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OS ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS: O “TEATRO DE CONSTRUÇÃO” DA REPRESENTAÇÃO DO AFRO-BRASILEIRO NOS ANOS 1930 THYAGO RUZEMBERG GONZAGA DE SOUZA 1 Introdução O presente trabalho pretende expor a formação na década de 1930 do campo denominado Estudos Afro-brasileiros, ou “Estudos sobre o Negro no Brasil”. Para tal, dialoga com o trabalho de Renato Amado Peixoto (2011), o qual compreende que faz parte do processo de explicitação do campo de estudos, ou “teatro de construção” da representação, observar as instituições e suas interlocuções, pois são “palcos de produção”, e os atores sociais e as suas produções, que constituem as “cenas de produção”. (PEIXOTO, 2014:49) Este trabalho dedica- se a primeira etapa do processo de compreensão do “teatro de construção”, isso significa, que expõe a formação do campo, mas sem explorar um diálogo direto e exaustivo com as instituições, os eruditos e suas obras. As reflexões e conclusões que serão expostas a seguir surgiram durante o mestrado e a pesquisa realizada sobre a escrita da história do Quilombo dos Palmares nas obras de Arthur Ramos, um membro dos “Estudos” e importante antropólogo nas décadas de 1930 e 1940. (SOUZA, 2015) Gilberto Freyre: influência e início dos Estudos Afro-brasileiros A organização desse grupo de pesquisadores sobre o negro brasileiro ocorreu em 1934, quando o sociólogo e historiador Gilberto Freyre decidiu organizar um congresso e articular outros interessados no tema. Teria sido o lançamento de “Casa-Grande & Senzala” (CG&S), em dezembro de 1933, que proporcionou a Freyre a condição de interprete da nação e da “formação étnica do Brasil”, como disse Roquette-Pinto (1934) ela já nascera “obra clássica”. Com isso, Freyre pode reunir em torno de si e de sua obra outros intelectuais que escreviam sobre o papel da população negra na história, cultura e sociedade brasileira. A chave interpretativa sobre o Brasil contida em CG&S, teve um papel significativo nas obras e textos daqueles que foram reunidos nos Estudos Afro-brasileiros. Portanto, parece que o primeiro passo deste trabalho deve ser expor os principais elementos da visão de Freyre sobre a sociedade brasileira e o lugar do negro na formação dela. Assim como, a influência dele sobre outros intelectuais que participaram do grupo, nesse caso, será exposto o caso do antropológo 1 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL). Mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN).

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OS ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS: O “TEATRO DE CONSTRUÇÃO” DA

REPRESENTAÇÃO DO AFRO-BRASILEIRO NOS ANOS 1930

THYAGO RUZEMBERG GONZAGA DE SOUZA1

Introdução

O presente trabalho pretende expor a formação na década de 1930 do campo

denominado “Estudos Afro-brasileiros”, ou “Estudos sobre o Negro no Brasil”. Para tal, dialoga

com o trabalho de Renato Amado Peixoto (2011), o qual compreende que faz parte do processo

de explicitação do campo de estudos, ou “teatro de construção” da representação, observar as

instituições e suas interlocuções, pois são “palcos de produção”, e os atores sociais e as suas

produções, que constituem as “cenas de produção”. (PEIXOTO, 2014:49) Este trabalho dedica-

se a primeira etapa do processo de compreensão do “teatro de construção”, isso significa, que

expõe a formação do campo, mas sem explorar um diálogo direto e exaustivo com as

instituições, os eruditos e suas obras. As reflexões e conclusões que serão expostas a seguir

surgiram durante o mestrado e a pesquisa realizada sobre a escrita da história do Quilombo dos

Palmares nas obras de Arthur Ramos, um membro dos “Estudos” e importante antropólogo nas

décadas de 1930 e 1940. (SOUZA, 2015)

Gilberto Freyre: influência e início dos Estudos Afro-brasileiros

A organização desse grupo de pesquisadores sobre o negro brasileiro ocorreu em 1934,

quando o sociólogo e historiador Gilberto Freyre decidiu organizar um congresso e articular

outros interessados no tema. Teria sido o lançamento de “Casa-Grande & Senzala” (CG&S),

em dezembro de 1933, que proporcionou a Freyre a condição de interprete da nação e da

“formação étnica do Brasil”, como disse Roquette-Pinto (1934) ela já nascera “obra clássica”.

Com isso, Freyre pode reunir em torno de si e de sua obra outros intelectuais que escreviam

sobre o papel da população negra na história, cultura e sociedade brasileira.

A chave interpretativa sobre o Brasil contida em CG&S, teve um papel significativo nas

obras e textos daqueles que foram reunidos nos Estudos Afro-brasileiros. Portanto, parece que

o primeiro passo deste trabalho deve ser expor os principais elementos da visão de Freyre sobre

a sociedade brasileira e o lugar do negro na formação dela. Assim como, a influência dele sobre

outros intelectuais que participaram do grupo, nesse caso, será exposto o caso do antropológo

1 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL). Mestre em História pelo

Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN).

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Arthur Ramos que no final dos anos 30 dividiria, ou rivalizava, a centralidade do campo com

Freyre.

Na interpretação freiriana, a sociedade brasileira teria sido formada por um sistema de

colonização caracterizado por três aspectos – monocultura latifundiária, escravidão e

miscigenação – que dera ao país condições para se desenvolver de modo sui generis como

modelo alternativo de civilização. Essa visão era sedimentada na “propensão” adquirida pelos

portugueses de se unir a outras raças, o que segundo Freyre, foi significativo para que os

colonizadores se misturassem com índios e escravos, dando início a uma sociedade em que não

se criou uma rígida identidade de raça e classe.

O português não: por todas aquelas felizes predisposições de raça, de mesologia e de

cultura a que nos referimos, não só conseguiu vencer as condições de clima e de solo

desfavoráveis ao estabelecimento de europeus nos trópicos, como suprir a extrema

penúria de gente branca para a tarefa colonizadora unindo-se com mulher de cor.

Pelo intercurso com mulher índia ou negra multiplicou-se o colonizador em vigorosa

e dúctil população mestiça, ainda mais adaptável do que ele puro ao clima tropical.

A falta de gente, que o afligia, mais do que a qualquer outro colonizador, forçando-

o à imediata miscigenação – contra o que não o indispunham, aliás, escrúpulos de

raça, apenas preconceitos religiosos – foi o português vantagem na sua obra de

conquista e colonização dos trópicos. Vantagem para sua melhor adaptação, senão

biológica, social. (FREYRE, 2003: 72-73)

Para Freyre, na colonização houve uma hegemonia do elemento branco na sociedade

brasileira, a situação das outras raças é marcada pelo domínio cultural e econômico desse

elemento. Por isso, a formação histórica da sociedade brasileira em CG&S é caracterizada pelo

patriarcado; pelas inter-relações das etnias e culturas condicionadas ou protegidas pelas

relações patriarcais; pelo trópico, meio específico que condicionava todas as relações, por meio

do clima, da nutrição, da geografia, da natureza e das culturas dos indígenas. Formando,

portanto, uma civilização luso-tropical, marcada pela “miscigenação”.

Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma

no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha Mongólia pelo Brasil - a sombra,

ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio

Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou

vaga e remota, do africano.

Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos,

na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é

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expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra.

(FREYRE, 2003: 367)

Como observou Amílcar Pereira (2010: 57), a concepção de nacionalidade brasileira

freiriana tem uma matriz cultural europeia – ou lusitana -, colocando os demais grupos sociais

como secundários, portanto contribuintes da cultura nacional, não geradores dessa cultura. Do

mesmo modo, o antropólogo Arthur Ramos, contemporâneo e influenciado por Freyre,

trabalhou com as concepções de sincretismo e aculturação, as quais serviram para conceber o

negro como contribuinte da cultura de matriz lusitana, já que, no entendimento dele, os

portugueses estavam prontos para os processos de aculturação e eram aptos a incorporar os

demais povos.

Da mesma maneira que o Português entrou em contato de raça com os múltiplos

povos com que se misturou, numa vasta obra de amalgamação que caracteriza o seu

processo colonizador, da mesma maneira sempre possui a capacidade de

compreender e incorporar os padrões de cultura desses povos. (RAMOS, 1962: 97)

Para eles, a colonização e consequente formação da nação brasileira, consistiu em

afirmar que a sociedade que se desenvolveu no Brasil foi mais moralmente flexível e humana,

pois seguia a tradição portuguesa de estrutura social. Com isso, compreendia que os

antagonismos existentes eram mais entre classes, do que de raças. Partindo da premissa da

mestiçagem, esses dois intelectuais foram os principais divulgadores do Brasil como uma

“democracia social”, nos anos 30, e divulgaram a concepção de “democracia racial”, na década

de 1940. (GUIMARÃES, 2012: 148-152)

A obra freiriana introduziu para a intelectualidade brasileira fundamentos da

antropologia cultural de Franz Boas, professor de Freyre na Columbia University, crítico das

teorias raciais e do evolucionismo cultural. Influenciado pelo pensamento do professor, ele

construiu uma interpretação de civilização brasileira formada pelo “processo de aculturação” e

elaborou uma síntese da concepção de mestiçagem como formador da nacionalidade, nos

aspectos culturais e biológicos. Igualmente adotada por Ramos. Ambos, foram influenciados

pelo intelectual alemão Rüdiger Bilden, aluno de Boas e colega de Freyre em Columbia, que

havia publicado na The Nation o artigo “Brazil, Laboratory of Civilization”, em 1929 (BILDEN,

1929:71-73). Segundo Pallares-Burke (2012), Bilden desenvolveu pesquisas sobre o Brasil e

elaborou a compreensão de “Brasil, laboratório de civilização”, transformando a mestiçagem

em um mecanismo de integração e mobilidade social dos povos colonizados. A partir de novas

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concepções científicas da antropologia cultural, tanto Freyre quanto Ramos se contrapuseram

ao “racismo científico” e propuseram uma mudança conceitual e epistemológica, a qual ficou

conhecida como mudança do paradigma racial para o paradigma cultural. Como compreendeu

Renato Ortiz (2006:41), eles se paulatinamente se afastaram da visão negativa da herança

mestiça, transformaram o mestiço em positividade.

Os Congressos Afro-brasileiros e a formação do “campo de estudos eruditos”

Além disso, as produções de Freyre possibilitaram o início da formação do “Estudos

Afro-brasileiros”, um novo “campo de estudos erudito” que reuniu diversos pesquisadores

sobre o negro no Brasil. A definição de campo utilizada neste trabalho, trata-se de uma livre

interpretação desse conceito encontrado na obra de Edward Said (2007), “Orientalismo: o

Oriente como invenção do Ocidente”.

Alguns princípios básicos foram destacados pelo crítico cultural, como: a distribuição

de consciência em textos estéticos, eruditos, econômicos, sociológicos, históricos e filológicos;

a elaboração não só de uma distinção, que podemos definir como alteridade, ou espaço de

alteridade, mas também de toda uma série de “interesses” que por meios da produção erudita

não só cria, mas igualmente mantém; é, mais do que expressa, uma certa vontade ou intenção

de compreender, em alguns casos controlar, manipular e até incorporar o que é um mundo

manifestamente diferente (ou alternativo e novo); é sobretudo um discurso que é produzido e

existe num intercambio desigual com vários tipos de poder, modelado em certa medida pelo

intercâmbio com o poder político, o poder cultural e o poder moral. (SAID, 2007: 40-41)

Porém, existem outros elementos do campo de estudos eruditos tão importantes quanto

os citados anteriormente, como: está fundamentado e criado em torno de uma unidade, um tema

decidido em conjunto; é marcado pela heterogeneidade, ou “ecletismo”, reunindo várias

disciplinas cujas múltiplas finalidades tornam muito difícil uma definição do tal tema; tem a

capacidade quase infinita para a subdivisão, tendo desde a publicação de documentos e registro

de relatos até estudos de diversas disciplinas e áreas abordando um recorte geográfico e

temporal extenso; obedece um sistema de rigor moral e epistemológico, onde a distância e a

alteridade são características, pois para os eruditos o objeto estudado era um universo textual;

compete a ele e o seu discurso a construção da representação, desenvolvida pelos estudiosos

como forma de controle e de confinamento do objeto; constrói um repertório cultural para

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explicar, representar ou delimitar: imagens, caracteres, tropos etc; produz uma “geografia

imaginativa” e uma “história imaginativa” para o objeto; a criação de arquivo internamente

estruturado a partir da literatura que pertence a experiência dele, ou seja, os livros, periódicos,

artigos, documentos etc; por último, constrói uma tradição de pensamento na produção do

espaço e da história, que ao mesmo tempo é formativa, pois funciona através de um processo

didático, e de conversão disciplinado que é ensinado, tem suas próprias sociedades, periódicos,

tradições, vocabulário, retórica, tudo basicamente conectado e suprido pelas normas políticas e

culturais prevalecentes no lugar da representação. (SAID, 2007: 85-114)

Em síntese o “campo de estudos eruditos” é formado por um grupo de ideias, um

discurso e uma tradição. Por isso, os campos, tanto quanto as obras, são influenciados pela

sociedade, por tradições culturais, pelas circunstâncias mundanas e por influências

estabilizadoras como as instituições, por isso compreende-se que os escritos nunca são

totalmente livres, mas limitados nas suas imagens, pressuposições e intenções. Como observou

Michel de Certeau (1982: 66-77), a condição de autoria e a operação historiográfica estão

vinculadas e relacionadas a um "lugar de produção”, “lugar de fala”, “lugar social da operação

científica”, “instituição social”, ou seja, lugares que sejam sociais, econômicos, culturais e

políticos, aos quais todo sistema de pensamento está referido. Portanto, o discurso é produzido

em um lugar que é definido não apenas por um autor, mas por uma sociedade que o envolve,

pelas dimensões desta sociedade que penetram no autor, e através dele no texto, sem que disto

ele se aperceba. No entanto, tanto Said quanto Certeau, levam em consideração o papel do

sujeito e sua subjetividade, que poderá ser observado na maneira como se posiciona no texto

com relação a tradição.

Então, no que diz respeito aos “Estudos Afro-brasileiros” como “campo de estudos

eruditos”, formaram-se na década de 1930, tendo como marco inicial o 1º Congresso Afro-

Brasileiro, realizado em novembro de 1934, na cidade do Recife. O evento foi idealizado por

Gilberto Freyre e o seu primo, doutor Ulysses Pernambucano de Melo Sobrinho. Para Clilton

da Paz (2007:132), a realização do Congresso estava relacionada a algumas construções

simbólicas em torno do estado de Pernambuco, pois para Gilberto Freyre e a imprensa

pernambucana, exaltaram a importância de Recife para a história da nação e como núcleo para

os primeiros movimentos de estudo em relação ao negro.

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O projeto era reunir diversos pesquisadores e cientistas para debater o papel do negro,

juntando a pouca produção espalhada pelo Brasil, procurava-se organizar um campo do saber

composto por um grupo heterogêneo de intelectuais. Isso implicou na reunião de estudiosos

ligados a várias instituições diferentes que possuíam suas próprias regras, princípios e

hierarquias, destacam-se nos quadros os Institutos Históricos estaduais do Nordeste. Foi na

interlocução dessas instituições e seus agentes que possibilitaram a construção de

representações, de conhecimentos e de discursos. Com o congresso, e consequentemente os

“Estudos”, lançaram o conceito de “afro-brasileiro”, constituído como tema central da reunião

e como representação, somente depois desse evento será utilizado como identitário.

Para Gilberto Freyre o Congresso foi marcado por um pensamento de vanguarda que

procurou se opor ao velho e arcaico pensamento que permeava os centros letrados, cujas bases

do saber estavam no racismo científico, na biologia evolucionista e em uma antropologia física.

(PAZ, 2007: 142-143) Visão fortalecida pela repercussão nacional e internacional com a

participação de intelectuais estrangeiros, como o norte-americano Melville Jean Herskovits,

discípulo de Boas, que enviou os trabalhos “Procedência dos Negros no Novo Mundo” e a “A

arte do bronze e do panno em Dahomé”. (HERSKOVITS, 1988: 195-198, 227-236) Foi a partir

da década de 1930, principalmente pela influência de Freyre que cresceu o intercâmbio entre

historiadores, antropólogos, etnógrafos e africanistas brasileiros e estrangeiros.

Além da reunião e exposição de suas produções, os intelectuais visitaram o terreiro do

babalorixá Pai Anselmo, de culto jêjê, para uma cerimônia religiosa, na qual houve toque solene

aos orixás e ancestrais pedindo proteção e bênçãos para o evento. Participou do Congresso o

babalorixá Pai Oscar de Almeida, que junto com Pai Anselmo colaborou para a realização do

evento, e os líderes religiosos Ialorixá Santa e os Babalorixá Apolinário Gomes. O evento foi

visto, para os demais líderes de terreiros, como uma primeira tentativa de resgate e preservação

da cultura africana, bem como um evento importante para a formação da identidade brasileira

e do patrimônio cultural brasileiro. Foi marcado, também, pela presença de membros de

“associações negras”, destacaram-se o intelectual ativista e folclorista Edison Carneiro (1988:

237-242) e Miguel Barros (1988: 269-271), o representante da Frente Negra Pelotense. O

primeiro apresentou um trabalho com interpretação materialista, “Situação do negro no Brasil”,

no qual enfatizou a situação deplorável dos negros brasileiros e afirmou que ela não depõe

contra a raça negra, pois a “raça” não determinava o desenvolvimento social.

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Algum tempo depois, em janeiro de 1937, ocorreu em Salvador o Segundo Congresso

Afro Brasileiro, sob a égide de Edison Carneiro e Aydano Couto Ferraz. Esse evento consolida

o campo de estudos, os trabalhos apresentaram uma tentativa de substituição da noção biológica

de raça pelo conceito de cultura, os participantes procuraram a superação do corpo teórico-

metodológico característico do racismo científico. Como apontou Júlio Silva (2005), os

trabalhos demonstraram aproximações com o culturalismo boasiano, ainda em processo de

apreensão. Nesse caso, tem papel significativo a participação de cientistas sociais estrangeiros

que fizeram do Brasil seus objetos de pesquisa, ou mantiveram comunicação com intelectuais

brasileiros. Alguns deles participaram presencialmente dos congressos como Donald Pierson,

sociólogo norte-americano que estava pesquisando em Salvador, outros enviaram textos para

serem publicados nos anais, como os estadunidenses Melville Herskovits e Richard Patee (reitor

e pesquisador da Universidade de Porto Rico), e os cubanos Fernando Ortiz e Salvador Garcia

Aguero. (CARNEIRO; FERRAZ, 1940)

No 2º Congresso, da mesma forma que o Primeiro, houve participações significativas

de muitos grupos culturais negros, desde: associações, terreiros, capoeiristas, baianas do

acarajé, irmandades, etc. Como a iyalorixá Mãe Aninha (Eugenia Anna dos Santos) do “Ilê Axé

Opó Afonjá” que recebeu com cerimônia os intelectuais no terreiro. Na organização destacou-

se o babalorixá Professor Martiniano Bonfim (1940:233-238) que também apresentou um

trabalho, no qual falava sobre a história - “mito” – de Xangô e a origem do seu culto no povo

ioruba na África, e a defesa de seu culto no Brasil e a festa para ele organizado pelo axé Opó

Afonjá. Outros líderes negros também contribuíram com produções, é o caso de Manuel

Vitorino dos Santos (Manuel Formiga), Manuel Bernardino da Paixão e Mãe Aninha,

apresentaram notas relacionadas as vivências nos terreiros sobre: signos religiosos, as comidas,

a linguagem, os mitos, etc. Ponto alto na contribuição deles foi a fundação da União das Seitas

Afro-Brasileiras da Bahia, que tinha por objetivo defender a liberdade religiosa dos

candomblés.

Os dois congressos tiveram a participação dos grupos negros na organização e na

contribuição com os estudos, seja como objeto de estudo ou através de seus próprios textos,

promovendo a proximidade dos pesquisadores com os grupos sociais que eram seus “objetos

de estudo”. Os eventos revelaram a proximidade dos intelectuais e das associações negras,

segundo as conclusões de Júlio Silva (2010; 2005) tornou-se uma hipótese plausível a

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semelhança do pensamento dos Estudos e o discurso sócio-político negro, principalmente na

defesa de que o problema do negro brasileiro seria antes de tudo educacional, da necessidade

de integração na sociedade e da inferioridade cultural do negro, debilitada ou produzida pelos

anos de escravidão. Tal interpretação é coerente e pode ser observada no discurso de Manuel

Barros (1988: 269):

A Frente Negra Pelotense, entidade que tem por lema: União, Cultura e Igualdade,

que devem ser invocadas, quando se inicia um movimento, portentoso e inédito do

elevamento moral, intelectual e social do negro; de uma raça entregue a si mesma e

que não tem outra coisa senão sua extraordinária capacidade de trabalho e

inteligência virgem, que deve e merece ser cultivada. Para que essa massa, que foi

na submissão, sempre dirigida, sem a menor noção de humanidade; impedida de sair

do marasmo, da inatividade; embargada nos passos para uma arrancada sublime e

patriótica, que viria fortalecer, de uma vez por todas, uma terra, que se pouco fez, foi

somente porque essa grande maioria de 80% da população brasileira, vive à parte,

no analfabetismo e que necessita de segunda abolição, que desenvolva a mente, para

que se interesse, pelos problemas, que lhe dizem respeito, que a levará ao caminho

extraordinário que conduz a evolução humana.

Por outro lado, observamos uma ênfase maior no problema do preconceito racial e de

cor, mesmo que, paradoxalmente, Gilberto Freyre e Arthur Ramos encabeçassem a defesa

ideológica da imagem do Brasil como “democracia racial”.

A dimensão política foi uma característica, ou o princípio, dos Estudos Afro-brasileiros

e não se resumiu a presença dos membros de associações negras nos congressos, pois em outras

ocasiões os intelectuais estiveram em contato com tais grupos. Por exemplo, a produção do

“Manifesto dos intelectuais brasileiros contra o preconceito racial”, e o Manifesto contra o

Racismo, lançado pela Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia (SBAE), em 1935.

As participações nas conferências de maio de 1938, nas Festividades do Cinquentenário da

Abolição da Escravatura, ocorridas em vários estados e promovidas por associações negras.

Bem como, os textos publicados nos periódicos dessas associações, como o “Senzala”, “A Voz

da Raça” e “Quilombo”.

O evento confirmou e consolidou a existência do campo de “Estudos sobre o Negro no

Brasil” reunindo mais uma vez um grupo de pesquisadores sobre o tema. Ainda, estreitou as

relações entre intelectuais de várias partes das Américas que pesquisavam sobre o tema,

exercendo um papel fundamental numa abordagem cultural como perspectiva para o objeto no

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Brasil, de preferência influenciado pela antropologia desenvolvida por Franz Boas e seus

discípulos. Após o congresso, a Bahia se tornou progressivamente lugar ideal - e idealizado -

para as pesquisas sobre os africanos e seus descendentes nas Américas. Possivelmente este

evento, delimitou a divisão do campo, de um lado estudiosos que não priorizavam o tema e

apenas o tangenciava, como Freyre, do outro estavam os estudiosos que se dedicavam

prioritariamente as pesquisas sobre o negro, como Arthur Ramos e Edison Carneiro.

Concentrados em torno de Freyre e de Ramos, os “Estudos” foram formados na

interlocução das produções constituída pela relação: das "produções individuais", como os

livros de Freyre, de Ramos e de Carneiro; com as "produções institucionais", como as revistas

dos Institutos Históricos; com os "textos, conceitos e metodologias influentes de pesquisadores

estrangeiros", como os antropólogos Franz Boas e Melville Herskorvits; e com os anais dos

dois congressos afro-brasileiros. Portanto ocorreu a formação de um arquivo dos “Estudos

Afro-brasileiros” com os anais (FREYRE, 1988; RAMOS, 1988; CARNEIRO e FERRAZ,

1940), juntamente com os livros publicados na coleção Biblioteca de Divulgação Scientifica,

coordenada por Ramos na Companhia Editora Nacional, e obras publicadas em outros espaços.

Observa-se nos trabalhos publicados nos anais e nas obras analisadas até o momento as

recorrentes referências as pesquisas de Freyre e Ramos, principalmente a CG&S do primeiro e

o livro “Negro Brasileiro” (RAMOS, 1934) do segundo, e as pesquisas de Herskorvits sobre as

etnias africanas e Fernando Ortiz sobre as religiões e cultos afro-americanos. Por outro lado,

os membros dos congressos se contrapunham a um interlocutor poderoso que era Oliveira

Viana, historiador do IHGB desde 1925. Ele havia publicado na década de 1920 vários livros

fundamentados nos determinismos biológicos – ou raciais – do francês Arthur Gobineau e do

suíço Louis Agassiz, destacavam-se o “Populações Meridionais do Brasil” (1920), “Pequenos

Estudos de Psicologia Social” (1921), “Evolução do Povo Brasileiro” (1923) e “Raça e

assimilação” (1932), na qual defendia a inferioridade das raças negras e indígenas e do povo

brasileiro que estava se degenerando com a miscigenação.

Nas décadas de 30 e 40, por causa das pesquisas dos intelectuais vinculados aos

“Estudos sobre o Negro no Brasil” ocorreu um aumento significativo nas produções sobre a

população negra brasileira. Como exemplo de tal crescimento nas publicações foi listado os

livros dos principais intelectuais dos “Estudos”, publicados durante as décadas de 1930 e 1940,

Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala, 1933, Sobrados e Mocambos, 1937, Interpretação do

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Brasil, 1947), Arthur Ramos (Os horizontes místicos do negro da Bahia,1932; O Negro

Brasileiro, 1934; O Folk-lore Negro do Brasil, 1935; As Culturas Negras no Novo Mundo,

1937; The Negro in Brazil, 1939; A aculturação Negra no Brasil, 1942; Guerra e Relações de

Raça, 1943) e Edison Carneiro (Religiões Negras, 1936; Negros Bantos, 1937; O Quilombo

dos Palmares, 1947; Candomblés da Bahia, 1948). A multiplicidade de subtemas e abordagens

epistemológicas é notória nos trabalhos apresentados nos dois congressos, englobando: a

história, a antropologia, o folclore, a literatura, a sociologia, a etnografia, a língua, a religião, a

saúde, a arte (escultura, música, teatro), a culinária, a educação etc.

Disputas nos Estudos Afro-brasileiros: Gilberto Freyre e Arthur Ramos

Embora, tenham reunido muitos intelectuais em torno de um campo e objetivo em

comum, pesquisar o papel do negro na formação da nação, existiram divergências, com o tempo

desenvolveu-se a divisão do campo, em torno do legado e do primado das pesquisas entre

Pernambuco e Bahia, Gilberto Freyre e Arthur Ramos. (Correa, 2001) Gilberto Freyre

reivindicou o pioneirismo dos pernambucanos, devido a organização do 1º Congresso e do seu

papel como figura central desse processo ao criar a cátedra de Antropologia Social e Cultural

na Universidade do Distrito Federal, em 1935. Para ele, o desenvolvimento das ciências teria

sido antes por Silvio Romero, Alberto Torres, depois seguidos pelos antropólogos do Museu

Nacional, João Batista Lacerda, Roquette-Pinto e Froes da Fonseca. Reconheceu o trabalho de

Roquette-Pinto, desenvolvido desde o final da década de 1920, como renovador das concepções

antropológicas e sobre a população brasileira, convidado para a escrita do prefácio do

Congresso de 1934.

As disputas no campo foram mais reveladas durante a preparação do Segundo

Congresso Afro Brasileiro. Em 1936, quando foi anunciado a organização do evento pelos

baianos, Gilberto Freyre deu uma entrevista ao “Diário de Pernambuco” que foi reproduzida no

jornal “O Estado da Bahia” no dia 13 de novembro de 1936, nela ele criticava os organizadores

e demonstrava um pessimismo sobre o futuro do evento. Pedimos desculpas pela longa citação

a seguir:

(...) Só há dois ou três dias soube, por uma carta do escritor Edison Carneiro que ia

realizar-se um segundo Congresso Afro-Brasileiro na Bahia. Receio muito que vá ter

todos os defeitos das coisas improvisadas. Deveria ser muito maior o prazo para os

estudos, para as contribuições dos verdadeiros estudiosos. Os verdadeiros estudiosos

trabalham devagar. A não ser que os organizadores do atual Congresso só estejam

preocupados com o lado mais pitoresco e mais artístico do assunto: as “rodas” de

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capoeira e de samba, os toques de “candomblé”, etc. Este lado é interessantíssimo e

na Bahia terá um colorido único. Mas o programa traçado no 1º Congresso foi um

programa mais extenso e incluindo a parte árida, porém igualmente proveitosa, para

os estudos sociais, de pesquisas e trabalhos científicos.

Discordo, ainda, da orientação do 2º Congresso Afro- Brasileiro que vai se realizar

na Bahia tocante às relações com o Governador do Estado. Estou informado pelo

escritor Edison Carneiro que é, seja dito de passagem, um dos nossos

africanologistas mais inteligentes, que se pleiteará uma subvenção do Governo do

Estado para o 2º Congresso Afro-Brasileiro. Discordo radicalmente. Creio que esses

Congressos de estudiosos deviam ser como foi o 1º Congresso Afro-Brasileiro

reunido no Recife, inteiramente independente dos Governos ou de qualquer

organização política com interesses partidários ou fins imediatos. Essa

independência foi um dos traços característicos do 1º Congresso – o do Recife, e para

afirmá-lo, José Lins do Rego, Cícero Dias, Mário Lacerda de Melo, eu e alguns

outros tivemos de propor resistência enérgica aos que pretenderam deformar aquela

reunião de pesquisadores e de estudiosos, prestigiada pela colaboração de

africanologistas como o professor Herskovits, num ajuntamento demagógico e de

cor partidária.

Creio que os problemas do negro e do mulato no Brasil devem ser discutidos e

apresentados com a maior franqueza, com honestidade e com desassombro,

indicando-se os efeitos sociais e mesmo políticos da opressão da gente de cor que

ainda se observam entre nós.

Creio que o fato do Congresso Afro-Brasileiro do Recife ter encarado o negro e o

mestiço negro, não como um problema de patologia biológica, a exemplo do que fez

o próprio Nina Rodrigues – que era um convencido da absoluta inferioridade do

negro e mulato – mas como um problema principalmente de desajustamento social,

representa uma conquista notável para os estudos sociais brasileiros e de profunda

repercussão política. Mas não me parece que os congressos afro-brasileiros devam

revelar para a apologia política ou demagógica da gente de cor. Seria sacrificar todo

o seu interesse científico de esforço de pesquisa e de colheita e interpretação honesta

de material que ainda está sendo reunido.

Estou certo, entretanto, que os organizadores do 2º Congresso – na Bahia – saberão

lhe assegurar um ambiente de independência e de propriedade científica. [grifo

nosso] (FREYRE, 1987: 127-128)

Na entrevista, muitas das críticas à organização do 2º Congresso, parece ter ignorado o

que ele havia feito no 1º Congresso, principalmente a participação dos terreiros e dos

babalorixás. Desqualificou a proposta do evento afirmando a ausência de cientificidade e

destacou os avanços do Congresso de Recife que haveria se distanciado das propostas racismo

científico de Nina Rodrigues e, questionou se o próximo daria continuidade.

A entrevista de Freyre repercutiu negativamente para os membros da Escola Nina

Rodrigues. Carneiro escreveu para Ramos dizendo que o “Gilberto Freyre deu uma entrevista

no Recife, escangalhando o Congresso, falando em coisa improvisada, não sei mais quê.” No

jornal Gazeta de Alagoas, em 17 de janeiro de 1937, Arthur Ramos reponde as críticas

apontando a contradição das “afirmações levianas de Freyre em dizer que 2º Congresso Afro-

Brasileiro terá caráter mais pitoresco e artístico do que científico. Já que o 1º Congresso Afro-

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Brasileiro também teve sua parte artística”. Na resposta, o Dr. Ramos creditou a primazia dos

estudos aos baianos, ao professor Raymundo Nina Rodrigues, da Faculdade de Medicina da

Bahia, e a Manuel Querino. E destacou um grupo de intelectuais da década de 20 que ele fazia

parte, a Escola Nina Rodrigues, formada principalmente médicos, que procuraram desenvolver

pesquisas nas temáticas que o professor havia trabalhado: a medicina-legal, a psicologia, a

antropologia – o problema do Negro.

Considerações finais

Os Estudos sobre o Negro no Brasil construíram um repertório cultural que faz parte da

representação do negro brasileiro: espaços; imagens; ideias; sujeitos; mitos ideológicos; topos

etc. Pode-se analisar cada um dos elementos do repertório cultural, podendo ser compreendidos

como parte da representação do negro. Esse campo propôs novas visões e abordagens sobre a

participação do negro na formação do Brasil, colocando-os como parte integrante da

nacionalidade e enfatizando a cultura negra e o papel sincrético desse grupo na história nacional

sob a identidade hifenizada de afro-brasileiro. Além do mais, promoveram uma aproximação

entre os intelectuais e os grupos sociais negros; uma mudança epistemológica marcada pelas

explicações culturalistas e sociais; uma defesa da integração do negro na sociedade; uma ênfase

no preconceito racial; e, paradoxalmente, uma defesa ideológica da “democracia racial”; uma

defesa das pesquisas sobre os afro-brasileiros como proteção da cultura e da população; a

construção dos paradigmas da sobrevivência cultural e do sincretismo cultural do negro

brasileiro.

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