinâmico e muito complexo, deve levar em conta alguns aspectos (PAES, 2002):
• Melhor compreensão do fenômeno esporte, sendo este um facilitador no processo
educacional no ambiente escolar;
• Conhecer e entender a lógica técnica e tática, organizar este conhecimento, planejar
seu aprendizado e promover intervenções com graus crescentes de dificuldade;
• Utilização do “jogo possível”: um jogo de caráter lúdico; que pode ser adaptado
quanto ao espaço físico e número de jogadores; pode ser realizado com uso reduzido de
materiais;
• Permite a integração de quem sabe jogar com quem quer aprender; pode ser um
facilitador para que os alunos compreendam a lógica técnica-tática dos jogos coletivos e
permite aos professores promover intervenções no processo de educação dos alunos. (PAES,
2002, p 93 e 94)
3 METODOLOGIA
Este artigo se caracteriza como a conclusão do processo desenvolvido pelo autor para
obtenção da formação no programa de formação continuada de professores desenvolvido pela
Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, denominado Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE). Foi construído com base em dois momentos diferentes:
vasta revisão de literatura e pesquisa participante.
A revisão de literatura procurou levantar teorias a respeito da temática do ensino do
futebol para meninas na escola, elencando assuntos como: motivação para a prática esportiva;
características e diferenças entre os gêneros; problemas no ensino dos esportes coletivos na
escola; metodologias de ensino do esporte coletivo na escola.
A pesquisa participante, por sua vez, “combina simultaneamente a análise
documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e observação direta e a
introspecção. Conseqüentemente, é um tipo de estratégia que pressupõe um grande
envolvimento do pesquisador na situação estudada” (LUDKE; ANDRÉ, 1989, p.99). Na
proposta deste artigo, o procedimento consistiu na elaboração de uma Produção Didático
Pedagógica (PDP) contendo 36 aulas, tendo como ideia central, o ensino do futebol de
maneira inclusiva, democratizando o aprendizado para meninas, mas sem excluir os meninos.
Tal unidade didática foi construída com base na revisão de literatura, nos
documentos que regem a Educação Física no Colégio em que foi aplicada (Diretrizes
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Curriculares do Estado do Paraná e Projeto Político Pedagógico do Colégio) e em conversas
com colegas professores a fim de se conhecer o perfil das turmas. Após sua construção
teórica, foi submetida à prova através de aplicação frente a alunos do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, no Município de Santa Helena-PR e através de
sua apresentação aos professores da turma do PDE, no que se denomina Grupo de Trabalho
em Rede (GTR). Em cada momento, respectivamente, alunos e professores, teceram suas
considerações positivas e negativas e respeito do trabalho desenvolvido.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. CARACTERIZAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA (PDP)
A PDD foi dividida em três partes, as quais optou-se por denominar “momentos”. O
primeiro momento apresentou como objetivo a motivação e a conscientização dos alunos para
a aceitação dos demais e o trabalho em equipe. Iniciou com uma dinâmica de motivação com
o filme Desafiando Gigantes, onde foi assistido o filme e na sequência houve um momento de
conversa sobre a mensagem do vídeo, que mostrava importância do trabalho em equipe.
No segundo momento os alunos se situaram com a temática em questão, sendo
abordado texto que tratava da história do futebol feminino no Brasil onde foi levantando
questionamento sobre o inicio da participação das mulheres no futebol, bem como houve por
parte dos alunos comentários acerca do fato de que o futebol era visto como esporte
masculino e que, segundo eles esse preconceito nos dias de hoje ainda existe, até mesmo
durante atividades de Educação Física Escolar envolvendo o futebol.
No terceiro momento, houve o desenvolvimento das atividades práticas da PDP
envolvendo “Jogos Pré-Desportivos ou de Rua ou Populares de Futebol os quais
aconteceram a maioria na rua em frente a escola, pois o campo de futebol está muito distante,
sendo realizadas 26 atividades envolvendo todos os alunos, meninas e meninos. Foram as
seguintes atividades:
Futebol Numerado, Chute Livre e Goleiro sem Equipe tinham como objetivos
trabalhar o relacionamento interpessoal de grupos de trabalho, permitir que os participantes
interajam positivamente para construir o entrosamento de seus times e unir esforços para
alcançar o desafio, promover e exercitar os valores humanos como: comunicação e
flexibilidade: para compartilhar percepções com o time e juntos traçar estratégias; clareza
com criatividade: para identificar os erros, estabelecer metas realistas e encontrar as melhores
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soluções para o time; paciência: para aceitar os erros e limitações dos colegas e trabalhar o
espírito de companheirismo entre os colegas;
Jogo dos Três Mini – Campo: objetivo foi levar os alunos a perceberem perceber os
diferentes tipos, tamanhos e diâmetros de bola e sua utilização em determinada modalidade e
conhecer a regra de futebol de campo;
Futebol Entre as Garrafas: objetivo de trabalhar o drible mantendo controle e
percepção de espaço no campo.
Futebol Enquadrado: objetivo foi de levar o aluno a dominar posse de bola no
quadrado e marcar gol fazendo com que a bola saia do quadrado;
Jogo em Dupla: objetivo de desenvolver trabalho cooperativo e em equipe. o
Bola de três campos: o objetivo foi trabalhar a percepção e concentração e acertar o
alvo em movimento;
Passando o Coringa: objetivo de desenvolver passe e toque de bola;
Siga o Mestre: objetivo proposto foi desenvolver a habilidades de coordenação e
concentração; trabalhar valores de respeito e confiança;
Gol na Caixa: objetivo de levar a equipe realizar o maior número possível de pontos
em um tempo previsto e motivar a participação dos alunos;
Boliche com os Pés: objetivo era desenvolver técnicas de chute ao gol e drible
Bola no ar: objetivo: descontrair o grupo e levá-los a uma interação maior enquanto
equipes;
Passe Livre: objetivo de desenvolver técnicas de passe livre do futebol.
Futevôlei: objetivo: desenvolver a percepção, espaço, controle e deslocamento.
Futebol de Campo: objetivo: praticar a condução de bola, passe, drible e
finalização;
Conduções e controle da bola: o objetivo de trabalhar técnica de controle e
condução de bola;
Interceptando a Bola: objetivo de desenvolver técnicas de finalização;
Futebol de Pontos: objetivo: aprender as regras de futebol adaptadas;
Futebol do Lençol: objetivo foi de levar as equipes a fazerem gol e proporcionar
conhecimento das técnicas de futebol;
Jogo das três equipes: objetivo de manter o posse de bola maior pela equipe;
Bola ao Alvo: objetivo foi de desenvolver habilidade de arremesso, chute,
coordenação e percepção;
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Jogo dos 10 Passes: objetivo foi de levar os alunos a participarem do jogo de dez
passes para desenvolver a coordenação de movimentos com os pés e percepção visual;
Bola ao Rei: o objetivo foi trabalhar a inclusão de todos os alunos na atividade além
de desenvolver habilidade de passe, drible e chute ao gol;
Pênalti em Dupla teve como objetivo promover a interação entre os gêneros,
domínio de chute e percepção de espaço distancia;
Jogo de Finalização das atividades: objetivo de avaliar o controle, posse, domínio,
drible, passe e arremesso da bola e o conhecimento das regras e finalização com passe ao gol.
Conhecimento básico das regras como, falta, cobrança de lateral e a interação entre as
equipes, entre os companheiros da mesma equipe.
4.2. AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
A avaliação da PDP foi realizada sob três aspectos: primeiro, a percepção do autor
sobre sua aplicação, levando em consideração aquilo que objetivamente pôde ser percebido
em relação à participação e comportamento dos alunos e subjetivamente pode ser percebido
em relação ao envolvimento dos mesmos com as atividades. Segundo, os próprios alunos
teceram seus comentários sobre as atividades, demonstrando o quanto estavam envolvidos na
proposta de trabalho.
E terceiro, após a aplicação, foi realizado o Grupo (GTR), que consistiu em levar a
outros educadores a proposta de PDP. Neste momento, os professores colegas de PDE
emitiram suas opiniões a respeito da Unidade Didática, apontando pontos positivos e
negativos encontrados pelos mesmos. Os cursistas, de uma maneira geral, apontaram que a
escolha de estratégias como as desenvolvidas com os alunos do Nono Ano do Ensino
Fundamental possibilitam e contribuem para motivar as meninas a participarem das aulas de
Educação Física Escolar.
Durante a aplicação da PDP, pôde ser verificado que as atividades efetivamente forma
mais motivantes e inclusivas, ao menos se comparadas a aulas pautadas na metodologia
tecnicista tradicional. Em termos específicos, no primeiro momento apresentou-se uma boa
participação dos alunos independente do gênero.
Já atividades que os alunos não acharam muito atrativas foi o Futebol Numerado, pois
o mesmo envolvia a matemática e segundo eles não gostavam. O “Futebol entre Garrafas”,
“Conduções e controle da bola” por exigir uma coordenação motora maior dos participantes,
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também não foram bem aceitos, devido, sobretudo, à falta de habilidade prévia dos alunos,
podendo-se perceber que esta precisa ser mais trabalhada.
As atividades em que o preconceito em relação ao futebol, quanto ao gênero, ficou
claro, foram; “O jogo em Dupla”, “Boliche com os Pés”, “Chute Livre”, “Pênalti em Dupla”
“Bola ao Alvo”. Os meninos demonstraram muito o preconceito em relação às meninas,
queriam fazer somente dupla com os meninos, alegando que as meninas não sabiam jogar, “é
esporte para meninos”. O que gerou tensão e demandou parar as atividades, retomar o diálogo
e expor o quanto esta concepção é arcaica que não condiz com a proposta de trabalho inicial
do grupo. Levou-se a um entendimento de todos e retomada as atividades com a participação
e envolvimento de todos os alunos.
Um fator que chamou bastante a atenção, foi a negação das meninas em participar das
atividades de “Interceptando a Bola” e “Bola ao Alvo” alegando que não gostavam, pelo fato
dos meninos serem agressivos com os movimentos, que empurravam. Por mais que foi
insistido as mesmas se negaram e não participaram.
De modo geral as demais atividades propostas foram de grande aceitação de todo o
grupo, promovendo a interação entre todos os alunos, culminando no sucesso da atividade de
encerramento onde foi realizado um torneio de futebol de campo e todas as equipes formaram
seus times mistos e participaram.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos na Intervenção Pedagógica apontam o que era proposto no
projeto de intervenção pedagógica, com base em Jogos Pré-Desportivos ou de Rua ou
Populares de Futebol. Com o desenvolvimento da PDP, constatou-se a veracidade da teoria
que diz que os jogos pré desportivos auxiliam na socialização e interação dos grupos, a
desconstrução do preconceito existente em relação ao gênero “futebol é esporte só para
meninos”, sem contar que a atividade mais lúdica agrada aos alunos além de oportunizar a
iniciação para as modalidades esportivas no caso especifico desse estudo o futebol de campo.
Mesmo diante de algumas dificuldades surgidas no decorrer da aplicação dos
trabalhos, consideramos que a implementação do Projeto do PDP trouxe contribuições e o
resultado obtido foi positivo, pois a maioria dos objetivos foram alcançados visto que os
alunos demonstraram bastante interesse em desenvolver as atividades, de participaram com
entusiasmo das discussões dos temas em texto e vídeo sobre o tema.
Durante a participação no PDE percebeu-se a importância da proposta de Formação
Continuada para os educadores da Educação Básica do Paraná, pois o programa oportuniza a
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aprendizagem e o contato com novas metodologias, teorias e aplicação prática. Grande parte
dessa nova proposta teórico-metodológica é repassada por educadores das Instituições de
Ensino Superior em encontros e momentos de orientação, na elaboração dos momentos que
envolvem o PDE. E, também através do GTR, um leque de troca de novas experiências com
outros professores, todos sujeitos desse processo, que estão desempenhando um papel
fundamental nesse processo de reconstrução de conhecimento, assim proporcionando a
possibilidade de mudança de velhas práticas de ensino no contexto escolar, envolvendo as
diferentes áreas do conhecimento.
É gratificante perceber que a iniciativa foi bem aceita pelo grupo de alunos que
normalmente não gostam das aulas de Educação Física, sobretudo as meninas, que, no
decorrer da realização das propostas, passaram a participar, havendo maior integração dentro
das turmas, melhorando a convivência do grupo, e, com isso, a aprendizagem.
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