Upload
hoangkien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
OS INTELECTUAIS DO INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI E SUA
ATUAÇÃO NA (RE)INVENÇÃO DO CARIRI CEARENSE (1953-1970)
JANE SEMEÃO
Doutoranda UFRGS
A região sul do Ceará, conhecida como Cariri cearense, possui atualmente 28
municípios e faz fronteira com Pernambuco, Paraíba e Piauí. Suas cidades principais
são Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha que junto com outros seis municípios limítrofes
formam a recente criada Região Metropolitana do Cariri1. Seu nome deriva de um dos
grupos indígenas que habitavam o território antes da colonização portuguesa, os Kariris.
Por ser território fronteiriço, sua formação política, econômica, histórica e cultural deve
muito a fluxos migratórios que datam do século XVIII, quando se iniciou sua
colonização.
Palco de importantes manifestações religiosas e da chamada cultura popular, é
comum a referência ao Cariri como “celeiro cultural”. A existência da Chapada Araripe,
em grande medida responsável no passado pelo crescimento demográfico e econômico
da região2 e a participação do Cariri em acontecimentos históricos de ampla repercussão
nos séculos XVIII e XIX também garantiram destaque e visibilidade ao sul do Ceará.
Essas e outras peculiaridades locais foram apropriadas, ressignificadas e
capitalizadas, especialmente a partir da segunda metade do século XIX, por setores da
sociedade caririense ressentidos pelo preterimento da região em relação ao litoral desde
os tempos da administração provincial - razão reiteradamente apontada como causa de
1 Lei Complementar Estadual n.78 sancionada em 2009. Os 28 municípios que formam a região do Cariri
são: Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo,
Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Grangeiro, Jati, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti,
Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas e
Várzea Alegre. São cinco as microrregiões em que esses municípios estão distribuídos: Chapada do
Araripe, Caririaçu, Barro, Cariri (comumente chamada por Vale do Cariri) e Brejo Santo (Fonte: IPECE). 2 De superfície tabuliforme, a Chapada do Araripe faz divisa com os estados de Pernambuco e Piauí.
Possui “cerca de 180 quilômetros de comprimento no seu maior eixo leste/oeste, com uma variação de
cerca 30 a 70 quilômetros de largura no seu eixo norte/sul. No topo da Chapada sua área é de 7.500
quilômetros quadrados, e sua altitude varia de 1000 a 700 metros” (LIMAVERDE, 2007, p.2). Em função
de suas particularidades geológicas e climáticas, de sua fauna e flora e existência de diversas fontes de
água, a chapada destoa do sol forte e vegetação típicos do sertão nordestino. Características que atraíram
os primeiros colonizadores para o Cariri e muitos que procuravam sobreviver às constantes secas que
marcaram os séculos XVIII e XIX (PINHEIRO, 2009).
2
entrave para o progresso da região. A queixa serviu como motivação para a proposta,
elaborada pela primeira vez em 1828 e retomada em outros momentos do XIX, de
criação da Província do Cariri. Projeto atualizado, embora com menos força e adesão,
no século XX (ALVES, 2010, p.66-75; CORTEZ, 2000, P.26-31; DIAS, 2014, p.39-
45)3.
Nesse contexto, Crato desponta como importante sede promotora e irradiadora
de discursos e ações de um “projeto civilizador para o Cariri”. Sua conformação
histórica, primeira vila (1764), cabeça de comarca (1816) e cidade do sul do Ceará;
(1853); seu envolvimento na Revolução de 1817 e Confederação do Equador (1824);
seu forte poder econômico e pioneirismo cultural ao criar instituições como escolas,
imprensa, seminário entre outras (CORTEZ, 2000) serviram como substrato para
alimentar a ideia de sua superioridade na região. Não à toa sua elite reivindicava para o
Crato, em seu sonho de emancipação, o posto de capital da nova província ou do estado
do Cariri (DIAS, 2014; VIANA, 2011)4.
Durante quase um século e meio, portanto, grupos da sociedade cratense
tomaram para si a missão de modernizar e civilizar o Cariri. Nesse empreendimento,
não apenas construíram representações identitárias para o Crato como para a região.
Consideramos a segunda metade do XIX e do século XX momentos chaves desse
projeto, pois marcados por ações amplas, embora nem sempre consensuais, que
garantiram a esses dois espaços visibilidade e projeção política e cultural para além de
suas fronteiras.
No que se refere à segunda temporalidade, a criação do Instituto Cultural do
Cariri em 1953 por membros da intelectualidade cratense coadunava-se com antigos
anseios e aspirações de valoração e crescimento do Crato e Cariri. Embora oficialmente
3 Nesse ano a iniciativa partiu da Câmara do Crato. Em 1839 foi apresentada ao Senado do Império pelo
então senador da província do Ceará José Martiniano de Alencar. Em 1846 a proposta foi reapresentada
pela Assembleia Legislativa da província do Ceará e retomada no decênio de 1850 pelo jornal Araripe.
No século XX a reivindicação ganha fôlego nos anos de 1905, pelas páginas do jornal Sul do Ceará, e
1957, quando foi criada o Comitê Central Pró-Estado do Cariri. Os argumentos, de modo geral, não
variaram entre as tentativas. Ou seja, predominou a justificativa de que o Cariri tinha seu progresso
econômico e civilizatório dificultado pelo abandono em que o sertão se encontrava pela administração
central – que privilegiava com recursos financeiros o litoral (ALVES, 2010; DIAS, 2014). 4 Na década de 1990 alguns políticos e intelectuais de Juazeiro do Norte realimentaram o desejo de
criação do estado do Cariri através de um movimento denominado “Pacto de Cooperação do Cariri”, mas
que não obteve muita adesão. Nessa nova tentativa Juazeiro do Norte, e não mais Crato, seria a capital
administrativa do novo estado em função de ter assumido o lugar de principal cidade da região nas
ultimas décadas do século passado (CORTEZ, 2000, p.30-31).
3
o instituto ainda esteja em funcionamento, os anos entre 1955 e 1970 foram os de maior
atuação política e intelectual de seus membros na sociedade.
EMERGÊNCIA DO INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI
O ano de 1953 foi marcado por um grande evento na cidade do Crato, as
comemorações do centenário de sua elevação à categoria de cidade em 17 de outubro de
1853. Para sua realização foram montadas várias comissões envolvendo nomes de
instituições e pessoas de destaque em nível local e estadual (prefeituras, advogados,
professores, jornalistas, políticos, Igreja etc.), e planejada diversas atividades culturais
que deveriam ser realizadas entre os dias 11 e 18 de outubro. Para a celebração vieram
autoridades políticas, artistas, produtores rurais, representantes da Igreja e de diversos
outros setores institucionais5.
Dentre os eventos marcantes daquele ano interessa-nos diretamente a criação do
Instituto Cultural do Cariri, ideia que vinha sendo amadurecida desde 1952 a partir de
conversas com membros do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará.
À frente estava Irineu Pinheiro, um de seus fundadores, que ouviu de Thomaz Pompeu
Sobrinho, então presidente daquele Instituto, a sugestão de criar no Crato uma
instituição nos moldes do Instituto do Ceará. Raimundo Girão, historiador também
pertencente àquela agremiação, ajudou a lapidar a proposta ao aconselhar que se
ampliasse tanto a área de abrangência como o escopo de atividades. Em outras palavras,
que não fosse apenas cratense e restrita às pesquisas históricas6.
Embora não se possa ligar diretamente a razão de sua existência ao programa
comemorativo dos cem anos da cidade, o fato de ter sido possível sua concretização em
ano tão representativo para a elite cratense certamente agregou valor às comemorações
alimentando, dessa forma, a imagem do Crato como “cidade da cultura” (COREZ,
2010) e berço de grandes intelectuais. Fundado e instalado no dia 04 de outubro de
5 Um dos grandes destaques da programação foi a realização da Feira de Amostras e da Exposição
Agropecuária, que trouxeram para a cidade milhares de pessoas vindas de várias cidades do Ceará e
estados vizinhos. O principal objetivo era dinamizar a economia da cidade, especialmente no setor
agropecuário. (VIANA, 2011, p.94-111). 6 Informações retiradas de carta enviada a Pe. Antonio Gomes de Araújo por Raimundo Girão e que está
publicada em seu livro A cidade de Frei Carlos, p.24, editado em 1971. Também foi consultado discurso
proferido por Raimundo Girão em agradecimento a sua investidura como sócio efetivo do ICC, que se
encontra transcrito na revista Itaytera de 1973, p. 55-56.
4
1953, uma semana antes do início das atividades festivas, a posse de sua primeira
diretoria, porém, foi marcada para 18 daquele mês7. Data que acabou sendo oficializada
por seus membros como da fundação do ICC. A estratégia de capitalização das
comemorações, dessa forma, imprimiu distinção e legitimação para o sodalício já em
seu nascedouro.
No discurso de posse da diretoria seu primeiro presidente, Irineu Pinheiro, assim
inseriu a solenidade na programação dos festejos: “Não se devem comemorar, apenas,
com festas, fogos, banquetes, manifestações de cunho transitório, datas que nos são
caras e gloriosas, mas, também, de modo especial, solenizá-las com algo que seja mais
alto e duradouro”8. Na cerimônia o orador não apenas colocou o ICC em um lugar de
honra entre as atividades festivas como reivindicou para a agremiação e seus sócios, ao
fazer um “esboço histórico do papel desempenhado pelo Cariri nos grandes movimentos
libertadores nacionais”9
, o pertencimento a um passado de luta e efervescência
intelectual em que os cratenses teriam sido seus principais protagonistas.
Os festejos pela comemoração do centenário do Crato e a criação do Instituto
Cultural do Cariri descortinam conflitos pela hegemonia política e econômica na região,
especialmente entre cratenses e juazeirenses. Ao longo do século XX, o crescimento
demográfico e financeiro de Juazeiro, embalado pelo lema “fé e trabalho”, aos poucos
foi colocando em xeque a proeminência da “Princesa do Cariri” na região (CORTEZ,
2000; DIAS, 2014; GOMES, 2013; MARQUES, 2004)10
. A dificuldade financeira da
administração cratense em resolver os problemas que se acumulavam e eram
reclamados em alguns dos periódicos locais geraram, inclusive, ácidas críticas às
festividades:
Ora bolas, chega de Centenário. Está ficando cada vez mais chato dizer-se
tanto dele, não obstante não haver dito o principal: que o Centenário é uma
festa com muita gente e nenhuma realização. A não ser que um jardim e uma
7 “Ata da Sessão de Fundação e Instalação do Instituto Cultural do Cariri e de Eleição de sua Primeira
Diretoria”. Livro de Atas do Instituto Cultural do Cariri, v.1, p.1. A cerimônia ocorreu no salão da
Biblioteca Municipal do Crato às 10:00 horas. 8 Discurso reproduzido no livro Efemérides do Cariri (p.539-555) reeditado em 2010. Sua primeira
publicação aconteceu em 1963, quase dez anos depois da morte de Irineu Pinheiro. 9 “Ata da Sessão Solene de Posse da Diretoria do Instituto Cultural do cariri”. Livro de Atas do Instituto
Cultural do Cariri, v.1, p.3. A cerimônia ocorreu no Salão Nobre do Colégio Diocesano do Crato, às
14:00 horas. 10
Juazeiro do Norte é hoje a segunda maior cidade do Ceará depois de Fortaleza. Sua emancipação
política-administrativa do Crato ocorreu em 1910, liderada por Padre Cícero Romão Batista.
5
feira de amostras sejam, a esta altura da falência administrativa,
demonstração de capacidade funcional [...]. A cidade festejando com
exuberâncias vazias o seu diploma de cidade (FELÍCIO apud VIANA, p.136,
grifos nossos)11
.
Nesse contexto, a comemoração pela passagem do centenário de Crato e a
fundação do Instituto Cultural do Cariri expressam os esforços e interesses de alguns
grupos sociais em, ao revivificar um passado de glórias e progresso, reafirmar e garantir
a identidade do Crato como “cidade da cultura” e fazer crer na continuidade de seu
crescimento econômico, material e intelectual.
INTELECTUAIS E LEGITIMAÇÃO DO INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI
No que tange à fundação do ICC, a definição de seu programa especifica os
interesses e desejos que motivaram a proposta de sua criação por seus principais
mentores: Irineu Pinheiro, Padre Antonio Gomes de Araújo e José de Figueiredo Filho,
que também estiveram envolvidos nos trabalhos de organização do aniversário de Crato.
No discurso de posse da primeira diretoria, da qual esses intelectuais fizeram parte
como presidente, vice-presidente e secretário geral, respectivamente, Irineu Pinheiro -
após referir-se ao abandono da ideia de fundar uma Academia de Letras [do Crato] em
função da impossibilidade de alcançar o número de sócios suficiente para tal -, relatou
que:
Lembrou-se, então, a criação de uma sociedade que cultivasse nossas letras
históricas, estudasse nossos costumes e nosso folclore, averiguasse as origens
de nossa gente etc., tudo registrando e interpretando com inteligência e
critério.
Demos-lhes o nome de Instituto Cultural do Cariri por que a ele podem
pertencer todos os que nesta nossa região nasceram ou trabalham, e quiserem
estudar questões que a interessam, ao sabor de suas inclinações em qualquer
dos ramos do saber relativos à história, geografia, geologia, etnologia,
genealogia etc (PINHEIRO, 2010, p.540).
Nos estatutos da entidade foi reafirmada a mesma convicção ao registrar-se que
o Instituto “tem por finalidade o estudo das ciências, letras e artes em geral, e
especialmente da história e da geografia política do Cariri”12
. A iniciativa de criar uma
11
A crítica feita pelo médico Quixadá Felício foi retirada da revista A Província, lançada no Crato e que
circulou entre os de 1953 a 1955. 12
“Estatutos do Instituto Cultural do Cariri”. In: Revista Itaytera, 1955, p.181-188.
6
sociedade civil dessa envergadura no Crato expressou tanto o desejo de trabalhar em
prol do progresso da região como, em termos representacionais, provocou um efeito
simbólico de dar a conhecer e fazer reconhecer uma identidade cratense. Ou seja, de
reivindicar e reafirmar perante a sociedade local e o mundo o passado, presente e futuro
do Crato como “cidade da cultura” na região.
No campo intelectual, pois, esses homens assumiram a tarefa de garantir a
hegemonia do Crato no Cariri. As dificuldades foram muitas, mas as realizações do
Instituto, os nomes que congregou e longevidade atestam o reconhecimento adquirido.
Nesse aspecto, o investimento nas pesquisas históricas, objetivo destacado tanto no
discurso de posse como nos estatutos e ações delimitadas para alcançar os fins a que se
destinou, se constituiu em importante força de legitimação.
O acento dado à história no programa do ICC decorreu dos interesses políticos
envoltos em sua criação, em que o passado se tornou um importante campo de disputa
por representações e memória, e do fato de seus idealizadores a muito se dedicarem ao
ofício de historiador. Individualmente com formações diferenciadas, consagraram, no
entanto, grande parte de suas vidas à escrita da história do Crato e Cariri e a seu ensino
na educação básica e superior. Várias de suas pesquisas foram publicadas,
transformando e mantendo-os por muito tempo como as principais referências nos
estudos históricos sobre a região (ver quadro 1). Pode-se mesmo dizer que eles retomam
e reanimam no século XX as investigações históricas no e sobre o sul do Ceará,
ganhando notoriedade para além das fronteiras locais e, por isso, sendo convidados para
exercer a função de sócios em diversas instituições literárias e de pesquisa no Ceará e
outros estados.
7
Quadro 1
Autor Formação Obras Vínculos com instituições escolares, científicas e
literárias
Pe. Antônio
Gomes de Araújo (1900-
1989)
Ordenado
padre em 1927.
Naturalidade de Barbara de
Alencar: A heroína do Crato
(1953); Concurso da Bahia na formação da gens caririense
(1950); A cidade de Frei Carlos
(1971); Povoamento do Cariri (1973); Um civilizador do Cariri e
outros estudos (1980).
Professor do Seminário São José, do Colégio Santa
Teresa de Jesus e da Associação dos Empregados do
Comércio do Crato; Diretor do Colégio Diocesano; Inspetor do Ensino Normal do Estado; Sócio-
correspondente do Instituto do Ceará, membro da
Academia Cearense de Letras; Sócio-fundador do Instituto Cultural do Cariri, onde ocupou cargo de vice-
presidente; sócio do Instituto Histórico e Geográfico da
Paraíba e professor da Faculdade de Filosofia do Crato.
José A. de
Figueiredo
Filho (1904-1973)
Farmacêutico formado pela
Faculdade de
Farmácia e Odontologia do
Ceará em 1925.
Cidade do Crato (1953) – em coautoria com Irineu Pinheiro;
Engenhos de rapadura do Cariri
(1958); O Folclore no Cariri (1962); Folguedos infantis
caririenses (1966); História do
Cariri, obra em 4 volumes publicada entre 1964-1968.
Inspetor Regional de Ensino; Membro da Comissão Estadual do Folclore criado em 1948; Sócio da Academia
Cearense de Letras, da Associação Brasileira do Folclore,
do Instituto Histórico do Ceará, Pernambuco e Uruguaiana (RS); Fundador do Instituto Cultural do
Cariri, do qual foi presidente por vários anos seguidos;
Professor da Faculdade de Filosofia do Crato; Diretor do núcleo cearense da ANPUH.
Irineu Pinheiro (1881-1954)
Formado em
medicina pela Faculdade do
Rio de Janeiro
em 1910.
O Juazeiro do Padre Cícero e a
revolução de 1914 (1938); O Cariri - seu descobrimento, povoamento e
costume (1950); Efemérides do
Cariri (escrita em 1954 mas publicada somente em 1962, anos
depois de sua morte); Cidade do
Crato (1953) – em coautoria com José A. de Figueiredo Filho.
Inspetor Federal do Colégio Diocesano; Professor de
História Geral no Seminário São José; Sócio-correspondente do Instituto do Ceará e da Academia
Cearense de Letras; Fundador e 10 presidente do Instituto
Cultural do Cariri.
Quadro elaborado pela autora a partir de informações recolhidas dos trabalhos de: DIAS, 2014; CORTEZ, 2000; VIANA, 2011. Nele foram consideradas apenas as principais obras de caráter
histórico publicadas no suporte livro, bem como somente as principais instituições escolares,
científicas e literárias as quais se vincularam.
Ao olharmos o quadro 1 percebe-se que esses intelectuais já tinham construído
para si forte capital simbólico antes mesmo da fundação do Instituto Cultural do Cariri,
como demonstram algumas publicações e atividades exercidas antes da fundação da
instituição13
. Podemos afirmar, pois, que o ICC já nasce com forte carga simbólica, o
que, certamente, contribuiu para sua legitimação inicial. A participação e ações
desenvolvidas por aqueles intelectuais enquanto estiveram na direção da instituição,
dessa forma, não só agregou maior valor ao seu próprio capital simbólico como, em
vista do trabalho exercido e das redes de sociabilidade e solidariedade montadas,
conseguiram construir para a agremiação legitimidade política e cultural.
Nesse aspecto, destacamos a manutenção de intercâmbio com instituições
semelhantes e de sócios correspondentes em diversas cidades do Brasil, além de indicá-
13
Em função da dificuldade em datar com precisão cada uma das atividades exercidas por eles antes da
criação do ICC, apenas as distribuímos tomando como linha divisória sua fundação.
8
los para representar o ICC em cerimônias sociais; a recepção de pesquisadores,
jornalistas, professores, literatos e outros profissionais brasileiros e estrangeiros a
trabalho ou passeio na região; viagens para proferir palestras; concessão de entrevistas a
jornais e canais de televisão; promoção de comemorações cívicas e campanhas pela
“valorização” do folclore local; criação do museu do Crato, de monumentos históricos e
biblioteca pública.
Mas uma realização merece atenção especial, o lançamento em 1955 da revista
Itaytera. Editada como “órgão oficial” do ICC e de tiragem anual, o impresso circulou
até o ano de 1999 como porta-voz dos desejos e anseios dos membros daquela
instituição. Impressa na própria região e composta por textos de jornalistas, médicos,
literatos, historiadores, representantes da Igreja Católica, políticos, geógrafos entre
outros, o periódico surgiu como ideia dentro do próprio projeto de criação do Instituto.
Ao analisarmos seus estatutos, observamos que dentre as ações propostas por seus
acadêmicos está justamente a criação de uma revista que publicasse os trabalhos dos
sócios e “colaborações de estranhos”.
A apresentação do primeiro número de Itaytera, escrita por José de Figueiredo
Filho, traduz bem o espírito que animava a congregação:
Itaytera nasce com programa definido. O da defesa intransigente da região
caririense. Lutará com empecilhos múltiplos, mas saberá vencê-los, pois
conta com o apoio firme e decidido das figuras que integram os quadros de
Instituto Cultural do Cariri, sediado em Crato (ITAYTERA, 1955, p.01,
grifos nossos).
A revista circulava com cerca de duzentas folhas, em que literatura, biografia,
ciência, arte, política, cultura, história, geografia, discursos, notas, entre outros assuntos,
se misturavam ao longo de suas páginas. A abordagem de assuntos os mais diversos,
portanto, materializava as finalidades propostas pelo ICC, o de abordar e estudar a
região a partir dos campos da arte, ciência e cultura e, principalmente, da história e
geografia política do Cariri.
A revista, nesse sentido, se configurou em espaço importante de reunião para
aqueles que abraçaram essa empreitada, representando “a voz da terra que conclama a
todos para o trabalho de seu engrandecimento” (ITAYTERA, 1956, p.01). O periódico
era distribuído para bibliotecas, inclusive estrangeiras, academias de letras, pessoas que
9
atuavam no campo político, científico e literário no Ceará e outros estados, além de
vendida. A repercussão e aceitação da revista eram registradas tanto em ata quanto nas
páginas de Itaytera, em que cartas elogiosas e de agradecimento pelo recebimento de
seus números ou notas de imprensa eram relatadas em reunião ou publicadas no número
seguinte.
Fazendo parte da diretoria do Instituto e da “Comissão de Organização de
Itaytera” por muitos anos, e apesar do fim da associação da tríade em função da morte
de Irineu Pinheiro em 1954, José Alves de Figueiredo Filho e Pe. Antonio Gomes de
Araújo – com presença mais forte do primeiro - conseguiram fazer ecoar o nome da
agremiação e de sua revista para além das fronteiras caririenses14
. A formação
intelectual e inserção deles em uma rede de relações políticas e sociais existentes antes
mesmo da criação do ICC e da revista não podem deixar de ser levadas em consideração
quando se procura analisar a longevidade e amplitude que conseguiram imprimir a esses
bens culturais.
Não sendo possível aqui entrar em detalhes sobre a trajetória individual desses
personagens, destacaremos apenas as coincidências que os uniram para melhor
compreensão das razões que motivaram a fundação e funcionamento do ICC e de
Itaytera. Em comum tinham o fato de pertencerem a famílias tradicionais e manterem
ligações com políticos locais, fosse por consanguinidade ou amizade. O médico Irineu
Pinheiro, por exemplo, era neto de tenente-coronel da Guarda Nacional e teve um tio
prefeito do Crato na primeira década do século XX.
O fato de terem nascido em seio elitista possibilitou que iniciassem sua
formação escolar nos principais estabelecimentos de ensino da cidade e saíssem para
complementá-la em alguma capital do Brasil (ver quadro 1). Por terem parentes
letrados, eles foram apresentados ao mundo das letras ainda muito jovens. José Alves de
Figueiredo Filho, para exemplificar, relata ter herdado de seu pai o prazer de ler porque
o mesmo “desde mocinho adquirira o gosto pelas letras [e] lia todas as novidades
literárias que apareciam vindas de Recife, Rio, Porto e Lisboa” (FIGUEIREDO FILHO
apud VIANA, 2011, p.83).
14
Com a morte de Irineu Pinheiro em 1954, José Alves de Figueiredo Filho assume a presidência do ICC.
Cargo que ocupará até o ano de seu falecimento em 1973. A vice-presidência do Instituto manteve-se com
Pe. Antonio Gomes de Aráujo de 1953 a 1974.
10
Diplomados, cada um deles iniciou sua inserção no espaço público da cidade a
partir de sua formação inicial. Aos poucos, no entanto, desenvolveram aptidões
relacionadas ao campo literário, jornalístico e historiográfico, e foi justamente neste
último que se projetaram para além das fronteiras caririenses. Antes mesmo da
emergência do Instituto Cultural do Cariri, portanto, eles já estavam bastante
familiarizados com a pesquisa histórica, como testemunham as obras com esse caráter
publicadas anteriormente (ver quadro 1). A publicação de textos referentes à história
local também se estendeu para as páginas de jornais da região e de outras cidades, além
de revistas literárias e de Institutos Históricos. O apreço pela ciência história e o
investimento em pesquisas sobre o passado do Crato e do Cariri levaram-nos a exercer
também o magistério, inicialmente em escolas secundárias e posteriormente, com a
criação da Faculdade de Filosofia do Crato em 1959, no ensino superior. Esse foi o caso
de José Alves de Figueiredo Filho e Pe. Antonio Gomes de Araújo, ambos diretamente
responsáveis pela fundação da Faculdade em campanha empreendida através do ICC e
da Igreja.
Os três intelectuais, pois, já tinham se congregado em torno de um projeto de
reescrita da história do Cariri – dando continuidade a iniciativa empreendida no século
XIX por João Brígido. Além das publicações, as cartas trocadas entre Irineu Pinheiro e
Pe. Antonio Gomes de Araújo dão-nos uma ideia da dimensão e motivação para tal:
Crato, 4 de agosto de 1948.
Prezado padre Gomes.
Em minhas mãos, sua carta, datada de 31 do mês passado, uma das melhores
que me escreveu.
Caí nas nuvens com a notícia de ser o capitão-mor Filgueiras natural da
Bahia e não de Sergipe, como afirmaram o Barão do Rio Branco, Barão de
Studart, Oliveria Lima e outros historiadores.
[...]
Agora uma sugestão, que já lhe fiz verbalmente: por que o padre Gomes não
mete ombros à empresa, dificílima é certo, mas benemérita de procurar
dissipar as névoas que envolvem as origens da gens caririenses?
[...]
A empresa é árdua, repito, mas gloriosa.
Se sugiro é por que amo muito a terra que nos é comum, tão esquecida até
hoje.
Seu muito admirador,
Irineu Pinheiro
Colégio Diocesano, Crato, 8-4-52
Prezado amigo Dr. Irineu:
11
O prometido é devido. Remeto-lhe as notas, que colhera para um artigo sobre
o ilustre cratense, padre José Alexandre Corrêa Arnaud Bezerra de Menezes.
Resolvi não escrever o artigo, preferindo ceder os dados para o seu ainda
inédito Efemérides do Cariri. Trabalhamos, ambos, para o mesmo fim: a
exaltação deste rincão, que lateja em nossas veias e vibra em nossas almas.
[...]
Colhi estas notas, pessoalmente, na referida cidade de Cabrobó, cartório de
Manuel de Sousa Santos (1951), livro de “Notas”, 1851-186015.
O sentimento declarado de amor à terra e a necessidade de reparar seu
esquecimento, certamente não só pela história, aproximaram intelectualmente esses
homens cerca de duas décadas antes da criação do ICC. Politicamente, portanto, o ICC
carregou impresso em sua fundação e realizações esses traços de sensibilidade
expressos como batalha pelo “alevantamento moral, intelectual e material da região”16
.
Ao reunir na agremiação e em seu órgão oficial intelectuais de especialidades
diferenciadas, mas que comungavam dos mesmos ideais, eles procuraram dar um
caráter coletivo ao projeto expandindo as contribuições para outros campos de atividade
científica e cultural. Como podemos depreender na leitura da apresentação de Itaytera
do ano de 1957:
O segundo número de <ITAYTERA> ainda possui maior quantidade de
páginas do que o inicial e sua colaboração está firmada por valores reais do
Cariri, não só residente nesta privilegiada região, como por muitos que se
mudaram para outras terras, mas que conservam intacto o amor acendrado à
gleba natal. Um dos pontos principais do programa de ação do Instituto
Cultural do Cariri é o contacto com os intelectuais caririenses, disseminados
por esse Brasil a fora. É a voz da terra que conclama a todos para o trabalho
comum de seu engrandecimento17
.
O compromisso que esses intelectuais demonstravam pelo trabalho em prol do
progresso da cidade que habitavam e da região como um todo, pode ser apreendido
também do próprio entendimento de intelectual que tinham. José Alves de Figueiredo
Filho, por exemplo, deixa-nos entrever sua compreensão a esse respeito em discurso
que proferiu em sua cerimônia de formatura (1925):
15
Algumas das cartas trocadas entre esses dois intelectuais foram publicadas no livro A cidade de Frei
Carlos (1971), de Pe. Antonio Gomes de Araújo. Os trechos aqui reproduzidos encontram-se no vol. I,
p.29-30 e p.38, respectivamente. Os grifos são nossos. 16
A frase foi dita por José Alves de Figueiredo Filho na apresentação do segundo número da revista
Itaytera publicada em 1956 e que se encontra na página 1. 17
Apresentação feita por José Alves de Figueiredo Filho (Itaytera, 1956, p.1).
12
[...] É que também foi e é uma elite a fatora por excelência do grau da
civilização a que atingimos modernamente e é de uma verdade irrefutável
esta frase [...] “o progresso é obra de minorias ilustradas e atrevidas [...]”. O
segredo dessa superioridade é por demais inacessível aos fracos, incapazes,
portanto, de um ideal elevado [...]. O nosso organismo, campo vastíssimo de
lutas, está sobremaneira dependente de uma inteligência que o domina [...] o
mais inteligente está na escala superior, sobretudo em época em que a força
física perdeu a supremacia de outrora (FIGUEIREDO FILHO apud VIANA,
2011, p.84, grifos nossos).
A convicção de que o progresso é “obra de minorias ilustradas e atrevidas”,
daqueles que tiveram acesso a uma boa formação educacional mas que também não se
ausentam em usá-la em benefício do desenvolvimento da sociedade, impulsionou José
Alves de Figueiredo Filho a participar publicamente de palestras, debates, elaboração e
execução de propostas com vistas à “valorização do Cariri”. Como o fez em relação à
campanha pelo reconhecimento cultural do folclore caririense, pela criação da
Faculdade de Filosofia do Crato e instalação da energia de Paulo Afonso na região.
Inferimos, a partir das relações de amizade que Antonio Gomes e Irineu Pinheiro
mantiveram com Figueiredo Filho e atuação deles em torno de projetos com o mesmo
fim, que esse entendimento também era partilhado por eles e por todos aqueles que
aceitaram congregar-se no Instituto Cultural do Cariri e Itaytera, contribuindo
financeiramente e/ou investindo tempo e energia pelo “engrandecimento da região”.
Como atesta a realização do I e II “Seminário para o Desenvolvimento do Sul do Ceará”
em 1961 e 1976, respectivamente, com apoio e patrocínio de diversas instituições e
participação de representantes de diversos setores da sociedade (ITAYTERA, 1977,
p.29-48).
CONCLUSÃO
Num período em que a Igreja, algumas academias literárias, revistas e jornais de
vida efêmera e restrita circulação eram os principais meios de produção e transmissão
da cultura erudita e de aproximação da intelectualidade caririense, o Instituto Cultural
do Cariri nasceu e conseguiu estabelecer-se como principal espaço de reunião dos
intelectuais durante o recorte temporal aqui tratado. Ao longo de nossa exposição
procuramos, ao levar em consideração a atuação de seus principais idealizadores e
responsáveis por seu funcionamento, analisar sua afirmação e legitimação política e
cultural.
13
Nesse sentido, e para uma melhor compreensão da emergência do Instituto, é
preciso levar em consideração um contexto de disputas por hegemonia política e
econômica em que Crato e Juazeiro do Norte eram seus principais protagonistas. A
estratégia de inserir a inauguração oficial do ICC no momento de comemoração do
centenário do Crato, por exemplo, procurou reafirmar e perpetuar frente a suas
concorrentes a imagem de “cidade da cultura”. Ao mesmo tempo, ao torná-lo parte de
uma comemoração em que se revivificava o passado de glória e progresso econômico e
intelectual da cidade, serviu também como força legitimadora à instituição ao evocar e
associar sua fundação a uma tradição cratense de cultura letrada.
Mas para além das lutas internas, que indicavam lutas de classificação
(BOURDIEU, 2003), lutas pelo monopólio de impor uma visão e divisão de mundo
objetivando a conservação de uma representação identitária cratense, a instituição de um
discurso e programa de caráter regionalista pelos fundadores do ICC constituiu-se em
importante força de coesão, mobilização e legitimação. O abandono da ideia de criar
uma agremiação puramente cratense fez seus agentes deslocarem a luta pelo progresso
para toda a região, falando-se em nome do Cariri e não apenas do Crato. O sentimento
ainda pulsante de abandono pelo poder central desde o Império provocou adesão e
funcionou como elemento agregador, embora não mais com objetivos separatistas, em
prol do “alevantamento moral, intelectual e material da região”.
Dessa forma, apesar de sua lógica cultural o programa da agremiação vinculou-
se estreitamente a um projeto amplo de articulação política numa reação de seus agentes
ao enfraquecimento do poder regional frente a centralização econômica, política e
administrativa que beneficiava o litoral em detrimento do sertão. Nesse aspecto,
fundadores e sócios do ICC promoveram e envolveram-se em campanhas visando o
desenvolvimento do sul do Ceará. Em grande medida esses intelectuais representavam
uma geração que, em função da decadência econômica que afetou as famílias
tradicionais da região envolvidas no passado com a agricultura e pecuária, investiram no
capital cultural e político como fator de civilização e progresso.
Mas outro fator de legitimação, além das lutas por representações identitárias e
de sua fundamentação política, reside nos nomes dos intelectuais envolvidos em sua
criação. Irineu Pinheiro, José Alves de Figueiredo Filho e Pe. Antonio Gomes, a partir
de seus campos originais de atuação profissional e de outros que passaram a exercer,
14
especialmente a de historiadores, imprimiram à agremiação, logo em seu nascedouro,
importante capital simbólico. Fato que também contribuiu, inferimos, para que parte da
elite e intelectualidade local aderisse e se congregasse em torno do Instituto e do projeto
de promoção do desenvolvimento e “valorização” da região.
Esses intelectuais, que já atuavam no espaço público do Crato e que estavam
inseridos numa rede de relações afetiva, política, intelectual e profissional, converteram
seu próprio cabedal simbólico e “lucros correlatos” no “trabalho de instituição” do ICC
(BOURDIEU, 1997 e 2003). O fortalecimento e ampliação dessas redes ao longo do
funcionamento do Instituto, que muitas vezes se deparou com problemas de ordem
estrutural e financeira, não obstante os recursos privados e públicos conseguidos,
tornaram-se os principais meios de legitimação e institucionalização da agremiação.
Por tudo o que foi aqui apresentado, compreendemos, pois, que o ICC e sua
revista representaram formas de “exibir uma maneira própria de estar no mundo,
significar simbolicamente um estatuto e uma posição” do grupo que organizava e
mantinha (BOURDIEU, 2003; CHARTIER, 1990) e espaços de sociabilidade, “de
fermentação intelectual e de relação afetiva” (SIRINELLI, 2003, p.249)
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Maria Daniele. Desejos de civilização: representações liberais no jornal O
Araripe (1855-1864). Fortaleza, 2010, Dissertação de Mestrado.
BOURDIEU, Pierre. A identidade e a representação. Elementos para uma reflexão
crítica sobre a ideia de região. In: ________. O poder simbólico. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003.
________________. Razões práticas. Sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
________________. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes;
AMADO, Janaina (orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, FGV, 2001,
pp.183-191.
CHARTIER, Roger. História cultural entre práticas e representações. Rio de Janeiro:
Editora Bertrand Brasil, 1990.
CORTEZ, Antonia Otonite de Oliveira. A construção da “cidade da cultura”: Crato
(1889-1960). Rio de Janeiro, 2000, Dissertação de Mestrado.
DIAS, Carlos Rafael. Da flor da terra aos guerreiros cariris: representações e
identidades do Cariri cearense (1855-1980). Campina Grande: UFCG, 2014,
Dissertação de Mestrado.
GOMES, Assis Daniel. A “Cidade do Progresso”: intervenções urbanas em Juazeiro
do Norte (1950-1980). Crato, 2013, Monografia de final de curso.
15
HOBSBAWM, E; RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: FERREIRA, Marieta de Moraes, AMADO,
Janaina (org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro, FGV, 2001, pp.167-182.
LIMAVERDE, Rosiane. Os registros rupestres da Chapada do Araripe, Ceará, Brasil.
In: I Congresso Internacional da SAB e III Encontro do IPHAN e Arqueólogos., 2007.
Disponível em <http://www.fundacaocasagrande.org.br/pdf/artigo.pdf>. Acesso em:
15/02/2012.
MARQUES, Roberto. Contracultura, tradição e oralidade. (Re)inventando o sertão
nordestino na década de 70. São Paulo: Annablume, 2004.
OLIVEN, Ruben George. A parte e o todo. A diversidade cultural no Brasil-nação. Rio
de Janeiro: Vozes, 2ª. edição, 2006.
PINHEIRO, Irineu. O Cariri, seu descobrimento, povoamento e costumes. Fortaleza:
Fundação Waldemar Alcântara, 2009. [fac-símile da edição de 1950].
SEMEÃO, Jane. Identidade e memória do Cariri cearense nas páginas de Itaytera (1955-
1970). In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da
educação, 2010.
SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In: RÉMOND, René. Por uma história
política. Rio de Janeiro: FGV, 2003.
VIANA, José Italo Bezerra. O Instituto Cultural do Cariri e o centenário do Crato:
memória, escrita da história e representações da cidade. Fortaleza: UFC, Dissertação
de Mestrado, 2011.
SITES CONSULTADOS
http://www.ipece.ce.gov.br/
http://www.ibge.gov.br/
FONTES
Revista Itaytera – 1955-1976.
Ata da Sessão de Fundação e Instalação do Instituto Cultural do Cariri e de Eleição de
sua Primeira Diretoria.
Ata da Sessão Solene de Posse da Diretoria do Instituto Cultural do Cariri.
Livro de Atas do Instituto Cultural do Cariri - v.1, 1953-1957.
Estatutos do Instituto Cultural do Cariri.
ARAÚJO, Antonio Carlos de. A cidade de Frei Carlos. Crato: Faculdade de Filosofia do
Crato, Coleção Estudos e Pesquisa, v.1, 1971.
PINHEIRO, Irineu. Efemérides do Cariri. Fortaleza: Edições UFC, 2010 [fac-símile].