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PÁGINAS 6 A 9 VAI O LIXO PARA ONDE CONHEÇA O ATERRRO SUBTERRÂNEO QUE RECEBE QUASE 40% DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS NO RS ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 2019 COMPORTAMENTO 50 ANOS DEPOIS, AS DESCULPAS DA POLÍCIA POR STONEWALL INN PÁGINA 13 DESCUBRA O CARRO CRIADO POR ALUNOS DE ENGENHARIA EM ERECHIM. ELE FAZ MAIS DE 500 KM/LITRO PÁGINAS 16 A 18 Celina Joppert, consultora empresarial “SER FELIZ DÁ TRABALHO. É UM CULTIVO” PÁGINAS 2 A 4 Nº173 Área de 73 hectares em Minas do Leão é visitada, diariamente, por 139 caminhões carregados. Sob o solo, já há 14 milhões de toneladas de lixo

PARAONDE VAIOLIXO - CNT · 2019. 9. 26. · 50ANOSDEPOIS,ASDESCULPAS DAPOLÍCIAPORSTONEWALLINN PÁGINA13 DESCUBRAOCARROCRIADOPOR ALUNOSDEENGENHARIAEMERECHIM. ELEFAZMAISDE500KM/LITRO

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Page 1: PARAONDE VAIOLIXO - CNT · 2019. 9. 26. · 50ANOSDEPOIS,ASDESCULPAS DAPOLÍCIAPORSTONEWALLINN PÁGINA13 DESCUBRAOCARROCRIADOPOR ALUNOSDEENGENHARIAEMERECHIM. ELEFAZMAISDE500KM/LITRO

PÁGINAS 6 A 9

VAI OLIXOPARA ONDE

CONHEÇA O ATERRROSUBTERRÂNEO QUE RECEBEQUASE 40% DOS RESÍDUOS

PRODUZIDOS NO RS

ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 2019

COMPORTAMENTO50 ANOS DEPOIS, AS DESCULPASDA POLÍCIA POR STONEWALL INNPÁGINA 13

DESCUBRA O CARRO CRIADO PORALUNOS DE ENGENHARIA EM ERECHIM.ELE FAZ MAIS DE 500 KM/LITROPÁGINAS 16 A 18

Celina Joppert,consultora empresarial“SER FELIZ DÁ TRABALHO. É UM CULTIVO”PÁGINAS 2 A 4

Nº173

Área de 73 hectares emMinas do Leão é visitada,

diariamente, por 139 caminhõescarregados. Sob o solo, já

há 14milhões de toneladas de lixo

Page 2: PARAONDE VAIOLIXO - CNT · 2019. 9. 26. · 50ANOSDEPOIS,ASDESCULPAS DAPOLÍCIAPORSTONEWALLINN PÁGINA13 DESCUBRAOCARROCRIADOPOR ALUNOSDEENGENHARIAEMERECHIM. ELEFAZMAISDE500KM/LITRO

“Gotinha”quevailonge

Desde a estreia,a série Singular já passoupormais de 70municípiosgaúchos. Acesse todasas histórias:gauchazh.com/singular

Erechim

PortoAlegre

29/6 – Porto AlegrePróxima parada:

ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 201916

ESTUDANTES DE ENGENHARIAMECÂNICA CRIAM VEÍCULO QUEANDA 543 QUILÔMETROS COM

UM LITRO DE GASOLINA E, DEQUEBRA, DESENVOLVEM NOÇÕES

DE ADMINISTRAÇÃO, GESTÃO,MARKETING E RECURSOS HUMANOS

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ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 2019 17

Texto

GUILHERME [email protected]

Imagens

ANDRÉ Á[email protected]

S eja demanhã, à tarde,à noite ou emplenamadrugada, umgrupode jovens pode ser visto

diligentementemexendo emumveículo branco, de formato estranho,aparência que indica fragilidade eque, a julgar pelo que se vê, não temnada de especial. Eles testam, abrem,fecham,mexem, levampara cá epara lá. Passampor praças, galpões,avenidas, o estacionamento de umsupermercado. Estudam, dia apósdia,maneiras de tornar o “carrinho”,comoo chamam, cada vezmelhor.A equipeDropTeam, formada por

estudantes de EngenhariaMecânicano campus Erechim do InstitutoFederal de Educação, Ciência eTecnologia do Rio Grande do Sul(IFRS), fez o protótipo do zero.O nome do time – drop, em inglês,nesse contexto, significa “gota”– faz referência ao formato doveículo, assim desenhado embuscade aerodinâmica, e também aoobjetivo dos jovens: fazê-lo ir longerodando com apenas uma gota decombustível. A equipe tenta tambémdesenvolver tecnologias que possamser implementadas em larga escalapara diminuir a poluição e reforçaro uso racional dos recursos fósseis.Eles estão chegando lá. OAlbatroz

(informaçãode bastidores: o nomedoúltimomodelo havia sido trocadopara “Murphy”,mas as coisas

começaramadar errado, talvezpor conta de uma certa lei...) vooubaixo emcompetição realizada naCalifórnia (EUA), emabril: alcançou543 quilômetros por litro de gasolina,conquistando a terceira colocaçãona categoria combustão internaa gasolina, atrás de uma equipecanadense e umanorte-americana.É issomesmo: um veículomovido

a gasolina e desenvolvido no Brasilconseguiu se locomover demaneira35 vezesmais eficiente que amarcade um carro de rua consideradoeconômico, que rode 15 quilômetroscomum litro de gasolina. E sagrou-semerecedor do título de veículomais eficiente da América Latina,em competição realizada pelamultinacional petrolífera Shell.– Ele vibra bastante, a condução

é pesada, comparando comumautomóvel de rua. Omotoristafica quase imóvel, encolhido, parapoder caber nele. É questão deaerodinâmica. Por incrível quepareça, é apertado – fala IzequielBalsanelo, 21 anos, estudantedo 5º semestre de EngenhariaMecânica e piloto do “carrinho”.Oveículonãoprezapeloconforto:

pesa cerca de 50quilos, recebe umúnicopassageiro–oprópriopiloto–eédifícil demanobrar.Basicamente, sósemovepara frente, fazendo até 50quilômetros por hora (os alunos nãopassamde 20, por segurança).Mas

é para isto que servemos protótipos:para testar conceitos que, se deremcerto, podemseraplicadosnosveículosdodia adia.Enão seriabom?–Aspessoas achamquase

inacreditável. O quemais notamosé umestranhamento: “Meu carroconsegue fazer nomáximo 15quilômetros por litro”, dizem, “e vocêsfazem500!”.Mas é a tecnologia, né?Oprincipal fundamento doprotótipoé você desenvolver a tecnologia parapoder aplicar no carro de rua.Ou seja, toda a tecnologiadesenvolvida aqui umdia vai seraplicada emumcarro de rua. Aindaquedificilmente umcarro de ruavá fazer umaquilometragemdessa,devido àmassa – pondera o piloto.O projeto, hoje com 14 alunos

e dois professores integrantes,começou em2016, quando aequipe participoude sua primeiracompetição.Naquele ano, porém, elessequer conseguiramfinalizar a prova.–Aquilo nos deixou com

“sangue nos olhos”. Queríamosmuitoconseguir resultadosmelhores. Entãocomeçamos a trabalharmais emais,e em2017 já chegamos aopódio damaratonanacional para veículoseficientes. Ano após ano, temos feitomodelosmelhores, sempre buscandoumaprimoramento –descreveGabriel Salini, 21 anos, alunodo9º semestre e ex-capitão da equipe.Mas não é só de competição e bons

resultados que o timeDrop é feito.O que faz eles levantaremcedo,ocuparemdiversos turnos fora de aulapreocupados comaveloz “gotinha”e, por vezes, seguiremmadrugadaadentro testando amáquina não éapenas a busca de status e recordes:é o companheirismo euma série deaprendizados que tambémse buscadesenvolver entre os integrantes.O responsável é o professorAirton

CampanholaBortoluzzi, que lecionatanto no curso técnico quanto nobacharelado emMecânica.No IFRS,comonos demais institutos federais,toda pesquisa émuito voltada parasua aplicação prática. E é comessaideia queBortoluzzi decidiu criar aequipe. Engenheiro comdestacadacarreira profissional – estava prestesa disputar umcargo de gerente deprojetos emumagigantesca empresade alimentos quando resolveudaraulas –, ele quer passar tanto osconhecimentos teóricos quanto osempíricos para os jovens.–Não é só para dar aula que vou lá.

Ajudo os alunos, futuros engenheiros,a fazer o que eu fazia. Se possível,fazermelhor, porque vão contarcomminha experiência. É isso quetento passar noprojeto: a parte degerenciamento, de planejamento,de atingimento demetas, e buscar atécnica necessária. Fico satisfeitocom isso, esse é omeu resultadodoprojeto – garante o professor.

ECONÔMICOA equipe Drope Team completa,diante de seu orgulho: o Albatroz.Na página ao lado, o alunoIzequiel dentro do “carrinho”

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ZERO HORA | SÁBADO E DOMINGO | 22 E 23 DE JUNHO DE 201918

Esses ensinamentos são passadosdesde a seleção. Curiosamente, nãose olha para ohistórico escolar dosconcorrentes: os “recrutadores” –sim, porque tudo funciona comose fosse uma empresa de verdade– avaliamo comportamento, amotivação e a capacidadede trabalharemgrupodos interessados. O que sebusca,mais do que a criação de umcarro eficiente, é a evolução de cadaumapartir da evolução da equipe.– E, a partir disso, a gente tem

avaliação do desenvolvimentoindividual. Orientamos eles sempreembusca domelhor desempenho– orgulha-se Bortoluzzi.Nas paredes dos laboratórios

utilizados pela equipe, logo se notaesse foco. Há seções com anotaçõessobre o que se fez ou se está fazendo,o que se testou e o que se estáplanejando, quais são os problemase quais as sugestões paramelhorar.Os próprios alunos definiramumaespécie de livro de regras queprevê, para os faltosos oumenosparticipantes, punições como a nãoparticipação de competições e, maisgrave de todas, a expulsão do grupo.É tudo levadomuito a sério.Tambémpudera: a “brincadeira”,

alémdedemandarmuito tempodeles,tambémcusta caro. Cadamodelotemumcusto estimadode atéR$40mil. Desde o início doprojeto,calcula o coordenador do grupo,foramgastos aproximadamenteR$200mil entre desenvolvimento deprotótipos, viagens para participar decompetições e compra demateriais.O instituto federal banca algumasdessas despesas,mas amaior parte sóé possível por conta de patrocínios.Para essa turma, representar

Erechim, o Rio Grande do Sule o Brasil com resultados tão

significativos é uma formade devolver à comunidade osinvestimentos feitos no ensinopúblico. Por isso a equipe estásempre pensando em formas demostrar suas conquistas e agradecerpelo apoio que tem recebido.Mas eles queremmais.Agora, com toda a disposição que

já demonstraram emotivados pelosbons resultados obtidos, o objetivo éaprimorar o protótipo até conseguirtorná-lo aindamais eficiente,chegando aosmil quilômetrospor litro. Alguémduvida?

O que é?Protótipo Veicular deAlta Eficiência Energética

Quem faz?Equipe Drop Team, formada porestudantes de Engenharia Mecânicado Instituto Federal do Rio Grandedo Sul (IFRS) – Campus Erechim

Desde quando?A ideia do projeto começou em 2015,e em 2016 a equipe já participavade competições nacionais

ResponsávelProfessor Airton Campanhola Bortoluzzi

ApoioDiversas empresas e entidades de Erechim

ObjetivoAmeta atual da equipe édesenvolvero primeiro veículo brasileiro comautonomia demil quilômetrosconsumindoapenas um litro degasolina – seria um recordenopaís

Conquistas• 3º lugar na Shell Eco-marathonBrasil 2017 (Rio de Janeiro/RJ)• 1º lugar na Shell Eco-marathonBrasil 2018 (Rio de Janeiro/RJ)• 3º lugar na Shell Eco-marathonAmericas 2019 (Sonoma, Califórnia/EUA)• Medalha de Mérito LegislativoErechinense e Comenda Boa Vistado Erechim – Centenário

Para saber maisfacebook.com/dropteamifrs

O PROJETO

O GRANDEAPRENDIZADO É

FAZER COM QUE AENGENHARIA SEJA

APLICADA NA PRÁTICA.LOGO NA SELEÇÃO

OS ALUNOS PERCEBEMQUE A PARTE TÉCNICA

É SECUNDÁRIA.O OBJETIVO DOPROJETO NÃO É

O CARRO: É ODESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL EPESSOAL DELES.

AIRTON CAMPANHOLABORTOLUZZI

Professor de Mecânica doIFRS – campus Erechim

ENSINOOprofessor Bortoluzzi (acima) usa oprojeto para implementar lições de trabalhoem equipe, planejamento e atingimento de metas na área de engenharia

DIA A DIAOs estudantes trabalham em todas as fases do projeto, que é pago peloInstituto Federal do RS e por empresas e entidades parceiras de Erechim