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ColecTânea de contos.
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Breve Nota
Os textos que a seguir se apresentam foram elaborados por alunos do 9º
ano de escolaridade, turmas A, B e C. Têm todos um denominador comum, que foi
a condição inicial para a sua realização – o tema desenvolvido explora um valor
(Amizade, Humildade, Honestidade...).
Embora tenham sofrido algumas correcções, houve a preocupação de
manter as características originais dos textos apresentados pelos alunos. Nem
sempre conseguiram alcançar a qualidade desejada, mas resultaram do esforço e
empenho de alguns alunos. Obrigada a todos.
Uma última nota para acrescentar que, os trabalhos que não constam desta
colectânea, não foram entregues em suporte digital. BOAS LEITURAS!
A professora
Ana Cristina Fontes
(Junho de 2011)
3
Índice
A vida continua
O valor da amizade
A dor de uma filha
O princípio do fim
Amor na internet
Uma linda história de
amor
A amizade
A amizade de três amigos
Sempre a ajudar
Um traço de solidariedade
E, afinal, o que é a
amizade?
O amor faz a força
A Lenda de Linhaceiros
A amizade
A salvação
A mentira tem perna
curta
Ainda existem pessoas
humildes
As minhas escolhas
Tudo vale a pena, quando
a alma não é pequena
Solidariedade
Amizade de ferro
Um rapaz com um grande
coração
É caso para ficar a pensar
na vida que tenho!
As aparências iludem
A amizade acima de tudo
O respeito e a falta dele
Culpados
Solidariedade entre
amigos
O grande valor da
amizade
Uma grande, eterna e
forte amizade amorosa
O ataque
4
A vida continua…
Quando pensamos que já
passámos por tudo, o pior ainda está
para vir!
Num belo dia de domingo, a
minha família decidiu, novamente,
fazer um dos seus passeios matinais.
Estávamos todos entretidos quando,
de repente, a minha mãe se sentiu
mal. Não era a primeira vez que isso
acontecia. Fiquei preocupada, mas os
meus tios disseram-me que estava
tudo bem.
Na realidade, tinha sido
diferente: foi de ambulância para o
hospital, onde esteve internada
bastantes dias. Eu sabia que se
passava algo, mas não comentei nada
com os meus irmãos, com medo que
eles sofressem mais.
Decidi ir ao hospital visitar a
minha mãe. Ela continuava sem me
dizer a verdade sobre o que tinha
acontecido. Frustrada, perguntei ao
médico o que se passava e ele, com
uma voz preocupada, respondeu que
a minha mãe tinha cancro.
Relembrei o trágico acidente
que levara a vida do meu pai. Após a
morte dele, vivia todos os dias com
receio que pudesse acontecer o
mesmo à minha mãe. E, de um dia
para outro, descubro que ela está em
risco de vida, na mesma situação que
o meu pai esteve!
Corri para casa e tranquei-me
no quarto. Não queria ver ninguém,
nem ouvir, apenas queria estar
concentrada a pensar numa maneira
de ajudá-la. Comecei por pesquisar na
internet os melhores médicos e a
levá-la às consultas, mas todos diziam
que já não valia de nada salvá-la,
porque o seu estado clínico já era
bastante avançado.
No dia 17 de Novembro de
2007, ela faleceu. Chorei, chorei,
chorei…não sabia o que fazer! Estava
sozinha no mundo com mais dois
irmãos pequenos. Foram dias de
enorme tristeza e dúvidas acerca do
nosso futuro. Resolvi fundar uma
associação de apoio com o objectivo
de ajudar as pessoas a ultrapassar
perdas de familiares. Nesta
associação, aprendi muito com as
pessoas que me procuravam. Cresci
bastante e hoje tento transmitir os
ensinamentos colhidos a todos os que
já passaram pela mesma situação.
Aprendi uma lição: neste
mundo, podemos sofrer várias
perdas, mas acabamos por conseguir
ultrapassá-las!
Melanie, 9ºC
5
O Valor da Amizade
O despertador toca. São
7horas da manhã e lá vou eu começar
a rotina: tomar um banho rápido,
vestir-me e, como de costume, ir ao
café do senhor João para tomar o
pequeno-almoço. Já estou atrasada.
Estou ansiosa pelo primeiro dia de
aulas do 12º ano!
- Ana, despacha-te! Come
qualquer coisa que eu levo-te à
escola! – grita a minha mãe.
- Não te preocupes. Vai
andando. Apanho o autocarro e chego
num instante! – disse-lhe eu.
Não podia deixar de ir ver a
Daniela, uma rapariga de 17 anos,
abandonada pelos pais, que vivia
numa velha casa perto do café do
Senhor João. Todos os dias lá ia.
Tinha passado as férias de verão com
ela, a brincar, a passear, a andar de
bicicleta. Era como a melhor amiga
para mim!
- Bom dia, quero um bilhete
para a Praça da República, por favor.
– pedi ao condutor.
- Aqui está, menina.
O nervosismo pelo primeiro dia
de aulas era cada vez maior, não me
conseguia acalmar. As minhas pernas
tremiam.
Cheguei à paragem e desci,
caminhando em direcção ao café.
- Olá, senhor João. O mesmo
de sempre, duas sandes mistas e dois
sumos.
- Bom dia, Anita! Aqui está.
Bom pequeno-almoço.
Passados uns minutos, como
de costume, saí atarefada para ir ter
com a Daniela.
- Daniela? Abre a porta. Sou
eu, a Ana. – sussurrei, baixinho.
- Não quero abrir a porta,
desculpa. – disse-me ela, com um
tom de voz sereno.
Fiquei logo preocupada. Algo
se passava. Ela nunca tinha sido
assim comigo. Insisti, insisti, sem
resultado. Sentei-me no degrau da
porta.
- Vem comigo, Daniela. Vem
ver como é bom andar na escola,
como é agradável saberes que tens
amigos por perto sempre que
precisares. Prometo que, se não
gostares, não voltarás.
- Não quero. Não sou ninguém!
Nunca vivi a vida e não vai ser agora
que a vou viver. Vai para as aulas,
que já deve ser tarde. - disse-me, a
soluçar.
Queria ajudá-la mas, naquele
momento, nem sabia como.
6
- Ana, se há coisa que gosto na
vida, é de viver, porque o que a maior
parte das pessoas faz é sobreviver.
- De certa forma, sobreviver é
uma maneira de viver… mas não
insistas, que eu não vou sair. -
contrapôs a Daniela.
- O que me parece é que tu
não vives, tu sobrevives. Não estudas,
passas aqui os dias... achas que isso é
viver?
- Conheces o meu passado,
Ana. Os meus pais não gostam de
mim, abandonaram-me. Ninguém tem
o direito de me criticar. Todos
sobrevivemos, mas apenas alguns
têm a decência de o admitir. Afinal,
ninguém vive. O que a vida te dá em
troca de tudo aquilo que lhe ofereces
é a morte. – disse-me, num tom
agressivo.
A partir daquele momento,
comecei a preocupar-me seriamente,
pensando que ela devia estar com
alguns problemas psicológicos pelo
trágico incidente que lhe acontecera.
Eu só pensava em ajudá-la, mas
como? Tentei conversar mais um
bocado com ela.
- Olha, Daniela, eu vivo. Ando
a estudar, pratico desporto e, com os
bons resultados que obtenho, recebo
recompensas. Tens que dar valor a ti
mesma. Começas a fechar-te num
beco, se continuares aí trancada!
- E achas que seguir a tua
rotina é viver? Achas que levantares-
te de manhã para cumprir horários,
seguir as ordens dos outros,
esforçares-te por alcançar algo e viver
atormentada com perguntas retóricas,
é viver? Finges que não sabes as
respostas aos teus pensamentos, mas
vives numa casa cheia de regras,
onde cresces e te tornas quem és. –
disse, muito arrogante.
- Sim, cada dia é uma batalha.
Se todos os dias a venceres, um dia
terás o que sempre quiseste. Isso
sim, é viver. Orgulho-me de ser quem
sou! – repliquei eu.
- Uma batalha? Uma batalha
contra ti própria, contra aquilo que és
e aquilo que ambicionas ser. É essa a
injustiça do Homem e daquilo que nós
somos, porque no final, a batalha
nunca é vencida, perdes por cansaço
ou desistes, simplesmente porque não
vale a pena.
- Porque é que tens que pensar
assim? Nunca deves pensar que vais
desistir, Daniela. A vida sem
obstáculos não é vida!
- Morremos todos e cabe aos
outros que cá ficam travarem as suas
próprias batalhas. – concluiu a
Daniela, já mais calma.
- Eu estou feliz com o que
tenho. Claro que gostaria de ter
mais… paciência. Ao menos, sei que
fui até aos meus limites. Tens que
aprender a viver com regras, porque
tudo tem limites.
- Não se trata de aprender a
viver com isso. Mantenho o que disse.
Ao viver a tua simples rotina, tu não
7
vives, sobrevives. Tentas apenas
tornar a tua miserável sobrevivência,
como todos nós, mais suportável.
- Era o que eu te estava a
tentar dizer: tu não vives, tu
sobrevives. A tua vida não tem
regras, não tem limites.
- E a vida, essa vida de que
todos falam, é assim. É uma
incógnita! – disse a Daniela, a chorar.
Senti-me mal ao ouvir aquelas
palavras cruéis. Só queria ajudá-la,
mas ela não entendia.
Renata Viso, 9ºC
8
A dor de uma filha
Até aos meus doze anos, toda
a minha vida decorreu normalmente.
Fui crescendo sem passar
necessidades e nunca tive grandes
problemas em me relacionar com as
outras crianças que andavam comigo
na escola.
Certo dia, tudo mudou. No dia
vinte e seis de Setembro de dois mil e
seis, aconteceu uma tragédia que me
mudou a vida completamente, que me
causou imenso sofrimento e, por
consequência, fez com que eu
crescesse mais rapidamente. Comecei
agarrar-me com mais facilidade às
coisas mínimas que a vida nos dá e a
valorizá-las muito mais.
Esse acontecimento foi a
morte do meu pai. Nesse fatídico dia,
tinha estado com ele de manhã e,
sem saber, foi esse o momento da
despedida O meu pai tinha ido comigo
a uma consulta a Coimbra. Quando
acabou, fomos tomar o pequeno-
almoço. De seguida, ele levou-me à
escola, perguntou se eu queria
dinheiro e disse-me “Xau”. Eu, com
um aperto no coração, fiquei a olhar
para ele até se ir embora, sentindo
que algo de mal estava prestes
acontecer.
Passadas três horas, estava na
aula quando a minha mãe me tentou
ligar. Assim que saí, liguei-lhe a
perguntar o que se passava. Ela
respondeu-me que o meu pai lhe
tinha tentado ligar à hora de almoço.
Como não estava junto do telemóvel,
não tinha falado com ele. Quando lhe
tentou retribuir o telefonema, o meu
pai já não atendeu. Respondi-lhe que,
mal saísse, ia de imediato para casa.
A preocupação era imensa porque ele
já alguns meses que não se andava a
sentir bem com dores no abdómen.
Na noite anterior, tinha estado no
hospital com muitas dores, mas os
médicos mandaram-no para casa com
analgésicos para tomar.
Quando cheguei, encontrei o
meu pai estendido no chão, à entrada
do portão. Percebi que ele já estava
sem vida. Ainda tentei ligar para a
INEM, mas estava sem forças. Só
queria morrer… A minha vida parecia
não sentido. Quando o INEM chegou,
confirmou o óbito.
Hoje, com dezassete anos,
cada dia que passa me faz sentir mais
a sua falta. Já passou muito tempo,
mas saber que não o tenho junto de
mim para me apoiar nos desafios da
minha vida custa imenso.
A vida continua, mas, Pai,
sinto a tua falta.
Diana Pires 9ºC
9
O princípio do fim…
Hoje, aconteceu-me uma coisa
inesperada. Para vocês perceberem
tudo, tenho que começar a contar a
história desde o início.
Foi há 15 anos, tinha eu 16
anos de idade, andava no secundário
e tinha uma namorada simplesmente
extraordinária chamada Inês.
A meio do ano lectivo, entrou
um aluno novo para a minha turma e
começámos a dar-nos bastante bem.
Num mês, a nossa amizade parecia de
anos!
Um dia, eu e a minha
namorada demos um tempo à nossa
relação e o meu amigo, o Pedro,
começou a trocar mensagens com ela
e a ficar muito íntimo.
Passado um tempo, ela não
sabia quem escolher. O Pedro, deixou
de ser simpático e humilde, passou a
sentir um ódio por mim e a ter
comportamentos estranhos. Acabou
por ser internado numa clínica contra
sua vontade pois, num acesso de
loucura, tinha morto a Inês, atirando-
a de um penhasco.
Fui visitá-lo e ele, bastante
agressivo, gritou:
-Sai! Sai daqui, a culpa é tua!
Ressentido, vim-me embora
bastante em baixo.
No dia do meu aniversário, ele
telefonou-me:
-Olá amigo, como estás? Quero
dizer que estou curado e que estou
arrependido.
-Pois, mas isso não muda
nada!- respondi eu.
-Sim, eu sei, mas quero
encontrar-me contigo, para me
despedir!
-Despedir? Vais para onde?
-Depois verás.
No dia seguinte, fui encontrar-
me com ele no sítio onde tinha morto
Inês.
Quando ele chegou, disse:
-Como estás mudado! Tinha
saudades. Sei que te causei tristeza,
mas quero compensar-te. Por isso,
decidi vir despedir-me.
-Mas, afinal, que queres dizer
com o “despedir”?- disse, espantado.
-A Inês partiu para outro
mundo, mas eu vou buscá-la!
Muito rapidamente, vi o Pedro
atirar-se do penhasco da mesma
maneira como tinha feito com a Inês,
como se quisesse ir atrás dela para a
trazer de novo.
Augusto, 9ºC
10
Amor na Internet
Como todos os dias à noite, fui
à minha rede social ver o que havia
de novo. Deparei-me com uma
mensagem de um rapaz que não
conhecia
Começámos a falar através da
rede social e a simpatizar um com o
outro, até chegar a altura em que ele
me pediu, com um smile de
envergonhado, o meu email. Desde
então, é através do Messenger que
comunicamos.
Começámos a conhecer-nos
melhor, a saber os gostos de cada
um, os defeitos e as qualidades, entre
outros aspectos. Cada vez
gostávamos mais um do outro, cada
vez precisava mais de estar com ele…
Ao fim de longos cinco meses
de conversa online, chegou o grande
dia: 13 de Março de 2010. Estava tão
nervosa, tão fora de mim que não
tinha espaço no meu pensamento
para mais nada!
Olhámos fixamente um para o
outro. Aquela tarde já estava a ser
única e ainda não tinha acontecido
nada…
Só o olhar dele já me deixava
nervosíssima, queria chegar-me mais
para junto dele, mas os nervos não
deixavam, estava bloqueada.
Ele chegou-se para junto de
mim, quebrou o silêncio e falámos
durante algum tempo até ao primeiro
beijo…
Enquanto ele sorria para mim,
eu estava sem reacção a querer mais.
Sem darmos pelas horas passarem, já
eram quase oito horas da noite… Aí,
metemos pernas ao caminho.
Abraçados e aos beijos,
felicíssimos por aquele dia tão
especial, caminhávamos pelo passeio
ao lado da escola que eu iria
frequentar no ano lectivo seguinte.
Nessa altura, de surpresa, passou o
meu pai de carro e viu-nos.
Com esse acontecimento,
pensei que iria chegar a casa com o
meu pai chateado comigo por estar
agarrada a um rapaz de quem ele
nunca ouvira falar, mas para meu
espanto não estava; bem pelo
contrário, mostrou-se contente por
mim, mas sempre com os seus avisos
de papá.
É bom saber que tenho o
melhor pai do mundo, que me apoia,
não só nos estudos e na família, mas
também na minha vida amorosa.
Mais tarde, com o passar do
tempo, o meu pai pede-me para
convidar o meu namorado a ir lá a
casa; queria conhecê-lo, saber o que
11
ele tinha de especial para eu ficar tão
feliz sempre que falava e estava com
ele…
Foi a 2 de Abril de 2010 que o
levei lá a casa… Após conversarem, o
meu pai percebeu as razões de eu
gostar tanto dele e ficaram grandes
amigos. De facto, fico contente por
isso, pois eu também me relaciono
bem com a mãe dele, que é uma
querida e uma grande mulher!
Foram seis meses de namoro
com muita alegria, cumplicidade,
intimidade, amizade, amor, respeito
entre outras emoções e sentimentos.
É evidente que havia discussões e
tristezas, como há em todos os casais
de namorados!
Hoje, não me arrependo de
nada e voltaria a fazer tudo o que fiz,
pois vejo-o como uma pessoa
bastante inteligente e que, com força
de vontade, superaria todos os seus
objectivos!
Lembro-me de todos os
momentos que passámos juntos: as
idas à praia e jantares com a família,
ele a cantar para mim, a chamar-me
“bolinha”, enquanto eu o chamava de
“meu sapo feio”…
Lembro-me daqueles abraços
que me faziam sentir segura, do dia
em que adormeci encostada a ele no
carro a caminho de casa, após uma
tarde e noite juntos em Coimbra a
passear e jantar, bem como das
brincadeiras dele com o meu pai, do
meu aniversário passado ao lado
dele… Foi tudo tão especial!
Tendo em vista as nossas
idades nada importava, nem nada
importa; junto dele sentia-me segura
e única, queria subir ao topo da vida
por ele e com ele! Porém, as nossas
vidas separaram-se. Magoou-me. Não
lhe falo.
Ainda assim, actualmente,
amo-o. Amo-o em silêncio e é isso
que importa… não quero saber o que
as outras pessoas pensam do meu
sentimento por ele, mas sei que um
dia isto irá passar e irei deixar de o
ter no meu pensamento!
Foi muito bom enquanto
durou, pois "todo o nosso saber
começa nos sentimentos"!
Jamais irei esquecer esta
página da história da minha vida, que
começou online, passou para a vida
real e nos proporcionou momentos
inesquecíveis…
Jamais esquecerei este amor,
porque mais ninguém sente o que
senti e sinto!
Marlene Freire, 9ºC
12
Uma linda História de Amor
Era quase final de ano e, como de costume, o baile da
escola estava a ser reparado. Júlia era uma menina que não
gostava dos amigos e estava sempre a implicar com eles.
Estranhamente, decidiu que queria ir ao baile com o Eduardo. As suas
amigas começaram a dizer ” Você não pode ir ao baile com ele, ele é o pior rapaz
do mundo!”
Depois de muitas brigas e desentendimentos, ela acabou por ir ao baile com
ele.
Dias mais tarde, eles saíram juntos de novo, e começaram um grande
romance. Todos os dias, Eduardo ia até a casa de Júlia e lia poemas para sua
amada. No final, sempre acrescentava ” Amo-te”!
E foi assim durante vários dias. Todas as noites ele fazia o mesmo. Quando
Eduardo teve que viajar para Inglaterra, Júlia não conseguia dormir sem ouvir o
seu ”Amo-te”. Mesmo estando longe, ele escrevia lindas cartas a Júlia que se
emocionava muito.
Mas, certo dia, Eduardo não escreveu a desejada carta, o que a deixou
preocupada. Procurou saber o que tinha acontecido a Eduardo e a mãe dele disse-
lhe que ele estava no hospital muito doente.
No dia seguinte, ela foi visitá-lo. Quando lá chegou, parecia que aquele
alegre sorriso se havia transformado numa grande tristeza. O diagnóstico do
médico dizia que Eduardo estava com cancro em fase terminal.
A partir daí, todos os dias Júlia estava no hospital e, nesse mesmo lugar,
escutou uma das frases mais queridas:
- Júlia, escuta. Amar não é simplesmente dizer ” Amo-te”, mas sim
encontrar no outro a sua própria felicidade. Eu já encontrei a minha que é você.
Boa noite e não te esqueças que eu te amo.
Já perto do fim dos seus dias, e perto do aniversário de Júlia, Eduardo
entregou-lhe um caderno como presente. Era um sábado. No domingo, Eduardo
faleceu.
Na segunda, quando estava sozinha no seu quarto, decidiu ver o presente.
Quando abriu o caderno, encontrou escrito “ Em qualquer lugar que eu esteja, vou
levar-te para sempre comigo, porque me ensinaste o que é o Amor”! Amo-te Júlia.
Feliz aniversário!
Rayanny, 9ºC
13
AMIZADE
Era uma vez dois amigos, o
Manuel e o Henrique. Quando os dois
eram pequenos, eram vizinhos e
costumavam brincar. Tornaram-se
grandes amigos, porque eram da
mesma idade, frequentavam a mesma
escola e andavam sempre juntos.
Um dia, foram acampar.
Quando chegaram ao parque,
montaram as tendas, almoçaram,
passaram a tarde e foram dormir.
Durante a noite, acordaram
sobressaltados. Estavam a ser
assaltados! Com medo, fugiram e
ficaram sem nada. Tanto correram
que saíram do parque e se perderam.
Durante três dias passaram
fome. Foram encontrados por grupo
de turistas, que lhes indicaram o
caminho até casa.
Quando fizeram 20 anos,
foram para a tropa e, sem saberem,
apaixonaram-se pela mesma rapariga.
Andaram assim durante dois meses. A
rapariga chamava-se Sandra e não
sabia que ambos gostavam dela.
Quando o Manuel começou a
namorar com a Sandra, o Henrique
deixou de falar com ele durante
muitos meses. Um dia, o Manuel
tentou falar com o Henrique, mas ele
virou-lhe as costas.
Passadas três semanas, foram
chamados para a guerra. Durante um
tiroteio, o Manuel foi ferido e pediu
ajuda ao Henrique. Ele não o quis
ajudar. A certa altura, o Manuel
perguntou-lhe porque é que ele lhe
tinha deixado de falar, se sempre
tinham sido grandes amigos.
O Henrique começou a pensar
nos velhos tempos em que eram
amigos e faziam tudo juntos, e
lembrou-se que era muito mau deixar
de lhe falar. Por isso, decidiu ajudá-lo.
No fim da guerra, voltaram a
ser grandes amigos. Afinal, não o
iriam deixar de ser só porque a
Sandra não podia ficar com os dois...
Diogo Rato, 9ºC
14
A amizade de três amigos
Um belo dia após o 25 de Abril,
o Zezinho, como era conhecido, veio à
rua para ir comprar rebuçados e
encontrou outro rapazinho da sua
idade, o Tonito.
A vila tinha sofrido grandes
transformações após terem por lá
passado as tropas revolucionárias que
libertaram Portugal da opressão e da
ditadura. Esquecendo-se que queriam
ir comprar rebuçados à loja da D.
Maria, os dois amigos foram para o
jardim da vila jogar peão. Por
coincidência, encontraram o pobre
Joaquim, sozinho e abandonado, junto
de uma árvore. Os dois rapazes foram
ter com ele e convidaram-no para se
juntar a eles. Os três foram
caminhando pela pequena vila.
Enquanto jogavam peão, iam-se
conhecendo melhor.
Chegou a noite e cada um foi
para sua casa. Quando o Joaquim
chegou a casa, contou à mãe que
tinha feito novas amizades. Como não
conhecia ninguém naquela vila, ficou
todo contente.
Na manhã seguinte, os três
amigos fora juntos para a escola. Mal
lá chegaram, foram a correr ver as
turmas em que estavam inscritos.
Sem saberem, estavam os três na
mesma turma.
Foi assim que os três rapazes
que não se conheciam passaram a ser
três amigos inseparáveis!
Fábio Tomás, 9ºC
15
Sempre a Ajudar
Era uma vez uma rapariga
jovem chamada Jacinta, rica e muito
esperta, que vivia na cidade com os
seus pais. Tinha gosto em ajudar as
pessoas menos ricas e em colaborar
nas campanhas solidárias.
Um dia, ao dar uma volta pela
cidade, viu uma senhora que tinha os
olhos muito encovados e uma cara
muito encolhida. Estava suja e
andrajosamente vestida.
- Uma esmolinha, por amor de
Deus! Não tenho ninguém. Tenho
fome e frio... Uma esmolinha, por
amor de Deus!
Ao ouvir esta triste súplica,
Jacinta, muito apressada, pegou na
sua mala e regressou a casa. Contou
o que vira aos seus pais que, de
imediato, lhe disseram para ir
andando para o carro, enquanto eles
se vestiam.
Foram ao supermercado, onde
compraram duas embalagens de
bolachas, dois sumos, uma almofada,
dois cobertores e outros bem
essenciais.
Passaram pela rua onde a
pedinte se encontrava e deixaram-lhe
os sacos do supermercado cheios de
comida e agasalho. A pedinte
agradeceu o gesto, repetindo
insistentemente:
- Muito obrigado, Deus vos
abençoe. Sois uns santos! Deus vos
abençoe...
Hélder, 9ºA
16
Um traço de Solidariedade Era uma vez um menino
chamado Afonso que tinha 13 anos e
adorava arte. Ele era uma pessoa
normal, mas com uma árvore
genealógica muito rica.
Um dia, decidiu ir visitar a casa
do seu falecido avô paterno, porque o
pai lhe dissera que ainda lá estavam
guardados, num grande e brilhante
baú, os seus brinquedos. Ele saiu de
casa logo após o almoço para ter a
tarde toda para escolher os
brinquedos que queria.
Quando chegou ao destino,
dirigiu-se logo para o sótão, onde
estava o baú dos brinquedos de que o
pai lhe falara. Procurou-o, mas não o
conseguia encontrar. Cansado,
expirou de tal maneira fundo que o pó
que estava sobre o baú desapareceu.
O pai tinha razão. O baú era
mesmo brilhante e tinha um aspecto
muito antigo e rústico. Quando Afonso
o abriu, ficou estupefacto com tantos
brinquedos antigos. Ele queria-os a
todos, mas não os conseguia levar,
porque estava sozinho. Por isso,
decidiu que só escolheria um
brinquedo.
Empurrou o baú para o chão
com toda a sua força, para que os
brinquedos se espalhassem.
Procurou..., procurou..., até que viu
uma coisa que lhe chamou a atenção,
uns lápis de cor magníficos e
antiquíssimos que tinham sido
referenciados num livro sobre arte.
Pegou na pasta dos lápis e foi
a
correr para casa experimentá-los. A
mãe tinha o lanche pronto para
quando chegasse, mas o Afonso nem
ligou. Estava tão entusiasmado!
Sentou-se na sua secretária,
pegou numa tela e começou a
desenhar árvores, pássaros, peixes.
Mal acabou de desenhar o último
traço, quando um brilho percorreu os
desenhos e, de repente, tudo o que
desenhara parecia estar a ganhar
vida. Cresceram 3 árvores no seu
jardim, voaram 4 pássaros por cima
da sua casa e 2 peixes foram
acrescentados ao seu lago. Não
conseguia acreditar no que estava a
acontecer, nunca tinha visto nada
assim.
17
Com medo do que mais
poderia acontecer, pegou no material
e foi mostrá-lo de imediato ao pai.
Explicou-lhe tudo. O pai lembrava-se
que aqueles lápis tinham sido
um presente do seu avô, mas nunca
os tinha utilizado porque não tinha
muito jeito para o desenho.
O Afonso sugeriu ao pai que,
com aquele poder nas mãos,
poderiam ajudar os mais carenciados.
A mãe do Afonso era dona de uma
instituição de caridade onde recolhiam
comida, roupa e produtos de higiene
para aqueles que mais precisavam.
Pai e filho, unidos na ajuda aos mais
necessitados juntaram-se e foram
contar a situação à mãe.
No fim da conversa, a mãe,
muito curiosa para ver a magia
operada, pediu ao filho que lhe
desenhasse uma camisola de lã
fofinha e quentinha. Dito e feito! O
rapaz fez o desenho e, de imediato,
apareceu uma camisola. Ela ficou
maravilhada. Aos poucos, foram
ajudando todas as pessoas da aldeia,
as instituições e os povos dos outros
países. A vantagem daquele material
era que, quando se estavam a acabar
os lápis, o menino podia sempre
continuar a desenhar outros...
Liliana Carvalheiro 9ºA
18
E afinal o que é a amizade?
Numa aldeia, longe de tudo e
de todos, acabara de nascer uma
bebé lindíssima, com um ar solene e
angelical. Os cabelos eram loiros
como o ouro, os olhos de um azul tão
cristalino que transpareciam
felicidade.
Toda a gente fazia questão de
visitar aquela linda menina cujo nome
era Margarida, porque lhes fazia
lembrar uma flor.
Minutos mais tarde, no outro
lado da aldeia, nascia uma outra
criança. Era considerada o patinho
feio da aldeia, o que era uma grande
crueldade. E porquê? Ana tinha umas
orelhas tão grandes que, ao mínimo
ruído, começava a berrar. Por esse
motivo, ninguém visitava a pobre
criança.
Os anos passaram e as duas
meninas, nascidas com uma diferença
de minutos, cresceram… cresceram…
Nas ruas frias e sós da aldeia,
lá estavam elas a trocar ideias,
brincadeiras, mas principalmente os
seus sentimentos. Não se importavam
com os comentários ou com os
olhares constrangedores. Ambas
tinham a mesma personalidade. O
que as diferenciava era uma ser
considerada a
princesa e a outra a
boba da corte.
Como era de
esperar, a Ana fingia que estava bem,
mas lá no fundo sentia o contrário. As
pessoas eram tão más, tão cruéis!
Como iria a Ana aguentar?
E foi então que a Margarida
decidiu tomar uma decisão. Apesar de
ter plena consciência que a sua vida
iria mudar, não queria saber, queria
era ajudar a sua companheira.
Decidiu ser uma pessoa
completamente nova, mostrar à Ana
que não era a beleza exterior que
importava, mas sim a interior.
E assim foi… A partir daí, e
devido ao grande esforço da
Margarida, não mais se registaram os
olhares cínicos e cruéis que tanto
magoavam a Ana.
Aquelas meninas de ontem,
são hoje duas lindas mulheres que
nunca se afastaram, pois a sua
amizade é sincera. Com a sua
persistência, conseguiram provar que
nada nem ninguém, por mais forte
que seja, consegue separar uma
amizade.
Joana Bernardo, 9ºA
19
O amor faz a força
Num país distante, havia dois
povos rivais: a "tribo dos bons
costumes" e a "tribo da liberdade".
Nunca estavam de acordo com nada,
pois enquanto uns pregavam aquilo
que achavam ser de respeito e bons
costumes, os outros achavam que
cada um devia ser livre nas suas
opções, logo declaravam guerra por
tudo e por nada. Eram de tal forma
rivais que construíram uma ponte
para dividir os dois povos, a "Ponte da
Discórdia”.
Por ironia do destino, a filha do
chefe de uma das tribos, Maria,
apaixonou-se pelo filho do chefe da
tribo rival, Afonso. Todos os dias se
contemplavam pela janela de seus
quartos, cada qual no seu lado! Certo
dia, Afonso decidiu dirigir-se ao outro
lado da ponte à procura da sua
amada. Brincaram durante muito
tempo no jardim de sua casa,
rodeados de muitas flores e
passarinhos, mas enquanto
passeavam e conversavam foram
apanhados pela mãe da Maria, que
ficou muito aflita com o que viu.
Desceu ao jardim, chamou os
guardas e mandou prender Afonso,
sem sequer se importar em ouvir a
sua explicação sobre o que o tinha
feito atravessar a ponte. Nem quis
ouvir a própria filha! Enquanto os dois
guardas levavam Afonso para a
prisão, Maria chorava copiosamente!
É claro que isto veio aumentar
os conflitos entre os dois povos!
Ouviam-se tiros, bombas explodiam...
era o descalabro total! Maria, como
não conseguia acalmar os ânimos,
decidiu atirar-se ao rio. Como não
sabia nadar, começou a afogar-se!
Ninguém do seu povo sabia nadar.
Afonso, aflito, conseguiu rebentar as
grades da prisão, e correu em
direcção ao rio para salvar a sua
amada.
Os pais aceitaram que os seus
filhos namorassem e que, mais tarde,
casassem. Tão ou mais importante
que o casamento foi o fim de todas as
guerras e diferendos que existiam
entre os povos!
O casamento foi um sucesso,
uma festa de arromba, um momento
de muita felicidade para o casal, que
viveu o dia mais feliz da sua vida. A
aldeia contente com a celebração,
aproveitou para mudar o nome da
ponte: a antiga "Ponte da Discórdia",
foi baptizada como "Ponte da
Harmonia".
Laura Pereira, 9ºA
20
A lenda de Linhaceiros
Há muito, muito tempo, existia
uma bruxa muito cruel na aldeia de
Linhaceiros. Era linda de morrer, mas
era muito má. Chamava-se Olga,
tinha os cabelos muito compridos e
encaracolados. Os olhos eram
grandes, cuspiam vaidade e maldade
por toda a aldeia.
Ela queria fazer mal a toda a
gente, queria matar todos aqueles
que a odiavam. Contudo, havia um
rapaz que não tinha outra solução
senão ajudá-la. O rapaz tinha medo
de falar, tinha medo de errar, tinha,
sobretudo, medo de morrer.
Na mesma aldeia, vivia uma
menina muito bonita e humilde
chamada Matilde. Era pobre e vivia
num casebre muito velho com os seus
avós. Tinha os cabelos lisos,
compridos e louros. Os seus olhos
eram azuis e reluziam à luz do sol.
Um dia, essa menina foi buscar
água ao poço e deparou-se com um
rapaz de cabelos louros e olhos azuis
muito grandes. O rapaz foi em sua
direcção e perguntou-lhe:
- Olá, como é que te chamas?
- Eu? Eu chamo-me Matilde. –
respondeu, corando um bocadinho.
- Eu sou o Afonso. Não tens
medo de andar por estes lados? -
perguntou ele, revelando muita
admiração.
- Porque haveria de ter medo?
– perguntou ela, muito surpreendida.
- Porquê? Ainda perguntas?
Anda por aí a malvada Olga e tu ainda
perguntas porque é que haverias de
ter medo? Devias ter mais cuidado!
Ela é bastante perigosa!
- Eu não acredito nessas
coisas. Não acredito que exista uma
bruxa má chamada Olga, que tente
matar toda a gente!
- Devias acreditar! Ela é a
pessoa mais maléfica que eu já
conheci!
- Que já conheceste? Não
acredito, ela nem existe! Olha, tenho
que ir embora. Os meus avós já
devem estar preocupados!
E lá foi ela com o balde à
cabeça, a transbordar água.
Nessa noite, quando Matilde
estava prestes a adormecer, ouviu um
som muito forte e desagradável.
Estava cada vez mais escuro e o som
era cada vez mais forte. Parecia que
estava alguém a tentar entrar pela
porta a todo o custo. Matilde estava
assustada, mas a curiosidade era
tanta que não resistiu. Levantou-se da
cama e foi espreitar à porta. Não
estava ninguém! No chão, encontrou
apenas estava uma breve carta a
dizer:
21
Vem ter comigo ao poço! Preciso de
falar contigo urgentemente, preciso
que venhas rápido. Beijinhos, Afonso.
Matilde estava preocupada.
- O que será que aconteceu? O
que será que ele quer a estas horas?
A curiosidade e a preocupação
eram tantas que Matilde saiu a correr
em direcção ao poço. Não estava lá
ninguém. Já estava a ficar com medo,
até que apareceu Afonso.
- Desculpa Matilde, ou tu ou
eu! -disse o rapaz, com muito medo
- Hã? Como assim? Não estou
a entender!
Por detrás dos arbustos, saiu
uma linda senhora. Era Olga! Matilde
nem queria acreditar!
- Desculpa ter duvidado de ti,
nunca pensei que o meu fim fosse
assim! Desculpa mais uma vez.
E Afonso, quando Olga lhe ia
para atirar um feitiço, colocou-se à
sua frente e caiu nos braços de
Matilde. Matilde ficou triste. Só
conseguiria salvar Afonso, se
conseguisse dar-lhe outra vez a vida,
só dando-lhe o seu coração...
E assim foi. Matilde deu o seu
coração a Afonso e ele conseguiu
sobreviver.
Se não fosse a humildade da
Matilde, nunca ninguém conseguiria
derrotar a malvada Olga.
Marta Lucas 9ºA
22
Era uma vez um menino
branco e um menino negro. Tinham
ambos 10 anos e andavam na mesma
escola. Eram os melhores amigos.
Apesar da diferença de cor da pele, na
escola, toda a gente admirava a sua
amizade. Quando os outros gozavam
com eles, ficavam tristes e isolavam-
se.
- Temos de falar – disse o
rapaz branco.
- Diz, o que se passa?
- Chegou a altura de falarmos
das nossas diferenças e dos
preconceitos dos outros em relação à
nossa amizade.
- Sim, tenho sentido a
discriminação.
- Também tenho sentido essa
sensação.
- Não tanto como eu. Como
estou em Portugal, sou diferente.
- Podemos experimentar
afastarmo-nos e ver o que acontece.
- Concordo, mas tens de me
prometer que voltaremos a ser
amigos.
- Sim, podes ter a certeza.
Os amigos acabaram por se
separar durante tanto tempo que
praticamente se esqueceram um do
outro. O rapaz negro foi para Angola,
o seu país de origem, e o menino
branco seguiu para a Universidade
onde tirou um curso de Medicina.
Mais tarde, o rapaz branco
recebeu a notícia de que tinha a
missão de ir para Angola tratar dos
feridos de guerra. Mal chegou,
recebeu um doente vítima de um tiro
na perna. Era o rapaz negro. Não o
reconheceu. No fim da operação, o
rapaz negro acabou por relembrar o
rapaz branco, que compreendeu que o
tinha salvo.
Desde então, os dois amigos
ficaram sempre juntos e não se
importaram com as críticas dos
outros.
Ruben, 9ºA
23
A salvação
Uma vez fui ao estrangeiro
passar férias com o meu amigo
Inácio. Estava sentado a beber o meu
refresco, quando uma menina me veio
pedir ajuda. Disse-me que tinha fome.
Falei com ela e ela contou-me que
não tinha pai e que a mãe estava
desempregada. Vivia com um
padrasto que lhe batia muito.
Impressionado, peguei nela e
fui falar com a mãe e com o padrasto,
para ver se podia pedir a guarda dela
e trazê-la para Portugal. Tive alguns
problemas com o padrasto, mas lá os
consegui convencer.
Antes de ir para o aeroporto,
passei por muitas lojas de roupa e
calçado. Quando cheguei a Portugal,
ela achou a minha casa magnífica e
quis logo instalar-se para poder
usufruir dela.
Por seu turno, mal cheguei, fui
inscrevê-la numa escola.
Passados 10 anos, já mulher,
quis voltar a ver os pais. Permiti-lhe
concretizar esse desejo. A mãe
perguntou-lhe como era viver em
Portugal e ela respondeu-lhe que era
maravilhoso. Agora é uma advogada
conceituada.
Jorge Fernandes, 9ºA
24
A Mentira tem perna curta
Era uma vez um jovem
chamado Carlos de 14 anos, que
morava numa aldeia muito pacata
junto dos seus pais e amigos.
Certo dia, o jovem decidiu
passar por casa de uma senhora já de
idade, que vivia com o marido numa
casa rústica, que se chamava Dulce.
Ela perguntou-lhe:
- Então, está tudo a correr
bem com os teus pais, não se têm
chateado contigo?
- Ai… sim…está…está tudo
bem!
- E, na escola, também está
tudo a correr bem com os
professores, as notas estão a ser
boas? – continuou a insistir Dulce.
- Aaaaaaaaaaaaaa…Mais ou
menos, mas sim está tudo a correr
bem!
- Se está tudo bem, vai lá para
casa.
Como o Carlos se dava muito
bem com a senhora, resolveu passar
por lá outra vez. A senhora voltou-lhe
a fazer as mesmas perguntas e ele a
responder de igual forma, dizendo
que estava sempre tudo bem.
Certo dia, a mãe do Carlos
parou ao pé da Dulce.
- Adeus, Dulce! Então, como
vai isso?
- Vai bem obrigado e contigo,
está tudo bem?
- Mais ou menos, tenho tido
uns problemazitos com o Carlos.
Porta-se mal na escola, responde mal
aos professores, já fui chamada uma
série de vezes e ele não atina!
Muito admirada, a Dulce disse-
lhe:
- Olha, então não querem lá
ver... O teu Carlos tem passado por
aqui e eu tenho-lhe perguntado como
é que vai a escola. Ele diz-me que vai
bem, que está tudo a correr bem!
- Ele anda de uma maneira que
ninguém o atura, mente, resmunga,
responde mal…
No dia seguinte, o Carlos
voltou a passar em casa da Dulce.
Chegou perto dela e disse:
- Bom dia!
- Bom dia, Carlos! Não tens
nada para me contar?
- Não, não tem acontecido
nada de especial…
- A sério!?
Carlos apercebeu-se que Dulce
já soubera o que se havia passado e,
com uma enorme tristeza, com as
lágrimas a chegarem-lhe aos olhos,
disse:
- Não sei o que me aconteceu
para fazer tanta asneira junta. Isto
nunca me tinha acontecido antes!
25
- Carlos, por muito mal que te
corra a vida, nunca mas nunca se
deve mentir. É feio e é muito injusto,
porque eu andava preocupada contigo
e tu enganavas-me. Isso não é
bonito… A partir de hoje, sejam as
notícias boas ou más, contas-me tudo
e não me escondes nada. Um dia,
podes estar a dizer a verdade mas
ninguém acreditará. A mentira é a
coisa mais feia da vida!
Arrependido, Carlos
reconheceu que Dulce tinha razão
naquilo que lhe estava a dizer e
percebeu a importância da verdade,
seja ela dura ou fácil de ouvir.
Triste, Carlos disse:
-Peço imensa desculpa por lhe
ter mentido, Dulce. Não merecia que
lhe mentisse. Foi uma pessoa que
sempre me ajudou a ter coragem para
eu levar a minha vida em frente,
muito obrigado por me ter alertado.
Se me mentissem, também não iria
gostar. Peço-lhe desculpa, mais uma
vez.
Dulce ficou contente, porque
conseguira incutir alguns valores ao
jovem amigo.
Despediram-se e Carlos já foi
para casa de consciência mais leve.
Aprendeu a dizer sempre a verdade,
fosse ela qual fosse…
Bruno Sousa 9ºA
26
Ainda existem pessoas humildes
Numa noite de luar, um homem sai da
sua mansão e vai dar um passeio pelo
jardim da cidade, onde observa a
quantidade de pessoas sem-abrigo
que ali se encontrava, ao frio da
noite, sem nada para comer! Ele com
tanta fartura e tanta coisa...Ficou
chocado com o contraste!
No meio de tantos sem-abrigo,
havia uma mulher que dormia
profundamente. Notava-se que estava
sem comer há alguns dias, desnutrida
e indefesa. Apeteceu-me ajudá-la,
mas não queria acordá-la. Decidi que
voltaria e que lhe levaria alguma
comida e roupa, para se abrigar
melhor. Na verdade, a minha ideia era
levá-la para minha casa mas, como
nem me conhecia, poderia pensar que
me estava a aproveitar dela.
No dia seguinte, lá saí eu de
casa com um saco cheio de comida e
roupa. Estava com receio da sua
reacção e, ao mesmo tempo, com
pena da sua situação. Encontrei-a à
procura de comida pelos vários
caixotes que havia pelo jardim.
Perguntei-lhe se podíamos falar.
Primeiro fez uma cara que não percebi
se era um sim ou um não, mas
rapidamente aceitou o convite. Fomo-
nos sentar num banco do jardim. Dei-
lhe o que tinha trazido e ela começou
logo a comer. Já não devia comer há
alguns dias. Falámos sobre há quanto
tempo estava a morar naquele jardim.
Ela chamava-se Júlia e estava a morar
ao relento há mais ou menos dois
meses e meio.
Passei a ir àquele jardim todos
os dias. Começámos a conhecer-nos
melhor e a partilhar os nossos
sentimentos. De cada vez que a via,
sentia algo que nunca tinha sentido
por outra mulher, um carinho especial
pela Júlia. Estava apaixonado por ela!
Falei com ela sobre isso e fiquei a
saber que o sentimento era recíproco.
Um dia, decidi fazer-lhe um convite.
Convidei-a a ir viver para minha casa,
já que era muito grande e espaçosa.
Ela vivia naquele jardim há tanto
tempo que já nem lembrava do
conforto de uma habitação. Aceitou o
meu convite e, no dia seguinte,
mudou-se.
Entretanto, começámos a
namorar, passados três anos casámos
e tivemos um filho que se chama
Rodolfo. Hoje, vivemos na nossa
mansão.
João Campos, 9ºA
27
AS MINHAS ESCOLHAS
Numa cidade, vivia um menino
que se vestia muito mal, com roupas
velhas, feias, rotas, antigas e
antiquadas e que andava sempre
despenteado. Esse menino ia para a
escola e todos os dias falavam dele,
do modo como se vestia e calçava.
Um dia, outro menino chamado
António chegou-se ao pé dele e
perguntou-lhe:
- Olha, porque é que andas
assim vestido?
- Assim como?
- Assim… tão mal!
- Tão mal como?
- Com roupas feias e
esquisitas.
- Feio és tu.
- Tu não me chamas feio!
- Se for preciso chamo
- Então chama.
- Feio! Feio! Feio!
- Mal vestido! Mal vestido! Mal
vestido!
- Tu não tens o direito de me
chamar isso! Eu é que escolho como é
que me visto e tenho liberdade de o
fazer!
- Liberdade? O que é isso de
liberdade?
- Liberdade? Tu não sabes o
que é?
- Não, não sei!
- Não sabes o que significa o
25 de Abril?
- É um feriado, mas não sei
porquê!
- É o Dia da Liberdade!
- Mas o que é isso?
- Liberdade é um valor a que o
cidadão tem direito segundo o qual
pode fazer e dizer o que quiser sem
ser castigado ou ir preso!
- Isso é que é liberdade?
- Sim, é!
- Então, eu tenho liberdade de
dizer o que quiser de ti!
- Olha… então diz e pensa o
que quiseres! Não me importo com
isso! Eu tenho liberdade de me vestir
como quiser!
- Liberdade, liberdade,
liberdade, não te calas. Só falas
nisso!
- Calo-me se quiser!
- Então, não te cales!
- Acabou a conversa. Visto-me
como quero e gosto, e tu não tens
nada a ver com isso.
- Se fosse só a roupa... É que
também é o teu cabelo! Que raio de
penteado é esse?
- Já te disse que é assim que
eu gosto e que tenho liberdade de
escolha.
- Não te fartas dessa palavra?
n
os
sa
s
es
co
lh
as
28
- Não, não me farto! Só
quando perceberes que a tenho!
- Já percebi!
- Vai-te embora e não me
chateies mais com isso.
- Está bem, eu deixo-te de
chatear com isso. Mas, por favor,
muda essa forma de te vestires.
- Adeus!
- Mal educado!
E os dois meninos foram-se
embora.
A liberdade é um valor que
assiste a todos e de todas as
maneiras, seja na forma de vestir, no
penteado, na forma de falar e de
pensar. Aproveitem a liberdade que
noutros tempos não havia!
LIBERDADE!
Diana, 9ºB
29
Tudo vale a pena, quando a alma não
é pequena
E ali estava ele, sentado
sempre na mesma posição: com os
joelhos dobrados, a cabeça tombada
sobre as pernas, sentado no passeio
sujo. Era um menino pobre, com o
cabelo negro, os olhos muito escuros
e tristes. Estava vestido de uma
forma mísera, com uns calções rotos
e verdes sujo, uma camisola bege
também em muito mau estado.
De alguma forma, sempre que
por ali passava sentia pena dele.
Tentava perceber o que se passaria
naquela cabeça, que histórias o
atormentariam e em que miséria
viveria.
Um dia, estando a passar em
frente ao passeio, ele veio ter comigo,
muito envergonhado.
- Olá...
- Olá.
- Isso que estás a comer, é
doce? – perguntou, apontando para o
meu gelado. Todas as sextas feiras de
cada mês ia à geladaria em frente
àquele passeio e gastava a minha
mesada.
- Sim, porquê?? Queres
provar?
Logo percebi que aquele pobre
menino nunca tinha comido um
gelado. Decidi gastar o resto da
minha mesada na compra de um
gelado para ele. Iria ser bem gasto e
ia fazer alguém feliz. Os olhos dele
brilharam de felicidade. Conversámos.
Fiquei a conhecê-lo melhor e, apesar
de ter gasto toda a minha mesada,
valeu a pena. Senti-me bem comigo
mesma e ainda ganhei um amigo, um
bom amigo, que não olha aos bens
materiais, mas sim ao que cada
pessoa tem dentro, ao que realmente
é...
Lícia Correia, 9ºB
30
Solidariedade
O Rui era um rapaz, filho de
uma família abastada, que morava em
Coimbra. Perto da sua casa, passava
as noites um sem-abrigo chamado
António.
Todos os dias o Rui saía para a
escola com o seu pai e todos os dias
ignorava o sem-abrigo que se
encontrava deitado nas escadas de
uma loja.
Certo dia, o Rui trouxe a casa
um colega chamado Duarte, para
fazer um trabalho de grupo. No fim,
decidiram ir dar uma volta na periferia
da casa do Rui. Ao passarem pelo
sem-abrigo, ao vê-lo vasculhar no
caixote do lixo, o amigo do Rui ficou
incomodado.
Ao regressarem a casa para
lanchar o Duarte decidiu questionar o
Rui acerca do sem-abrigo:
- Ó Rui, reparaste no sem-
abrigo?
-Sim, já não é a primeira vez!
-Nós podíamos levar-lhe
alguma comida. - sugeriu o Duarte.
- Se quiseres, eu não me
importo – concordou o Rui.
Depois de lanchar, lá foram
levar comida ao sem-abrigo. Ao vê-lo,
tiveram dúvidas acerca da melhor
maneira de o abordarem. O Duarte
aproximou-se e perguntou ao pobre
homem se tinha fome. Respondeu-lhe
que não, mas os seus olhos diziam o
contrário.
Nesse momento, o Duarte
chamou o Rui para junto deles e
pediu-lhe que tirasse a comida da sua
mochila. Quando o sem-abrigo olhou
para a comida, os dois amigos
sentiram que estavam a fazer o
correcto. Insistiram para que o sem-
abrigo aceitasse, insistiram...
insistiram..., mas ele continuava a
recusar. Decidiram afastar-se do local
e observar. Passados alguns minutos,
viram que o sem-abrigo foi ter com
um grupo de pessoas muito
desfavorecidas. Ficaram boquiabertos
com a atitude do sem-abrigo, ao vê-lo
repartir a pouca comida lhe tinham
deixado pelo grupo.
Ficaram muito contentes e a
pensar que deviam ter levado mais
comida.
José Cantante, 9ºB
31
Amizade de Ferro
Uma bela noite passou. Uma
noite curta e emotiva. O último dia de
aulas tinha terminado com o “grupo
da comédia”. Mariana sentia-se muito
triste, porque nunca mais os voltaria a
ver.
O concerto tinha corrido às mil
maravilhas. Aliás, tinha sido o melhor
concerto de sempre.
Nos últimos minutos, revira
tudo o que vivera naquele ano.
Lembrava-se do jantar com o Pedro e
o Rafael a contarem anedotas,
lembrava-se de tirar fotos com a
Joana no autocarro, lembrava-se de
todos os minutos e todos os
segundos. Ah! Também se lembrava
dos raspanetes que o Zé Pedro dava!
Rafael olhava-a muito
seriamente. Será que a voltaria a ver?
Será que ela continuaria a falar-lhe? O
Rafael tinha uma grande paixão pela
Mariana. Imaginava os seus lábios
como flores a desabrochar numa
manhã de Primavera.
Já o Pedro, preocupava-se se
para o ano voltaria a ser o Pedro de
hoje: animado e feliz com a vida que
Deus lhe deu.
Todos se olhavam seriamente,
com algumas lágrimas a escorrer pelo
canto dos olhos. Era a hora H. Rafael
e Mariana abraçaram-se com emoção
e com vontade de que os seus corpos
se fundissem para nunca mais se
separarem.
As férias chegaram. Cada um
tomou o seu rumo: o Rafael foi para
Espinho, o Pedro para Coimbra e a
Mariana para o Porto. Tanto uns como
outros, tentavam ao máximo manter
o contacto.
Rafael sentia-se deprimido.
Passava largos dias a tocar oboé, para
se entreter e encher a cabeça de
pensamentos que não englobassem a
Mariana. Já ela, bem, passava os dias
deitada na sua cama, no silêncio do
quarto. Nem se vestia…para quê?
Assim se passaram os dias e os
meses. Chegou-se a Agosto e aos dias
de calor intenso. Pedro desesperava.
A certa altura, teve uma ideia.
Mandou um email misterioso aos seus
amigos a dizer ”Terça-feira venham à
praia de Góis. De um grande amigo
vosso que tem saudades vossas”.
Quando o receberam, Rafael e
Mariana ficaram intrigados. De quem
seria? Do Pedro? Era bom que fosse!
Mariana saltou de alegria.
Chegou o dia combinado.
Pedro preparava-se para ver os seus
melhores amigos e agradecer aos
Deuses por ter tido uma ideia
espantosa. A praia estava serena.
Rafael entrou pelo Norte da praia.
32
Umas sombras vinham ao seu
encontro.
Em frente, alguém a andar
medrosamente; do seu lado esquerdo,
parecia o vulto de uma rapariga. Sim,
era Mariana!
Quando se reconheceram,
correram em direcção ao amigo.
Abraçaram-se, riram e choraram. No
meio de tanta emoção, atiraram-se ao
mar. Tinham as roupas muito pesadas
por estarem molhadas, mas nada
importava. Iriam recordar aquele
momento durante toda a sua vida.
Contavam histórias que já tinham
ouvido trinta mil vezes, mas não se
cansavam.
Entre conversas, Rafael beijou
com paixão Mariana. Viram a sua vida
a passar-lhes pela frente, à medida
que uma onda de ternura entrava nas
suas almas.
Pedro emocionou-se e
abraçou-os profundamente. Estavam
mais felizes do que nunca. Uma coisa
é certa…a amizade verdadeira é de
ouro e vence distâncias, amores ou
fronteiras.
Cátia, 9ºB
33
Um rapaz com um grande coração
João, João é o nome de um
rapaz que mudou a história de Paris.
Nunca ouviram falar na história deste
pequeno herói? Pois aqui está
oportunidade de a ouvirem.
João, um humilde rapaz, vivia
junto da periferia da magnífica cidade
de Paris. Como alguns sabem, nas
zonas junto das grandes e extensas
estradas que circundam aquela
cidade, vivem, na maior das
pobrezas, centenas de pessoas,
algumas em casas feitas de cartão, de
chapa, ou então vivem debaixo das
pontes que atravessam estas
estradas.
A escola do João ficava mesmo
do outro lado de uma destas estradas,
onde alguns sem-abrigo também
habitavam. Todos os dias, na ida e na
vinda, o João se via confrontado com
toda esta miséria e tristeza. Este
pequeno rapaz era uma criança com
um grande coração, capaz de perder
refeições só para as partilhar com os
mais pobres.
Era assim que, todos os dias, o
Joãozinho arranjava uma manha para
levar uns pães extras ou mesmo mais
umas bolachas para partilhar com os
seus infortunados vizinhos. Todos se
apercebiam do seu gesto solidário e
do seu enorme coração, e muitas
pessoas começaram também a
partilhar com aquelas pobres pessoas
utensílios velhos e restos de comida.
O João também costumava
ajudar os pais na mercearia e fazia
alguns “biscates”.
Um dia, o seu espírito de
partilha ultrapassou todos os limites.
Começou a pensar num projecto para
um abrigo onde as pessoas com
poucas possibilidades pudessem
tomar as suas refeições, dormir e
cuidar da sua higiene. Apresentou-o
ao presidente da Câmara de Paris e
disponibilizou todas as suas
poupanças como entrada para o
começo deste seu grande projecto.
Tanto os pais dele, como os
habitantes da cidade e o presidente,
ficaram cheios de orgulho deste
pequeno rapaz. O presidente não
aceitou o seu dinheiro, mas prometeu
ao Joãozinho que o seu projecto iria
ter início e muito êxito.
No final, o João recebeu um
prémio pelos seus grandes feitos. O
projecto foi um autêntico sucesso.
Jorge, 9ºB
34
É caso para ficar a pensar na vida
que tenho!
Em pleno dia, entrou nesta
padaria um ser estranho nunca antes
visto nesta zona. Começou por
dialogar comigo, dizendo-me que
nunca pensara vir a fazer o que iria
passar a contar. Contou-me que vivia
com sérias dificuldades económicas.
Explicou que tinha três filhos e que,
“Graças a Deus” não passavam fome,
pois as pessoas que viviam perto
deles tinham bom coração e
ofereciam-lhes comida.
Isto deixou-me a pensar “O
que viria este homem aqui fazer, se
comida não lhe falta? Afinal de
contas, isto é uma padaria!”
Deixei que ele continuasse a
sua explicação, sem o interromper.
Muito envergonhado com o que
estava a contar, finalmente disse-me
o que realmente queria. Tinha entrado
na padaria não com o objectivo de ir
comprar pão, mas sim de ir pedir
esmola. A água quente já lhes
começava a faltar em casa e ele não
tinha dinheiro suficiente para comprar
uma garrafa de gás.
Não fiquei nada agradada com
o que ele me disse e fiquei a pensar.
Já me tinham surgido casos
idênticos e muitos deles tinham-se
aproveitado da bondade das pessoas.
Não me deixei levar em tal cantiga
mas, para não ficar mal vista, ofereci-
lhe pão.
Ele voltou a afirmar que
comida não lhe faltava, mas já que
não estava disposta a dar-lhe
dinheiro, aceitaria o pão de boa
vontade.
O homem saiu da padaria. Pela
porta, ao longe, avisto uma senhora.
Reparo que ele se cruza com ela e
começam a conversar. Esperei que ela
entrasse, para lhe perguntar que
história é que o homem lhe contara.
Quando me começa por dizer
tudo o que o homem me tinha dito a
mim, comecei a suspeitar que fosse
verdade.
Todas as minhas dúvidas
foram tiradas, quando o dono da
papelaria entrou e me questionou
sobre a situação.
Aquele homem tinha dito a
verdade! Senti-me mal por ter
duvidado da sua palavra. É caso para
ficar a pensar na sorte que tenho...
Adriana, 9ºB
35
AS APARÊNCIAS ILUDEM...
Era uma vez um menino loiro,
de olhos azuis e muito pálido a quem
a mãe dera o nome de João. Vivia
num palácio grande, cheio de riqueza
e com uma magnífica vista. A este
menino não lhe faltava nada. Quem
dera a tantos ter 1/5 do que ele tinha.
Muito perto deste palácio, a
poucos km, existia uma terra pobre
em que as crianças, jovens e adultos
não paravam de trabalhar. Os pais do
João contratavam-nos todos os anos
crianças ou jovens para trabalharem
no palácio. Por um lado, gostavam de
ir e, por outro, não. Gostavam,
porque assim podiam visitar as
divisões do palácio e ficarem
maravilhados ao verem toda aquela
riqueza; não gostavam, por serem
tratados como escravos.
Uma vez, estávamos eu e os
meus colegas de trabalho a passar
pelo quarto do menino quando
decidimos, por curiosidade, ver o que
se passava lá dentro. Espreitámos por
um cantinho da porta e vimos o João
muito triste, junto dos seus
brinquedos. Como éramos jovens e
tínhamos direito ao descanso,
resolvemos entrar e perguntar-lhe o
que se passava.
Quando abrimos a porta e ele
se apercebeu da nossa presença,
começou a berrar muito alto e a dizer
para irmos trabalhar, senão ia dizer
tudo aos seus pais. Nós, sem nos
apercebermos muito bem do que se
estava a passar, perguntamos-lhe o
porquê da sua arrogância. Ele,
baixando a cabeça, começou a chorar
desalmadamente. Olhámos uns para
os outros e, quando íamos a virar
costas, antes que ele fosse dizer aos
pais, ele suplicou-nos que ficássemos.
Surpreendidos, nós virámo-nos
para escutar o que ele nos tinha a
dizer. Milhares e milhares de lágrimas
corriam pela sua cara abaixo.
Desculpou-se e pediu-nos que nos
sentássemos para ouvir uma longa
história. Obedecemos, como sempre,
mas desta vez de maneira diferente,
ele tinha-nos pedido por favor. No
nosso cérebro, andava às voltas uma
questão: ”Mas o que é que ele quer?”
- Sabem, a verdade é que a
minha vida não é como pensam! –
disse ele.
Hã?!... Ficámos confusos.
Como era isto possível fazer esta
afirmação, se todos os dias o víamos
e sabíamos perfeitamente como era a
vida dele.
E ele retoma a explicação:
- Tenho inveja da vossa vida,
sim, inveja,!
36
Foi a gota de água! Inveja?
Não acreditámos que nos tivesse
chamado para nos humilhar outra
vez.
- Inveja?! Inveja?! Como
assim?
Sem demoras, diz-nos:
- Sim inveja! A minha vida não
é assim tão boa como pensam! Acham
que eu gosto de brincar sozinho?
- Não sei, mas nós mal temos
tempo para brincar. Como podes ter
inveja de nós?
- Deixem-me me continuar… -
disse-nos ele.
- Não gosto deste palácio. De
todas as crianças deste mundo, só vos
conheço a vocês! Não gosto daquilo
que os meus pais vos fazem e esta
minha arrogância, que é isso que
dizem que eu tenho, resulta do facto
de não te coragem para desabafar...
- Uau! Realmente, pensando
bem, nós somos felizes. Podemos não
ter tanto tempo para brincar, mas
quanto estamos juntos, vencemos
tudo e todos, somos unidos e não
temos razões de tristeza!
- O que eu não dava para
saber o que é a felicidade! Obrigada
por me ouvirem. Podem ter a certeza
que, a partir de hoje, o
comportamento da minha família vai
mudar .
- Obrigado. Podes contar
connosco sempre que quiseres. Se te
permitirem, visita-nos, porque assim
sempre terás companhia para brincar.
- Podes crer!
Moral da história: As aparências
iludem, ou seja, nem sempre tudo o
que vemos é a verdade.
Elisabete Branco, 9ºB
37
A Amizade acima de tudo
Há uns séculos, as pessoas não
se importavam com o dinheiro,
importavam-se com o prazer de viver.
Hoje, no século XXI, acontece o
contrário, as pessoas dão mais
importância aos bens materiais do
que à vida. A história que eu vou
escrever aconteceu, nos EUA.
Nos EUA, como em qualquer
outro país do mundo, os contrates
demográficos são acentuados: há os
muito ricos e os muitos pobres. Numa
segunda-feira, como em muitas
outras segundas-feiras, os alunos
dirigiram-se para a escola. O Tomás
era o mais rico dos alunos. Toda a
gente o invejava e odiava por isso. Ele
nunca sabia se as pessoas se
aproximavam dele por interesse ou
por quererem ser amigos dele.
Toda a gente achava que ele
tinha muita sorte por ser rico, mas
não era a verdade. Ele desejava ser
como as outras crianças da idade
dele: não ter tanta responsabilidade,
poder chegar a casa e fazer os
trabalhos de casa, ver televisão, ir ao
computador e não ter de aprender
regras etiqueta. Não achava correcto
que, cumprindo uma dessas regras,
não pudesse falar com pessoas
pobres. Por isso, decidiu falar com o
Daniel, o rapaz mais pobre da escola:
- Olá, tudo bem? Eu sou o
Tomás.
- Olá, eu sou o Daniel. Sabes
que não devias estar a falar comigo.
- Sei, mas não me importa. Só
quero ter um amigo. Queres ser meu
amigo?
- Claro que sim!
A partir do dia em que se
tornaram amigos, Tomás e Daniel
andavam juntos para todo o lado.
Eram os melhores amigos.
Certo dia, o Tomás decidiu
levar o Daniel a sua casa. Para sua
surpresa, os pais estavam lá e não
acharam piada nenhuma à
brincadeira, ficaram enfurecidos e
começaram a gritar:
- O que é que ele está aqui a
fazer? Sabes que ele não devia estar
aqui!
- Eu sei mas…
- Mas o quê???
- Ele é o meu melhor amigo.
- Não é nada, estás confuso.
- Não, não estou. Vocês têm
de o conhecer.
- Nem pensar.
-Deixem de ser teimosos,
assim que o conhecerem vão ver que
ele é boa pessoa. Não importa que
seja pobre.
- Filho, ele está a aproveitar-se
de ti, só te está a usar. Se calhar
queria vir cá a casa para roubar.
- Desculpe, eu não a conheço
mas não admito que fale assim de
38
mim. Se não sou bem aceite mas vale
ir-me embora. – interrompeu o
Daniel.
Triste e magoado, Daniel vai-
se embora, por ter sido chamado de
ladrão e interesseiro. Tomás só diz
aos pais:
- Nunca estive tão desiludido
convosco!
- Filho, tu tens de perceber ele
não tem o mesmo nível que tu. Ele é
pobre e, provavelmente, um
delinquente.
- Como? Vocês têm de
perceber que ele não é nenhum
delinquente! Se ao menos o
conhecessem... Para vocês, o que
importa são a aparência e o dinheiro
que temos. Não chega ser humilde e
honesto.
- Sabes que isso não é
verdade?
- Não é verdade? Começaram
a julgá-lo sem sequer o conhecerem.
Nunca ouviram dizer que antes de
tirarmos as nossas conclusões,
devemos ouvir os outros. Nunca
devemos tirar conclusões
precipitadas.
- Desculpa. Tens razão,
deixámo-nos levar pelas aparências.
- As aparências enganam. Vou
tentar falar com o Daniel.
- Espera, leva-lhe um recado
nosso, diz-lhe que ele e a família dele
estão convidados a virem cá jantar. É
a nossa maneira de lhe pedirmos
desculpa.
No dia seguinte, Tomás foi
falar com o Daniel e transmitiu-lhe o
recado, pedindo desculpa pelo que
acontecera. Perguntou-lhe se ele
aceitava o convite e ele respondeu
que sim.
Nessa noite, Daniel e a família
foram jantar a casa do Tomás.
Quando chegaram, a primeira coisa
que os pais do Tomás fizeram foi
pedir desculpa, estavam muito
arrependidos pelo que lhes disseram.
A partir daquele momento, os
pais do Tomás tiveram noção de que
não importa quanto dinheiro temos. O
que verdadeiramente importa são
os laços que nos unem!
Débora, 9ºB
39
O RESPEITO E A FALTA DELE
Será que sabemos o que hoje
em dia é o respeito? O respeito pelas
pessoas e pelo que elas são? Aliás, o
que será um valor?
Na aula de Moral, todos
estavam bastante sossegados,
quando se ouviu alguém fazer esta
pergunta. Parecia vir de longe mas,
ao mesmo tempo, ecoava bem perto.
Ao início, todos ficaram em silêncio
como que perguntando: Será que
sabemos?
- Ó stôra, no outro dia, li na
internet que o respeito é um
sentimento positivo de estima por
uma pessoa ou por uma entidade,
mas não percebi muito bem –
interveio a Joana, interrompendo todo
aquele silêncio.
- Ó minha querida, é natural.
São palavras bastante complicadas.
Há formas tão simples de explicar
tudo isso! Ninguém sabe uma
história? – perguntou a professora.
- Eu sei, eu sei! – disse o
Miguel, com o seu ar despachado!
- Então Miguel, conta lá. Mas
cuidado para não dizeres asneiras.
Pensa bem! – ordenou a professora.
- Então é assim… no outro dia,
estava no café com a minha mãe e
estava lá um senhor negro. Outro
senhor, que já estava meio bêbedo,
começou a gozar com ele por causa
da cor da pele e disse-lhe o que eu
nunca esperei ouvir. – continuou o
Miguel – Em resposta, o senhor negro
pediu -lhe para ele fazer um pequeno
corte no dedo que ele faria o mesmo.
Logo se veria se o sangue que corre
dentro das veias não era igual.
Um longo silêncio invadiu
aquela sala por instantes. Ninguém
pensara vir a ouvir aquela resposta,
até que a professora ganhou força
para falar:
- Este é um belo exemplo da
falta de respeito que existe na nossa
sociedade. Todos somos diferentes
por fora, mas todos temos
sentimentos e medos, e nada nem
ninguém deve criticar o que somos.
Mais altos ou mais baixos, mais
magros ou mais fortes, brancos ou
amarelos, o que interessa é a nossa
forma de viver e até que ponto ela
pode prejudicar os outros.
- Sim stôra, tem razão. –
acrescentou o David – Às vezes,
estamos com os nossos amigos e
passa alguém que, de uma ou outra
forma, é diferente e nós, sem hesitar,
criticamos esse indivíduo. Por vezes,
de forma tão brusca que nem
pensamos no que estamos a dizer e
em como ficaríamos se o fizessem
connosco.
40
- Acho que agora, já sei o que
é o respeito. – afirmou a Bárbara – É
um valor que devemos ter presente.
Uma forma de nos mostrarmos boas
pessoas. Todos temos de respeitar os
outros. A nossa liberdade não deve
acabar com a liberdade dos outros.
Todos temos esses direitos e, para
sermos felizes, não temos de criticar
ou maltratar.
- Tens razão, Bárbara! Se
todos respeitássemos o próximo, o
mundo seria muito melhor e todos
seriam mais felizes – concluiu a
professora.
Depois daquela aula, todos
ficaram a saber o que significa ter
respeito e ser respeitado.
Eva, 9ºB
41
Culpados
Recordo o passado como quem
vive um sonho. Da memória, não me
saem as luzes da ribalta e as músicas
que dão vida às passerelles. Trago
comigo o perfume doce e sofisticado
dos camarotes que vão ficando cada
vez mais distantes. Uma vontade
incessante de correr para trás e
abraçar todos os que de mim não se
despediram esmaga-me e faz-me
acelerar o passo.
Já percorri o equivalente a
cerca de cinco quarteirões e ainda não
me encontrei. O que foi feito de mim?
O que estou a fazer neste preciso
momento? O que poderia estar a fazer
se não estivesse aqui, só e inerte?
Quem sou eu? Quem era eu?
Da minha cabeça transbordam
centenas de questões, no entanto,
nem uma resposta. Há uma certeza
mas nessa, prefiro não pensar. Dói
recordá-la, recordar o que poderia ser
se ela não existisse. Tudo o que fui,
tudo o que era, tudo o que seria e
tudo o que poderia vir a ser. Tudo
mudou.
Mudou no dia em que eu entrei
naquele maldito bar. A noite estava
animada e as horas voaram, elas e
eu. Elas para não mais voltar, eu para
um quarto de hotel, não sei bem
como nem quando, mas de uma coisa
estou certa: preferia ter ido com elas.
Preferia ter ido para não mais
voltar do que ter acordado quando o
sol já ia alto, naquele quarto
desconhecido, confusa e atordoada, a
tentar recordar, sem sucesso, a noite
anterior. Junto à minha almofada
estava um bilhete. Era enorme e
quase tive vontade de o ignorar,
contudo devia ser importante. Li, na
primeira linha, a palavra ” DESCULPA-
ME” e na última podia ler-se:
Assinado, Culpado.
Li e reli cerca de cinco vezes o
bilhete que agora pesava no bolso de
trás dos meus jeans. Aquilo era
grave. Um barafustar de questões
afluiu aos meus pensamentos e senti
uma onda de agradecimento e
compaixão por aquele desconhecido.
Eu odiava aquela criatura
transcendente, no entanto, estava-lhe
imensamente grata. Destruíra a
minha vida, contudo, informara-me
daquilo que fizera.
Queria encontrá-lo e atirar-lhe
a torrente de impropérios que se
apoderava da minha mente, mas
sabia que não era correcto fazê-lo,
que quem quer que fosse, já estaria
mal o suficiente e não precisaria que
lho recordasse. Por outro lado, eu não
queria conhecer aquele ser horrível
que arruinou a minha vida e a tornou
numa verdadeira calamidade.
42
Fiz parar todas as minhas
linhas de pensamento incoerentes e
concentrei-me no que viria depois
daquilo. Estava demasiado confusa
para engendrar um plano triunfante,
pelo que a única coisa que me ocorreu
foi fugir. Fugir de tudo e de todos.
Enfiei as minhas roupas à pressão,
peguei na minha mala e corri para a
recepção. Puxei da mala uma quantia
que me parecia suficiente para pagar
uma semana num dos melhores
hotéis de Las Vegas e saí disparada
pela porta automática, saltando para
o banco de trás do primeiro táxi que
me apareceu.
Precisava de pensar. Por isso,
pedi-lhe que me levasse até à
floresta, longe da cidade e das
pessoas felizes que agora tanto
invejava.
Em vez disso, levou-me a um
parque nos subúrbios da cidade.
- Aqui ficará mais segura! –
Exclamou o taxista, um senhor que
ontem me pareceria simpático, bonito
e irreverente, mas que hoje não é
mais que uma fonte de ciúme.
Não consegui dizer nada,
peguei em mais um rolo de notas e
atirei-lho, enquanto saía. E agora aqui
estou eu, letárgica e frustrada,
ansiosa por ouvir alguém dizer-me
que tudo é mentira. Mas preciso de
encontrá-lo, onde quer que esteja,
está a sofrer mais que eu e sei que
devo ajudá-lo.
Parto, devagar, em direcção à
cidade que abandonara há já algumas
horas, em busca do ”Culpado”. Tudo
está claro. Sinto uma necessidade
aterradora de gritar para quem queira
ouvir. Sei que não é a decisão mais
correcta e limito-me a confrontar-me
com a verdade: O meu nome ERA
Margarida e antes eu falava o dialecto
do mundo da moda. Agora, sou
portadora do HIV e chamam-me
seropositiva. Ele é o culpado, mas não
o é sozinho, e quem quer que seja
esse Ele, precisa de mim.
Ana Patrícia Nunes, 9ºB
43
Solidariedade entre Amigos
A 1 de Fevereiro, Brian e Jonas
emigraram para o Brasil, porque nos
EUA tinham assaltado um banco para
poderem salvar o filho do Brian.
À chegada, um velho amigo
levou-os a conhecer melhor a cidade,
mas o grande objectivo dele era
convencê-los a cometer outro assalto,
para poder pagar a divida que tinha.
Assim, ao fim do dia, foram
para sua casa e convenceu-os.
Realizaram um plano e, no dia
seguinte, reuniram alguns elementos
do bairro, para definirem tarefas. No
total eram 8. O plano era roubar o
cofre do homem mais rico do Brasil, e
consistia em:
1º- Roubar um jipe e dois
carros da polícia para conseguirem
entrar no banco.
2º- Entrar no banco e preparar
o cofre.
3º- Com os dois carros rebocar
o cofre.
4º- Passar a fronteira.
No início, correu tudo bem,
mas houve um imprevisto. O banco
estava recheado de polícias e tiveram
de pôr em prática outro plano.
Compraram um cofre exactamente
igual ao que iam roubar, para
procederem à troca, sem ninguém dar
por isso. A troca teria lugar ao
passarem por baixo de uma ponte.
Como tinham um colega que
trabalhava na polícia, falaram com ele
para saberem a marca do cofre. Era
um CENTRALLOCK AK47, um dos
cofres mais seguros do mundo. Era
preciso obter a impressão digital do
dono para o abrir. Falaram com uma
colega que já tinha pertencido a um
grupo terrorista e se disponibilizou
logo para ajudar.
No dia acertado, tudo correu
como planeado. Assaltaram o banco,
trocaram os cofres e dividiram o
dinheiro entre eles. Brian pagou as
dívidas e começou uma vida nova. Os
outros fizeram o mesmo.
Conclusão: os grandes
amigos nunca se deixam de se ajudar,
quaisquer que sejam as
circunstâncias.
Igor, 9ºB
44
O grande valor da Amizade
Era uma vez uma rapariga
chamada Joana, que tinha dois
colegas: a Rita e o João. Houve um
dia em que não se estava a sentir
muito bem. Tinha febre, dores no
corpo, estava tão mal que até a Rita
disse:
- Vai ao médico, isso pode ser
grave!
- Não vou, isto não é nada.
Vais ver que, daqui a pouco, já estou
bem.
Os dias foram passando e não
havia um único em que a Joana se
sentisse bem… O João e a Rita
estavam sempre a dizer:
-Vai ao médico!
Mas ela dizia sempre o
mesmo:
- Não!
Até que um dia em que os
alunos estavam a ter Educação Física,
Joana subitamente desmaiou.
O João e a Rita, preocupados,
socorreram a amiga:
-Joana, acorda, Joana está
bem? Rápido chamem uma
ambulância!
Joana foi levada para o
hospital. Ficou lá uma tarde inteira a
fazer exames, até que descobriram
que ela tinha cancro. Os pais dela não
queriam acreditar no que ouviam.
Quando Joana regressou à vida real,
viu os seus pais estavam tão
desanimados que pergunta:
- Que se passa?
- Nada, não se passa nada.
Joana não acreditou nos pais e
voltou a perguntar-lhes seriamente:
- Que se passa?
- Joana, os resultados dos teus
exames não são os melhores, o
médico descobriu que tens…que tens
cancro!
Joana não queria acreditar no
que estava a ouvir.
-Isto só pode ser um pesadelo,
isto não pode estar a acontecer!
Passado uma semana Joana,
regressou à escola. Todos ficavam m
a olhar para ela como se ela tivesse
uma doença contagiosa. As únicas
pessoas que lhe deram apoio na
escola foram os professores e os seus
melhores amigos, o João e a Rita.
Joana dizia sempre:
-Obrigada por me apoiarem
neste momento tão difícil.
Enquanto foi fazendo os
tratamentos, difíceis e dolorosos, na
escola, os professores faziam
exposições e apresentações sobre a
doença que Joana tinha.
Os alunos ficaram admirados
com aquilo que descobriram. O João e
a Rita diziam às pessoas como é
importante terem apoio dos amigos e
45
familiares nestas alturas. Ao saberem
disso, os alunos sentiram-se culpados
por aquilo que lhe fizeram.
Quando Joana regressou à
escola, todos os seus colegas falavam
e brincavam com ela, como se nada
tivesse acontecido.
Joana ficou com a boca aberta
de admiração.
- Mas, o que é que se está a
passar?
O João e a Rita contaram tudo
o que fizeram a Joana. Ela ficou
felicíssima e depois exclamou:
- Eis o grande valor da
amizade!
Milene, 9ºB
46
Uma grande, eterna e forte amizade amorosa
Era véspera de Natal e um
homem necessitado apregoava pelas
ruas:
- Cidadãos deste país, você,
ela, e aqueles … todos nós! Sabeis
que temos um dia para a vida?
Desprezam-me por aquilo que faço e
por aquilo que sou, mas nunca vão
ser sábios como eu!
Ao passar por ele, uma mulher
disse:
- Dou-te essa esmola e vais
para casa comer.
- Não preciso de dinheiro,
porque sou um homem cheio de
riquezas.
Depois passou um empresário
rico e disse-lhe:
- Comprei comida a mais,
aceite esse quilo de arroz.
Rapidamente, e assustando o
empresário, o homem respondeu:
- Não preciso de alimento. Só
quero que me ouçam.
Uma senhora de idade, passou
pelo colchão onde ele estava deitado,
sentou-se ao lado seu dele e
perguntou-lhe:
- Estive aqui o dia todo
sentada e percebi que não precisa de
nada. Não tem filhos mulher? Nada?
O homem, chorando e
abraçando a mulher, lamentou-se:
- Tive vida, já não a tenho. Já
fui feliz, agora não sou nada. Podia
tentar ser melhor, mas o meu
passado nunca mo permitiria. Sou
uma unidade. Um único ser, sozinho e
sem ninguém…
E a mulher continuou:
-Não te criticarei pelo que
fazes ou pelo que és. Mas que erro foi
esse?
- Antes era bonito e tinha
amigos, mas fui usado por eles.
Deixaram me sem nada…
aproveitaram se de mim. Apenas uma
pessoa me apoiava, a minha falecida
mãe… que foi, e continua a ser, a
minha única amizade.
A mulher amparou o homem e
disse:
- Diz-me o teu nome. Preciso
de o saber. Levanta-te do lixo e vem
para casa, meu filho.
De súbito o homem desfaleceu
e morreu estendido no seu colchão.
Seguiu a sua mãe para um mundo
melhor...
Vinicius, 9ºB
47
O ATAQUE
Um grupo de amigos foi tirar
umas férias a África, pois tinham
trabalhado muito durante o ano
inteiro. No último dia de trabalho,
todos combinaram ir a um bar perto
da casa do Pedro. Chegado o dia, o
João não apareceu e ficaram muito
intrigados com a sua falta, pois ele
não era pessoa de faltar aos seus
compromissos. Ligaram-lhe, mas ele
não atendia. Por isso, preocupados,
foram à sua casa para ver se estava
tudo bem.
Quando chegaram, acharam
estranho a casa não ter luzes ligadas
e ter umas fitas da polícia impedindo
a passagem.
- Vou entrar, se vier aí alguém
ligam-me. - Disse o Nuno aos amigos
- É melhor não, pois pode
aparecer a polícia e depois metes-te
em conflitos, Nuno!
Mas o Nuno estava decidido.
Passado pouco tempo voltou à
entrada da casa. Os amigos
começaram logo a perguntar-lhe o
que se passava. Um bocado
perturbado com o que tinha visto,
Nuno não conseguiu responder de
imediato aos amigos. A casa do amigo
tinha sofrido um incêndio! Quando o
Nuno lhes acabou de dizer isso,
começaram todos a dizer que era
preciso descobrir o que se tinha
passado. Como já era muito tarde,
todos acabaram por decidir ir dormir.
Tratariam do assunto no dia seguinte.
II
Quando se voltaram a
encontrar para ir à polícia, notaram
que faltava outro amigo. Desta vez,
era o Nuno. Ficaram um bocado
receosos com o que se estava a
passar e decidiram ir à polícia, para
darem conta da ocorrência.
Como a casa do Nuno ficava na
direcção da polícia, decidiram passar
pela sua casa. Quando chegaram,
passou-se a mesma coisa que tinha
acontecido na casa do João.
Chegaram à esquadra e
contaram a história ao polícia que
estava na recepção. Este confirmou,
pesquisando informação no seu
computador, que tinham chegado à
cidade um grupo de imigrantes que
vinham a Portugal para irem a
julgamento pelos crimes que já
tinham cometido. Através de um
plano muito bem elaborado, tinham
conseguido fugir e andavam a monte.
Eram muito perigosos, e estavam na
lista dos mais procurados.
E era este grupo que andava a
fazer os ataques na cidade e o João
não passava de mais uma vítima
deles. Quando os amigos ficaram a
48
saber isto começaram a explicar que
nesse dia também tinha desaparecido
outro amigo com as mesmas
características do crime do João.
E o polícia explicou que devia
ser mais um crime deles e aconselhou
a irem passar umas férias ou apenas
passarem uns dias fora daquele país
pois podiam estar a ser vigiados pelo
grupo. Tudo isto porque já tinham
sido atacados dois colegas e podiam
estar para ser as próximas vítimas os
restantes amigos.
No fim, tudo acabou bem. Os
amigos acabaram por descobrir que o
Nuno e o Pedro tinham andado a falar
com umas pessoas sobre as suas
vidas, sobre a vida boa que levavam e
era isso que interessava ao grupo de
imigrantes.
Devemos aprender a não falar
da nossa vida particular em público.
Nuno, 9ºB