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Matéria publicada na Revista Ecoaventura 24, em setembro de 2011: Sigla em inglês para Sound Navigation and Ranging (ou determinação da distância pelo som), com o sonar o pescador pode encontrar cardumes, localizar habitat’s e estruturas submersas potencialmente atraentes para determinadas espécies, além de ser um auxílio na navegação. Ao aprender e interpretar a informação fornecida, o equipamento torna-se uma das peças mais importantes na pesca esportiva
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Não se trata de substituir a experiência do pescador nas técnicas utilizadas para cada pescaria, tampouco de
desprezar seu conhecimento sobre o há-bito e o conhecimento de cada espécie. Ao localizar um peixe por meio do sonar, não há garantias de que ele seja, de fato, fi sgado. Entretanto, a tecnologia utilizada por esse equipamento tem sido uma das principais forças de desenvolvimento da pesca comercial e amadora.
Seu princípio de funcionamento utiliza a emissão de ondas mecânicas de alta fre-quência por meio de um aparelho instalado nos barcos e acoplado a um receptor — cha-mado transdutor, cuja área de cobertura varia de acordo com o diâmetro de ângulo do cone feito por ele [veja fi gura]. O som emitido propaga-se na água, refl ete no fun-do dos oceanos ou em objetos (tais como peixes), retorna e é captado pelo receptor, que, por sua vez, registra a variação de tem-po entre a emissão e a recepção do som e faz cálculos para determinar a distância e a densidade do objeto detectado.
O som viaja a uma velocidade de 1.450 metros por segundo — quatro ve-zes mais rápido do que o transmitido pelo ar —, e os ecos do sinal são traduzidos
em imagens na tela LCD. Além de fazer leitura visual de informações subma-rinas, tais como a estrutura geológica (profundidade da água, consistência do
fundo e tipos de objetos), muitos apare-lhos oferecem funções complementares sobre temperatura d’água, velocidade da embarcação e distância percorrida.
Sigla em inglês para Sound Navigation and Ranging (ou determinação da distância pelo som), com o sonar o pescador pode encontrar cardumes, localizar habitat’s e estruturas submersas potencialmente atraentes para determinadas espécies, além de ser um auxílio na navegação. Ao aprender e interpretar a informação fornecida, o equipamento torna-se uma das peças mais importantes na pesca esportiva
OS OLHOS DO PESCADOR EMBAIXO D’ÁGUA
As ondas provenientes do transdutor transmitem um sinal em forma de cone, cujo diâmetro infl uencia o modo pelo qual muitos detalhes serão vistos. Para encontrar o diâmetro de cobertura de um transdutor em qualquer profundidade basta dividi-la por 7 (cone estreito) ou por 3 (cone largo). Quanto menor a frequência, por exemplo, 50 KHz, maior será o cone, porém menor será o detalhe da varredura
POR: MARCEL NISHIYAMA, JANAÍNA QUITÉRIO E JOÃO CAPARROZ | FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA | ARTE: TIAGO STRACCI
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Como INsTaLar?
A instalação depende do tipo de embarcação. Nos barcos de alumínio, o transdutor é colocado na parte externa do casco, já que o sinal emitido não consegue ultrapassar esse material. Entretanto, seu funcionamento costuma ser afetado pela turbulência gerada quando o barco está em movimento. Já nos barcos de fi bra, o transdutor pode ser colado internamente no casco. Nesse caso, o cálculo de profun-didade da água consegue ser feito mesmo em movimento e até em alta velocidade. Mas, independentemente do tipo de bar-co, muitos pescadores utilizam dois apa-relhos — um no console, outro no motor elétrico —, e alguns modelos são capazes de trabalhar em rede.
Instalação no motor elétrico
Transdutor instalado na parte externa do casco [traseira]
Nos barcos de fi bra, o transdutor é acoplado na parte interna do casco
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Como CoNFIGurar?
SensibilidadeA primeira dica é não deixar habilita-
do no aparelho o ajuste automático da sensibilidade (regulagem Power), pois, quando muito alta, mostra desneces-sariamente muita informação na tela. Essa regulagem varia de acordo com a
água. Se estiver limpa, deixe a potência mais alta; em água barrenta ou com muitas partículas em suspensão, como folhas, aconselha-se a usar menor sen-sibilidade para a tela não ficar poluída.
Frequência As duas frequências mais utilizadas
na pesca esportiva são 50 KHz e 200
KHz. A primeira é destinada a profundi-dades acima de 300 pés (91 metros), pois penetra melhor na água, enquanto a segunda é usada em águas mais ra-sas, sobretudo em água doce, uma vez que consegue identifi car mais detalhes, como peixes colados no fundo ou em estruturas, o que não acontece quando utilizamos baixa frequência.
Entre as marcas mais procuradas estão Lowrance, Hummingbird, Garmin, Raymarine, Eagle, entre outros. Dê preferência para modelos que sejam coloridos e possuam GPS integrado, como o modelo abaixo
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1 - No fundo, a imagem mostra um arco (A), que signifi ca peixe, e outro risco ao lado (B) que também pode ser interpretado como arco (peixe). Um pouco acima — logo abaixo da profundidade 2.9 m — tem uma concentração de manchas, que signifi ca um cardume de peixe pequeno. O restante das manchas menores deve ser descartado, pois pode ser suspensão ou até sensibilidade alta do sonar
3 - Ao optar pelo ajuste automático da sensibilidade, a tela fi ca poluída com muita informação
2 - A imagem tem logo na caída do drop off (variação drop off (variação drop offbrusca de profundidade) uma concentração de peixes pequenos (A), chamados pelos norte-americanos de shad. shad. shadHá muita vida nessa região, com cardumes de peixes pequenos, além de alguns arcos de peixes maiores (B)
4 - Nesta imagem, a ondulação no fundo está sendo causada pelo balanço do barco
SONAR: INDICAÇÕES NO VISOR
A
A
B
B
B
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Como usar?
A varreduraA maneira mais eficiente de fazer a
varredura em busca de estruturas ou de peixes é em zigue-zague.
Identificação de peixes Os peixes, em geral, são identificados
por arcos ou linhas contínuas. Quando o barco está parado em cima do peixe — e ele também está estático —, aparecerá na tela uma linha contínua, já que o transdutor de-tecta o peixe enquanto ele estiver na área do cone. O arco é desenhado quando o bar-co e/ou o peixe estiverem em movimento.
Identificação de bolhasO sonar consegue também captar
bolhas que saem do solo e sobem à super-fície, o que pode confundir os pescadores, sobretudo quem usa a opção ID FISH. Ape-sar disso, as bolhas são fáceis de ser identi-ficadas. Trata-se de linhas retas que sobem em diagonais da esquerda para a direita.
EstruturasTocos e pedras são identificados pelo
relevo no fundo. Árvores e galhos pelo seu formato singular. Algumas vezes, a iden-tificação de um peixe perto de estrutura pode ser falsa, já que pode ser confundido com galhos.
SoloCada sonar apresenta uma configura-
ção para a identificação do solo. Em geral, um solo macio aparecerá como uma faixa fina, pois o solo absorverá o pulso sonoro, e pouco voltará para a leitura do sonar. Em contrapartida, com solo duro será obtida uma faixa mais grossa e bem nítida, pois a maior parte do pulso sonoro será refletido para a leitura do sonar.
Diferenças de temperaturaTermoclima é a divisão de duas mas-
sas d’água com temperaturas diferen-tes. O sonar consegue identificar essa diferença porque a velocidade do som em um meio está ligada à sua densidade — a água fria é mais densa que a quente. Esse fenômeno é identificado na tela por uma mancha na meia-água com o contorno superior reto. Geralmente, a maioria das espécies consideradas presas estará posicionada perto da parte superior do termoclima por se tratar de uma água mais fértil e oxigenada da coluna d’água. Em consequência, os predadores pode-rão estar logo abaixo de suas presas.
A bexiga natatória, cheia de ar, tem uma densidade diferente da água do mar, e isso possibilita que seja identificado pelo sonar
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