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UNESP Universidade Estadual Paulista
Caderno de Resumos do VIII Seminário do Programa de Pós-graduação em
Lingüística e Língua Portuguesa: ―Sujeito e Linguagem‖
__________________15, 16 e 17 de outubro de 2008__________________
__________________________________________________________________________
Faculdade de Ciência e Letras
CEP. 14800-901 - Rodovia Araraquara - Jaú, Km 1 - PABX (016)3301-6200
Caixa Postal 174 - Araraquara –SP
http://www.fclar.unesp.br/poslinpor/publicacoes.php?id=poslinpor
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ÍNDICE
Perfil do seminário 7
I. Resumos de trabalhos apresentados em Fórum de Debates
A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA
A EVOLUÇÃO FONÉTICA DE ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA INGRESSANTES EM UM
CURSO DE LETRAS
A OBSERVAÇÃO DE PROEMINÊNCIAS MUSICAIS E LINGÜÍSTICAS NO ESTUDO DA
PROSÓDIA DO PORTUGUÊS ARCAICO
A ONTOGÊNESE DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NA APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA
MATERNA
A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM LÍNGUAS ROMÂNICAS: UM
ESTUDO SINCRÔNICO NO PORTUGUÊS E NO ESPANHOL
A RECEPÇÃO DA TEORIA DE MIKHAIL BAKHTIN NA ANÁLISE DO DISCURSO
FRANCESA
A SEMIÓTICA DOS LUGARES E OS MODOS DE VALORIZAÇÃO CRIADOS PELA
PUBLICIDADE NO ESTADO DO MARANHÃO
A TRAMA DISCURSIVA DE SI EM CORA CORALINA E CAROLINA DE JESUS
ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,
PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS
ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS PADRÕES ENTOACIONAIS DO
PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO INGLÊS NORTE-AMERICANO EM FILMES
ANIMADOS
ASPECTO VERBAL DO GREGO ANTIGO: UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA E
SEMÂNTICA
CLÍTICOS NO PORTUGUÊS DE SÃO PAULO: 1880 A 1920: UMA ANÁLISE SÓCIO-
HISTÓRICO- LINGÜÍSTICA
EM BUSCA DA AUTONOMIA NA SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA:
ARTICULANDO LINGUAGEM, LÍNGUAS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIA AUTÔNOMA
ENSINO DE LATIM: COMPETÊNCIAS LINGÜÍSTICA, TEXTUAL E INTERTEXTUAL
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ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES A, PARA E EM NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ENTRE
A INVARIÂNCIA DE FUNCIONAMENTO E A VARIAÇÃO SEMÂNTICA
EXERCÍCIOS FECHADOS PARA REFLEXÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA:
PROPOSTA DE UM PROTÓTIPO DE EXERCÍCIO
FORMAÇÃO CONTINUADA ON-LINE DE PROFESSORES DE ALEMÃO: FOCO NO
LETRAMENTO DIGITAL E NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA LINGÜÍSTICA
FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO DISCURSO MUSICAL EM CONTOS DE MACHADO
DE ASSIS
LULA LÁ: DE CANDIDATO APAIXONADO A PRESIDENTE DO POVO
MULHER-MACHO SEM SENHOR: DISCURSOS QUE REINVENTAM A IDENTIDADE
DA MULHER POLÍTICA NORDESTINA
O ESQUEMA NARRATIVO DO ROMANCE POLICIAL NO SÉCULO XXI: CANÔNICO OU
INOVADOR?
O PERFIL DO BLOGUEIRO: UM ESTUDO DOS BLOGS MAIS ACESSADOS DO
BRASIL
O PERFIL DO LEITOR DE LIVROS DE AUTO-AJUDA ADAPTADOS PARA O PÚBLICO
INFANTO-JUVENIL: UMA PERSPECTIVA SEMIÓTICA
O PLANO DE EXPRESSÃO VISUAL E A INSTÂNCIA PATÊMICA
O RITMO DO PORTUGUÊS ARCAICO: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE
SANTA MARIA
O SISTEMA DE FORMAS DE TRATAMENTO NA IMPRENSA NEGRA E EM O
COMBATE: UM ESTUDO DA INTER-RELAÇÃO ENTRE FATORES LINGÜÍSTICOS E
SOCIAIS
O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS ARCAICO VISTO A PARTIR DAS RIMAS
DAS CANTIGAS MEDIEVAIS RELIGIOSAS
O ―SOM‖ DO REGGAE NA JAMAICA BRASILEIRA: UM ESTUDO FONOLÓGICO DO
INGLÊS CANTADO POR BRASILEIROS MONOLÍNGÜES FALANTES DE PORTUGUÊS
OS INDÍCIOS DO TRATO COM A ORALIDADE NO ENSINO A DISTÂNCIA DE
LÍNGUA ESTRANGEIRA NO DISCURSO DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DOS CURSOS
DE LETRAS
PELAS LETRAS DOS JORNAIS: O DISCURSO DO ‗EIXO‘ RIO/ SÃO PAULO SOBRE A
CULTURA PARAENSE
PERFIL DIALETOLÓGICO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE COMUNICAÇÃO:
PECULIARIDADES FONÉTICAS, MORFOLÓGICAS, SINTÁTICAS E LEXICAIS DE
FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO LUDOVICENSE E ARARAQUARENSE
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PRÁTICAS DISCURSIVAS, REDES DE MEMÓRIA E IDENTIDADES DO FEMININO:
ENTRE FADAS, PRINCESAS E LOBOS NO UNIVERSO PUBLICITÁRIO
PROCESSOS MORFOFONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA DERIVAÇÃO: UM
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTUGUÊS ARCAICO E PORTUGUÊS BRASILEIRO
SUSTENTABILIDADE E TURISMO: ANÁLISE DAS VÁRIAS VOZES INSCRITAS NO
DISCURSO SOBRE O PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES
UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DE UM GÊNERO DIGITAL VOLTADO PARA A
ESFERA EDUCACIONAL: O CHAT NO ENSINO DE E/LE
UM ESTUDO SÓCIO-DISCURSIVO DO SISTEMA PRONOMINAL DOS
DEMONSTRATIVOS NO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO
UM OLHAR SEMIÓTICO PARA AS OBRAS DE FANTASIA MAIS VENDIDAS DE 1980
A 2007
UMA ANÁLISE DE PODE SER QUE COMO ADVÉRBIO EPÍSTÊMICO NA LÍNGUA
PORTUGUESA DO BRASIL, NAS MODALIDADES ORAL E ESCRITA
UMA REANÁLISE DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA FALA DOS SÃO CARLENSES
UMA RETOMADA HISTÓRICO-EPISTEMOLÓGICA DA ANÁLISE DO DISCURSO NO
BRASIL
WEBJORNALISMO: CONSONÂNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AMBIENTE VIRTUAL
E SUAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS
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II. Resumos de trabalhos apresentados em Sessões de Comunicações
Individuais
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: UM OLHAR FOUCAULTIANO DA CRIANÇA
A EMERGÊNCIA DAS CONDUTAS EXPLICATIVAS E O USO DOS PRONOMES
PESSOAIS NA FALA DA CRIANÇA
A ESCRITA E A ORGANIZAÇÃO DE DOMÍNIOS NOCIONAIS: UMA ARTICULAÇÃO
NECESSÁRIA
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A PREPOSIÇÃO PARA E AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM, UMA ABORDAGEM
CULIOLIANA
ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,
PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS
APONTAMENTOS SOBRE O ASPECTO VERBAL EM HOMERO: ODISSÉIA
CLÍTICOS SE APRENDEM NA ESCOLA? O CASO DA COMUNIDADE RURAL DE
PIABAS NA BAHIA
ENTRE A REPETIÇÃO E A RUPTURA: O DISCURSO ADULTO E O INFANTIL NA
PERFORMANCE NARRATIVA
ESTUDO DOS VERBOS PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS E O ALINHAMENTO
SEMÂNTICO DE WORDNETS
FUNCIONALIDADE DE PARÁBOLAS E IMAGENS NO DISCURSO JORNALÍSTICO EM
CONJUNTURAS DE CRISE
LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA: ASPECTOS TEÓRICOS QUE
FUNDAMENTAM A ANÁLISE DA ALTERNÂNCIA TU/VOCÊ/SENHOR(A) ENTRE OS
FALANTES DE SÃO LUÍS-MA.
O CONSENSUAL E O POLÊMICO NO TEXTO ARGUMENTATIVO ESCOLAR
O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ABORDAGEM ENUNCIATIVA
O ETHOS NA LINGUAGEM DA CRIANÇA: UM CAMINHO PARA A IDENTIDADE
ENUNCIATIVA
O GÊNERO ENUNCIADO DE CAMINHÃO
O LEITOR DOS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS
O LIVRO-REPORTAGEM COMO GÊNERO DISCURSIVO
O SUJEITO PRONOMINAL: AS PESSOAS GRAMATICAIS E O TRAÇO SEMÂNTICO
UM OLHAR SOBRE O CONTEXTO DE PRODUÇÃO E SOCIAL EM TEXTOS
CONSTRUÍDOS POR UMA CRIANÇA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO
UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-
AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA
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III. Resumos de trabalhos apresentados em Painéis
A CONCATENAÇÃO SEMÂNTICA DO TEMPO NO NÍVEL TEXTUAL 58
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A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO MARANHENSE EM PROPAGANDAS TURÍSTICAS
OFICIAIS
A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
ANÁLISE MORFOFONOLÓGICA DO PROCESSO DE ADJUNÇÃO DOS SUFIXOS DE
GRAU NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
ANTROPÔNIMOS DE ORIGEM INGLESA: ADAPTAÇÕES FONOLÓGICAS POR
FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
APRENDÍ O HE APRENDIDO: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA SOBRE O USO DOS
PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA
ESTUDO DO SISTEMA ORTOGRÁFICO EM POEMAS MANUSCRITOS DE
SOUSÂNDRADE NO SÉCULO XIX EM SÃO LUIS-MA
ESTUDO SINTÁTICO-SEMÂNTICO DOS VERBOS DAS TOADAS DE BUMBA-MEU-BOI
INVESTIGANDO PROCESSOS DE AUTORIA ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DE
RELATÓRIO CIENTÍFICO POR GRADUANDO EM QUÍMICA
LÍRICA TUPI DE ANCHIETA
O ASPECTO VERBAL EM JERÔNIMO SOARES BARBOSA (1822)
O LÉXICO NA PRODUÇÃO DE TEXTOS: UM ESTUDO ENUNCIATIVO
O OUTRO SUJEITO CONSTITUÍDO ATRAVÉS DA APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA
ESTRANGEIRA
PROCESSOS DE SÂNDI NO PORTUGUÊS ARCAICO: CANTIGAS DE SANTA MARIA
PROCESSOS MORFOFOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA FLEXÃO VERBAL NAS
CANTIGAS DE SANTA MARIA
UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-
AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA
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Perfil do seminário
Os seminários de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Lingüística e Língua
Portuguesa, da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Araraquara, têm
como objetivo principal propiciar um intercâmbio de pesquisas entre seus alunos e outros
estudiosos. Anualmente o programa realiza seus seminários para o qual convida
pesquisadores de outras universidades que desenvolvam trabalhos relacionados às linhas
de pesquisa do programa. Além de participarem do seminário apresentado seus trabalhos
em forma de conferências ou de mesas-redondas, os pesquisadores convidados reúnem-
se com um grupo de alunos que realizam pesquisa em área próxima à sua para
debaterem suas pesquisas, durante as atividades do seminário intituladas ―Fórum de
Debates‖. A cada ano a comissão encarregada de organizar o evento elege um tema
central que conduzirá o perfil de suas atividades. Para o ano de 2008 o tema será
"Sujeito e Linguagem". A linguagem consiste na capacidade específica do homem para
estabelecer comunicação e produzir sentido. Sujeito, tempo e espaço são noções que não
somente integram as teorias lingüísticas, mas também as organizam. O seminário deste
ano dedica-se ao exame da primeira, com o objetivo de enfocar e problematizar
diferentes modos da relação sujeito e linguagem: sujeito na linguagem, sujeito da
linguagem, sujeito ante a linguagem. Nesses domínios, diversos conceitos podem
compor, especificar e/ou caracterizar as reflexões: eu/outro, falante/ouvinte,
emissor/receptor, aluno/professor, sujeito da enunciação, enunciador/enunciatário,
autor/leitor, autor/herói, actante, ator, personagem, sujeito da frase, sujeito do discurso,
sujeito empírico, efeito sujeito, corpo, etc. O convite a pesquisadores para participar do
seminário e para refletir sobre a concepção de sujeito de sua área de atuação atende às
diferentes linhas e tendências das pesquisas do Programa.
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I. Resumos de trabalhos apresentados em Fórum de Debates
A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO NO INTERIOR PAULISTA
Natália Cristina OLIVEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS
O caráter social dos fatos lingüísticos e a percepção da variabilidade na qual a
língua está submetida são pontos essenciais no que tange à reflexão sobre a natureza da
linguagem humana. Deste modo, língua, sociedade e sujeito são realidades que se
relacionam, a existência de uma está diretamente relacionada com a existência das
outras. Reconhecer e estudar a variação lingüística como um fenômeno presente em
todas as línguas naturais, incluindo o português brasileiro, é um dos primeiros passos
para contribuirmos para a descrição do português falado. Pensando em colaborar na
caracterização do dialeto falado no interior paulista, o presente projeto tem como tema a
concordância nominal (CN, daqui em diante) que, como comprovam vários trabalhos
sociolingüísticos, constitui uma regra variável presente em vários dialetos do português
brasileiro (PB). Vale ressaltar que este projeto é decorrência de outro, mais abrangente,
pertencente ao Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários do IBILCE / UNESP,
sob a denominação ―O português falado no interior paulista: constituição de um banco de
dados anotado para o seu estudo‖ (Processo FAPESP 03/08058-6). Este projeto conta
com a amostra de fala de 152 informantes de São José do Rio Preto e região, que foram
selecionados a partir de um controle das seguintes variáveis sociais: sexo/gênero,
escolaridade, faixa etária e classe social. Utilizando as amostras de fala deste banco de
dados, apresentaremos uma análise, por meio da pesquisa sociolingüística, de algumas
variáveis lingüísticas que contribuem para a realização ou para a não-realização do
fenômeno da CN no dialeto do interior paulista. Para tanto, são controladas as variáveis
gênero, faixa etária (16-25, 26-55 e mais de 55 anos) e escolaridade (Ensino
Fundamental, Médio e Superior). Das 152 amostras do censo lingüístico da região de São
José do Rio Preto, selecionamos 18 para esse estudo, de modo a obtermos uma
distribuição equilibrada, orientada pelas variáveis sociais acima mencionadas. Além
dessas variáveis de natureza social, estamos considerando as seguintes variáveis de
natureza lingüística: quantidade de elementos no SN, elemento que recebe marca de
plural, composição do SN, categoria morfológica do elemento, marcas precedentes,
contexto fonético-fonológico seguinte ao elemento, saliência fônica; processo de
formação do plural e tonicidade da sílaba do item singular. Devo lembrar que o fenômeno
da CN já foi bastante estudado em vários dialetos brasileiros por vários autores, no
entanto, o ineditismo desta pesquisa se dá pelo fato de não haver um estudo acerca da
CN presente, ou não, na fala de habitantes do interior paulista, de modo que esperamos
que a análise de tais falas contribua para estimular a realização de novas pesquisas e
análises do nosso patrimônio lingüístico, ainda um tanto quanto desconhecido dos
próprios lingüistas. Ao final desta pesquisa, será possível perceber as reais manifestações
de fala da nossa comunidade, contribuindo, assim, com o próprio ensino do português.
A EVOLUÇÃO FONÉTICA DE ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA
INGRESSANTES EM UM CURSO DE LETRAS
Marcela Ortiz Pagoto de SOUZA (UNESP-FCL-Araraquara)
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Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de base etnográfica, produzida de acordo
com os dados obtidos na coleta realizada com seis (6) alunos de um primeiro ano do
curso de Letras (inglês) noturno de uma universidade particular de uma cidade do
interior do estado de São Paulo. Este estudo tem por objetivo analisar o processo de
evolução fonética de tais alunos a partir de seu ingresso na faculdade, observando-se as
influências da fonética da língua materna (língua portuguesa), bem como os obstáculos
por eles encontrados para a aquisição da língua estrangeira (língua inglesa). Com o
intuito de restringir o campo da pesquisa, optou-se por focar a análise na produção de
pares mínimos (minimal pairs), devido à dificuldade geralmente apresentada pelos
alunos na produção de palavras foneticamente semelhantes. Pretende-se averiguar no
decorrer da pesquisa como se dá a evolução fonética dos alunos, nos períodos iniciais de
estudo da língua na graduação, elucidando a importância de se aprender a fonética da
língua inglesa para sua aquisição. Nesse contexto, analisando-se o aprendizado do
sistema fonético da língua inglesa (LI) e sua aquisição, mostra-se relevante observarmos
a influência e a interferência da língua materna (português) na produção oral, uma vez
que há diferenças nos dois sistemas fonéticos.
A OBSERVAÇÃO DE PROEMINÊNCIAS MUSICAIS E LIGÜÍSTICAS NO ESTUDO DA
PROSÓDIA DO PORTUGUÊS ARCAICO
Daniel Soares da COSTA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O trabalho que apresentamos tem como objetivo propor uma nova metodologia
para o estudo da prosódia de línguas mortas, em especial o português arcaico. Partimos
da metodologia anterior utilizada por Massini-Cagliari (1995, 1999) que focalizava, em
cantigas trovadorescas, a palavra que aparece em posição de rima poética, visto que
somente nessa posição é possível, por meio da observação da estrutura da cantiga e da
maneira como o autor conta as sílabas poéticas, ter certeza da posição do acento
principal da palavra. A partir do contato com esse trabalho, começamos a desenvolver
uma proposta metodológica que desse conta de localizar os acentos lexicais em outras
posições nos versos. Tal metodologia baseia-se, resumidamente, na observação das
proeminências musicais de textos poéticos musicados, na observação das proeminências
lingüísticas do texto dos poemas, junto com a observação da estrutura métrica dos
mesmos. Parte-se da idéia de que é grande a probabilidade de o tempo forte do
compasso musical (o primeiro tempo) coincidir com a sílaba tônica das palavras, o que
poderia fornecer pistas para o estudo do acento lexical de palavras que pertencem a
línguas que não possuem mais falantes e nem mesmo registros orais. Para isso,
desenvolvemos um trabalho de análise das proeminências musicais em comparação com
as proeminências lexicais em transcrições de algumas das Cantigas de Santa Maria para
a notação musical atual, feitas por Anglés (1964). O objetivo é constatar se a observação
do nível musical junto com o nível lingüístico dessas cantigas pode constituir uma
metodologia auxiliar no estudo de fenômenos prosódicos tais como acentos secundários
e/ou eurrítmicos do português arcaico, na medida em que pode constituir um
instrumento de identificação de possíveis proeminências rítmicas, ao lado de informações
trazidas pela estrutura métrica dos poemas. A análise dos resultados será feita no
interior do quadro teórico inaugurado pelas teorias fonológicas não-lineares – em
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especial, o modelo métrico (cf. HAYES, 1995; MASSINI-CAGLIARI, 1995, 1999).
Posteriormente, se verificada a pertinência de comparação com estudos já desenvolvidos
sobre a prosódia do PA (MASSINI-CAGLIARI, 2005), avançar-se-á para uma abordagem
otimalista (cf. PRINCE & SMOLENSKY, 1993).
A ONTOGÊNESE DOS GÊNEROS DISCURSIVOS NA
APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA MATERNA
Fabiana GIOVANI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
O presente projeto de pesquisa tem por intuito responder a seguinte questão de
pesquisa: ‗Qual o processo ontogênico dos gêneros discursivos na alfabetização?‘. O meu
objetivo principal é conhecer o percurso ontogenético dos gêneros discursivos durante o
processo de apropriação da língua escrita. Além deste, outros objetivos põem-se como
secundários, mas não menos importantes como: i) Compreender o processo de
apropriação dos gêneros discursivos escritos na alfabetização; ii)Verificar até que ponto a
teorização sócio-histórica desenvolvida por Schneuwly, com base em Vigotski e Bakhtin
coaduna-se ou não com a psicogênese da língua escrita desenvolvida por Emília Ferreiro
e Ana Teberosky; iii) Conceber a apropriação da escrita de base discursiva não só como
prática, mas também como cognição, como modo ontogênico de constituição da
subjetividade. Enfim, essa pesquisa propõe, em termos gerais, uma reflexão sobre
processos ontogênicos que envolvem a linguagem. Com relação aos pressupostos
teóricos, minha pretensão com este trabalho é provocar o encontro entre os teóricos
Bakhtin, Vigotski e Ferreiro, cada qual com seus interesses, seus conceitos, suas
afiliações teóricas, suas histórias distintas e pertencentes a tempos e a espaços distintos.
Porém, diante desse objetivo, não se pode esquecer que um encontro a três, como este,
se dê a vários, e em cada uma destas vozes, como apontam Geraldi et alii (2005),
ecoam outras muitas vozes no que se apresenta como próprio, mas que efetivamente
resulta do esquecimento das origens. Quanto aos ―procedimentos metodológicos‖, já
manifesto a preferência pelo paradigma indiciário. Abaurre et alii (1997) afirmam que
adotar o paradigma indiciário pode ser muito produtivo em investigações concernentes à
relação sujeito/linguagem, uma vez que os dados da escrita inicial, por sua freqüente
singularidade, são indícios importantes do processo como um todo através do qual se vai
continuamente constituindo e modificando a complexa relação entre o sujeito e a
linguagem. A maior visibilidade de alguns aspectos do processo pode criar dados que
contribuam de forma significativa para uma discussão mais profunda da relação
sujeito/linguagem no interior da teoria lingüística.
A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM LÍNGUAS ROMÂNICAS: UM
ESTUDO SINCRÔNICO NO PORTUGUÊS E NO ESPANHOL
Niguelme Cardoso ARRUDA (UNESP-FCL-Araraquara / CNPQ)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
Sustentado pelo arcabouço teórico-metodológico da Sociolingüística Variacionista,
este estudo, de caráter descritivo-analítico-comparativo, se propõe a estabelecer uma
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análise da realização do objeto direto anafórico, enfocando, principalmente, o uso de
pronomes pessoais com a respectiva função, o estatuto do objeto nulo e a topicalização
de nosso fenômeno variável. Pretende-se, com o estudo, observar como se comportam
lingüisticamente os falantes das variedades européia e brasileira do português, bem
como os das variedades européia e argentina do espanhol. Considera-se, para tanto, o
fato de português e espanhol serem línguas românicas, apresentando, então, uma
sintaxe e um sistema pronominal que em muito se assemelham: formas pronominais
nominativas distintas de formas pronominais acusativas, assim como uma terceira
pessoa (ou a não-pessoa, usando terminologia cunhada por Benveniste (1995)) que
apresenta um padrão de flexão semelhante ao dos nomes (gênero e número).
Considerando, ainda, a proximidade geográfica entre Portugal e Espanha e entre Brasil e
Argentina, é possível pensar que as variedades européias e americanas apresentam
graus variáveis no seu sistema lingüístico que também as aproximarão. Objetiva-se,
portanto, verificar, em que grau as variedades lingüísticas européia e brasileira do
português, bem como as variedades européia e argentina do espanhol se distanciam e se
esse distanciamento, caso haja, reflete apenas em uma distinção quantitativa entre as
variedades, ou se também causa algum reflexo qualitativo entre elas. Para tanto, serão
observadas as estratégias de realização do referido fenômeno sintático nas variedades
lingüísticas em questão, a fim de se verificar suas particularidades e/ou semelhanças. Tal
proposta buscará avaliar se os processos de variação (e mudança) já observados no PB
também se refletem no PE, estendendo a comparação ao espanhol europeu e ao
espanhol argentino. Assume-se, pois, como hipótese central, que as distinções entre as
variedades européia e brasileira do português e entre as variedades européia e argentina
do espanhol, em relação ao fenômeno que será aqui estudado, são observadas,
sobretudo, em uma análise quantitativa. Em uma análise qualitativa, muito
provavelmente, essas diferenças não se acentuarão. A organização da amostra, da qual
se estruturarão os corpora, será feita a partir de programas de auditório veiculados por
emissoras de televisão de circulação nacional nos países usuários das variedades acima
referidas. Tal escolha se justifica pelo fato de esse gênero apresentar, em sua estrutura,
uma rica variedade de perfis de falantes: informantes de ambos os sexos/gêneros, de
idades diferentes e de diferentes níveis sócio-econômicos, possibilitando, dessa maneira,
uma melhor observação dos níveis de variação. Além da diversidade de perfis de
falantes, o trabalho com o gênero que aqui se denominará programas de auditório
permitirá que se encontrem programas com (e destinados a) públicos diferentes: alguns
de caráter mais popular, outros menos, além de programas destinados ao público de
faixa etária diferente, ao público feminino, assim como os destinados ao público
masculino. O trabalho com o gênero programas de auditório veiculados por emissoras de
televisão permitirá, ainda, verificar o uso lingüístico, seguindo os passos de Duarte
(1989: 20), em uma modalidade de fala que atinge os países de ponta a ponta.
A RECEPÇÃO DA TEORIA DE MIKHAIL BAKHTIN NA
ANÁLISE DO DISCURSO FRANCESA
Claudiana NARZETTI (UNESP-FCL-Araraquara/ FAPEAM)
Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN
Nosso projeto de pesquisa pretende investigar um momento da história
epistemológica da análise do discurso de linha francesa derivada dos trabalhos de Michel
Pêcheux. Ele trata, especificamente, da recepção e da apropriação de alguns conceitos da
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teoria desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin pela teoria do discurso articulada por Pêcheux
e seus colaboradores, no período da terceira época da disciplina, iniciada a partir dos
anos 80. Podemos dizer que é singular a relação entre essas duas teorias, uma vez que a
primeira, apesar do grande interesse que provocou em outras correntes de estudos
lingüísticos marxistas, como a sociolingüística de Gardin e Marcellesi, foi, em meados da
década de 70, explicitamente rejeitada pela AD pecheutiana, mas foi, nos anos 80, aceita
e apropriada por ela. Desde então, a referência à teoria de Bakhtin, principalmente aos
conceitos de dialogismo e de alteridade, tornou-se constante nos trabalhos de análise do
discurso. O conceito de heterogeneidade constitutiva do discurso, produzido por
Jacqueline Authier-Revuz a partir do conceito de dialogismo foi o elo determinante da
articulação entre essas duas teorias. Por causa dessa relação peculiar é que acreditamos
ser necessária uma investigação do processo através do qual os conceitos bakhtinianos
supramencionados entraram na AD. Para isso, pretendemos discorrer sobre dois
momentos da recepção de Bakhtin nessa disciplina, o da recusa (anos 70) e o da
aceitação (anos 80). Em seguida, pretendemos analisar o modo como Authier-Revuz
apropria-se da teoria do Círculo para formular seu conceito de heterogeneidade
constitutiva. Finalmente, pretendemos refletir sobre as conseqüências dessa apropriação
para a teoria do discurso francesa, uma vez que, segundo Canguilhem, a entrada de
novos conceitos em uma teoria resulta em uma nova configuração conceitual. Em outras
palavras, analisaremos as relações que se estabeleceram entre interdiscurso, formação
discursiva, memória, heterogeneidade, dialogismo – conceitos interligados. Ao final,
objetivamos ter compreendido as conseqüências que a apropriação da teoria do Círculo
de Bakhtin trouxe não só para a teoria do discurso, mas também para a interpretação da
própria teoria bakhtiniana.
A SEMIÓTICA DOS LUGARES E OS MODOS DE VALORIZAÇÃO
CRIADOS PELA PUBLICIDADE NO ESTADO DO MARANHÃO
Linda Maria RODRIGUES (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Este estudo observa uma ―leitura‖ do manifesto publicitário com objetivos de
divulgação dos ―lugares turísticos‖ no Estado do Maranhão. Analisa os suportes de
informações turísticas apresentados para a divulgação da Cidade de São Luís e dos
Lençóis Maranhenses (principais produtos turísticos do Estado) pelas agências e pelas
instituições oficiais de fomento do turismo no Brasil, observando como o enunciador
constrói seu dizer e como este produz determinados efeitos de sentido sobre seu
interlocutor. Trata de uma contribuição aos estudos da imagem e do texto impresso
seguindo a teoria da significação gerativa de sentido proposta pela escola de Paris. O
gênero publicitário turístico parte da análise das expressividades das propagandas
textuais impressas e de sua capacidade de leitura sígnica no contexto mercadológico
maranhense, descrevendo o modo pelo qual a linguagem desses suportes diversos
corresponde às maneiras distintas de leitura dos lugares a serem visitados. Para a uma
análise inicial do corpus foi utilizada uma propaganda local intitulada ―Vote Lençóis”, essa
análise foi caracterizada pela busca de detalhar o tipo de discurso e os seus mecanismos
de persuasão fundamentados na semiótica greimasiana. Como principais resultados,
foram destacados em seqüência, enunciadores preocupados com a utilização da
linguagem a partir da concepção da realidade social, pelo entendimento de que a fala
condensa o espaço no qual se expressam e se confrontam valores sociais. Pode-se
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concluir então, que o uso da linguagem nesse estudo é essencialmente argumentativo
(lógico e afetivo); como panos de fundo da campanha vêm às imagens como estratégia
de conciliação ideológica do público votante no que diz respeito aos aspectos ecológicos e
sua abertura para uma visibilidade internacional. Esses mecanismos foram utilizados para
dar a entender que o texto é monitorado pelo enunciador em um processo interativo com
o leitor para além da informação; nesse momento, os elementos lingüísticos não apenas
transmitem informação, mas, são também vistos como mecanismos de persuasão sobre
o receptor.
A TRAMA DISCURSIVA DE SI EM CORA CORALINA E CAROLINA DE JESUS
Mara Rúbia de Souza Rodrigues MORAIS (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN
A partir do referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso derivada de
Michel Pêcheux, este trabalho se propõe compreender a construção de um efeito
identitário nos textos memorialísticos de Cora Coralina e Carolina de Jesus, autoras da
literatura contemporânea brasileira. Mais especificamente, interessa-se pela dinâmica
discursiva que dá lugar a determinadas construções identitárias (da mulher, do negro, do
favelado, do trabalhador) articuladas a determinados movimentos identificatórios
capazes de instaurar os sujeitos discursivos na instância de uma ―escrita de si‖, do fazer
da própria vida uma obra de arte (FOUCAULT, 1992). Sendo assim, esta pesquisa se
volta para a rede de relações que se estabelecem no campo associado (domínios de
atualidade, memória e antecipação) de alguns enunciados depreendidos das seqüências
discursivas tomadas como referência. Partindo do princípio da fragmentação do sujeito,
que, tal como o discurso, é freqüentado pelo exterior que o constitui, este estudo busca
compreender: a) Quais são as construções identitárias derivadas da articulação do
intradiscurso com o interdiscurso nas seqüências de referência? b) Como se marcam nas
formas da língua as tomadas de posição dos sujeitos do discurso em relação aos saberes
da formação discursiva que legitima as memórias excluídas e produz determinadas
identidades?; c) Quais são os lances de singularidade que particularizam essas produções
discursivas e que são possibilitados pelos movimentos identificatórios dos sujeitos em
relação à formação discursiva de referência? Como resultado da análise, depreende-se
que a materialidade em questão se estabelece a partir de regularidades, uma vez que,
em ambas as enunciações, o funcionamento discursivo produz efeitos de subjetividade
pautados no trabalho ético sobre si e na legitimação das memórias proscritas. Todavia,
os modos de relação dos sujeitos enunciadores com a forma-sujeito da formação
discursiva que os determina produzem uma configuração fragmentada dos sujeitos
nessas produções literárias, bem como determinados lances de singularidade que
caracterizam o efeito-sujeito produzido em cada uma dessas narrativas de si. Nesse
sentido, visualiza-se que, em Cora Coralina, o funcionamento discursivo produz um
efeito-sujeito cujo trabalho ético sobre si se faz, predominantemente, pela via da
identificação com a formação discursiva de referência, sendo menos freqüente a
ocorrência de furos nesse processo de identificação. Já em Carolina de Jesus, o efeito
sujeito construído na articulação com diferentes produções identitárias (do favelado, do
negro, da mulher) deriva, recorrentemente, dos movimentos de contra-identificação do
sujeito enunciador com os saberes da FD de referência. Em síntese, embora essas duas
invenções de si se inscrevam no interior de uma formação discursiva que legitima as
memórias subterrâneas, as diferenças nos modos de relação dos sujeitos com os saberes
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dessa FD implicam a produção de efeitos-sujeito distintos entre si e fragmentados em
relação a si mesmos.
ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA
FÔNICA, PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS
Isaac Rodrigues SAGLIA (PPG em Educação Especial – UFSCar)
Orientadora: Fátima Elisabeth DENARI
A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9694/96, de 20 de dezembro de 1996, é baseada
no princípio de que o Sistema Educacional Brasileiro deve promover a cidadania sem
discriminações, evidenciando a heterogeneidade do aluno e seu fluxo de escolarização,
servindo de orientação à pratica dos educadores, sejam eles especialista ou não. Os
educandos com Necessidades Educacionais Especiais, despojados de noções cognitivas
prévias, decorrentes de privações sócio-econômicas e culturais ou sem a prontidão
necessária, ao iniciarem o processo de alfabetização com os demais colegas, no atual
mote da inclusão escolar, eis a problemática: estes alunos, por sua condição, ficam a
mercê de uma espera pedagógica ou são segregados no contexto inclusivo? Há
alternativa(s) metodológica(s) que possa(m) transformar as práticas da alfabetização e
promover realmente a inclusão escolar? O objetivo principal é apresentar um epítome do
método multissensorial sob a perspectiva fônica, o qual norteou os currículos, recursos
educativos e organização específicos, para atender às necessidades concernentes à
alfabetização de alunos com Deficiência Intelectual; Alvitrar atividades virtuais por meio
de novas tecnologias que exercitem a percepção visual e auditiva, a coordenação motora
e a memorização de formas diversificadas, enfim, que promovam a modificabilidade
cognitiva. A metodologia versa em relatos das situações de ensino e aprendizagem de 15
alunos de uma escola de educação especial, com sessões diárias de 60 a 120 minutos
durante um semestre, os quais apresentaram avanços significativos na alfabetização;
Utilizaram-se os Métodos: Fônico e Fono-Visuo-Articulátorio, com a descrição detalhada
dos recursos sinestésicos empregados que serviram como suporte pedagógico ao
processo de leitura e escrita. Os resultados obtidos correspondem ao encaminhamento à
escola regular e o progresso destes alunos nos Ensino Fundamental. Para tanto, faz-se
necessário um juízo sobre o trabalho de campo, para que posteriormente todo o trajeto
de possa ser refeito por outros interessados em avaliar as experiências descritas.
ANÁLISE FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS PADRÕES ENTOACIONAIS DO
PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO INGLÊS NORTE-AMERICANO EM FILMES
ANIMADOS
Maíra Sueco Maegava CÓRDULA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadores: Gladis MASSINI-CAGLIARI e Luiz Carlos CAGLIARI
O presente projeto de pesquisa tem por objetivo relacionar os contornos
entoacionais de dois sistemas lingüísticos, o Português Brasileiro e o Inglês Norte-
americano, a suas respectivas funções semânticas e pragmáticas, por meio da análise de
filmes animados. A escolha por esse tipo de corpus se deu em função da busca de
contextos lingüísticos e extralingüísticos semelhantes. Além disso, como ambos
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dubladores (original e dublado) só têm como instrumento sua voz, a observação da
variação melódica de cada língua pode fornecer dados interessantes, pois excluem as
mudanças acarretadas por variados movimentos corporais possíveis ao ator, mas não ao
dublador. Em primeiro lugar, o material de áudio extraído do filme será recortado em um
trecho ininterrupto selecionado para a análise a partir dos seguintes aspectos: conter
mais falas e menos tempo de música que o restante do material sonoro. Em seguida,
uma análise auditiva e acústica, com o auxílio do programa de edição de som Praat, será
desenvolvida considerando as características prosódicas desencadeadoras das
significações encontradas no corpus, com especial destaque para os elementos de altura
e intensidade. É preciso destacar ainda que a análise acústica da entoação levará em
consideração os pressupostos de Halliday (1970). Além disso, também desenvolveremos,
à luz dos dados conseguidos, uma análise fonológica com suporte nos pressupostos
teóricos da Fonologia Prosódica (SELKIRK, 1980; NESPOR; VOGEL, 1986). O tipo de
análise proposta se justifica na importância dos elementos prosódicos, principalmente a
entoação, na construção de sentidos do texto lingüístico. Além disso, convém destacar
que a entoação é um dos aspectos mais difíceis de serem adquiridos no aprendizado de
uma língua estrangeira, como o inglês, que é comumente estudado no Brasil. Dessa
maneira, este projeto de pesquisa pode contribuir para os estudos na área da Fonética e
da Fonologia, sobre o texto e também para os de natureza aplicada.
ASPECTO VERBAL DO GREGO ANTIGO:
UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA E SEMÂNTICA
Jean Paul Campos e SANT‘ANNA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
Este trabalho, em nível de mestrado, tem como objetivo compreender o
funcionamento do aspecto verbal em textos originais produzidos em grego antigo.
Restringimos a abordagem do trabalho ao nível verbal do fenômeno, por considerarmos a
mais significativa ocorrência deste, ainda que reconheçamos que outros fatores também
são responsáveis pela geração dos traços aspectuais. Consideramos haver uma lacuna
nos estudos do grego antigo no que diz respeito aos estudos aspectuais, portanto,
cremos que esse trabalho vem colaborar para uma melhor compreensão dos mecanismos
de funcionamento do sistema verbal, e conseqüentemente, da língua dos antigos
helenos. Tomamos como teoria fundamental para este trabalho a obra de Combrie
(1976) e Binnick (1991), sobre aspecto em geral. Sobre aspecto do grego antigo
adotamos as obras de Adrados (1992), Chantraine ( ), principalmente. Nossa abordagem
do aspecto verbal parte do nível morfológico porque o sistema verbal grego apresenta
desinências específicas de aspecto em seus verbos, o que justifica tal abordagem. Pelo
mesmo motivo, de o sitema verbal grego apresentar marcas morfológicas para o
aspecto, neste trabalho distinguimos a noção de aspecto, da noção de tipo de ação ou
Aktionsart, visto que ao contrário daquela, esta não apresenta marcas morfológicas,
prevalecendo a carga semântica do lexema verbal. Por crermos que mediante a soma
desses dois fatores se faz completa a noção de aspecto no verbo grego adotamos uma
abordagem morfológica e semântica. Pretendemos em nossos trabalhos contemplar os
principais gêneros textuais da tradição antiga e, ainda, alguns dos mais significativos
autores do período clássico e do período helenístico, afim de que tenhamos, dessa
maneira, uma visão panorâmica do fenômeno estudado.
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CLÍTICOS NO PORTUGUÊS DE SÃO PAULO: 1880 A 1920:
UMA ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICO- LINGÜÍSTICA
Caroline Carnielli BIAZOLLI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
Visa-se, nessa pesquisa, o estudo da posição dos clíticos, no período que
compreende os anos de 1880 a 1920, tendo como fonte de análise jornais do estado de
São Paulo. Pretende-se, sob perspectiva da Sociolingüística e da Lingüística Histórica,
observar se essa época é a responsável, a partir das variações nela existentes, pela
substituição da ênclise pela próclise que passa a ser a forma mais produtiva do Português
de São Paulo do século XX até os dias atuais. A escolha desse recorte temporal deve-se
ao fato de que o final do século XIX e o começo do século XX são marcados, no plano
nacional e para a cidade e o interior de São Paulo, por importantes acontecimentos
históricos, sociais e culturais, e por esse período ainda não ter sido suficientemente
investigado no que se refere a processos de variação e mudança lingüística. Ainda em
relação aos fatores extralingüísticos, destaca-se a atenção desse estudo voltada à
questão dos gêneros. Acredita-se que o gênero textual-discursivo jornalístico seja
composto por vários outros gêneros subordinados a ele, e que exista, entre os tipos de
texto que o constituem, diferentes graus de formalidade. Dessa forma, espera-se maior
ou menor ocorrência de determinada posição dos clíticos em determinadas seções que
compõem o hipergênero jornal. Como aspecto interno da língua, é propósito dessa
pesquisa avaliar o papel desempenhado por fatores tais como a natureza morfológica e
sintático-semântica do verbo na posição do pronome átono. A pesquisa leva em
consideração que as mudanças lingüísticas, em sua origem, são desencadeadas por
fatores externos à língua, e que a língua deve ser tomada como um objeto heterogêneo.
Quanto à verificação do uso dos clíticos dentro de cada parte do jornal, pauta-se na idéia
de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, vinculados à vida cultural e social,
que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos,
propriedades funcionais, estilo e composição característica. Assim, esse estudo se baseia
na proposta teórico-metodológica da Teoria da Variação e Mudança Lingüísticas e em
conceitos relativos a gênero textual.
EM BUSCA DA AUTONOMIA NA SALA DE AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA:
ARTICULANDO LINGUAGEM, LÍNGUAS NATURAIS E DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIA AUTÔNOMA
Marilia de Melo COSTA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
A autonomia tem sido discutida tanto por professores em sala de aula quanto em
documentos oficiais (PCN). É importante perceber como se define autonomia nessas
diferentes instâncias e como podemos realmente construir uma prática de ensino voltada
para o processo de autonomia do aluno. Nosso intento é articular o conceito de
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autonomia como capacidade de gerenciar seu próprio processo de aprendizagem -
capacidade que se manifesta de diferentes formas em diferentes contextos, seja para um
mesmo sujeito, seja para sujeitos diversos – e a teoria das operações predicativas
enunciativas de Antoine Culioli. Para Culioli, o objeto da lingüística não é só a linguagem,
que também pode ser objeto de estudo de outras ciências, como a psicologia ou a
informática, mas sim a linguagem, entendida como capacidade inata do ser humano, em
sua articulação com as línguas naturais. A linguagem, para ele, é uma atividade, um
trabalho constante, e muito desse trabalho acontece de forma pré-consciente, o que ele
chama de atividade epilingüística. Esse trabalho se traduz em uma constante
referenciação, regulação e representação do sujeito por meio das línguas. Mas a
linguagem em seu domínio puro também não pode ser estudada, já que não é possível
de ser apreendida pelo lingüista. É nesse ponto que Culioli propõe a articulação da
linguagem e das línguas naturais, já que a linguagem vai ser apreendida por meio dessas
últimas. No instante de uma enunciação, não há somente um emissor e um receptor,
visto que, na teoria culioliana, cada emissor é receptor de si próprio, pois existe um
diálogo constante e inconsciente travado em cada sujeito. Esse diálogo é constituído de
produção de formas e de reconhecimento de formas: a mensagem não está inscrita no
meu texto, ela tem de ser trabalhada pelo outro num reconhecimento da forma, e vai ser
―entendida‖ a partir das representações que esse outro tem da sociedade e da cultura.
Nessas nossas perspectivas, o professor tem fundamental importância tanto na
construção da autonomia pelo aluno quanto no papel de auxiliar o aluno a desambigüizar
enunciados, ajudando-o a construir seu próprio repertório sócio-cultural que o insere na
cultura e na língua do meio em que ele vive. Procuramos, então, uma prática que articule
as questões de linguagem, entendida como trabalho, línguas naturais, especificamente a
Língua Portuguesa como língua materna, e a autonomia do aluno.
ENSINO DE LATIM: COMPETÊNCIAS LINGÜÍSTICA, TEXTUAL E INTERTEXTUAL
Giovanna LONGO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadores: Arnaldo CORTINA e João Batista Toledo PRADO
A visão aclarada pelos ensinamentos lingüísticos e semióticos permite reconhecer
que muitos são os problemas impostos ao ensino do latim. Mas, em grande parte, essas
dificuldades se devem não à natureza dessa língua antiga, e sim à maneira como ela foi
tratada ao longo dos séculos pela escola. Talvez se possa dizer, então, que um ensino
regulado por tão rígida disciplina escolar esteja em conformidade com o tal mito de
superioridade do latim frente às demais línguas. Para desfazer a mistificação do ensino
tradicional é preciso guiar-se por um método que encaminhe a reflexão estrutural da
linguagem. O ensino de uma língua clássica, destinado precipuamente a fazer adquirir
uma competência receptiva escrita, deve trabalhar três níveis de competências
pressupostos para a compreensão eficaz de textos: um lingüístico, um textual e um
intertextual. O ensino inicial feito nesses moldes permite que se tenha a consciência de
que latim é língua materna, embora não seja a de nenhum falante da atualidade. Este
projeto de pesquisa, vinculado a uma proposta mais ampla de renovação ou atualização
dos Estudos Latinos, propõe uma nova abordagem das práticas de ensino-aprendizagem
de modo a garantir uma compreensão sistêmica da língua dos antigos romanos,
preocupando-se em colocar o especialista em contato direto, o mais cedo possível, com
as realizações textuais autênticas do idioma, tomadas como objetos culturais, isto é, em
sua dimensão humana. Pretende-se realizar um trabalho de reflexão teórica que forneça
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bases sólidas para a elaboração de um material didático, fundamentado em um método
analítico-descritivo, que se paute em conceitos lingüísticos capazes de encaminhar de
maneira menos ingênua problemas de ensino de latim, até aqui insolúveis.
ESTUDO DAS PREPOSIÇÕES A, PARA E EM NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ENTRE
A INVARIÂNCIA DE FUNCIONAMENTO E A VARIAÇÃO SEMÂNTICA
Paula de Souza GONÇALVES (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
O presente projeto é fruto da evolução de um trabalho de pesquisa que tem sido
desenvolvido desde a iniciação científica, quando foi investigada a variação preposicional
(numa perspectiva Sociolingüística) em verbos de movimento (IR, VIR, VOLTAR, CHEGAR
e PARTIR) e de transferência (LEVAR, TRAZER, ENVIAR e REMETER) no português
paulista do século XX. A conclusão desse trabalho resultou numa descrição da variação
preposicional com tais verbos para o século XX, além da tentativa de analisar as causas
dessa variação e a conseqüente redução no uso da preposição A em detrimento da
preposição PARA.
No mestrado, as investigações da iniciação científica foram aprofundadas e
estudadas sob o enfoque da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas1. Dizemos
que houve um aprofundamento nesse estudo porque trabalhamos no sentido de buscar,
especificamente, as causas e a verdadeira natureza dessa variação e, para isso,
tomamos uma marca como foco de análise, a saber, a preposição PARA. Esse trabalho
resultou em um estudo detalhado das operações enunciativas em torno da referida
marca e também da conseqüente variação do enunciado, estudo esse que não ocorre na
GT (Gramática Tradicional) 2.
Foi a partir desse contato com a TOPE e, portanto, com o trabalho e valorização
do enunciado, que vimos o quão importante é o papel da marca em si e dos demais
componentes do enunciado na construção de seu sentido. E, como fruto dessa
valorização do enunciado enquanto material de estudo, surgiu a hipótese do presente
projeto, uma vez que, no mestrado, a marca PARA revelou um papel de fundamental
importância no enunciado, sendo, muitas vezes, também influenciada pelos demais
componentes do mesmo; logo, a partir destas pistas, concluímos que as demais
preposições também devem realizar este mesmo papel, numa relação enunciativa de
interdependência, mas também de valores intrínsecos3 que lhes são específicos.
Nosso novo trabalho defende a idéia, já esboçada no mestrado, de que a variação
do sentido é constitutiva das unidades lingüísticas, as quais são interdependentes e
permitem a variação dos sentidos dos enunciados graças às operações de linguagem. É
nesse sentido que afirmamos que os diferentes (e também semelhantes)
comportamentos das preposições A, PARA e EM não envolvem apenas o aspecto
sintático, que é comumente muito enfatizado pelos diversos estudos, mas envolvem
1 Essa teoria foi e vem sendo desenvolvida pelo lingüista francês Antoine Culioli.
2 Em pesquisa de mestrado, a autora do presente projeto, ao analisar vários autores renomados da GT, verificou a
pequena atenção que é dada ao estudo das operações de linguagem e, conseqüentemente, às marcas e ao próprio
enunciado nesse tipo de material de pesquisa. 3 Pode-se dizer, de acordo com nossa perspectiva teórica, que a preposição tem e não tem natureza intrínseca.
Tem, porque traz valores específicos para o enunciado, mas, ao mesmo tempo, não tem, porque sua significação
sempre dependerá do todo (enunciado e fatores extralingüísticos).
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também o aspecto semântico-pragmático. Assim, a interdependência das preposições se
faz pelos valores construídos pelas diferentes categorias gramaticais (aspecto,
modalidade, determinação, diátese) que participam na construção do significado dos
enunciados produzidos pelo sujeito enunciador.
EXERCÍCIOS FECHADOS PARA REFLEXÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA:
PROPOSTA DE UM PROTÓTIPO DE EXERCÍCIO
Kátia Silene GABRIELLI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Ucy SOTO
A aparição das novas tecnologias de informação e comunicação vem causando um
grande impacto em muitas áreas e o campo educacional se inclui entre elas. Neste
panorama, nossa pesquisa visa discutir o papel de uma das subcompetências da
competência comunicativa mais geral que todo aprendiz visa adquirir. A saber,
trataremos em nosso trabalho da subcompetência lingüística ou gramatical no processo
de ensino-aprendizagem de espanhol para estudantes brasileiros. Nosso objetivo final é
oferecer um protótipo de exercício tipo ―questionário‖ prático-reflexivo que se
fundamente não na repetição e na criação de hábitos (como acontecia com os exercícios
do tipo drills que tiveram como base um modelo behaviorista de aprendizagem), mas um
exercício voltado para aprendizagem de aspectos gramaticais de língua espanhola (neste
caso serão tratadas as similaridades e diferenças enquanto a questões de forma e usos
dos tempos do passado em língua espanhola ―pretérito imperfecto‖, ―pretérito indefinido‖
e ―pretérito perfecto‖). Buscaremos propor um protótipo que viabilize uma reflexão sobre
as atividades lingüísticas, epilingüísticas e metalingüísticas que trabalhem o potencial
criativo e reflexivo do aluno. Para isso, buscaremos recuperar e analisar os diferentes
tipos de exercícios que fundamenta(ra)m o ensino de espanhol no Brasil e propor e
discutir as novas possibilidades que se oferecem a partir dos meios digitais, a partir da
definição das limitações e possibilidades da ferramenta ―questionário‖ no universo virtual.
Assim, a pesquisa busca responder algumas questões como: como a partir das
possibilidades oferecidas pelo ambiente virtual, exercícios "fechados" podem ser
utilizados para que o aluno aprenda um determinado conteúdo lingüístico
reflexivamente? Que ferramentas hoje disponíveis no mundo virtual podem ser
disponibilizadas para que ele entre efetivamente em contato com o funcionamento da
língua-alvo? A combinação de percursos de exercícios e novas ferramentas virtuais
apontariam para um novo caminho de aprender gramática?
FORMAÇÃO CONTINUADA ON-LINE DE PROFESSORES DE ALEMÃO: FOCO NO
LETRAMENTO DIGITAL E NO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA
LINGÜÍSTICA
Cibele Cecilio de Faria ROZENFELD (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Ucy SOTO
O presente trabalho tem como objetivo investigar um curso on-line de formação
continuada de professores como possibilidade para o letramento na internet e o
desenvolvimento da competência lingüística de professores de alemão. Além disso,
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buscaremos verificar, como tal curso poderá influenciar a percepção dos professores
acerca da relevância do uso computador em rede na prática pedagógica. Para atingirmos
a tais objetivos, buscaremos responder às seguintes questões de pesquisa: 1) Em que
medida um curso virtual de formação continuada de professores é capaz de promover o
desenvolvimento da competência lingüística e do letramento na internet? 2) Ocorre
alteração, no decorrer do curso, da percepção dos professores sobre a relevância e a
possibilidade de utilização da internet como recurso pedagógico?
Para o desenvolvimento da investigação elaboramos um curso de formação
continuada de professores em ambiente on-line. Acreditamos que a pesquisa se justifica
com base em estudos que discorreram sobre a relevância da utilização de novas
tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem e da formação continuada de
professores.
O suporte teórico da pesquisa será apresentado com base nos estudos que
focalizam 1) a importância da formação continuada de professores de LE , 2) o conceito
e relevância do letramento digital de professores e 3) o conceito de competência de
professores e alunos.
A investigação será de natureza qualitativa, de caráter etnográfico e será
caracterizada como uma pesquisa-ação, visto que envolve um plano de ação, baseia-se
em objetivos pré-estabelecidos, em um processo de acompanhamento e controle da ação
planejada e relato concomitante desse processo (André, 2000).
O curso será aberto a todos os professores de alemão da rede de ensino regular
público, particular ou de institutos de idiomas, que tenham o nível de proficiência
lingüística mínimo correspondente ao B1, de acordo com o quadro comum de referência
europeu.
Utilizaremos como instrumentos de coleta de dados os próprios dados coletados
no ambiente virtual, questionários, diário de bordo e diários de aprendizagem dos
professores-alunos.
FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO DISCURSO MUSICAL EM CONTOS DE
MACHADO DE ASSIS
Alexsandre Escorsi Messias MORO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN
A música figura historicamente desde a antiguidade como tônica de discursos
literários, memorialistas, jornalísticos, filosóficos, científicos e religiosos. A linguagem da
teoria musical contribuiu graças à sua potencialidade imagética e criativa em diferentes
épocas como modelo analógico para a construção de teorias lingüísticas e estéticas. O
discurso musical e suas formas de representação lingüística e textual referem-se a um
fenômeno de extrema importância em termos de compreensão semântica da ecologia
acústica textual e das formas de percepção do sujeito. Nosso projeto busca compreender
o alcance estético, teórico e sócio-histórico do discurso musical machadiano em suas
inter-relações com os outros tipos de discurso que regem a vida social representada nos
contos. Analisaremos o diálogo entre a literatura e a música enquanto fenômeno
discursivo e textual. Contraporemos alguns pontos do legado e da fortuna crítica de
Machado de Assis atentos ao tema do discurso musical, do sujeito e da linguagem.
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Objetivamos analisar como ocorre a propagação ideológica da cultura musical nos contos
selecionados estabelecendo e articulando um diálogo interdisciplinar. A partir das
interações entre diferentes saberes e artes, como os contornos discursivos
diferenciadores no processo de figurativização do discurso musical são delineados? Como
esse discurso musical machadiano vem sendo percebido através da história e como ele é
debatido por diferentes áreas (teoria literária, historiografia literária e musicologia)?
Deste modo, visamos iniciar uma reflexão sobre o espaço textual e discursivo reservados
ao discurso musical machadiano.
LULA LÁ: DE CANDIDATO APAIXONADO A PRESIDENTE DO POVO
Camila de Araújo Beraldo LUDOVICE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN
A proposta deste projeto de pesquisa é analisar o discurso político do atual
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, após sua reeleição e verificar como o ator Lula se
constrói enquanto presidente da República através de seus discursos. O gênero discurso
político é muito antigo e sempre carregou consigo ao longo da história uma ou várias
críticas subjacentes, parece sempre ter um cunho mentiroso. Frente a esse estigma que
o discurso político sofre quando é confrontado com a eficiência da ação efetiva, encontra-
se uma estratégia muito freqüente por parte dos enunciadores de tentarem construir
uma imagem competente, empreendedora e que estabeleça uma relação de confiança e
verdade com o enunciatário. Ao considerar o discurso político como um jogo de
máscaras, toda palavra pronunciada no campo político deve ser analisada ao mesmo
tempo tanto pelo que ela diz como pelo que ela não diz. A linguagem do discurso político
não é entendida como transparente e ingênua, mas como o resultado de estratégias em
que o enunciador tem o único ou, pelo menos, o principal objetivo de convencer o
enunciatário. E quais seriam então esses artifícios que Lula utiliza mesmo depois de ter
sido reeleito para continuar persuadindo e seduzindo os seus eleitores? Talvez esses
artifícios sejam uma continuidade do que acontece na propaganda eleitoral, ou talvez
eles tenham outro objetivo e outro foco. Pretende-se, através das análises da
propaganda eleitoral do candidato Lula, comparar seu discurso publicitário com seu
discurso político e verificar as semelhanças e coincidências de objetivos, pois diante de
uma breve análise dos discursos pós-eleitorais, pode-se levantar a hipótese de que os
discursos do presidente mantêm características do discurso publicitário de suas
campanhas a candidato, ou seja, um entrecruzamento de discursos. Mesmo na cerimônia
de posse, Lula continua discursando para os pobres, se retratando com eles e se
aproximando deles. O presidente se dirige diretamente ao enunciatário pobre e
marginalizado, que nunca teve acesso ao Palácio do Planalto, mesmo em um país com
um regime democrático e assume publicamente o compromisso de fazer um governo
justo e democrático, pensando nos mais pobres e necessitados.
MULHER-MACHO SEM SENHOR: DISCURSOS QUE REINVENTAM A IDENTIDADE
DA MULHER POLÍTICA NORDESTINA
Fernanda Fernandes Pimenta de Almeida LIMA (UNESP-FCL-Araraquara/UEG)
Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN
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Este trabalho tem como objetivo investigar e compreender, segundo os discursos
circunscritos aos diferentes lugares da política, do gênero feminino e da mídia, o
movimento da construção da identidade da mulher política nordestina, tendo como pano
de fundo a noção de sujeito no discurso. Fundamentados na proposta teórica da Análise
do Discurso de linha francesa e com vistas às obras de Michel Pêcheux e de Michel
Foucault, buscamos problematizar as noções de sujeito, numa perspectiva sócio-
histórica, para compreender alguns direcionamentos discursivos que caracterizam a
mulher na política. A mulher, enquanto sujeito interpelado pelos discursos do campo
político, se vê frente a uma história dessa posição em estado de instabilidade. Identificar-
se torna-se uma premência frente à dispersão dos enunciados políticos que permeiam o
discurso feminino e que contornam as suas singularidades. Esses enunciados, apesar de
obedecerem a certas regularidades, não se desfazem do compromisso em denunciar os
posicionamentos femininos existentes nos discursos e as correlações e transformações
realizadas no processo de construção da identidade da mulher política. Como um produto
regulado por diferentes práticas discursivas, a identidade feminina vai sendo construída
entre o silêncio, reiterado através dos séculos pelas religiões, pelos sistemas políticos e
pelos manuais de comportamento (PERROT, 2005, p. 9), e um discurso invasor que
irrompe nos espaços midiatizados da política. Esse discurso, enquanto lugar de memória,
traz a impressão sedimentada de uma história, de suas continuidades e de suas rupturas
(COURTINE, 2006, p. 92) e recolhe diferentes formas enunciativas na reinvenção dos
sujeitos. Entender esta identidade é mergulhar na relação sinuosa entre o discurso e a
história, observando como a subjetividade feminina se (re)inscreve na identidade da
mulher política nordestina. É um trabalho descontínuo que envolve as individualidades na
sociedade, a partir de acontecimentos singulares suscitados pelos discursos e
provocadores de outros, no exercício da função enunciativa que, em suas movências,
fazem emergir as práticas discursivas.
O ESQUEMA NARRATIVO DO ROMANCE POLICIAL NO SÉCULO XXI:
CANÔNICO OU INOVADOR?
Fernanda MASSI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Este trabalho foi elaborado em continuação de um projeto de iniciação científica,
financiado pela FAPESP e sob a mesma orientação, que analisou os romances policiais
mais vendidos no Brasil na década de 1970 – a partir de um levantamento realizado por
Cortina (2006) – em sua constituição narrativa sob uma perspectiva semiótica. O
embasamento teórico de nossas pesquisas, tanto a anterior quanto a atual, é a semiótica
discursiva, ou semiótica greimasiana, que estabelece o esquema narrativo canônico,
composto por quatro programas narrativos, quais sejam a manipulação, a competência,
a perfórmance e a sanção, e que se manifesta em todo e qualquer texto. Nos romances
policiais, os programas narrativos são realizados por dois sujeitos indispensáveis à
trama: o criminoso e o detetive. Cada um deles traça seu percurso paralelamente ao
outro e eles se cruzam no último programa narrativo, o da sanção, no qual o detetive
sanciona o criminoso negativamente e é sancionado positivamente pela sociedade. Nesse
projeto de mestrado, analisamos as obras mais vendidas no Brasil nos oito primeiros
anos do século XXI, compreendido entre Janeiro de 2000 a Fevereiro de 2007,
selecionada a partir da mesma fonte usada por Cortina em seu levantamento, qual seja o
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Jornal do Brasil, e classificadas como romances policiais pelos próprios autores e pela
crítica. Estabelecemos um corpus de dezenove romances policiais e fizemos uma análise
dos esquemas narrativos de cada um deles e de seus constituintes. Posteriormente,
comparamos os romances da década de 1970, estabelecidos como tradicionais, clássicos,
e tendo como modelo a famosa autora Agatha Christie, com os romances
contemporâneos, do século XXI, cuja obra mais conhecida é O código da Vinci, de Dan
Brown, a fim de elencar as mudanças ocorridas no gênero. Nosso objetivo foi utilizar
essas diferenças para ampliar o conceito de romance policial, que não corresponde mais
ao modelo proposto por Edgar Allan Poe no século XIX, e mostrar como os chamados
romances policiais contemporâneos foram se distanciando dos romances policiais
clássicos e se transformando em meros objetos de consumo, sem nenhuma preocupação
estética. Com isso, pretendemos, com esse trabalho, apresentar uma nova conceituação
para o gênero romance policial, elaborada não como regra a ser seguida pelos autores
contemporâneos, mas sim formulada a partir do que os autores contemporâneos já
tinham escrito.
O PERFIL DO BLOGUEIRO: UM ESTUDO DOS BLOGS MAIS ACESSADOS DO
BRASIL
Fernando Moreno da SILVA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
A proposta do trabalho é traçar um perfil do blogueiro brasileiro e, por
conseqüência, de seus leitores, já que ao construir a imagem de quem produz o texto
projeto automaticamente a imagem de seu destinatário. A pesquisa será norteada pela
semiótica francesa ou da Escola de Paris, focando os eixos da modalização e enunciação.
Com a modalização, trabalharemos as modalidades intencionais e existenciais. Da
enunciação, faremos uso dos conceitos de enunciador e enunciatários, instâncias
lingüísticas que correspondem ao que a Retórica chama, respectivamente, de ethos e de
pathos: imagens construídas ao longo do texto do destinador e destinatário do texto.
Para chegar ao perfil do blogueiro brasileiro estabeleço como parâmetro de minha
investigação os blogs mais acessados, pois nele estaria, em teoria, a representação da
maioria desses escreventes e leitores. Parto do pressuposto de que nos blogs mais
visitados estaria a maioria dos blogueiros, e onde estivesse a maioria dos blogueiros
estaria o retrato de sua constituição. Para chegar a um corpus que contivesse os blogs
mais acessados do país, vali-me de duas metodologias, reunindo uma amostragem
referente a todo o ano de 2006, ano-base sobre o qual se debruça meu estudo. O
primeiro método foi proceder a um levantamento dos blogs mais votados pelos próprios
internautas. Das 41 listas colhidas ao longo do ano, dois blogs se destacavam, ambos do
portal UOL: ―Paz, amor e magia‖ e ―Espalha merda‖. No segundo método, apreendi meu
corpus duas listas publicadas na mídia. A Revista Época publicou em julho de 2006 os
oito blogs com maior número de acessos. Ao final de 2006, foi a vez do site IDG Now!
lançar um ranking com os dez blogs mais populares da internet brasileira. As duas listas
foram construídas pelo número de links que cada blog possui dentro da blogosfera, de
acordo com monitoramento da Technorati, um serviço norte-americano especializado no
estudo da blogosfera, indicado como a maior autoridade no assunto. Do cruzamento
dessas duas listas, mantendo os blogs que se repetiam e excluindo os que apareciam em
apenas uma, cheguei ao corpus definido de que trata esta pesquisa.
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O PERFIL DO LEITOR DE LIVROS DE AUTO-AJUDA ADAPTADOS PARA O PÚBLICO
INFANTO-JUVENIL: UMA PERSPECTIVA SEMIÓTICA
Marília Lima PIMENTEL (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Além da crescente preocupação da mídia com a publicação e utilização de livros
de auto-ajuda para o público infanto-juvenil, verificamos que alguns autores de livros de
auto-ajuda considerados um sucesso de vendas, publicaram adaptações de seus livros
para crianças, quais sejam, Pai rico, pai pobre de Robert T. Kiyosaki e Sharon L. Lechter;
Quem mexeu no meu queijo? de Spencer Johnson e Christian Johnson e O livro das
virtudes de William J. Bennett, publicaram adaptações de seus livros para crianças.
Assim, temos dos mesmos autores já citados, Pai rico, pai pobre em quadrinhos, Quem
mexeu no meu queijo? para crianças e O livro das virtudes para crianças. Parece-nos
interessante promover um estudo sobre o perfil do leitor dos livros de auto-ajuda
adaptados para crianças, já que algumas questões podem ser suscitadas, quais sejam,
que mudanças são feitas no texto adaptado para criança por esses autores? O que essas
mudanças (uso da história em quadrinhos, por exemplo) revelam no texto dirigido ao
público infantil? Se em todo discurso, para a semiótica greimasiana, o leitor corresponde
à projeção do enunciatário do discurso e que, com o enunciador, constitui a instância da
enunciação, que imagem de leitor é projetada nesses livros adaptados? Se em todo
discurso, para a Semiótica, o leitor corresponde à projeção do enunciatário do discurso e
que, com o enunciador, constitui a instância da enunciação, que imagem de leitor é
projetada nessas adaptações? Pretendemos no presente trabalho, analisar o ethos do
discurso da auto-ajuda, nesses livros.
O PLANO DE EXPRESSÃO VISUAL E A INSTÂNCIA PATÊMICA
Rubens César BAQUIÃO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN
O texto visual, além de seu caráter semi-simbólico e icônico, também comporta
uma dimensão patêmica. A ilustração The Wake, de Michael Zulli, produzida no século
XX, sensibiliza temas e figuras da peça Hamlet, de William Shakespeare, encenada no
século XVII. Pretendemos estudar os conceitos semi-simbólicos no texto visual e também
seu caráter icônico. Tencionamos entender como figuras míticas e literárias, com toda
sua carga de significados, são projetadas em simulacros passionais e reconstruídas pela
indústria cultural contemporânea. O tema do sonho é representado na ilustração The
Wake na figura da personagem Dream. Refletimos sobre a instância da enunciação no
texto The Wake e compreendemos o sonho como um estado de alma representado,
figurativizado no enunciado. Pensamos no enunciador como aquele que, dotado de
competência, organiza e estrutura o texto plástico e o enunciatário como aquele que, ao
visualizar o texto, capta-lhe o sentido. Na enunciação o leitor é sensibilizado pelos
simulacros passionais projetados no conteúdo e na expressão. Percebemos que o plano
de expressão visual possui uma dimensão patêmica e simula um estado de alma. Ocorre
uma configuração semântica de natureza afetiva que instaura uma nova mitologia que
influi tanto na capacidade cognoscível quanto sensível do leitor. Assim, o leitor é
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atravessado por concepções de arte que diferem no espaço e tempo. A semiótica da
leitura redefine o estatuto do leitor conceituando-o como aquele que participa
diretamente do processo de significação. O leitor é, desse modo, dotado de competência
para interpretar, compartilhar ou rejeitar as significações. Ao ponderarmos sobre as
conseqüências dos simulacros passionais na enunciação entendemos que o leitor é
sensibilizado durante o ato de leitura; mesmo que, em um momento posterior, ele queira
rejeitar essa sensibilização. Salientamos nosso interesse em compreender como o
conjunto de significados míticos e literários estruturados em textos da mídia popular
contemporânea interfere tanto no campo cognitivo quanto no campo afetivo do leitor.
O RITMO DO PORTUGUÊS ARCAICO:
UMA ANÁLISE ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
Lívia Monteiro de Queiroz MIGLIORINI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O presente Projeto de Doutorado tem como objetivo principal realizar um estudo
sobre a tipologia rítmica do Português Arcaico (de agora em diante, PA) – por meio da
análise das Cantigas de Santa Maria (CSM), compostas pelo rei Afonso X de Castela –, à
luz de processos fonológicos lexicais e pós-lexicais. Além disso, será realizada uma
investigação sobre a relação entre o ritmo lingüístico e o ritmo poético dessas cantigas.
Tal relação entre as duas dimensões de ritmo faz-se necessária, pois, em estudos sobre
línguas ―mortas‖, os textos poéticos metrificados podem trazer muitas informações sobre
a prosódia da língua, visto que, a partir da observação de como o poeta conta as sílabas
(poéticas), podem-se caracterizar determinados padrões rítmicos e acentuais, a partir
das pistas fornecidas pela estrutura métrico-poética. Pelo fato de a maioria dos estudos
sobre ritmo considerarem o Português Brasileiro (de agora em diante, PB) como uma
língua de ritmo acentual, pretendemos, através deste trabalho, buscar pistas a respeito
do momento no qual teria se dado esta mudança de ritmo, visto que o PB vem de um
Latim predominantemente de ritmo silábico. Esta análise será delineada a partir da
dicotomia básica do ritmo lingüístico – ritmo silábico/ritmo acentual – e dos processos
fonológicos pós-lexicais em PA, que indiquem uma das ―pontas‖ da clássica dicotomia
rítmica.
O SISTEMA DE FORMAS DE TRATAMENTO NA IMPRENSA NEGRA E EM O
COMBATE: UM ESTUDO DA INTER-RELAÇÃO ENTRE FATORES LINGÜÍSTICOS E
SOCIAIS
Sabrina Rodrigues Garcia BALSALOBRE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
O objetivo principal desse estudo é analisar o sistema de formas de tratamento
empregado pela população negra do início do século XX e os valores atribuídos a esses
usos a partir de um corpus jornalístico: a Imprensa Negra. O trabalho de investigação
dos jornais que constituem a Imprensa Negra resgata uma inesgotável fonte de
informações sobre a situação da população afro-brasileira após a libertação da escravidão
e início do regime republicano. A formação dessa imprensa se deu pela necessidade de
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veicular as reivindicações por melhores condições de vida e as propostas de inserção na
sociedade brasileira. Assim, a investigação lingüística nesses jornais revela dados de
apropriação da norma culta (típica do gênero jornalístico) pelos editores dos jornais –
como tentativa de inserção social por meio da língua – e índices da variedade vernacular
dessa camada social. Para cumprir o objetivo desse trabalho de se estabelecer relações
interdependentes entre usos lingüísticos e fatos sociais optou-se por analisar três
periódicos da Imprensa Negra – ―O Kosmos‖, ―O Alfinete‖ (ambos do primeiro período da
imprensa negra) e ―O Clarim d‘Alvorada‖ (do segundo período) – e comparar os
resultados obtidos com um jornal de circulação mais ampla na cidade de São Paulo, O
Combate. Essa comparação se justifica pela necessidade de se averiguar quais usos são
típicos da população negra e, por conseguinte a sua motivação, e quais usos são próprios
de um padrão estabelecido para a prática do jornalismo no período em questão. O
sistema de formas de tratamento foi privilegiado nesse estudo por se acreditar que essa
construção lingüística represente um exemplo privilegiado da intersecção que há entre a
história interna e externa da língua, já que evidencia a inter-relação entre fatos sociais e
verbais, representando de forma direta, os fundamentos da organização do status social.
Para a realização desse estudo lingüístico em um corpus dessa natureza é relevante a
proposta de Bonini (2001) em que o autor considera que o gênero jornalístico é, na
realidade, um suporte (ou hipergênero) para outros gêneros. Esse cuidado metodológico
é de fundamental importância, uma vez que cada um dos gêneros contidos no jornal tem
características e funções particulares e, portanto, faz um uso lingüístico adequado ao seu
objetivo específico. Nesse estudo também está em foco a proposta de Brown e Gilmam
(1960) de categorizar as formas de tratamento segundo a semântica do poder e da
solidariedade, uma vez que a escolha de uma forma de tratamento pelos redatores dos
jornais em detrimento de outra pode estar relacionada com a semântica do poder. Dessa
forma, esse trabalho se propõe a analisar os jornais da Imprensa Negra e O Combate
estabelecendo alguns pontos de interseção entre a história interna e externa da língua
portuguesa, mais especificamente das formas de tratamento, empregadas pela
população negra e majoritária de São Paulo nos anos iniciais do século XX.
O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS ARCAICO VISTO A PARTIR DAS RIMAS
DAS CANTIGAS MEDIEVAIS RELIGIOSAS
Juliana Simões FONTE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O objetivo deste trabalho é estudar as vogais do português arcaico (século XIII),
a partir das rimas das cantigas medievais religiosas (as Cantigas de Santa Maria, de
Afonso X, o rei Sábio), a fim de se chegar à descrição e à interpretação do sistema
vocálico vigente naquele momento da língua, período em que não havia tecnologia
disponível para a gravação da fala. Granucci (2001) já desenvolveu um estudo dessa
natureza, mas considerando como corpus as cantigas medievais profanas, as cantigas de
amigo mais especificamente. Sendo as cantigas religiosas muito mais ricas em temática e
formatos poéticos do que as cantigas profanas, o objetivo deste trabalho é desenvolver,
a partir das rimas das Cantigas de Santa Maria, um estudo complementar ao
desenvolvido por Granucci (2001), a fim de comparar os resultados aos já obtidos
anteriormente por essa pesquisadora, revisando-os, verificando-os, complementando-os.
Desta forma, a presente pesquisa almeja chegar a uma descrição mais completa do
sistema vocálico da língua falada em Portugal e Galiza na época e utilizada como veículo
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de cultura na Península Ibérica, ao comparar suas duas vertentes: a profana e a
religiosa. Esta pesquisa será desenvolvida à luz de uma abordagem fonológica não-linear,
em especial o modelo da Geometria de Traços de Clements & Hume (1995) (para o
português, Cagliari (1997, 1999)), mesmo modelo utilizado por Granucci (2001) em seu
estudo sobre o sistema vocálico do português arcaico. A metodologia baseia-se no
mapeamento de todas as vogais possíveis nas posições tônica e átona final de palavra, a
partir de sua ocorrência nas rimas das Cantigas de Santa Maria. Betti (1997) já fez um
levantamento de todas as rimas possíveis nas 420 Cantigas de Santa Maria, de Afonso X.
Desta forma, esta pesquisa contará com as informações contidas no Lessico in Rima,
proposto por essa autora, para se chegar aos resultados pretendidos. Portanto, a partir
deste trabalho, pretende-se obter, ao observar as vogais em posição de rima nas
Cantigas de Santa Maria, um quadro mais completo do sistema vocálico do português
arcaico, que possa ser comparado ao sistema vocálico obtido por Granucci (2001), a fim
de complementar o estudo sobre as vogais do português arcaico desenvolvido por essa
pesquisadora, encontrando novas informações e verificando (confirmando ou não)
aquelas identificadas por ela na observação das rimas das cantigas de amigo.
O “SOM” DO REGGAE NA JAMAICA BRASILEIRA: UM ESTUDO FONOLÓGICO DO
INGLÊS CANTADO POR BRASILEIROS MONOLÍNGÜES FALANTES DE PORTUGUÊS
Márcia Helena Sauáia Guimarães ROSTAS (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
Esta tese diferencia-se das tantas outras já escritas acerca do Reggae, uma vez que
envolve um estudo fonológico do Inglês cantado por monolíngües falantes de português,
maranhenses, que vivem na zona rural da cidade de São Luís. Nesta fase inicial da
pesquisa, foi feito um levantamento acerca das raízes do reggae desde a África,
passando pela Jamaica e adentrando o Maranhão, até a influência sonora que modificou a
forma de falar dos nativos. Hoje, os dados levantados conduzem-nos a uma nova forma
de olhar esta música, cantada pelo maranhense, que envolve a sonoridade de sua língua
materna, incluindo aí o ritmo que ela possui, as letras jamaicanas e o universo vivido por
ele. A adaptação fonológica aqui acaba sendo denominada pelo falante de ―melô‖, uma
forma de designar o que a melodia significa para ele em Português Brasileiro. Assim, ―I
don´t no‖... vira ―melô do Agenor‖, ―What´s gonna get you‖ – ‖Melô cadê o caranguejo‖,
‖Kill Will Wid the no‖ – ‖Melô do methanol‖, ‖You´re my reason‖ – ‖Melô da Marisa‖, ‖You
can dip‖ – ‖Melô do titanic‖, ‖oh oh Natty Dread‖ – ‖Melô do conhaque Dreher‖, ‖Do bi do
bi do‖, ‖Melô do Scoobydoo‖, ‖Come Inside‖ – ‖Melô do comissário‖, ‖Dread gal oh‖ –
‖Melô que calor... ‖, dentre outros. Cabe ressaltar que o reggeiro, falante do PB, nascido
no Maranhão, toma a parte da música que mais lhe é peculiar com o som de sua língua
materna e sintetiza ou reduz toda a música ao melô, que lhe servirá inclusive de
identificação. Nesta primeira fase, fez-se o levantamento dos melôs que serão estudados,
somente na zona rural da cidade de São Luís, levando sempre em consideração o lócus
social do falante. A hipótese a ser testada é a de que os padrões mais ―fortes‖, ou seja,
mais característicos da fonologia do português, são os últimos a serem perdidos em
direção à pronúncia dos termos ―alienígenas‖; assim sendo, as marcas de português
sobreviventes na pronúncia dos regueiros ao cantarem canções em inglês e as
adaptações (―traduções ao pé do ouvido‖ para o português de trechos do inglês)
operadas sobre a letra original podem mostrar pistas valiosas da identidade fonológica do
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português e os limites da interferência da sua estrutura fonológica sobre a estrutura
fonológica da língua original (inglês).
OS INDÍCIOS DO TRATO COM A ORALIDADE NO ENSINO A DISTÂNCIA
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO DISCURSO DOS DOCUMENTOS
OFICIAIS DOS CURSOS DE LETRAS
Luciana Rocha CAVALCANTE (UNESP-FCL-Araraquara/ UFMA)
Orientadora: Ucy SOTO
Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa, do Doutorado em Lingüística e
Língua Portuguesa, em sua etapa inicial, o qual tem como objetivo analisar o discurso
dos documentos oficiais sobre ensino de língua estrangeira dos Cursos de Letras na
modalidade a distância. Em decorrência do seu novo recorte, encontra-se em fase de
fundamentação teórica e de aperfeiçoamento dos instrumentos de coleta de dados. Deste
modo, esta investigação buscou, em um primeiro momento, apresentar um panorama da
situação atual da educação superior no Brasil, a partir de dados fornecidos no documento
Censo do Ensino Superior, disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do ano de 2006, no que diz respeito ao curso de
licenciatura em Letras à distância com habilitação em Língua Inglesa. A opção por este
recorte deve-se ao fato desse mapeamento configurar-se em um importante corpus, uma
vez que os documentos a serem analisadas serão das Instituições de Ensino Superior que
oferecem cursos de Letras a distância. Esta pesquisa tem uma investigação que
questiona o modo como a oralidade é tratada nesses documentos: se a ideologia neles
contida pressupõe a necessidade de lidar com a tradição oral ou se não a considera. Para
isso, a análise procurará entrever o conceito de linguagem, língua e fala a partir dos
quais esses documentos foram produzidos para analisar de que forma a língua é tratada
teoricamente, independente de ser estrangeira ou materna. O tratamento analítico dos
dados terá por base a Análise do Discurso. Considera-se que esta orientação teórica é a
que mais perto poderá responder a como a oralidade é tratada pelos documentos oficiais.
Nesse sentido, os critérios de análise passarão pelo lingüístico, discursivo, pedagógico e
tecnológico. O quadro teórico de referência de análise fundamenta-se nos postulados de
Bakhtin (2002), Koch (2006), Marcuschi (2005a; 2005b; 2007), Paiva (2001), Ong
(1998), Pais (2005); Crystal (2005), Foucault (1996), Bauer (2002) Ginzburg
(1987/1989), Certeau (1994).
PELAS LETRAS DOS JORNAIS: O DISCURSO DO „EIXO‟ RIO/ SÃO PAULO SOBRE A
CULTURA PARAENSE
Marcos André Dantas da CUNHA (UNESP-FCL-Araraquara)/UFPA)
Orientadora: Ucy SOTO
Entre as diversas tendências que elegeram o discurso como objeto de
investigação, a empreitada teórica desenvolvida por Foucault e Pêcheux (tendo base na
obra de Althusser) é a que parece melhor subsidiar as questões abordadas por esta
pesquisa. Gregolin (2004ª, p.192/193) reconhece na Análise do Discurso representada
no trabalho destes teóricos ―uma relação tensa (...) entre uma teoria da história (Marx),
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uma teoria do sujeito (Freud) que vai se concretizar a partir de releituras feitas por
Althusser, Lacan, Pêcheux, Foucault‖.Então, na encruzilhada da Lingüística, da História, e
da Psicanálise, se produz o conceito de discurso:objeto desta análise. O conceito de
cultura, também aparece como uma temática central a ser discutida, tendo em vista que
se buscará compreender ‗ o discurso acerca de uma cultura‘. O historiador Certeau
(2005, p.169) traz um ponto de vista acerca da cultura, ao pensar o conceito de discurso
―Tudo vem do centro (...) parte do alto (...) a lei que quer que tudo dependa de uma
‗elite‘ fixa igualmente para transmissão da cultura uma via descendente e hierárquica: a
cultura vai do pai aos filhos, (...) uma palavra técnica notável, aos ‗assujeitados‘. No
propósito de se compreender e questionar esta posição acerca da cultura, pensando-a no
bojo da relação entre a cultura do Sudeste e do estado do Pará, é que se optou por
desenvolver este estudo. A apresentação destes conceitos objetiva justificar o fato de
que o próprio objeto da temática pesquisada constrói-se fundamentado-se numa
concepção da Análise do Discurso, da qual emergem posições que entendem de modo
constitutivo a idéia de cultura, identidade e sujeito. Pretende-se enfocar documentos
impressos, representativo da imprensa jornalística dos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo. Estes lugares sociais foram escolhidos motivados principalmente pela evidente
projeção econômica e cultural destes estados. Assim, os jornais impressos neste circuito
apresentam maior circulação nacional, emanando imagens centradas na visão centro-
periferia para o resto do país. Sob a égide das condições econômicas e tecnológicas
parece se instaurar na sociedade brasileira um discurso hegemônico negando diferenças.
PERFIL DIALETOLÓGICO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE COMUNICAÇÃO:
PECULIARIDADES FONÉTICAS, MORFOLÓGICAS, SINTÁTICAS E LEXICAIS DE
FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO LUDOVICENSE E ARARAQUARENSE
Agenor ALMEIDA FILHO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
De acordo com a vertente dialética de Vygotsky, todo processo deve ser estudado em
sua historicidade. Assim, com base nessa premissa, pretende-se acompanhar como está
se dando a nova forma de leitura e escrita, que surge com o auxílio das novas
tecnologias no âmbito da informática. Nesse sentido, pretende-se focalizar a escrita de
um modo especial, como uma tecnologia que revolucionou a humanidade e continua em
fase de evolução. São de relevância os estudos de McLuhan (1967), Goody (1977), entre
outros, que abriram esse campo de modo propedêutico, ao confrontar as sociedades
orais com aquelas em que há a presença da escrita. As primeiras sociedades se formam
em torno do discurso oral, só mais tarde tornam-se letradas, mesmo assim, não em sua
totalidade. Pode-se afirmar, portanto, que a oralidade é a forma de linguagem primária
do homem e a cultura escrita sua decorrência. A escrita poderia ser comparada,
enquanto tecnologia, com a informática. A geração que antecede a atual não nasceu com
a presença desta, assim, se surpreendeu com o seu surgimento, com sua formação e
com o seu desenvolvimento. Seus efeitos desconhecidos e temidos se encontram nesta
instância, pela ausência de domínio. Depreende-se, pois, que muitas pessoas vêem com
reservas o uso do computador, da internet, chegando a se questionar se essa nova forma
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de leitura e escrita não estaria ocupando ou até desativando o lugar do livro enquanto
códex. O grande acúmulo de informações disponíveis e a possibilidade de acesso,
associadas à velocidade de comunicação em tempo real, bem como a aproximação de
pessoas e informações distantes, são fatos que ainda não se compreende bem, por não
saber como lidar com eles, causando estranheza. Esta pesquisa vem em busca de
possíveis discussões acerca dos fenômenos da escrita, vinculados à oralidade e mediados
pela tecnologia computacional. O vínculo entre os processos interativos e a utilização de
ambientes de comunicação virtual (ACV), nos revela uma situação bastante previsível, no
entanto, há que considerar o modo e a intensidade como elas acontecem em realidades
diferentes, bem como os traços característicos em cada uma das cidades selecionadas,
no tocante aos aspectos fonéticos, morfossintáticos e lexicais de falantes do Português
Brasileiro Os elementos a serem trabalhados servirão de subsídio para verificação dos
processos interativos entre as comunidades virtuais, cuja interface será possível através
da utilização de ACV.
PRÁTICAS DISCURSIVAS, REDES DE MEMÓRIA E IDENTIDADES DO FEMININO:
ENTRE FADAS, PRINCESAS E LOBOS NO UNIVERSO PUBLICITÁRIO
Denise Gabriel WITZEL (UNICENTRO – UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Maria do Rosário GREGOLIN
Situado no campo teórico-metodológico da Análise do Discurso filiada à linha de
pensamento aberta por Michel Foucault, o trabalho tem como objetivo contribuir para
uma reflexão sobre o funcionamento discursivo da linguagem publicitária atravessada e
constituída interdiscursivamente pelo discurso dos contos de fadas, focalizando o papel
desses discursos na produção de identidades sociais. Partimos do princípio de que, diante
da imensa orquestração da mídia no cotidiano das pessoas e diante do fato de que a
mídia publicitária figura como uma das vozes mais ativas na ocupação dos espaços
públicos na sociedade de consumo, sua linguagem (sedutora e persuasiva), suas
múltiplas significações e os vestígios de sua historicidade que forjam identidades
precisam ser investigados, descritos e analisados de modo a se explicitarem os processos
de apreensão e de produção de sentidos. Nosso material de análise é constituído por
peças publicitárias veiculadas, na mídia impressa, em três momentos: (i) início do século
XX, época em que a linguagem publicitária era fortemente marcada pelo discurso médico
e exaltava a natureza frágil, doce, pacífica e maternal da mulher; (ii) anos 60 e 70,
momento em que a publicidade enaltecia a imagem de rainha do lar, contrariando os
postulados feministas que começavam a ganhar visibilidade e dizibilidade nas práticas
cotidianas; (iii) na atualidade, atentando para o fato de que a formação do arquivo e da
memória sobre a questão dos gêneros sempre se deu a partir da fixação seletiva de
discursos produzidos pelas/nas relações de poder e pelos/nos sistemas de valores sócio-
histórico-culturais. Para apreendermos o movimento discursivo dessas peças,
examinaremos ―a circulação dos enunciados, as posições de sujeito aí assinaladas, as
materialidades que dão corpo aos sentidos e as articulações que esses enunciados
estabelecem com a história e a memória‖, conforme a analítica foucaultiana, seguindo a
proposta de Gregolin (2007). As práticas discursivas das propagandas que recuperam
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interdiscursivamente os discursos dos contos de fadas, entretecendo-os pelos fios da
memória, ao (re)descreverem o sujeito feminino de acordo com os discursos de verdade
que surgiram com a modernidade, ressignificam e reafirmam as verdades que
tradicionalmente regularam os ideais de feminilidade.
PROCESSOS MORFOFONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA DERIVAÇÃO: UM
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTUGUÊS ARCAICO E PORTUGUÊS
BRASILEIRO
Natália Cristine PRADO (UNESP-FCL-Araraquara/ FAPESP)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
Esta pesquisa tem como objetivos principais o mapeamento, a análise e o estudo
comparativo de processos morfofonológicos – sobretudo a partir de teorias fonológicas
não-lineares – entre duas sincronias da língua portuguesa: Português Arcaico (PA) e
Português Brasileiro (PB). A partir desse tipo de estudo pretendemos observar alguns
aspectos da evolução da língua portuguesa no que tange a variações que ocorrem no uso
de sufixos específicos na formação de palavras nos momentos arcaico e atual da língua.
Serão considerados como objeto de estudo os processos que ocorrem através da
adjunção dos sufixos –çon (-ção) e –mento, para o PA, e –ção e –mento, para o PB.
Como corpus de PA serão consideradas as 420 Cantigas de Santa Maria (CSM), de
autoria do rei Afonso X de Castela, o sábio, já para o estudo do PB, faremos o
mapeamento das palavras com os sufixos considerados através de um recorte do banco
de dados do Laboratório de Estudos Lexicográficos da UNESP (LabLEX).Através deste
trabalho pretendemos mostrar o quanto os processos que ocorrem na formação de
palavras da língua se modificaram e o quanto se mantiveram na tentativa de
compreender um pouco mais a história do idioma.
SUSTENTABILIDADE E TURISMO: ANÁLISE DAS VÁRIAS VOZES INSCRITAS NO
DISCURSO SOBRE O PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES
Rosélis Barbosa CÂMARA (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)
Orientadora: Ucy SOTO
A apropriação que o homem faz do espaço é um ato simbólico, uma atitude de
poder, que se manifesta em diferentes discursividades. As temáticas sobre o espaço vêm
se tornando alvo de reflexão de vários segmentos da sociedade e a questão aparece
sempre associada a outras, como a temática ambiental, que pouco a pouco é inserida em
nossa sociedade como divisor de água na busca de uma melhor qualidade de vida.
Assim, os discursos sobre o meio ambiente elegem como ―bom‖ um determinado modelo
de desenvolvimento; evocam a preservação da natureza, no entanto estão
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comprometidos com as regras do capitalismo e do consumo. Para a atividade turística o
ambiente natural representa uma fonte de negócios, ao mesmo tempo em que propaga o
discurso de preservação, de conservação e de sustentabilidade. Mas como preservar esse
ambiente natural sem explorá-lo? Sabe-se que os discursos circulam na sociedade
obedecendo a determinadas regras, eles não se movimentam sem antes entrarem em
uma ordem (FOUCAULT, 1999). Em relação ao discurso da preservação ambiental,
observa-se que a sociedade não só produz esse discurso como também o legitima, e o
controla por meio de vários mecanismos, determinando o que pode, o que deve ser
usufruído e como deve ser usufruído pelos turistas. Com base nos pressupostos de
Foucault sobre a ordem dos discursos, sua noção de poder e nos princípios bakhtinianos
sobre a polifonia este projeto busca analisar a tessitura dos discursos sobre o
turismo e a sustentabilidade do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM),
representante maior do patrimônio natural e turístico do estado do Maranhão, enquanto
unidade de conservação inscrita na categoria de proteção integral. Como procedimento
metodológico analisam-se documentos oficiais sobre o manejo do parque, documentos
oficiais dos órgãos de turismo no âmbito nacional e estadual, distintas falas proferidas
por representantes da comunidade local e do trade turístico sobre o PNLMA. Parte-se da
hipótese de que o discurso sobre o PNLM concentra uma situação utópica, por se tratar
de um discurso essencialmente estratégico, que ressalta sistemática e repetidamente a
preservação daquele ecossistema e ao mesmo tempo busca a harmonia entre a atividade
turística a comunidade local.
UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DE UM GÊNERO DIGITAL VOLTADO PARA A
ESFERA EDUCACIONAL: O CHAT NO ENSINO DE E/LE
Crisciene Lara BARBOSA-PAIVA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Ucy SOTO
O tema ―gêneros textuais‖ não é recente e vem sendo tratado desde os anos 60
quando surgiram a Lingüística de Texto, a Análise Conversacional e a Análise do discurso.
A partir das três últimas décadas do século XX, desenvolveu-se um conjunto de novos
gêneros textuais no contexto de hoje denominada mídia virtual, identificada
centralmente na tecnologia computacional. Daí surge um novo tipo de comunicação
conhecido como comunicação mediada por computador (doravante CMC) ou comunicação
eletrônica, que desenvolve uma espécie de discurso eletrônico. Essa comunicação
mediada por computador abrange todos os formatos de comunicação e os respectivos
gêneros que emergem nesse contexto. (MARCUSCHI, 2008). No Brasil, a CMC tem se
tornado alvo de debate acadêmico em diversas áreas da Lingüística, como na Lingüística
Aplicada, na Análise da Conversação e na área de Análise de Gêneros. A Internet é hoje
um espaço-discursivo que amplia as possibilidades de interação e incita o aparecimento
de vários gêneros discursivos. (ARAÚJO & COSTA, 2007). O surgimento de novas
tecnologias e sua popularização nos últimos anos abriram um novo panorama no que se
refere ao ensino a distância. Com o advento da tecnologia, novas formas de interação
têm sido usadas pelo homem e, assim, estamos rodeados com uma grande variedade de
novos gêneros textuais, como o chat, e-mail, blog, lista de discussão e outros. Esse
trabalho enfocará um dos gêneros textuais emergente na mídia virtual: o chat
educacional. . O objetivo geral desse trabalho é apresentar uma discussão acerca da
construção composicional do chat educacional e seu papel no ambiente de aprendizagem
on-line, a partir de análises de sessões de chat em dois cursos de espanhol ministrado à
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distância. Estes cursos, intitulados ―Español para Turismo‖, doravante EPT, foi oferecido
como um curso de extensão de 40h no segundo semestre de 2007, na Faculdade de
Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, campus Araraquara. O chat foi uma
das atividades obrigatórias do curso, realizado com uma metodologia de trabalho por
tarefas que, necessariamente tinham que ser discutidas via chat entre alunos e entre
alunos e professor. Assim, nosso trabalho consistirá em um estudo de caso a partir da
análise do lugar dos chats nos dois cursos de espanhol ministrados à distância em um
ambiente virtual de aprendizagem.
UM ESTUDO SÓCIO-DISCURSIVO DO SISTEMA PRONOMINAL DOS
DEMONSTRATIVOS NO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO
Talita de Cássia MARINE (UNESP-FCL-Araraquara/ CNPq/ CAPES-PDEE)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
Nossa pesquisa de Doutorado visa dar continuidade à pesquisa de mestrado, na
qual, partindo do pressuposto de que o sistema dos pronomes demonstrativos do
português do Brasil sofreu uma redução, deixando de ser ternário para tornar-se binário,
procuramos, além de identificar a forma vitoriosa entre as variantes de primeira (este) e
segunda pessoas (esse), verificar quais os possíveis motivos levaram à redução do
sistema, bem como o fenômeno motivador da forma vitoriosa.
Por meio de um estudo descritivo-comparativo desses demonstrativos conforme
ocorrem na língua oral escrita – ou seja, em textos escritos notoriamente marcados por
traços típicos de conversações menos formais - de indivíduos, sobretudo, paulistas, a
partir de um corpus formado por jornais do século XIX e início do século XX, e cartas de
leitoras de revistas femininas do século XX (cf. Marine, 2004), pudemos concluir que o
sistema dos pronomes demonstrativos está passando por um processo de especialização
das formas, em que temos a oposição este vs. aquele para marcar o uso dêitico, e esse
vs. aquele para marcar o uso endofórico.
Diante disso, nossa pesquisa objetiva o estudo descritivo-comparativo dos
pronomes demonstrativos, considerando-se as suas formas variáveis e invariáveis das
modalidades brasileira e européia do Português, a fim de verificarmos se o binarismo que
vem caracterizando o Português do Brasil está presente no de Portugal, bem como se o
fenômeno de especialização das formas é algo comum às duas variedades da língua.
Como corpus, utilizamos as cartas das leitoras de duas revistas femininas
destinadas ao público jovem: a brasileira Capricho e a portuguesa Ragazza, no período
que vai de 1994 até 2005.
Para a análise de nossos dados, a qual contempla um enfoque sócio-discursivo,
consideraremos os seguintes fatores: 1) a função sintática desses pronomes (adjetiva ou
substantiva); 2) a função referencial (endo- ou exofórica) e, por fim, 3) a ausência ou
presença de matiz afetivo.
UM OLHAR SEMIÓTICO PARA AS OBRAS DE FANTASIA
MAIS VENDIDAS DE 1980 A 2007
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Bruna Longo BIASIOLI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Por meio do levantamento que será feito através do Jornal Leia, do Jornal do
Brasil, da revista Veja e da revista Época, pretende-se chegar à lista dos livros que se
enquadram no gênero Fantasia mais vendidos durante o período de 1980 e 2007 e,
posteriormente, analisar todos os livros coletados de acordo com a teoria semiótica
greimasiana. Tendo em mente que a Fantasia é uma configuração discursiva que se
expande e, cada vez mais, é aceito pelos públicos jovem e adulto, o objetivo principal
deste projeto de doutorado é delinear o perfil do leitor desse tipo de texto, a fim de
detectar o que esse público busca nos livros que lê. Esse projeto de doutorado é uma
continuação de trabalhos desenvolvidos pela pesquisadora em sua graduação (Estágio
Departamental e Iniciação Científica) e em sua pós-graduação (mestrado), desenvolvidos
nesta mesma Instituição de ensino e sob os cuidados do mesmo orientador proposto para
o curso de doutorado. Para este evento, propõe-se apresentar os objetivos, as
justificativas e as hipóteses deste projeto, visto que a pesquisa se encontra em seu
início. Propõe-se, também, uma explanação sobre o conceito de configuração discursiva,
no lugar de ―gênero literário‖ ou mesmo ―tema‖, como comumente costuma-se falar ao
delinear uma semelhança discursiva entre as obras. Tal conceito foi analisado no
mestrado da aluna e, então, passou a ser usado em seus trabalhos. Uma das hipóteses
da qual parte este trabalho é a de que a Fantasia é uma configuração discursiva que
pode abordar vários temas, e pode agradar tanto ao público infanto-juvenil, seu principal
alvo, mas também a adultos. Vale lembrar que a semiótica age, neste trabalho, no
sentido de depreender o sentido do texto, como a teoria propõe, partindo do princípio de
que toda forma de comunicação é um texto, verificando, também, como se dá a
composição discursiva dessas obras.
UMA ANÁLISE DE PODE SER QUE COMO ADVÉRBIO EPÍSTÊMICO NA LÍNGUA
PORTUGUESA DO BRASIL, NAS MODALIDADES ORAL E ESCRITA
Cibele Naidhig de Souza CARRASCOSSI (UNESP-FCL-Araraquara/ Bolsista CNPq)
Orientadora: Maria Helena de Moura NEVES
As modalidades constituem um fenômeno lingüístico bastante complexo e de difícil
delimitação. Embora assumam variadas formas de expressão, grande parte dos trabalhos
restringe a análise aos verbos modais, considerados a expressão básica das modalidades.
A polissemia dos modais é bastante conhecida e estudada. Poder e dever, entendidos
como os mais autênticos verbos modais, expressam tanto valores epistêmicos (como
possibilidade e probabilidade) quanto valores deônticos (como obrigação e permissão).
Em estudo sobre a polissemia de poder e dever, empregos do verbo modal poder como
em ―Pode ser que Silvana vá à festa‖ chamou-nos a atenção, pois, nesses enunciados, o
modal não forma predicado de estado com o verbo ser que o acompanha. A possibilidade
expressa por poder recai sobre o predicado da oração que segue; ou seja, poder
modaliza o predicado da oração seguinte. Assim, poder, nesses casos, forma predicados
de ação ou processo, mesmo combinado com o verbo ser. Verifica-se que poder, em tais
construções, em geral, deixa de exercer a função de perífrase verbal e passa a assumir
uma função mais especializada, semelhante à de uma expressão adverbial de dúvida,
correspondendo a talvez. Expressa atenuação, falta de certeza do falante e atua como
um elemento modalizador epistêmico.Objetiva-se, portanto, com base na teoria
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funcionalista da linguagem (Halliday, 1985 e Dik, 1989), analisar pode ser que,
estudando-se o possível processo de gramaticalização que envolve a expressão.
Pretende-se observar tal uso do modal poder em diferentes tipos de textos. Para tanto,
serão selecionados textos do português contemporâneo do Brasil de língua falada do
NURC (Projeto da Norma Urbana Culta) e do projeto Amostra Lingüística do Interior
Paulista(ALIP) e de língua escrita do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências
e Letras da UNESP de Araraquara.
UMA REANÁLISE DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA FALA DOS SÃO CARLENSES
Alexandre MONTE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Rosane de Andrade BERLINCK
Investigaremos, com esta pesquisa, o fenômeno da concordância verbal de
terceira pessoa do plural no português falado da cidade de São Carlos, localizada no
interior do Estado de São Paulo. São Carlos já possui uma fotografia sociolingüística
(MONTE, 2007), mas é desejável ampliar essa fotografia, dada a complexidade do
assunto, a partir de uma estratificação mais detalhada, como também aprofundar a
análise das variáveis lingüísticas e sociais que se mostraram mais relevantes e
acrescentar outras variáveis. Escolhemos a concordância verbal por ser um fenômeno
variável que atrai muito a atenção social e, conseqüentemente, é um dos tópicos
gramaticais que os professores de Língua Portuguesa, de um modo geral, mais se
empenham em corrigir nos seus alunos. Há na literatura lingüística um grande número
de estudos que se ocupam da análise da concordância verbal de terceira pessoa do plural
no português do Brasil. Esses estudos têm evidenciado que a variação da concordância
verbo/sujeito na terceira pessoa gramatical plural é controlada por diversas variáveis,
entre as quais destacamos a saliência fônica da oposição singular/plural dos verbos; o
traço humano do sujeito; a posição e a distância do sujeito em relação ao verbo; a
presença/ausência do ‘que’ relativo; o paralelismo formal no nível oracional e discursivo;
o tipo de verbo; a escolaridade; o gênero. Não podemos deixar de ressaltar que temos
muitas questões ainda abertas. Necessitamos investigar, por exemplo, se a variável
paralelismo é de base funcionalista ou não, pois grande parte dos pesquisadores
assumem explicitamente que esta variável tem um caráter contra-funcional. Nossa
pesquisa será realizada com base nos princípios teóricos da ―Teoria da Variação e
Mudança Lingüística‖. Para esse modelo, a natureza variável da língua é um pressuposto
fundamental, que orienta e sustenta a observação, a descrição e a interpretação do
comportamento lingüístico.
UMA RETOMADA HISTÓRICO-EPISTEMOLÓGICA DA
ANÁLISE DO DISCURSO NO BRASIL
João Marcos Mateus KOGAWA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Profa. Dra. Maria do Rosário GREGOLIN
Quando se buscam textos sobre a história da Análise do Discurso no Brasil, nem
sempre se chega a um resultado satisfatório. De acordo com alguns estudiosos, a
disciplina se inicia aqui enquanto está em franca re-elaboração na França. A dificuldade
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em encontrar textos relativos à constituição desse campo de saber no maior país da
América Latina é um problema que suscita reflexão. A escassez de textos histórico-
epistemológicos sobre a ADF no Brasil pode ser atribuída à naturalização da idéia de que
a AD deve ser um instrumento de análise textual. Assim, na medida em que se domina a
terminologia e se aplicam os conceitos, nada mais há a fazer com a AD a não ser a
aplicação. Com o intuito de pensar a formação desse campo teórico, este projeto propõe-
se a investigar os ―inícios‖ dessa disciplina no Brasil. Nesse sentido, pode-se de-marcar,
pelo menos, dois percursos: um que se inicia na década de 80 e outro – menos
conhecido, mais silencioso – que se inicia nas décadas de 60/70. Carlos Henrique
Escobar, autor que publicava artigos em uma revista intitulada Tempo Brasileiro nas
décadas de 60/70, trabalhava a re-leitura sintomal de Saussure para ―libertá-lo‖ dos
efeitos ideológicos derivados da leitura empirista do Curso de Lingüística Geral e
constituir uma ciência que se voltasse para a questão da produção/circulação dos
discursos em um dado momento histórico. Filiado às teses althusserianas, o trabalho de
Escobar é fundamental para a emergência da AD no Brasil, na medida em que sua
ciência dos discursos ideológicos identifica-se com as idéias desenvolvidas, na França,
por Pêcheux. Influenciados pela atmosfera viva das idéias althusserianas, tanto Pêcheux
quanto Escobar, trabalhavam com a re-leitura sintomal – que procura diferenciar o
científico do ideológico – de Saussure. No entanto, a leitura feita por Escobar apresenta
diferenças no que concerne à teoria lingüística. Enquanto Pêcheux e o grupo francês
fundamentavam-se especialmente no modelo sintático, Escobar estendia sua
problemática para uma semiologia materialista. O modelo automático iniciado por
Pêcheux – a questão da tradução automática que o aproximou por algum tempo de
Culioli – também não foi adotado no Brasil. É da revista Tempo Brasileiro também a
tradução dos primeiros textos de Michel Pêcheux (sob o pseudônimo de Thomas Herbert)
no Brasil, o que reforça a idéia de que há certa continuidade entre o trabalho de Escobar
– que cita constantemente o filósofo francês – e o de Pêcheux.
WEBJORNALISMO: CONSONÂNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AMBIENTE
VIRTUAL E SUAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS
Renan Belmonte MAZZOLA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Maria do Rosário GREGOLIN
O presente projeto de pesquisa propõe ampliar e aprofundar a análise do texto
digital, focalizando o webjornalismo em relação ao lugar de onde ele emerge e no qual
tem existência material. Pretende-se ter como constante dois olhares durante todo o
percurso investigativo, a saber: a) voltando-nos para o ciberespaço e suas configurações
de sentido, nossa atenção estará centrada na análise daquilo que faz com que esse
espaço se constitua como tal a partir de leis que regem seu funcionamento, isto é, as
materialidades específicas das linguagens digitais, e para isso, apoiaremo-nos mais
precisamente no texto ―Outros espaços‖, de Michel Foucault; b) ao mesmo tempo,
focalizaremos um gênero específico, o webjornalismo, como manifestação de uma das
práticas discursivas desse ambiente virtual. Assim como uma língua manifesta-se através
da fala, o ciberespaço manifesta-se, de igual maneira, através de práticas que o
atualizam, conectando-o à rede interdiscursiva dos arquivos sociais. Pretende-se, com o
presente projeto de pesquisa, o aprofundamento nos estudos em Análise do Discurso de
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linha francesa, visando o exercício da análise de um corpus, subsidiado pelo aparato
teórico-metodológico desse campo do saber constituído de interdisciplinaridades. Esta
proposta justifica-se pela sua relevância teórica e social. Socialmente, ao tratarmos do
webjornalismo, estaremos enfrentando o desafio de compreender um dos principais
elementos da sociedade da informação, um meio colaborativo que veicula notícias e se
remodela constantemente de acordo com as necessidades do sujeito contemporâneo,
exposto a um fluxo de dados e informações. Trata-se, portanto, de um tema que envolve
a reflexão sobre práticas de linguagem que submetem os sujeitos aos modelos
maquínicos. Os impactos desse novo meio digital de comunicação, por sua vez, atingem
os demais meios. Os jornais impressos disponibilizam cada vez mais links que sugerem
uma continuação online do assunto tratado na matéria impressa. Teoricamente, a análise
de um gênero específico dos meios digitais oferecerá oportunidade de testar, aprofundar
e repensar vários conceitos e métodos da Análise do Discurso, na medida em que o
corpus tem natureza multimodal.
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II. Resumos de trabalhos apresentados em Sessões de Comunicações
Individuais
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO: UM OLHAR FOUCAULTIANO DA CRIANÇA
Emerson Caetano Lanças LUCCHESI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Alessandra DEL RÉ
Este trabalho objetiva observar, na fala de uma criança dos 20 aos 30 meses de
idade, a constituição do sujeito dentro de uma perspectiva foucaultina. Trata-se de uma
abordagem discursiva que considera a interação com o outro a base sobre a qual a
criança se constitui como sujeito social. Considerando que a linguagem é atividade
constitutiva do conhecimento de mundo pela criança, é onde ela se constrói como sujeito
e por meio da qual ela se segmenta e incorpora o conhecimento do mundo e do outro
(De Lemos, 1999), este estudo abordará a questão do cuidado de si, destacada por
Foucault como uma prática de subjetivação e preparação do indivíduo para a convivência
em sociedade. Durante o processo de aquisição da linguagem, a criança se prepara para
a vida de adulto e adquire, junto com a linguagem, comportamentos e conceitos que a
acompanharão por toda a vida. Bruner (1983) destaca a importância das situações
familiares para o desenvolvimento da função cognitiva. Considerando a importância da
família para o acesso à cultura e que esse processo se dá discursivamente e se constrói
em diferentes domínios (sociais, nacionais, lingüísticos, educativo...), através de
formações discursivas que circulam em uma determinada sociedade, este trabalho
abordará a questão da constituição do sujeito/criança enquanto ser social. Como se trata
de uma olhar Foucaultiano da criança, faremos um breve relato das relações de Foucault
com o sujeito. Foucault critica a concepção de que o sujeito é como consciência solipsista
e a-histórica, auto-constituída e absolutamente livre como pensam Descartes e Sartre.
Coloca o sujeito como um objeto historicamente constituído sobre as bases de
determinções que lhe são exteriores. (REVEL, 2002: 84). Foucault esboça as diferentes
maneiras como os homens elaboram um saber sobre eles mesmos em nossa cultura, que
são colocados como técnicas específicas das quais os homens se utilizam para
compreenderem aquilo que são. Essas técnicas se dividem em: técnicas de produção,
técnicas de sistemas de signos, técnicas de poder e técnicas de si. Para este trabalho nos
atentaremos às técnicas de si e à hipótese de que no contexto familiar e nos contextos
interativos da criança com o outro, em que se estabelecem as relações cognivito-
lingüísticas, há o jogo dessas técnicas numa relação mediada pelo cuidado de si, que
para Foucault são práticas de subjetivação. Destacaremos duas técincas: a askêsis que
não é a revelação do si secreto, mas um ato de rememoração e a hupomnêmata, que,
em seu sentido técnico, são livros de registros, mas que na prática do cuidado de si são
utilizados como livro da vida, guia de conduta. Partiremos da hipótese de que a criança
depende dos pais para a realização dessa atividade. Faremos uma relação entre o
relacionamento dos pais e dos filhos com a de quem escreve seu próprio hupomnêmata.
O resultado dessa pesquisa será apresentado através da análise dos diálogos registrados
em ambiente familiar e cotidiano.
A EMERGÊNCIA DAS CONDUTAS EXPLICATIVAS E O USO DOS PRONOMES
PESSOAIS NA FALA DA CRIANÇA
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Alessandra Jacqueline VIEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Alessandra DEL RÉ
O presente trabalho tem como objetivo identificar o uso dos pronomes pessoais
pelas crianças, relacionados às condutas explicativas, observando detalhadamente a
situação interacional. Sendo assim, examinamos algumas teorias que tratam a respeito
das condutas explicativas e de sua emergência, dos pronomes e sua função dentro dos
enunciados pelas crianças produzidos. Estudar de que maneira a utilização dos
pronomes, dentro das condutas explicativas, auxilia na construção da identidade da
criança leva-nos a conhecer melhor os processos pelos quais passa a criança antes de se
constituir enquanto sujeito;falante. A interpretação de fatos lingüísticos, em um discurso
produzido em um contexto específico (as relações pais-criança), pode explicitar a grande
heterogeneidade dos tipos de manifestações lingüísticas, bem como contribuir
efetivamente para um melhor entendimento do funcionamento da linguagem. Nessa
perspectiva, analisamos os dados de uma criança de 20 a 30 meses, coletados em
contexto familiar, levando-se sempre em consideração a relação estabelecida entre a
criança e o interlocutor (pai, mãe) durante a produção linguageira. Vale dizer que os
dados pertencem a uma pesquisa intitulada Diversité de la socialisation langagière selon
les cultures: place et role de l’explication, desenvolvida pelas professoras Silvia Dinucci
Fernandes e Alessandra Del Ré em cooperação com a França (Marie –Thérèse Vasseur,
da Universitá du Maine e Christiane Préneron do CNRS), de julho de 2004 a dezembro de
2006. É importante observar, no ato da explicação, a circunstância interacional na qual a
fala da criança está envolvida. A explicação ocorre em situações nas quais um dos
interlocutores transmite uma nova informação que faz referência a um objeto de atenção
conjunta e, ao mesmo tempo, esclarece o que estava obscuro ou problemático no
diálogo. Já os pronomes são importantes ferramentas lingüísticas utilizadas tardiamente
pela criança. O uso do pronome ocorre por volta dos três anos, o que, em termos de
desenvolvimento da linguagem, é algo demorado. A utilização do pronome pessoal eu
pode ser considerada como uma importante etapa no desenvolvimento da criança, pois
demonstra sua vontade de se apropriar da linguagem. Para explicar, a criança utiliza
argumentos que fazem parte do seu meio social, de sua realidade ou de sua expectativa
com relação ao assunto ou objeto e, ao se produzir um enunciado com o pronome eu,
diz-se algo a propósito de um sujeito e marca-se uma identificação entre o sujeito falante
e a si mesmo. Dessa forma, podemos inferir que as condutas explicativas e a utilização
dos pronomes pessoais, principalmente o pronome eu, contribuem efetivamente para o
desenvolvimento da consciência da criança como indivíduo, permitindo a ela demonstrar
seus desejos, suas vontades, suas preferências, entre outros aspectos.
A ESCRITA E A ORGANIZAÇÃO DE DOMÍNIOS NOCIONAIS:
UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA
Marcos Luiz CUMPRI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
Esta comunicação resulta de um trabalho que tem em seu bojo um estudo da
organização das noções e dos domínios nocionais de textos dissertativos escritos a partir
do tema ―o ciúme nas relações humanas‖. A reflexão teórico-metodológica que nos
sustenta é a Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE) de Antoine Culioli e
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seus colaboradores. A intenção de fundamentar um trabalho teórico sobre uma reflexão
de ordem epistemológica e evidente faz-se presente por acreditarmos que o
conhecimento teórico está vinculado ao conhecimento prático, e, ambos, consistem em
descrever e explicar uma realidade lingüística, sendo que a natureza da lingüística e o
seu objeto são constantes que sustentam uma concepção de ciência da linguagem.
Privilegia-se, neste texto, a busca dos processos percorridos pelos sujeitos ao lidarem
com língua e linguagem ao invés da constituição de um trabalho lingüístico que se
encerra em si próprio. Tal busca é basicamente fomentada a partir de três premissas
básicas: Tratar dos domínios nocionais é o mesmo que tratar do alto grau das
representações das ocorrências abstratas, dar minimamente conta de um estudo a
propósito dos domínios nocionais é dar um grande salto nos estudos que foquem a
complexidade da enunciação (e por conseqüência da linguagem), lidar com noções, é
indubitavelmente lidar com conceitos (não conceitos no sentido universalista do termo,
mas no sentido de serem representações das atividades simbólicas das línguas). Assim,
as noções por serem complexos sistemas representacionais das propriedades físico-
culturais condicionam-nos a verificar como elas são organizadas e expressas
lingüisticamente e, concomitantemente a isto, como essa organização se dá por meio dos
arranjos léxico-gramaticais realizados pelos sujeitos enunciadores. Além disso, os
percursos enunciativos percorridos pelos sujeitos enunciadores fazem-se observados a
fim de averiguarmos como a construção e a organização dos domínios nocionais podem
influenciar no desenvolvimento textual. Por fim, colocamos em pauta, se não as
principais operações que se manifestam no momento em que os interlocutores dão
sentido e significação a seus textos por meio de suas percepções de cunho cultural (as
noções), pelo menos, algumas reflexões que apontam para relevância da inserção do
sujeito (enquanto um ser dotado de uma cultura de ordem sócio-psicológica) na
discussão estabelecida pela lingüística textual a respeito da escrita do texto.
A PREPOSIÇÃO PARA E AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM:
UMA ABORDAGEM CULIOLIANA
Paula de Souza GONÇALVES (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o uso da preposição ―para‖
tomando-a como parâmetro para obter respostas em um contexto mais amplo, o das
―preposições‖. Tomamos como perspectiva teórico-metodológica a Teoria das Operações
Predicativas e Enunciativas de Antoine Culioli (TOPE). Conduzimos a investigação com
base em exemplos extraídos de um corpus composto por jornais do estado de São Paulo.
Nossa perspectiva teórica tem como objeto o enunciado e o fenômeno referencial; de
acordo com tal visão, os sujeitos constroem, por meio de práticas enunciativas e
cognitivas, as versões públicas do mundo. Assim, na nossa concepção, a marca não se
reduz apenas às relações previstas no léxico e na gramática, mas é tributária do
enunciado, que envolve a dimensão cognitivo-interacional. O enunciado que contém a
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preposição ―para‖ foi estudado como um processo de construção de significação, ou seja,
de valores referenciais por meio de operações. Tendo como objetivo central analisar as
funções dessa marca em diferentes contextos e as implicações de seu uso, buscamos
contribuir para a elaboração de uma gramática enunciativa da língua portuguesa. Trata-
se de um trabalho relevante, porque a marcação das relações gramaticais constitui um
fenômeno de linguagem responsável por um conjunto de operações que viabilizam a
presença de marcas que antecedem os termos, tais como a ―preposição‖. Construímos
glosas que permitiram-nos colocar os enunciados em famílias parafrásticas, com
posterior análise das construções com a marca percebendo-se que ela representa atos
enunciativos dentro da enunciação central e estes atos são enunciações reportadas para
a enunciação atual e projetadas para uma outra enunciação. Dessa maneira, pudemos
depreender as operações enunciativas geradas a partir da marca ―para‖ que são regidas
pelo movimento dos instantes de enunciação Ti (instante anterior à enunciação) e T0
(instante da enunciação). Concluímos, assim, que a marca ―para‖ (parte) funciona como
um relator dentro do enunciado sendo de fundamental importância da construção
referencial do mesmo além, é claro, de ser também influenciada pelo enunciado (o todo).
ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA MULTISSENSORIAL, NA PERSPECTIVA FÔNICA,
PARA DEFICIENTES INTELECTUAIS
Isaac Rodrigues SAGLIA (UFSCar)
Orientadora: Fátima Elisabeth DENARI
A Lei de Diretrizes e Bases n.º 9694/96, de 20 de dezembro de 1996, é baseada
no princípio de que o Sistema Educacional Brasileiro deve promover a cidadania sem
discriminações, evidenciando a heterogeneidade do aluno e seu fluxo de escolarização,
servindo de orientação à pratica dos educadores, sejam eles especialista ou não. Os
educandos com Necessidades Educacionais Especiais, despojados de noções cognitivas
prévias, decorrentes de privações sócio-econômicas e culturais ou sem a prontidão
necessária, ao iniciarem o processo de alfabetização com os demais colegas, no atual
mote da inclusão escolar, eis a problemática: estes alunos, por sua condição, ficam a
mercê de uma espera pedagógica ou são segregados no contexto inclusivo? Há
alternativa(s) metodológica(s) que possa(m) transformar as práticas da alfabetização e
promover realmente a inclusão escolar? O objetivo principal é apresentar um epítome do
método multissensorial sob a perspectiva fônica, o qual norteou os currículos, recursos
educativos e organização específicos, para atender às necessidades concernentes à
alfabetização de alunos com Deficiência Intelectual; Alvitrar atividades virtuais por meio
de novas tecnologias que exercitem a percepção visual e auditiva, a coordenação motora
e a memorização de formas diversificadas, enfim, que promovam a modificabilidade
cognitiva. A metodologia versa em relatos das situações de ensino e aprendizagem de 15
alunos de uma escola de educação especial, com sessões diárias de 60 a 120 minutos
durante um semestre, os quais apresentaram avanços significativos na alfabetização;
Utilizaram-se os Métodos: Fônico e Fono-Visuo-Articulátorio, com a descrição detalhada
dos recursos sinestésicos empregados que serviram como suporte pedagógico ao
processo de leitura e escrita. Os resultados obtidos correspondem ao encaminhamento à
escola regular e o progresso destes alunos nos Ensino Fundamental. Para tanto, faz-se
necessário um juízo sobre o trabalho de campo, para que posteriormente todo o trajeto
de possa ser refeito por outros interessados em avaliar as experiências descritas.
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APONTAMENTOS SOBRE O ASPECTO VERBAL EM HOMERO: ODISSÉIA
Jean Paul Campos e SANT‘ANNA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
Este resumo destina-se a discussão da pesquisa de Mestrado, fomentada pelo
CNPq, ainda em fase inicial, que propõe uma análise do aspecto verbal na língua grega
antiga. Para esta comunicação restringiremos a abordagem de tal fenômeno lingüístico
aos níveis morfológico e semântico. Utilizaremos textos de Homero, em especial os
primeiros cantos da Odisséia a fim de tornarmos a discussão mais concreta e produtiva.
Aspecto é, em linhas gerais, o traço verbal que caracteriza a ação expressa pelo verbo
quanto a sua duração. Na língua grega o aspecto é morfologicamente marcado, uma vez
que os temas verbais, mas conhecidos como radicais temporais, trazem consigo noções
essencialmente aspectuais (ADRADOS, 1992), ou seja, o sistema verbal do grego antigo
está organizado com base em lexemas aspectuais e não temporais, como a tradição
costuma apresentá-los e como é em geral na maioria das línguas neolatinas.Em nossas
discussões levaremos em conta a distinção entre Aspecto e Aktionsart, por julgarmos que
esses dois traços são bastante diferenciados quanto o assunto é língua grega.
Entendemos que no grego o aspecto verbal está diretamente ligado a morfologia verbal,
uma vez que há marcas que diferenciam fundamentalmente cada tipo de radical verbal
quanto ao aspecto; já o tipo de ação ou Aktionsart, conceito proposto por Agrell, está
ligado à carga semântica do referido verbo, não apresentando assim marcações no nível
morfológico. Neste nível da pesquisa ainda não serão contempladas as formas nominais
do verbo grego nem, conseqüentemente, construções complexas formadas de forma
nominal mais verbo conjugado.
A escolha da narrativa homérica como texto base a ser analisado se deu
primeiramente pela relevância do texto dentre as tantas obras escritas nesta língua, mas
também seguiu critérios de acessibilidade à traduções em língua portuguesa e, ainda,
segue o cronograma da pesquisa por nós desenvolvida que prevê análises iniciais na
prosa de Homero. Trabalharemos com pequenas porções dos textos iniciais da Odisséia
onde poderemos contemplar brevemente as teorias apresentadas. Também
pretendemos, com isso, incitar as discussões sobre o aspecto verbal e sobre as teorias
apresentadas.
CLÍTICOS SE APRENDEM NA ESCOLA?
O CASO DA COMUNIDADE RURAL DE PIABAS NA BAHIA
Juvanete Ferreira Alves BRITO (UFMG/UESB)
Orientadora: Jânia Martins RAMOS
O presente estudo tem por objetivo analisar o uso de clíticos na função acusativa
e dativa na fala de moradores da comunidade rural de Piabas, localizada no município de
Caem, que faz parte do semi-árido baiano. Pretende-se verificar se os clíticos estão
desaparecendo mesmo do Português Brasileiro falado, conforme relatado em diversos
estudos encontrados na literatura lingüística, e se falantes não escolarizados ou com
pouca escolarização não utilizam os clíticos, como também tem sido atestado em
diversos estudos. O corpus faz parte do banco de dados do Projeto ―A língua portuguesa
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falada no semi-árido baiano‖ e é composto de doze entrevistas sociolingüísticas, tipo DID
(diálogo entre informante e documentador), com mais de cinqüenta minutos de duração,
com informantes de ambos os sexos, distribuídos em três faixas etárias, sendo que
apenas dois são alfabetizados. A variável social analisada foi faixa etária e os fatores
internos função sintática, pessoa gramatical e número do pronome. A principal hipótese
defendida é que o uso de clíticos é produtivo, sendo preferencial o uso de ‗lhe‘ em função
de objeto direto. Outra hipótese a ser testada é a de que os falantes da faixa etária mais
elevada estariam realizando mais os clíticos do que os informantes mais jovens. Para
análise dos dados, foi empregada a proposta teórico-metodológica da Teoria da Variação
e Mudança Lingüísticas (Weinreich, Labov, Herzog 1968, Labov 1972, 1994, 2001).
Nossos resultados mostram que não só há presença de clíticos na fala de moradores do
semi-árido baiano, como também permitem identificar um índice superior àqueles
verificados em estudos realizados sobre o português falado na cidade do Rio de Janeiro
(Pereira, 1981 e Freire, 2000), na cidade de São Paulo (Duarte, 1986), e na cidade Mata
Grande (AL) (Mendonça, 2004).
ENTRE A REPETIÇÃO E A RUPTURA:
O DISCURSO ADULTO E O INFANTIL NA PERFORMANCE NARRATIVA
Marcos André Dantas da CUNHA (UNESP-FCL-Araraquara/UFPA)
Orientadora: Ucy SOTO
O material lingüístico que serviu de base para realização desta análise foi uma
situação de enunciação planejada. Esta tinha como objetivo favorecer a produção
lingüística de crianças de 4(quatro) a 5(cinco) anos. A situação comunicativa realizou-se
num ambiente escolar, com a participação de vários sujeitos1: uma turma de educação
infantil; uma locutora/documentadora adulta1 e a professora da turma. Assim, a partir da
concepção foucaultiana de discurso estudamos a enunciação de uma narrativa por uma
locutora adulta e a posterior enunciação do discurso por três enunciadores infantis.
Destacamos a repetição enquanto índice de constituição do discurso, fio condutor da teia
discursiva. Pelo fato de repetir-se o discurso do sujeito se faz continuidades: retomadas
que se constroem também nas diferenças. A repetição do que o outro diz e/ou o
acréscimo, a refutação ao que o outro diz, o modo igual ou diferenciado de contar seriam
índices de um sujeito que se faz em continuidades e rupturas? Falando em repetição
recorramos a uma reflexão acerca desta temática em (CHARAUDEAU & MAINGUENAU,
2008, p.420) para os quais o discurso pode ter uma função explicativa ou imitativa. A
primeira se situa no nível da significação textual. A segunda no nível do significante,
procurando reproduzir a materialidade do texto base.‖O sujeito criança para se identificar
enquanto tal, retoma a fala do adulto, abrindo fendas: possibilidades de rupturas que lhe
promove a identidade. Analisada as cenas enunciativas delimitadas da locutora
documentadora e das crianças podemos verificar então, a presença da repetição,
aparecendo nas funções imitativa e explicativa. Também se verificou o acréscimo de
informações ao que foi enunciado pela locutora adulta. Os sujeitos da performance
narrativa se colocam na mesma na medida em que se observam diferenças entre as
narrativas das crianças, ressaltadas entre as cenas enunciativas. O silêncio, por parte das
crianças, a muito do que o locutora documentadora disse, enunciando-se aquilo que lhes
parecia de maior importância, mostra-se índice de um sujeito presente na performance.
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ESTUDO DOS VERBOS PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS E O ALINHAMENTO
SEMÂNTICO DE WORDNETS
Aline Camila LENHARO e Bento Carlos Dias da SILVA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Bento Carlos Dias da SILVA
Partindo dos principais tipos de alinhamento semântico que se pode estabelecer
entre as bases da WordNet.Br (WN.Br) e da WordNet de Princeton (WN.Pr) estudados
nas atividades de Iniciação Científica, propôs-se, no projeto de Mestrado, investigar os
tipos de alinhamento sintático-semântico que podem ser especificados entre os verbos do
português caracterizados como sendo pronominais (Vp, como traduzir-se), impessoais
(Vi, como fazer), unipessoais (Vu, como sobrevir) e de sujeito afetado/paciente (Vsa,
como apanhar). O trabalho investiga essa questão em dois domínios complementares: o
lingüístico e o lingüístico-computacional. No primeiro, os estudos mostram que os Vi
({fazer} = {take} e os Vu ({sobrevir} = {supervene}) alinham-se de modo transparente
aos verbos correspondentes do inglês. Por outro lado, os estudos visam, sobretudo,
caracterizar a classe dos verbos pronominais do português, valendo-se dos estudos sobre
alternâncias de diátese e sobre a especificação da estrutura de argumentos e da
semântica dos verbos. Destaca-se que os Vp do português apresentam características
semânticas específicas que dificulta o trabalho de alinhamento. Há autores que
argumentam que o clítico que os acompanha é parte integrante desses verbos. São
classificados como verbos que se constroem com um clítico que serve como índice do
grau de participação do sujeito naquilo que o verbo expressa. Do ponto de vista
comparativo e diacrônico, os Vp corresponderiam aos verbos mediais do indo-europeu,
onde sujeito e agente (coincidentes ou não) exercem uma ação sobre si mesmos, em seu
benefício ou em seu interesse, podendo ser realizados como sujeito. Rodrigues (1998)
analisa a voz média do português, distinguindo três classes de verbos médios, sendo a
terceira a dos Vp: os verbos da Classe I não combinam-se com o clítico ―se‖ (Esse leite
ferve rápido); os da Classe II combinam-se com esse clítico opcionalemente (Esse vaso
(se) quebra facilmente), os da Classe III exigem a presença do clítico (Línguas eslavas se
traduzem facilmente). Já no domínio lingüístico-computacional, o trabalho caracteriza a
especificação dos alinhamentos entre as bases. Com vistas à especificação dos
alinhamentos entre synsets de verbos das duas bases, em andamento, encontra-se o
levantamento de todos os verbos pronominais do português e da sua expressão no inglês
registrados no Webster´s Portuguese English Dictionary para auxiliar no estabelecimento
de critérios operacionais de identificação desses verbos e da sua especificação na base da
WN.Br.
FUNCIONALIDADE DE PARÁBOLAS E IMAGENS NO DISCURSO JORNALÍSTICO EM
CONJUNTURAS DE CRISE
Marta Maria PAGADIGORRIA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Antonio Suarez ABREU
Tem esta comunicação o objetivo de discutir uma das estratégias mais utilizadas
por jornalistas, em especial aqueles que escrevem artigos de opinião em situações de
crise: a projeção de parábolas e imagens sobre a situação que pretendem pôr em foco.
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Utilizamos parábola em nossa pesquisa como projeção de uma história. Essa
história pode ser uma lembrança pessoal de quem escreve, fatos históricos conhecidos
ou desconhecidos ou ter natureza ficcional. Segundo Turner (1996, p. 12), ―story,
projection, and parable do work for us; they make everyday life possible; they are the
root of human thought; they are not primarily – or even importantly – entertainment‖.
Vejamos um exemplo num texto escrito pela jornalista Eliana Catanhêde na Folha
de S. Paulo:
Alguém perguntou ao site "SexoCristão" se freqüentar
motéis seria pecado. Resposta: "Não há pecado em ir a motel com
o seu marido. O problema está no fato de um conhecido (ou outra
pessoa) vê-los entrando no motel. Isso, sim, pode prejudicar a
imagem do casal cristão". Traduzindo: pode fazer qualquer coisa,
mas faça escondido. O pecado não é fazer, é ser pego com a boca
na botija.
Essa moral tem uma versão política —"o que é bom a gente mostra, o que é ruim
a gente esconde" — e está neste momento em discussão no governo. O pecado não é a
ministra Matilde gastar R$ 171 mil dos cofres públicos em férias, aluguel de carros,
almoços e comprinhas em free shop. O problemaço é que descobriram e foi parar na
imprensa.
A culpa não é dela e dos outros ministros que caem na folia
por aí usando o cartão corporativo do governo para tudo e qualquer
coisa, nem dos seguranças da filha do presidente que o sacam até
para material de construção. A culpa é de quem mostrou e de quem
divulgou. (Folha de S. Paulo, 5 de fev. 2008)
LINGUAGEM, LINGÜÍSTICA E SOCIOLINGÜÍSTICA: ASPECTOS TEÓRICOS QUE
FUNDAMENTAM A ANÁLISE DA ALTERNÂNCIA TU/VOCÊ/SENHOR(A) ENTRE OS
FALANTES DE SÃO LUÍS-MA
Honorina Maria Simões CARNEIRO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS
O objetivo deste trabalho é apontar a linguagem, a lingüística e a sociolingüística
com seus aspectos teóricos que servirão como aporte de análise da variação
tu/você/senhor(a) entre os falantes ludovicenses. A linguagem pertence ao ser humano.
Ela é a capacidade que os homens possuem e desenvolvem para se comunicarem uns
com os outros. Por isso, a língua sempre foi um objeto de reflexão filosófica – e mais
tarde, científica – ao longo da história do conhecimento humano, mas foram os gregos
quem primeiro quiseram desvendar a sua origem e natureza, descobrir se havia relação
entre a palavra e as coisas que ela nomeava. Em qualquer comunidade lingüística, a
língua recebe sugestivas criações que vão, gradativamente, sendo assimiladas pelos
falantes, vitalizando-a e permitindo um enriquecimento com a modificação e inclusão de
palavras. Os estudos lingüísticos podem ter caráter diacrônico ou sincrônico. No século
XIX, prevaleceram os estudos de caráter diacrônico, enquanto que no século XX a ênfase
foi dada aos estudos de caráter sincrônico. Sob essa perspectiva nasce a sociolingüística
– área da lingüística que trata da estrutura e do contexto social da linguagem. Ela estuda
as variações lingüísticas de uma língua numa determinada comunidade, tendo como
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objeto de estudo suas determinações lingüísticas e não lingüísticas, esta última é a que
sustenta a observação e a interpretação do comportamento lingüístico. Assim, pode-se
notar que o objeto de estudo da sociolingüística é a língua falada em uma determinada
comunidade, ou seja, o objeto de estudo é a variação, entendendo-a como um princípio
geral e universal. Em outras palavras, a sociolingüística é um ramo da lingüística que
avalia a relação entre língua e sociedade, isto é, o uso da linguagem no contexto social.
Nesse contexto, as alternâncias de uso são influenciadas por fatores estruturais e sociais.
Portanto, este artigo esta focado na variação da Língua Portuguesa, no que diz respeito
as formas tu/você/senhor(a) no português falado do ludovicense.
O CONSENSUAL E O POLÊMICO NO TEXTO
ARGUMENTATIVO ESCOLAR
Rinaldo GUARIGLIA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Renata Maria Facuri Coelho MARCHEZAN
Este estudo examina duas categorias dialógicas regidas pela argumentação nas
redações argumentativas escolares: o consenso e a polêmica, que respondem pela
propagação de idéias do senso comum, e, por extensão, de outras idéias que se
confrontam com esses enunciados consensuais: os enunciados polêmicos. Por meio da
reflexão bakhtiniana, três matrizes dialógicas são investigadas em redações escolares: os
diálogos do sujeito-produtor com outras vozes sociais, com a proposta de redação e,
principalmente, com o interlocutor-examinador. Esses diálogos inserem, em meio à
dispersão do discurso, um conjunto de propriedades que ora são manifestações da
categoria consensual, ora da polêmica; e estão de acordo com o exercício argumentativo
do texto. Entre as propriedades dialógicas estão: a aplicação de aspectos generalizantes,
a organização de enunciados descritivo-causais, a observação de um raciocínio lógico
formalizado, o distanciamento da proposta de redação ou a aproximação com ela, a
inserção de enunciados interrogativo-retóricos e a ocorrência de determinados
marcadores lingüísticos. O texto argumentativo escolar apresenta invariavelmente não
apenas enunciados consensuais, mas também rompimentos com a ordem do senso
comum, que caracterizam a categoria polêmica. O córpus de pesquisa compreende
redações produzidas durante um processo seletivo universitário em 2004.
O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
UMA ABORDAGEM ENUNCIATIVA
Milenne BIASOTTO-HOLMO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
O objetivo deste trabalho era o de comprovar a hipótese de que os aprendizes de
uma língua, ao traduzirem um enunciado, partem de um esquema chamado léxis, para
então anexar a ele as categorias gramaticais de modalidade, aspecto, determinação e
diátese, por meio de marcas lingüísticas, e que, ao passo em que o aprendizado evolui,
há uma melhor compreensão dessas categorias.
Para atingir tal objetivo, fizemos uso de um corpus constituído de traduções feitas
por aprendizes de língua francesa em diferentes estágios de seu aprendizado.
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Escolhemos as traduções de um enunciado em francês (À ne pas croire!) como base para
nossas análises.
Sob o enfoque da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas de Antoine
Culioli, recorremos ao estudo e observação dos processos de parafrasagem subjacentes a
essas traduções, com o intuito de observar como se dava a anexação das categorias
gramaticais.
Nosso desejo é que o resultado desse trabalho contribua no sentido de aprimorar
o ensino/aprendizado de línguas, para que os aprendizes possam alcançar melhores
níveis de incorporação das categorias já mencionadas em suas traduções e,
conseqüentemente em seus textos.
Nesse sentido, acreditamos que uma orientação enunciativa pode trazer grandes
benefícios ao aprendizado de uma língua. Trata-se de uma orientação que se constitui de
operações e reflexões sobre a linguagem e que se baseia em processos de categorização.
Dentro dessa perspectiva, a conscientização dos aprendizes em relação ao seu
saber metalingüístico, grosso modo, sua capacidade de explicar a língua, torna-se
fundamental, pois acreditamos que o seu aprendizado é conquistado partindo-se de um
trabalho árduo de montagem e desmontagem de textos, marcas e valores, que em
seguida, têm seus significados construídos e reconstruídos, o que em suma, caracteriza
os processos de parafrasagem e desambigüização, isto é, sua capacidade epilingüística.
O ETHOS NA LINGUAGEM DA CRIANÇA:
UM CAMINHO PARA A IDENTIDADE ENUNCIATIVA
Ana Paula CINTA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Alessandra DEL RÉ
Partindo da noção de éthos proposta por Maingueneau (1999) e dos dados de uma
criança (A, 20-30 meses), pretende-se desvendar a relação entre a construção da
identidade e de sua própria imagem, em situações de interação com seus pais e pessoas
próximas, em atividades de seu dia-a-dia.
Para tanto, dentro de uma perspectiva sócio-interacionista (Bruner), verificar
como se dá a relação dessa criança com a linguagem, uma espécie de espelho refletida
pela língua.
A linguagem da criança sempre foi alvo de especulações de toda natureza desde a
Antiguidade, como apontam os relatos. Há algumas décadas, começou-se a registrar a
fala de crianças em áudio e vídeo, com intervalos regulares (sessões semanais, mensais,
etc.), de acordo com a intenção do pesquisador. E, após registrados, esses dados eram
transcritos, a fim de que pudessem ser analisados.
Em meados dos anos 1980, começaram a se formar bancos de dados de crianças
do mundo todo, o mais conhecido deles e que ainda é referência para os estudos na área
é o CHILDES.
Para F.François (2006), a criança entra na linguagem de maneiras diferentes e é
porque ela já fala que pode desenvolver a linguagem. Dessa maneira, será analisada a
trajetória de uma criança em particular no processo de aquisição, resultado de escolhas
feitas por ela, escolhas estas que contribuíram para a formação de seu éthos (entende-se
por éthos o estilo que o orador deve adotar para captar a atenção e ganhar a confiança
de seu auditório, apelando, portanto, para a imaginação do locutor).
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Se houver uma boa correspondência entre a imagem que o orador faz de seu
auditório, e vice-versa, haverá eficácia do discurso, fato a partir do qual se depreende
que a construção discursiva se faz num jogo especular em que o orador constrói sua
imagem em função da imagem que ele cria de seu auditório.
Considerando que os estudos que têm privilegiado a questão do éthos referem-se
ao discurso do adulto, propomos observar como se constrói a imagem do enunciador,
isto é, a criança que desempenha o papel de ator da enunciação, no discurso por ela
produzido, e que revela um processo de constituição de um sujeito (enunciador).
Tentaremos mostrar ao longo desse trabalho um dos caminhos possíveis para se
entrar na linguagem, o de A., e ressaltar a importância da interação, que é um dos
fatores essenciais da linguagem de um ser humano. Sabemos que muitos outros
interferem também nesse processo, como é o caso da classe social, grau de escolaridade
e disponibilidade dos pais para com os filhos, mas acreditamos, por fim, que todos esses
fatores se refletem na interação.
Não há um ponto ideal para a linguagem, pois apesar de comum, universal, ela
também é propriedade particular de cada ser, o que sabemos, por meio dos estudos
lingüísticos, é que a infância é apenas o início da aquisição de uma linguagem que será
continuamente refletida e, portanto, modificada, durante toda a existência de uma
pessoa à medida que ela constrói a sua realidade. Portanto, no que se refere à
linguagem, devemos ter em mente que o que realmente importa é o percurso, pois o
resultado será sempre provisório.
O GÊNERO ENUNCIADO DE CAMINHÃO
Maria Auxiliadora Gonçalves de MESQUITA (UNESP-FCL-Araraquara/UEMA)
Orientador: Antonio Suarez ABREU
O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre o
gênero discursivo enunciado de caminhão. As sentenças lingüísticas usadas pelos
caminhoneiros são exemplos bem nítidos da simbologia lingüística, que expressam a
relação que os caminhoneiros estabelecem com o mundo. Essas expressões são as mais
diversas, as quais apresentam pontos de vista, crenças, anseios, medos, expectativas de
vida, protestos e insatisfações ante o sistema sociopolítico. Bakhtin define gêneros como
sendo ―tipos relativamente estáveis de enunciados‖. Para ele os gêneros são numerosos,
uma vez que a capacidade produtiva do homem é inesgotável, isto é, a cada momento
surgem novas manifestações de representações de sentido engendradas pelo poder
criativo do sujeito. As frases de pára-choque de caminhão fazem parte da vida dos
caminhoneiros de forma viva e atuante. Podem ser consideradas como um gênero em
virtude de sua especificidade ante as várias formas de expressões lingüísticas. Este
gênero é um produto da ação de sujeitos concretos (caminhoneiros) que o gera a partir
de sua vivência, experiência e atuação na sociedade. Os enunciados de caminhão nascem
de um contexto real e exprimem os pensamentos e sentimentos dos caminhoneiros.
O LEITOR DOS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS
Sílvia Maria Gomes da Conceição NASSER (UNESP-FCL-Araraquara)
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Orientador: Arnaldo CORTINA
O escritor produz o seu texto para um público real, presença física que lê e
consome a obra. Ambos, escritor e leitor real, não pertencem ao texto, mas a um
momento histórico e caracterizam-se por traços culturais determinados pela sociedade à
qual pertencem. Esse autor, cultural e socialmente constituído, ao produzir o seu texto,
assume o papel de um enunciador de sentidos, de um sujeito produtor de um discurso.
Assim, a pessoa real, presença concreta do escritor, desaparece, e emerge do texto o
autor implícito, virtual. Transfigurado em narrador, suas marcas características se
espalham por todo o seu discurso. Ao elaborar o seu texto, esse enunciador instaura
também o seu interlocutor com quem estabelece um diálogo e divide os valores
expressos. Essa imagem de leitor construída pelo narrador não equivale integralmente ao
leitor real que visualiza, que lê a obra, presença física que consome o livro como uma
mercadoria. Sua existência deixa de ser biológica, social e política. Emerge o leitor
virtual, a imagem daquele para quem o texto foi construído, capaz de estabelecer o
diálogo próprio da leitura. Diferentemente do leitor concreto, de ―carne e osso‖, o leitor
implícito não é um mero espectador, mas um interventor: todas as escolhas do
enunciador se fazem em função da imagem que elaborou do seu destinatário. O leitor,
portanto, interfere também como filtro e produtor de sentidos. Este trabalho pretende
apresentar a imagem do leitor virtual configurada nos contos de Machado de Assis.
Busca-se, a partir da imagem materializada do leitor presente nos contos, (re) construir
seu perfil elaborado no instante da enunciação. Para a realização dessa análise proposta,
são considerados somente os contos machadianos em que o sujeito para quem o
enunciador se dirige é materializável na língua. O suporte teórico empregado para a
conformação do perfil desse leitor é a semiótica greimasiana. Os elementos focalizados
na análise dos contos foram as relações estabelecidas no discurso entre enunciação e
enunciado e as projeções do enunciatário no enunciado - visto, então, como narratário.
Também houve a preocupação de abordar os recursos argumentativos empregados, os
temas e as figuras recorrentes e o emprego da intertextualidade como elementos
indicadores do perfil do leitor machadiano. Da análise dos contos, emergem perfis de
leitores que possibilitam o estabelecimento de uma tipologia. O primeiro modelo é de
um leitor presente como testemunha ficcional ou, se ausente, que recebe do narrador
detalhes pormenorizados da narrativa que lhe permitem localizar-se diante dos fatos
apresentados. Esses são talhados para corresponder às expectativas desse leitor e, ao
mesmo tempo em que o narrador conquista a sua confiança, demonstra sutilmente a
necessidade de se ter uma postura reflexiva e crítica diante dos episódios narrados. O
segundo tipo de leitor configura-se como um crítico não só dos valores humanos e
sociais a ele apresentados, mas também da artificialidade dos procedimentos narrativos
comuns à época. Assim é capaz de construir, ao lado do escritor, uma literatura moderna
livre das imposições dos textos ficcionais modelares.
O LIVRO-REPORTAGEM COMO GÊNERO DISCURSIVO
Antonio Heriberto CATALÃO Jr. (UNESP-FCL-Araraquara /UFMA)
Orientador: Arnaldo CORTINA
A constituição de um corpus de pesquisa constituído pelos livros-reportagem mais
vendidos no Brasil de 1966 a 2004 exigiu, em um primeiro momento, a definição das
obras que pudessem ser consideradas como tais – em outras palavras, foi necessário
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responder à seguinte questão: entre os vários livros presentes nas listas de mais
vendidos no Brasil durante o período pesquisado, quais podem ser considerados como
livros-reportagem? Não existe, no entanto, caracterização satisfatória do que seja o livro-
reportagem, quais os elementos e características que o distinguam em meio a
publicações não-ficcionais de natureza diversa, como ensaios e obras memorialísticas ou
paradidáticas, entre outras, ou mesmo de livros que têm como característica a diluição
de supostas fronteiras entre ficção e não-ficção, como é o caso dos ―romances-
reportagem‖. De fato, não é aceitável que se defina o livro-reportagem, simplesmente,
como extensão do texto jornalístico noticioso, como propõem alguns acadêmicos, por
diferentes razões: há diferenças formais evidentes entre notícia e reportagem, e mais
ressaltadas ainda entre o livro-reportagem e a notícia; apesar de ambos terem,
normalmente, jornalistas como enunciadores, as práticas enunciativas das quais resultam
são bastante distintas, além de suas respectivas esferas e condições de produção
também não serem as mesmas; além disso, relações entre enunciador, texto e
enunciatário são bastante diferenciadas em um caso e outro, implicando regimes de
leitura diferentes; finalmente, além de ser uma opção por demais simplista, a proposta
de considerar o livro-reportagem como extensão da notícia tem um viés prescritivo que
deve ser evitado em uma pesquisa que busca justamente, entre outros objetivos,
identificar as características (formais, inclusive) das obras de maior sucesso entre o
leitorado brasileiro. Assim, foi necessário realizar um trabalho de pesquisa cujos
resultados foram, por um lado, a caracterização do livro-reportagem como gênero
discursivo, no sentido bakhtiniano do termo, e, por outro, a identificação dos livros-
reportagem mais vendidos no Brasil de 1966 a 2004.
O SUJEITO PRONOMINAL:
AS PESSOAS GRAMATICAIS E O TRAÇO SEMÂNTICO
Maria Zelma Meneses de Santana MATOS (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Rosane de Andrade BERLINCK
O objetivo deste trabalho é mostrar a variação do sujeito pronominal na fala
urbana itabiense em relação aos fatores lingüísticos: as pessoas gramaticais e o traço
semântico. Cunha (1986) observa que os pronomes eu, tu, ele (ela), nós, vós, eles (elas)
são normalmente omitidos em português, porque as desinências verbais bastam, de
regra, para indicar a pessoa a que se refere o predicado, assim como o número
gramatical (singular ou plural) dessa pessoa. Em oposição a este postulado, estudos
mostram que o português do Brasil (PB) estaria se tornando uma ―língua de sujeito
obrigatório‖, deixando de ser uma ―língua de sujeito nulo‖ como o português europeu e
as demais línguas românicas (TARALLO, 1983; DUARTE, 1996; ROBERTS, 1996). Lira
(1988) ressalta que o sujeito lexicalizado ocorre mais freqüentemente com referentes de
1ª e 2ª pessoas do que com os de 3ª pessoa. Duarte (1995) justifica que o sujeito nulo
de terceira pessoa é o mais resistente à mudança, porque conta com um referente
externo. Assim, presume-se que ―a identificação do sujeito nulo esteja ancorada na sua
coindexação com um SN numa posição acessível, seja no contexto discursivo, seja em
estruturas subordinadas com sujeitos correferentes‖ (p. 21). A referida autora afirma que
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―o sujeito nulo deixa, pois, de ser obrigatório para ser opcional, não havendo mais uma
relação direta entre flexão distintiva e sujeito nulo. Prova disso é, de um lado, a perda
significativa da realização do sujeito nulo na primeira pessoa do singular, que mantém a
única desinência exclusiva, e, de outro, o percentual superior na terceira pessoa, cuja
forma verbal no singular apresenta desinência número-pessoa zero, e é uma forma
polivalente no sistema lingüístico atual‖ (p.126-127). Quanto ao traço semântico,
estudos (DUARTE, 1995; 1997; AVERBUG, 2000) evidenciam que quando o traço
semântico do antecedente é [- animado], há uma tendência ao sujeito nulo. E, quando é
[+ animado], favorece o sujeito lexicalizado. Esta pesquisa está fundamentada na Teoria
da Variação e Mudança lingüísticas (LABOV, 1966; 1972 e 1982; WEINREICH, LABOV e
HERZOG, 1968). Segundo Labov (1972), uma das características das línguas é o seu
dinamismo, ou seja, não são estáticas, pois se modificam com o passar do tempo. Em se
tratando do sujeito pronominal, a variação se dá com a ausência e a presença de formas
lexicalizadas. O corpus foi constituído de 550 ocorrências de sujeito pronominal, com
referência específica, da fala de dezesseis moradores da cidade de Itabi - SE, de ambos
os sexos, escolarizados e não-escolarizados, com idade a partir de 20 anos. Para chegar
a uma caracterização, de fato, do português brasileiro, é preciso que o maior número
possível de variedades regionais seja descrito. Este é um dos motivos justificáveis para a
pesquisa.
UM OLHAR SOBRE O CONTEXTO DE PRODUÇÃO E SOCIAL EM TEXTOS
CONSTRUÍDOS POR UMA CRIANÇA EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO
Fabiana GIOVANI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
A presente comunicação expõe uma análise de algumas condições pressupostas
para o processo de criação de um texto, levando-se em consideração que para tal
processo ocorrer é preciso que se tenha o que dizer, uma razão para dizer, além da
necessidade de o autor ser sujeito do que diz, tenha para quem dizer e faça as escolhas
das estratégias para realizá-lo. A alfabetização não implica apenas na aprendizagem da
escrita de letras, palavras ou orações. Tampouco envolve simplesmente uma relação da
criança com a escrita. A criança pode escrever para si mesma, palavras soltas ou listas
para não esquecer ou para organizar o que já sabe. Pode, ainda, tentar escrever um
texto, mesmo que fragmentado, para narrar, registrar ou apenas dizer. O importante é
saber que essa escrita necessita ser, incondicionalmente, permeada por um sentido, por
um desejo, além de implicar ou pressupor, sempre, em um interlocutor. Assim, sabemos
que a língua, no seu uso prático, é inseparável de seu contexto e de seu conteúdo
ideológico, e a forma lingüística (signos) sempre se apresenta aos locutores no contexto
de enunciações precisas, o que implica sempre em um contexto ideológico preciso. A
análise de duas narrativas recontadas por meio da escrita por uma mesma criança em
diferentes épocas do ano, resgata aspectos trabalhados antes da produção textual,
procurando analisar a escrita e detalhando alguns procedimentos posteriores à produção.
Consideramos ser, no espaço da produção de textos, que o sujeito articula um ponto de
vista sobre o mundo além de marcar o seu próprio lugar no mesmo. Assim, a criança ao
escrever um texto, ainda que fosse recontar uma história já existente, tinha a liberdade
de se comprometer com sua palavra, e de apresentar uma articulação individual para
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contar sua história. Essa análise faz-se necessária devido ao fato de que, na escola,
muitas são as crianças que, em processo de alfabetização, acabam fracassando pelo
simples fato de seus textos não se enquadrarem exatamente nos padrões que costumam
ser esperados nesse momento de apropriação da escrita.
UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-
AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA
Levi Henrique MERENCIANO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Este trabalho é fruto do projeto de Iniciação Científica ―A leitura no Brasil de 1975
a 1990‖. O seu propósito foi analisar, baseado na teoria semiótica greimasiana, os livros
de ficção mais vendidos no país, de 1975 a 1990, com vistas a reconstituir as
expectativas do leitor. A partir dos resultados obtidos nessa primeira pesquisa,
sustentamos a hipótese de que os livros de ficção mais vendidos de cada ano
incorporaram à sua organização discursiva, no decorrer dos anos 1970 e 1980,
elementos típicos dos textos místico-esotéricos e de auto-ajuda. Sugerimos que esse fato
deu ensejo, devido à grande procura por discursos mais intimistas, ao surgimento da
classificação ―auto-ajuda e esoterismo‖, nos rankings dos livros mais vendidos,
publicados pela revista Veja, a partir de 1997. Tendo em vista que, de acordo com
nossas análises, os textos de ficção mais vendidos passaram a veicular um conteúdo
místico-esotérico a partir dos anos 80 – construindo leituras mais subjetivas –
acreditamos que os elementos vinculados a esse conteúdo (bruxaria, magia,
transcendência, espiritualismo, pensamento positivo, etc.) passaram a ser incorporados
aos textos de auto-ajuda, legando, dessa forma, uma tentativa de unir
autoconhecimento com teorias ocultistas ―pasteurizadas‖ para um público mais geral.
Tentamos estabelecer, a partir de tais constatações, as nuances e os entrecruzamentos
no que se refere à conjunção do ―misticismo-esoterismo-auto-ajuda‖, a fim de
descrevermos a organização e o funcionamento dos textos que fazem parte dessa
manifestação discursiva, classificados por Veja, nas suas listas semanais, como ―auto-
ajuda e esoterismo‖. Baseamos a construção de nosso corpus nessas listas, que
compõem o nosso objeto, com o intuito de observar a progressão, semana a semana,
dos mais vendidos, no decorrer dos anos de 1991 a 2006 (como continuação do projeto
da graduação). A partir delas, selecionamos os 20 (vinte) textos mais vendidos no
período em questão e examinamos o seu plano de conteúdo. Para o refinamento da
análise semiótica pretendida, baseamo-nos nas tipologias discursivas propostas por José
Luiz Fiorin, em seu texto Sobre as tipologias dos discursos. Nele, o autor afirma a
importância de elaborar tipologias específicas para os diferentes tipos de discurso – e não
classificá-los segundo gêneros normativos. Para tanto, é necessário observar a incidência
dos componentes dos níveis fundamental, narrativo e discursivo, do percurso gerativo de
sentido criado pela semiótica, a respeito dos quais podemos notar a relevância: dos tipos
de junção (textos conjuntivos ou disjuntivos); dos percursos dos actantes funcionais
(destinador-manipulador, destinatário-sujeito, destinador-julgador); dos procedimentos
de manipulação (sedução, tentação, intimidação, provocação); das fases da narrativa
(competência, manipulação, perfórmance e sanção); do objeto-valor (modal ou
descritivo); do predomínio de temas ou de figuras; da projeção do enunciador no
enunciado. De acordo com o artigo de Fiorin (Significação. Revista brasileira de
Semiótica. São Paulo, n. 8, p. 91-8, out. 1990), observa-se que um texto policial
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privilegia a fase da perfórmance, por isso, valoriza o percurso da sanção, em que o
criminoso é julgado, enquanto um texto jornalístico sensacionalista expõe a fase da
competência e da perfórmance, ou seja, os meios para o acontecimento do fato e o
desenrolar da sua ação. Auto-ajuda e esoterismo, à maneira dos textos programadores
(manuais técnicos e bulas de remédio), tendem a privilegiar a fase da manipulação e da
competência, por isso, o percurso do destinador-manipulador contribui para que o seu
destinatário (o leitor), enquanto sujeito operador, adquira, primeiramente, um querer e
um dever-fazer, a fim de que saiba e possa adquirir o conhecimento específico, doado
pelo livro enquanto um objeto-valor de natureza cognitiva. Concluímos até o momento
que a maioria dos textos examinados incidem sobre os seguintes componentes: na
conjunção; no percurso do destinador-manipulador, na fase da manipulação, em objetos-
valor modais e descritivos essenciais; no enunciador e enunciatário explícitos; em uma
organização discursiva tão temática quanto figurativa.
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III. Resumos de trabalhos apresentados em Painéis
A CONCATENAÇÃO SEMÂNTICA DO TEMPO NO NÍVEL TEXTUAL
Patricia Ormastroni IAGALLO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
Além das informações trazidas pelos advérbios e pelos verbos, o falante dispõe de
muitas outras possibilidades para lidar linguisticamente com a noção de tempo nos
enunciados. O poder de criação nesse sentido é sempre seguro porque segue as intuições
que o falante nativo tem a respeito das estruturas lingüísticas de sua língua. Apesar da
complexidade da noção lingüística de tempo, os falantes não apresentam dificuldades
para falar nem para entender essa noção. A complexidade desta noção aparece somente
quando o lingüista começa a explorar todas as suas implicações. Com relação ao
mecanismo de uso das flexões verbais de modo e tempo, o falante não dispõe apenas
das tradicionais regras gramaticais que definem a ordem dos tempos e modos verbais
nos enunciados, mas há outros valores discursivos que interferem na estrutura temporal
das orações. Isto se torna bastante óbvio quando, por exemplo, se leva em conta a
tradicional afirmação que diz que, no discurso, um tempo verbal está sendo usado por
outro, sem levar em conta outros elementos da oração que, na verdade, comandam o
significado temporal das orações. As idéias de tempo, expressas pelas noções de
passado, presente e futuro podem ser colocadas numa escala temporal, em seqüência.
Neste contínuo, a marca do tempo é sempre muito coerente: passado é sempre passado,
futuro é sempre futuro e presente é sempre presente. Portanto, não existe mais de um
sentido para um morfema de modo e de tempo na língua portuguesa. O resultado
semântico nos enunciados não deve desconsiderar os valores atribuídos pela língua aos
morfemas. As aparentes equivalências devem ser vistas não sobre o morfema, mas
sobre todo o enunciado. À medida que o texto se alonga, a complexidade na definição do
tempo lingüístico também aumenta, é por esta razão que os falantes precisam sempre
reestruturar o esquema temporal do discurso. Este painel apresentará alguns esquemas
temporais que vem sendo formulados no mestrado da autora deste painel, cuja
dissertação se propõe a descobrir um modelo formal descritivo dos modos de expressão
lingüística do tempo (verbo, parágrafos, léxico) para provar, com o que irá refletir desse
modelo, que o tempo da língua possui regularidades e essas podem explicar qualquer
formação temporal lingüística que possa aparentemente estar em discordância com as
gramáticas normativas. Os esquemas temporais que serão apresentados seguem o
modelo descritivo de Reicheinbach (1956) que opera com três construtos fundamentais:
ME (momento do evento), MR (momento de referência) e MF (momento da fala).
A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS FALADO
NO INTERIOR PAULISTA
Natália Cristina OLIVEIRA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Odette Gertrudes Luiza Altmann de Souza CAMPOS
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O caráter social dos fatos lingüísticos e a percepção da variabilidade na qual a
língua está submetida são pontos essenciais no que tange à reflexão sobre a natureza da
linguagem humana. Deste modo, língua, sociedade e sujeito são realidades que se
relacionam, a existência de uma está diretamente relacionada com a existência das
outras. Reconhecer e estudar a variação lingüística como um fenômeno presente em
todas as línguas naturais, incluindo o português brasileiro, é um dos primeiros passos
para contribuirmos para a descrição do português falado. Pensando em colaborar na
caracterização do dialeto falado no interior paulista, o presente projeto tem como tema a
concordância nominal (CN, daqui em diante) que, como comprovam vários trabalhos
sociolingüísticos, constitui uma regra variável presente em vários dialetos do português
brasileiro (PB). Vale ressaltar que este projeto é decorrência de outro, mais abrangente,
pertencente ao Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários do IBILCE / UNESP,
sob a denominação ―O português falado no interior paulista: constituição de um banco de
dados anotado para o seu estudo‖ (Processo FAPESP 03/08058-6). Este projeto conta
com a amostra de fala de 152 informantes de São José do Rio Preto e região, que foram
selecionados a partir de um controle das seguintes variáveis sociais: sexo/gênero,
escolaridade, faixa etária e classe social. Utilizando as amostras de fala deste banco de
dados, apresentaremos uma análise, por meio da pesquisa sociolingüística, de algumas
variáveis lingüísticas que contribuem para a realização ou para a não-realização do
fenômeno da CN no dialeto do interior paulista. Para tanto, são controladas as variáveis
gênero, faixa etária (16-25, 26-55 e mais de 55 anos) e escolaridade (Ensino
Fundamental, Médio e Superior). Das 152 amostras do censo lingüístico da região de São
José do Rio Preto, selecionamos 18 para esse estudo, de modo a obtermos uma
distribuição equilibrada, orientada pelas variáveis sociais acima mencionadas. Além
dessas variáveis de natureza social, estamos considerando as seguintes variáveis de
natureza lingüística: quantidade de elementos no SN, elemento que recebe marca de
plural, composição do SN, categoria morfológica do elemento, marcas precedentes,
contexto fonético-fonológico seguinte ao elemento, saliência fônica; processo de
formação do plural e tonicidade da sílaba do item singular. Devo lembrar que o fenômeno
da CN já foi bastante estudado em vários dialetos brasileiros por vários autores, no
entanto, o ineditismo desta pesquisa se dá pelo fato de não haver um estudo acerca da
CN presente, ou não, na fala de habitantes do interior paulista, de modo que esperamos
que a análise de tais falas contribua para estimular a realização de novas pesquisas e
análises do nosso patrimônio lingüístico, ainda um tanto quanto desconhecido dos
próprios lingüistas. Ao final desta pesquisa, será possível perceber as reais manifestações
de fala da nossa comunidade, contribuindo, assim, com o próprio ensino do português.
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO MARANHENSE EM PROPAGANDAS
TURÍSTICAS OFICIAIS
Rosélis Barbosa CÂMARA (UNESP-FCL-Araraquara/
Orientadora: Ucy SOTO
A publicidade é uma poderosa ferramenta para promover o turismo moderno,
juntamente com um discurso tecido por uma linguagem sedutora acompanhado de belas
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imagens. No cerne desse jogo de linguagens está um incessante trabalho de produção de
subjetividade, um trabalho que de acordo com Michel Foucault (em Vigiar e Punir) traduz
a mecânica de um poder que se desenvolve de modo estratégico a partir do século XVII.
Em Vigiar e Punir, o filósofo estuda as relações entre o discurso e os demais fatores -
sociais, econômicos, culturais etc - que produziam o indivíduo normalizado. São
observadas que as intrincadas relações entre o saber e o poder fabricaram sujeitos e se
materializavam em práticas que Foucault chamou de disciplinares, as quais se derivaram
da nova maneira de o capitalismo nascente produzir riqueza. O autor parte do princípio
de que o sujeito é uma permanente construção, no interior da história, e Foucault mostra
isso a partir da análise do funcionamento das prisões, das práticas de exame e da
correção. Daí ele conclui que o capitalismo traçou uma série de estratégias de poder para
ligar o indivíduo ao trabalho, para torná-lo força produtiva. O turismo é uma dessas
estratégias do capitalismo que leva o sujeito a se pensar livre, mas que o mantém dentro
de suas amarras. Este trabalho apresenta uma breve análise de como a propaganda
turística, veículo da indústria cultural, promove uma imagem do Maranhão a partir de um
discurso edênico, que procura demonstrar uma perfeita harmonia entre homem, natureza
e paisagem urbana. Tal relação aliada ao discurso da singularidade, de paraíso terrestre,
constrói uma representação de um lugar ideal: um produto vendável para o consumo.
Para tanto, utilizamos um corpus constituído pelo gênero propagandas oficiais sobre o
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM), representante maior do patrimônio
natural e turístico do estado do Maranhão. O referencial teórico da pesquisa segue os
postulados da Análise do Discurso francesa (AD), pois para essa teoria o discurso,
enquanto processo enunciativo, exibe em sua materialidade a articulação do lingüístico
com a História. E é nessa ordem do histórico que se podem resgatar os vestígios da
memória discursiva que edifica uma identidade para o espaço maranhense.
A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
Tauanne Tainá AMARAL (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O projeto irá apresentar a realização dos clíticos no Português Arcaico, a partir das
Cantigas de Santa Maria, a fim de se chegar à determinação do direcionamento da
cliticização e a pistas da constituição de constituintes prosódicos maiores (tais como
palavra fonológica, grupo clítico, frase fonológica, grupo entoacional e enunciado
fonológico), considerando-se, como ponto de partida, a estrutura sintática dos
enunciados e o direcionamento da cliticização sintática. Será exposto um estudo que
mapea o posicionamento de clíticos com relação à palavra prosódica (se antes – posição
proclítica; ou depois – enclítica; ou, ainda, no meio - mesoclítica) e a verificação do
direcionamento da subordinação prosódica, com relação à formação dos constituintes de
níveis superiores, nas Cantigas de Santa Maria. Como a origem e a evolução dos
fenômenos prosódicos do Português ainda são, em grande parte, um dos pontos mais
inexplorados da história da nossa língua, a descrição dos fenômenos prosódicos e de sua
relação com os processos segmentais de um período passado desta língua (no caso, o
PA) constitui uma contribuição importante e inédita no sentido de elucidar mais
completamente a história da Língua Portuguesa. O trabalho exposto está vinculado a um
projeto mais amplo, intitulado ―Fonologia do Português Arcaico‖, registrado no Diretório
dos Grupos de Pesquisa do CNPq e coordenado pela orientadora deste Projeto, Profa.
Dra. Gladis Massini-Cagliari. Resumidamente, o que pretende tal grupo é o estudo dos
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vários aspectos fonológicos de tais cantigas. Portando, a pesquisa que será exposta, dá
continuidade ao referido projeto maior, pretende ir além do nível do acento lexical, ao
investigar também os processos rítmicos e prosódicos, descrevendo a interação entre a
palavra prosódica e os clíticos que a ela podem se subordinar. A metodologia baseia-se
no mapeamento de todos os elementos possivelmente clíticos (artigos, pronomes
oblíquos e conjunções/preposições), a partir de sua ocorrência nas Cantigas de Santa
Maria. Desta forma, a pesquisa a ser desenvolvida neste Projeto visa uma análise
quantitativa e qualitativa dos dados, uma vez que, a partir da quantificação da ocorrência
dos clíticos nas cantigas e do seu posicionamento, pretende-se chegar a afirmações
quanto à constituição de constituintes prosódicos superiores.
ANÁLISE MORFOFONOLÓGICA DO PROCESSO DE ADJUNÇÃO DOS SUFIXOS DE
GRAU NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA
Thais Holanda de ABREU (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O foco do presente trabalho incide sob o estudo dos processos morfofonológicos
desencadeados pela derivação, isto é, processos que alteram a forma de morfemas,
gerando alomorfias em vários níveis, a partir da adjunção de sufixos de diminutivo (-inho
e variações) e de aumentativo (-on(a) ) a bases nominais no galego-português medieval,
fase trovadoresca, século XIII. Os processos tratados como morfofonológicos nesta
pesquisa são analisados por meio de cantigas medievais galego-portuguesas nas quais
estão inclusas as cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria, denominadas Cantigas
de Santa Maria (CSM). Tais cantigas têm notação musical, foram mandadas compilar
pelo Rei Afonso X e chegaram até nós através de quatro manuscritos antigos, conhecidos
como códices, a cujos microfilmes o Grupo de Pesquisa Fonologia do Português Arcaico
(ao qual a presente pesquisa está vinculada) tem acesso. As CSM são de suma
importância para o estudo do passado da língua portuguesa, pois de acordo com Leão
(2007, p.9) ―As Cantigas, nas brumas da história, coincidem com o momento fundador
do Reino de Portugal e também da língua portuguesa‖. Além disso, a maior riqueza
lexical, de temas e formatos, faz destas cantigas um testemunho imprescindível para a
investigação dos processos de ampliação do léxico produzidos naquele momento da
língua. Até o presente momento está sendo feito um levantamento da ocorrência de
nomes aumentativos e diminutivos em glossários e vocabulários presentes nas edições
das CSM além do mapeamento de tais ocorrências no corpus das duzentas e trinta
primeiras cantigas. A partir dos dados coletados referentes a essas duzentas e trinta
cantigas, é possível observar que naquela época o diminutivo era mais produtivo que o
aumentativo, pois foram encontradas no corpus da presente pesquisa muito mais
ocorrências para o sufixo –inho. Os resultados preliminares desta pesquisa têm apontado
para hipóteses promissoras a respeito do status e do processo de adjunção dos
morfemas de grau no Português Arcaico. Objetiva-se em um momento futuro, analisar, a
partir dos dados que estão ainda sendo coletados, os processos morfofonológicos de
adjunção desses morfemas específicos sob o ponto de vista de modelos da fonologia não-
linear, em especial o modelo lexical de Mohanan (1986), pretendendo contribuir para a
descrição mais geral do componente fonológico da língua naquela época.
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ANTROPÔNIMOS DE ORIGEM INGLESA: ADAPTAÇÕES FONOLÓGICAS POR
FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Suzana Maria Lucas Santos de SOUZA
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
Esta pesquisa tem como propósito investigar os processos fonológicos utilizados
pelos falantes do Português Brasileiro (PB)ao pronunciar os nomes próprios de pessoas -
oriundos da língua inglesa - e adaptá-los ao seu sistema fonológico. Com esse estudo,
pretende-se mostrar que na escolha desses antropônimos, os falantes do PB,
desavisados da estrutura fonológica da língua de origem desses nomes, desencadeiam
vários processos, entre eles o de ressilabação, reestruturando a organização das sílabas
dessas palavras de acordo com seu sistema fonético-fonológico, o que as torna bem
diferentes da estrutura silábica da língua de partida. O tema da pesquisa relaciona-se de
forma direta com a definição de uma "identidade fonológica" do português, inserindo-se
na polêmica discussão dos limites entre o que se convenciona chamar "estrangeirismo"
(palavra estrangeira não adaptada) e "empréstimo" (palavra estrangeira já adaptada à
língua de chegada). Destaca-se a relevância de outras línguas, em especial, o inglês,
como fonte de empréstimo ao léxico português. Verifica-se que, com o passar do tempo,
os anglicismos podem também sofrer um processo de adaptação morfológica, passando a
fazer parte da língua portuguesa. Trata-se, dessa forma, não apenas de um processo de
nativizacao ortográfica, mas de uma questão de incorporação ao léxico da língua de
destino. Levanta-se o seguinte questionamento: os antropônimos graficamente
naturalizados ou não, ainda que com grafias alienígenas, distanciadas do sistema
ortográfico da língua portuguesa, podem ou não ser classificados como "brasileiros", do
ponto de vista fonológico, a partir do momento em que perderam as características da
língua de partida e incorporaram regras fonológicas da língua de chegada? O corpus
dessa investigação científica é constituído por uma lista de nomes próprios, de origem
inglesa, adquirida em escolas públicas na cidade de São Luís do Maranhão. Pretende-se,
através de gravações realizadas com os sujeitos informantes, realizar análises
espctrográficas para uma interpretação mais apurada dos dados,os quais serão avaliados
com base no instrumental fornecido pelas teorias fonológicas não-lineares, em especial
as teorias métrica, lexical e a auto-segmental (geometria de traços).
APRENDÍ O HE APRENDIDO: UMA ABORDAGEM COMPARATIVA SOBRE O USO
DOS PRETÉRITOS INDEFINIDO E PERFEITO EM LÍNGUA ESPANHOLA
Leandro Silveira de ARAÚJO
Orientadora: Mônica Ferreira MAYRINK
O objetivo deste trabalho é proceder ao estudo do uso dos tempos verbais
Pretérito Perfecto de Indicativo e Pretérito Indefinido de Indicativo, em língua espanhola.
Esse tema foi escolhido em razão das dificuldades que esses tempos verbais costumam
apresentar durante o processo de aprendizagem de língua espanhola por estudantes
brasileiros devido à distância que parece haver entre os usos descritos pelas gramáticas
e pelo uso real desses tempos verbais por falantes nativos de espanhol. Partindo da
análise da descrição feita pelas gramáticas e da perspectiva de uso dos passados
conforme sua manifestação na língua falada por falantes nativos de espanhol, o estudo
pretende contribuir para a elaboração de um material explicativo que aborde o tema em
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questão, conciliando as duas referências acima expostas. Pretende-se que esse material
possa vir a alimentar ambientes virtuais de aprendizagem de língua espanhola.
Particularmente, o estudo em questão contribuirá para o aprimoramento do material
disponibilizado no ambiente do curso Oficina Virtual de Língua Espanhola (versão
piloto em desenvolvimento no primeiro semestre de 2008), dirigido a alunos do curso de
Letras Espanhol da FCLAr. Esse ambiente virtual de aprendizagem, desenvolvido na
Plataforma Moodle, conta com um Fichero Gramatical que armazena informações
diversas sobre aspectos gramaticais que representam dificuldades para o aluno brasileiro
de LE. Os resultados dessa pesquisa poderão alimentar o fichário com informações
pertinentes ao estudo desses tempos verbais, indo mais além das referências que podem
ser encontradas em gramáticas, pois contará também com informações a respeito da
língua em uso. As seguintes perguntas orientam a pesquisa: a) Que descrição as
gramáticas fazem do uso do Pretérito Indefinido de Indicativo e no Pretérito Perfecto de
Indicativo, em espanhol? b) Que percepção têm falantes nativos (professores) de língua
espanhola a respeito do uso do Pretérito Indefinido de Indicativo e do Pretérito Perfecto
de Indicativo, na língua falada? Assim, nesta apresentação serão destacados, entre
outros, os objetivos, a metodologia adotada e resultados já obtidos até o momento da
apresentação, a saber: sistematização dos usos segundo as gramáticas normativas,
ferramenta de entrevista e dados iniciais dos primeiros contatos com os falantes
entrevistados.
ESTUDO DO SISTEMA ORTOGRÁFICO DE POEMAS MANUSCRITOS DE
SOUSÂNDRADE NO SÉCULO XIX EM SÃO LUIS-MA
Vilma de Fátima Diniz de SOUZA
Orientador: Luis Carlos CAGLIARI
Este estudo do sistema ortográfico de poemas manuscritos no século XIX em São
Luis do Maranhão é uma pesquisa em processo embrionário da análise descritiva e
comparativa da escrita daquele século. O corpus utilizado para tal análise provém, a
priori, das análises dos poemas manuscritos entre 1889 – 1899 do grande poeta
maranhense Joaquim de Sousa Andrade, cognominado e conhecido por Sousândrade.
Esses poemas foram retirados do livro fac-similado intitulado, Poesia e Prosa reunidas de
Sousândrade organizado por Frederick G. Willians e Jomar Moraes, 2003. A metodologia
utilizada, em um primeiro momento, parte de alguns poemas do livro acima citado. As
primeiras análises e descrições estudadas foram retiradas do texto Harpa de Ouro, que é
composto por 285 estrofes e Liras Perdidas com 48 poemas. A partir do corpus foi
possível fazer um levantamento de todos os vocábulos, estudando a grafia dos mesmos
em comparação a ortografia atual utilizada no Brasil. Foram distribuídos em tabelas
dividindo-os em categorias para se fazer as comparações devidas. Desta forma, pode-se
saber as regras e o emprego das letras e marcas da escrita nesse gênero em estudo.
Partiu-se, metodologicamente, do estudo da história da ortografia de autores renomados
dos séculos passados, como podemos exemplificar Duarte de Souza, Madureira Feijó,
Fernão de Oliveira dentre outros. Os artigos, livros e trabalhos do professor Luis Carlos
Cagliari e da professora Gladis Massine-Cagliari servem-nos de pressupostos teóricos
para uma análise e comparação desse estudo. Essa pesquisa partiu do estudo organizado
em categorias feito da ortografia em todo o seu contexto como; as letras do alfabeto, sua
contribuição em diferentes contextos de vocábulos, sinais de pontuações, tipos de letras,
seqüências de letras, como as mudas e as duplicadas etc. Acredita-se que a partir do
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estudo com os fac-símiles dos manuscritos de Harpa de Ouro e Liras Perdidas,
inicialmente, e, posteriormente com os outros documentos históricos manuscritos do
século XIX em São Luis há possibilidades de análise descritivo-comparativa da escrita
ortográfica do português do Brasil.
ESTUDO SINTÁTICO-SEMÂNTICO DOS VERBOS DAS TOADAS
DE BUMBA-MEU-BOI
Joelina Maria.da Silva SANTOS (UNESP-FCL-Araraquara/UFAM)
Orientador: Sebastião Expedito IGNÁCIO
A presente pesquisa visa o estudo da tipologia verbal das toadas de Bumba-meu-
boi baseado na Gramática de Valências e na Gramática de Casos. Para a descrição
lingüística das toadas são observados aspectos referentes ao envolvimento do autor, do
assunto e do leitor. Longe estamos de penetrar no mistério do processo criador das
toadas, mas as considerações feitas por nós sobre as toadas. A proposição de uma
análise sintático-semântica nos permitirá algumas deduções e conclusões, para
revelarmos do que se valeu o autor, o que buscou para caracterizar uma realidade
apoiada em vivências humanas. Considerando que não haja nenhum trabalho dessa
natureza realizado, julgamos importante o desenvolvimento dessa pesquisa, como
contribuição não apenas de representação estrutural, mas que possa abrir novas
discussões e reflexões que possam descrever as realizações verbais fora dos paradigmas
tradicionais. Para Ignácio (2003), os verbos podem representar uma visão dinâmica da
realidade, e representar uma visão estática da realidade, nessa perspectiva, os verbos
das toadas podem ser dinâmicos: de ação – em que há um FAZER por parte do
argumento de primeiro grau, o sujeito; processo – em que há uma ACONTECER em
relação ao sujeito ou ao objeto; ação-processo – em que há, ao mesmo tempo, um
FAZER por parte do sujeito e um ACONTECER em relação ao objeto; ou de estado que
são aqueles em que, sendo o sujeito inativo, a eles se atribuem um estado, uma
qualidade ou uma condição e os principais casos semânticos, que são: agente ou
agentivo; paciente; receptivo; beneficiário; experimentador; causativo; objetivo; origem;
locativo, o que através da pesquisa vamos avaliar se a tipologia verbal das toadas retrata
as características desses textos (escritos). A pesquisa descreve os verbos de várias
toadas para identificar as particularidades existentes. A recorrência de mais de um
modelo de descrição é necessária, valendo-se dos aspectos pertinentes que cada um
possa oferecer. Recorreremos ao modelo de Tesnière (1961), Chafe (1970), Vilela
(1984), Borba (1996) e Ignácio(2003).Para a análise dos valores semânticos dos
constituintes oracionais, servem de base os estudos de Fillmore.
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INVESTIGANDO PROCESSOS DE AUTORIA ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DE
RELATÓRIO CIENTÍFICO POR GRADUANDO EM QUÍMICA
Luciana MASSI (Universidade Nove de Julho)
Orientadora: Salete Linhares QUEIROZ (IQ/USP-São Carlos)
Neste trabalho analisamos os discursos envolvidos na produção do relatório de
Iniciação Científica (IC) de um aluno de graduação em Química. Essa análise foi feita
com base nos critérios estabelecidos por Eni Orlandi para a classificação dos tipos de
repetição envolvidos na produção de um texto em: empírica, formal e histórica. A
repetição empírica é aquela na qual o indivíduo repete exatamente da forma como leu ou
ouviu. A repetição formal se constitui num exercício gramatical, no qual o indivíduo
repete o que leu ou ouviu de maneira um pouco diferenciada, mudando as frases, mas
dizendo essencialmente a mesma coisa. Enquanto na repetição histórica o sujeito
historiciza seu dizer, num jogo com a memória discursiva diretamente ligado à
interpretação. Analisamos o relatório científico intitulado ―Medidas de hidrofobicidade da
parede celular de leveduras por adesão a hidrocarbonetos: diferentes leveduras,
hidrocarbonetos e meios de suspensão de células‖, produzido pelo aluno Eduardo, sob
orientação do co-orientador Pedro (nomes fictícios). O relatório do aluno, redigido no
intervalo de aproximadamente um mês, trata dos dados por ele coletados no decorrer de
um ano, no qual realizamos pesquisa de caráter etnográfico e registramos (na forma
escrita e em áudio) as suas atividades no laboratório. O documento foi produzido em
várias etapas e versões, às quais tivemos acesso, que conduziram à produção do
relatório final, o que nos permitiu conhecer o processo de produção do relatório e
viabilizou nosso trabalho de análise. Eduardo deu continuidade a um projeto de pesquisa
iniciado por outra aluna de IC, sendo que o relatório dessa serviu de base para o seu
texto, assim, verificamos as relações entre esse ―texto primeiro‖ e o relatório de
Eduardo. Em nossa análise, identificamos a presença dos três tipos de repetições, nas
diferentes seções do relatório, incluindo a repetição histórica que sugere o
posicionamento do aluno enquanto autor. De maneira geral acreditamos que mesmo
tendo copiado algumas partes do relatório da bolsista anterior, pelo funcionamento da
repetição formal, o aluno compreendeu a maior parte do texto e operou com a gramática
de forma a aprimorar a redação do relatório. Nos trechos em que observamos a repetição
histórica, percebemos o desenvolvimento da compreensão do tema de pesquisa e da
autonomia do aluno, ao escrever os trechos de forma livre, mas trazendo pela via da
memória discursiva, informações corretas e específicas para sua pesquisa. A partir das
correções que o co-orientador fez no texto percebemos o sucesso do aluno nas operações
descritas. Na nossa análise, destacamos, ainda, a distinção entre deslocamentos de
sentidos que não apontavam para o sentido original do texto. Nossa preocupação se
apóia na própria constituição do discurso científico que não permite abertura para a
inserção de novos sentidos. Desta forma, consideramos que apesar de nem sempre
deslocar o ―já-dito‖, o aluno se manteve atrelado às regras do discurso científico, o que
sugere a apropriação da linguagem científica, dada, essencialmente, pela experiência da
prática da pesquisa vivenciada diariamente no laboratório. Encontramos ao longo da
análise marcas que sugerem e confirmam nossa conclusão.
LÍRICA TUPI DE ANCHIETA
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Fernanda Regina MISTIERI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Cristina Martins FARGETTI
A pesquisa focaliza-se na lírica tupi de Anchieta, discutindo a possibilidade de
análise do acento via métrica adotada pelo autor. Da sua antologia poética, 18 poesias
foram escritas inteiramente em língua tupi, dentre as quais destacamos para análise aqui
a ―Cantiga por ‗O sem ventura‘ a Nossa Senhora‖ e ―Dos Mistérios do rosário de Nossa
Senhora‖. Na primeira, nos focamos em analisar as diferentes traduções já feitas e
propor uma outra possibilidade de tradução da mesma. Na segunda nos dedicamos aos
aspectos da língua tupi, como a acentuação e sílabas tônicas, que são bastante
explorados por Anchieta nessa composição. Para tanto, foi essencial adquirir uma visão
geral da língua tupi antiga (principalmente através de Navarro, 2006a, 2006b) iniciando
nossos estudos na área de lingüística indígena, nos familiarizando com textos que
descrevem e documentam línguas brasileiras. Obtivemos um conhecimento de fonética e
fonologia inicial (Cagliari, 2002, Silva, 2005), complementado por disciplinas cursadas na
graduação. Também pudemos observar como foi documentado o tupi antigo, língua
amplamente falada na costa do país na época da colonização, e que desapareceu,
deixando hoje como reflexo a ainda existente língua geral amazônica, o nheengatu,
objeto de estudo de vários pesquisadores atuais. Pudemos ver a produção anchietana na
língua tupi e lançar hipóteses sobre a sua estrutura prosódica através da observação da
métrica dos poemas (tipo de abordagem prevista em trabalhos como os de Massini-
Cagliari (1995), por exemplo, para o Português Arcaico). Contudo, para uma análise
adequada, precisamos contar com um estabelecimento confiável dos textos anchietanos
e por isso observamos várias edições dos mesmos (Anchieta, 1954, 1984, 2004),
conferindo, a princípio, as traduções também. Observamos divergências na transliteração
e na tradução feitas pelos diversos organizadores das edições. Uma delas (de 1954)
apresenta fac similes, contudo estão em forma reduzida, requerendo ampliação. O ideal
seria o trabalho com uma edição fac similar mais aprimorada, em termos gráficos, uma
vez que o acesso aos originais seria, para este momento, praticamente impossível, pois
se encontram na sede da Companhia de Jesus, em Roma, necessitando de aprovação
eclesiástica para sua manipulação. E, a partir do que foi já observado por nós,
percebemos a possibilidade de continuidade da pesquisa em projetos futuros.
O ASPECTO VERBAL EM JERÔNIMO SOARES BARBOSA (1822)
Alexandre Wesley TRINDADE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Luiz Carlos CAGLIARI
Este trabalho tem por objetivo apresentar pontos fundamentais da teoria sobre o
aspecto verbal em Jerônimo Soares Barbosa (1737-1816), expostos em sua Grammatica
Philosophica da Lingua Portugueza (1822). Utilizamos o método comparativo contrastivo
entre gramáticas normativas tradicionais do século XX e a citada gramática filosófica do
século XIX. Como ponto de partida, mostramos a conceitualização e categorização de
verbo apresentado nas gramáticas tradicionais, enfatizando a abordagem de seus
elementos constitutivos e terminologias adotadas. Na Grammatica Philosophica da Lingua
Portugueza, o autor privilegia o encadeamento dos elementos constitutivos da estrutura
do verbo na organização do discurso e introduz a noção de aspecto verbal destacando
seus princípios semânticos, morfológicos e sintáticos.
O LÉXICO NA PRODUÇÃO DE TEXTOS: UM ESTUDO ENUNCIATIVO
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Jacqueline JORENTE (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Letícia Marcondes REZENDE
Pautada na ―Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas‖, do lingüista
francês Antoine Culioli, nossa pesquisa de Mestrado estuda relações léxico-gramaticais
no processo de produção de significação em redações escolares. O objetivo que temos é
dar continuidade a estudos enunciativos focalizando o léxico, tal como desenvolvemos ao
longo do ano de 2007 em iniciação científica sobre a questão, a fim de por meio de tais
reflexões apresentarmos discussões voltadas ao ensino/aprendizagem de Língua
Portuguesa. Abordar o léxico a partir de uma perspectiva culioliana significa trabalhar
com o conceito de ―noção‖, colocando-se em um momento anterior a cristalizações. Tal
posicionamento aparece ligado a uma concepção de linguagem como forma de apreensão
do mundo pelo sujeito que se constrói mediada por fatores físico-culturais e mentais.
Para Culioli, a linguagem é uma atividade de construir representações, que são
referenciadas e reguladas. Na construção destas representações é que a ―noção‖ estaria,
permeando produções de significações que se dão sempre entre sujeitos enunciadores a
partir da relação destes com o mundo. Por meio de tal fundamentação teórica, no
trabalho que temos desenvolvido focamos especificamente construções tradicionalmente
classificadas como sinonímicas, selecionadas como ocorrências a partir das quais
discutimos a hipótese de que a construção lexical é delineada por relações léxico-
gramatical-discursivas. Tal perspectiva implica repensar os conceitos clássicos de
relações sinonímicas ou parafrásticas e vem confrontar-se com a visão tradicional acerca
do léxico, que geralmente é abordado como tendo um estatuto pleno na língua,
independentemente do contexto em que atua. O desenvolvimento das etapas iniciais de
nosso estudo tem nos mostrado a fundamental importância do contexto na produção de
significação, o que leva a uma discussão acerca da relevância de se adotar no ensino
uma abordagem lexical sob uma perspectiva enunciativa. Tal perspectiva implica propor
uma articulação entre questões léxico-gramaticais e produção/interpretação de textos, e,
desse modo, seria capaz de promover o desenvolvimento da capacidade discursiva dos
alunos, tais como os PCNs de Língua Portuguesa sugerem.
O OUTRO SUJEITO CONSTITUÍDO ATRAVÉS DA APRENDIZAGEM
DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA
Patrícia FALASCA (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Alessandra DEL RÉ
O presente trabalho insere-se em uma pesquisa mais ampla que pretende, entre
outras questões, tratar do processo de constituição de identidade/alteridade na fala da
criança pequena. Diante disso, esta pesquisa procurará cercar essa constituição da
subjetividade/identidade em indivíduos adultos, ao aprenderem uma língua estrangeira.
Para a realização desta pesquisa, parte-se da idéia de que uma língua não deve ser
concebida simplesmente como um instrumento utilizado na comunicação humana, mas
sim como um recorte de uma realidade específica, veículo de transmissão de uma visão
de mundo, intrinsecamente atrelada a uma cultura. Acredita-se, também, que é na
linguagem e através dela que o indivíduo se constitui como sujeito no mundo. É a partir
destas concepções que se faz possível afirmar que ―o eu da língua estrangeira não é,
jamais, completamente o da língua materna‖ (Revuz, 1998, p.225). Ao se confrontar
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com uma língua que não aquela na qual está inserido diariamente desde a infância, o
indivíduo é colocado em uma posição de deslocamento em relação à realidade recortada
por sua língua materna, tendo a necessidade, para se inserir e adaptar-se a esta nova
realidade que se configura, de desenvolver um outro sujeito, necessariamente diverso do
sujeito em língua materna. Como base teórica para o desenvolvimento desta pesquisa
são utilizados autores como Bakhtin (1990), Vigotski (2000), Bruner (1997) e Krashen
(1999, 2003), entre outros, para a formação dos conceitos básicos que se farão
presentes durante toda a discussão proposta. Objetiva-se, com este trabalho, buscar
marcas lingüísticas e não-lingüísticas (como elementos prosódicos, etc.), que
evidenciem, na fala de adultos aprendizes de uma língua estrangeira, o processo de
constituição de um outro sujeito emergente na linguagem, considerando o deslocamento
identitário causado pela inserção do indivíduo em uma língua que difere de sua língua
materna. O corpus utilizado na análise será obtido através de gravações de aulas
semanais de inglês como língua estrangeira em uma escola de idiomas, com uma turma
de dois alunos. As aulas serão gravadas durante um ano e, após a transcrição do
material obtido, esses dados serão submetidos à análise com base na teoria abordada e
discutida no trabalho. Serão realizadas, também, entrevistas com os aprendizes
participantes das gravações, que se darão antes de serem iniciadas as gravações e
depois do término das mesmas, totalizando duas entrevistas de cada aluno. Estas
entrevistas também farão parte dos documentos a serem analisados na pesquisa. Este
trabalho abre caminhos, também, para o entendimento de certas dificuldades
apresentadas por alunos ao aprenderem uma língua estrangeira.
PROCESSOS DE SÂNDI NO PORTUGUÊS ARCAICO: CANTIGAS DE SANTA MARIA.
Ana Carolina Freitas Gentil Almeida CANGEMI (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O objetivo desta pesquisa de Iniciação Científica é a análise do sistema vocálico
encontrado nas Cantigas de Santa Maria (CSM). Escritas em Português Arcaico (PA) e
conseqüentemente veículo de um grande número de processos característicos da língua
da época dos trovadores, as CSM serão estudadas a fim de observar, descrever e
analisar os processos de sândi vocálico externo. Elisão, ditongação e crase constituem
exemplos de encontros de vogais em juntura de palavra e o objetivo será interpretar tais
processos baseando-se nas teorias fonológicas não-lineares.
Em um primeiro momento serão mapeados os processos encontrados em uma
seleção de 20 entre as 420 cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria para
posteriormente acrescentar as peças analisadas em um âmbito maior: um mosaico da
fonologia do Português na época dos trovadores, a partir de aspectos da Fonologia do
Português Arcaico (PA) vistos em várias dimensões – tanto na dimensão dos aspectos
segmentais quanto dos supra-segmentais.
Os resultados obtidos nesta etapa da pesquisa já nos mostram denominadores
quantitativos de alguns processos cujas ocorrências se destacam em comparação a
outros. Tem-se como exemplo o caso do processo de elisão, o qual compreende o
apagamento da vogal átona final da palavra quando a seguinte começar por vogal.
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PROCESSOS MORFOFOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA FLEXÃO VERBAL NAS
CANTIGAS DE SANTA MARIA
Gisela Sequini FAVARO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientadora: Gladis MASSINI-CAGLIARI
O objetivo deste painel é a análise de processos morfofonológicos desencadeados
pela flexão verbal em dois tempos específicos: pretérito perfeito e imperfeito do modo
indicativo. A análise, de cunho comparativo, focalizará formas verbais presentes em um
corpus do Português Arcaico (PA) e do Português Brasileiro (PB) atual. Escolhemos estes
dois tempos verbais, pois são as formas mais recorrentes entre os dados já coletados. O
corpus de base deste trabalho é constituído pelas Cantigas de Santa Maria (CSM), que
correspondem a um monumento literário de mais elaborada importância, ocupando um
lugar privilegiado na literatura medieval galego-portuguesa. São uma coleção de 420
cantigas religiosas em louvor da Virgem Maria, mandadas compilar pelo Rei Sábio de
Castela (Afonso X). A análise parte do mapeamento das formas verbais, a partir de
glossários e vocabulários relativos às Cantigas de Santa Maria. Em seguida, as formas
flexionadas são analisadas em seu próprio contexto, em cada ocorrência dos verbos
focalizados. Posteriormente, são realizadas as comparações entre a forma verbal
registrada nas CSM e a forma verbal do PB. O resultado obtido nesta etapa da pesquisa
consiste na observação das alomorfias recorrentes na flexão verbal dos tempos pretérito
perfeito e imperfeito do modo indicativo nos dois períodos relatados anteriormente.
Podemos notar que, nas formas do imperfeito, tanto no PA quanto no PB ocorrem
processos de alomorfia relacionados à neutralização, e à crase da vogal temática na
primeira pessoa do singular da 2ª e 3ª conjugação. Além disso, nas formas do perfeito,
verifica-se, na 1ª conjugação, a alteração do timbre da vogal temática, nas 1ª e 3ª
pessoas do singular. Nosso objetivo para o futuro é mapear todas as formas verbais nas
Cantigas de Santa Maria (CSM). A longo prazo pretende-se chegar a uma tabela com as
diferenças relativas à aplicação de processos desencadeados pela flexão verbal entre o
PA e o PB.
UMA APROXIMAÇÃO ENTRE NARRATIVAS ESOTÉRICAS E TEXTOS DE AUTO-
AJUDA: ABORDAGEM SEMIÓTICA
Levi Henrique MERENCIANO (UNESP-FCL-Araraquara)
Orientador: Arnaldo CORTINA
Este trabalho é fruto do projeto de Iniciação Científica ―A leitura no Brasil de 1975
a 1990‖. O seu propósito foi analisar, baseado na teoria semiótica greimasiana, os livros
de ficção mais vendidos no país, de 1975 a 1990, com vistas a reconstituir as
expectativas do leitor. A partir dos resultados obtidos nessa primeira pesquisa,
sustentamos a hipótese de que os livros de ficção mais vendidos de cada ano
incorporaram à sua organização discursiva, no decorrer dos anos 1970 e 1980,
elementos típicos dos textos místico-esotéricos e de auto-ajuda. Sugerimos que esse fato
deu ensejo, devido à grande procura por discursos mais intimistas, ao surgimento da
classificação ―auto-ajuda e esoterismo‖, nos rankings dos livros mais vendidos,
publicados pela revista Veja, a partir de 1997. Tendo em vista que, de acordo com
nossas análises, os textos de ficção mais vendidos passaram a veicular um conteúdo
místico-esotérico a partir dos anos 80 – construindo leituras mais subjetivas –
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acreditamos que os elementos vinculados a esse conteúdo (bruxaria, magia,
transcendência, espiritualismo, pensamento positivo, etc.) passaram a ser incorporados
aos textos de auto-ajuda, legando, dessa forma, uma tentativa de unir
autoconhecimento com teorias ocultistas ―pasteurizadas‖ para um público mais geral.
Tentamos estabelecer, a partir de tais constatações, as nuances e os entrecruzamentos
no que se refere à conjunção do ―misticismo-esoterismo-auto-ajuda‖, a fim de
descrevermos a organização e o funcionamento dos textos que fazem parte dessa
manifestação discursiva, classificados por Veja, nas suas listas semanais, como ―auto-
ajuda e esoterismo‖. Baseamos a construção de nosso corpus nessas listas, que
compõem o nosso objeto, com o intuito de observar a progressão, semana a semana,
dos mais vendidos, no decorrer dos anos de 1991 a 2006 (como continuação do projeto
da graduação). A partir delas, selecionamos os 20 (vinte) textos mais vendidos no
período em questão e examinamos o seu plano de conteúdo. Para o refinamento da
análise semiótica pretendida, baseamo-nos nas tipologias discursivas propostas por José
Luiz Fiorin, em seu texto Sobre as tipologias dos discursos. Nele, o autor afirma a
importância de elaborar tipologias específicas para os diferentes tipos de discurso – e não
classificá-los segundo gêneros normativos. Para tanto, é necessário observar a incidência
dos componentes dos níveis fundamental, narrativo e discursivo, do percurso gerativo de
sentido criado pela semiótica, a respeito dos quais podemos notar a relevância: dos tipos
de junção (textos conjuntivos ou disjuntivos); dos percursos dos actantes funcionais
(destinador-manipulador, destinatário-sujeito, destinador-julgador); dos procedimentos
de manipulação (sedução, tentação, intimidação, provocação); das fases da narrativa
(competência, manipulação, perfórmance e sanção); do objeto-valor (modal ou
descritivo); do predomínio de temas ou de figuras; da projeção do enunciador no
enunciado. De acordo com o artigo de Fiorin (Significação. Revista brasileira de
Semiótica. São Paulo, n. 8, p. 91-8, out. 1990), observa-se que um texto policial
privilegia a fase da perfórmance, por isso, valoriza o percurso da sanção, em que o
criminoso é julgado, enquanto um texto jornalístico sensacionalista expõe a fase da
competência e da perfórmance, ou seja, os meios para o acontecimento do fato e o
desenrolar da sua ação. Auto-ajuda e esoterismo, à maneira dos textos programadores
(manuais técnicos e bulas de remédio), tendem a privilegiar a fase da manipulação e da
competência, por isso, o percurso do destinador-manipulador contribui para que o seu
destinatário (o leitor), enquanto sujeito operador, adquira, primeiramente, um querer e
um dever-fazer, a fim de que saiba e possa adquirir o conhecimento específico, doado
pelo livro enquanto um objeto-valor de natureza cognitiva. Concluímos até o momento
que a maioria dos textos examinados incidem sobre os seguintes componentes: na
conjunção; no percurso do destinador-manipulador, na fase da manipulação, em objetos-
valor modais e descritivos essenciais; no enunciador e enunciatário explícitos; em uma
organização discursiva tão temática quanto figurativa.