51
Part I Partcula em 3 dimensıes Neste Cattulo, estudamos a dinmica de uma partcula numa situaªo mais realistica, ou seja, o movimento no espao tridimensional sob a fora derivada de um potencial V ( ~ r). Supondo que a partcula nªo tem a estrutura interna, seu estado deve ser especicado completamente pela mediªo de 3 coorde- nadas espaciais, x, y e z da sua posiªo. Ou seja, as grandezas x, y e z devem constituir os observÆveis completos. A funªo de onda na representaªo de posiªo Ø h ~ rj (t)i = (x; y; z ; t) : A Equaªo de Schrdinger Ø como sempre, i~ @ @t (x; y; z ; t)= H (x; y; z ; t) ; (1) onde H Ø o Hamiltoniano e tem a forma, H = 1 2m ~ P 2 + V (x; y; z ) : Aqui, o operador ~ P 2 signica ~ P 2 = P 2 x + P 2 y + P 2 z = ~ 2 @ 2 @x 2 + @ 2 @y 2 + @ 2 @z 2 = ~ 2 r 2 : A Equaªo de Schrdiger independente no tempo Ø H E (x; y; z )= E E (x; y; z ) : (2) Para um potencial geral, nªo Ø possvel obter a soluªo generica. Exis- tem apenas pouquissimos exemplos cuja soluªo Ø conhecida analiticamente. Inicialmente vamos estudar o problema de oscilador harmnico que Ø uma generalizaªo do problema unidimensional que estudamos no Captulo ante- rior. 1

Partícula em 3 dimensões

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Page 1: Partícula em 3 dimensões

Part I

Partícula em 3 dimensõesNeste Catítulo, estudamos a dinâmica de uma partícula numa situação maisrealistica, ou seja, o movimento no espaço tridimensional sob a força derivadade um potencial V (~r). Supondo que a partícula não tem a estrutura interna,seu estado deve ser especificado completamente pela medição de 3 coorde-nadas espaciais, x, y e z da sua posição. Ou seja, as grandezas x, y e z devemconstituir os observáveis completos. A função de onda na representação deposição é

〈~r|ψ (t)〉 = ψ (x, y, z; t) .

A Equação de Schrödinger é como sempre,

i~∂

∂tψ (x, y, z; t) = Hψ (x, y, z; t) , (1)

onde H é o Hamiltoniano e tem a forma,

H =1

2m~P 2 + V (x, y, z) .

Aqui, o operador ~P 2 significa

~P 2 = P 2x + P 2

y + P 2z

= −~2

(∂2

∂x2+

∂2

∂y2+

∂2

∂z2

)= −~2∇2.

A Equação de Schrödiger independente no tempo é

HψE (x, y, z) = EψE (x, y, z) . (2)

Para um potencial geral, não é possível obter a solução generica. Exis-tem apenas pouquissimos exemplos cuja solução é conhecida analiticamente.Inicialmente vamos estudar o problema de oscilador harmônico que é umageneralização do problema unidimensional que estudamos no Capítulo ante-rior.

1

Page 2: Partícula em 3 dimensões

1 Oscilador Harmônico 3 dimensional

Vamos considerar o caso de um oscilador harmônico tridimensional anisotrópico.O potencial é dado por

V =m

2

(ω2xx

2 + ω2yy

2 + ω2zz

2),

onde ωx, ωy e ωz representam as frequências clássicas deste oscilador nasdireções, x, y e z, respectivamente. A função de onda na base de coordenadaCartesiana é

ψ (x, y, z) ≡ 〈x, y, z|ψ〉.A Equação de Schrödinger independente no tempo fica[

− ~2

2m∇2 +

m

2

(ω2xx

2 + ω2yy

2 + ω2zz

2)]ψE (x, y, z) = EψE (x, y, z) . (3)

Neste problema, podemos utilizar o método de separação de variáveis comose ver a seguinte. Vamos supor que ψE (x, y, z) é uma fução separável emseus argumentos.

ψE (x, y, z) = X (x)Y (y)Z (z) .

Substituindo este ansatz na Eq.(3), e devidindo os dois lados porX (x)Y (y)Z (z),temos− ~

2

2m

1

X

d2X

dx2+m

2ω2xx

2

+

− ~

2

2m

1

Y

d2Y

dx2+m

2ω2xy

2

+

− ~

2

2m

1

Z

d2Z

dx2+m

2ω2xz

2

= E.

Como as variáveis dos 3 termos agrupados por são independentes, a únicapossibilidade de satisfazer a equação acima para todos os valores de x, y e zé

− ~2

2m

1

X

d2X

dx2+m

2ω2xx

2

= Ex = const., (4)

− ~2

2m

1

Y

d2Y

dx2+m

2ω2xy

2

= Ey = const., (5)

− ~2

2m

1

Z

d2Z

dx2+m

2ω2xz

2

= Ez = const., (6)

de tal forma queEx + Ey + Ez = E. (7)

2

Page 3: Partícula em 3 dimensões

As tres equações acima são nada mais que osciladores harmônicos unidi-mensionais,

− ~2

2m

d2

dx2+m

2ω2xx

2

X (x) = ExX (x) , (8)

− ~2

2m

d2

dy2+m

2ω2xy

2

Y (y) = EyY (y) , (9)

− ~2

2m

d2

dz2+m

2ω2zz

2

Z (z) = EzZ (z) . (10)

Já sabemos as soluções deste sistema. Os autovalores são

Ex,n = ~ωx(l +

1

2

),

Ey,n = ~ωy(m+

1

2

),

Ez,n = ~ωz(n+

1

2

),

e as autofunções são dadas em termos de polinômios de Hermite.

Exercício: Explicite a autofunção.

Desta forma, vemos que um autoestado do oscilador harmônico é especi-ficado em termos de 3 números inteiros, l,m e n. No espaço de Hilbert,podemos escrever

|ψE〉 → |l,m, n〉,onde |l,m, n〉 é autovetor do Hamiltoniano,

H|l,m, n〉 = Elmn|l,m, n〉,

com

Elmn = ~ωx(l +

1

2

)+ ~ωy

(m+

1

2

)+ ~ωz

(n+

1

2

). (11)

Podemos observar o seguinte fato. Se as frequências ωx, ωy e ωz não sãocomensuraveis, então para um dado autovalor de E, só existe um conjuntol,m e n que corresponde este valor. Mas quando ωx, ωy e ωz são comensu-ráveis, podem ter mais de um conjunto l,m, n que fornece o mesmo valorde E. Por exemplo, no caso extremo, se

ωx = ωy = ωz = ω,

3

Page 4: Partícula em 3 dimensões

então, todos os l,m, n que ter mesmo valor N ,

N = l +m+ n,

fornecem o mesmo autovalor

Elmn =

(N +

3

2

)~ω. (12)

Neste caso, o autovalor da energia é especificado pelo o número inteiro N doque os três números individuais, l,m e n. Por exemplo, para N = 3, temosseguintes distintas combinações dos números inteiros,

0, 0, 3 , 0, 1, 2 , 1, 0, 2 ,1, 1, 1 , 2, 0, 1 , 0, 2, 10, 3, 0 , 1, 2, 0 , 2, 1, 0 ,3, 0, 0 .

Note que todos os 10 estados acima são distintos estados.

1.1 Simetria Esfêrica e a Degenerescência

Aqui, surgiu uma situação nova que não vimos nos exemplos de sistemasunidimensionais. Para um dado autovalor de energia, existem mais de umestados pertencentes a este autovalor. Um autovalor da energia não neces-sariamente especifica o estado. Assim, para distinguir os estados individuais,utilizamos a palavra, “nível” para especificar o estado genêrico de um au-tovlaor da energia. Quando um nível de energia contém mais de um estado,digamos que o nível é degenerado. O número de estados linearmente inde-pendentes num nível de energia é chamado “grau de degenerescência”. Nocaso de um oscilador harmônico tridimensional, o nível da energia N tem ograu de degenerescência,

gN =(N + 2)!

N !× 2!.

Exercício: Prove a expressão acima.

Exercício: Obtenha os néveis de energia de um oscilador harmônico bi-dimensional isotrópico. Calcule o grau de degenerescência dos níveis.

4

Page 5: Partícula em 3 dimensões

O exemplo acima de um oscilador harmônico isotrópico exibe uma relaçãoimportante entre a simetria do sistema e a existência da degeneresência noespectro da energia. Podemos provar o seguinte teorema.

• Consideramos dois operadores unitários U1 e U2. Se U1 e U2 não co-mutam, mas o Hamiltoniano do sistema H comutam com ambos osoperadores,

[U1, U2] 6= 0,

[H,U1] = 0,

[H,U2] = 0.

Então, deve existir a degenerescência no espectro do H.

Exercício: Prove o teorema acima. (Dica: Provar pelo absurdo).

Note que em geral, um operador unitário corresponde uma transformaçãono sistema. Por exemplo, no caso do oscilador harmônico tridimensionalisotrópico, podemos considerar U1 como operador correspondente a uma ro-tação em torno do eixo x, e U2 como uma rotação em torno do eixo y.Sabemos que as duas rotações sucessivas dão o resultado distinto quandotroca a ordem da rotação. Isto significa para qualquer estado |ψ〉, em geral,

U1U2|ψ〉 6= U2U1|ψ〉. (13)

Este é equivalente a dizer que

[U1, U2] 6= 0. (14)

Por outro lado, se o sistema é esfericamente simétrico, então, o Hamiltonianodo sistema é invariante a rotação. Assim, temos

U1HU−11 = H, (15)

U2HU−12 = H. (16)

Equivalentemente, temos

[H,U1] = 0, (17)

[H,U2] = 0. (18)

As Eqs.(14,17,18), junto com o teorema acima, podemos saber que um os-cilador harmônico isotrópico deve possuir a degeneresência no espectro daenergia. Como no caso na Mecânica Clássica, para ver melhor a simetriaesferica do sistema, as coordenadas esféricas são mais adequadas que as co-ordenadas Cartesianas.

5

Page 6: Partícula em 3 dimensões

2 Serapração de Variáveis em CoordenadasEsfêricas

Vamos considerar uma partícula com massa m sob a força central. O Hamil-toniano do sistema é então

H =1

2m~P 2 + V (r)

= − ~2

2m∇2 + V (r) ,

onde r é a coordenada radial. Introduzindo as coordenadas esfericas (r, θ, φ)de tal forma

x = r sin θ cosφ,

y = r sin θ sinφ,

z = r cos θ,

a equação de Schrödinger fica[− ~

2

2m

(1

r2

∂rr2 ∂

∂r+

1

r2 sin θ

∂θsin θ

∂θ+

1

r2 sin2 θ

∂2

∂φ2

)+ V (r)

]ψ (r, θ, φ) = Eψ (r, θ, φ) .

(19)Aqui, podemos utilizar novamente a técnica de separação de variáveis. Primeira-mente vamos separar a dependência radial e angular,

ψ (r, θ, φ) = R (r)Y (θ, φ) . (20)

Substituindo esta expressão e rearranjando os termos, temos

− ~2

2m

1

R

d

drr2dR (r)

dr+ V (r) = E − 1

2m

1

Y (θ, φ)L2Y (θ, φ) , (21)

onde introduzimos o operador L2 por

L2 = −~2

[1

sin θ

∂θsin θ

∂θ+

1

sin2 θ

∂2

∂φ2

]. (22)

A Eq.(21) mostra que a única possibilidade que satisfaz esta equação é

1

Y (θ, φ)L2Y (θ, φ) = α, (23)

6

Page 7: Partícula em 3 dimensões

e

− ~2

2m

1

R

d

drr2dR

dr+ V (r) = E − 1

2mα, (24)

onde α é uma constante. A Equação de Schrödinger com o potencial de forçacentral ficou separada em a parte radial e a parte angular.

3 Operador de Momento Angular e Compo-nente Radial do Momento

Vamos primeira analizar a parte angular,

L2Y (θ, φ) = αY (θ, φ) , (25)

ou explicitamente

−~2

[1

sin θ

∂θsin θ

∂θ+

1

sin2 θ

∂2

∂φ2

]Y (θ, φ) = αY (θ, φ) . (26)

É interessante notar que o operador L2 é intimamente conectado com o op-erador de momento angular definido por

~L ≡ ~r × ~P .

Em termos de componentes, temos

Lx =~i

(y∂

∂z− z ∂

∂y

),

Ly =~i

(z∂

∂x− x ∂

∂z

),

Lz =~i

(x∂

∂y− y ∂

∂x

).

Para expressar estes operadores em termos de coordenadas esfericas, (r, θ, φ),temos

∂x=∂r

∂x

∂r+∂θ

∂x

∂θ+∂φ

∂x

∂φ,

∂y=∂r

∂y

∂r+∂θ

∂y

∂θ+∂φ

∂y

∂φ,

∂z=∂r

∂z

∂r+∂θ

∂z

∂θ+∂φ

∂z

∂φ,

7

Page 8: Partícula em 3 dimensões

e, portanto, precisamos calcular a matriz Jacobiana,

J =

∂r/∂x ∂θ/∂x ∂φ/∂x∂r/∂y ∂θ/∂y ∂φ/∂y∂φ/∂z ∂φ/∂z ∂φ/∂z

.

Pode ser feito o cálculo diretamente utilizando

r =√x2 + y2 + z2,

θ = cos−1 z√x2 + y2 + z2

,

φ = tan−1 y

x,

mas como queremos J em função de (r, θ, φ), talvez mais fácil primeira

J−1 =

∂x/∂r ∂y/∂r ∂z/∂r∂x/∂θ ∂y/∂θ ∂z/∂θ∂r/∂φ ∂y/∂φ ∂z/∂φ

, (27)

de tal forma que

JJ−1 =

∂r/∂x ∂θ/∂x ∂φ/∂x∂r/∂y ∂θ/∂y ∂φ/∂y∂φ/∂z ∂φ/∂z ∂φ/∂z

∂x/∂r ∂y/∂r ∂z/∂r∂x/∂θ ∂y/∂θ ∂z/∂θ∂r/∂φ ∂y/∂φ ∂z/∂φ

=

1 0 00 1 00 0 1

.

Exercício: Verifique a equação acima.

O cálculo do J−1 é mais direto, tendo,

J−1 =

sin θ cosφ sin θ sinφ cos θr cos θ cosφ r cos θ sinφ −r sin θ−r sin θ sinφ r sin θ cosφ 0

. (28)

O inverso também é relativamente fácil de calcular, tendo

J =

sin θ cosφ 1r

cos θ cosφ −1r

sinφsin θ

sin θ sinφ 1r

cos θ sinφ 1r

cosφsin θ

cos θ −1r

sin θ 0

,

8

Page 9: Partícula em 3 dimensões

e o operador ∇ fica

∇ =

∂/∂x∂/∂y∂/∂z

=

sin θ cosφ 1r

cos θ cosφ −1r

sinφsin θ

sin θ sinφ 1r

cos θ sinφ 1r

cosφsin θ

cos θ −1r

sin θ 0

∂/∂r∂/∂θ∂/∂φ

.

Exercício: Verifique as contas acima.

Agora temos

Lx = −~i

(sinφ

∂θ+ cosφ cot θ

∂φ

), (29)

Ly =~i

(cosφ

∂θ− cosφ cot θ

∂φ

), (30)

Lz =~i

∂φ. (31)

Com isto, podemos mostrar diretamente que

L2 = L2x + L2

y + L2z.

Exercício: Verifique a equação acima.

O resultado acima mostra que a Eq.(26) pode ser interpretado como aequação de autovalor para o operador correspondente ao observável, o môduloquadrado de momento angular ~L = (Lx, Ly, Lz). Voltando a Eq.(19), estesignifica que

~P 2 = −~2∇2 = −~2 1

r2

∂rr2 ∂

∂r+

1

r2~L2. (32)

Comparando com a expressão clássica do môdulo quadrado de momento nosistema de coordenadas esfericas,

~P 2 = p2r +

1

r2~L2, (33)

onde pr é o componento radial do vetor P , podemos considerar que o operadorcorrespondente ao quadrado do componente radial do momento seria

P 2r → −~2 1

r2

∂rr2 ∂

∂r. (34)

9

Page 10: Partícula em 3 dimensões

Exercício: Verifique a Eq.(33).

Aparentemente o lado direito da Eq.(34) não tem a forma de quadradode um único operador. Mas podemos escrever como

1

r2

∂rr2 ∂

∂r=

1

r

∂2

∂r2r

=

(1

r

∂rr

)(1

r

∂rr

),

e, portanto, podemos identificar

Pr =~i

1

r

∂rr. (35)

Uma outra forma de obter a expressão acima é começar com a expressãoclássica do componento radial do momento,

pr =1

r(~r · ~p) , (36)

e efetuar a substituição usual,

~p→ ~i∇.

Assim, teriamos

Pr →~i

1

r(~r · ∇) (37)

=~i

∂r. (38)

Entretanto, curiosamente, este operador não é hermitiano, como se ver emseguinte. Para qualquer funções f e g só depende de coordenada radial r, oproduto escalar no espaço tridimensional fica

(f, g) = 4π

∫ ∞0

r2dr f ∗ (r) g(r).

Vemos então fácilmente(f,~i

∂rg

)=~i4π

∫ ∞0

r2dr f ∗ (r)dg(r)

dr,

10

Page 11: Partícula em 3 dimensões

(~i

∂rf, g

)= −~

i4π

∫ ∞0

r2drdf ∗ (r)

drg(r),

e claramente as duas expressões não coincidem, mesmo efetuando a inte-gração em parte. Isto é devido ao fator r2 que vem do elemento de volumeem coordenadas esfericas.Não hermiticidade da expressão Eq.(37) pode ser vista diretamente da

Eq.(36) também, pois o produto de dois operadores hermitianos não é her-mitiano. Isto é, para dois operadores hermitianos, A e B, definimos um novooperador C por

C = AB.

EntãoC† = B†A† = BA 6= AB,

se A e B não comutam. Por outro lado, podemos formar um operador her-mitiano pela simetrização,

C =1

2(AB +BA) .

Exercício: Verifique que C acima é um operador hermitiano.

Assim, podemos construir um operador hermitiano,

Pr =~i

1

2

(~r

r· ∇+∇ · ~r

r

). (39)

Podemos verificar que este operador coincide com o da Eq.(35).

Exercício: Verifique que a expressão acima reduz a Eq.(35).

Exercício: Verifique a regra de comutação entre Pr e r.

Em resumo, podemos introduzir os operadores correspondentes aos mo-mento angular e componente radial do momento, ~L e Pr, tal que

~P 2 = P 2r +

1

r2~L2,

onde

Pr =

(~i

)1

r

∂rr,

~L ≡(~i

)~r ×∇,

~L2 = L2x + L2

y + L2z.

11

Page 12: Partícula em 3 dimensões

Exercício: Calcule os comutadores,

[r, Li] , [Pr, Li] , i = x, y, z

Exercício: Mostre que [~L2, Li

]= 0, i = x, y, z.

Exercício: Mostre que

[Li, Lj] = i~Lk, (i, j, k) = (x, y, z) ciclica.

4 Autoestado de Momento Angular

Vamos estudar o problema de autovalor do momento angular. Temos

−[

1

sin θ

∂θsin θ

∂θ+

1

sin2 θ

∂2

∂φ2

]Y (θ, φ) = αY (θ, φ) , (40)

onde redifinimos α → α/~2. Podemos aplicar novamente o método de sepa-ração de variáveis em θ e φ. Escrevendo

Y (θ, φ) = Θ (θ) Φ (φ) ,

temos equaçoes para cada um dos fatores;

d2

dφ2Φ (φ) = AΦ (φ) , (41)[

1

sin θ

d

dθsin θ

d

dθ+

A

sin2 θ

]Θ (θ) = −αΘ (θ) , (42)

onde A é uma constante. A Eq.(41) pode ser resolvida facilmente e temos

Φ (φ) = Const.e±√Aφ. (43)

Entretanto, devemos impor a condição de contorno física para esta solução.Pela razão óbvia, a função Φ deve ser periódica em φ com período de 2π sea função de onda for uni-valor no espaço. Assim

Φ (φ) = Φ (φ+ 2π) .

12

Page 13: Partícula em 3 dimensões

Isto implica eme±2π

√A = 1.

A solução desta equação é √A = i m, (44)

onde m é um inteiro (não confunda com a massa da partícula). Ou seja,

A = −m2,

e A é um inteiro não positivo. Esta conclusão pode ser visto também pelofato que a derivada em φ é proporcional ao terceiro componente do momentoangular,

~i

∂φ= Lz, (45)

e a Eq.(41) é escrita como

L2zΦ = −~2AΦ

que pode ser interpretada como a equação de autovalor do observável L2z.

Esperamos naturalmente que o autovalor deste quantidade é não negativo.Além disto, aplicando Lz na Eq.(43), temos

LzΦ = ±~√AΦ

= ±~m.

Isto é, os autovalores do terceiro componente (a projeção no eixo Z) domomento angular tem o valor múltiplo de ~. Naturalmente, quando falamosa projeção do momento angular no eixo Z, não define a qual direção noespaço. Isto é uma questão de convenção. Podemos escolher qualquer direçãocomo o eixo Z. A discussão acima não depende deste escolhe. Em resumo,a conclusão acima significa que,

• Os autovalores de um componente do momento angular é múltiplo de~.

Agora vamos analizar a Eq.(42). Substituindo o valor de A, temos[1

sin θ

d

dθsin θ

d

dθ− m2

sin2 θ

]Θ (θ) = −αΘ (θ) . (46)

13

Page 14: Partícula em 3 dimensões

Vamos introduzir a mudânça de variáveis1,

x = cos θ.

Já quedx = − sin θdθ,

temosd

dx

(1− x2

) dΘ (x)

dx− m2

1− x2Θ (x) = −αΘ (x) ,

ou (1− x2

) d2Θ

dx2− 2x

dx+

(α− m2

1− x2

)Θ = 0. (47)

Podemos utilizar o método em expansão em série, o procedimento análogopara resolver a equação de oscilador harmonico. Mas aqui, devemos lembrarque o domínio da variável x é

−1 ≤ x ≤ 1,

poisx = cos θ.

Outro ponto da equação (47) acima é a presença da singularidade

1

1− x2

na coeficiente. Assim, se C não tiver algum valor especial, a solução terá emgeral a singularidade em x = ±1. Vamos considerar em primeira lugar, aequação com m = 0. Denotamos a solução deste caso por Θ0 (x). A equaçãopara Θ0 (x) é (

1− x2) d2Θ0

dx2− 2x

dΘ0

dx+ αΘ0 = 0. (48)

Vamos introduzir a representção em série de uma solução regular na origem,x = 0 como

Θ0 =∞∑n=0

Cnxn. (49)

1Aqui, a variável x não deve ser confundido com a coordenada x no espaço.

14

Page 15: Partícula em 3 dimensões

Substituindo na Eq.(48) temos a fórmula de recorrência para Cl como

Cn =

(1− α

n (n+ 1)

)Cn−2. (50)

Esta fórmula de recorrência novamente pode ser desmenbrada em duas casosdistitos, um de (C0 6= 0, C1 = 0) e outro, (C0 = 0, C1 6= 0) como no caso depolinômio de Hermite. Para o primeiro caso, temos

Cn =

n/2∏k=1

(1− α

2k (2k + 1)

)C0,

e analogamente para o segundo caso.Vejamos que se α nunca igualasse com o n (n+ 1) para algum valor de n,

a série Eq.(49) tem infinitos termos. Para n 1, temos essencialmente

Cn ' Cn−2 = const.

Assim, por exemplo, para x = 1, a função tem a forma,

Θ0 =∞∑l=0

Cn '∞∑n

const→∞. (51)

Isto é, se não truncasse a série Eq.(49), a solução fica singular em x = 1, quefisicamente não aceitavel. Desta forma, devemos escolher α para truncar asérie. Isto ocorre quando

α = `(`+ 1)

onde ` é um inteiro. A série fica truncada para n = `. Temos

Θ0 = C0

`/2∑n=0

n∏k=1

(1− `(`+ 1)

2k (2k + 1)

)x2n, (52)

para l um número par, e

Θ0 = C1

(`+1)/2∑n=1

n∏k=1

(1− ` (`+ 1)

2k (2k − 1)

)x2n−1, (53)

para l um número ínpar.

15

Page 16: Partícula em 3 dimensões

As soluções acima são identificadas com os polinômios de Legendre, es-colhendo C0 e C1 apropriadamente. Podemos então escolher

Θ0 (x) = P` (x) .

Os polinômios de Legendre satisfazem as seguintes fórmulas de recorrência,(1− x2

) dP`dx

= −` xP` + `P`−1, (54)

(`+ 1)P`+1 = (2`+ 1)xP` − `P`−1. (55)

A função de geratriz de polinômios de Legendre é dada por

∞∑`=0

P` (x) s` ≡ F (x, s)

=1√

1− 2xs+ s2. (56)

Note que esta função geratriz é definida só para |s| < 1.As soluções para m 6= 0 podem ser obtidas a partir do caso de m = 0.

Para ver isto, basta verificar que a função

Θm = Pm` (x) ≡

(1− x2

) 12|m| d|m|

dx|m|P` (x) ,

satisfaz (1− x2

) d2Θm

dx2− 2x

dΘm

dx+

(` (`+ 1)− m2

1− x2

)Θm = 0, (57)

que é a Eq.(47) com α = ` (`+ 1). A função Pm` (x) é conhecida como a

Função de Legendre associada.

Exercício: A partir da função geratriz de polinômios de Legendre, obtenhaa função geratriz das funções de Legendre associadas.

Exercício: Utilizando a função de geratriz acima, calcule a integral,∫ 1

−1

dx Pm` (x)Pm

`′ (x)

16

Page 17: Partícula em 3 dimensões

4.1 Algebra de Comutadores e Método Algebrico paraProblema de Autovalores

A dedução de função geratriz e demonstração de ortogonalidade é um poucotrabalhoso comparado ao caso de função de Hermite embora o procedimentoé análogo. Aqui, para ver o significado físico na forma mais transparente,vamos adotar o método algebrico que também foi uttilizado no caso de os-cilador harmônico. Ao mesmo tempo, introduzimos a notação de Dirac paraos estados de momento angular. Isto é, consideramos um vetor de estado detal forma que a representação de coordenadas esféricas é

ψ (θ, φ) = 〈θ, φ|ψ〉.

Queremos resolver o problema de autovalor para o môdulo quadrado do op-erador de momento angular, ~L2,

~L2|ψ〉 = α|ψ〉,

onde~L2 = L2

x + L2y + L2

z.

Vimos que os operadores de momento angular Lx, Ly, Lz satisfazem a seguinterelação de comutadores entre si.

[Lx, Ly] = i~Lz,

[Ly, Lz] = i~Lx,

[Lz, Lx] = i~Ly, (58)

ou na forma compacta,L × L = i~L. (59)

Em outras palavras, os comutadores dos tres operadores, Lx, Ly, Lz fechamum conjunto. Matematicamente falando, Lx, Ly, Lz constituem uma algebra,com comutador como produto. Lembramos que ~L2 comuta com todos os L′is2, [

~L2, L]

= 0. (60)

2Um operador que comuta com todos os geradores de grupo é chamado operador deCasimir.

17

Page 18: Partícula em 3 dimensões

Para simplificar as contas, vamos introduzir um sistema de unidade em que ~se torna 1. Isto é, medimos o momento angular em unidade de ~, ~L→ ~L/~.Neste caso, as regras de comutação fica

[Lx, Ly] = iLz,

[Ly, Lz] = iLx,

[Lz, Lx] = iLy, (61)

ou na forma compacta,L × L = iL. (62)

É convenitente introduzir as seguitnes combinações lineares,

L+1 = Lx + iLy , L0 = Lz, L−1 = (L−)† = Lx − iLy. (63)

A relação de comutação (algebra) fica reescrita por

[L+1, L−1] = 2L0, (64)

[L±1, L0] = ∓L±, (65)

Como os L’s não comutam entre si, não podemos construir autovetor simul-taneo para todo mundo, mas pelo menos para um deles. Vamos escolher, porexemplo, L0. Como L0 comuta com ~L2, podemos considerar um autovetorsimultâneo dos dois. Então, suponhamos que, |α, β〉 é um autovetor de ~L2 eL0 com autovalor α e β, respectivamente;

~L2|α, β〉 = α|α, β〉, (66)

L0|α, β〉 = β|α, β〉. (67)

Aqui, assumimos que o autovetor é normalizado,

〈α, β|α, β〉 = 1. (68)

Podemos provar que estes autovalores devem satisfazer a desigualdade,

α ≥ β2. (69)

Exercício: Demonstre a relação acima.

18

Page 19: Partícula em 3 dimensões

Assim, concluimos queα ≥ 0,

e, para um dado α ≥ 0, temos que ter

−α ≤ β ≤ α. (70)

Agora, da Eq.(65), temos

L0L±1 = L±L0 ± L± (71)

e aplicando esta relação dos operadores para o autovetor |α, β〉, devemos ter

L0L±1|α, β〉 = [L±L0 ± L±] |α, β〉= [L±β ± L±] |α, β〉= (β ± 1)L±1|α, β〉. (72)

Desta equação podemos concluir que:

• se β é um autovalor de L0, então β − 1 também é autovalor, excetoL−1|α, β〉 = 0, e

• se β é um autovalor de L0, então β + 1 também é autovalor, excetoL+1|α, β〉 = 0.

Por outro lado, da Eq.(70), para um dado α, devem existir o valor máximoβmax e o valor mínimo βmin de β. Isto implica que para estes estados temosque ter

L+1|α, βmax〉 = 0, (73)

L−1|α, βmin〉 = 0, (74)

pois, se não acontesse a Eq.(73), pela Eq.(72),

|ψ〉 ≡ L+|α, βmax〉 6= 0

seria o autovetor de L0 com autovalor βmax + 1 acaba violando a Eq.(70).Idem para a Eq.(74). Agora, o operador L2pode ser expresso em termos deL± e L0 por

L2 = L20 + L+1L−1 − L0, (75)

ouL2 = L2

0 + L−1L+1 + L0. (76)

19

Page 20: Partícula em 3 dimensões

Exercício: Prove as Eqs.(75) e (76).

Calculando o valor esperado da Eq.(75) do estado |α, βmin〉, temos

α = β2min − βmin, (77)

onde utilizamos as Eqs.(66,67,68,74). Analogamente, o valor esperado daEq.(76) no estado |α, βmin〉, temos

α = β2max + βmax. (78)

Subtraindo da Eq.(78) a Eq.(77), temos

(βmax + βmin)(βmax − βmin + 1) = 0. (79)

Só pode ter duas possibilidades,

βmin = −βmax,

ouβmax = βmin − 1.

Já que por definição, βmax ≥ βmin, a segunda possibilidade é incompatível.Concluimos então que

βmin = −βmax (80)

Agora, a partír do estado|α, βmax〉,

e aplicando o operador L− sucessivamente, podemos ter a sequência de au-tovalores,

β → βmax, βmax − 1, βmax − 2, ..., βmin . (81)

A última desta sequência tem que terminar em βmin. Isto significa que adiferença βmax − βmin tem que ser um número inteiro:

βmax − βmin = N,

onde N é um número inteiro. Usando a Eq.(80) temos

2βmax = N.

20

Page 21: Partícula em 3 dimensões

Consequentemente, βmax é um número inteiro ou semi-inteiro. Vamos denotarβmax = N/2 = j que é um número inteiro ou semi-inteiro. Da Eq.(78), temos

α = j (j + 1) . (82)

De acordo com a Eq.(81) os autovalores de L0 são

j, j − 1, j − 2, ...,−j .

Todos os valores desta sequência são inteiros se j é um inteiro, e são semi-inteiros se j é semi-inteiro. Vamos utilizar o simbolo m no lugar de β pararepresentar o autovalor de L0.Em resumo, a algebra de comutadores de L′is mostra que que os autove-

tores simultêneos de operador ~L2 e L0 = Lz são caracterizados por

L2|j,m〉 = j(j + 1)|j,m〉, (83)

Lz|j,m〉 = m|j,m〉, (84)

com −j ≤ m ≤ j, onde j é um número inteiro, ou semi-inteiro. Os autove-tores tem seguintes propriedades:

L+|j,m〉 = N +|j,m+ 1〉, (85)

L−|j,m〉 = N −|j,m− 1〉. (86)

As constantes de normalização N± são determinadas pelas Eqs.(75,76) por∣∣N±∣∣ =√

(j ∓m)(j ±m+ 1). (87)

Podemos convencionar os fatores de fase dos vetores |j,m > tal que sempreN± seja real e positivo.

4.2 Momento Angular Orbital

Na sub-seção anterior, obtevemos os possíveis autovetores e autovalores so-mente da relação de comutadores dos operadores de momento angular. Mas,note que não todos os autovetores e autovalores possíveis para operadoresde uma algebra não correspondem para o caso de momento angular orbital,definido por,

~L = r×P. (88)

21

Page 22: Partícula em 3 dimensões

Os componentes Lx, Ly, Lz satisfazem a regra de comutação Eq.(58). Entre-tanto, existem outras operadores que satisfazem a mesma algebra de comu-tadores que não sejam os operadores de momento angular orbital. Este sãocaso de spin (o grau de liberdade interno de uma partícula que distingue aorientação). Discutiremos o spin na seção seguinte.No caso de momento angular orbital, das Eqs.(29,30,31) a atuação destes

operadores na função de onda ψ (~r) ficam

〈r|Lx|ψ〉 = −~i

(sinφ

∂θ+ cosφ cot θ

∂φ

)ψ(r), (89)

〈r|Lx|ψ〉 =~i

(cos θ

∂θ− cosφ cot θ

∂φ

)ψ(r), (90)

〈r|Lx|ψ〉 =~i

∂φψ(r), (91)

e

〈r|L2|ψ〉 = −(

1

sin 2θ

∂2

∂φ2+

1

sin θ

∂θ

(sin θ

∂θ

))ψ(r). (92)

Podemos decompondo a base de coordenada |r〉 em parte radial e angular,|r〉 = |r〉⊗|Ω〉, onde |r〉 é o autoestado de coordenada radial r, e |Ω〉 = |θ, φ〉é o autoestado de coordenada angular, ~Ω = (θ, φ). Aqui a base dos estadosangulares |Ω > satisfaz as propriedades,∫

dΩ|Ω〉〈Ω| = 1Ω (93)

onde 1Ω representa a identidade no subespaço|Ω〉e como usualmente∫

dΩ =

∫ π

0

sin θdθ

∫ 2π

0

dφ. (94)

A ortogonalidade pode ser expressa como

〈Ω′|Ω〉 =δ2(Ω− Ω′) = δ(cos θ − cos θ′)δ(φ− φ′). (95)

Se o vetor de estado também pode ser decomposto como o produto direto dovetor de estado radial e angular,

|ψ〉 = |R〉 ⊗ |Y 〉, (96)

22

Page 23: Partícula em 3 dimensões

podemos escrever a função de onda como

ψ(r) =〈r| ⊗ 〈~Ω|

|R〉 ⊗ |Y 〉

= R (r)Y (θ, φ) , (97)

ondeR (r) = 〈r|R〉,

eY (θ, φ) = 〈~Ω|Y 〉.

O procedimento é nada mais que a separação das variáveis de coordenadasradial e angular.Na representação acima, podemos identificar a parte angular da auto-

função de onda dos operadores de momento angular como

Yjm (θ, φ) = 〈θ, φ|j,m〉. (98)

e deve satisfazer

−i ∂∂φ〈θ, φ|j,m〉 = m〈θ, φ|j,m〉 (99)

−(

1

sin 2θ

∂2

∂φ2+

1

sin θ

∂θ

(sin θ

∂θ

))〈θ, φ|j,m〉 = j(j + 1)〈θ, φ|j,m〉 (100)

Como mensionamos, para o estado de uma partícula sem spin, as coor-denadas espaciais devem compor um conjunto completo de observáveis paradescrever o estado. Ou seja, para dado posição r, a função de onda deve serdeterminado univocamente. Neste sentido, temos que ter

〈θ, φ|j,m〉 = 〈θ, φ+ 2π|j,m〉 (101)

Esta condição, junto com Eq.(99) implica que m seja número inteiro. Sem é inteiro, como j = max(m), j também tem que ser inteiro. Em outraspalavras, os estados de momento angular orbital sempre corresponde como valor j inteiro. Para explicitar este fato, vamos utilizar ` no lugar de j.Note que esta conclusão coincide com a da analise em termos de função deLegendre. Eqs.(99,100) mostram que

〈θ, φ|`,m〉 = Y`m(θ, φ), (102)

23

Page 24: Partícula em 3 dimensões

onde Y`m(θ, φ) são chamados de harmonicos esféricos. Note que para umdado `, existem

g = 2`+ 1 (103)

estados distintos em relação a Lz. Então, todos os 2`+ 1 estados

|`,m〉, m = −`,−`+ 1, · · · , `− 1, ` ,

são autoestados de ~L2.Algumas propriedades dos harmonicos esféricos podem ser obtidas fá-

cilmente das propriedades dos estados |`,m〉. Por exemplo, a condiçao deortogonalidade

〈`′,m′|`,m〉 = δ``′δmm′ (104)

implica em ∫dΩY ∗`′m(Ω)Y`m(Ω) = δ``′δmm′ (105)

Por outro lado, a relação de completeza para um dado ` é

∑m=−`

|`,m〉〈`,m| = 1` (106)

onde 1` é o operador de identidade no espaço de ` fixo. Este espaço tema dimensão (2` + 1) × (2` + 1). Na representação de base de coordenadasangulares, temos

∑m=−`

Y`m(Ω′)Y ∗`m(Ω) = δ(cos θ − cos θ′)δ(φ− φ′). (107)

A expressão explicita de harmonicos esféricos pode ser obtida pelas pro-priedades de |`,m〉,

Lz|`,m〉 = m|`,m〉, m = −`, · · · `, (108)

eL+1|`, `〉 = 0. (109)

Vimos também que

|`,m− 1〉 =1√

(`+m)(`−m+ 1)L−1|`,m〉. (110)

24

Page 25: Partícula em 3 dimensões

Utilizando as representações Eqs.(89),(90) e (91), estas propriedades ficamexpressas na forma de equação diferenciais para Y`m(θ, φ) :

1

i

∂φY`,m(θ, φ) = mY`,m(θ, φ), (111)

[i∂

∂θ− cot θ

∂φ

]Y`,`(θ, φ) = 0. (112)

Y`,m−1(θ, φ) =1√

(`+m)(`−m+ 1)e−iφ

(− ∂

∂θ+ i cot θ

∂φ

)Y`,m(θ, φ).

(113)Da Eq.(111), podemos escrever

Y`m (θ, φ) = Θm` (θ) eimφ, (114)

Usando este resultado na Eq.(112) temos[d

dθ− ` cot θ

]Y`,`(θ, φ) = 0. (115)

Podemos resolver esta equação diferencial como

Y`,` =1

N`

ei`φ sin` (θ) .

A constante da normalização é dada por3

1

N`

= (−1)`√

2`+ 1

√(2`)!

2``!.

3Podemos utilizar a fórmula bem conhecido da função Beta,

B (q, p) ≡∫ 1

0

xq−1 (1− x)p−1

dx

=Γ (q) Γ (p)

Γ (q + p),

para calcular ∫ π

0

sin2`+1 θdθ.

25

Page 26: Partícula em 3 dimensões

O fator (−1)` foi escolhido pela conveniência posterior. Por outro lado, daEq.(113) fica

Y`,m−1(θ, φ) = − 1√(`+m)(`−m+ 1)

e−iφ(∂

∂θ+m cot θ

)Y`,m(θ, φ).

Note que (∂

∂θ+m cot θ

)Y`,m(θ, φ) =

1

sinm θ

∂θsinm θY`,m(θ, φ),

temos

Y`,m−1(θ, φ) = − 1√(`+m)(`−m+ 1)

e−iφ1

sinm θ

∂θsinm θY`,m(θ).

Explicitamente,

Y`,`−1 (θ, φ) = − 1

2``!

√2`+ 1

√(2`)!

1√2`ei(`−1)φ 1

sinl θ

d

dθsin2` θ

=1

2``!

√2`+ 1

√(2`− 1)!ei(`−1)φ 1

sinl−1 θ

d

d cos θsin2` θ,

Y`,`−2 (θ, φ) =1

2``!

√2`+ 1

√(2`− 1)!ei(`−2)φ 1√

(2`− 2)2

1

sinl−2 θ

(d

d cos θ

)2

sin2` θ,

...

Em geral, para m ≥ 0, temos

Y`,m(θ, φ) =1

2``!

√(2`+ 1)

(`+m)!

(`−m)!eimφ

1

sinmθ

(d

d cos θ

)`−msin 2`θ. (116)

Se utilizamos a variável,x = cos θ,

podemos expressar como

Y`,m(x, φ) =1

2``!

√(2`+ 1)

(`+m)!

(`−m)!eimφ

1

(1− x2)m/2

(d

dx

)`−m (1− x2

)2`.

Para m < 0, podemos definir

Y`,m(θ, φ) = (−)|m|Y ∗`,|m|(θ, φ). (117)

26

Page 27: Partícula em 3 dimensões

5 Equação Radial

Vamos retornar a Equação de Schrödinger. Da Eq.(21), e a utilzando apropriedade de harmonicos esfêricos, temos

− ~2

2m

1

R

d

drr2dR (r)

dr+ V (r) = E − ~2

2m` (`+ 1) , (118)

ou [− ~

2

2m

1

r

d2

dr2r +

~2

2m

` (`+ 1)

r2+ V (r)

]R (r) = ER (r) . (119)

Esta equação tem a forma,

− ~2

2m

d2χ (r)

dr2+ Veff (r)χ (r) = Eχ (r) , (120)

onde

Veff (r) = V (r) +~2

2m

` (`+ 1)

r2, (121)

χ (r) = rR (r) . (122)

Vejamos que a Eq.(120) tem a forma exatamente igual a Equação de Schrödingerunidimensional, com potencial Veff . Note que a forma desta potencial effe-tivo é igual ao caso da Mecânica Clássica, onde o potencial efetivo para omovimento radial é dado por

Vradial = V (r) +~L2

2mr2,

onde o termo~L2

2mr2

reflecte o efeito de força centrifuga.

Além da modificação do potencial pela força centrifuga, a equação radialtem a diferença fundamental comparada com o caso unidimensional. Isto é,a função de onda radial R (r) aparece na equação com o fator r,

R (r)→ χ (r) = rR(r).

27

Page 28: Partícula em 3 dimensões

Para um potencial que não possui singularidade na origem, a função de ondaψ (~r) deve ser regular na origem. Isto implica

χ (r)|r→0 = 0,

devido ao fator r. A presença deste fator também pode ser visto na forma deproduto escalar entre duas funções de ondas escrita nas coordenadas esfericasquando há separação de variáveis em r, θ e φ.

(ψ, ψ′) =

∫d3~rψ∗ (~r)ψ′ (~r)

=

∫ ∞0

r2dr R∗ (r)R (′r)

∫d2ΩY (θ.φ)Y ′ (θ.φ)

=

∫ ∞0

dr [rR∗ (r)] [rR (′r)]

∫d2ΩY (θ.φ)Y ′ (θ.φ) .

O fator r para a função de onda radial vem do elemento de volume nascoordenadas esfericas. Lembre que a integral radial é sempre feita para r ≥0.

6 Partícula Livre nas coordenadas esfericas

Podemos considerar o problema mais simples,

V = 0.

isto é, uma partícula livre. Nos sabemos esta solução nas coordenadas tridi-mensional, mas podemos expressar o estado de uma partícula livre em termosde coordenadas esfericas. A parte radial da Equação de Schödinger indepen-dente no tempo fica[

− ~2

2m

1

r

d2

dr2r +

~2

2m

` (`+ 1)

r2

]R (r) = ER (r) . (123)

Sabemos que E > 0, vamos introduzir a mudançca de variável

ξ = kr,

k =

√2mE

~2,

28

Page 29: Partícula em 3 dimensões

temos [1

ξ

d2

dξ2ξ +

(1− ` (`+ 1)

ξ2

)]R (r) = R (r) ,

ou

R′′ +2

ξR′ +

(1− ` (`+ 1)

ξ2

)R = 0.

Esta equação é conhecido como a equação de Bessel esferica e sua solução éexpressa em termos de combinação linear de qualquer duas das soluções basedesta equação abaixo:

j` (ξ) =

√π

2ξJ`+1/2 (ξ) , (124)

n` (ξ) = (−1)`+1 j−`−1 (ξ) =

√π

2ξN`+1/2 (ξ) , (125)

h(1)` (ξ) = j` (ξ) + in` (ξ) , (126)

h(1)` (ξ) = j` (ξ)− in` (ξ) , (127)

onde J` (ξ) e N` (ξ) são as funções de Bessel de primeira e segunda esécie(função de Neumann), respectivamente. As vezes j` é referida como simples-mente função de Bessel esférica, e n` como a funçao de Neumann esférica.h(1) e h(2) são chamadas de função de Hankel esferica de primeira e segundaespécie, respectivamente. Expressando genericamente estas soluções por z`,todas as funções satisfazem as relações de recorrência,

z`−1 +z`+1 =2`+ 1

ξz`, (128)

(2`+ 1)dz`

dξ= `z`−1 − (`+ 1)z`+1, (129)

d

(ξ`+1z`

)= ξ`+1z`−1, (130)

d

(ξ−`z`

)= −ξ−`z`+1. (131)

Exercício: Mostre que a série de funções z`, ` = 0, 1... que é definida pelarecorrência Eq.(130) satisfazem a Equação de Bessel esférica, desde quez0 satisfaz. Idem para a Eq.(131).

29

Page 30: Partícula em 3 dimensões

O exercício acima mostra que se tivemos a solução para ` = 0, podemosgerar soluções para todos os valores de `. Vamos considerar o caso ` = 0.Neste caso, temos

z′′0 +2

ξz′0 +z0 = 0,

oud2

dξ2χ = χ, (132)

onde, novamenteχ = ξz0.

Podemos considerar as seguintes soluções para a Eq.(132),

χ =

sin ξ,cos ξ,eiξ,e−iξ,

e, portanto, podemos obter z0 por

z0 =1

ξχ.

As funções de Bessel esféricas são geradas pera a relações de recorrência, apartir de escolhe,

j0 (z) =1

ξsin ξ,

n0 (z) = −1

ξcos ξ,

h(1)0 (ξ) = (−i) 1

ξeiξ,

h(0)0 (ξ) = (i)

1

ξe−iξ.

Exercício: Mostre que para ξ → 0,

j` (ξ)→ ξ`

(2`+ 1)!!, (133)

n` (ξ)→ −(2`− 1)!!

ξ`.

30

Page 31: Partícula em 3 dimensões

Vemos que a função de Bessel esférica j` não possui nenhuma singulari-dade em todo espaço no entanto, existe a singularidade na função de Neu-mann em r = 0. A expanção de Taylor em torno de origem fica

j` (ξ) = (2ξ)`∞∑m=0

(−1)m

m!

(`+m)!

(2`+ 2m+ 1)!ξ2m,

n` (ξ) = − 1

(2ξ)` ξ

∞∑m=0

1

m!

Γ (2`− 2m+ 1)

Γ (`−m+ 1)ξ2m.

Exercício: Para um dado `, estime o valor de ξ para que a aproximação daEq.(133) seja válida dentro de 10% de erro relativo.

Já que a única solução que não possui a singularidade no espaço inteiroé a função de Bessel esférica j` (ξ), a solução radial do estado de partículalivre com um dado valor de energia E, o momento angular `, e seu projeçãom é dada por

RE,`,m (r) = αj` (kr) ,

onde α é a constante de normalização. Em geral a função de onda radial coma energia E, momento angluar ` e sua projeção m, regular em todo espaço,exceto a origem é

RE,`,m (r) = αj` (kr) + βn` (kr) ,

ouRE,`,m (r) = αh

(1)` (kr) + βh

(2)` (kr) .

A função de onda geral de uma partícula livre com a energia E, regular emtodo espaço, exceto a origem é dada por

ψE (r, θ, φ) =

∞∑`=0

∑m=−`

[α`mj` (kr) + β`mn` (kr)]Y`m (θ, φ) , r 6= 0.

Se a função de onda é regular em todo espaço, inclusive a origem, então,devemos ter,

D`m = 0,

e temos

ψE (r, θ, φ) =

∞∑`=0

∑m=−`

α`mj` (kr)Y`m (θ, φ) . (134)

31

Page 32: Partícula em 3 dimensões

A Eq.(134) forma uma base para funções de onda de uma partícula livreem todo espaço. Por outro lado, nas coordenadas Cartesianas, a função deonda de uma partícula livre é dada pela onda plana,

ψE (x, y, z) = e±i~k·~r,

e, portanto, devemos expressar a onda plana acima pela Eq.(134).

e+i~k·~r =

∞∑`=0

∑m=−`

α`mj` (kr)Y`m (θ, φ) . (135)

Na expressão acima, podemos escolher a direção do vetor ~k na direção doeixo z. Neste caso, lembrando que z = r cos θ,

eikr cos θ =∞∑`=0

∑m=−`

α`mj` (kr)Y`m (θ, φ) .

A equação acima é nada mais que a expansão da função eikr cos θ em termosde Polinômios de Legendre. Utilizando a fórmula,

eikr cos θ =∞∑`=0

i` (2`+ 1) j` (kr)P` (cos θ) ,

e

Y`0 (θ, φ) =

√2`+ 1

4πP` (cos θ) ,

temosα`m =

√4π (2`+ 1)i`δm,0.

7 Poço de Potencial quadrado

Vamos estudar o potencial,

V (~r) = V (r) =

−V0,

0,0 ≤ r < ar ≥ a.

isto é, a generalização tridimensional de um poço quadrado que já estudamos.Pelo argumento geral, sabemos que para E ≥ 0, todos os valores de E sãoautovalores da energia, correspondente a estados de espalhamento. Para osestados ligados, temos −V0 < E < 0.

32

Page 33: Partícula em 3 dimensões

7.1 Estado Ligado

Vamos estudar os estados ligados,

−V0 < E < 0.

Para um dado estado de momento angular `, a equação radial fica

d2R`

dr2+

2

r

dR`

dr− ` (`+ 1)

r2R` +

2m

~2(V0 + E)R` = 0, (136)

para 0 ≤ r < a e

d2R`

dr2+

2

r

dR`

dr− ` (`+ 1)

r2R` +

2mE

~2R` = 0, (137)

para r ≥ a. Já vimos que as ambas equações são de Bessel esférica. Para aEq.(136), já que contém a origem, a solução deve ser

R` (r) = Aj` (kr) , (138)

onde

k =

√2m

~2(V0 + E).

Para r > a, temos que tomar cuidado, pois E < 0. Para explicitar este fato,vamos introduzir a variável

κ = i

√−2mE

~2.

Com isto, a solução deve ser espressa como uma combinação linear dasfunções de Bessel esférica com argumento imaginário,

j` (iκr) , n` (iκr) , h(1)` (iκr) , h

(2)` (iκr) .

Dentro destas possibilidades, a única função que satisfaz a condição de con-torno para r →∞ é

h(1)` (iκr) .

Concluímos portanto,R` (r) = Bh

(1)` (iκr) . (139)

33

Page 34: Partícula em 3 dimensões

As duas partes devem ser ligadas suavemente. Esta condição é

kj′` (kr)

j` (kr)= iκ

h(1)′` (iκr)

h(1)` (iκr)

.

Esta equação é uma equação trancedental para E e determina os possíveisvalores da energia.

Exercício: Determine graficamente os autovalores da energia para ` = 0(estadof de onda s). Qual é a condição para a qual não exista nenhumestado ligado? E para existir apenas duas estados ligados?

Exercício: Determine aproximadamente os autovalores da energia para ka`, utilizando a forma asintótica das funções de Bessel.

Exercício: Determine os autovalores da energia para V0 =∞.

8 Oscilador Harmônico Esférico

Vamos retomar o problema de oscilador harmôncio esférico. A equação radialcom o momento angluar ` fica

− ~2

2m

d2

dr2χ+

mω2

2χ+

` (`+ 1) ~2

2mr2χ = Eχ,

ondeχ = rR` (r) .

Introduzindo a variável adimensional,

η =mω

~r2,

reescrevemos a equação por[−2η

d2

dη2− d

dη+

1

2η +

` (`+ 1)

]χ = εχ, (140)

onde ε = E/~ω. Podemos analizar os comportamentos asintóticos para r →0 e para r →∞. Para r → 0, colocando

χ ∼ rβ,

34

Page 35: Partícula em 3 dimensões

a equação característica para β fica

−2β (β − 1)− β +` (`+ 1)

2= 0.

cuja raízes são β = −12` ou β = 1

2` + 1

2. Então, a solução regular na origem

tem que comportar comoχ ' ηβ, r → 0,

onde

β =1

2+`

2.

Para r →∞, a equação (140) se torna asintoticamente[− d2

dη2+

1

4

]χ ' 0,

que mostra que o comportamento asintótico da solução como

χ→ e±η/2,

para r →∞. A solução regular então deve comportar como

χ→ e−η/2.

Incluindo os ambos comportamentos, vamos introduzir o ansatz,

χ = ηβe−η/2h (η) .

A função h (η) deve ser uma função não singular em todo espaço. Substi-tuindo na Eq.(140), temos[

ηd2

dη2+

(2`+ 3

2− η)d

dη+

2− 2`+ 3

4

)]h (η) = 0.

Esta equação é a equação da função hipergeométrica confluente e a soluçãoé dada por

h (η) = F

(3 + 2`

4− ε

2,3 + 2`

2; η

).

Esta função deverge como e2η, exceto quando

ε

2− 3 + 2`

4= nr

35

Page 36: Partícula em 3 dimensões

for um inteiro não negativo. Neste caso, a função hipergeométrica confluentese torna um polinômio de ordem nr. Temos então, para satisfazer a condiçãode contorno para r →∞,

ε =E

~ω=

1

2(3 + 2`+ 4nr) , (141)

ondenr = 0, 1, 2, ....

e` = 0, 1, 2, ...

A Eq.(141) mostra que a energia de um oscilador harmônico esférico é car-acterizada por dois números inteiros, nr e `. O primeiro inteiro é a ordem depolinômio da função radial e, portanto, é o número de zeros (nós) da funçãode onda radial. O segundo inteiro é o momento angular. Na lingagem espec-troscópica, as vezes utilizamos simbolos S, P,D, , F,G,H... para expressar osestados de momento angular.

Exercício: Compare as Eqs.(141) e (12) e classifique os estados degeneradosem coordenadas Cartesianos em termos de momento angular e o númeroquântico radial.

9 Atomo de Hidrogênio

9.1 Separação de Movimento do Centro de Massa

Vamos estudar o potencial

V (r) = −e2

r,

o que corresponde a força Coulombiana entre o elétron e o núcleo do hidrogênio(proton). O Hamiltoniano do sistema é

H = − ~2

2M∇2

1 −~2

2m∇2

2 + V (r) ,

onde ∇21 é o Laplaciano em relação a coordenadas do proton ~r1, ∇2

2 é oLaplaciano em relação a coordenadas do elétron ~r2 e

r = |~r2 − ~r1|

36

Page 37: Partícula em 3 dimensões

é a coordenada radial relativo entre dois. A Equação de Schrödinger (inde-pendente no tempo) para o sistema de proton-elétron fica

HψE (~r1, ~r2) = EψE (~r1, ~r2) ,

onde ψE (~r1, ~r2) é a representação em coordenadas do vetor de estado dosistema,

ψE (~r1, ~r2) = (〈~r1| ⊗ 〈~r2|) |ψE〉.Em analogo ao caso da Mecânica Clássica, podemos introduzir a mudança

de variáveis por

~RCM =M

M +m~r1 +

m

M +m~r2,

~r = ~r2 − ~r1,

eψE → ψE

(~RCM , ~r

).

Podemos mostrar facilmente que

− ~2

2M∇2

1 −~2

2m∇2

2 = − ~2

2 (M +m)∇2CM −

~2

2µ∇2,

onde

µ =mM

M +m

é a massa reduzida e∇2CM é o Laplaciano em relação a coordenadas do centro

de massa ~RCM , e ∇2 é o Laplaciano em relação a coordenadas relativas, ~r.Assim, a Equação de Schrödinter em termos destas coordenadas fica[− ~2

2 (M +m)∇2CM −

~2

2µ∇2 + V (r)

]ψE

(~RCM , ~r

)= EψE

(~RCM , ~r

).

Podemos separar variáveis ~RCM e ~r como

ψE

(~RCM , ~r

)→ ψ

(CM)ECM

(~RCM

)ψErel (~r) ,

onde

− ~2

2 (M +m)∇2CMψ

(CM)ECM

(~RCM

)= ECMψ

(CM)ECM

(~RCM

), (142)

37

Page 38: Partícula em 3 dimensões

[− ~

2

2µ∇2 + V (r)

]ψErel (~r) = ErelψErel (~r) , (143)

eE = ECM + Erel. (144)

O resulado, Eqs.(142) e (143) mostram que, como na Mecânica Clássica,o movimento do centro de massa do sistema comporta como partícula livrecom a massa a soma das duas partículas e o movimento relatívo se disvinculacompletamente do movimento do centro de massa. Desta forma, para estudaro espectro de energia de um sistema comosto como átomo de hidrogênio,podemos desconsiderar o movimento do centro de massa e analisamos apenasa parte de movimento relativo, a Eq.(143).

9.2 Autovalor da Energia

Vamos estudar a equação da parte de coordenadas relativas,[− ~

2

2µ∇2 − e2

r

]ψE (~r) = EψE (~r) , (145)

onde abreviamos o subscript, rel para simplificar a notação. A equação radialpara um dado momento angular ` fica[

− ~2

1

r

d2

dr2r +

` (`+ 1) ~2

2µr2− e2

r

]R` (r) = ER` (r) , (146)

oud2R`

dr2+

2

r

dR`

dr+

~2

[E +

e2

r− ` (`+ 1) ~2

]R` = 0. (147)

Para r →∞, a equação se torna asintoticamente como

d2R`

dr2+

2µE

~2R` ' 0,

e portanto, o comportamento asintótico da solução radial é

R` → e±i√

2µE

~2r

para E > 0 e

R` → e±√− 2µE

~2r (148)

38

Page 39: Partícula em 3 dimensões

para E < 0. Novamente E > 0 corresponde ao estado de espalhamento, eE < 0 corresponde a estados ligados.Vamos analizar estados ligados, E < 0. Da Eq.(148) é conveniente intro-

duzir a variável adimensional,

ρ = 2

√−2µE

~2r.

A equação nesta variável é

d2R`

dρ2+

2

ρ

dR`

dρ− ` (`+ 1)

ρ2R` +

ρ− 1

4

)R` = 0, (149)

onde

λ =e2

~

−2E

)1/2

= α

(µc2

−2E

)1/2

,

onde α = e2/~c ' 1/137 é uma constante universal adimensional, chamadode constante estrutura fina.O comportamento asintótico fisicamente aceitável para ρ→∞ é

R` → e−12ρ.

O comportamento asintótico para ρ→ 0 é

R` → ρ`.

Desta forma, podemos introduzir a mudânça,

R` = ρ`e−12ρL (ρ)

e calculamos a equação para L. Temos

ρd2L

dρ2+ (2`+ 2− ρ)

dL

dρ+ (λ− 1− `)L = 0. (150)

Esta é novamente a equação para Função hipergeométrica confluente. Paranão violar a condição de contorno para a função de onda em r →∞, devemoster

(λ− 1− `) = nr,

39

Page 40: Partícula em 3 dimensões

onde nr deve ser um inteiro não negativo. Neste caso, L é um polinômio deordem n. Isto implica que λ é um inteiro positivo, tal que

λ ≡ n = nr + `+ 1,

e é chamado o número quântico principal.Utilizando

λ = α

(µc2

−2E

)1/2

,

temos

E = En = −1

2µc2α

2

n2.

Note que o espaçamento entre níveis de energia se torna indefinidamentemenor para n→∞. Isto porque, o potencial Coulombiano tem uma extençãocada vez maior para E → 0.

9.3 Função de Onda

A solução da Eq.(150) para λ inteiro é conhecido como Polinômio de Laguerreassociada. A equação para Polinômio de Laguerre associada Lpq (ρ) tem aforma,

ρd2Lpq (ρ)

dρ2+ (p+ 1− ρ)

dLpq (ρ)

dρ+ (q − p)Lpq (ρ) = 0,

e, portanto, podemos identificar a nossa função de onda como

Rn` (r) = Ne−12ρρ`L2`+1

n+1 (ρ) ,

ondeρ =

2

na0

r,

com

a0 =~2

µe2

é o raio de Bohr. Os autovalores de energia podem ser expressos como

En = − e2

2a0n2.

40

Page 41: Partícula em 3 dimensões

10 Spin e Interação Eletromagnética do Elétron

Na seção de Momento Angular, vimos como construimos a representação dosoperadores que satisfaz a regra de comutação,

[Li, Lj] = iLk. (151)

Aqui, a palavra “representação”significa estabelecer a correspondência destesoperadores com as matrizes. Definindo o quadrado do vetor de momentoangular por

~L2 = L2x + L2

y + L2z,

vimos que os autovalores deste operador tem a forma,

j (j + 1) ,

ondej = 0,

1

2, 1,

3

2, · · ·

Escrevendo os autovetores simultaneos de ~L2 e Lz por |j,m〉,

~L2|j,m〉 = j (j + 1) |j,m〉,Lz|j,m〉 = m|j,m〉,

podemos construir as matrizes (Σx,Σy,Σz) por

(Σi)mm ≡ 〈j,m|Li|j, m〉 (152)

para um dado j. A dimensão destas matrizes é 2j+ 1, isto é, as matrizes sãode (2j + 1)× (2j + 1). Por construção, podemos verificar que estas matrizessatisfazem as relações de comutação,

[Σi,Σj] = iΣk. (153)

Prove a Eq.(153).Quando o estado quântico da partícula é completamente especificada em

termos de amplitude de probabilidade na posição espacial, vimos que os val-ores de j devem ser inteiros. Isto porque, a unicidade da função de ondaem relação as coordenadas espaciais é violada para os valores semi-inteirosde j. Desta forma, excluimos os valores semi-inteiros do autovalores para omomento angular orbital. Por outro lado, nem todas partículas podem ser

41

Page 42: Partícula em 3 dimensões

descritas em termos de uma única função de onda apenas. Por exemplo,consideramos um fóton. Para especificar o estado deste fóton, não apenasa informação da sua localizaçao, precisamos também especificar o estado depolarização, pois o campo eletromagnético clássico tem os graus de liberdadede polarização. Esse fato corresponde que o fóton tem spin j = 1. O experi-mento de Stern-Gerlach mostra que o elétron tem 2 graus de liberdade, queacopla com o campo magnético como um imã.Discutiremos em detalhe sobre spin na MQII.

11 Complementação Matemática

11.1 Polinômios Ortogonais

Consideramos o espaço de funções definidas no domínio D, e suponhamosque está definido o produto escalar entre duas funções f e g como

(f, g) =

∫D

dxρ (x) f ∗ (x) g (x) ,

ondeρ (x) ≥ 0, x ∈ D

é chamada de métrica, satisfazendo a propriedade,∫D

dxρ (x)xn <∞, ∀n <∞.

Para um dado ρ (x), podemos construir, usando o método de Gram-Schmidt,a sequência de polinômios ortogonais a partir de sequências de monomios,

0, x, x2, . . .→ h0 (x) , h1 (x) , h2 (x) , . . . .

(hn, hm) = δmn.

Suponhamos que, para dado ρ (x), encontramos uma função X (x) paraqual

Fn (x) ≡ 1

ρ (x)

dn

dxn(ρX (x)n) (154)

é um polinômio de ordem n em x para qualquer n inteiro não negativo. Aindasupomos que esta função satisfaz a condição de contorno,

dk

dxk(ρ (x)X (x)n)

∣∣∣∣x∈S

= 0, (155)

42

Page 43: Partícula em 3 dimensões

para k < n, onde S representa a superfície de D (neste caso, os pontosextremas de D). Então, podemos provar que

Fn (x) ∝ hn (x) .

Para provar isto, basta mostrar que

(xm, Fn (x))?= 0,

para qualquer m < n. Temos

(xm, Fn (x)) =

∫D

xmdn

dxn(ρ (x)X (x)n) dx

= xmdn−1

dxn−1(ρ (x)X (x)n)

∣∣∣∣S

−m∫D

xm−1 dn−1

dxn−1(ρ (x)X (x)n) dx

= −m∫D

xm−1 dn−1

dxn−1(ρ (x)X (x)n) dx,

onde utilizamos a propriedade Eq.(155). Repetindo o processo, temos

(xm, Fn (x)) = (−1)mm!

∫D

dn−m

dxn−m(ρ (x)X (x)n) dx

= (−1)mm!dn−m−1

dxn−m−1(ρ (x)X (x)n) dx

∣∣∣∣S

= 0.

Assim, verificamos que(xm, Fn (x)) = 0, (156)

para todom < n. Isto implica que Fn (x) é ortogonal a todos os polinômios deordem menor que n. Já que Fn (x) é um polinômio por definição, concluimosque

Fn (x) ∝ hn (x) .

Não é sempre verdade que exista a função X (x) que satisfaz a Eq.(154)junto com a Eq.(155) para qualquer ρ (x), mas em certas situações, podemosencontrar a função desejada X (x). Por exemplo, vamos considerar um op-erador hermitiano,

O ≡ 1

ρ (x)

d

dxρ (x)X (x)

d

dx,

43

Page 44: Partícula em 3 dimensões

que é um operador diferencial de 2a ordem. Este operador também pode serescrita como

O ≡ 1

ρ (x)

[d

dxρ (x)X (x)

]d

dx+X (x)

d2

dx2

= F1 (x)d

dx+X (x)

d2

dx2,

onde utilizamos a definição Eq.(154) para n = 1. Agora, vamos supor queX (x) é um polinômio de ordem inferior a 3. Suponhe que Fn (x) é umpolinômio de ordem n em x. Então,

F (x) ≡ OFn (x)

também é um polinômio em x de ordem n. Já que O é um operador hermi-tiano, para qualquer m < n, temos

(xm, F (x)) = (Oxm, Fn)

= 0,

pois Oxm é um polinômio de ordem m e usamos a Eq.(156). Um polinômiode ordem n que ortogonal a qualquer polinômio de ordem m < n tem queser proporcional a prória Fn (x) . Então temos

F (x) = λFn (x) ,

ou sejaOFn (x) = λFn (x) . (157)

Comparando os coeficientes dos termos de ordem n dos dois lados da equaçãoacima, podemos concluir que

λ = ndF1

dx+n (n− 1)

2

d2X

dx2. (158)

Vamos considerar alguns exemplos.

11.2 Polinômio de Legendre

Consideramos o domínio

D = [−1 ≤ x ≤ 1]

44

Page 45: Partícula em 3 dimensões

eρ (x) = 1.

Neste caso, se escolhemosX (x) = x2 − 1.

então, facilmente podemos ver que

Fn (x) ≡ dn

dxn(x2 − 1

)né polinômio em x para qualquer n. Escolhendo o fator de normalização detal forma que o valor da função seja 1 e chamamos de polinômio de Legendre,

Pn (x) =1

2nn!

dn

dxn(x2 − 1

)n.

A Eq.(157) fica [d

dx

(1− x2

) d

dx+ n (n+ 1)

]Pn (x) = 0

que é a equação diferencial de Legendre.

11.3 Polinômio de Laguerre

ParaD = [0 ≤ x <∞] ,

eρ (x) = e−x,

e escolhemosX (x) = x.

Então,obviamente

Fn (x) ≡ exdn

dxn(e−xxn

)é um polinômio de ordem n em x e chamamos de Polinômio de Laguerre,

Ln (x) = exdn

dxn(e−xxn

).

TemosF1 (x) = −x+ 1,

45

Page 46: Partícula em 3 dimensões

e portanto, a Eq.(157) ficad2

dx2+ (1− x)

d

dx+ n

Ln (x) = 0.

Esta é a equação diferencial de Laguerre.

11.4 Polinômio de Hermite

ParaD = [−∞ < x <∞] ,

eρ (x) = e−x

2

,

podemos escolherX = 1.

Escolhendo o sinal appropriado, temos os polinômios de Hermite,

Hn (x) = (−1)n ex2 dn

dxne−x

2

,

e a equação de Hermite,

(d2

dx2− 2x

d

dx+ 2n)Hn (x) = 0.

12 Função Hipergeométrica

12.1 Função Hipergeométrica Generalizada de Pochham-mer

Definimos um simbôlo (α;n) por

(α;n) ≡ Γ (α + n)

Γ (α)

= α (α + 1) · · · (α + n− 1) .

Podemos definir a seguinte série que converge para |z| < 1 por

pFq ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ; z) =

∞∑n=0

1

n!Cnz

n,

46

Page 47: Partícula em 3 dimensões

onde

Cn =(α1;n) (α1;n) · · · (αp;n)

(γ1;n) (γ1;n) · · · (γp;n).

Esta família de funções analíticas é chamada função hipergeométrica gener-alizada.

12.2 Função Hipergeométrica de Gauss

Em particular, a função

2F1 ([α, β] ; [γ] ; z) =Γ (γ)

Γ (α) Γ (β)

∞∑n=0

1

n!

Γ (α + n) Γ (β + n)

Γ (γ + n)zn

é chamada de Função hipergeométrica de Gauss e frequentemente denotadapor

F (α, β, γ; z) .

12.3 Função Hipergeométrica Confluente

A função,

1F1 (α; γ; z) =Γ (γ)

Γ (α)

∞∑n=0

1

n!

Γ (α + n)

Γ (γ + n)zn (159)

é chamada de Função hipergeométrica confluente e denotada por

F (α, γ; z) .

12.4 Relações de Recorrência

A função hipergeométrica é invariante sob permutação de parâmetros dentrode [ ]. Isto é,

pFq ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ; z) = pFq([αi1 , αi2 , . . . , αip

];[γj1 , γj2 , . . . , γjq

]; z),

para qualquer permutação,

[α1, α2, . . . , αp]→[αi1 , αi2 , . . . , αip

],

[γ1, γ2, . . . , γq]→[γj1 , γj2 , . . . , γjq

].

47

Page 48: Partícula em 3 dimensões

Podemos provar as seguintes relações de recorrência,

p+1Fq+1 ([α1, α2, . . . , αp, β] ; [γ1, γ2, . . . , γq, β] ; z) = pFq ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ; z) ,

limβ→∞

p+1Fq

([α1, α2, . . . , αp, β] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ;

z

β

)= pFq ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ; z) ,

limβ→∞

pFq+1 ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq, β] ; βz) = pFq ([α1, α2, . . . , αp] ; [γ1, γ2, . . . , γq] ; z) .

Como o caso particular, temos

F (α, γ; z) = limβ→∞

F

(α, β, γ;

z

β

).

12.5 Representação de Funções Elementares em ter-mos de Função Hipergeométrica

Várias funções elementares podem ser expressas como um caso particular defunção hipergeométrica. Por exemplo,

(1− z)α = 1F0 (−α; z) = F (−α, β, β; z) ;

ex = 0F0 (z) = F (α, α; z) ,

sinh z = z 0F1

(3

2;z2

2

),

cosh z = 0F1

(1

2;z2

2

),

sin z = z 0F1

(3

2;−z

2

2

),

cosh z = 0F1

(1

2;−z

2

2

),

sin−1 z = zF

(1

2,1

2,3

2; z2

),

tan−1 z = zF

(1

2,1

2,3

2;−z2

),

Erf (z) = zF

(1

2,3

2; z

),

etc.

48

Page 49: Partícula em 3 dimensões

12.6 Equação Diferencial

A Função Hipergeométrica de Gauss satisfaz a seguinte equação diferencial,

z (1− z)d2w

dz2+ [γ − (α + β + 1) z]

dw

dz− αβw = 0,

e a Função Hipergeométrica confluente satisfaz a seguitne equação diferencial,

zd2w

dz2+ [γ − z]

dw

dz− αw = 0. (160)

As duas soluções linearmente independentes, expressas na forma de série emtorno de z = 0 são dadas por

w1 = F (α, γ; z) ,

w2 = z1−γF (α− γ + 1, 2− γ; z) .

Pela definição, Eq.(159), a solução se comporta como

w1 → 1

em torno da orgem, z = 0.Para z →∞, a Eq.(160) comporta como

d2w

dz2− dw

dz' 0,

e suas soluções devem ser

w → const,

→ ez

para z →∞.

12.7 Polinômios Ortogonais

Vamos analizar o comportamento asimtótico da solução w1 (z). Se a sérieEq.(159) continua até n→∞, o coeficiente

1

n!

Γ (γ)

Γ (α)

Γ (α + n)

Γ (γ + n)˜

1

n!, n→∞,

49

Page 50: Partícula em 3 dimensões

portanto,w1 (z)→ ez.

Mas, se α for um inteiro negativo ou 0, a série Eq.(159) será truncada emn = −α. Assim, para satisfazer as duas condições de contorno,

w (z)→ const,

tanto para z → 0 e z →∞, devemos ter

α = −N,

ondeN = 0, 1, 2, ...

A função hipergeométricaF (−N, γ; z)

é polinômio de ordemN . Podemos verificar que F (−N, γ; z) , N = 0, 1, 2, ...constitui um conjunto de polinômio ortogonal, com

D = [0 ≤ z <∞] ,

ρ (z) = e−zzγ−1,

X (z) = z.

12.8 Equação Diferencial que reduz a Equação difer-encial Hipergeométrica Confluente

Para um problema de potencial de Equação de Schrödinger, encontramosfrequentemente a equação diferencial tipo

d2u

dx2+

(a+

b

x

)du

dx+

(A+

B

x+C

x2

)u = 0. (161)

Este tipo da equação pode ser reduzida na forma de equação hipergeométricaconfluente. Para isto, primeira, analizamos o comportamento da solução parax→ 0 e x→∞. Em geral, os comportamentos asintóticos são

u→ xβ, x→ 0,

eu→ eλx, x→∞.

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Page 51: Partícula em 3 dimensões

Os constantes β e λ podem ser determinados da Eq.(161). Utilizando osvalores destes constantes assim determinados, definimos

u (x) = xβeλxf (x) ,

e substituindo desta forma na Eq.(161), podemos obter a equação para f .Vemos que a equação resultante para f pode ser equivalente a Eq.(159).

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