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OS ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS: O “TEATRO DE CONSTRUÇÃO” DA
REPRESENTAÇÃO DO AFRO-BRASILEIRO NOS ANOS 1930
THYAGO RUZEMBERG GONZAGA DE SOUZA1
Introdução
O presente trabalho pretende expor a formação na década de 1930 do campo
denominado “Estudos Afro-brasileiros”, ou “Estudos sobre o Negro no Brasil”. Para tal, dialoga
com o trabalho de Renato Amado Peixoto (2011), o qual compreende que faz parte do processo
de explicitação do campo de estudos, ou “teatro de construção” da representação, observar as
instituições e suas interlocuções, pois são “palcos de produção”, e os atores sociais e as suas
produções, que constituem as “cenas de produção”. (PEIXOTO, 2014:49) Este trabalho dedica-
se a primeira etapa do processo de compreensão do “teatro de construção”, isso significa, que
expõe a formação do campo, mas sem explorar um diálogo direto e exaustivo com as
instituições, os eruditos e suas obras. As reflexões e conclusões que serão expostas a seguir
surgiram durante o mestrado e a pesquisa realizada sobre a escrita da história do Quilombo dos
Palmares nas obras de Arthur Ramos, um membro dos “Estudos” e importante antropólogo nas
décadas de 1930 e 1940. (SOUZA, 2015)
Gilberto Freyre: influência e início dos Estudos Afro-brasileiros
A organização desse grupo de pesquisadores sobre o negro brasileiro ocorreu em 1934,
quando o sociólogo e historiador Gilberto Freyre decidiu organizar um congresso e articular
outros interessados no tema. Teria sido o lançamento de “Casa-Grande & Senzala” (CG&S),
em dezembro de 1933, que proporcionou a Freyre a condição de interprete da nação e da
“formação étnica do Brasil”, como disse Roquette-Pinto (1934) ela já nascera “obra clássica”.
Com isso, Freyre pode reunir em torno de si e de sua obra outros intelectuais que escreviam
sobre o papel da população negra na história, cultura e sociedade brasileira.
A chave interpretativa sobre o Brasil contida em CG&S, teve um papel significativo nas
obras e textos daqueles que foram reunidos nos Estudos Afro-brasileiros. Portanto, parece que
o primeiro passo deste trabalho deve ser expor os principais elementos da visão de Freyre sobre
a sociedade brasileira e o lugar do negro na formação dela. Assim como, a influência dele sobre
outros intelectuais que participaram do grupo, nesse caso, será exposto o caso do antropológo
1 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL). Mestre em História pelo
Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN).
2
Arthur Ramos que no final dos anos 30 dividiria, ou rivalizava, a centralidade do campo com
Freyre.
Na interpretação freiriana, a sociedade brasileira teria sido formada por um sistema de
colonização caracterizado por três aspectos – monocultura latifundiária, escravidão e
miscigenação – que dera ao país condições para se desenvolver de modo sui generis como
modelo alternativo de civilização. Essa visão era sedimentada na “propensão” adquirida pelos
portugueses de se unir a outras raças, o que segundo Freyre, foi significativo para que os
colonizadores se misturassem com índios e escravos, dando início a uma sociedade em que não
se criou uma rígida identidade de raça e classe.
O português não: por todas aquelas felizes predisposições de raça, de mesologia e de
cultura a que nos referimos, não só conseguiu vencer as condições de clima e de solo
desfavoráveis ao estabelecimento de europeus nos trópicos, como suprir a extrema
penúria de gente branca para a tarefa colonizadora unindo-se com mulher de cor.
Pelo intercurso com mulher índia ou negra multiplicou-se o colonizador em vigorosa
e dúctil população mestiça, ainda mais adaptável do que ele puro ao clima tropical.
A falta de gente, que o afligia, mais do que a qualquer outro colonizador, forçando-
o à imediata miscigenação – contra o que não o indispunham, aliás, escrúpulos de
raça, apenas preconceitos religiosos – foi o português vantagem na sua obra de
conquista e colonização dos trópicos. Vantagem para sua melhor adaptação, senão
biológica, social. (FREYRE, 2003: 72-73)
Para Freyre, na colonização houve uma hegemonia do elemento branco na sociedade
brasileira, a situação das outras raças é marcada pelo domínio cultural e econômico desse
elemento. Por isso, a formação histórica da sociedade brasileira em CG&S é caracterizada pelo
patriarcado; pelas inter-relações das etnias e culturas condicionadas ou protegidas pelas
relações patriarcais; pelo trópico, meio específico que condicionava todas as relações, por meio
do clima, da nutrição, da geografia, da natureza e das culturas dos indígenas. Formando,
portanto, uma civilização luso-tropical, marcada pela “miscigenação”.
Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma
no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha Mongólia pelo Brasil - a sombra,
ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio
Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou
vaga e remota, do africano.
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos,
na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é
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expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra.
(FREYRE, 2003: 367)
Como observou Amílcar Pereira (2010: 57), a concepção de nacionalidade brasileira
freiriana tem uma matriz cultural europeia – ou lusitana -, colocando os demais grupos sociais
como secundários, portanto contribuintes da cultura nacional, não geradores dessa cultura. Do
mesmo modo, o antropólogo Arthur Ramos, contemporâneo e influenciado por Freyre,
trabalhou com as concepções de sincretismo e aculturação, as quais serviram para conceber o
negro como contribuinte da cultura de matriz lusitana, já que, no entendimento dele, os
portugueses estavam prontos para os processos de aculturação e eram aptos a incorporar os
demais povos.
Da mesma maneira que o Português entrou em contato de raça com os múltiplos
povos com que se misturou, numa vasta obra de amalgamação que caracteriza o seu
processo colonizador, da mesma maneira sempre possui a capacidade de
compreender e incorporar os padrões de cultura desses povos. (RAMOS, 1962: 97)
Para eles, a colonização e consequente formação da nação brasileira, consistiu em
afirmar que a sociedade que se desenvolveu no Brasil foi mais moralmente flexível e humana,
pois seguia a tradição portuguesa de estrutura social. Com isso, compreendia que os
antagonismos existentes eram mais entre classes, do que de raças. Partindo da premissa da
mestiçagem, esses dois intelectuais foram os principais divulgadores do Brasil como uma
“democracia social”, nos anos 30, e divulgaram a concepção de “democracia racial”, na década
de 1940. (GUIMARÃES, 2012: 148-152)
A obra freiriana introduziu para a intelectualidade brasileira fundamentos da
antropologia cultural de Franz Boas, professor de Freyre na Columbia University, crítico das
teorias raciais e do evolucionismo cultural. Influenciado pelo pensamento do professor, ele
construiu uma interpretação de civilização brasileira formada pelo “processo de aculturação” e
elaborou uma síntese da concepção de mestiçagem como formador da nacionalidade, nos
aspectos culturais e biológicos. Igualmente adotada por Ramos. Ambos, foram influenciados
pelo intelectual alemão Rüdiger Bilden, aluno de Boas e colega de Freyre em Columbia, que
havia publicado na The Nation o artigo “Brazil, Laboratory of Civilization”, em 1929 (BILDEN,
1929:71-73). Segundo Pallares-Burke (2012), Bilden desenvolveu pesquisas sobre o Brasil e
elaborou a compreensão de “Brasil, laboratório de civilização”, transformando a mestiçagem
em um mecanismo de integração e mobilidade social dos povos colonizados. A partir de novas
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concepções científicas da antropologia cultural, tanto Freyre quanto Ramos se contrapuseram
ao “racismo científico” e propuseram uma mudança conceitual e epistemológica, a qual ficou
conhecida como mudança do paradigma racial para o paradigma cultural. Como compreendeu
Renato Ortiz (2006:41), eles se paulatinamente se afastaram da visão negativa da herança
mestiça, transformaram o mestiço em positividade.
Os Congressos Afro-brasileiros e a formação do “campo de estudos eruditos”
Além disso, as produções de Freyre possibilitaram o início da formação do “Estudos
Afro-brasileiros”, um novo “campo de estudos erudito” que reuniu diversos pesquisadores
sobre o negro no Brasil. A definição de campo utilizada neste trabalho, trata-se de uma livre
interpretação desse conceito encontrado na obra de Edward Said (2007), “Orientalismo: o
Oriente como invenção do Ocidente”.
Alguns princípios básicos foram destacados pelo crítico cultural, como: a distribuição
de consciência em textos estéticos, eruditos, econômicos, sociológicos, históricos e filológicos;
a elaboração não só de uma distinção, que podemos definir como alteridade, ou espaço de
alteridade, mas também de toda uma série de “interesses” que por meios da produção erudita
não só cria, mas igualmente mantém; é, mais do que expressa, uma certa vontade ou intenção
de compreender, em alguns casos controlar, manipular e até incorporar o que é um mundo
manifestamente diferente (ou alternativo e novo); é sobretudo um discurso que é produzido e
existe num intercambio desigual com vários tipos de poder, modelado em certa medida pelo
intercâmbio com o poder político, o poder cultural e o poder moral. (SAID, 2007: 40-41)
Porém, existem outros elementos do campo de estudos eruditos tão importantes quanto
os citados anteriormente, como: está fundamentado e criado em torno de uma unidade, um tema
decidido em conjunto; é marcado pela heterogeneidade, ou “ecletismo”, reunindo várias
disciplinas cujas múltiplas finalidades tornam muito difícil uma definição do tal tema; tem a
capacidade quase infinita para a subdivisão, tendo desde a publicação de documentos e registro
de relatos até estudos de diversas disciplinas e áreas abordando um recorte geográfico e
temporal extenso; obedece um sistema de rigor moral e epistemológico, onde a distância e a
alteridade são características, pois para os eruditos o objeto estudado era um universo textual;
compete a ele e o seu discurso a construção da representação, desenvolvida pelos estudiosos
como forma de controle e de confinamento do objeto; constrói um repertório cultural para
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explicar, representar ou delimitar: imagens, caracteres, tropos etc; produz uma “geografia
imaginativa” e uma “história imaginativa” para o objeto; a criação de arquivo internamente
estruturado a partir da literatura que pertence a experiência dele, ou seja, os livros, periódicos,
artigos, documentos etc; por último, constrói uma tradição de pensamento na produção do
espaço e da história, que ao mesmo tempo é formativa, pois funciona através de um processo
didático, e de conversão disciplinado que é ensinado, tem suas próprias sociedades, periódicos,
tradições, vocabulário, retórica, tudo basicamente conectado e suprido pelas normas políticas e
culturais prevalecentes no lugar da representação. (SAID, 2007: 85-114)
Em síntese o “campo de estudos eruditos” é formado por um grupo de ideias, um
discurso e uma tradição. Por isso, os campos, tanto quanto as obras, são influenciados pela
sociedade, por tradições culturais, pelas circunstâncias mundanas e por influências
estabilizadoras como as instituições, por isso compreende-se que os escritos nunca são
totalmente livres, mas limitados nas suas imagens, pressuposições e intenções. Como observou
Michel de Certeau (1982: 66-77), a condição de autoria e a operação historiográfica estão
vinculadas e relacionadas a um "lugar de produção”, “lugar de fala”, “lugar social da operação
científica”, “instituição social”, ou seja, lugares que sejam sociais, econômicos, culturais e
políticos, aos quais todo sistema de pensamento está referido. Portanto, o discurso é produzido
em um lugar que é definido não apenas por um autor, mas por uma sociedade que o envolve,
pelas dimensões desta sociedade que penetram no autor, e através dele no texto, sem que disto
ele se aperceba. No entanto, tanto Said quanto Certeau, levam em consideração o papel do
sujeito e sua subjetividade, que poderá ser observado na maneira como se posiciona no texto
com relação a tradição.
Então, no que diz respeito aos “Estudos Afro-brasileiros” como “campo de estudos
eruditos”, formaram-se na década de 1930, tendo como marco inicial o 1º Congresso Afro-
Brasileiro, realizado em novembro de 1934, na cidade do Recife. O evento foi idealizado por
Gilberto Freyre e o seu primo, doutor Ulysses Pernambucano de Melo Sobrinho. Para Clilton
da Paz (2007:132), a realização do Congresso estava relacionada a algumas construções
simbólicas em torno do estado de Pernambuco, pois para Gilberto Freyre e a imprensa
pernambucana, exaltaram a importância de Recife para a história da nação e como núcleo para
os primeiros movimentos de estudo em relação ao negro.
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O projeto era reunir diversos pesquisadores e cientistas para debater o papel do negro,
juntando a pouca produção espalhada pelo Brasil, procurava-se organizar um campo do saber
composto por um grupo heterogêneo de intelectuais. Isso implicou na reunião de estudiosos
ligados a várias instituições diferentes que possuíam suas próprias regras, princípios e
hierarquias, destacam-se nos quadros os Institutos Históricos estaduais do Nordeste. Foi na
interlocução dessas instituições e seus agentes que possibilitaram a construção de
representações, de conhecimentos e de discursos. Com o congresso, e consequentemente os
“Estudos”, lançaram o conceito de “afro-brasileiro”, constituído como tema central da reunião
e como representação, somente depois desse evento será utilizado como identitário.
Para Gilberto Freyre o Congresso foi marcado por um pensamento de vanguarda que
procurou se opor ao velho e arcaico pensamento que permeava os centros letrados, cujas bases
do saber estavam no racismo científico, na biologia evolucionista e em uma antropologia física.
(PAZ, 2007: 142-143) Visão fortalecida pela repercussão nacional e internacional com a
participação de intelectuais estrangeiros, como o norte-americano Melville Jean Herskovits,
discípulo de Boas, que enviou os trabalhos “Procedência dos Negros no Novo Mundo” e a “A
arte do bronze e do panno em Dahomé”. (HERSKOVITS, 1988: 195-198, 227-236) Foi a partir
da década de 1930, principalmente pela influência de Freyre que cresceu o intercâmbio entre
historiadores, antropólogos, etnógrafos e africanistas brasileiros e estrangeiros.
Além da reunião e exposição de suas produções, os intelectuais visitaram o terreiro do
babalorixá Pai Anselmo, de culto jêjê, para uma cerimônia religiosa, na qual houve toque solene
aos orixás e ancestrais pedindo proteção e bênçãos para o evento. Participou do Congresso o
babalorixá Pai Oscar de Almeida, que junto com Pai Anselmo colaborou para a realização do
evento, e os líderes religiosos Ialorixá Santa e os Babalorixá Apolinário Gomes. O evento foi
visto, para os demais líderes de terreiros, como uma primeira tentativa de resgate e preservação
da cultura africana, bem como um evento importante para a formação da identidade brasileira
e do patrimônio cultural brasileiro. Foi marcado, também, pela presença de membros de
“associações negras”, destacaram-se o intelectual ativista e folclorista Edison Carneiro (1988:
237-242) e Miguel Barros (1988: 269-271), o representante da Frente Negra Pelotense. O
primeiro apresentou um trabalho com interpretação materialista, “Situação do negro no Brasil”,
no qual enfatizou a situação deplorável dos negros brasileiros e afirmou que ela não depõe
contra a raça negra, pois a “raça” não determinava o desenvolvimento social.
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Algum tempo depois, em janeiro de 1937, ocorreu em Salvador o Segundo Congresso
Afro Brasileiro, sob a égide de Edison Carneiro e Aydano Couto Ferraz. Esse evento consolida
o campo de estudos, os trabalhos apresentaram uma tentativa de substituição da noção biológica
de raça pelo conceito de cultura, os participantes procuraram a superação do corpo teórico-
metodológico característico do racismo científico. Como apontou Júlio Silva (2005), os
trabalhos demonstraram aproximações com o culturalismo boasiano, ainda em processo de
apreensão. Nesse caso, tem papel significativo a participação de cientistas sociais estrangeiros
que fizeram do Brasil seus objetos de pesquisa, ou mantiveram comunicação com intelectuais
brasileiros. Alguns deles participaram presencialmente dos congressos como Donald Pierson,
sociólogo norte-americano que estava pesquisando em Salvador, outros enviaram textos para
serem publicados nos anais, como os estadunidenses Melville Herskovits e Richard Patee (reitor
e pesquisador da Universidade de Porto Rico), e os cubanos Fernando Ortiz e Salvador Garcia
Aguero. (CARNEIRO; FERRAZ, 1940)
No 2º Congresso, da mesma forma que o Primeiro, houve participações significativas
de muitos grupos culturais negros, desde: associações, terreiros, capoeiristas, baianas do
acarajé, irmandades, etc. Como a iyalorixá Mãe Aninha (Eugenia Anna dos Santos) do “Ilê Axé
Opó Afonjá” que recebeu com cerimônia os intelectuais no terreiro. Na organização destacou-
se o babalorixá Professor Martiniano Bonfim (1940:233-238) que também apresentou um
trabalho, no qual falava sobre a história - “mito” – de Xangô e a origem do seu culto no povo
ioruba na África, e a defesa de seu culto no Brasil e a festa para ele organizado pelo axé Opó
Afonjá. Outros líderes negros também contribuíram com produções, é o caso de Manuel
Vitorino dos Santos (Manuel Formiga), Manuel Bernardino da Paixão e Mãe Aninha,
apresentaram notas relacionadas as vivências nos terreiros sobre: signos religiosos, as comidas,
a linguagem, os mitos, etc. Ponto alto na contribuição deles foi a fundação da União das Seitas
Afro-Brasileiras da Bahia, que tinha por objetivo defender a liberdade religiosa dos
candomblés.
Os dois congressos tiveram a participação dos grupos negros na organização e na
contribuição com os estudos, seja como objeto de estudo ou através de seus próprios textos,
promovendo a proximidade dos pesquisadores com os grupos sociais que eram seus “objetos
de estudo”. Os eventos revelaram a proximidade dos intelectuais e das associações negras,
segundo as conclusões de Júlio Silva (2010; 2005) tornou-se uma hipótese plausível a
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semelhança do pensamento dos Estudos e o discurso sócio-político negro, principalmente na
defesa de que o problema do negro brasileiro seria antes de tudo educacional, da necessidade
de integração na sociedade e da inferioridade cultural do negro, debilitada ou produzida pelos
anos de escravidão. Tal interpretação é coerente e pode ser observada no discurso de Manuel
Barros (1988: 269):
A Frente Negra Pelotense, entidade que tem por lema: União, Cultura e Igualdade,
que devem ser invocadas, quando se inicia um movimento, portentoso e inédito do
elevamento moral, intelectual e social do negro; de uma raça entregue a si mesma e
que não tem outra coisa senão sua extraordinária capacidade de trabalho e
inteligência virgem, que deve e merece ser cultivada. Para que essa massa, que foi
na submissão, sempre dirigida, sem a menor noção de humanidade; impedida de sair
do marasmo, da inatividade; embargada nos passos para uma arrancada sublime e
patriótica, que viria fortalecer, de uma vez por todas, uma terra, que se pouco fez, foi
somente porque essa grande maioria de 80% da população brasileira, vive à parte,
no analfabetismo e que necessita de segunda abolição, que desenvolva a mente, para
que se interesse, pelos problemas, que lhe dizem respeito, que a levará ao caminho
extraordinário que conduz a evolução humana.
Por outro lado, observamos uma ênfase maior no problema do preconceito racial e de
cor, mesmo que, paradoxalmente, Gilberto Freyre e Arthur Ramos encabeçassem a defesa
ideológica da imagem do Brasil como “democracia racial”.
A dimensão política foi uma característica, ou o princípio, dos Estudos Afro-brasileiros
e não se resumiu a presença dos membros de associações negras nos congressos, pois em outras
ocasiões os intelectuais estiveram em contato com tais grupos. Por exemplo, a produção do
“Manifesto dos intelectuais brasileiros contra o preconceito racial”, e o Manifesto contra o
Racismo, lançado pela Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia (SBAE), em 1935.
As participações nas conferências de maio de 1938, nas Festividades do Cinquentenário da
Abolição da Escravatura, ocorridas em vários estados e promovidas por associações negras.
Bem como, os textos publicados nos periódicos dessas associações, como o “Senzala”, “A Voz
da Raça” e “Quilombo”.
O evento confirmou e consolidou a existência do campo de “Estudos sobre o Negro no
Brasil” reunindo mais uma vez um grupo de pesquisadores sobre o tema. Ainda, estreitou as
relações entre intelectuais de várias partes das Américas que pesquisavam sobre o tema,
exercendo um papel fundamental numa abordagem cultural como perspectiva para o objeto no
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Brasil, de preferência influenciado pela antropologia desenvolvida por Franz Boas e seus
discípulos. Após o congresso, a Bahia se tornou progressivamente lugar ideal - e idealizado -
para as pesquisas sobre os africanos e seus descendentes nas Américas. Possivelmente este
evento, delimitou a divisão do campo, de um lado estudiosos que não priorizavam o tema e
apenas o tangenciava, como Freyre, do outro estavam os estudiosos que se dedicavam
prioritariamente as pesquisas sobre o negro, como Arthur Ramos e Edison Carneiro.
Concentrados em torno de Freyre e de Ramos, os “Estudos” foram formados na
interlocução das produções constituída pela relação: das "produções individuais", como os
livros de Freyre, de Ramos e de Carneiro; com as "produções institucionais", como as revistas
dos Institutos Históricos; com os "textos, conceitos e metodologias influentes de pesquisadores
estrangeiros", como os antropólogos Franz Boas e Melville Herskorvits; e com os anais dos
dois congressos afro-brasileiros. Portanto ocorreu a formação de um arquivo dos “Estudos
Afro-brasileiros” com os anais (FREYRE, 1988; RAMOS, 1988; CARNEIRO e FERRAZ,
1940), juntamente com os livros publicados na coleção Biblioteca de Divulgação Scientifica,
coordenada por Ramos na Companhia Editora Nacional, e obras publicadas em outros espaços.
Observa-se nos trabalhos publicados nos anais e nas obras analisadas até o momento as
recorrentes referências as pesquisas de Freyre e Ramos, principalmente a CG&S do primeiro e
o livro “Negro Brasileiro” (RAMOS, 1934) do segundo, e as pesquisas de Herskorvits sobre as
etnias africanas e Fernando Ortiz sobre as religiões e cultos afro-americanos. Por outro lado,
os membros dos congressos se contrapunham a um interlocutor poderoso que era Oliveira
Viana, historiador do IHGB desde 1925. Ele havia publicado na década de 1920 vários livros
fundamentados nos determinismos biológicos – ou raciais – do francês Arthur Gobineau e do
suíço Louis Agassiz, destacavam-se o “Populações Meridionais do Brasil” (1920), “Pequenos
Estudos de Psicologia Social” (1921), “Evolução do Povo Brasileiro” (1923) e “Raça e
assimilação” (1932), na qual defendia a inferioridade das raças negras e indígenas e do povo
brasileiro que estava se degenerando com a miscigenação.
Nas décadas de 30 e 40, por causa das pesquisas dos intelectuais vinculados aos
“Estudos sobre o Negro no Brasil” ocorreu um aumento significativo nas produções sobre a
população negra brasileira. Como exemplo de tal crescimento nas publicações foi listado os
livros dos principais intelectuais dos “Estudos”, publicados durante as décadas de 1930 e 1940,
Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala, 1933, Sobrados e Mocambos, 1937, Interpretação do
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Brasil, 1947), Arthur Ramos (Os horizontes místicos do negro da Bahia,1932; O Negro
Brasileiro, 1934; O Folk-lore Negro do Brasil, 1935; As Culturas Negras no Novo Mundo,
1937; The Negro in Brazil, 1939; A aculturação Negra no Brasil, 1942; Guerra e Relações de
Raça, 1943) e Edison Carneiro (Religiões Negras, 1936; Negros Bantos, 1937; O Quilombo
dos Palmares, 1947; Candomblés da Bahia, 1948). A multiplicidade de subtemas e abordagens
epistemológicas é notória nos trabalhos apresentados nos dois congressos, englobando: a
história, a antropologia, o folclore, a literatura, a sociologia, a etnografia, a língua, a religião, a
saúde, a arte (escultura, música, teatro), a culinária, a educação etc.
Disputas nos Estudos Afro-brasileiros: Gilberto Freyre e Arthur Ramos
Embora, tenham reunido muitos intelectuais em torno de um campo e objetivo em
comum, pesquisar o papel do negro na formação da nação, existiram divergências, com o tempo
desenvolveu-se a divisão do campo, em torno do legado e do primado das pesquisas entre
Pernambuco e Bahia, Gilberto Freyre e Arthur Ramos. (Correa, 2001) Gilberto Freyre
reivindicou o pioneirismo dos pernambucanos, devido a organização do 1º Congresso e do seu
papel como figura central desse processo ao criar a cátedra de Antropologia Social e Cultural
na Universidade do Distrito Federal, em 1935. Para ele, o desenvolvimento das ciências teria
sido antes por Silvio Romero, Alberto Torres, depois seguidos pelos antropólogos do Museu
Nacional, João Batista Lacerda, Roquette-Pinto e Froes da Fonseca. Reconheceu o trabalho de
Roquette-Pinto, desenvolvido desde o final da década de 1920, como renovador das concepções
antropológicas e sobre a população brasileira, convidado para a escrita do prefácio do
Congresso de 1934.
As disputas no campo foram mais reveladas durante a preparação do Segundo
Congresso Afro Brasileiro. Em 1936, quando foi anunciado a organização do evento pelos
baianos, Gilberto Freyre deu uma entrevista ao “Diário de Pernambuco” que foi reproduzida no
jornal “O Estado da Bahia” no dia 13 de novembro de 1936, nela ele criticava os organizadores
e demonstrava um pessimismo sobre o futuro do evento. Pedimos desculpas pela longa citação
a seguir:
(...) Só há dois ou três dias soube, por uma carta do escritor Edison Carneiro que ia
realizar-se um segundo Congresso Afro-Brasileiro na Bahia. Receio muito que vá ter
todos os defeitos das coisas improvisadas. Deveria ser muito maior o prazo para os
estudos, para as contribuições dos verdadeiros estudiosos. Os verdadeiros estudiosos
trabalham devagar. A não ser que os organizadores do atual Congresso só estejam
preocupados com o lado mais pitoresco e mais artístico do assunto: as “rodas” de
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capoeira e de samba, os toques de “candomblé”, etc. Este lado é interessantíssimo e
na Bahia terá um colorido único. Mas o programa traçado no 1º Congresso foi um
programa mais extenso e incluindo a parte árida, porém igualmente proveitosa, para
os estudos sociais, de pesquisas e trabalhos científicos.
Discordo, ainda, da orientação do 2º Congresso Afro- Brasileiro que vai se realizar
na Bahia tocante às relações com o Governador do Estado. Estou informado pelo
escritor Edison Carneiro que é, seja dito de passagem, um dos nossos
africanologistas mais inteligentes, que se pleiteará uma subvenção do Governo do
Estado para o 2º Congresso Afro-Brasileiro. Discordo radicalmente. Creio que esses
Congressos de estudiosos deviam ser como foi o 1º Congresso Afro-Brasileiro
reunido no Recife, inteiramente independente dos Governos ou de qualquer
organização política com interesses partidários ou fins imediatos. Essa
independência foi um dos traços característicos do 1º Congresso – o do Recife, e para
afirmá-lo, José Lins do Rego, Cícero Dias, Mário Lacerda de Melo, eu e alguns
outros tivemos de propor resistência enérgica aos que pretenderam deformar aquela
reunião de pesquisadores e de estudiosos, prestigiada pela colaboração de
africanologistas como o professor Herskovits, num ajuntamento demagógico e de
cor partidária.
Creio que os problemas do negro e do mulato no Brasil devem ser discutidos e
apresentados com a maior franqueza, com honestidade e com desassombro,
indicando-se os efeitos sociais e mesmo políticos da opressão da gente de cor que
ainda se observam entre nós.
Creio que o fato do Congresso Afro-Brasileiro do Recife ter encarado o negro e o
mestiço negro, não como um problema de patologia biológica, a exemplo do que fez
o próprio Nina Rodrigues – que era um convencido da absoluta inferioridade do
negro e mulato – mas como um problema principalmente de desajustamento social,
representa uma conquista notável para os estudos sociais brasileiros e de profunda
repercussão política. Mas não me parece que os congressos afro-brasileiros devam
revelar para a apologia política ou demagógica da gente de cor. Seria sacrificar todo
o seu interesse científico de esforço de pesquisa e de colheita e interpretação honesta
de material que ainda está sendo reunido.
Estou certo, entretanto, que os organizadores do 2º Congresso – na Bahia – saberão
lhe assegurar um ambiente de independência e de propriedade científica. [grifo
nosso] (FREYRE, 1987: 127-128)
Na entrevista, muitas das críticas à organização do 2º Congresso, parece ter ignorado o
que ele havia feito no 1º Congresso, principalmente a participação dos terreiros e dos
babalorixás. Desqualificou a proposta do evento afirmando a ausência de cientificidade e
destacou os avanços do Congresso de Recife que haveria se distanciado das propostas racismo
científico de Nina Rodrigues e, questionou se o próximo daria continuidade.
A entrevista de Freyre repercutiu negativamente para os membros da Escola Nina
Rodrigues. Carneiro escreveu para Ramos dizendo que o “Gilberto Freyre deu uma entrevista
no Recife, escangalhando o Congresso, falando em coisa improvisada, não sei mais quê.” No
jornal Gazeta de Alagoas, em 17 de janeiro de 1937, Arthur Ramos reponde as críticas
apontando a contradição das “afirmações levianas de Freyre em dizer que 2º Congresso Afro-
Brasileiro terá caráter mais pitoresco e artístico do que científico. Já que o 1º Congresso Afro-
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Brasileiro também teve sua parte artística”. Na resposta, o Dr. Ramos creditou a primazia dos
estudos aos baianos, ao professor Raymundo Nina Rodrigues, da Faculdade de Medicina da
Bahia, e a Manuel Querino. E destacou um grupo de intelectuais da década de 20 que ele fazia
parte, a Escola Nina Rodrigues, formada principalmente médicos, que procuraram desenvolver
pesquisas nas temáticas que o professor havia trabalhado: a medicina-legal, a psicologia, a
antropologia – o problema do Negro.
Considerações finais
Os Estudos sobre o Negro no Brasil construíram um repertório cultural que faz parte da
representação do negro brasileiro: espaços; imagens; ideias; sujeitos; mitos ideológicos; topos
etc. Pode-se analisar cada um dos elementos do repertório cultural, podendo ser compreendidos
como parte da representação do negro. Esse campo propôs novas visões e abordagens sobre a
participação do negro na formação do Brasil, colocando-os como parte integrante da
nacionalidade e enfatizando a cultura negra e o papel sincrético desse grupo na história nacional
sob a identidade hifenizada de afro-brasileiro. Além do mais, promoveram uma aproximação
entre os intelectuais e os grupos sociais negros; uma mudança epistemológica marcada pelas
explicações culturalistas e sociais; uma defesa da integração do negro na sociedade; uma ênfase
no preconceito racial; e, paradoxalmente, uma defesa ideológica da “democracia racial”; uma
defesa das pesquisas sobre os afro-brasileiros como proteção da cultura e da população; a
construção dos paradigmas da sobrevivência cultural e do sincretismo cultural do negro
brasileiro.
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