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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.6, n.6, p.82-97 , jul/dez.2015
Participação Feminina no Mercado de Trabalho
Danilo Dias Muniz – acadêmico do curso de Administração do Centro Universitário Estácio
Uniseb de Ribeirão Preto. email: [email protected]
Felipe Barcellos Bacha - acadêmico do curso de Administração do Centro Universitário
Estácio Uniseb de Ribeirão Preto. email: [email protected]
Julia Massini Pinto - acadêmico do curso de Administração do Centro Universitário Estácio
Uniseb de Ribeirão Preto. email: [email protected]
Resumo
Este estudo procura evidenciar a mudança do papel da mulher na sociedade e
consequentemente o crescimento significativo da mesma no mercado de trabalho, apresentando
um pouco da história feminina traçada desde os primórdios até o século XXI, assim como
mostrar as dificuldades por elas enfrentadas e a diferença que ainda existe em relação aos
homens, principalmente no quesito salário e cargos no trabalho. Concluiu-se, por meio de
pesquisas bibliográficas e dados do IBGE, Instituto Vida e Carreira, Programa das Nações
Unidas para o desenvolvimento (PNUD) e Catho, que o diferencial entre homens e mulheres
de salário e de níveis de cargos no emprego diminuem a cada ano, porém esta queda não é
muito significativa. Concluiu-se também que mesmo conquistando um espaço maior no
mercado de trabalho, a mulher continua sendo a principal responsável pelas atividades
domésticas e criação dos filhos, fatos estes que são responsáveis pelos principais
influenciadores negativos dela no mercado de trabalho.
Palavras-chaves: Mercado de Trabalho, Mulheres, Desigualdade no Trabalho, Diferença
Salarial.
Introdução
Este artigo trata sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho. Antigamente, as
convenções ditavam que o marido era o provedor do lar, enquanto as mulheres realizavam
basicamente afazeres domésticos e cuidavam dos filhos. As que tinham necessidade, exerciam
tarefas como costuras e comidas para venda, sendo mal vistas pela sociedade e não valorizadas.
A mulher foi introduzida no mercado de trabalho quando a I e II Guerras Mundiais
ocorreram (1914-1918 e 1939-1945), momento em que os homens iam para as frentes de
batalhas e elas tinham que assumir o lugar dos maridos no mercado de trabalho. Devido a
enorme quantidade de homens que foram mortos nas batalhas, e sobreviventes que voltaram
para seus lares incapacitados, elas continuaram trabalhando.
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Com a Revolução Industrial, período de intenso desenvolvimento tecnológico e
surgimento de novas máquinas, houve uma considerável transição da mão de obra feminina
para as fábricas. O trabalho da mulher era muito utilizado e preferido pelos empresários, uma
vez que elas aceitavam salários inferiores aos dos homens, pelo mesmo serviço realizado.
No Brasil, o aumento da participação feminina no trabalho ocorreu na década de 1970,
quando era notável a expansão da economia, da urbanização e da industrialização. Esse
momento se fez favorável à uma incorporação de novos trabalhadores, inclusive do sexo
feminino. Hoje as mulheres se infiltraram em todos os setores do mercado de trabalho e
atingiram cargos de alta responsabilidade. No entanto, é importante ressaltar que a participação
feminina no mercado de trabalho, desde o início até hoje, é conduzida, juntamente, por um
elevado grau de discriminação.
Além de enfrentar a discriminação no mercado de trabalho, como a desigualdade salarial
e apresentar uma porcentagem significativamente menor nos cargos mais importantes, a mulher
está deixando a maternidade e projetos pessoais para depois da obtenção do sucesso
profissional.
O presente artigo está organizado da seguinte forma: um pouco da história da
participação da mulher no mercado de trabalho, a questão da desigualdade que as mesmas
sofrem em relação ao salário e cargos no trabalho e os fatores que influenciam a mulher no
mercado de trabalho.
O objetivo do artigo é investigar a história da mulher no mercado de trabalho, bem como
verificar como a mulher do século XXI já conquistou o mercado e cada vez o vem conquistando
mais, e ao mesmo tempo, como ainda existem desigualdades em relação aos homens. Também
será mostrado como ela está se comportando e quais as dificuldades e fraquezas enfrentadas.
1 Quadro Teórico
1.1 A História da Mulher no Mercado de Trabalho
Nos primórdios da humanidade, a partir do surgimento das relações familiares entre
homens e mulheres, as mesmas nasciam e já eram educadas com o objetivo de satisfazer os
homens, cuidarem da casa, dos filhos e da alimentação. Devendo ser mais educadas do que
instruídas, gerando a imagem ideal da mulher como esposa e mãe (OST, 2009).
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Segundo Barros (1995), na antiguidade, sobretudo no Egito antigo, a tecelagem
constituía uma ocupação reservada às mulheres, cabendo-lhes tosquiar as ovelhas e tecer a lã.
Também há registros de trabalho feminino na ceifa do trigo, no preparo da farinha e na massa
do pão, enquanto os homens o assavam. Na Roma e na Grécia antiga a situação das mulheres
era semelhante, mas no cenário entre gauleses e germânicos a situação da mulher aproximava-
se mais da do homem, chegando a participar de guerras e da construção de residências, sendo
que a agricultura era de sua exclusiva responsabilidade.
Na Idade Média a agricultura continuava sendo a principal atividade das mulheres, ao
lado dos trabalhos de tapeçaria, ourivesaria e fabricação de roupa. Do século X ao XIV as
profissões comuns aos dois sexos se avolumam, havendo mulheres escrivãs, médicas e
professoras. No Renascimento as mulheres vão perdendo várias atividades que lhes pertenciam
e se confinam entre as paredes domésticas (BARROS, 1995).
A participação da mulher no mercado de trabalho teve seu início com a I e II Guerras
Mundiais, respectivamente de 1914-1918 e de 1939-1945, quando os homens foram para a
frente de batalha e as mulheres passaram a assumir os negócios da família. Quando tais guerras
acabaram, trouxeram consigo a perda de muitos dos homens nos campos de batalha e o regresso
de muitos dos demais, mutilados ou impossibilitados de exercer o trabalho como anteriormente.
E justamente nesse momento as mulheres sentiram-se na obrigação de deixar a casa e os filhos
para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos maridos (PRIORE,
BASSNEZI, 1997).
De acordo com Priore e Bassnezi (1997), no século XIX, com os avanços tecnológicos
e a consolidação do sistema capitalista, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para
as fábricas. E desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Foi determinado na
Constituição de 34 que sem distinção de sexo, o trabalho de igual valor deveria receber o mesmo
salário, que a mulher não deveria trabalhar das 22 às 5 da manhã, proibiu-se o trabalho da
mulher grávida quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois e a dispensa da mesma
pelo simples fato da gravidez.
Segundo Hoffmann e Leone (2004), a partir da década de 70 intensificou-se a
participação das mulheres na atividade econômica em um contexto de expansão da economia
brasileira, num acelerado processo de industrialização e urbanização, sendo que as
trabalhadoras eram em sua maioria jovens, solteiras e pouco escolarizadas. A participação
feminina no mercado de trabalho prosseguiu na década de 80, apesar da estagnação da atividade
econômica e da deterioração das oportunidades de ocupação. Nesta mesma década, as mulheres
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com idade acima de 25 anos, chefes e cônjuges, com níveis mais elevados de instrução e com
nível de renda não muito baixo, foram as que mais aumentaram sua participação no trabalho
remunerado.
A década de 90 caracterizou-se pela intensa abertura econômica, pelos baixos
investimentos e pela terceirização da economia e traz consigo a continuidade da crescente
incorporação da mulher na força de trabalho. No entanto, nesta década, incrementou-se o
desemprego feminino, indicando que o aumento de postos de trabalho para mulheres não foi
suficiente para absorver a demanda feminina por trabalho. A força de trabalho nos anos 90, em
decorrência do estreitamento do mercado de trabalho para os jovens e da participação da mulher
adulta na atividade econômica, apresentou traços diferentes, ficando mais adulta e com maior
participação feminina (HOFFMANN, LEONE, 2004).
De acordo com Gomes (2005) somente a partir da segunda metade do século XX é que
se reuniram oportunidades para a inserção da mulher em atividades profissionais mais variadas.
No final do século XX e no início do século XXI, a inserção da mulher no mercado de trabalho
remunerado provocou profundas transformações no mercado e na família. A economia
informacional global possibilitou oportunidades para as mulheres no campo da educação, os
avanços tecnológicos e o controle da gravidez, bem como o movimento feminista, também
contribuíram para o alastramento da mulher no mercado de trabalho.
O processo da inserção das mulheres no mercado de trabalho no século atual, apesar de
parecer estar se consolidando, não é um fenômeno simples e vários problemas são enfrentados
pelas mesmas no mundo todo, como: salários menores do que o dos homens por trabalhos
equivalentes; dupla jornada; deficiências nas políticas sociais, o que impede o acesso aos
serviços de apoio familiar, como creches, refeitórios e outros equipamentos sociais para
mulheres de menor renda; menores chances de capacitar-se profissionalmente nas áreas
rentáveis , cujas vagas são destinadas majoritariamente aos homens; e falta de voz nos espaços
de decisão e de poder para negociar acordos coletivos de trabalho, em razão das desigualdades
de gênero nas próprias relações sindicais (GOMES, 2005).
A trajetória da mulher nos últimos séculos, sobretudo no Brasil, é extraordinária: de
uma educação baseada exclusivamente ao cuidado do lar, período colonial, para uma
participação tímida nas escolas públicas mistas em meados do século XIX, seguida de uma
presença hoje majoritária em todos os níveis de escolaridade, bem como uma expressiva
participação no quadro docente da educação superior e significativa presença na política do país
(OST, 2009)
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1.2 Desigualdade Salarial e de Cargos no Trabalho
No Brasil, apenas na Segunda Constituição que se deu em 1934, foi assegurada a
igualdade de salários entre homens e mulheres, a proibição do trabalho destas últimas em
condições insalubres, preconização da assistência médica e sanitária à gestante, garantindo-lhe
um descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego (BARROS, 1995).
Mesmo com a igualdade de salário entre os sexos sendo assegurado pelo Poder
Legislativo, o rendimento de trabalho da mulher é inferior ao do homem, mesmo o rendimento
dela sendo crescente. Segundo a pesquisa do IBGE de 2010 (Mulher no mercado de trabalho:
perguntas e respostas), no Brasil, em 2003, a média anual dos rendimentos mostrou que as
mulheres ganhavam em torno de 70,8% dos homens. Em 2009, esse percentual aumentou para
72,3%.
Considerando um grupo mais homogêneo, com a mesma escolaridade e o mesmo
agrupamento de atividade, a diferença entre os rendimentos persiste. Tanto para as pessoas que
possuíam 11 anos ou mais de estudo quanto para as que tinham curso superior completo.
Verificou-se ainda que a graduação superior não aproxima os rendimentos recebidos por
homens e mulheres, pelo contrário, a diferença acentua-se (IBGE, 2010).
Em toda a América Latina o cenário é quase o mesmo, essa diferença salarial representa
17%, independentemente do nível de educação, idade ou tipo de emprego, exercendo o mesmo
trabalho que os homens, as mulheres ganham menos (INSTITUTO VIDA E CARREIRA,
2015).
De acordo com indicadores do IBGE (2015), dentro da população ocupada, os homens
prevalecem predominantes nos grupamentos de atividade. Apenas no grupamento da saúde,
serviços domésticos e outros serviços que as mulheres possuem uma maior participação.
Mesmo apresentando uma menor participação do que a dos homens na maioria dos
agrupamentos, nota-se que de 2003 para 2015, elas ganharam participação em todos os
grupamentos, exceto o de indústria.
Outro fator a ser notado é o de que as mulheres continuam recebendo um rendimento
médio habitual no trabalho principal bem inferior que o dos homens. Mas, assim como houve
uma diminuição na diferença da participação entre os sexos nos grupamentos de atividades, o
mesmo ocorre com o rendimento. Aos poucos a mulher vai se aproximando do homem no que
diz respeito ao mercado de trabalho.
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Rendimento médio habitual da população ocupada masculina, por escolaridade, segundo
grupamentos de atividade – 2009
Rendimento médio habitual da população ocupada feminina, por escolaridade, segundo
grupamentos de atividade – 2009
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De acordo com indicadores do IBGE (2015), dentro da população ocupada, os homens
prevalecem predominantes nos grupamentos de atividade. Apenas no grupamento da saúde,
serviços domésticos e outros serviços que as mulheres possuem uma maior participação.
Mesmo apresentando uma menor participação do que a dos homens na maioria dos
agrupamentos, nota-se que de 2003 para 2015, elas ganharam participação em todos os
grupamentos, exceto o de indústria.
Outro fator a ser observado é o de que as mulheres continuam recebendo um rendimento
médio habitual no trabalho principal bem inferior que o dos homens. Mas, assim como houve
uma diminuição na diferença da participação entre os sexos nos grupamentos de atividades, o
mesmo ocorre com o rendimento. Aos poucos a mulher vai se aproximando do homem.
Na pesquisa realizada pelo grupo Catho (2007) sobre diferença de remuneração por
sexo, pode-se notar que, quanto maior o faturamento da empresa, maior a diferença entre a
remuneração anual dos executivos homens em relação às mulheres nos postos mais altos. Nas
companhias que faturam acima de US$ 100 milhões, as mulheres na presidência ganham 76%
do salário dos homens. Nas que faturam entre US$ 15 e 49 milhões, elas ganham 90%. Uma
das justificativas para esse resultado é a regionalidade, pois enquanto 35% dos homens mudam
de cidade durante a carreira, em busca de novos empregos que fornecem maiores salários,
apenas 3% das mulheres o fazem.
Além da diferença salarial, é evidente ainda uma diferença entre cargos executivos
ocupados por homens e mulheres. Nota-se pelo gráfico abaixo da pesquisa salarial da Catho
(2007), que as maiores porcentagens de ocupação feminina estão em níveis hierárquicos mais
baixos que os homens.
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Em 1932, a Carteira de Trabalho e Previdência Social tornou-se documento obrigatório
para toda pessoa que venha a prestar algum tipo de serviço a outra pessoa, seja na indústria, no
comércio, na agricultura, na pecuária ou mesmo de natureza doméstica. A Carteira de Trabalho
e Previdência Social e hoje, por suas anotações, um dos únicos documentos a reproduzir com
tempestividade a vida funcional do trabalhador. Assim, garante o acesso a alguns dos principais
direitos trabalhistas, como seguro-desemprego, benefícios previdenciários e FGTS (IBGE,
2012).
Mesmo diante do predomínio masculino, constatou-se que as diferenças de inserção
entre homens e mulheres foram reduzidas em 2011, com as mulheres aumentando sua
participação em todas as formas de ocupação. Por exemplo, quando se analisa a população
ocupada feminina se constata que o crescimento da participação da mulher no mercado de
trabalho ocorreu de forma expressiva na condição de empregada com carteira de trabalho no
setor privado, enquanto a população masculina apresentou queda.
Segundo o IBGE (2012), enquanto na população ocupada a participação feminina
aumentou 2,6 pontos percentuais (de 43,0% em 2003 para 45,6% 2012), a população ocupada
feminina com carteira de trabalho assinada no setor privado cresceu 9,8 pontos percentuais (de
34,7% em 2003 para 44,5% em 2012). Os homens representavam 58,7% em 2003, a queda da
participação dessa forma de ocupação entre os homens foi de 3,6 pontos percentuais em 2012.
2.3 Fatores que Influenciam a Mulher no Mercado de Trabalho
A partir do século XIX, a ideia da mulher apenas como esposa e mãe começa a ser
combatida. Ela, que era educada com aulas que ensinavam como melhor desenvolver tarefas
domésticas e era instruída apenas com o necessário para casar e procriar, começa a ter uma
educação mais intensificada. As escolas começam a ter outras disciplinas que ajudaram no
desenvolvimento de meninos e meninas. Deste período em diante, a mulher passa a ser vista
sob novos aspectos. Começa-se a construção de um novo perfil feminino que busca realização
e desenvolvimento de suas potencialidades (OST, 2009).
Com a inserção feminina no mercado de trabalho, tanto os homens quanto as mulheres
possuem as mesmas obrigações e as mesmas dificuldades para a carreira profissional. Todavia,
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as mulheres possuem um desafio extra: elas têm que driblar a jornada dupla, que persiste na
maioria dos casos em função da maternidade (CASE, BOTELHO, 2001).
Segundo o Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (2014), o Brasil ocupa
a septuagésima nona posição no Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), estando entre os
países de desenvolvimento humano elevado. Entretanto, mesmo com o desenvolvimento
humano elevado, a taxa da participação na força de trabalho feminina representa apenas 59,5%
contra os 80,9% da masculina.
Em relação as dificuldades, as questões relacionadas à proteção à maternidade foram
tratadas apenas em 1919, na primeira Conferência Internacional do Trabalho, quando foi
formulada a primeira convenção internacional. Essa convenção deu abertura à uma série de
discussões e instrumentos internacionais, dedicados à proteção dos diretos da mulher no campo
previdenciário. A partir de então, vários países vêm reconhecendo o direito de proteção da
mulher durante e após a gravidez. (D’ALONSO, 2008)
Ter filhos pode dificultar e atrasar o sucesso profissional feminino, visto que mulheres
que possuem filhos costumam procurar empregos com perfil mais flexível e com uma jornada
de trabalho menor, consequentemente recebendo salários menores. Já para as mulheres com
mais de 40 anos, quando se passou algum tempo após o nascimento do filho, o salário quase
não é prejudicado, pois os diferenciais de produtividade diminuíram, e tendem a diminuir até
não influenciarem mais (D’ALONSO, 2008).
Segundo Barros (1995), em países, sobretudo com taxa de natalidade muito alta, há
muitos empregadores que preferem contratar homens a mulheres pelo fato das mesmas em cada
período de gravidez, ficarem meses afastadas para cuidarem dos filhos, fazendo com que a
empresa tenha que contratar e treinar outra pessoa que faça as suas funções nesses períodos de
licença maternidade. Os empregadores também atribuem às mulheres um grau de absenteísmo
maior do que nos homens, afetando assim a produtividade e os custos operacionais. A causa do
maior absenteísmo feminino se deve, mais precisamente, aos cuidados com os filhos.
A maior rotatividade feminina é outro fator que influencia negativamente nas
oportunidades de emprego das mulheres, pelo motivo do afastamento das mulheres do mercado
de trabalho, durante os primeiros anos de vida dos filhos. Sendo que a rotatividade masculina,
considerada menor, surge em decorrência da procura de um emprego melhor (BARROS, 1995).
Outro fator que interfere na demanda de mão-de-obra feminina é a proibição do trabalho
da mulher em determinados locais, horários e circunstancias. Atualmente, a evolução científica,
tecnológica e social, as intervenções legislativas referentes ao trabalho da mulher em
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determinados locais, horários e circunstancias, passaram a restringir-lhes as oportunidades de
emprego. Por um lado, a mulher recebeu certas proteções legais trabalhistas, mas por outro lado
afunilou as suas possibilidades e oportunidades de trabalho (BARROS, 1995).
De acordo com Barros (1995), outro obstáculo apresentado pelos empregadores à
contratação de mulheres é a força muscular, afirmando que as mesmas não possuem a força
exigida e suficiente para os trabalhos pesados como em manufaturas, carregamentos de cargas,
serviços de estivadores, entre outros. Entretanto, essa circunstância não pode ser considerada
motivo para segmentar o trabalho das mulheres, já que as inovações técnicas e tecnológicas
exigem cada vez menos força física em muitas das variadas circunstancias que envolvem o
trabalho mais pesado.
Obstáculos culturais também afetam a estrutura ocupacional das mulheres, reduzindo
assim as oportunidades de alguns tipos de trabalho para as mesmas. Tais obstáculos culturais
caracterizam-se por temores em alguns países em contratar mulheres para profissões
consideradas masculinas, como de engenheiro, mecânico, supervisor, diretor, empreiteiro de
obras, caminhoneiro, eletricista, encanador, profissionais da área de tecnologia da informação,
entre outras (BARROS,1995)
No entanto, mesmo em meio a tantos fatores que influenciam negativamente a mulher
no mercado de trabalho, a mesma vem se destacando em relação ao nível educacional. Segundo
Ost (2009), atualmente, as mulheres além de terem menor taxa de analfabetismo, de 9,1%
contra 9,8% dos homens, possuem menor taxa de abandono, sendo que no ensino médio, as
mulheres estão mais presentes na idade escolar certa, de 15 a 17 anos com 52,2% de frequência,
contra 42,4% dos homens.
O Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento em uma pesquisa desenvolvida
em 2015 ainda conclui que 51,9% da população feminina apresenta ao menos uma parte do
ensino secundário contra 49% da população masculina.
No Brasil e no mundo, o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho
e a relativa redução das diferenças salariais entre os sexos recebem grande atenção. Porém, a
consequência natural de todas as mudanças citadas tem sido menos explorada, tratando-se do
crescente número de famílias cujas esposas são as principais provedoras do orçamento das
famílias. A mudança do status da esposa na composição da renda familiar traz consigo
alterações nos papéis desempenhados por estas no mercado de trabalho, nos casamentos e nas
famílias (MARRI, WAJNMAN, 2007).
De acordo com Marri e Wajnman (2007), o aumento na renda da mulher eleva seu poder
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de barganha, sendo que esposas que recebem mais que seus maridos possuem maior poder de
decisão e reduzem o tempo alocado em trabalhos domésticos, com suas carreiras colocadas em
maior importância. No entanto, receber mais que os maridos, não vem reduzindo as horas
dedicadas às atividades domésticas, dedicando muito mais tempo a esses afazeres do que seus
próprios cônjuges. Enfim, grande parte dos rendimentos familiares, atualmente, é proveniente
do trabalho das esposas.
Conforme aponta Ost (2009), pesquisas recentes comprovam a crescente participação
da mulher no mercado de trabalho e o aumento da sua importância econômica, bem como sua
responsabilidade a de ajudar no sustento da família e também o seu destaque profissional em
vários setores. Cresce também o número de mulheres em postos diretivos nas empresas. Tal
ascensão da participação da mulher na economia e do mercado de trabalho se dá em vários
países de maneira semelhante.
3 Metodologia
A metodologia escolhida para o desenvolvimento do artigo foi a pesquisa bibliográfica,
modalidade esta que recupera o conhecimento científico acumulado a respeito do tema em
questão (GIL, 2010). A principal vantagem da pesquisa bibliográfica para o referido projeto de
pesquisa reside no fato de permitir aos pesquisadores a cobertura de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna
particularmente importante pelo problema investigativo requerer dados muito dispersos pelo
tempo e espaço, devido à evolução histórica que envolve as diversas teorias que serão
abordadas.
E seguindo tal modelo, a pesquisa bibliográfica em questão foi desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, e dessa forma,
foi ela própria a metodologia adotada para explorar a problemática referente ao tema: A Mulher
no Mercado de Trabalho.
Os dados analisados neste trabalho foram obtidos de pesquisas bibliográficas e dados
do IBGE. O referido artigo foi desenvolvido de forma que os dados bibliográficos coletados
referentes à história da mulher no mercado de trabalho foram seguidos pelos dados coletados
em relação à desigualdade salarial e de cargos no trabalho, bem como pelos dados referentes
aos fatores que influenciam a mulher no mercado de trabalho. Os resultados referentes aos
dados obtidos na pesquisa foram apresentados a seguir, bem como as conclusões a que os
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pesquisadores chegaram, por meio dos resultados.
4 Resultados
Tomando por base os dados obtidos no referencial teórico pesquisado a respeito do tema
A Participação Feminina no mercado de Trabalho, alguns resultados emergiram como resumo
do estudo desenvolvido em relação aos subtemas: A História da mulher no mercado de trabalho,
Desigualdade salarial e de cargos no trabalho e Fatores que influenciam a mulher no mercado
de trabalho.
Segundo dados bibliográficos, a história da mulher no mercado de trabalho é marcada
por variações de papéis influenciados diretamente por fatos históricos ocorridos pelo mundo.
Desde os primórdios da humanidade, as mulheres nasciam e já eram educadas com o objetivo
de satisfazer os homens, cuidarem da casa, dos filhos e da alimentação. Tanto na Antiguidade
quanto na Idade Média a agricultura era a principal atividade das mulheres, ao lado dos
trabalhos de tapeçaria, ourivesaria e fabricação de roupa. Noz séculos X ao XIV as profissões
comuns aos dois sexos se avolumaram, no entanto, no período do Renascimento as mulheres
foram perdendo várias atividades que lhes pertenciam e acabaram novamente se confinando
entre as paredes domésticas.
O que marca definitivamente a entrada da mulher no mercado de trabalho, segundo
dados obtidos, são as Guerras Mundiais de 1914 a 1918 e de 1939 a 1945, quando os homens
foram para a frente de batalha e as mulheres passaram a assumir os papéis no mercado de
trabalho que antes eram exercidos apenas pelos homens. As mulheres começaram a trabalhar
em postos antes apenas masculinos, durantes as guerras e pós-guerra, pelos parceiros falecerem
em batalha ou voltarem incapacitados para o trabalho.
Outro fator marcante para a consolidação da mulher no mercado de trabalho ocorrido
no século XIX, foram os avanços tecnológicos e a consolidação do sistema capitalista, na qual
boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas, e desde então, algumas leis
passaram a beneficiar as mulheres. No entanto, somente a partir da segunda metade do século
XX, a mulher conseguiu se inserir em atividades profissionais mais variadas no mercado de
trabalho remunerado, provocando consequentemente profundas transformações no mercado, na
família e na sociedade.
Conforme referencial teórico, atualmente a mulher ainda possui salários menores do
que o dos homens por trabalhos equivalentes, exerce dupla jornada de trabalho, sofre pelas
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deficiências nas políticas sociais como a falta de creches, possuem menores chances de
capacitar-se profissionalmente nas áreas rentáveis cujas vagas são destinadas majoritariamente
aos homens e apresenta falta de voz ativa nos espaços de decisão e de poder para negociar
acordos de trabalho, embora venha ascendendo na representação política por vários países a
fora, inclusive no Brasil.
Em relação à desigualdade salarial das mulheres em relação aos homens, segundo dados
bibliográficos, consta que apenas na Segunda Constituição que se deu em 1934, foi assegurada
a igualdade de salários entre homens e mulheres no Brasil e mesmo com a igualdade de salário
entre os sexos sendo assegurado pelo Poder Legislativo, o rendimento de trabalho da mulher
mostra-se inferior ao do homem, mesmo o rendimento dela sendo crescente. Segundo a
pesquisa do IBGE de 2010, no Brasil em 2003 a média anual dos rendimentos mostrou que as
mulheres ganhavam em torno de 70,8% dos homens e em 2009, esse percentual aumentou para
72,3%. Verificou-se ainda, segundo dados do IBGE de 2010, que a graduação superior não
aproxima os rendimentos recebidos por homens e mulheres, pelo contrário, a diferença acentua-
se.
Conforme os dados da pesquisa realizada pelo grupo Catho (2007), há indicativos de
que quanto maior o faturamento da empresa, maior a diferença entre a remuneração anual dos
executivos homens em relação às mulheres nos postos mais altos. Nas companhias que faturam
acima de US$ 100 milhões, as mulheres na presidência ganham 76% do salário dos homens e
nas que faturam entre US$ 15 e 49 milhões, elas ganham 90%. Uma das justificativas para esse
resultado é a regionalidade, pois enquanto 35% dos homens mudam de cidade durante a
carreira, em busca de novos empregos que fornecem maiores salários, apenas 3% das mulheres
o fazem. Além da diferença salarial, a diferença entre cargos executivos ocupados por homens
e mulheres também é verificada, sendo que, as maiores porcentagens de ocupação feminina
estão em níveis hierárquicos mais baixos que os homens, sendo que em cargos de presidência
e vice-presidência, as mulheres ocupam de 7 a 8% dos cargos, sendo que os homens ocupam
de 92 a 93%.
Ficou constatado também, segundo pesquisa bibliográfica, que alguns fatores acabam
influenciando positivamente e negativamente a presença e ascensão da mulher no mercado de
trabalho. Conforme dados obtidos, ter filhos dificulta e atrasa o sucesso profissional feminino,
além das questões relacionadas à proteção à maternidade terem sido tratadas apenas em 1919
na primeira Conferência Internacional do Trabalho. Há também empregadores, segundo
pesquisa, que preferem contratar homens a mulheres pelo fato das mesmas, em cada período de
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gravidez, ficarem meses afastadas para cuidarem dos filhos. E, alguns empregadores também
atribuem às mulheres grau de absenteísmo maior do que nos homens, relativos aos cuidados
com os filhos.
A maior rotatividade feminina é outro fator que influencia negativamente nas
oportunidades de emprego das mulheres, pelo motivo de afastamentos das mesmas durante os
primeiros anos de vida dos filhos. Outro fator que também interfere negativamente na demanda
de mão-de-obra feminina é a proibição do trabalho da mulher em determinados locais, horários
e circunstancias. E outro obstáculo apresentado pelos empregadores à contratação de mulheres
trata-se da força muscular, afirmando os mesmos, que a mulher não possui a força suficiente
para os trabalhos pesados. Obstáculos culturais também afetam o mercado de trabalho para as
mulheres, reduzindo as oportunidades de alguns tipos de trabalho para as mesmas pelo fato de
não se querer contratar mulheres para algumas profissões consideradas masculinas.
Em contraponto aos fatores que interferem no trabalho negativamente, a mulher vem se
destacando em relação ao homem no que diz respeito ao nível educacional. Segundo dados, ela
apresenta menor taxa de analfabetismo (9,1% contra 9,8% dos homens) e está mais presente no
ensino médio e chega mais ao nível superior, com uma taxa de 15,1% de frequência na
população de 18 a 24 anos, enquanto os homens somam 11,3%. Outro indicador é a taxa de
abandono, sendo que no ensino médio, as mulheres estão mais presentes na idade escolar certa,
de 15 a 17 anos com 52,2% de frequência, contra 42,4% dos homens.
As pesquisas apontam que algumas mulheres sustentam os filhos sozinhas ou recebem
mais que os maridos, mas nem por isso conseguem reduzir as horas dedicadas às atividades
domésticas. Pesquisas também comprovam a crescente participação da mulher no mercado de
trabalho e o aumento da sua importância econômica, bem como sua responsabilidade de ajudar
no sustento da família e também o seu destaque profissional em vários setores.
Conclusões
Ao longo deste estudo, discutiu-se a inserção feminina no mundo do trabalho. A história
da participação das mulheres no mercado de trabalho, assim como as diferenças sofridas em
relação aos homens e os fatores que a influenciam no trabalho, sejam eles positivos ou não,
eram os principais objetivos do artigo. Por meio do atingimento deles, pode-se notar que as
mulheres vêm ocupando um espaço cada vez maior no mercado de trabalho, com ocupação de
cargos que antes eram considerados estritamente masculinos e com uma desigualdade menor
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de salários entre os sexos. Porém, mesmo conquistadas as vantagens de leis protetoras e
apresentando um nível educacional maior, os dados da pesquisa indicam que elas sempre vão
possuir a desvantagem da maternidade, que a faz apresentar taxas de absenteísmo e rotatividade
maiores e ainda são elas que são as principais criadoras dos filhos, fazendo-as ter uma dupla
jornada.
Convém observar, por fim, que a discussão aqui levantada ainda carece, certamente, de
um amadurecimento teórico e de um acúmulo de conhecimentos sobre outros estudos que
possam, por sua vez, enriquecer a análise. É, portanto, pelo fato de estar limitado por essa
condição de imaturidade que o presente estudo se apresenta como uma simples contribuição
para uma reflexão e discussão sobre aspectos considerados relevantes para o êxito de
empreendimentos conduzidos por mulheres.
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