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Os dias que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 - 2ª edição

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Os dias que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 - 2ª edição

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 27 Documentos para a história de SALVATERRA DE MAGOS Séc. .XIII – Séc. XXI Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo

Fotos da Capa: - Delegação do Partido Socialista (PS), de Salvaterra de Magos, na Manifestação/Comicio, no Campo Pequeno de Lisboa - 1975

2ª Edição

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FICHA TECNICA: Titulo:

0S DIAS QUE SE SEGUIRAM AO 25 DE ABRIL DE 1974

Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Data: MARÇO DE 2007 Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS

• Tel. 263 504 458 • Fax: 263 505 494

ISBN: 978– 989 – 8071 – 27 – 9 Depósito Legal: 256479 /07 2ª Edição – Revista e Aumentada Edição: Sistema PDF 2010 Blogue: “http:///www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.p

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O MEU CONTRIBUTO O DESCONHECIMENTO DE UM BEM, QUE É A LIBERDADE! O país foi alertado. A rádio e televisão, davam as primeiras notícias naquela manhã de 25 de Abril de 1974, o país estava sob um

golpe militar. Os jornais fizeram várias edições nesse dia. Eu, então jovem, levava uma vida social sossegada, arredado na contestação ao governo, por tudo quanto ele legislava e actuava, com a ditadura sobre o povo português, há cerca de meio século. Com 20 anos de idade, foi-me imposto servir o

pais, 38 meses como militar no exército, existia uma guerra desde 1961, que tinha várias frentes e mobilizava toda a juventude portuguesa. Votei a primeira vez, aos 24 anos, com uma carta fechada, que me foi entregue através da autarquia. Naquela madrugada do dia 25, tão ansiosamente esperado pelos mais esclarecidos e, assumidos politicamente, mesmo que na clandestinidade, estava encontrada a luz no caminhar para a vida democrática do país. Na tarde e noite daquele dia, a população deu largas à sua imensurável alegria, foi tema de assunto nas ruas e nos cafés, muitos locais de trabalho fecharam nesse dia. O Primeiro de Maio, foi comemorado poucos dias depois, onde o povo se juntou como nunca se tinha visto, em várias capitais distritais, sendo Lisboa palco de uma manifestação com milhares e milhares de participantes. Nos dias seguintes, até mesmo meses, me fui apercebendo do que era realmente toda aquela felicidade, espelhada nos rostos das gerações mais idosas, pelo muito que já tinham sofrido, alguns com as agruras de anos de prisão. Os comícios dos partidos políticos, “realizavam-se diariamente” aqui em Salvaterra de Magos, esclarecendo o povo. Assisti praticamente a todos, a minha inclinação levou-me a seguir os ditames do programa do Partido Socialista (PS). Igualdade, Fraternidade e Solidariedade!... Março:. 2010 JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

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NOTA PRÉVIA

Este Caderno, foi terminado em 2007, sendo incluído na Colecção “Recordat, Também é Reconstruir”, e assim foi registado. Agora passados poucos anos, verificámos a necessidade de algum ajustamento no seu texto, com algumas alterações e aumentá-lo. OS DIAS QUE SE SEGUIRAM AO 25 DE ABRIL DE 1974

EM SALVATERRA DE MAGOS Já em 1933, em Salvaterra de Magos, alguns rurais desta terra, tinham experimentado o pesadelo de estar preso, por terem intervindo numa greve nacional, que teve a sua grande relevância no meio industrial, na Marinha Grande. Na década de 60, um outro grupo de pessoas, foram presas pela polícia política, a PIDE, cujos relatos da sua experiência, foram mais tarde, editados em livro, pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Na madrugada do dia, 25 de Abril de 1974, aquela liberdade de se exprimir, dando voz aos seus desejos e convicções, seria de agora em diante uma realidade para o povo, segundo o Movimento das Forças Armadas - MFA, no seu programa, que seria repor entre outras coisas, a liberdade de expressão, Enfim, a democracia..! O país esteve em festa, quatro dias depois, no dia 1º de Maio, data há muitos anos não comemorada em liberdade. A população de Salvaterra, também preparou os seus festejos, sem qualquer restrição.

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Daí em diante, os partidos e organizações partidárias, davam agora início a um vasto trabalho, de comícios e sessões de esclarecimento, na ânsia de “arregimentar” militantes e simpatizantes para aderirem aos seus programas e propostas políticas. Praticamente todos os dias, e durante muitos meses, as novas forças políticas, promoviam os seus comícios em todo o concelho. Em qualquer espaço, bastava, colocar um atrelado, e logo um palco era concebido, para duas ou mais horas de propaganda política, o povo estava ansioso de tais conhecimentos, e as sessões estavam diariamente cheias. O Cinema, a par da sala da Casa do Povo e Praça de Toiros, também eram espaços disponíveis, para as muitas sessões políticas realizadas. Na freguesia de Glória do Ribatejo., a população aderiu com entusiasmo, e muitos responsáveis políticos nacionais, ali se deslocaram, Maria Barroso, foi lá várias vezes. Os panfletos, e a informação sonora diariamente completavam a presença de muitas individualidades, que faziam o esclarecimento do que era viver em democracia, dando como exemplo outros países europeus. No concelho de Salvaterra de Magos, com maior aderentes vingaram: o Partido Comunista Português (PCP) Partido Socialista (PS), e o Partido Social-democrata (PSD). O tempo decorria, a prática usada por cada uma das forças partidárias, foi-se estabilizando, mas actividade organizativa do PCP, era uma constante motivação entre trabalhadores, especialmente nas fábricas e nos campos. Tinham em mente a luta na conquista do país, que chegou mesmo à ocupação

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de terras e saneamentos nas empresas em todo o território, estávamos nos anos 1975/76. Essas situações também aqui se verificaram, foram criadas comissões de trabalhadores, que passaram a ter um potencial poder, ultrapassando por vezes o patronato. O poder do estado, através da Junta de Salvação Nacional –JSN, tinha muitas vezes de intervir., com a força militar, através do COMCON. As forças extremistas de esquerda, queriam ainda mais, e depressa criaram, comissões de moradores. Em Salvaterra, estas estiveram prestes a formarem-se pois a influencia política do PCP, na população especialmente rural era determinante para isso existiram várias convocatórias de reuniões.. A actividade política no país, não abrandava, e em 1975, dá-se o PREC, onde o método golpista, estava a caminho do colectivismo, uma situação que levou a maioria do povo a fazer-lhe barreira, e os confrontos foram inevitáveis, estava-se à beira de uma guerra civil. Os comícios instigando as classes trabalhadoras mais vulneráveis, passam a estar na ordem do dia, os operários e camponeses de Salvaterra, também não escaparam à sua manipulação. Naquele ano, em plena campanha agrícola, levou muitos agricultores da região, a organizarem-se numa Confederação - CAP, até porque em Setembro, é convocada uma greve, nesta zona. Disso deu conta o jornal o “Século”, na edição do dia 9, que aqui transcrevemos, até porque fomos nós o autor do texto. “ SALVATERRA DE MAGOS - Os trabalhadores agrícolas deste concelho entraram às 6,30 horas de hoje em greve. Esta decisão, tomada no plenário que se realizou ontem à tarde na Casa do Povo, assenta, fundamentalmente na não

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existência de assinatura do contrato colectivo de trabalho, que seria igual ao já celebrado para o concelho de Benavente, após um mês de conversações entre os trabalhadores e a comissão representativa dos agricultores. No plenário em que se tomou a decisão, estavam presentes trabalhadores das freguesias de Salvaterra de Magos, Muge, Glória e Marinhais e, foi ainda discutido o desemprego que se está a verificar na região e focada a manobra dos patrões que estão a dar trabalho a homens vindos de outros concelhos, nas vindimas e no tomate. Situação que está a acarretar problemas para os trabalhadores locais. Referiu-se que nos últimos dias, cerca de 700 pessoas vieram de concelhos diferentes, e estão a trabalhar nos campos. Acrescente-se, que a comissão pró-sindical, não apoiou esta greve., mas a verdade é que ela foi deliberada em plenário. Nesta conformidade, ela começou às 6,30, e foram formados piquetes para impedir que haja qualquer reacção ou perturbação.” Nos dias que se seguiram, numa manifestação levada a cabo, na capital do distrito, Santarém, os trabalhadores agrícolas, entraram em confrontos físicos com uma outra organizada dos agricultores da região. Na contenda, saiu morto um jovem, filho de um agricultor de Coruche, e naqueles encontros encontravam-se trabalhadores rurais do concelho de Salvaterra de Magos.

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MANIFESTAÇÃO DE APOIO AO MFA O ano de 1975, dava mostras de vir a ser cheio de manifestações de apoio ao MFA – Movimento das Forças Armadas. Em Salvaterra de Magos, desde Janeiro que as forças politicas da terra, vinham convidando elementos do Movimento, para sessões de esclarecimento, e onde o apoio àquele Movimento tinham lugar. No dia 18 de Março, no Largo dos Combatentes, um desses comícios, convocado poucas horas antes, teve uma resposta da população calculada a presença de cerca de 3 mil pessoas. Esteve presente a banda de música dos bombeiros, que tocou a “Grandola – Vila Morena”, no momento em que se guardou um minuto de silêncio, em memória do militar morto na RAL 1. Entre os manifestantes, com cartazes com de apoio, viam-se representantes da vizinha vila de Benavente. Os organizadores, ostentando braçadeiras, do MDP/DCE, PCP e PS, contaram com a presença de militares que também discursaram. Por fim a manifestação, percorreu várias ruas da vila, onde a banda de música tocava a música do simbolo da revolução dos cravos. Ainda em 1975, com as primeiras eleições autarquicas já no horizonte, mesmo assim, aqui em Salvaterra de Magos, uma pequena casa foi ocupada, na rua Cândido dos Reis, notícia que saiu em vários jornais, entre eles o “Diário do Ribatejo”.na sua edição de 4 de Abril. Daquela ocupação, um inventário foi feito do pouco material ali existente. A antiga construção era da mesma familia do prédio anexo, que tinha na sua frontaria, um espaço que albergava uma pequena imagem de Santo António, em pedra. A imagem desapareceu.

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Na frente da pequena habitação ocupada, foi colocada a bandeira portuguesa e uma tabuleta com a inscrição “Casa para os Miúdos”.

OS DIRIGENTES MÁXIMOS DO PCP E PS EM SALVATERRA DE MAGOS

Álvaro Cunhal e Mário Soares, figuras, mais representativas dos principais partidos políticos, estiveram várias vezes em comícios neste concelho. O Jornal “Aurora do Ribatejo”, na sua edição de 25 de Novembro de 1979, publica a notícia, que MÁRIO SOARES e, Candidatos do PS, iam à Glória do Ribatejo, no decurso da sua visita que fez ao distrito de Santarém. A OCUPAÇÃO DE TERRAS E FÁBRICAS Por todo o país,verificava-se a ocupação de terras e fábricas. Os Patrões e donos das terras, eram impedidos de entrarem. As Comissões de Trabalhadores, tomavam conta das empresas, e especialmente na agricultura eram constituídas Coperativas Agrárias. O Alentejo, estava na linha da frente destas ocupações, onde o PCP, dava o seu apoio. No Ribatejo, Casas agrícolas, foram coagidas a defenderem-se com armas, pois andava no ar, a notícia, que pela mesma via, as suas terras seriam ocupadas, para uma posterior nacionalização, em favor das cooperativas agrícolas. Aqui em Salvaterra de Magos, alguns proprietários de terras, fizeram mesmo alguns piquetes de defesa, contando com militantes

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do partido solialista local, que tal como a nivel nacional eram contra tal metodo de ocupação. Esta era uma nova organização revolucionária promovida pelos trabalhadores. Nas fábricas, tal era o boiocote, provocando mesmo ao seu encerramento, por falta de condições de laborarem.. Outras sofreram o efeito da sabotagem por parte dos trabalhadores como aconteceu em Salvaterra de Magos, com destaque na Organização Industrial de Cartões – ORINCA, SA, mais conhecida pela fábrica do papel, se viu forçada a fechar a sua laboração. Nesta unidade fabril, além do autor destas linhas, saíram perdendo o seu ganha-pão, mais 60 trabalhadore, chefes de família. Na altura foi referenciado um trabalhador, que estava muito activo, no PCP, aliás era uma política perfilhada pelo partido a nível nacional., conforme a comunicação social divulgava. Nas eleições de 1976, o primeiro governo constitucional, após a revolução de Abril de 74, em que o Partido Socialista (PS) foi o vencedor, entre outras medidas, concebeu no seu programa a levar a cabo uma política de desocupação das terras. A LUTA CONTRA A REFORMA AGRÁRIA Para uma cabal informação da população, o governo (PS), fez várias sessões de esclarecimento, das suas novas políticas para a reforma agrária. Para o dia 14 de Abril de 1977, foi anunciado um grande comício em Salvaterra de Magos, onde estariam presentes os ministro da agricultura; António Barreto, Manuel Alegre, António Reis e Jaime Gama.

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À hora marcada, o cinema local, encontrava-se totalmente esgotado, com muito povo na rua e, quando o ministro António

Barreto, iniciava a sua intervenção, em vários locais da sala, começaram-se a ouvir palavras de ordem, que mais não eram do que provocações para destabilizar a reunião. Militantes, com responsabilidades no PCP. Alguns conhecidos de Alpiarça e Benavente, tentavam levar acabo o seu boicote. Militantes do PS, de Salvaterra, e de

outras concelhias de terras vizinhas, foram alvos de provocações e agressões, como: Arnaldo Serrão, António Fernandes e A. Banha, entre outros. O primeiro tendo um papel enrolando na mão, foi identificado como usando uma faca. Tudo serviu, para provocar a confusão. Estes factos, foram presenciados por jornalistas, nacionais e estrangeiros, que chegaram mesmo a transcreverem em pormenor gravações dos insultos. Nos dias que, se seguiram a troca de comunicados, a nível nacional e local, ocupou as páginas de toda a imprensa nacional e estrangeira, que não deixaram de analisar e condenar tão grave ocorrência. Naquela sessão, o ministro, António Barreto, reagindo às graves provocações, afirmou: “A hora da conquista acabou, meus senhores. Isto é Portugal, isto não é a Sibéria, isto não é uma Colónia” Este, e outros factos, ocorridos à época, foram o estalar do verniz, título usado na primeira página de um jornal diário. Tal episódio, pesou muito na normalização das relações partidárias entre o PS e o PCP, a nível local e mesmo

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nacional. Passados tantos anos, as mazelas. causadas, ainda têm resíduos, nessas gerações. A nível autárquico, a situação também era de grande complexidade, pois os eleitos tinham grandes dificuldades em exercer o seu mandato. ENTRADA TRIUNFAL NO CAMPO PEQUENO No dia 24 de Abril de 1977, para comemorar o 3º aniversário da revolução, uma grande delegação do PS, composta por militantes das secções de Salvaterra de Magos e Glória do Ribatejo,a que se juntaram outros socialistas de Coruche e Benavente, organizando-se numa viagem até Lisboa, que comportou muitos autocarros, respondendo ao apelo da sede do Largo do Rato. O apelo à manifestação, tinha como fim responder às ameaças, que estavam a ser levadas a cabo no país, com um sistema esquerdista,conhecido pelo PREC. Com a praça de toiros do Campo Pequeno esgotada. os socialistas de Salvaterra de Magos, entraram no recinto à frente de uma muitidão, que se impôs aos incentivos do que vinha sendo um desejo de Otelo Saraiva de Carvalho. No dia seguinte, alguns jornais, publicaram na primeira página, a foto dos socialistas como uma entrada triunfal em Lisboa. A UGT – UM NOVO SINDICALISMO O país, em 1978, continuava inseguro, por todo o país, estavam a ser colados cartazes, dando conta do aparecimento de uma nova Central Sindical, saída uns dias antes numa reunião de sindicalistas, não da área da Intersindical. A União Geral dos Trabalhadores – UGT, vinha para marcavar uma nova era no sindicalismo, onde os trabalhadores afectos à social-democracia e ao socialismo democrático, marcavam relevância.

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Aqui em Salvaterra de Magos, no muro da antiga Horta do Sopas, no lado da EN 118, tinham sido colados cartazes daquela nova união de sindicalistas. Na noite de 25/26 de Novembro, aqueles cartazes foram totalmente pintados com cal. Manhã cedo a população não falava de outra coisa, logo vozes mais oposicionadas, começaram a conotar aquela forma de procedimento, como uma acção dos militantes do PCP, de Salvaterra, pois já em outras ocasições tinham procedido com os cartazes do novo Partido Politico - Centro Domocrático Social – CDS, que foram destruídos na parede da praça de toiros. Álvaro Cunhal e Mário Soares, e outras figuras, mais representativas do PCP e PS, estiveram várias vezes em comícios neste concelho. O Jornal “Aurora do Ribatejo”, na sua edição de 25 de Novembro de 1979, publica a notícia, que MÁRIO SOARES e, Candidatos do PS, iam à Glória do Ribatejo, no decurso da sua visita que faziam ao distrito de Santarém.

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A MARCHA PARA A LIBERDADE ! ( Do Largo do Rato ao Rossio )

Devido à grande tensão que o povo português vivia, e que poderia levar à iminência de um confronto civil, o Partido Socialista – PS, apelou à mobilização do povo português para

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uma grande manifestação nacional, que teve lugar, em Lisboa, em Novembro de 1979. A secção concelhia do PS em Salvaterra de Magos e, o núcleo da Glória do Ribatejo, mobilizaram a população do concelho a estar presente naquela marcha/manifestação. Devido à grande afluência de inscritos, viu-se a organização local, na necessidade de alugar alguns autocarros, para além das dezenas viaturas particulares, que também transportaram manifestantes.

A concentração, com descida pela Av. da Liberdade, culminou com um comício, na Fonte Luminosa, que a comunicação social da época, calculou em cerca de 100 mil presenças. Saliente-se que nos vários percursos do acesso a Lisboa, barreiras humanas foram feitas, para impedir a deslocação de tal presença. Os carros ligeiros, foram os mais danificados, e os seus ocupantes molestados fisicamente. Na ponte de Vila Franca de Xira, uma barreira impedia a passagem, e os confrontos ocorreram, com feridos graves. Mesmo naquele estado, não deixaram de marcar presença, na capital do país, alguns muitas horas depois.

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MANIFESTAÇÕES DE TRABALAHORES Em 1983, na manhã do dia 5 de Fevereiro, um elevado grupo de seareiros e trabalhadores rurais, afectos a uma nova Confederação de Agricultores - CNA, onde estava presente o

dirigente sindicalista, Amândio de Freitas, de Benfica do Ribatejo. A reunião foi junto à praça de toiros de Salvaterra de Magos, para uma manifestação/esclarecimento, de imediato, apareceu uma força policial da GNR, que tentou e conseguiu desmobilizá-los, alegando que aquele encontro não estava oficializado. oficializado, pelo governo civil do distrito. A polícia de choque, com cães estava por perto. Em plena governação da coligação (Aliança Democrática) - AD, com os partidos PSD e CDS, o povo manifestava-se em todo o país, descontente, pois o nível de vida estava insuportável, o desemprego era uma constante.

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O autor destas linhas, publicou no jornal partidário (Acção Socialista) um carton, onde fazia alusão a essa situação sócio- económica. Tal colaboração deu azo, que na Assembleia da República o assunto fosse glosado e, alguns jornais estrangeiros dele deram destaque. A GUERRA DOS COMUNICADOS Já com as eleições na autarquia, com a situação normalizada, os partidos mais representativos em Salvaterra de Magos, com projectos diferentes para o concelho, as suas relações democráticas continuavam algo tensas, especialmente entre o PS e PC/ CDU Raro era o dia em que não eram emitidos Comunicados, onde se acusavam mutuamente, por aquilo que não faziam ou deixavam de fazer ! ********** ***

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BILIOGRAFIA CONSULTADA: * Jornal “Diário do Ribatejo” * Jornal Diário “ O Século “ * Jornal “Semanário “Aurora do Ribatejo” * Jornal “ Acção Socialista” * Jornal Diário “ Jornal Novo” * Jornal “ O Diário” * Comunicados do PCP e do PS * Documentação recolhida pelo autor FOTOS USADAS Pág. 6 – Os componentes da mesa, na Sessão de Esclarecimento

“ O Fim da Reforma Agrária;: * Joaquim Mário Antão, António Reis, Manuel Alegre, Jaime Gama, Leonardo Ramalho Cardoso e outros * Pág. 7 – Jaime Gama e Leonardo Ramalho Cardoso (Presidente da Câmara de Salvaterra de Magos) * Olímpia Cardoso, foto publicada em diversos jornais, após agressão sofrida, na Sessão s/ a Reforma Agrária * Pág. 8 – Muro da “Horta do Sopas”, na EN 118, em Salvaterra de Magos, com os cartazes da nova Central Sindical – UGT, pintados a cal * Pág. 9 – Os manifestantes, em Salvaterra, ocupando os lugares nos autocarros (na frente o autor) * Em Lisboa, a delegação do PS, ocupando lugar no desfile da manifestação até ao Rossio – Fonte Luminosa * Pág. 10 – Manifestação junto à Praça de Toiros de Salvaterra de Magos – No uso da palavra o dirigente político, Amândio de Freitas* Oficial da GNR, desmobilizando o comício * Amâmdio de Freitas, muitas anos depois, ainda ligado ao associativismo patronal agrícola * Pág. 11 – Carton do autor, publicado em diversos jornais. Nota: Na Foto da Capa: João Firmo Monteiro Ramalho, Joaquim Mário Antão, António Joaquim Ramalho, João Almeida, A. Banha (Coruche) e Mário Silva Antão. ***********

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