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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PATRICIA SOARES DA SILVA
ENCCEJA: UMA BREVE ANÁLISE DAS QUESTÕES DE CIÊNCIAS DA
NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
VIÇOSA - MINAS GERAIS
2018
PATRICIA SOARES DA SILVA
ENCCEJA: UMA BREVE ANÁLISE DAS QUESTÕES DE CIÊNCIAS DA
NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
VIÇOSA - MINAS GERAIS
2018
Monografia apresentada ao Departamento de
Química da Universidade Federal de Viçosa como
requisito para obtenção do título de Licenciatura
em Química.
ORIENTADORA: Regina Simplício Carvalho
PATRICIA SOARES DA SILVA
Aprovada em: 26 de novembro de 2018
_________________________________ _______________________________
____________________
_____________________________
_____________________________ _____________________________
ENCCEJA: UMA BREVE ANÁLISE DAS QUESTÕES DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS
TECNOLOGIAS
Monografia apresentada ao Departamento
de Química da Universidade Federal de
Viçosa como requisito para obtenção do
título de Licenciatura em Química.
Profa. Regina Simplício Carvalho
Departamento de Química–UFV
(Orientadora)
Prof. Vinícius Catão, de Assis Souza
Departamento de Química–UFV
(Coordenador da Disciplina)
Prof. Maurício Jarbas Moraes Godoi
Educação Básica
(Avaliador)
Profa. Aparecida de Fátima Andrade da Silva Departamento de Química – UFV
(Avaliadora)
Dedico esse trabalho a Deus, a minha mãe e ao meu pai (in
memória), pois sem eles este sonho não seria possível.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me sustentado até aqui e sempre
colocando pessoas no meu caminho para me ajudar.
Agradeço aos meus pais que mesmo não tendo oportunidade de estudar
sempre me incentivaram a seguir meus sonhos por mais difícil que pudessem parecer.
Hoje meu pai não se encontra mais entre nós, mas com certeza de onde quer que ele
esteja, acredito que está feliz com a nossa vitória. E sim, não apenas minha, é nossa e
dedico a vocês.
Ao meu esposo que mesmo não entendendo muitas vezes meus estresses,
choros e desesperos, sempre esteve ao meu lado me apoiando, me encorajando e
fazendo com que esta caminhada fosse um pouco mais tranquila.
Agradeço a Débora Chéquer que sem me conhecer me apoiou para que este
sonho fosse possível.
Aos meus professores do Ensino Fundamental e Médio especialmente a
professora Fátima Vaz de Melo que me inspirou a ser como ela, uma excelente
professora de Química, e tive certeza após participar o Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (PIBID) e com isso eu tenho muito a agradecer aos professores
coordenadores e supervisores das escolas que participei.
Agradeço imensamente aos meus amigos da UFV que se tornaram parte da
minha família, sem eles com certeza seria mais difícil chegar até aqui, pois sempre que
precisei estavam dispostos a me ajudar e sem contar das nossas “sociais” como Estudo
de caso, ou nossas conversas na “esquerda, pataxó, sebo, etc.”. Muito obrigada a
todos, em especial ao Márcio, Andreza, Ray, Néia, Vini e Marcinha que além da
amizade, estiveram me ajudando e dando consultoria online para este trabalho,
mostrando sempre o lado positivo das coisas, não me fazendo desistir. Muito obrigada
a todos vocês!
Queria agradecer também a minha Orientadora Regina S. Carvalho que esteve
sempre me incentivando, me apoiando e tirando minhas dúvidas que não foram
poucas, me ajudando no que fosse necessário para o desenvolvimento deste trabalho.
Gostaria de agradecer também aos membros da banca examinadora, por
aceitarem de prontidão contribuir com meu trabalho.
Enfim muito obrigada a todos que me ajudaram de maneira direta ou indireta!
RESUMO
SILVA, Patrícia Soares. ENCCEJA: UMA BREVE ANÁLISE DAS QUESTÕES DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS. Monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Química. Universidade Federal de Viçosa, novembro de 2018. Orientadora: Profa. Regina Simplício Carvalho.
O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica e documental
sobre o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos
(ENCCEJA), com ênfase na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. As
questões, com conteúdos relacionados à Química, da prova de Ciências da Natureza e
suas Tecnologias do ENCCEJA do ano de 2017, foram analisadas, visando verificar as
habilidades, competências e objetos de conhecimento das mesmas. A partir dessa
análise iniciou-se uma discussão sobre se o cidadão após concluir os estudos e obter a
certificação do Ensino Médio através do ENCCEJA estaria apto a realizar outro exame
para ingressar em algum curso superior da área de Ciências. As habilidades, e
competências contempladas no ENCCEJA são similares as encontradas na Matriz de
Referência do ENEM, no entanto não há abrangência dos objetos de conhecimento de
Química abordados no exame do ano de 2017. Quando se compara os programas
analíticos de disciplinas básicas de Química do Ensino Superior verifica-se um
distanciamento entre os conteúdos abordados.
Palavras-Chaves: EJA, ENCCEJA, ENEM, competências, habilidades.
ABSTRACT
SILVA, Patrícia Soares. ENCCEJA: A Brief analysis of natural sciences and their technologies. Monograph of conclusion of the course of Degree in chemistry. Federal university of Viçosa, November 2018. Adivisor: Regina Simplício Carvalho
The present work consists of a bibliographical and documentary research on
the Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA),
with emphasis on the proof of natural sciences and their technologies. The questions
about chemistry in proof's natural sciences of the year 2017 were analyzed to verify
the skills, competences and knowledge objects of the same. From this analysis began a
discussion on whether the Citizen after completing his studies and obtaining the
certification of high School through ENCCEJA would already be able to take another
exam to join a course in the area of sciences. The skills and competences
contemplated in ENCCEJA are similar to those found in the reference matrix's ENEM;
however, there is no comprehension of the knowledge objects of chemistry addressed
in exam in 2017's year. When comparing the analytical programs of the Basic
disciplines of chemistry of higher education there is a gap between the contents
addressed.
Key words: EJA, ENCCEJA, ENEM, competences, skills.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
1.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 12
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 12
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 12
3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................ 12
3.1 Breve histórico da EJA no Brasil .................................................................................. 13
3.2 ENCCEJA ...................................................................................................................... 16
4 METODOLOGIA .................................................................................................................... 19
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................... 20
5.1 O ENCCEJA ................................................................................................................... 20
5.2 Análise das Questões relacionadas com conteúdo de Química- ENCCEJA 2017 ........ 22
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................. 41
7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 44
ANEXO ......................................................................................................................................... 47
ANEXO I: MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM .......................................................................... 47
Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência .......................................... 50
ANEXO II: MATRIZ DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS
TECNOLOGIAS ......................................................................................................................... 52
ANEXO III: PROGRAMA ANALÍTICO DA DISCIPLINA QUI 102 – QUÍMICA FUNDAMENTAL ..... 56
ANEXO IV: PROGRAMA ANALÍTICO DA DISCIPLINA QUI 100 – QUÍMICA GERAL .................... 60
10
1 INTRODUÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino destinada às
pessoas que por algum motivo não conseguiram terminar todo o ensino na idade
própria, independentemente do motivo. A EJA foi regulamentada no Brasil a partir Lei
no 9346 de 1996 - LDB/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional
(BRASIL, 2017). Segundo a referida Lei, o Estado garantirá o acesso gratuito a essa
modalidade de ensino que poderá existir também em escolas particulares.
Ainda de acordo com a LDB/96 os sistemas de ensino manterão exames que
habilitarão ao aluno da EJA dar prosseguimento aos seus estudos regulares.
Atualmente, é o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e
Adultos (ENCCEJA), que cumpre esse papel, verificando se o aluno está apto para
concluir as etapas de ensino.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 2018, online), esta
prova tem como objetivo verificar as habilidades e as competências do aluno EJA,
sejam as adquiridas ao longo da vida escolar, ou no seu cotidiano, ou seja, avaliar a sua
“bagagem de conhecimento”. O exame é aplicado no território nacional e no exterior,
para os brasileiros que desejam concluir seus estudos, seja no Ensino Fundamental (EF)
ou no Ensino Médio (EM). A prova é dividida em áreas de conhecimento estabelecidas
a partir da proposta curricular trazida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
como: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e
Redação, Matemática, História e Geografia, Ciências Naturais para o EF e Linguagens,
Códigos, e suas Tecnologias e Redação, Matemática e suas Tecnologias, Ciências
Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias para o EM.
A prova é aplicada anualmente, aos domingos no horário integral, com
questões de todas as áreas de conhecimentos. A redação é comumente feita no
período da tarde.
Dessa forma o presente trabalho teve como finalidade visa analisar as questões
do ENCCEJA, da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, priorizando as
questões com temáticas de Química.
11
Com a análise das questões, e dos documentos que norteiam a Educação
Básica, discutiu-se sobre as competências e habilidades pretensamente adquiridas
pelos alunos da EJA, quando obtêm a certificação pelo ENCCEJA. Partiu-se do
pressuposto que esses alunos adquiriram as competências e habilidades necessárias
para dar continuidade aos estudos e participar do Sistema de Seleção Unificada (SISU)
para ingressar nas Universidades Brasileiras ou inserir mais qualificadamente no
mercado de trabalho.
1.1 JUSTIFICATIVA
Durante o curso de Licenciatura em Química, participei de projetos como o
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e o Química na Praça,
além de outras atividades como o Centro Acadêmico e a promoção de diversos
eventos, mas foi durante o Estágio Supervisionado em Química II que tive a
oportunidade de vivenciar outra realidade escolar. Estagiei em uma Escola Estadual na
cidade de Viçosa, na modalidade de ensino EJA e passei a ter uma concepção diferente
sobre a mesma. Percebi nas turmas da EJA a formação de dois grupos distintos: alunos
com idade mais avançada e alunos mais jovens, com 18 anos, que não permaneceram
no ensino regular por algum motivo. De uma maneira geral, o público da EJA se
diferencia do público do Ensino Médio Regular, pois devido às experiências de vida,
possuem uma bagagem de vivências que também influencia no seu aprendizado.
Outro motivo que me levou a ter um interesse maior em estudar sobre a EJA foi
por ter vindo de uma família que apresenta vulnerabilidade socioeconômica. Meus
pais não tiveram a oportunidade de estudar na idade apropriada, pois tiveram que
ingressar precocemente no mundo do trabalho, inicialmente o trabalho rural. Minha
mãe, em busca de melhores condições de vida, migrou-se ainda jovem para São Paulo.
Trabalhou como doméstica em casa de família e conheceu meu pai, que na ocasião
trabalhava de segurança numa empresa chamada Vanguarda, casou-se e teve duas
filhas. Embora ela não tenha tido oportunidade, sempre nos incentivou a estudar para
ser “alguém na vida”. Após o falecimento do meu pai, depois de um certo tempo,
minha mãe resolveu continuar seus estudos. Porém, ela achou complicado e acabou
12
desistindo, por se sentir velha e com a crença de que não conseguiria aprender nada.
No entanto, ainda percebo em “seus olhos” o sonho de continuar os estudos.
Pensando nisso, vivenciando e estudando sobre o assunto deparei-me com o
ENCCEJA. Acredito que a realidade vivida pela minha mãe ainda seja a realidade de
muitos brasileiros. Sendo assim o interesse nesta pesquisa é de tentar responder ao
questionamento de que, se uma pessoa que tenha concluído a etapa básica da
educação por meio do ENCCEJA está de fato preparada para dar continuidade aos
seus estudos e a ter reais oportunidades no mercado de trabalho, compatível com o
seu grau de escolaridade.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar as questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ENCCEJA, as
quais englobam a Química. A análise buscará verificar se este instrumento de avaliação
mede competências, habilidades e conhecimentos suficientes para que o estudante
que o realiza possa dar continuidade aos estudos em cursos superiores correlatos, na
área de ciências.
2.2 Objetivos Específicos
I. Analisar detalhadamente as questões que possua o conteúdo de Química;
II. Relacionar as questões com as competências e habilidades requeridas para o nível
de ensino;
III. Comparar habilidades, competências e objetos de conhecimentos exigidas no
ENEM com as do ENCCEJA.
IV. Verificar os objetos de conhecimento do exame com os presentes nos programas
analíticos de disciplinas básicas de química de cursos superiores.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Nessa seção será apresentado o referencial teórico que embasou essa
pesquisa. Está dividida em dois tópicos: “Breve histórico da EJA no Brasil” e “ENCCEJA”.
13
3.1 Breve histórico da EJA no Brasil
A Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988), em seu Art. 205, traz que a
educação é um direito de todos, sem nenhuma exceção. Com isso fica sob a
responsabilidade do Estado e da família obrigar os alunos a estudar de modo que
contribua para o desenvolvimento pessoal, tanto como cidadão, e na qualificação para
o mercado de trabalho.
A Educação é um princípio que vai além de um direito do cidadão, ou seja,
tornou-se um complemento básico para a vida, pois com isso a pessoa, em princípio,
fica mais qualificada para o mercado de trabalho e também a viver melhor na
sociedade, sabendo reivindicar os seus direitos e assumir os seus deveres, exercendo
com maior propriedade a sua cidadania.
A educação Básica tem três etapas, explicitadas na LDB/96: Ensino Infantil,
Ensino Fundamental (EF) e Ensino Médio (EM). O Art. 106 da LDB enfatiza que a
educação não é apenas um direito social e sim também um direito político e civil e esta
educação deve ser ofertada com qualidade e gratuita de forma que atenda a todos os
alunos, sem exclusão, e que todos aprendam da maneira mais homogênea possível
(BRASIL, 1996). A educação é gratuita e obrigatória a partir dos 4 anos até os 17 anos.
Este direito à educação de qualidade e gratuita inclui também o estudante que
não teve a oportunidade de terminar os estudos na idade adequada, seja por qualquer
motivo. Um cidadão que queira ingressar na EJA deve ter no mínimo 15 anos para
frequentar o EF e 18 anos para frequentar o EM (BRASIL, 1996).
Para validação e análise da educação tornou-se necessária a utilização de
matrizes como forma de avaliações nos diferentes níveis da Educação Básica brasileira
principalmente após aprovação da LDB e com a criação das avaliações em larga escala.
Tem-se alguns exemplos de matrizes, como as adotadas no Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB) que começou no ano de 1997; a do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM) indicada pela primeira vez em 1998; e a do Exame
Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), proposto
no ano de 2002. Estas matrizes, possui uma organização curricular do conteúdo
científico que concentra na ampliação e desenvolvimento de competências e
habilidades para a integrar as áreas do conhecimento, na inserção social, para
14
prosseguir nos estudos, ingressar no mundo do trabalho e no conhecimento com
relevância social (MACENO et al. 2011).
Embora a EJA seja um direito de todos os cidadãos, pode se dizer que a
educação de adultos teve seu início no Brasil no período colonial. A Companhia
Missionária de Jesus tinha a função de catequizar os índios que habitavam a Colônia e
ensiná-los a ler e a escrever (STREIHOW, 2010). O objetivo era fazer com que os índios
aprendessem a se comunicar com os colonos e com os jesuítas, seguindo as ordens dos
mesmos e realizando as tarefas designadas com mais eficácia. Logo, a educação de
adultos no período colonial teve um interesse puramente político. Segundo Haddad
(2000),
Além de difundir o evangelho, tais educadores transmitiam normas
de comportamento e ensinavam os ofícios necessários ao
funcionamento da economia colonial, inicialmente aos indígenas e,
posteriormente, aos escravos negros. Mais tarde, se encarregaram
das escolas de humanidades para os colonizadores e seus filhos.
(HADDAD, 2000, p. 109).
Em 1779 ocorreu uma ruptura na educação de adultos em consequência da
expulsão dos jesuítas do Brasil e o pais ficou 13 anos sem escolas, apenas com aulas
régias.
Depois de quase cinquenta anos, na Constituição Imperial Brasileira de 1824,
no campo de direitos legais, constava a educação primária para todos, inclusive para
adultos e isto ocorreu devido a “forte influência europeia”. A partir do Ato
Constitucional de 1834 a instrução primária e secundária ficou sob a responsabilidade
das províncias (STREIHOW, 2010). No entanto, somente na década de 1920, quando o
Brasil atingiu a marca de 72% de analfabetismo é que realmente foram estabelecidas
algumas condições para que ocorresse de fato o ensino de jovens e adultos (HADDAD,
2000).
Já em 1971, durante o regime militar, o projeto educacional foi consolidado na
LBD de forma jurídica, com a regulamentação da educação de jovens e adultos, na
forma do ensino Supletivo. Na época, foi levado à sociedade “como um projeto de
educação para o futuro” que tinha como seu objetivo fazer com que o cidadão
concluísse o EF e depois EM (HADDAD, 2000).
15
O Supletivo acabou sendo substituído pelo termo EJA, porém com a mesma
finalidade. Entretanto, mesmo com a EJA muitas pessoas não conseguem concluir os
estudos, seja por não ter tempo ou por algum outro motivo. Assim, elas recorrem a
outras formas de conclusão dos estudos como, por exemplo, submetendo-se a exames
para certificação de aprendizagem de competências e habilidades.
Segundo os dados preliminares do Censo (INEP, 2018), há 1.006.630 matriculas
no EJA-EM e 516.976 no EJA-EF, em escolas estaduais e municipais. Considerando que
no EM regular são seis milhões de matrículas, somando-se o período parcial e integral,
o número de matrículas EJA é relevante.
No Censo Escolar da Educação Básica 2016 – notas estatísticas (INEP, 2017,
p.22) está disponibilizado o gráfico com a estatística de idade dos alunos do Ensino
Médio na modalidade EJA. A mediana, valor que separa a metade maior e a metade
menor de uma amostra, do 1o quartil de do 3o quartil é apresentada para as diferentes
Gráfico 1: Estatística de idade no Ensino Médio na modalidade EJA.
Fonte:http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf
As medianas para as diferentes categorias oscilam entre 22 e 24 anos. Quatro
categorias apresentam a mediana igual a 22 anos.
16
Os dados apresentados mostram que há uma parcela significativa de alunos
jovens na EJA, apontando que essa modalidade de ensino está recebendo
precocemente alunos provenientes do ensino regular.
3.2 ENCCEJA
O ENCCEJA, como anteriormente mencionado, é o Exame Nacional para
Certificação de Competências de Jovens e Adultos e habilita o aluno a dar
prosseguimento aos seus estudos regulares.
O ENCCEJA tem como principal objetivo construir uma referência nacional de educação para jovens e adultos por meio da avaliação de competências, habilidades e saberes adquiridos no processo escolar ou nos processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais, entre outros. (BRASIL, 2018, online).
A participação no ENCCEJA é voluntária e gratuita, destinada aos jovens e
adultos residentes no Brasil, no exterior e que se encontram no sistema prisional, ou
seja, pessoas que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos na idade
apropriada. A inscrição deverá ser realizada nas Secretarias da Educação que aderirem
ao Exame. Para realizar a prova é necessária uma idade mínima de 15 anos para o EF e
mínima de 18 para EM. Caso o aluno não obtenha a aprovação em alguma área como,
por exemplo, Matemática do EF, ele poderá refazer o exame no próximo ano apenas
dessa matéria que não foi aprovado, ou seja, existe a aprovação parcial, mas a
certificação só é dada com a aprovação total (MURRIE, 2002).
O exame oferece suporte especializado e específico como, por exemplo, auxílio ou
recursos de acessibilidade, porém deve ser solicitado antes da realização do mesmo no
período da inscrição. A inserção do nome social para transexual ou travesti poderá
também ser solicitada.
O exame acontece anualmente e é aplicado aos domingos no horário integral. No
período da manhã ocorre a prova com as áreas de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias; e o restante no período da tarde, sendo
as áreas de Ciências Humanas e suas Tecnologias Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias e Redação. As áreas do conhecimento foram estabelecidas a partir do
17
currículo Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017) e de acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1999).
No site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira -
INEP o estudante consegue acessar materiais para se preparar para o exame, pois tem
um apoio pedagógico confeccionado por professores responsáveis pela elaboração da
prova, um livro composto por um volume introdutório e quatros volumes de
orientação para professores do EM.
O exame é elaborado pelo INEP, compõe-se de questões de múltipla escolha
por áreas de conhecimentos e/ou disciplinas construídas com base nas Matrizes de
Competências e Habilidades, especialmente desenvolvidas para estruturar o ENCCEJA,
e uma redação.
No ENCCEJA,
A Matriz de Competências e Habilidades [...] possui 30 habilidades e continua subsidiando o estudo individual. As competências do sujeito são eixos cognitivos que se referem, também, ao domínio de linguagens, compreensão de fenômenos, enfrentamento e resolução de situações-problema, capacidade de argumentação e elaboração de propostas. Dessas interações resultam, em cada área, habilidades que são avaliadas por meio das 30 questões objetivas (múltipla escolha) e pela produção de um texto em prosa do tipo dissertativo-argumentativo, a partir de um tema de ordem social, científica, cultural ou política (redação). (BRASIL, 2018, online).
A base educacional do ENCCEJA, segundo Murrie (2002) aborda todos os
conceitos que desenvolve as habilidades e competências equivalentes ao que se
encontra nas diretrizes curriculares nacionais da EJA. Acrescentando aos estudantes a
capacidade de raciocínio, desenvolvendo a aptidão de raciocínio, capacidade de
comunicação, adquirindo autoconfiança e, finalmente, ampliando sua autonomia e
habilidade de comunicação e de argumentação.
Para a discussão das competências que devam ser contempladas ou certificadas
Murrie (2002) faz as seguintes indagações:
O que significam dominar e fazer uso (competência I); construir,
aplicar e compreender (competência II); selecionar, organizar,
relacionar, interpretar, tomar decisões, enfrentar (competência III);
relacionar, construir argumentações (competência IV); recorrer,
18
elaborar, respeitar e considerar (competência V)? MURRIE (2002, p.
35)
Para cada uma das competências, Murrie (2002) discute vários pontos de vistas e
entre eles, aponta;
(I) Dominar linguagens implica ainda um sujeito competente como escritor da realidade que o cerca, um sujeito que saiba fazer uso dessa multiplicidade de linguagens para produzir diferentes textos que comuniquem uma proposta, uma reflexão, uma linha de argumentação clara e coerente. (MURRIE, 2002, p.36).
(II) Para isso, é necessário determinar relações entre as coisas, inferir sobre elementos que não estão presentes em uma situação, mas que podem ser deduzidos por aqueles que ali estão, trabalhar com fórmulas e conceitos. Nesse sentido, também fazemos uso da linguagem, à medida que formulamos hipóteses para compreender um fenômeno ou fato, ou elaboramos conjecturas, ideias e suposições em relação a ele. (MURRIE, 2002, p.37).
(III) Produzir resultados com êxito no contexto de uma situação-problema pressupõe o enfrentamento da mesma. Pressupõe encarar dificuldades e obstáculos, operando nosso raciocínio dentro dos limites que a situação nos coloca. (MURRIE, 2002, p.38).
(IV) Nesse sentido, construir argumentação significa utilizar a melhor estratégia para apresentar e defender uma ideia; significa coordenar meios e fins, ou seja, utilizar procedimentos que apresentem os aspectos positivos da ideia defendida. (MURRIE, 2002, p.39).
(V) A realidade nos impõe hoje a necessidade de criar novas soluções a cada situação que enfrentamos, sem que nos pautemos apenas por esses saberes tradicionais. Por essas razões, elaborar propostas é uma competência essencial, à medida que ela implica criar o novo, o atual. Mas, para criar o novo, é preciso que o sujeito saiba criticar a realidade, compreender seus fenômenos, comprometer e envolver-se ativamente com projetos de natureza coletiva. (MURRIE, 2002, p.40).
Um dos principais autores que apresentam o ensino por competências é
Philippe Perrenoud e,
Define-se uma competência como a aptidão para enfrentar uma
família de situações análogas, mobilizando de uma forma correta,
rápida, pertinente e criativa, múltiplos recursos cognitivos: saberes,
capacidades, microcompetências, informações, valores, atitudes,
19
esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio. (PERRENOUD et
al., 2002, p. 19, apud RICARDO, 2010, p.613).
Para Rangel et al. (2016, p.33) há uma polissemia em torno da conceituação de
competência e “o que diferencia a competência de um conteúdo é sua relação com
quem aprende”, pois:
As competências estão intimamente relacionadas às operações
cognitivas, ou seja, não basta “conhecer” determinada informação, a
ideia de competência pressupõe que se faça algo com ela, estando,
portanto, interligada à capacidade de abstrair conhecimentos e
transportá-los para outras esferas. (RANGEL et al., 2016, p.32).
Segundo Elio Ricardo (2010) ao orientar a organização dos currículos e dos
programas escolares, à noção de competências, as escolas são mobilizadas para se
abrirem para o mundo econômico e buscarem atribuir um sentido prático aos saberes
escolares o que pode levar a privatização do indivíduo.
4 METODOLOGIA
Esta monografia é resultado de uma pesquisa bibliográfica e documental, que
teve como objetivo o estudo das questões da área de Ciências da Natureza e sua
Tecnologias que se relacionam ao conteúdo químico do ENCCEJA - 2017.
Como metodologia de interpretação dos dados foi utilizada a análise de Bardin
(2011), com a pré análise, exploração do material e a análise reflexiva e crítica dos
dados.
Primeiramente foi realizada uma leitura dos documentos do ENCCEJA, do
ENEM, e suas respectivas matrizes. Posteriormente as questões da prova ENCCEJA
2017 com a temática de química foram selecionadas, resolvidas e analisadas de forma
a verificar se o conteúdo relaciona as competências, habilidades propostas e os
objetos de conhecimento de cada questão. As questões de Química, foram analisadas
de acordo com a matriz do ENCCEJA, relacionando a similaridade dos conteúdos
20
cobrados na questão com as habilidades e competências. Nesse caso as categorias
utilizadas estavam definidas pela própria matriz do ENCCEJA.
Por fim, pretendeu-se compreender se o ENCCEJA possibilita medir as
competências e habilidades dos estudantes necessárias para que os mesmos deem
continuidade aos seus estudos.
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 O ENCCEJA
O ENCCEJA, como anteriormente mencionado, é aplicado para que o cidadão
possa obter certificação do EF e/ou EM. Para o EM o exame é dividido em áreas de
conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação, Matemática e suas
Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas
Tecnologias, cada área contêm 30 questões, resultando 120 questões mais a proposta
de redação.
A prova da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ano de 2017 é
composta de 30 questões, das quais 12 delas foram identificadas com conteúdo de
Química e foram analisadas.
No documento básico que descreve o ENCCEJA consta que o mesmo se
estrutura a partir das Matrizes de Competências e Habilidades, tanto competências
relativas às áreas de conhecimento como as competências do sujeito;
As cinco competências do sujeito: I) domínio de linguagem, II)
compreensão de fenômenos, III) enfrentamento e resolução de
problemas, IV) capacidade de argumentação, e V) elaboração de
propostas, se apresentam como eixos cognitivos associados às nove
competências apresentadas nas disciplinas e áreas do conhecimento
do ensino fundamental e do ensino médio. (INEP, 2002, p. 15).
Ressalta-se que estas cinco competências atribuídas ao sujeito são similares aos
eixos cognitivos, comuns a todas as áreas de conhecimento, constantes na Matriz de
Referência do ENEM (Anexo 1):
21
O termo matriz de referência é utilizado especificamente no contexto
das avaliações em larga escala, para indicar habilidades a serem
avaliadas em cada etapa da escolarização e orientar a elaboração de
itens de testes e provas. Além disso, também indica a construção de
escalas de proficiência que definem o que, e o quanto o aluno realiza
no contexto da avaliação. (INEP, 2018).
Na introdução do livro de Ciências da Natureza e suas Tecnologias dirigida aos
estudantes do EM, Murrie (2006), aponta as seguintes competências e habilidades
como fundamentais para essa área de conhecimento:
I. Compreender as ciências como construções humanas, relacionando o desenvolvimento científico ao longo da história com a transformação da sociedade.
II. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e no desenvolvimento econômico e social contemporâneo. III. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes para sua vida pessoal. IV. Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais, e instrumentos ou ações científico-tecnológicos à degradação e preservação do ambiente. V. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos ou outras características individuais. VI. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos. VII. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. VIII. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. IX. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo. (MURRIE, 2006, p. 8 e 9).
Para cada uma das competências estão associadas as habilidades, que constam
na Matriz de Referência de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ENCCEJA
(anexo 2). Entre as competências propostas por Murrie (2006) e as competências que
constam na referida Matriz há uma composição entre as duas primeiras competências
apontadas, resultando na competência de área 1, nominada M1. São, portanto, 08
competências, no documento da Matriz: M1, M2, M4, M5, M6, M7, M8 e M9 com
22
ausência do item M3. Tais competências e habilidades são similares as competências
da Matriz de Referência de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ENEM.
5.2 Análise das Questões relacionadas com conteúdo de Química- ENCCEJA
2017
Doze questões da prova da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do
ENCCEJA- 2017 foram identificadas com conteúdos de Química.
Cada questão foi analisada quanto ao grau de dificuldade, competências e
habilidades relacionadas. Doravante as habilidades serão nominadas por H1, H2, ...,
H30, conforme a simbologia utilizada na Matriz do ENCCEJA.
No ENEM cada item é elaborado visando contemplar uma habilidade, as
questões do ENCCEJA serão analisadas também quanto a esse aspecto.
A análise compreendeu também identificar o(s) objeto(s) de conhecimento,
associados à Matriz de Referência, relacionados à cada uma das questões.
A seguir são apresentadas as questões e as respectivas análises.
Figura 1. Questão 05 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (A)
A questão 05, Figura 1, trata da utilização e desuso de maquiagem fabricada
com compostos que possuem chumbo ao longo da história. Pela abordagem da
23
questão ela foi classificada com a competência M1 e a habilidade H2. A seguir estão
especificadas a M1 e H2 com grifo nas expressões que balizaram a classificação.
M1: Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da
humanidade.
H2: Associar a solução de problemas de comunicação, transporte,
saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e
tecnológico.
Os objetos de conhecimento identificados foram: Propriedades de materiais,
Química no cotidiano e na saúde. A questão foi classificada como fácil dependendo de
conhecimento geral.
Figura 2. Questão 06 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (C)
A questão aborda um fenômeno natural, presente no cotidiano de habitantes
de regiões litorâneas, porém, a resolução da questão implica no conhecimento das
propriedades físicas da água e da areia. Foi identificada a competência M7 e a
habilidade H20:
M7: Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científico tecnológicas no mundo contemporâneo;
H20: Utilizar leis físicas para interpretar processos naturais e
tecnológicos que envolvem trocas de calor, mudanças de pressão e
24
densidade ou interações físicas que provoquem movimentos de
objetos.
Apesar da questão ter predominantemente a competência de física, aborda
objetos de conhecimento da química, tais como: Propriedades de materiais. Estados
físicos de materiais. Mudanças de estado sendo claramente interdisciplinar.
A questão foi considerada média por apresentar um texto de difícil
entendimento, que pouco auxiliava a resolução da questão.
Figura 3. Questão 07 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (D)
Para a resolução da questão 7, Figura 3, necessita-se de conhecimento de
nomenclatura química, pretendendo-se avaliar da competência M8, a habilidade H23:
M8-Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científico tecnológicas no mundo contemporâneo;
H23- Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar
materiais, substâncias e transformações químicas.
Os objetos de conhecimento associados à questão são: Substâncias iônicas do
grupo: sulfato e Óleos gorduras, sabões e detergentes sintéticos. O nível da questão foi
considerado médio por exigir algum conhecimento de química orgânica além do
conhecimento comum.
25
Figura 4. Questão 10 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (A)
A questão 10, Figura 4, trata da utilização da água em âmbito sócio- econômico.
As competências relacionadas foram M4 e M8 e as habilidades foram H9, H23 e H24
que traz o seguinte:
M4-Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais,
e instrumentos ou ações científicas tecnológicas a degradação e
preservação do ambiente.
H9 - Compreender a importância da água para a vida em diferentes
ambientes em termos de suas propriedades químicas, físicas e
biológicas, identificando fatos que causam perturbações em seu
ciclo.
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo.
H24 - Caracterizar materiais ou substâncias, identificando
propriedades, etapas, rendimentos e implicações sociais,
econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.
H25 - Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômica na
produção ou no consumo de eletricidade, dos combustíveis ou de
recursos minerais, identificando transformações químicas ou de
energia envolvidas nesses processos.
Os objetos do conhecimento associados são: Água-Ligação, estrutura e
propriedades. Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio
Ambiente: Química no cotidiano. Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e
ambientais associados à obtenção de substância química.
26
A questão, pode ter gerado alguns questionamentos, com a afirmação que a
água rica em sais de cálcio é inconveniente para o consumo humano. Os habitantes de
regiões calcárias consomem comumente água potável com essas características,
podendo ser observada pelas camadas que se formam em chaleiras utilizadas para a
fervura da mesma em suas respectivas moradias. No entanto, a questão em si é fácil.
Figura 5. Questão 12 do ENCCEJA 2017
Resposta: alternativa (B)
A questão 12, Figura 5, trata sobre a produção do pão caseiro e foram
verificadas as seguintes competências M1, M8 e habilidades,H3, H23.
M1- Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da
humanidade;
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H3 – Confrontar diferentes interpretações de senso comum e
científicos sobre práticas sociais (formas de produção e hábitos
pessoais), reconhecendo a evolução da linguagem científica ao longo
do tempo e em diferentes culturas;
H23 – Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar
materiais, substâncias e transformações químicas.
Os objetos de conhecimento associados são: Transformações químicas-
evidências de transformações químicas, interpretando transformações químicas.
27
Materiais, suas propriedades e usos – Propriedades de matérias. Compostos de
Carbono – Fermentação. Química no cotidiano. A questão pode ser considerada de
nível médio, não pelo conhecimento de química requerido mas por referenciar um
procedimento que poucos jovens realizam, lembrando que essa categoria é
predominante no público do EJA/ENCCEJA.
Figura 6. Questão 14 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (D)
A questão 14 indicada na Figura 6 aborda sobre um medicamento de uso corriqueiro e requer conhecimento de Cinética Química. As seguintes competências M6 e M8 e habilidades H16 e H23 foram identificadas.
M6- Entender métodos e procedimentos próprios das ciências
naturais e aplicá-los a diferentes contextos.
H16 - Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de
linguagem e representação usadas nas Ciências, como texto
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica;
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo.
H23 - Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar
materiais, substâncias e transformações químicas.
Os objetos de conhecimento presentes nesta questão são: Dinâmica das
Transformações Químicas – Transformações químicas e velocidade. Velocidade de
reação. Fatores que alteram a velocidade de reação. Interessante observar que o
fator, superfície de contato não é mencionado como objeto de conhecimento na
Matriz de Referência.
28
A questão pode ter induzido alguma dúvida ao aluno, quando menciona que o
comprimido “dissolveu mais rápido que o outro”, quando o fenômeno observado é de
reação. Mas se trata de uma questão fácil com experimento facilmente reproduzível
no cotidiano.
Figura 7. Questão 16 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (A)
A questão 16, (Figura 7), aborda a importância da reciclagem, sustentabilidade
e alguns materiais conhecidos no cotidiano com as seguintes competências M1, M6 e
M9 e Habilidades H4, H18 e H30 que apontam:
M1-Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da
humanidade;
H4-Analisar propostas de intervenção nos ambientes considerando a
qualidade de vida humana ou medidas de conservação, recuperação
e utilização sustentável da biodiversidade;
M6-Entender métodos e procedimentos próprios das ciências
naturais e aplicá-los a diferentes contextos;
H18 - Selecionar métodos ou procedimentos próprios das Ciências
Naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas
de ordem social, econômica ou ambiental;
M9-Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científico tecnológicas no mundo contemporâneo;
29
H30-Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando
aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde
individual, coletiva ou do ambiente.
Nesta questão o objeto de conhecimento encontrado foi: Relações da
Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente. E o grau de dificuldade
pode ser considerado pequeno, pois é contextualizada e não necessita de um
conhecimento aprofundado sobre o assunto.
Figura 8. Questão 18 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (D)
As competências encontradas na questão 18, (Figura 8), foram M1, M4,
M6 e M8 já as habilidades foram H3, H12, H16 e H23. A questão aborda sobre
combustíveis e requer conhecimento de Química e o que o estudante adquiriu de
conhecimento ao longo de sua trajetória escolar.
M1 - compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da
humanidade;
H3-Confrontar diferentes interpretações de senso comum e
científicas sobre práticas sociais (formas de produção e hábitos
pessoais), reconhecendo a evolução da linguagem científica ao longo
do tempo e em diferentes culturas
30
M4-Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais,
e instrumentos ou ações científicas tecnológicas a degradação e
preservação do ambiente;
H12-Relacionar atividades sociais e econômicas – comércio,
industrialização, urbanização, mineração e agropecuária – com as
principais alterações nos ambientes brasileiros, considerando os
interesses contraditórios envolvidos;
M6-Entender métodos e procedimentos próprios das ciências
naturais e aplica-los a diferentes contextos;
H17-Relacionar as propriedades física, químicas ou biológicas de
produtos, sistemas e procedimentos às finalidades a que se
destinam, os problemas ambientais e/ou os eventuais riscos à saúde
decorrente de sua aplicação;
M8-Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H22-Comparar possibilidades de geração de energia para uso social
em determinado ambiente, identificando as diferentes opções em
termos de seus impactos ambiental, social e econômico.
Os objetos de conhecimento relacionados são: Energias Químicas no Cotidiano
– Petróleo, gás natural e carvão. Impactos ambientais de combustíveis fosseis. O grau
de dificuldade da questão é baixo, logo trata-se de uma questão de nível Médio.
31
Figura 9. Questão 20 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (B)
Na Figura 9, tem-se a questão 20 e para a resolução da mesma o aluno deve ter
conhecimento de funções orgânicas, nomenclatura e grupos funcionais. As
competências identificadas na questão foram M1, M4, M6 e M8 e as habilidades H3,
H12, H16 e H23:
M1 - compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da
humanidade;
H3 - Confrontar diferentes interpretações de senso comum e
científicas sobre práticas sociais (formas de produção e hábitos
pessoais), reconhecendo a evolução da linguagem científica ao longo
do tempo e em diferentes culturas;
M4-Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais,
e instrumentos ou ações científicas tecnológicas a degradação e
preservação do ambiente;
H12 - Relacionar atividades sociais e econômicas – comércio,
industrialização, urbanização, mineração e agropecuária – com as
32
principais alterações nos ambientes brasileiros, considerando os
interesses contraditórios envolvidos;
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H16 - Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de
linguagem e representação usadas nas Ciências, como texto
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica;
H23 - Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar
materiais, substâncias e transformações químicas.
Os objetos de conhecimentos identificados na questão foram: Compostos de
Carbono – principais funções orgânicas. Estrutura e propriedade de compostos
orgânicos oxigenados. Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio
Ambiente. Química na saúde. O nível é considerado fácil, apesar de que a questão ter
trazido no enunciado o termo princípio ativo sem discuti-lo previamente.
Figura 10. Questão 21 do ENCCEJA 2017.
Resposta Alternativa (D)
Na questão 21, tem-se como competências M5 e M8 já as habilidades
encontradas são H13 e H23, para a resolução da questão necessita-se de
33
conhecimento de funções inorgânicas e também conhecimento de mundo trazido pelo
aluno ao longo do estudo. As competências e habilidades encontradas na questão
estão citadas abaixo:
M5-Compreender organismo humano e saúde, relacionando
conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos ou outras
características individuais;
H13 - Interpretar indicadores de saúde e desenvolvimento humano,
como mortalidade, natalidade, longevidade, nutrição, saneamento,
renda e escolaridade, apresentados em gráficos, tabelas e/ou textos;
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H23 - Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar
materiais, substâncias e transformações químicas.
Objeto de conhecimento envolvido nesta questão foi: “Transformação Química
e Equilíbrio”. Nível da questão considerado fácil.
Figura 11. Questão 23 do ENCCEJA 2017.
Resposta: Alternativa (C)
Outra questão identificada com conteúdo de Química foi a questão 23, (Figura
11) cuja resolução dependia de saber a aplicabilidade dos produtos citados como
xampu neutro que age como desengordurante, assim como o detergente e foi
34
encontrada as competências M2, M4, M6 e M8 e as Habilidades foram H7, H12; H17 e
H24 que estão citadas a seguir:
M2 - identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às
ciências naturais em diferentes contextos relevantes para sua vida
pessoal;
H7 - Selecionar testes de controle, outros parâmetros ou critérios
para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa
do consumidor, saúde do trabalhador e a qualidade de vida;
M4-Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais,
e instrumentos ou ações científicas tecnológicas a degradação e
preservação do ambiente;
H12 - Relacionar atividades sociais e econômicas – comércio,
industrialização, urbanização, mineração e agropecuária – com as
principais alterações nos ambientes brasileiros, considerando os
interesses contraditórios envolvidos;
M6 -Entender métodos e procedimentos próprios das ciências
naturais e aplicá-los a diferentes contextos;
H17 - Relacionar as propriedades física, químicas ou biológicas de
produtos, sistemas e procedimentos às finalidades a que se
destinam, os problemas ambientais e/ou os eventuais riscos à saúde
decorrente de sua aplicação;
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H24 – Caracterizar materiais ou substâncias, identificando
propriedades, etapas, rendimentos e implicações sociais, econômicas
ou ambientais de sua obtenção ou produção.
Objetos de conhecimento envolvido nesta questão foram: Relações da Química
com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente. Nível de dificuldade da questão
foi considerada fácil, pois necessita de conhecimento do cotidiano.
35
Figura 12. Questão 28 do ENCCEJA 2017.
Resposta: alternativa (B)
A última questão da prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do
ENCCEJA na qual foi encontrado conteúdo de Química foi a questão 28, (Figura 12), na
resolução é necessário o estudante tenha conhecimento de mudanças de estado físico
de uma substância a após analise pode-se perceber a presença da seguinte
competência e habilidade (M8 e H24) que diz:
M8- Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções
científicas tecnológicas no mundo contemporâneo;
H24 - Caracterizar materiais ou substâncias, identificando
propriedades, etapas, rendimentos e implicações sociais, econômicas
ou ambientais de sua obtenção ou produção.
Objetos de conhecimento presentes nesta questão são: Materiais, suas
propriedades e usos – Propriedades de matérias. Estados físicos de materiais.
Mudanças de estado. Trata-se de uma questão muito fácil.
Os resultados das análises das questões foram organizados na Tabela 1 para
melhor visualização dos dados obtidos: competências, habilidades, objetos de
conhecimento e o grau de dificuldade das questões.
36
Tabela 1. Questões da prova ENCCEJA 2017: competências, habilidades, objetos de
conhecimento e grau de dificuldade
Questão Competência Habilidade Objeto de conhecimento
Grau de
dificuld
ade
5 M1 H2 Propriedades de materiais
Química no cotidiano e na saúde.
Fácil
6 M7 H20 Propriedades de materiais.
Estados físicos de materiais.
Mudanças de estado.
Média
7 M8 H23 Substâncias iônicas do grupo: sulfato e
Óleos gorduras, sabões e detergentes sintéticos.
Média
10 M4, M8 H9, H23,
H24
Água-Ligação, estrutura e propriedades.
Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente:
Química no cotidiano. Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados à obtenção de substância química.
Fácil
12 M1, M8
H3, H23
Transformações químicas- evidências de transformações químicas, interpretando transformações químicas.
Materiais, suas propriedades e Fusos – Propriedades de matérias.
Compostos de Carbono – Fermentação. Química no cotidiano.
Média
14 M6, M8 H16, H23 Dinâmica das Transformações Químicas
Transformações químicas e velocidade
Velocidade de reação. Fatores que alteram a velocidade de reação.
Fácil
16 M1, M6, M9 H4, H18,
H30 Relações da Química com as Tecnologias,
a Sociedade e o Meio Ambiente. Fácil
18 M1, M4, M6,
M8
H3, H12,
H16, H23
Energias Químicas no Cotidiano – Petróleo, gás natural e carvão. Impactos ambientais de combustíveis fósseis.
Fácil
20 M1, M4, M6,
M8
H3, H12,
H16, H23
Compostos de Carbono – principais funções orgânicas. Estrutura e propriedade de compostos orgânicos oxigenados. Relações da
Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente.
Química na saúde.
Fácil
21 M5, M8 H13, H23 Transformação Química e Equilíbrio.
23 M2, M4, M6,
M8
H7, H12,
H17, H24 Relações da Química com as Tecnologias,
a Sociedade e o Meio Ambiente Fácil
28 M8 H24 Materiais, suas propriedades e usos –
Propriedades de matérias. Estados físicos de materiais. Mudanças de estado.
Fácil
37
De acordo com a Tabela 1 e com o gráfico 2, a seguir, é perceptível a
predominância das competências M8, abordada em 09 questões, seguida da M1 e M6
com 05 ocorrências e a M4 com 04, do total das 12 questões analisadas.
Gráfico 2: Frequência de ocorrência das competências nas questões analisadas
do ENCCEJA 2017
Quanto a frequência de ocorrência das habilidades apresentadas no gráfico 3, há nítida
predominância da habilidade 23 seguidas pela H24, H3, H12 e H16. Não foram observadas
ocorrências das habilidades H1, H5, H6, H8, H10, H11, H14, H15, H19, H21, H22, H25, H26,
H27, H29 e H29 e estas não foram computadas no gráfico 2.
38
Gráfico 3: Frequência de ocorrência das habilidades nas questões analisadas
do ENCCEJA 2017
De modo geral, a prova pode ser classificada em nível fácil, uma vez que, na
maioria das questões o grau de dificuldade é fácil/médio (Tabela 1). Pode-se justificar
esse fato, devido à forma com que são tratadas as questões, ou seja, em algumas delas
pode ser resolvida com o conhecimento de mundo ou até mesmo com uma leitura
superficial do assunto abordado.
Após as análises das questões, relacionando-as com as matrizes do ENCCEJA e
do ENEM, percebe-se que as mesmas possuem algumas habilidades e competências,
que se pretensamente adquiridas, o estudante estará apto para responder questões
que as medem em qualquer outra prova, possibilitando-o, em princípio, seguir seus
estudos.
A análise prosseguiu com a identificação dos objetos de conhecimentos
abordados na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do ENCCEJA 2017 e
relacionados na Matriz do ENEM. Entre eles, foram verificados: Propriedades de
materiais, Química no cotidiano e na saúde, substâncias iônicas do grupo: sulfato e
óleos gorduras, sabões e detergentes sintéticos; água-Ligação, estrutura e
propriedades; relações da Química com as tecnologias, a sociedade e o meio
ambiente, estados físicos de materiais, dinâmica das transformações Químicas,
velocidade de reação, fatores que alteram a velocidade de reação, Mudanças de
39
estado, interpretando transformações químicas, materiais, suas propriedades e usos,
propriedades de matérias, compostos de carbono, fermentação e Química no
cotidiano.
Observou-se, com preocupação, a ausência de questões que envolvessem
cálculos e interpretação de gráficos, primordiais para um cidadão e para a leitura do
mundo atual.
Embora, nas questões analisadas fossem encontrados os objetos de
conhecimento citados anteriormente, percebeu-se a ausência de alguns tópicos desses
temas como, por exemplo: sistemas Gasosos: Lei dos gases, equação geral dos gases
ideais, princípio de Avogadro, conceito de molécula; massa molar, volume molar dos
gases, teoria cinética dos gases, misturas gasosas, modelo corpuscular da matéria,
modelo atômico de Dalton, natureza elétrica da matéria: modelo atômico de
Thomson, Rutherford, Rutherford-Bohr, átomos e sua estrutura, número atômico,
número de massa, isótopos, massa atômica, elementos químicos e tabela periódica,
reações químicas e não foi identificado nas analises das questões o tema
representação das transformações químicas—Fórmulas químicas, balanceamento de
equações químicas, aspectos quantitativos das transformações químicas, leis
ponderais das reações químicas, determinação de fórmulas químicas, grandezas
químicas: massa, volume, mol, massa molar, constante de Avogadro e cálculos
estequiométricos.
A ausência destes tópicos nas questões analisadas do ENCCEJA pode levar o
estudante a uma falsa concepção de que esses objetos não são importantes e causar
uma defasagem no conhecimento e aprendizado desses conteúdos. Esses tópicos e
temas estão comumente presentes em questões de provas para ingresso em
instituições de ensino superior.
Sendo assim, o estudante que obtêm a certificação do Ensino Médio por meio
deste exame que avalia apenas parte dos objetos de conhecimentos poderá vir a ter
grandes dificuldades em conseguir obter êxito em exames para ingressar no ensino
superior.
O estudante que consegue ingressar em curso superior na área de ciências se
deparará com disciplinas básicas de química logo no primeiro período do curso. A
40
título de exemplificação foram analisadas disciplinas de Química da Universidade
Federal de Viçosa.
Os programas analíticos (anexos 3 e 4) de duas disciplinas de química do Ensino
Superior (ES) que compõem as matrizes curriculares de cursos da área de ciências
exatas e ciências agrícolas, a Química Geral (QUI100) e a Química Fundamental
(QUI102) foram analisadas. Detecta-se nos programas os objetos de conhecimento
presente na matriz do ENEM como: Ciência e química, energia e ionização e tabela
periódica, visão microscópica do equilíbrio, equilíbrio heterogêneo, equilíbrio de
dissociação: ácidos e bases, processos espontâneos e eletroquímicos, vista em QUI100
e a ciência química, substâncias e materiais, fundamentos de estrutura atômica e
ligação química, gases ideais, massas atômicas e moleculares e o conceito fundamental
do mol, estudo das soluções, reações químicas e cálculo estequiométrico, funções da
química inorgânica e nomenclatura, equilíbrio químico homogêneo, equilíbrio químico
heterogêneo, ácidos e bases, noções de termodinâmica química e eletroquímica. Tais
objetos de conhecimento serão vistos como maior profundidade, pois trata-se de
cursos superiores.
Caso o aluno não tenha adquirido familiaridade com esses objetos de
conhecimentos na Educação Básica, terá imensa dificuldade nos primeiros anos dos
seus cursos superiores que poderá contribuir para aumento de índice de evasão dos
cursos e repetência nas disciplinas mencionadas.
Como já abordado, o aluno EJA traz conhecimentos de sua vivência e do seu
meio cultural e segundo Costa (2017),
Ao reconhecer a diversidade de conhecimentos e saberes produzidos
nas diversas culturais do mundo, devemos promover o pluralismo de
conhecimentos e saberes que reconheça a existência de múltiplas
visões que contribuam para o alargamento dos horizontes da
experiência humana no mundo, de experiências e práticas sociais
alternativas. (COSTA, 2017, p.70).
Não há dúvida, que o conhecimento trazido deva ser valorizado, mas o mundo
globalizado exige também o conhecimento das ciências, fruto da construção humana.
Logo o conhecimento trazido pelos alunos deve somar, agregar, mas não substituir os
41
saberes científicos. Nos exames, os saberes reconhecidos pelas ciências em âmbito
mundial e que são usualmente abordados, caso contrário, seria necessário especificar
para cada comunidade. Cada aluno deve aprender os conteúdos básicos, para ter
chance em qualquer lugar e o conhecimento que ele traz e se somará ao aprendido é
que trará a diversidade, a riqueza e beleza do mundo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as questões de Ciências da Natureza
e suas Tecnologias do ENCCEJA 2017, especificamente as que abordam conteúdo de
Química, a fim de avaliar baseando nas habilidades, competências e objetos de
conhecimentos encontrados na prova, se um estudante após certificação do EM, por
este exame, teria adquirido as habilidades, competências e objetos de conhecimento
necessários para dar continuidade aos estudos em cursos superiores correlatos, na
área de exatas por exemplo. E após a análise destas questões baseada nas Matrizes do
ENCCEJA, comparando com a do ENEM, concluiu-se que as questões analisadas
possuem algumas habilidades e competências comuns em ambas as Matrizes. O que
se observou com clareza foi à ausência de alguns tópicos dos objetos de
conhecimento, como cálculo estequiométrico, lei dos gases, equação geral dos gases
ideais, princípio de Avogadro, conceito de molécula; massa molar, volume molar dos
gases, teoria cinética dos gases, misturas gasosas entre outros objetos de
conhecimento considerados primordiais para o aprendizado e domínio dos conteúdos
da Química.
Segundo Machado (2012), é de fundamental importância um entendimento da
educação como um direito humano sem discriminar a educação de Jovens e adultos.
Deixando de retirar, por exemplo, conteúdos que futuramente lhe farão falta, caso
haja o interesse em continuar o estudo. Este direito à educação implica que seja
desenvolvida por parte dos Estados, legislações e politicas publicas que faça a
implementação de programas efetivos para que a educação básica seja de fato bem
estruturada. Não pode significar apenas fornecer o diploma de conclusão dos estudos
da educação básica, sem dar a chance de o aluno tentar ingressar no Ensino Superior.
Conforme os PCN,
42
Ressalve-se que uma base curricular nacional organizada por áreas de
conhecimento não implica a desconsideração ou o esvaziamento dos
conteúdos, mas a seleção e integração dos que são válidos para o
desenvolvimento pessoal e para o incremento da participação social.
Essa concepção curricular não elimina o ensino de conteúdos
específicos, mas considera que os mesmos devem fazer parte de um
processo global com várias dimensões articuladas. (BRASIL, 1999,
p.18).
A ausência de conteúdos nas questões analisadas do ENCCEJA 2017 pode
causar uma defasagem no conhecimento e aprendizado, pois os tópicos e temas não
abordados estão comumente presentes em questões de provas para ingresso em
universidades e também em disciplinas básicas de cursos superiores na área de
ciências.
Com os resultados obtidos, pode-se concluir que o aluno que obteve o
certificado de conclusão da educação básica pelo ENCCEJA, e queira dar continuidade
aos seus estudos, deve buscar outros meios de preparação para os futuros exames, de
uma maneira mais completa, com acesso a todos os objetos de conhecimento
prescritos na Matriz do ENEM.
Com esta análise não há pretensão de se enfatizar que o aluno com certificação
ENCCEJA não esteja apto a continuar seus estudos, pois a vontade própria e o esforço
individual pode ser preponderante, mas de ponderar que o sistema não está
cooperando com a aquisição de conhecimento.
Ressalta-se também que apenas parte do ENCCEJA foi analisado e refere-se às
questões com conteúdo de Química. Uma análise global deverá ser feita com relação
as demais áreas.
Implicações para um trabalho futuro seria a formação de uma equipe
interdisciplinar para analisar todas as questões da prova de Ciências da Natureza e
suas tecnologias e do exame na íntegra, para verificar as competências, habilidades e
objetos de conhecimentos e se são suficientes para que o estudante, após a
certificação do EM tenha condições de continuar seus estudos em qualquer área do
conhecimento.
43
Uma análise temporal das questões das demais provas incluindo a de 2018
quando for disponibilizada pelo INEP, poderá trazer também bastante subsídios para
profícuas discussões.
Em uma proposta mais ambiciosa, pode-se pensar em um projeto de
ensino/extensão para atender alunos que obtiveram certificação pelo ENCCEJA com o
propósito de melhor conhecer o perfil dos mesmos e contribuir para diminuir a
defasagem de conhecimento que esses possivelmente trazem da educação básica.
44
7 REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011, 229 p.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional
promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas
Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a
91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. – Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2016. 496 p.
____________. Lei n. 9.246 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições
Técnicas, 2017. 58 p.
____________. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências da Natureza, Matemática
e suas Tecnologias. MEC-SEMTEC, Brasília, 1999.
____________. Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta
a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente
ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79
631-rcp002-17-pdf&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
16 de agosto de 2018.
___________. Portaria n° 1.570, publicada no D.O.U. de 21 /12/2017, Seção 1, Pág.
146. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – Ensino Médio - documento de caráter
normativo. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp
content/uploads/2018/04/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site.pdf>. Acesso em: 20 de
setembro de 2018.
____________. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação
Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI,
45
2013. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-
diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file>. Acesso em: 26 de setembro de 2018.
______________. Secretaria de Educação Básica. Ministério da Educação. Orientações
Curriculares para o Ensino Médio – Ciências da Natureza, Matemática e suas
tecnologias. Brasília, 2006.
______________. ENCCEJA. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/encceja>.
Acesso em: 16 de setembro de 2018.
COSTA, C. O. Educação de jovens e adultos: Conhecimentos e saberes nas Teses e
Dissertações da Argentina e Brasil (2010-2016). Tese de Doutorado. Universidade
Estadual de Campinas. Campinas- SP, 2017.
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fevereiro de 2017. Disponível em:
<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/
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_____________. Documento Básico, ENCCEJA. Brasília: MEC: INEP, 2002. 22p.
Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/documents/186968/484421/Encceja+-
+Exame+Nacional+de+Certifica%C3%A7%C3%A3o+de+Compet%C3%AAncias+de+Jove
ns+e+Adultos+documento+b%C3%A1sico/ff4776d4-0904-43fe-9422-fbc6aeda3b67?ve
rsion=1.2>. Acesso em 07 de set. de 2018.
MACENO, N. G. et al. A Matriz de Referência do ENEM 2009 e o Desafio de Recriar o
Currículo de Química na Educação Básica. Química Nova na Escola. Vol. 33, nº 3, p.
153-159, agosto 2011.
46
MACHADO, J. V. Educação de jovens e adultos: encantamento e permanência. 2012.
155f. Especialização em Educação - Departamento de Educação. Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul. 2012
MURRIE, Z. F. Livro Introdutório: Documento Básico: ensino fundamental e médio /
Coordenação Zuleika de Felice Murrie. – Brasília: MEC: INEP, 2002. 200p. Disponível
em:<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/encceja/material_estudo/livro_intr
odutorio/introdutorio_completo.pdf>. Acesso em: 07 de set. de 2018.
RANGEL, M. A; MOCARZEL, M. S. M. V.; PIMENTA, M. F. B. Trajetória das Competências
e Habilidades em Educação no Brasil: das avaliações em larga escala para as salas de
aula. Meta: Avaliação. Rio de Janeiro, v. 8, n. 22, p. 28-47, jan./abr. 2016
RICARDO, E. C. Discussão acerca do ensino por competências: problemas e
alternativas. Cadernos de Pesquisa, v. 40, n. 140, p. 605 -628), maio/ago. 2010.
STRELHOW, T. B. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.38, p. 49-59, jun.2010, p.49-59.
47
ANEXO
ANEXO I: MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM
Competências e Habilidades do ENEM para a área de Ciência da Natureza e suas
Tecnologias.
Competência de área 1: Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas
associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou
oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou
outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso
comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
H4 Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da
vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
sustentável da biodiversidade.
Competência de área 2: Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas
às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou
utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
H7 Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação
de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
do trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência de área 3: Associar intervenções que resultam em degradação ou
conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
48
científico-tecnológicos.
H8 Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou
reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas,
considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
H9 Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia
para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
alterações nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou)
destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais,
produtivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia,
considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos
biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais
ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência de área 4: Compreender interações entre organismos e ambiente,
em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos
científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando
a manifestação de características dos seres vivos.
H14 Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como
manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos
biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos
biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
49
Competência de área 5: Entender métodos e procedimentos próprios das ciências
naturais e aplicá-los em diferentes contextos
H17 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e
representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como
texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos,
sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
H19 Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que
contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
econômica ou ambiental.
Competência de área 6: Apropriar-se de conhecimentos da física para, em
situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias,
objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou
tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do
eletromagnetismo.
H22 Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a
matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou
em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Competência de área 7: Apropriar-se de conhecimentos da química para, em
situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais,
substâncias ou transformações químicas.
50
H25 Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção
ou produção.
H26 Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no
consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando
transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando
conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência de área 8: Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em
situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
tecnológicas.
H28 Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida
ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial
em ambientes brasileiros.
H29 Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando
implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
primas ou produtos industriais.
H30 Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas
que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva
ou do ambiente.
Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência
3. Ciências da Natureza e suas Tecnologias
3.2 Química • Transformações Químicas - Evidências de transformações químicas.
Interpretando transformações químicas. Sistemas Gasosos: Lei dos gases. Equação
geral dos gases ideais, Princípio de Avogadro, conceito de molécula; massa molar,
volume molar dos gases. Teoria cinética dos gases. Misturas gasosas. Modelo
corpuscular da matéria. Modelo atômico de Dalton. Natureza elétrica da matéria:
Modelo Atômico de Thomson, Rutherford, Rutherford-Bohr. Átomos e sua estrutura.
Número atômico, número de massa, isótopos, massa atômica. Elementos químicos e
Tabela Periódica. Reações químicas. • Representação das transformações químicas -
Fórmulas químicas. Balanceamento de equações químicas. Aspectos quantitativos das
51
transformações químicas. Leis ponderais das reações químicas. Determinação de
fórmulas químicas. Grandezas Químicas: massa, volume, mol, massa molar, constante
de Avogadro. Cálculos estequiométricos. • Materiais, suas propriedades e usos -
Propriedades de materiais. Estados físicos de materiais. Mudanças de estado.
Misturas: tipos e métodos de separação. Substâncias químicas: classificação e
características gerais. Metais e Ligas metálicas. Ferro, cobre e alumínio. Ligações
metálicas. Substâncias iônicas: características e propriedades. Substâncias iônicas do
grupo: cloreto, carbonato, nitrato e sulfato. Ligação iônica. Substâncias moleculares:
características e propriedades. Substâncias moleculares: H2, O2, N2, Cl2, NH3, H2O, HCl,
CH4. Ligação Covalente. Polaridade de moléculas. Forças intermoleculares. Relação
entre estruturas, propriedade e aplicação das substâncias.
• Água - Ocorrência e importância na vida animal e vegetal. Ligação, estrutura e
propriedades. Sistemas em Solução Aquosa: Soluções verdadeiras, soluções coloidais e
suspensões. Solubilidade. Concentração das soluções. Aspectos qualitativos das
propriedades coligativas das soluções. Ácidos, Bases, Sais e Óxidos: definição,
classificação, propriedades, formulação e nomenclatura. Conceitos de ácidos e base.
Principais propriedades dos ácidos e bases: indicadores, condutibilidade elétrica,
reação com metais, reação de neutralização. • Transformações Químicas e Energia -
Transformações químicas e energia calorífica. Calor de reação. Entalpia. Equações
termoquímicas. Lei de Hess. Transformações químicas e energia elétrica. Reação de
oxirredução. Potenciais padrão de redução. Pilha. Eletrólise. Leis de Faraday.
Transformações nucleares. Conceitos fundamentais da radioatividade. Reações de
fissão e fusão nuclear. Desintegração radioativa e radioisótopos. • Dinâmica das
Transformações Químicas - Transformações Químicas e velocidade. Velocidade de
reação. Energia de ativação. Fatores que alteram a velocidade de reação:
concentração, pressão, temperatura e catalisador. • Transformação Química e
Equilíbrio - Caracterização do sistema em equilíbrio. Constante de equilíbrio. Produto
iônico da água, equilíbrio ácido-base e pH. Solubilidade dos sais e hidrólise. Fatores
que alteram o sistema em equilíbrio. Aplicação da velocidade e do equilíbrio químico
no cotidiano. • Compostos de Carbono - Características gerais dos compostos
orgânicos. Principais funções orgânicas. Estrutura e propriedades de Hidrocarbonetos.
Estrutura e propriedades de compostos orgânicos oxigenados. Fermentação. Estrutura
e propriedades de compostos orgânicos nitrogenados. Macromoléculas naturais e
sintéticas. Noções básicas sobre polímeros. Amido, glicogênio e celulose. Borracha
natural e sintética. Polietileno, poliestireno, PVC, Teflon, náilon. Óleos e gorduras,
sabões e detergentes sintéticos. Proteínas e enzimas. • Relações da Química com as
Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente –
• Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente - Química
no cotidiano. Química na agricultura e na saúde. Química nos alimentos. Química e
ambiente. Aspectos científico-tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados
à obtenção ou produção de substâncias químicas. Indústria Química: obtenção e
utilização do cloro, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, amônia e ácido nítrico.
52
Mineração e Metalurgia. Poluição e tratamento de água. Poluição atmosférica.
Contaminação e proteção do ambiente. • Energias Químicas no Cotidiano - Petróleo,
gás natural e carvão. Madeira e hulha. Biomassa. Biocombustíveis. Impactos
ambientais de combustíveis fosseis. Energia nuclear. Lixo atômico. Vantagens e
desvantagens do uso de energia nuclear.
ANEXO II: MATRIZ DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – CIÊNCIAS DA NATUREZA E
SUAS TECNOLOGIAS
Competências e Habilidades do ENNCEJA para a área de Ciência da Natureza e suas
Tecnologias.
M1: Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como
construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de produção e no
desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou
oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou
outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso
comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
H4 Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da
vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
sustentável da biodiversidade.
M2: Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais
em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou
utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
H7 Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação
de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
53
do trabalhador ou a qualidade de vida.
M4: Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas
relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos, aspectos
culturais e características individuais.
H8 Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou
reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas,
considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
H9 Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia
para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
alterações nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou)
destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais,
produtivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia,
considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos
biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais
ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
M5: Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los
em diferentes contextos.
H13 Interpretar indicadores de saúde e desenvolvimento humano, como
mortalidade, natalidade, longevidade, nutrição, saneamento, renda e
escolaridade, apresentados em gráficos, tabelas e/ou textos.
H14 Reconhecer os mecanismos da transmissão da vida, prevendo a
manifestação de características dos seres vivos, em especial, do ser
humano.
H15 Associar os processos vitais do organismo humano (defesa, manutenção do
equilíbrio interno, relações com o ambiente, sexualidade etc.) a fatores de
54
ordem ambiental, social ou cultural dos indivíduos, seus hábitos ou outras
características pessoais.
M6: Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplica-los
a diferentes contextos.
H16 Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e
representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como
texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem
simbólica.
H17 Relacionar as propriedades física, químicas ou biológicas de produtos,
sistemas e procedimentos às finalidades a que se destinam, os problemas
ambientais e/ou os eventuais riscos à saúde decorrentes de sua aplicação
H18 Selecionar métodos ou procedimentos próprios das Ciências Naturais que
contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
econômica ou ambiental.
M7: Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema,
interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.
H19 Reconhecer características físicas e parâmetros de movimentos de veículos,
corpos celestes e outros objetos em diferentes linguagens e formas de
representação.
H20 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou
tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do
eletromagnetismo.
H21 Avaliar sistemas naturais e tecnológicos em termos da potência útil,
dissipação de calor e rendimento, identificando as transformações de
energia ou os processos pelos quais elas ocorrem.
H22 Comparar possibilidades de geração de energia para uso social em
determinado ambiente, identificando as diferentes opções em termos de
seus impactos ambiental, social e econômico.
55
M8: Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema,
interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.
H23 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais,
substâncias ou transformações químicas.
H24 Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção
ou produção.
H25 Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no
consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando
transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H26 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando
conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
M9: Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema,
interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas.
H27 Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida
ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial
em ambientes brasileiros.
H28 Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando
implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
primas ou produtos industriais.
H29 Comparar argumentos em debate, ao longo do tempo, sobre a evolução
dos seres vivos.
H30 Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas
que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva
ou do ambiente.