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PATRIMÔNIO TERRITORIAL-PAISAGÍSTICO E PROJETO: Um Parque Fluvial em Santa Leopoldina/ES
RODRIGUES, Mariana Paim. (1); ALMEIDA, Renata Hermanny. (2); ANDRADE, Bruno Amaral de. (3)
1. Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.
Rua Orlando Caliman, 743 - 101, Jardim Camburi, Vitória, ES. [email protected]
2. Laboratório Patrimônio & Desenvolvimento. UFES.
Rua Doutor Moacyr Gonçalves, 711 - 303, Jardim da Penha, Vitória, ES. [email protected]
3. Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de Urbanismo.
Rua Humberto Martins de Paula, 163 – 902, Enseada do Suá, Vitória, ES. [email protected]
RESUMO Este artigo discute o papel da dimensão perceptiva do território - a paisagem -, como elemento relevante ao processo de projeto urbano, a partir de uma hierarquização de valores patrimoniais. A análise é elaborada tendo como base reflexões e postulados teóricos elaborados por pesquisadores italianos acerca dos processos de análise e planejamento do território denominados "abordagem territorialista italiana", interpretados por duas abordagens, a abrangente e a endógena. A abordagem abrangente elabora um conjunto de técnicas e instrumentos tendo em vista o reconhecimento, preservação e a valorização dos recursos territoriais e identidades locais como base para modelos alternativos de desenvolvimento. A abordagem endógena tem como objetivo de registrar o patrimônio tendo uma leitura da paisagem sob um olhar poético, retórico e argumentativo, reflexionando a respeito do alargamento do conceito de patrimônio ao território, uma vez que, o método italiano conceitual entende o patrimônio territorial como um sistema de relações sinérgicas das qualidades peculiares do território: físico/natural, construído e socioeconômico. A representação do patrimônio do território é realizada por meio do atlas do patrimônio territorial que funciona como uma construção analítica e sintética a fim de evidenciar elementos de valor. O território é, então, estudado através do atlas, cuja composição em cartas temáticas é interpretada como identificação de camadas no território. O objeto empírico se referencia pelo município de Santa Leopoldina, localizado na região centro serrana do Estado do Espírito Santo, distante 46 Km da capital, Vitória. O rio Santa Maria da Vitória é um elemento protagonista na ocupação antropizada, principalmente após a chegada de imigrantes germânicos a partir de 1857, além de ser o maior manancial responsável pelo abastecimento de água da Região Metropolitana da Grande Vitória. Todavia, a cidade e o rio contextualizam-se num momento de ciclo Territorialização-Desterritorialização-Rerritorialização. Nesse âmbito, elabora-se um atlas do patrimônio territorial-paisagístico composto por cartas temáticas, incluindo: 1) identificação perceptiva e cognitiva, 2) representação iconográfica e registro do patrimônio, e 3) reflexão crítica para gradação de valores patrimoniais em alto, médio e baixo; e pensar propostas projetuais ressignificadoras de
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elementos de valor patrimonial no território a partir da construção de uma imagem de transformação do ambiente urbano– o parque fluvial. Como ferramentas de análise e projeto, utiliza-se o software QuantumGIS (para a representação gráfica de valores) e o software Archicad (edição de imagem). Por fim, a relevância desse artigo ao estado da arte está no sentido de representar características identitárias de valor do território, com métodos de leitura da paisagem, frente à uma situação, no âmbito atual, em que o próprio território tende a anular suas peculiaridades resultando em desterritorialização, ou seja, a degradação do ambiente físico/natural, do ambiente construído e do ambiente socioeconômico.
Palavras-chave: Patrimônio territorial-paisagístico; Abordagem territorialista italiana; Representação de valores.
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Introdução
Este artigo, um recorte de estudos realizados no âmbito do trabalho de conclusão de
graduação1, insere-se na temática Patrimônio e Projeto, cuja reflexão, no estado da arte,
direciona-se à problemática da insustentabilidade do território. Para isso, aproxima-se dos
estudos e projetos desenvolvidos por Alberto Magnaghi (fundador da Escola Territorialista
Italiana), coordenador de projetos e pesquisas específicas com enfoque na resolução da
relação de desterritorialização entre a sociedade e o patrimônio, e, portanto, assumindo
importância da reflexão do alargamento do conceito de patrimônio ao território. Faz isso com a
intenção de incluir a abordagem italiana na leitura e compreensão da paisagem como
desenvolvimento metodológico do processo projetual.
Em síntese, busca-se analisar e compreender o território e a paisagem, a partir de um método,
desenvolvido por Daniela Poli, direcionado à proposição da representação do território e da
paisagem como um instrumento analítico e sintético, e componente da interpretação do
patrimônio territorial como subsídio à proposição projetual. Desse modo, busca-se subverter a
lógica de produção do espaço sob a égide da produção contemporânea, em função do
desenvolvimento econômico, tendo em vista ao reconhecimento, à preservação e à
valorização dos recursos territoriais e identidades locais como base para modelos alternativos
de desenvolvimento.
1. Desenvolvimento local autossustentável e patrimônio territorial, o
enfoque teritorialista italiano
A temática norteadora de Patrimônio Territorial-Paisagístico e Projeto: um Parque Fluvial em
Santa Leopoldina/ES se insere num contexto reflexivo crítico acerca do modo de produção do
espaço, problemática de relevância no cenário contemporâneo. Entende-se que o território,
para os italianos, constitui-se de três partes - ambiente físico/natural, ambiente antrópico, e
ambiente socioeconômico; e que a degradação do ambiente, somada à inconstância do
modelo de desenvolvimento que a produz, provém do "processo de desterritorialização e da
desestruturação da relação entre ambiente físico, ambiente construído e ambiente antrópico,
que caracterizam a forma de assentamento humano contemporâneo." (MAGNAGHI, 2010,
p.73, tradução livre)
1 O trabalho, intitulado “Patrimônio Territorial-Paisagístico e Projeto: Um parque fluvial em Santa Leopoldina/ ES",
sob a orientação da Profª. Drª. Renata Hermanny de Almeida e coorientação do Mestre Bruno Amaral de Andrade, entre 2015 e 2016, é parte da creditação do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Espírito Santo.
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Tendo como referência a abordagem territorialista italiana, entende-se que a sustentabilidade
do ambiente do homem está relacionada com a construção do sistema de relações
harmônicas entre essas três partes constituintes do território - a física/natural, a construída e a
socioeconômica. Da mesma maneira, busca-se uma articulação metodológica com a Escola
Territorialista Italiana, particularmente com o conjunto de métodos, técnicas e instrumentos
direcionados à valorização dos recursos territoriais e identidades locais. O interesse está
relacionado à possibilidade de elaboração de modelos alternativos de desenvolvimento
vinculados à cenários de um desenvolvimento local autossustentável.
Em The urban Village: A charter for democracy and local self-sustainable development (2005, p.55),
Magnaghi vincula o território e o desenvolvimento local autossustentável visando que o lugar
seja capaz de se autossustentar, eco-desenvolver-se e autogovernar-se e, sobretudo, que
isso seja consequência da valorização dos recursos territoriais e identidades locais, como
base para modelos alternativos de desenvolvimento. Assim sendo, a abordagem territorialista
italiana reconhece a necessidade da criação de um sistema de análise das três camadas do
território, no sentido de desenvolver cenários estratégicos com vista à colaboração da relação
entre território e ações humanas; de forma a alcançar uma reterritorialização destituída da
ideia de ocupação, utilização e destruição dos recursos. Para isso, Magnaghi elabora um
esquema com percursos projetuais e de planejamento em suporte ao desenvolvimento local
autossustentável. Em síntese, o esquema (Figura 1) propõe um percurso lógico que segue a
ordem: a representação identitária do território, a construção do estatuto do lugar, a
construção do cenário estratégico e por fim a construção do plano e projeto.
O percurso analítico-projetual de um local autossustentável se divide em dois setores: o
projeto e o plano. O projeto compreende o sistema analítico do patrimônio territorial que se
constitui nos "sedimenti territoriali", por sua vez composto por "sedimenti cognitivi" e
"sedimenti materiali" (que caracterizam o tipo territorial e a paisagem). Pode-se interpretar que
os "sedimenti territoriali" são marcas territoriais sendo elas de origem cognitiva e material.
As marcas territoriais de origem cognitiva se expressam pelo conhecimento ambiental, o
modelo sócio-cultural e a forma de produção de conhecimento, os quais constituem o "milieu",
palavra de origem francesa que significa meio. As marcas territoriais de origem material se
expressam pelas estruturas físicas de longa duração (geologia, hidrografia, topografia, dentre
outros), e pelas estruturas físicas do novo-ecossistema (estruturas viárias, tipologias urbanas,
dentre outros) criadas pelas civilizações humanas durante anos. O conjunto dessas duas
estruturas compõe o que a abordagem territorialista italiana define como as figuras territoriais,
ou a paisagem.
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Figura 1: Esquema do processo analítico - projetual para desenvolvimento de local autossustentável.
Fonte: Magnaghi (2010, p.142). Tradução livre e adaptação Rodrigues (2016)
Segundo a abordagem territorialista italiana, o patrimônio territorial é, portanto, o conjunto de
sedimentos que interagem no processo de territorialização, sendo eles de ordem material e de
ordem cognitiva. Nessa etapa do esquema existe o esforço de reconhecer e representar a
identidade do lugar a partir do conjunto de valores do patrimônio territorial sensorial
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perceptível, ou seja, a partir do patrimônio territorial-paisagístico. A representação identitária
do território é, portanto, a representação dos valores patrimoniais territoriais como um bem
comum. Ressalta-se que o conceito de valor atribuído ao patrimônio territorial, nesse
entendimento, refere-se aos elementos de "longo prazo constituintes do lugar, e
independentes das formas do seu uso. Tais valores podem ser vistos como recursos quando a
sociedade os ressignifica." (Magnaghi, 2005, p.59, tradução livre)
As ferramentas que permitem a construção da análise do patrimônio territorial são as
denominadas energias inovadoras e da contradição, sendo elas: as tecnologias apropriadas e
os atores sociais. A construção do estatuto do lugar perpassa um longo processo participativo
e complexo de reconhecimento dos valores patrimoniais do território, e que define as regras
de uso e transformação do território no interesse coletivo, antecedendo a elaboração do
cenário estratégico. O estatuto do lugar, nesse esquema de processo de planejamento, difere
o setor projetual analítico do setor estratégico operativo (MAGNAGHI, 2010, p.143).
Balizado por hipóteses projetuais, o cenário estratégico compreende indicativos para a
transformação, apresentando os valores do local autossustentável. A construção do cenário
estratégico se insere na lógica de visões de futuro do local, portanto, não se considera a sua
aplicação imediata ao território. Porém, é um quadro de agentes potenciais de mudança e
segundo Magnaghi, "a importância da construção de visões de uma cidade ideal, em oposição
ao realismo generalizado, está em fazer da necessidade uma virtude, redescobrindo o ritmo
musical da expansão urbana e da poética da cidade." (2005, p.116, tradução livre)
Dentro do contexto da abordagem abrangente da escola territorialista italiana, busca-se
analisar e compreender o território e a paisagem no processo projetual. Sendo assim, esse
artigo expõe a representação dos valores do patrimônio territorial-paisagístico, tendo como
base a metodologia de representação do território desenvolvida por Daniela Poli2.
1.1 Metodologia de Representação do Patrimônio Territorial
A metodologia de representação nesta abordagem se relaciona à definição de Patrimônio
Territorial que, para Magnaghi, em Il progetto locale.Verso la conscienza di luogo. (2010, p. 148),
resulta de relações sinérgicas entre as qualidades do ambiente físico/natural, do ambiente
construído, e do ambiente socioeconômico. O ambiente físico/natural refere-se ao
2 Metodologia apresentada na disciplina do Programma del Laboratorio di analisi urbana territoriale ministrada
pelos professores Gianluca Giovanni, Daniela Poli e Iacopo Zetti; particularmente no módulo Analisi del territorio e
del paesaggio, cursada por Bruno Amaral de Andrade durante Estágio Técnico Científico junto a Universidade de
Florença (sede em Empoli) com bolsa FAPES.
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entendimento do funcionamento do clima, flora, fauna, assentamento geomorfológico, dentre
outros. Já o estudo do ambiente construído faz referência às estruturas físicas de longa
duração, tipologias urbanas e territoriais, características da paisagem, dentre outros. E o
ambiente socioeconômico, que se refere ao conhecimento ambiental e dos modelos
socioculturais, em outras palavras das características do milieu - meio.
A representação do patrimônio territorial consiste na representação de valores do território
como caráter de recurso projetual, dado que, no contexto contemporâneo, o território está no
estado de objeto de transformações que tendem a anular suas qualidades e peculiaridades.
Entende-se por representação de valores a representação patrimonial do território em seus
aspectos materiais; uma vez que o conceito de patrimônio territorial está associado aos
acúmulos de valores - o de riqueza social e material.
Dentro da abordagem italiana, a representação do patrimônio territorial se faz através do atlas
do patrimônio territorial que possui um caráter de interpretação e seleção no âmbito cognitivo
territorial, diferente do atlas tradicional. A função do atlas do patrimônio territorial é a
construção experimental do território como forma de representação e interpretação
evidenciadora de elementos constitutivos do bem territorial que podem ser tratados como
recursos de projeto em uma perspectiva de transformação ou manutenção (MAGNAGHI,
2010, p. 149).
Na metodologia italiana, a representação é pautada na interpretação do patrimônio ambiental,
do patrimônio territorial-paisagístico e do patrimônio socioeconômico. O patrimônio ambiental
envolve a compreensão das bacias hidrográficas, identidades bioregionais, redes ecológicas,
biomassa, dentre outros. O patrimônio territorial-paisagístico refere-se ao entendimento das
tipologias morfológicas urbanas e territoriais, figuras territoriais e paisagísticas e
infraestruturas urbanas. O patrimônio socioeconômico compreende os modelos socioculturais
de longa duração, meio socioeconômico, conhecimentos artísticos e produtivos, dentre outros
(MAGNAGHI, 2010, p.149).
Dentro desse contexto, por ser o foco analisar e compreender a paisagem e o território para
nortear o processo projetual, propõe-se representar e interpretar elementos do patrimônio
territorial-paisagístico, ou seja, representar e interpretar características sensíveis perceptíveis
das tipologias morfológicas urbanas e territoriais, figuras territoriais e paisagísticas,
infraestruturas urbanas. Para isso, aproxima-se da metodologia de análise do território e da
paisagem desenvolvida por Daniela Poli.
Daniela Poli é professora do curso de graduação de Planejamento Territorial e Ambiental da
Faculdade de Arquitetura de Florença (com sede em Empoli) integra uma equipe de docentes
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responsáveis pelo desenvolvimento do programa do laboratório de análise urbana territorial,
dentro da universidade. O programa, que tem como objetivo analisar a condição do
assentamento contemporâneo em que a questão da identidade do território desempenha um
papel central, é estruturado em três módulos que possuem diretrizes para elaboração das
cartas referentes a cada âmbito. Os módulos que compreendem o programa são a análise
urbana, a análise ecológica do território e a análise do território e da paisagem.
Especificamente a análise do território e da paisagem, desenvolvida por Daniela Poli, é o
módulo com o qual se busca uma articulação, visando a leitura do objeto concreto da
investigação.
Em Analisi del territorio e del paesaggio. (ver nota 2.), Poli defende a necessidade da
representação analítica do território e da paisagem, entendendo que, de um lado, o território é
objeto de transformações que tendem a anular suas peculiaridades e, de outro, suas próprias
peculiaridades podem ser compreendidas como recursos para transformação ou
manutenção. Sendo assim, Poli propõe uma leitura do território que reconhece a paisagem,
em toda a sua complexidade, como um elemento ligado à dimensão ecológica, estrutural e
perceptiva.
Entendendo, portanto, o conceito de paisagem como um elemento central de transmissão de
informações, Poli sugere um método de análise que visa o projeto, pautado nos seguintes
argumentos: na formação do território e da paisagem (com cartografia histórica que identifica
as fases da territorialização); na dimensão estrutural do território (relação entre os
assentamentos urbanos e características morfológicas - ambientais, com características
estruturais de assentamento, a malha agrária e os invariantes estruturais; na dimensão da
percepção do território (com desenho da morfologia perceptiva que identifica elementos que
caracterizam a paisagem); e no patrimônio territorial e das figuras territoriais (divisão do
território em unidades da paisagem).
Essa análise é realizada a partir do desenho do território por meio da elaboração de cartas,
documentos em formato de pranchas em que se dispõem mapas, textos e iconografias. As
cartas funcionam como camadas de análise do território, seguindo um princípio de
sobreposição. As camadas iniciais são compostas por informações gerais do território,
classificação das tipologias territoriais, urbanas e rurais. As camadas intermediárias
consistem em interpretação e correlação dos componentes das camadas iniciais. As camadas
superiores possuem a característica de sintetizar as camadas anteriores. Por fim, a partir
dessas cartas, elabora-se a hipótese projetual, ou seja, o cenário estratégico.
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2. Patrimônio Territorial-Paisagístico no território de Santa
Leopoldina/ES
2.1 Objeto concreto
O objeto empírico se referencia pelo município de Santa Leopoldina, localizado na região
centro serrana do Estado do Espírito Santo, distante 46 Km da capital, Vitória. O rio Santa
Maria da Vitória é um elemento protagonista na ocupação antropizada, principalmente após a
chegada de imigrantes germânicos a partir de 1857, além de ser o maior manancial
responsável pelo abastecimento de água da Região Metropolitana da Grande Vitória.
Historicamente, Santa Leopoldina se desenvolve ao longo das bordas desse rio, que possui
um caráter socioeconômico relevante. Entre o final do século XIX e início do século XX, o rio
Santa Maria da Vitória exerce função de via de transporte de café até o litoral e, no trecho
onde deixava de ser navegável, existia o Porto Fluvial (Porto de Cachoeiro). Nesse período, o
núcleo urbano de Santa Leopoldina está no auge de seu desenvolvimento socioeconômico
promovendo a conexão do interior com o litoral. Contudo, segundo Schwartz, em Município de
Santa Leopoldina (1992, p.26) a situação se modifica em 1927, com a construção da rodovia
que liga Santa Leopoldina a Cariacica, a atual ES - 080. Isso porque, quando ocorre a
alteração da via de escoamento da produção de café, que passa a ser realizado pela rodovia,
o rio perde sua função de via de transporte do café do interior até a capital, abalando os
alicerces do comércio local.
A partir disso, Santa Leopoldina entra num processo de decadência socioeconômica e o rio
Santa Maria da Vitória, no contexto urbano, tem sua funcionalidade restringida até ser
abandonado; condição agravada pela ampliação da área e da densidade ocupacional e
associado tratamento de suas águas como meio de escoamento de resíduos humanos. Santa
Leopoldina passa a ser objeto de transformações que tende a desvalorizar suas
peculiaridades, como o rio Santa Maria da Vitória. Dessa forma, a cidade e o rio
contextualizam-se em um momento de ciclo
Territorialização-Desterritorialização-Rerritorialização.
Referenciado por esse contexto ambiental, paisagístico e socioeconômico, no território de
Santa Leopoldina/ES, adota-se como área de estudo a área urbana, e, como tem-se como
objetivo o estudo e análise do território e da paisagem, inclui-se o entorno dessa área.
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2.2 Percurso metodológico: Um Atlas do Patrimônio Territorial - Paisagístico de
Santa Leopoldina/ES
Com base na metodologia de representação do patrimônio territorial da escola territorialista
italiana, elabora-se um atlas do patrimônio territorial-paisagístico composto por cartas
temáticas, incluindo: 1) identificação perceptiva e cognitiva, 2) representação iconográfica e
registro do patrimônio e 3) reflexão crítica para gradação de valores patrimoniais em alto,
médio e baixo; e reflete-se sobre propostas projetuais ressignificadoras de elementos de valor
patrimonial no território. Faz-se isso a partir da construção de uma imagem de transformação
do ambiente urbano – o parque fluvial. Em síntese, o trabalho faz o percurso metodológico
disposto no esquema a seguir (Figura 2).
Figura 2: Esquema síntese explicativo do percurso metodológico
Fonte: Rodrigues (2016)
O atlas do patrimônio territorial-paisagístico, nesse caso, é composto pelas seguintes cartas
temáticas: carta da primeira aproximação com o território, carta da morfologia perceptiva,
carta da evolução histórica, carta das figuras territoriais e carta da interpretação do patrimônio
territorial-paisagístico. Ressalta-se que a elaboração das cartas temáticas, a partir dessa
abordagem territorialista italiana, requer o uso de ferramentas tecnológicas, como por
exemplo o uso de softwares baseados no Sistema de Informações Geográficas (SIG). Como a
metodologia desenvolvida por Poli (ver nota 2) aborda a representação do território, o
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software SIG é um sistema computacional que permite e facilita a análise, gestão e
representação do espaço.
Utiliza-se o software QuantumGIS, que é software SIG livre, para a elaboração de mapas que
dão suporte para os mapas de análise propostos por Poli (ver nota 2). Além disso,
confecciona-se os mapas de análise utilizando também o software Archicad, que é um
software BIM (software que tem como princípio modelagens de construção de informação
com finalidade de representação digital do processo de construção). Contudo, nesse caso, é
utilizado em sua plataforma de layout, para auxílio na elaboração dos desenhos e das
análises. Ressalta-se que outros softwares de edição de imagem podem ser utilizados para
esse fim, como o Photoshop, CorelDRAW, dentre outros.
A primeira imersão ao território de Santa Leopoldina/ES se dá com a elaboração da carta da
primeira aproximação ao território, com uma perspectiva de tornar visível a apreensão do
território, desprendido de regras cartográficas. Essa carta consiste em um estudo
experimental da primeira abordagem ao território. Inicialmente, o estudo deve ser o menos
estruturado, a fim de evidenciar as primeiras percepções do lugar. As técnicas para a
produção dessa carta não são rígidas e a composição dos materiais pode ser livre com
desenhos, croquis, gráficos, mapas mentais, dentre outros (Figura 3).
Figura 3: Mapa cognitivo e croqui - compõe a carta da primeira aproximação com o território
Fonte: Rodrigues (2016)
Em seguida, com o objetivo de representar e identificar as características perceptivas do
território elabora-se a carta da morfologia perceptiva, com uma dimensão da percepção da
estrutura do território. Essa carta tem como objetivo a preparação de um documento que
define as características sensíveis visíveis da estrutura morfológica do território e é composta
por mapas, seções e planos.
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Com o auxílio do software SIG QuantumGIS, confecciona-se mapas que dão suporte para o
mapa da morfologia perceptiva, sendo eles: o mapa das curvas de níveis com sombreamento
e o mapa com a hidrografia. O mapa da morfologia perceptiva é elaborado a partir desses dois
mapas, e utiliza-se o software Archicad, com o auxílio e ferramentas de desenho, com a
finalidade de analisar às características sensíveis do território.
O mapa das curvas de níveis com o sombreamento colabora para a compreensão das
tendências de cumes e encostas do território. O mapa da hidrografia com curvas de níveis é
fundamental, pois, além de fornecer informações sobre o relevo e sua inclinação, mostra o
desempenho do sistema hídrico superficial vinculado à morfologia. A partir disso, pode-se
identificar as morfologias topológicas como os vales e as colinas. Ademais, é com esse mapa
que se faz os desenhos das seções territoriais. O mapa da morfologia perceptiva (Figura 4)
tem a função de identificar e analisar seis elementos da paisagem, sendo eles: a espinha
dorsal, os limites, os pontos de emergência visual, as direções predominantes, e as tipologias
morfológicas.
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Figura 4: Mapa da morfologia perceptiva - compõe a Carta da Morfologia Perceptiva
Fonte: Rodrigues (2016)
A fim de identificar as fases da territorialização, elabora-se a carta da evolução histórica. Essa
carta compõe-se pelo mapa da evolução histórica, imagens que caracterizam a identidade do
território (iconografia, fotos, poemas, canções, trechos históricos, publicidade) e descrições
sobre a documentação histórica da área de estudo. O princípio que norteia o mapa da
evolução histórica (Figura 5) é a representação das camadas de história na área, dando
visibilidade aos períodos de expansão, ou seja, tem o objetivo de identificar as fases de
territorialização.
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Figura 5: Mapa da evolução histórica do território - compõe a carta da evolução histórica
Fonte: Rodrigues (2016)
Com a finalidade de dividir o território em unidades da paisagem, elabora-se a carta das
figuras territoriais. Essa carta consiste na interpretação das cartas anteriores, com destaque
dos elementos estruturantes que caracterizam a paisagem e o território e com isso a
determinação de figuras territoriais. A carta deve conter representação, identificação e
nomenclatura das figuras territoriais, bem como sua descrição, fotografias referentes a cada
figura territorial e vistas com perspectivas que reúnem os componentes territoriais.
O mapa das figuras territoriais de Santa Leopoldina (Figura 6) é elaborado a partir da
sobreposição do mapa da morfologia perceptiva e do mapa da evolução histórica, dos quais
foram identificadas figuras territoriais. Como resultado da sobreposição, identifica-se e
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caracteriza-se quatro figuras territoriais marcantes que são definidas pela tipologia
morfológica e pela evolução histórica. As figuras territoriais são as seguintes: Eixo Histórico;
Eixo interno; Eixo linear e Colinas.
Figura 6: Mapa das Figuras Territoriais - compõe a carta das figuras territoriais
Fonte: Rodrigues (2016)
Por fim, com o objetivo de sintetizar as cartas anteriores e, sobretudo com o objetivo de avaliar
os elementos patrimoniais, elabora-se a carta interpretativa do patrimônio territorial-
paisagístico. O mapa da interpretação do patrimônio territorial-paisagístico (Figura 7) que
compõe essa carta é elaborado com base na interpretação e avaliação dos elementos que
compõem cada figura territorial. Para isso, identifica-se elementos pontuais, lineares e de
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áreas do patrimônio. A cada categoria os elementos são classificados, segundo o nível de
valor, podendo ser entre alto, médio e baixo valor. O conceito de valor utilizado segue a lógica
de "quanto mais antigo maior é o valor". Essa classificação subsidia diretamente as
proposições projetuais, uma vez que, os elementos de alto valor devem ser conservados,
(possuindo menos poder de intervenção) e os de médio e baixo valor possibilitam um maior
poder de interferência projetual para que os mesmos tornem elementos de alto valor.
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Figura 7: Mapa da interpretação do patrimônio territorial-paisagístico - compõe a carta da interpretação
do patrimônio territorial-paisagístico
Fonte: Rodrigues (2016)
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2.3 Patrimônio e Projeto
De acordo com Magnaghi (2005, p.119), o cenário estratégico compreende um quadro de
agentes de mudança do território que constrói visões de futuro de uma cidade ideal, a partir de
intenções projetuais. Portanto, não se trata de projeto técnico, mas sim de projeto conceitual
do território que pode funcionar como uma ferramenta de comunicação com a sociedade.
Direciona-se o cenário estratégico ao Eixo Fluvial Histórico, figura territorial identificada na
carta das figuras territoriais-paisagísticas. Opta-se por essa figura territorial como recorte de
projeto, pois entende-se como uma área estratégica para o início do parque fluvial, uma vez
que, segundo a carta da interpretação do patrimônio territorial-paisagístico, reúne elementos
de alto valor patrimonial, como o rio Santa Maria da Vitória, os edifícios históricos protegidos
por tombamento, vegetações às margens do rio e florestas, ou seja, elementos do ambiente
físico/natural, ambiente construído e do ambiente antrópico.
O parque fluvial, na figura territorial denominada Eixo Fluvial Histórico, tem como objetivo
principal ressignificar o rio para a cidade, a partir de propostas de projetos locais, buscando
respeitar as especificidades da área e o incentivo ao uso do espaço público. Acredita-se que o
estímulo da integração da sociedade com o rio possibilite que o mesmo possa ser melhor
preservado.
Como o parque fluvial, nessa figura territorial, está dentro do contexto urbano, as estratégias
gerais são orientadas pelo Manifesto per L'Arno, documento editado por Alberto Magnaghi em
Un fiume per il territorio. Indirizzi progettuali per il parco fluviale del Valdarno empolese (2009, p.17),
com diretrizes para as intervenções no Rio Arno, na Itália, os quais os objetivos são levados
para frente para a construção da intervenção nesse rio. Dentre as diretrizes que esse
documento elabora, as principais tomadas como base são: promover a revitalização do rio
como espaço de bem-estar; minimizar o risco de inundações e requalificar as estruturas
urbanas limiares às margens do rio. Dessa forma, tem-se como princípio, transformar as
margens do rio em áreas de transição da cidade com a água, a partir do tratamento das
bordas, consolidando assim o rio como espinha dorsal do território.
Realiza-se três cenários estratégicos (Figura 8) com visões de futuro definidos de acordo com
grau de intervenção nas estruturas urbanas limiares ao rio Santa Maria da Vitória e nas
estruturas físicas/naturais, ou seja, às margens e ao rio Santa Maria da Vitória. Sendo eles:
cenário 1 - com um nível baixo de intervenção no ambiente físico/natural; cenário 2 - com um
nível alto de intervenção no ambiente físico/natural; e cenário 3 - com um nível de intervenção
alto em ambos os ambientes (físico/natural e construído). Cabe ressaltar, que esses cenários
não tem a pretensão de dar uma solução definitiva ao Eixo Fluvial Histórico, mas apresentar
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propostas projetuais que buscam incentivar a preocupação dessa figura territorial em relação
ao patrimônio territorial-paisagístico.
Figura 8: Cenários estratégicos para parque fluvial no Eixo Histórico de Santa Leopoldina.
Fonte: Rodrigues (2016)
Diante disso, em uma análise comparativa, conclui-se que o cenário 1 propõe um grau baixo
de intervenção no ambiente físico/natural, com a proposta de uma medida de controle de
inundação que não modifique a morfologia da seção do rio e a preservação das áreas às
margens do curso d'água que apresentam vegetação notável. Contudo esse cenário exige um
grau de intervenção na estrutura urbana limiar às margens, uma vez que, propõe
desapropriações. Diferentemente do cenário 1, o cenário 2 propõe um grau elevado de
intervenção no ambiente físico/natural, com a proposta de uma medida de controle de
inundação que exige a alteração da morfologia da seção do rio, porém não exige muitas
desapropriações. Além disso, propõe um parque linear com o paisagismo de áreas verdes e
praças nas áreas às margens do rio. O cenário 3, apresenta uma proposta que tem um alto
grau de intervenção em ambos os ambientes, com a consolidação da antropização dessa
figura territorial.
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3. Conclusão
Dentro do âmbito de análise do território e da paisagem como parte do processo projetual, a
maior contribuição do enfoque territorialista italiano é o desenvolvimento de uma metodologia
que busca demonstrar um processo analítico-projetual para desenvolvimento local
autossustentável, a partir do entendimento do território como patrimônio. Sendo que o
território, para os territorialistas italianos, constitui-se por três partes: o ambiente físico/natural,
o ambiente construído e o ambiente socioeconômico. Com essa perspectiva de alargar o
conceito de patrimônio ao território, tal metodologia contribui por trazer uma cartografia, o
atlas do patrimônio territorial, que tem a preocupação de retratar aspectos do território sob
uma perspectiva de cognição com objetivo de representar características identitárias de valor
frente à uma situação em que, no contexto atual, o território tende a anular suas
peculiaridades resultando em desterritorialização, ou seja, a degradação das três partes do
território.
Quanto aos cenários estratégicos, propõe-se intenções projetuais para parque fluvial em
Santa Leopoldina, com uma perspectiva de transformação do território com o objetivo de
ressignificar o rio Santa Maria da Vitória para a cidade. Esses cenários variam conforme o
grau de intervenção no ambiente físico/natural e construído. Direciona-se os cenários ao Eixo
Fluvial Histórico de Santa Leopoldina, figura territorial ou unidade da paisagem identificada a
partir do atlas do patrimônio territorial-paisagístico, pois entende-se ser uma área estratégica
para o parque fluvial como embrião de um futuro grande parque que pode ser alargado às
outras figuras territoriais que apresentam o rio como elemento do patrimônio territorial-
paisagístico.
Diante dos cenários estratégicos, vê-se a complexidade que envolve a questão das bacias
hidrográficas no ambiente urbano e a partir disso entende-se a importância de pensar e refletir
sobre a eficiência de medidas de controle de inundação frente à duas perspectivas: do rio
como elemento patrimonial, e todo o potencial de apropriação do mesmo para a dinâmica
sócio-econômica da cidade; e o próprio centro histórico como elemento patrimonial a ser
conservado, dado o legado arquitetônico e cultural que remonta à ciclos de territorialização de
índios, portugueses e germânicos. Além disso, é necessário também um estudo aprofundado
de forma a compreender a dinâmica hídrica da bacia hidrográfica do rio Santa Maria da Vitória
com uma representação pautada na interpretação do patrimônio ambiental (refere-se ao
entendimento das bacias hidrográficas, identidades bioregionais, redes ecológicas, biomassa,
dentro outros). Assim sendo, sendo uma área edificada em torno do curso d'água e impactada
por inundações cada vez mais recorrentes e volumosas, é relevante analisar e compreender
sob um viés ambiental e territorial-paisagístico.
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4. REFERÊNCIAS
MAGNAGHI, Alberto. Il progetto locale.Verso la conscienza di luogo. Firenze, 2010.
GIACOMOZZI, Sara, MAGNAGHI, Alberto (a cura di), Un fiume per il territorio. Indirizzi progettuali per il parco fluviale del Valdarno empolese. Firenze, 2009.
MAGNAGHI, Alberto. The urban Village: A charter for democracy and local self-sustainable development. (Translate by David Kerr). New York, 2005.
RODRIGUES, Mariana Paim. Patrimônio Territorial - Paisagístico e Projeto: um Parque Fluvial em Santa Leopoldina/ES. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Artes, UFES, 2016.
SCHWARZ, Francisco. O Município de Santa Leopoldina. Vitória: Traço Certo Editora, 1992.