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PÁGINA 4 - MAIO DE 2011 Parques sofrem com a falta de cuidados O lixo dos usuários tira parte da beleza e do equilíbrio ambiental dos parques da Zona Leste Karen Neves A população degrada a natureza jogando lixo, roupas e até um guarda-chuva na grama Os parques urbanos têm a fina- lidade de manter em conservação um determinado perímetro de área verde, contribuindo para a qualidade do ambiente e podem ser uma boa al- ternativa para a arborização da cidade. O modelo dos parques urbanos serve para a integração da comunidade que reside em volta do parque, eles con- tam com oficinas, playground, centro de convivência e telecentros. Embora todos os benefícios que estes parques trazem à população, muitas destas áreas verdes, que são cercadas pela Prefeitura, estão aban- donadas. Nestes locais, são encontra- dos lixos ao pé das árvores e roupas espalhadas pela grama. Muitas vezes, moradores das proximidades contri- buem para a depredação destas áreas. “Já tive oportunidade de ver o cuida- do de funcionários na coleta de lixo e limpeza do Parque do Carmo. Somos nós, que por maus hábitos, jogamos uma latinha aqui e ali, quebramos de galhos a torneiras. São agressões silenciosas ao manto verde”, conta Nil Dutra, operadora da loja Paulinas. Em alguns parques também há problemas com a segurança devido ao vandalismo. O problema vai desde lixeiras quebradas até o roubo das torneiras dos banheiros. “Sempre há casos de furtos das torneiras, já foi colocada torneira de plástico na tentativa de diminuir, mas não adian- tou. A administradora do parque vai à delegacia prestar queixa toda vez que some alguma coisa do parque”, conta a estagiária que trabalha no Parque Chácara das Flores, Leandra Rossi. Os parques estão em constante manutenção, mas segundo os funcio- nários dos parques há a necessidade de maior contribuição dos moradores da região. “Todos os dias a equipe faz a limpeza. A vizinhança no entorno melhorou na contribuição para preservar o parque mas podem co- Parque do Carmo: área verde exuberante de 1,5 milhão de m 2 é destaque na Zona Leste laborar mais, declara Tatiana Nunes, encarregada da empresa que cuida da limpeza do parque, composta por 14 funcionários. Um bom exemplo de partici- pação e ajuda ao meio ambiente vem da artista plástica Luha. Ela é frequentadora dos parques da Zona Leste e em suas visitas recolhe folha- gens, sementes, cascas de árvores e gravetos caídos. Com estes materiais ela desenvolve obras variadas, como quadros, balaios, enfeites, colares que chamam a atenção para a natu- reza e sua preservação. Nas visitas ao parque, uma coisa tem preocupado a artista plástica: os visitantes não MEIO AMBIENTE Mirian Freitas Thais Gonçalves colaboram com a preservação do parque. “Enquanto recolho algumas folhas para transformar em arte, vejo pessoas do meu lado jogando resí- duos de suas refeições fora da lixeira. A natureza nos dá beleza e ar puro, nós vamos até seus espaços sagrados e deixamos sujeira que leva muito tempo para se decompor”, lamenta. Luha ainda comenta sobre os parques em que notou mais falta de cuidado por parte da população. “Em todos os parques há falta de respeito ecológico devido a falta de cons- cientização ambiental dos usuários. Frequento muito mais o parque Eco- lógico do Tietê. Mas notei diversidade Ter contato com a natureza; Curtir o ar livre; Jogar bola; Brincar com cachorro; Andar de bicicleta, patins e skate; Caminhar ou correr; Ficar deitado na grama; Assistir a shows e a peças teatrais; Bater um papo debaixo de alguma árvore; Fazer piquenique; Fazer um churrasco com os amigos; Descontrair um pouco, esquecer da vida; Praticar esportes. Plantas e flores não devem ser arrancadas; Jogue o lixo nas lixeiras respeitando as divisões de reciclagem: metal, papel, plástico e orgânico; Evite perturbar e alimentar os animais; Não faça inscrições em árvores; Prefira o som das aves e do vento batendo nas folhas, evite aparelhos sonoros; Leve sacolas para jogar o seu lixo. O que as pessoas gostam nos parques Como conservar os parques Boas dicas para o usuário Anselmo Duarte vegetal no Parque Chico Mendes e Parque do Carmo, que proporcionam tanto lazer e colírio verde”. A UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz , é uma colaboradora dos Núcleos Descentralizados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e dos diretores de parques em atividades de educação ambiental. Ela oferece atividades de sensibilização das pessoas para o meio ambiente e o convívio de uma forma geral, como o tai-chi, as danças circulares, a contação de histórias, por exemplo. Além de realizar atividades de educação ambiental nos parques, são oferecidos cursos e programas em locais adequados para que se expanda na cidade a consciência de que todos fazem parte da saúde ambiental e social e precisamos cuidar do espaço público e das relações estabelecidas. “Compreendendo que faz parte da comunidade, da vida e o sentido da cidadania, o cidadão morador ou vi- sitante da cidade e frequentador dos parques participará ativamente do cui- dado desse espaço público. O exemplo pessoal é a melhor forma de expandir comportamentos que preservam o ambiente e as relações”, reponde a diretora da UMAPAZ, Rose Marie Inojosa, quando questionada sobre como os frequentadores dos parques podem contribuir para a preservação e equilíbrio ecológico das áreas verdes. Parque do Carmo Localizado na avenida Afonso de Sampaio e Souza, 951, em Itaquera, foi inaugurado pelo prefeito Gilberto Kassab em 2000. Um dos destaques do parque é um monumento para comemorar o Centenário da Imigra- ção Japonesa idealizado pelo escultor Kota Kinutani, que forma um jardim com sete pedras. No centro da obra, há uma pedra vermelha, representan- do o “País do Sol Nascente”. A área total do parque é de 1,5 milhão de m². Chácara das Flores Com 41.737, 54m², o parque localizado na estrada Dom João Nery, 3.551, no Itaim Paulista, possui diversidade de aves, como sanhaçus, sabiás, canário-sapé, cambacicas, piá- cobra, gavião-peneira, joãoteneném, relógio e a espécie de primata sagui- de-tufo-branco. Outras opções de lazer são o galpão coberto para jogos, quadra poliesportiva, playground, deck para contemplação e pátio de descanso, trilhas, pista de cooper e caminhada e aparelhos de ginástica. O parque existe desde 2002. Italo Silva

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Parques sofrem com a falta de cuidadosO lixo dos usuários tira parte da beleza e do equilíbrio ambiental dos parques da Zona Leste

Karen N

eves

A população degrada a natureza jogando lixo, roupas e até um guarda-chuva na grama

Os parques urbanos têm a fina-lidade de manter em conservação um determinado perímetro de área verde, contribuindo para a qualidade do ambiente e podem ser uma boa al-ternativa para a arborização da cidade. O modelo dos parques urbanos serve para a integração da comunidade que reside em volta do parque, eles con-tam com oficinas, playground, centro de convivência e telecentros.

Embora todos os benefícios que estes parques trazem à população, muitas destas áreas verdes, que são cercadas pela Prefeitura, estão aban-donadas. Nestes locais, são encontra-dos lixos ao pé das árvores e roupas espalhadas pela grama. Muitas vezes, moradores das proximidades contri-buem para a depredação destas áreas. “Já tive oportunidade de ver o cuida-do de funcionários na coleta de lixo e limpeza do Parque do Carmo. Somos nós, que por maus hábitos, jogamos uma latinha aqui e ali, quebramos de galhos a torneiras. São agressões silenciosas ao manto verde”, conta Nil Dutra, operadora da loja Paulinas.

Em alguns parques também há problemas com a segurança devido ao vandalismo. O problema vai desde lixeiras quebradas até o roubo das torneiras dos banheiros. “Sempre há casos de furtos das torneiras, já foi colocada torneira de plástico na tentativa de diminuir, mas não adian-tou. A administradora do parque vai à delegacia prestar queixa toda vez que some alguma coisa do parque”, conta a estagiária que trabalha no Parque Chácara das Flores, Leandra Rossi.

Os parques estão em constante manutenção, mas segundo os funcio-nários dos parques há a necessidade de maior contribuição dos moradores da região. “Todos os dias a equipe faz a limpeza. A vizinhança no entorno melhorou na contribuição para preservar o parque mas podem co-

Parque do Carmo: área verde exuberante de 1,5 milhão de m2 é destaque na Zona Leste

laborar mais, declara Tatiana Nunes, encarregada da empresa que cuida da limpeza do parque, composta por 14 funcionários.

Um bom exemplo de partici-pação e ajuda ao meio ambiente vem da artista plástica Luha. Ela é frequentadora dos parques da Zona Leste e em suas visitas recolhe folha-gens, sementes, cascas de árvores e gravetos caídos. Com estes materiais ela desenvolve obras variadas, como quadros, balaios, enfeites, colares que chamam a atenção para a natu-reza e sua preservação. Nas visitas ao parque, uma coisa tem preocupado a artista plástica: os visitantes não

MEIO AMBIENTE

Mirian FreitasThais Gonçalves

colaboram com a preservação do parque. “Enquanto recolho algumas folhas para transformar em arte, vejo pessoas do meu lado jogando resí-duos de suas refeições fora da lixeira. A natureza nos dá beleza e ar puro, nós vamos até seus espaços sagrados e deixamos sujeira que leva muito tempo para se decompor”, lamenta.

Luha ainda comenta sobre os parques em que notou mais falta de cuidado por parte da população. “Em todos os parques há falta de respeito ecológico devido a falta de cons-cientização ambiental dos usuários. Frequento muito mais o parque Eco-lógico do Tietê. Mas notei diversidade

Ter contato com a natureza;Curtir o ar livre;Jogar bola;Brincar com cachorro;Andar de bicicleta, patins e skate;Caminhar ou correr;Ficar deitado na grama;Assistir a shows e a peças teatrais;Bater um papo debaixo de alguma árvore;Fazer piquenique;Fazer um churrasco com os amigos;Descontrair um pouco, esquecer da vida;Praticar esportes.

Plantas e flores não devem ser arrancadas;Jogue o lixo nas lixeiras respeitando as divisões de reciclagem: metal, papel, plástico e orgânico;Evite perturbar e alimentar os animais;Não faça inscrições em árvores;Prefira o som das aves e do vento batendo nas folhas, evite aparelhos sonoros;Leve sacolas para jogar o seu lixo.

O que as pessoas gostam nos parques

Como conservar os parques

Boas dicas para o usuárioAnselmo Duarte

vegetal no Parque Chico Mendes e Parque do Carmo, que proporcionam tanto lazer e colírio verde”.

A UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz , é uma colaboradora dos Núcleos Descentralizados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e dos diretores de parques em atividades de educação ambiental. Ela oferece atividades de sensibilização das pessoas para o meio ambiente e o convívio de uma forma geral, como o tai-chi, as danças circulares, a contação de histórias, por exemplo. Além de realizar atividades de educação ambiental nos parques,

são oferecidos cursos e programas em locais adequados para que se expanda na cidade a consciência de que todos fazem parte da saúde ambiental e social e precisamos cuidar do espaço público e das relações estabelecidas. “Compreendendo que faz parte da comunidade, da vida e o sentido da cidadania, o cidadão morador ou vi-sitante da cidade e frequentador dos parques participará ativamente do cui-dado desse espaço público. O exemplo pessoal é a melhor forma de expandir comportamentos que preservam o ambiente e as relações”, reponde a diretora da UMAPAZ, Rose Marie Inojosa, quando questionada sobre como os frequentadores dos parques podem contribuir para a preservação e equilíbrio ecológico das áreas verdes.

Parque do Carmo

Localizado na avenida Afonso de Sampaio e Souza, 951, em Itaquera, foi inaugurado pelo prefeito Gilberto Kassab em 2000. Um dos destaques do parque é um monumento para comemorar o Centenário da Imigra-ção Japonesa idealizado pelo escultor Kota Kinutani, que forma um jardim com sete pedras. No centro da obra, há uma pedra vermelha, representan-do o “País do Sol Nascente”. A área total do parque é de 1,5 milhão de m².

Chácara das Flores

Com 41.737, 54m², o parque localizado na estrada Dom João Nery, 3.551, no Itaim Paulista, possui diversidade de aves, como sanhaçus, sabiás, canário-sapé, cambacicas, piá-cobra, gavião-peneira, joãoteneném, relógio e a espécie de primata sagui-de-tufo-branco. Outras opções de lazer são o galpão coberto para jogos, quadra poliesportiva, playground, deck para contemplação e pátio de descanso, trilhas, pista de cooper e caminhada e aparelhos de ginástica. O parque existe desde 2002.

Italo Silva