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Pedagogia Hospitalar: a inserção do educador no ambientehospitalar com crianças e adolescentes portadores do câncer
Denise Silva Braga1
Michelle Marques Mendes2
Cristiany Morais de Queiroz3
Resumo
Este artigo retrata a importância do Pedagogo no ambiente hospitalar,especificamente, no trabalho junto a crianças e adolescentes portadores do câncer doNACC (Núcleo de Apoio à Criança com Câncer), objetivo principal da pesquisa. Oproblema do nosso trabalho é conhecer como é realizada a admissão dos educadores,os seus critérios e os sentimentos desses profissionais diante deste trabalho, para issoutilizamos entrevistas semi-estruturadas. Crianças e adolescentes, acometidos poruma doença grave não devem interromper a educação escolar e há leis que defendemesse direito educacional, desde que eles se encontrem matriculados em uma escola.O hospital deve apresentar profissionais da área, que estejam preparados para oensino e que possam oferecer uma educação adequada a cada estudantehospitalizado, respeitando o momento de cada um. Desejamos que este artigo abra asportas para essa nova área que tanto tem a oferecer à educação.
Palavras-Chave: Pedagogia Hospitalar, Doença, Crianças/Adolescentes eCâncer.
Introdução
A partir de leituras e pesquisas, temos como intenção conhecer o papel
do educador no âmbito hospitalar no setor de oncologia-pediátrica, auxiliando
crianças e adolescentes internados, que, segundo Chiattone (1992), já sofrem
devido à sentença de morte, dor, mutilação, deformação, desfiguração,
1 Concluinte de Pedagogia - Centro de Educação - UFPE. [email protected] Concluinte de Pedagogia - Centro de Educação - UFPE. [email protected] Professora substituta do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais - Centro deEducação - UFPE (Especialista em Psicologia Clínica, Mestre em Antropologia e Doutorandaem Antropologia pelo Programa em Pós-Graduação de Antropologia da UFPE)[email protected]
2
abandono, contágio, apreensão com a auto-imagem, perda da estima, medo da
morte e perda de peso que comunicam ao mundo a realidade da doença.
O educador hospitalar pode proporcionar bem-estar e motivação para a
educação, fazendo dela algo presente no dia-a-dia, utilizando práticas e
métodos incentivadores e lúdicos, para que os educandos hospitalizados não
sejam prejudicados no ano letivo.
Sendo assim, a nossa pesquisa tem como problema conhecer como é
realizada a admissão dos educadores, os seus critérios e os sentimentos deles
diante do trabalho realizado no NACC (Núcleo de Apoio à Criança com
Câncer).
O educador hospitalar tem um papel extremamente significativo, visto
que contribui para um aprendizado tanto por parte da escola, que não está apta
para o auxílio ao educando hospitalizado, quanto por parte da comunidade, que
ainda não se conscientizou da importância de um processo de ensino-
aprendizagem nos hospitais, dando ênfase maior à saúde.
Esses assuntos, referentes ao educando em estado de hospitalização,
começaram em 1998 a partir do momento em que a situação tornou-se algo
preocupante na visão de alguns profissionais da educação do Estado do
Paraná. Desde então, vem surgindo a necessidade de se buscar os recursos
pedagógicos para a resolução do problema em questão, levando em
consideração o embasamento legal como referência ao contido nas legislações
vigentes que amparam e legitimam o direito à educação de crianças,
adolescentes e jovens, garantindo o princípio da universalização.
Diante disso, a sociedade em constante mudança e crescentes
problemas sociais, busca incessantemente transformações sociais como um
todo, principalmente, da universidade como provedora da consciência crítica
transformadora. Visto a necessidade da sociedade no alcance de resoluções,
percebe-se a importância da formação continuada e de desenvolvimento de
novas habilidades para enfrentar tais demandas. Embora, já surta efeito em
universidades de outros Estados, falta ainda o despertar desta necessidade no
que diz respeito à realidade do nosso Estado, por ausência de interesses
econômicos e políticos, apesar de já existirem instituições em fase inicial que
se propõem a realizar um trabalho de qualidade. O trabalho desses
3
profissionais, ainda restrito, vai além do recurso da brinquedoteca4, almejando
um trabalho completo, inovador e instigante, envolvendo sua melhor forma de
atendimento.
O Curso de Pedagogia tem muito a acrescentar nesta área, já que tem
como objetivo formar educadores críticos e capacitados, e que vêem a
educação como um meio conscientizador e humanizador na formação do
indivíduo, que através da sua prática, contribui para uma flexível postura, frente
a inovações tanto na sua área quanto nas demais, contribuindo com maior
rapidez e criatividade, na formação de uma sociedade mais justa, consciente e
mais humana.
Sobre o enfoque da Pedagogia Hospitalar, poderá oferecer suporte à
criança e ao adolescente hospitalizado, ou em longo tratamento hospitalar, a
partir não só da sua ajuda, como também de outros profissionais afins, que
conta com o assistente social, o psicólogo e toda a equipe médica, que juntos
devem visar uma aproximação em benefício do enfermo, proporcionando
práticas para o bom desenvolvimento físico, psicológico e cognitivo do escolar
hospitalizado em seu processo de tratamento de cura.
É importante ressaltar que o escolar hospitalizado tem direito à
educação e à saúde ao mesmo tempo, não pode haver separação entre as
partes, por isso o seu direito deve ser garantido, frente à disponibilidade,
respeito, empenho, mobilização, integração e compromisso dos profissionais
envolvidos, que são indispensáveis ingredientes na tão almejada excelência de
resultados.
O termo “Pedagogia Hospitalar” muito nos chamou a atenção, primeiro,
por ser um assunto novo na área da educação, que vêm se ampliando5, aos
poucos, pelo resto do Brasil e segundo, porque nunca paramos para pensar na
situação das crianças, adolescentes e jovens, principalmente, os que estão no
setor de oncologia de um hospital e que precisam se ausentar por muito tempo
da escola, por motivo de longa internação, prejudicando-se no ano letivo.
Devido a tais inquietações, fomos instigadas a nos aprofundarmos no assunto,
descobrir o papel do educador hospitalar, no sentido de favorecer a criança e
4 Eficácia das brincadeiras na melhor recuperação de crianças e adolescentes hospitalizados;5 Existem hoje no Brasil, segundo coletas no IV Encontro Nacional sobre Atendimento EscolarHospitalar (2003), mais de 70 hospitais com atendimento escolar para crianças e adolescentesem atendimento de saúde.
4
ao adolescente o seu desenvolvimento psicopedagógico, que não deve ser
interrompido em função de uma hospitalização.
O material sobre este tema ainda é restrito, dificilmente encontrado em
livros, documentos científicos e internet, por isso a nossa pesquisa, de caráter
qualitativo, para um melhor esclarecimento do processo de ensino-
aprendizagem ao escolar hospitalizado e requer paciência, persistência e, além
de tudo, a construção de um objeto de pesquisa que se encontra em formação.
Através desse estudo, desejamos encontrar soluções mais humanizadas
no contexto hospitalar, na medida em que o educando é afastado de todas as
suas vivências cotidianas, inclusive a escola, por motivo de doença.
De acordo com a nossa leitura geral, observamos o interesse e a
intervenção dos profissionais da área de educação para desenvolver atividades
lúdico-pedagógicas para as crianças internadas, deixando-as a par do
cronograma escolar, o que também permite tranqüilizar a família do paciente,
que já está, emocionalmente, tão mobilizada com o estado do seu ente
querido.
Como objetivo maior deste trabalho, queremos compreender a prática da
Pedagogia Hospitalar. Mais especificamente identificar o papel do educador no
NACC (Núcleo de Apoio à Criança com Câncer) em que se encontram crianças
e adolescentes portadores do câncer.
1 – A participação do educador no tratamento de crianças e adolescentes
com câncer
O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível.Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, é aoportunidade.
(Victor Hugo)
O momento atual é de significativas transformações. A sociedade está
exigindo novas propostas sociopolíticas, com o objetivo de solucionar os
problemas emergentes do cotidiano.
A área da saúde, a partir de toda a sua história, mostra antigas
preocupações que se apresentam ainda hoje, no sentido da sua fragilidade e
condições adversas, dificultando o andamento do trabalho hospitalar. O
tratamento do paciente é restrito apenas ao lado biológico, ficando a mercê os
5
lados psicológico e cognitivo, que geralmente vêm a agravar a moléstia que o
acometeu. Ressaltamos, ainda, as doenças psicossomáticas, que geralmente
são o trampolim para as doenças do corpo, já que diminuem a resistência do
sistema imunológico e que, devido a isso, precisam ser valorizadas. De acordo
com Matos e Mugiatti (2006, p. 20):É notória, ainda hoje, na maioria dos hospitais a existência deum clima deveras preocupante, de despersonalização dodoente. Este, muitas vezes, é identificado por determinadadoença, ou utilizado como simples instrumento de pesquisa.
A partir de tal situação, tais autoras afirmam que os hospitais vêm se
esforçando no sentido de que sejam realizados trabalhos
multi/inter/transdisciplinares, com a intenção de promover aos seus usuários
um amplo e qualificado atendimento de forma mais humanizada. Para elas,
multidisciplinaridade, corresponde aos diversos saberes fixados num ambiente
hospitalar, em prol da vida com mais qualidade, isto é, a vida com saúde; a
interdisciplinaridade seria a relação interna de profissionais inseridos no
contexto hospitalar; e por sua vez, a transdisciplinaridade, não está centrada
apenas em aspectos físicos e biológicos, mas em olhares que vêm revestidos,
em essência, de valores e humanização, com afeto, envolvimento, doação,
entre outros, que estão envolvidos neste espaço vital.
Através das mudanças que estão acontecendo na área da saúde, vê-se
a necessidade de ações e comprometimentos que configurem novas
responsabilidades, que imponham novos fazer e agir. Daí a necessidade
emergencial de transferência do local comum de aprendizagem – a escola –
para o hospital. É a partir deste contexto, que se mostra essencial a
participação dos diversos profissionais na área de saúde, educação e os
demais profissionais que estejam qualificados para essa tarefa. Dentre os
profissionais da saúde, existem os Psicólogos da Saúde, que de acordo com
Straub (2005, p. 46):Psicólogos da saúde, que geralmente concentram-se emintervenções visando a promover a saúde, são licenciadospara a prática independente em áreas como psicologia clínicae orientação. Como clínicos, eles utilizam ampla variedade detécnicas terapêuticas e de avaliação diagnóstica existentes napsicologia para promover a saúde e auxiliar os doentes físicos.As abordagens de avaliação com freqüência envolvemmedidas de funcionamento cognitivo, avaliaçãopsicofisiológica, pesquisas demográficas e avaliações do estilo
6
de vida ou da personalidade. As intervenções podem envolvero manejo de estresse, terapias de relaxamento, biofeedback,educação a respeito do papel dos processos psicológicos nadoença e intervenções cognitivo-comportamentais.
O educador, como integrante da equipe de saúde, não pode ficar como
mero espectador diante dos fatos, mas retomar o papel na sociedade como
agente de mudanças, trazendo ações pedagógicas integradas, que possibilitem
a construção do conhecimento. Para isso, é importante que o educador tenha
uma formação técnica e humana para adaptar essas práticas a sua nova
realidade.
A Pedagogia Hospitalar que é um novo tipo de atendimento vem sendo
aplicada por instituições que se preocupam em atender as pessoas que não
devem ser excluídas, por estarem ausentes da sala de aula, por motivo de
enfermidade, evitando reprovação e evasão escolar.
A garantia da universalização da educação, de acordo com o SAREH -
Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar - (2006, p. 3), é
que se discute o atendimento educacional hospitalar e domiciliar a criança,
adolescentes, jovens e adultos, a saber:
Constituição Federal/88, art. 205;
Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
Decreto Lei n. 1044/69, art. 1º, que dispõe sobre tratamento excepcional para
alunos de afecções;
Resolução n. 41/95 (Conselho Nacional de Defesa aos Direitos da Criança e
do Adolescente);
Lei n. 9.394/96 (LDB);
Deliberação n. 02/03 – CEE (Normas para Educação Especial);
Resolução n. 02/01 – CNE/CEB (Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica);
Documento Intitulado Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar:
estratégias e orientações, editado pelo MEC, em 2002.
Segundo Matos e Mugiatti (2001, p. 49):Verificada a necessidade da existência de uma práxis e umatécnica pedagógica nos hospitais, confirma-se a existência deum saber voltado a criança/adolescente num contextohospitalar envolvido no processo ensino-aprendizagem,
7
instaurando-se aí um corpo de conhecimentos de apoio quejustifica a chamada Pedagogia Hospitalar.
De acordo com Fonseca (1999, p. 3):O atendimento educacional hospitalar e domiciliar regulamentauma política voltada para as necessidades pedagógico-educacionais e os direitos à educação e à saúde da clientelaque se encontra em particular estágio de vida, tanto emrelação ao crescimento e desenvolvimento, quanto em relaçãoà construção de estratégias sócio-interativas para o viverindividual e em coletividade.
Há dois procedimentos de escolarização que se realizam no ambiente
hospitalar: o primeiro seria a Hospitalização Escolarizada que consiste no
atendimento personalizado ao escolar doente. A partir daí desenvolve-se uma
proposta pedagógica específica para cada aluno, conforme as suas
necessidades e desenvolvendo uma proposta didático-pedagógica de acordo
com os padrões a que a sua escola de origem atua. Também é no processo da
hospitalização que acontecem momentos integrados entre as crianças de
forma lúdica e recreativa. É importante que todo o educando hospitalizado
esteja matriculado em uma escola e se por ventura, não estiver, cabe ao
assistente social do hospital e família ou responsável realizar este
procedimento. O segundo procedimento de escolarização em ambiente
hospitalar seria a Classe Hospitalar que oferece atendimento conjunto de forma
heterogênea, isto é, atende a diversos escolares em uma classe ou sala de
aula no hospital de forma integrada, não atendendo cada educando
individualmente.
Considerando o exposto acima, entende-se que o atendimento nas
classes hospitalares não poderá ser ministrado por voluntários, mas sim, por
profissionais vinculados ao sistema de educação, que se encontram em pleno
exercício de suas funções docentes e que, no Paraná, submetem-se a
concursos públicos, voltados a essa área e quando aprovados, têm todo o
direito de desempenharem tal função.
Dispor de atendimento educacional no hospital, mesmo que por um
tempo mínimo, tem caráter fundamental para a criança hospitalizada, uma vez
que este tipo de atendimento possibilita ao aluno sentir-se parte de um sistema
estruturado com igualdade de condições para o acesso ao conhecimento,
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mantendo o vínculo com sua realidade fora do hospital, assegurando seu
desenvolvimento emocional, social e intelectual. É sabido que este processo de
escolarização auxilia na recuperação, diminuindo o estresse causado pela
situação da doença, ocupando o tempo ocioso e possibilitando, inclusive,
redução no período de internação.
Face à multiplicidade de atendimentos pelas equipes de saúde, nas
diferentes especialidades, algumas, particularmente, requerem períodos de
hospitalização mais prolongados ou atendimentos intermitentes ambulatoriais.
São situações referentes às diversas enfermidades como: cardiológicas,
ortopédicas, hematológicas, oncológicas, nefrológicas, entre outras.Uma criança com uma doença crônica fatal apresenta estresseespecialmente intenso e desafios de enfrentamento para ela epara sua família. Para a criança, há a dor e o medo daquimioterapia, da radiação ou de procedimentos cirúrgicos e, éclaro, a ameaça de morte; para os pais, o custo emocional deter uma criança doente ou terminal muitas vezes já é suficientepara desencadear sérios sintomas psicológicos e fisiológicosem indivíduos que de outra forma seriam saudáveis. (Straub,2005, p. 535).
Diante disso, Chiattone (1992, p. 77) complementa e afirma que:O paciente com câncer adoece como um todo, como umaunidade vital somato-psicológica, apresentando muito mais doque uma doença orgânica com sua sintomatologia, pois junto aela estão a consciência e os sentimentos frente à enfermidade,com as repercussões próprias e pessoais na maneira de viver,de adaptar-se ao stress vital e delinear seu próprio destino.
O fato de crianças e adolescentes internados por muito tempo nos
hospitais e associado ao afastamento social, provoca traumas e alteração de
conduta, diante das limitações impostas pelo ambiente hospitalar. Portanto, a
existência de ressentimentos pela excessiva dependência dos pais e de seu
meio social, em especial da escola junto com a acomodação e as doenças
somáticas além de outros problemas peculiares às próprias enfermidades, se
constituem no somatório de forças contrárias, com inconfundíveis argumentos
para o não retorno à escola.
Para o educador isso requer uma postura mais ampla que provoque o
encontro entre a educação e a saúde. A sua respectiva atuação não pode
visar, como ponto principal, o resgate da escolaridade, mas o atendimento da
9
criança/adolescente que demanda atendimento pedagógico. Devendo estar de
posse de habilidades que o faz capaz de refletir sobre suas ações
pedagógicas, oferecendo adequadamente uma atuação sustentada pelas
necessidades e peculiaridades de cada criança e adolescente hospitalizado.
A Pedagogia Hospitalar necessita de um novo perfil de educador que
exerça suas atividades em sistemas integrados, em que as relações
multi/inter/transdisciplinares devam ser estreitas, pois ela demanda
necessidades de profissionais que tenham uma abordagem progressista, com
uma visão íntegra da realidade hospitalar e da realidade do escolar
hospitalizado. Seu papel principal não será de resgatar a escolaridade, mas de
transformar essas duas realidades, fazendo fluir sistemas que as aproximem e
as integrem.
As práticas pedagógicas podem ter efeito através de propostas-alvo
como briquedotecas, salas de informática, leituras, e entre outros,
proporcionando um ambiente capacitado para o desenvolvimento de tais
atividades contribuindo para o desempenho educativo, o bem-estar e a
promoção social dos seres humanos assegurando o respeito à cidadania.
São indispensáveis à dedicação e responsabilidade dos profissionais da
educação no sentido de oferecer aos escolares hospitalizados um ambiente
propício a atividades oportunas as condições peculiares de cada paciente,
respeitando seus limites e vontades, para que o processo de ensino-
aprendizagem não seja comprometido. O estudante hospitalizado deve se
sentir constantemente estimulado para que não fique reprimido e
desencorajado diante da situação de enfermidade.
Cada dia deve ser um novo dia tanto para o paciente como para os que
o acompanham, já que o entusiasmo do escolar hospitalizado resgata a alegria
de familiares, médicos e os assistentes social, psicológico e pedagógico, já que
estes têm uma intenção em comum, que é o bem-estar e desenvolvimento do
paciente.
O trabalho em equipe facilita o andamento do processo de cura e faz
com que o paciente não tenha tempo ocioso, o dia deve ser sempre preenchido
com diversas atividades, oriundas das diversas áreas.
As pesquisas sobre a área da Pedagogia Hospitalar dão origem a um
pensamento crítico-reflexivo, que contribui para o cotidiano das pessoas,
10
tornando-as mais conscientes a partir dessas iniciativas de formação humana,
onde a educação é em prol da saúde e vice-versa, dando o devido valor a vida.
O Curso de Pedagogia, por sua vez, pode optar em se desfazer da
ideologia dominante e se apoderar dessa visão crítica, que capte a realidade
como uma totalidade em permanente movimento e faça da práxis sua filosofia
de vida e projeto de trabalho. Esse desafio é lançado aos cursos de Pedagogia
para fundamentarem as suas propostas curriculares em contextos hospitalares
que já estão acontecendo em cenário nacional e diante da necessidade da
existência de uma ação pedagógica nos hospitais.
2 – A importância do educador no NACC
2.1 - Metodologia
O tipo de pesquisa foi Bibliográfica e Participativa. Bibliográfica porque
utilizamos material científico, como livros e Participativa porque fizemos
entrevistas semi-estruturadas no Núcleo de Apoio à Criança com Câncer
(NACC), onde realizamos a nossa pesquisa de campo. A pesquisa foi de
natureza qualitativa, uma vez que, não utilizamos dados estatísticos, mas a
análise de cada entrevista.
O NACC é uma instituição responsável e competente no tratamento de
crianças e adolescentes com câncer, muito conhecida no Recife e muito
adequada à realização da nossa pesquisa, atendendo integralmente os
objetivos do trabalho. Ao visitarmos o NACC, pela primeira vez, tivemos uma
certa dificuldade para começarmos as nossas entrevistas, devido à exigência
antecipada, pelas diretoras do NACC, de uma Declaração da nossa orientadora
pedindo autorização para visitarmos o NACC (ANEXO 1), a entrega de um
projeto que constasse o tema do trabalho e os nossos objetivos durante as
visitas e o roteiro das nossas entrevistas (ANEXO 2), para que, os dois últimos,
fossem lidos, analisados, modificados, se necessário, e aprovados. O projeto
que entregamos foi o TCC1 (Trabalho de Conclusão de Curso 1). As diretoras
do NACC leram os documentos e fizeram, apenas, duas observações no nosso
projeto, pediram que ao falarmos do NACC escrevêssemos que ele é um
albergue e não um hospital e que as crianças não estão internadas e sim
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albergadas. Todas as nossas visitas ao NACC foram com dia e hora marcados,
já que as diretoras do NACC queriam estar sempre presentes durante as
nossas visitas e gostariam de observar as nossas entrevistas.
Depois que fomos autorizadas a começarmos as entrevistas, fizemos,
primeiro, uma visita para conhecermos o NACC como um todo, todas as suas
instalações, desde o refeitório até a sala de aula, onde fomos apresentadas,
por uma das diretoras, a coordenadora e as professoras da sala de aula, com
elas marcamos o melhor dia para fazermos as entrevistas. Após três visitas ao
NACC, realizamos nossas entrevistas no dia 24 de outubro de 2007 das
15h30min às 18h. Entrevistamos 11 pessoas, sendo três crianças, dois
adolescentes, três professoras e três mães. Tiramos algumas fotos da sala de
aula, da brinquedoteca, do terraço, onde existem muitos brinquedos para as
crianças brincarem nos tempos livres e é nele que são organizadas todas as
festinhas (ANEXO 3). Fotografamos a fachada do NACC, onde encontra-se um
quiosque com alguns produtos, camisas, por exemplo, que estão à venda e
que são produzidos por funcionários do NACC para ajudar a Instituição.
O objetivo do NACC é dar suporte às crianças e adolescentes,
residentes em Pernambuco e também em outros Estados, que se encontram
em tratamento do câncer nos serviços de Oncologia Pediátrica na Região
Metropolitana do Recife, sendo considerado a segunda maior Instituição em
Filantropia do Estado de Pernambuco.
Os seus serviços englobam Hospedagem, Transporte, Alimentação,
Auxílio Transporte para Crianças do Interior, Vale-Transporte para Crianças de
Periferia, Cesta Básica, Leite e Suplemento Alimentar, Atendimento e
Acompanhamento Biopsicossocial, Tratamento de Fisioterapia, Terapia
Ocupacional, Sala de Leitura, Fonoaudiologia, Programa de Reabilitação para
Pacientes Amputados, Programas Educativos e Terapêuticos, Programas de
Orientação Vocacional, Programa de Esclarecimento do Câncer Infantil,
Programa Saúde da Mulher, Projeto a Criança com Câncer e a Escola, Projeto
Agente de Saúde, Atendimento Odontológico, Cursos de Capacitação, Classe
Hospitalar e Projeto de Inclusão Social.
Recentemente, em fevereiro de 2007, o Núcleo, através do projeto
classe hospitalar, em parceria com o Governo do Estado de Pernambuco,
12
conseguiu a entrega de material didático (kits-escolas)6 para crianças e
adolescentes assistidas pelo Núcleo e regularmente matriculadas em
instituição de ensino. Além do material didático e apoio pedagógico, a classe
hospitalar conseguiu o reconhecimento oficial do Governo do Estado de
Pernambuco, tornando-se uma extensão da Escola Estadual Regueira Costa,
no bairro do Rosarinho.
No NACC há um grupo de funcionários efetivos e voluntários nas mais
diversas áreas. Mediante a apresentação do comprovante de matrícula de uma
escola do município de origem, a criança e o adolescente do NACC têm à
disposição professores cedidos pela Secretaria Estadual de Educação,
permitindo um acompanhamento de perto de todo programa do ano letivo em
classes hospitalares, enquanto estão em tratamento. Todas as crianças e
adolescentes recebem kits-escolas, montados de acordo com a série,
estimulando os escolares em processo de internação.
Através das visitas e entrevistas para conhecer o dia-a-dia da Instituição
com os educadores, com as crianças e os adolescentes albergados e com os
pais ou responsáveis, pudemos compreender mais de perto a sensação deles
diante de tantos benefícios, que aos poucos vai se ampliando pelo Brasil e que
graças a essas iniciativas a educação vai se tornando mais humanizada,
garantindo o processo de ensino-aprendizagem as crianças e jovens
hospitalizados.
Os resultados de iniciativas como essas poderão proporcionar a
implantação futura de uma política voltada para os direitos pedagógico-
educacionais desses educandos hospitalizados. Já que as iniciativas das
políticas públicas ainda são muito restritas, o desejo de concretização de
melhores condições de saúde por parte da sociedade não é restrito. Já que ela
está vendo claramente a necessidade de mudanças rápidas diante de tal
contexto, possibilitando atitudes que atenderão não só a geração atual como
também as gerações futuras, ocasionando um desenvolvimento sustentável
referente à saúde.
6 É composto por lápis, borracha, tinta guache, lápis de cera, hidrocor, régua, massa demodelar, apontador, além de vários tipos de cadernos. Os kits são montados de acordo com asérie da criança e do adolescente e entregues mediante apresentação do comprovante dematrícula numa escola do município de origem.
13
2.2 - Análise dos dados
Com base nos dados coletados das entrevistas semi-estruturadas
realizadas no Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC), pudemos
perceber que a Instituição apresenta condições favoráveis aos albergados, do
ponto de vista físico. No NACC são oferecidos outros espaços, além da sala de
aula, como a sala de leitura e a brinquedoteca, que favorecem a leitura, a
criatividade, a sociabilidade e o lúdico, de maneira que agradam a todos,
principalmente, as crianças, proporcionando-lhes bem-estar e liberdade de
escolha que vai desde a visita à sala de aula a uma alteração no cardápio, por
exemplo.
Entretanto, Lipp (2000) diz que é preciso que ensinem as crianças quais
são os seus limites, pois a supertolerância pode trazer consigo insegurança,
ansiedade e o stress.
Lipp (2000, p. 22) menciona que:A doença e a dor são os fatores condicionantes do stress maisuniversais para as crianças, pois todas elas passam porinúmeras situações dessa natureza. A hospitalização pode terefeitos diferenciados dependendo da idade, da causa dahospitalização, da eficiência dos profissionais envolvidos etambém da maneira com que os pais a gerenciam.
O comparecimento à sala de aula do NACC é um desafio tanto para as
crianças quanto para os adolescentes, o que não significa que eles não tenham
prazer de estar nesse ambiente. O fato de estarem sempre se ausentando do
contexto escolar, às vezes por períodos mais longos devido ao tratamento do
câncer, pode causar uma certa resistência em levar uma vida mais estável,
com um cotidiano mais organizado. Todo esse ritmo de idas e vindas afeta
mais aos adolescentes, talvez pela necessidade de maior autonomia, que é
própria dessa fase do desenvolvimento. Fazendo com que eles escolham se
devem ir ou não à sala de aula, pois é comum que alguns pensem que vão
morrer e que não adianta mais estudar, investir na vida. Sendo assim, trazer os
adolescentes para a sala de aula torna-se um desafio para os educadores à
medida que a doença vai progredindo de um estágio para outro.
Segundo Farias (2005, p. 57)...as crianças internadas acabam presenciando o falecimentode vários companheiros de dormitórios, companheiros estes
14
acometidos da mesma doença. Esse fato pode trazer consigoo sentimento e/ou a constatação de que o mesmo poderáacontecer consigo, complementado pelo que elas mesmassentem em seus corpos, reforçando, assim, a consciência damorte,...
As crianças e os adolescentes se identificam7 tanto com os professores
quanto com os voluntários da sala de aula, proporcionando uma aprendizagem
mais prazerosa.
Para os pais, o NACC é uma “grande mãe”, pois a maioria vem de longe
(do Interior ou de outros Estados) e vêem neste lugar um meio de se hospedar
e tratar da enfermidade de seus filhos. Mesmo não tendo condições
financeiras, recebem todo apoio gratuitamente, uma vez que, são tratamentos
longos e exaustivos.
A sala de aula é um suporte importante para as crianças e adolescentes
albergados no NACC que por conta da doença perdem muito conteúdo que o
ensino pode proporcionar. Além da doença, outro empecilho seria a distância
de suas casas para o local onde recebem o tratamento, ficando muitas horas
na estrada, contribuindo ainda mais com os obstáculos tão presentes em suas
vidas. As crianças e os adolescentes albergados no NACC devem,
obrigatoriamente, estar matriculados em uma escola, caso não estejam, a
assistente social da instituição conversa com os pais para tomarem uma
providência e matricularem o quanto antes.
Vejamos os depoimentos de algumas mães em relação à Instituição:Eu acho que a classe é especial porque quando a gente vempra cá as crianças deixam de estudar lá, quando chega aqui,já estuda aqui. (Mãe 1)
Eu acho ótimo porque as crianças vêm pra qui ai ficam semestudar, ai têm a escola pra ela ser acompanhada. (Mãe 2)
...ela faz a continuação (referindo–se a escola da sua cidade)de lá né? O conteúdo que ela vai fazer lá, que a professora
7 Laplanche e Pontalis designam no sentido psicanalítico de transferência, o processo pelo qualos desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipode relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-seaqui de uma repetição de protótipos infantis vividas com um sentimento de atualidadeacentuada. É a transferência no tratamento que os psicanalistas chamam a maior parte dasvezes transferência, sem qualquer outro qualificativo. A transferência é classicamentereconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento psicanalítico, poissão a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução quecaracterizam este. (1992, p. 514)
15
dela lá tá aplicando, ai então a pessoa traz e dá para asprofessoras daqui e elas continua. (Mãe 3)
Existe uma interação entre pais e professores, onde mesmo que os pais
não procurem saber o andamento das aulas de seus filhos, os próprios
professores buscam sempre mantê-los informados. Os pais acham que apesar
da dificuldade que eles enfrentam, a sala de aula é satisfatória, trazendo
resultados positivos às crianças e aos adolescentes, desenvolvendo-os e
possibilitando uma aprendizagem contínua, amenizando, assim, o atraso
escolar. Percebemos na fala de uma das crianças entrevistadas, a vontade de
interagir na sala de aula do NACC, embora tenha se afastado, por tempo
indeterminado, de sua escola de origem:- Qual é a sua série? R- Era a primeira.- Era a primeira? E agora qual é? R- Eu tive dor de cabeça ainão pude estudar mais.- E você pensa em voltar para a sua escola? R- Não.- Não? Por quê? R- Olha, eu ia quando eu não sentia dor decabeça.- Você gosta do NACC? R- Gosto. Tem muita coisa pracomer.- E da sala de aula daqui do NACC, você gosta? R- Gosto,sempre venho.- Você prefere o NACC ou a sua escola lá onde você mora?R- Sim. Gosto.- O que os professores do NACC fazem para que você gostemais deles? R- Hum..., me ajudam em muitas coisas. (Criança3 – 9 anos).
Percebemos que ao se referir a dor de cabeça, a criança revela sua
enfermidade, uma vez que, a dor é um dos sintomas que configura o
tratamento do câncer. Outros sintomas também marcam suas vidas, deixando-
as frágeis e, aparentemente, sentenciadas de morte, comunicando ao mundo a
realidade da doença.
De acordo com Farias (2005, p. 79):Mas, peculiarmente, uma enfermaria pediátrica parece mais doque qualquer outra se remeter de fato à não-vida, à morte. Amorte, no mínimo simbólica, morte de uma infância que, via deregra, em nossa cultura ocidental, não combina com uma vidaexcessivamente regrada, e, muito menos, com um excesso demortificações que deixarão, certamente, traços indeléveis emsuas personalidades, em suas memórias, em suas vidas.
16
Entendemos também que essa criança não possui condições financeiras
favoráveis, já que ela menciona a satisfação de encontrar no NACC a
possibilidade de ter uma boa alimentação e de forma regular.
A sala de aula do NACC é composta por três professoras (pertencentes
à Escola Estadual Regueira Costa, no Rosarinho) e alguns voluntários. Dentre
a formação das professoras, há Pedagogia, Letras, Fonoaudiologia e Pós-
Graduação em Educação Especial e Linguagem.
A sala de aula está dividida em Educação Infantil, Alfabetização, Ensino
Fundamental l e ll e Ensino Médio, onde o último encontra-se a presença maior
dos voluntários. Uma professora é responsável pela educação infantil, a outra
pela alfabetização e a terceira é polivalente, ficando sobrecarregada e
deixando a desejar em alguns aspectos do ensino-aprendizagem. Eis o
discurso de uma das professoras:...nós também atendemos as crianças e os adolescentes nasdisciplinas que eles estão precisando mais né? No caso,Língua Portuguesa junto com a Gramática, com Redação, comleitura e Matemática, eventualmente algumas atividades deMatemática da série que eles estão. Só que quando chega umdeterminado assunto que não é da nossa competência a gentepede auxílio aos voluntários. (Professora 1).
Além da escassez de professores, há um outro importante ponto que
precisa ser mencionado e que foi muito citado pelas professoras do Núcleo de
Apoio à Criança com Câncer, que seria a questão do espaço físico da sala de
aula, que além de não atender à demanda de crianças e adolescentes
albergados, não existem divisórias dentro da sala de aula, ficando, dessa
forma, todos em um mesmo espaço, fazendo com que confunda e dificulte a
aprendizagem dos alunos.
A sala de aula é composta de um armário, onde são organizados todos
os materiais, e duas mesas: uma de madeira e outra de plástico, fazendo com
que ocupem uma boa parte da sala. As cadeiras são desproporcionais ao
tamanho das crianças, pois são grandes demais para acomodar seus corpos. A
sala de aula é pequena, comparando-se ao tamanho das turmas, obrigando as
professoras a fazerem um rodízio. Devido a tais limitações físicas e materiais,
as crianças se distraem com mais facilidade. Mas, as professoras fazem de
17
tudo para que a sala de aula seja um ambiente alegre e encorajador: colam
cartazes coloridos nas paredes com assuntos das aulas e com desenhos,
assim como organizam murais com as fotos dos alunos (ANEXO 3). Vejamos
as fotos abaixo:
Outro ponto a mencionar é a rotatividade intensa. Embora exista um
planejamento anual elaborado pelo grupo responsável pela sala de aula do
NACC, não é possível segui-lo à risca, já que se depara com crianças e
adolescentes portadores do câncer e que estão ali para fazer um tratamento,
18
muitas vezes, doloroso e exaustivo. As professoras têm que lidar com as idas e
vindas dos alunos, já que estes moram distantes do NACC, e com os óbitos.
Dessa forma, as professoras preferem trabalhar cada dia intensamente
como se fosse o último, deixando o ambiente da sala de aula mais agradável e
humano, respeitando o momento de cada jovem.
Com base na leitura do livro “O Menino do Dedo Verde” 8, observamos
no diálogo entre Tistu e Dr. Milmales, personagens de Maurice Druon (1973, p.
77 e 78), o cuidado que se deve ter às crianças internadas, seja do ponto de
vista da própria organização do espaço físico, como também das palavras que
são emitidas a uma criança enferma, da sensibilidade e conforto psicológico
que se é capaz de transmitir num momento tão difícil.O Dr. Milmales esperava Tistu atrás de sua grande mesa,niquelada, repleta de livros.- Então, Tistu – perguntou ele – que foi que você aprendeu?Que sabe de medicina?- Aprendi – respondeu Tistu – que a medicina não pode quasenada contra um coração muito triste. Aprendi que para a gentesarar é preciso ter vontade de viver. Doutor, será que nãoexistem pílulas de esperança?O Dr. Milmales ficou espantado com tanta sabedoria numgaroto tão pequeno.- Você aprendeu sozinho a primeira coisa que um médico devesaber.- E qual é a segunda, Doutor?- É que para cuidar direito dos homens é preciso amá-losbastante.Ele deu um punhado de caramelos a Tistu e pôs uma boa notaem seu caderno.Mas o Dr. Milmales ficou ainda mais espantado no diaseguinte, quando entrou no quarto da menina.Ela sorria: tinha despertado em pleno campo.Narcisos brotavam em torno à mesa de cabeceira, oscobertores eram um edredom de pervincas, a grama cresciano tapete. E finalmente a flor, a flor em que Tistu se desvelara,uma esplêndida rosa, que não parava de se transformar, de
8Tistu é um menino muito feliz, que nasceu e foi criado com todo o luxo que seus belos pais -donos da maior fábrica de canhões do mundo - podiam dar e o dinheiro podia comprar. Aocompletar oito anos, seus pais decidem que já é hora do filho conhecer as coisas da vida e sepreparar para, no futuro, assumir e dar continuidade aos negócios da família. No entanto, logono terceiro dia de aula o menino é expulso do colégio por dormir durante as aulas. Com isso,os pais de Tistu decidem que a educação do menino se fará dentro de casa, sem livros,através de suas próprias experiências e observações. No dia de sua primeira aula com ojardineiro Bigode, Tistu descobre um dom excepcional: ele tem o dedo verde - o que significaque basta um toque de seu polegar para que surjam flores e mudar o mundo.
19
abrir uma folha ou um botão, e que subia pela cabeceira dacama, ao longo do travesseiro. A menina já não olhava o teto;ela contemplava a flor.De noite suas pernas começaram a mover-se. A vida era boa.
Como mostra a ilustração abaixo, presente no livro de Druon (1973, p.
72):
O trabalho da sala de aula é desenvolvido também por meio das
capacitações oferecidas pelo próprio Núcleo de Apoio à Criança com Câncer,
proporcionando amplo conhecimento sobre a doença e sobre as crianças e
adolescentes portadores dessa enfermidade. Também há capacitações
oferecidas pelo Estado na área de Educação Inclusiva.
O processo seletivo dos conteúdos é feito de acordo com a faixa etária e
a série de cada criança e adolescente e além do que eles trazem de bagagem
do conhecimento. Em outras palavras, esse processo é, praticamente,
individual. Segundo Matos e Mugiatti (2006, p. 167):Na realidade, o que se busca exige soluções que vão, muitoalém, de uma simples necessidade de escolarização noambiente hospitalar, mas abrange instâncias que requeremnovas alternativas práticas integradas de aprendizagem, comenvolvimento de aspectos cognitivos e emocionais quepossam, estrategicamente, redefinir novas condições de vidaque representem o verdadeiro elo para um viver e convivercom dignidade que cada ser humano merece.
Quanto à aplicação dos conteúdos, em síntese, é o mesmo de uma sala
de aula regular. A diferença se dá na quantidade de alunos, já que no NACC é
bem menor e pela força de vontade desses alunos, já que alguns vão para a
20
sala de aula por prazer. Além disso, o método de ensino varia de acordo com
as necessidades de cada um.
Diante de tudo o que foi visto e ouvido na sala de aula do NACC, o que
nos chamou a atenção foi o prazer que as professoras e os voluntários sentem
ao trabalhar numa sala de aula não habitual, com crianças e adolescentes
portadores de câncer. Segundo as docentes, esses jovens são os verdadeiros
e grandes professores, ensinando mais do que aprendendo, tornando-se
exemplos de vida, em que a lição estudada é a valorização da vida.
Percebemos através de Matos e Mugiatti (2006) em seu livro “Pedagogia
Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde”, o quanto o NACC se
parece, em parte, com a realidade de alguns setores de oncologia-pediátrica do
Paraná. Há a mesma iniciativa de concretizar e dar subsídios para a
permanência das salas de aula no ambiente hospitalar, além de outros meios,
como brinquedotecas e salas de leitura, para dar continuidade à aprendizagem
dos estudantes hospitalizados.
Tanto em alguns setores de oncologia-pediátrica do Paraná quanto no
NACC há a preocupação de manter os estudantes que estão em tratamento
matriculados em uma escola, caso contrário, a(o) assistente social da
instituição age rapidamente para matriculá-los, caso os estudantes morem
próximos à Instituição, como é o caso do Paraná ou fala com os pais para
tomarem a devida providência, como é o caso do NACC, uma vez que, os
estudantes moram no Interior de Pernambuco ou em outros estados. A
diferença é que as autoras, no livro, falam da realidade de hospitais do Paraná
e não de albergues, como o NACC. Os hospitais têm uma estrutura bem maior
para receber as crianças e os adolescentes, mas o NACC, apesar de ser um
albergue, está se igualando ao tratamento oferecido por hospitais do Paraná e
isso é muito bom, já que, em primeiro lugar, se preocupam em oferecer um
tratamento adequado para as crianças e os adolescentes portadores do câncer
e tentam oferecer a eles bem-estar.
Segundo as autoras, os professores de alguns hospitais do Paraná se
submetem, algumas vezes, a concursos para trabalharem nos hospitais ou
pertencem a outras escolas (como é o caso do NACC) ou começam a função
cumprindo estágios curriculares exigidos no programa dos cursos de
Pedagogia das universidades ou faculdades do Paraná. De acordo com elas, a
21
questão da hospitalização escolarizada é recentemente comentada no Brasil,
mas existem outros países, como a Espanha, que há alguns autores, como M.
Diez Ochoa, que se preocupa, há 25 anos, com a necessidade da assistência
educacional ao escolar hospitalizado.
Farias (2005) confessa no seu livro “Crônicas do Imaginário: Um Estudo
Antropológico sobre Crianças com Câncer” a sua experiência ao visitar e ter
contato com crianças com câncer no Hospital Universitário Oswaldo Cruz –
Recife/PE e a partir daí ela conta o seu sentimento de impotência e tristeza ao
ver crianças, às vezes, tão pequeninas, lutando contra uma doença tão
angustiante e covarde como o câncer. A maioria dos pais dessas crianças,
segundo ela, acha que são culpados por tal situação. Farias (2005, p. 56) cita
umas palavras de Ariano Suassuna que se encontram num prefácio à segunda
edição de “A fantástica história dos contadores de histórias no reino do tudo é
possível – II: Histórias para acordar os homens”, de Kika Freyre (2002), onde
ele diz que tudo perdia:(...) qualquer importância perante o sofrimento destascrianças, diante das quais só temos é que nos inclinar eajoelhar, pedindo perdão a elas por viver as nossas vidas aoinvés de assumir, de modo total e palpável, seus inexplicáveispadecimentos.
Lendo esse livro, pudemos nos encontrar e nos identificar com a autora,
uma vez que, nós vivenciamos no NACC, em parte, as mesmas experiências
que ela vivenciou no hospital. O sentimento de compaixão foi o mesmo. É
quando percebemos a fragilidade da vida e o que ela representa para nós.
Passamos a dar mais valor a nossa existência quando nos deparamos com o
sofrimento de crianças e adolescentes com câncer, que apesar de tudo, ainda
têm um sorriso nos lábios e têm disposição de brincar, de estudar, de
conversar e fazer tudo o que uma criança sadia pode fazer. A vida sofre uma
ruptura ao passarmos por experiências como essas. No nosso caso, as nossas
vidas se dividiram em antes e depois do NACC, já que evoluímos como pessoa
e como futuras pedagogas.
Considerações Finais
22
Este artigo retratou, através da união entre a teoria e a realidade
institucional do NACC, a importância do Pedagogo no ambiente hospitalar,
trabalhando junto a crianças e adolescentes com câncer, uma vez que, esses
jovens não devem interromper o processo educacional devido ao tratamento,
por muitas vezes, prolongado da doença e muito menos se afastarem do
convívio social.
Esclarecemos, no artigo, o problema da pesquisa que era conhecer
como é realizada a admissão dos educadores, os seus critérios e os
sentimentos deles diante do trabalho realizado no NACC e atingimos o objetivo
principal da nossa pesquisa, que era identificar o papel do educador no NACC
(Núcleo de Apoio à Criança com Câncer) em que se encontram crianças e
adolescentes portadores do câncer.
Tudo foi esclarecido a partir de visitas e entrevistas semi-estruturadas
realizadas na instituição. Os resultados foram satisfatórios, superaram as
nossas expectativas, houve de certa forma, uma ligação entre o que havíamos
lido e o que presenciamos no NACC, enfim ficamos felizes de poder ver uma
proposta tão valiosa como a Pedagogia Hospitalar, sendo colocada em prática
num ambiente com pessoas que precisam tanto de alegria e estímulo para
continuar vivendo.
O Pedagogo precisa se especializar para assumir uma área tão
importante e motivadora, tem que ter sensibilidade e responsabilidade para
trabalhar no hospital e aceitar todos os desafios que a profissão suscitar. O
jovem hospitalizado necessita de carinho, atenção e compreensão e todas as
pessoas que lidam com eles, deverão oferecer os melhores tratamentos para
que a vida deles se torne menos traumática e sofrida. A Pedagogia Hospitalar é
uma área nova, que está dando seus primeiros passos rumo à educação
igualitária e de qualidade.
O hospital seja ele, pediátrico ou não, tem que oferecer um tratamento
digno a cada paciente. O tratamento à saúde é um dos direitos que o cidadão
possui e é um dos mais importantes, já que sem a saúde o indivíduo não pode
viver adequadamente. Todos os profissionais responsáveis pelo hospital e
pelos pacientes têm que ter em mente a profissão que abraçaram e o valor da
sua função, o lidar com vidas; por isso devem trabalhar em conjunto, com
união, abertos a mudanças e aptos a toda e qualquer forma de tratamento, seja
23
ele, físico ou psicológico, incluindo, sempre que necessário, a educação nas
suas mais variadas formas de atuação, sempre com o intuito de atender e
curar, mesmo que parcialmente, os pacientes, modificando a imagem de não-
vida que a grande maioria dos hospitais apresenta.
A educação tem artifícios para provocar mudanças significativas em
qualquer ambiente. Logo, todas as instituições que a oferecem podem e devem
explorar, analisar, instigar e conscientizar melhoras e inovações, como a
Pedagogia Hospitalar, quebrando certas regras e normas, às vezes, tão
inatingíveis a algumas ocasiões e situações do cotidiano. A universidade como
produtora do conhecimento tem todo o respaldo e poder para abrir caminhos e
é por isso, que uma das opções que ela poderia tomar seria a instauração nos
cursos de Pedagogia de disciplinas que falem da Pedagogia Hospitalar,
Empresarial e Penitenciária, já que nesses cursos a Pedagogia estudada é
somente a Escolar, não preparando os alunos para todos os ramos da
educação e todas as situações que o educador pode intervir. Todas as formas
de atuação do educador são válidas.
“A educação é um direito de todos”, essa frase deve ser sempre
lembrada, respeitada e cumprida nos mais variados lugares do país e do
mundo. O Brasil ainda está um pouco lento no cumprimento dessa frase, mas
não quer dizer que a intenção não será alcançada, principalmente, se depender
de profissionais que estejam interessados em atingi-la.
“A criança é o futuro do amanhã”, frase tão utilizada pelos adultos como
esperança de um futuro próspero. Essa frase deveria ser reelaborada e ser dita
da seguinte forma: “A criança, sadia ou enferma, que recebe educação é o
futuro do amanhã”, frases assim, acabariam com certos preconceitos e
desvalorizações. A criança, de um modo geral, precisa e tem o direito de
receber educação para melhorar o presente e transformar o futuro. Só assim,
os princípios seriam relembrados, alguns obstáculos seriam destruídos, a
realidade, em parte, modificada e a vida se tornaria mais significativa e
equivalente.
Referências
24
CAMON, Valdemar Augusto Angerami-; CHIATTONE, Heloisa Benevides de
Carvalho; NICOLETTI, Edela Aparecida. O doente, a psicologia e o hospital.
São Paulo: Pioneira, 1992.
DRUON, Maurice. O menino do dedo verde. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio Editora, 1973.
FARIAS, Daniella Rodrigues de. Crônicas do Imaginário: Um estudo
antropológico sobre crianças com câncer. Recife, PE: EDUPE, 2005.
FONSECA, E. S. da. Atendimento pedagógico-educacional para crianças e
jovens hospitalizados: realidade nacional. Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais, 1999.
LAPLANCHE; PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins
Fontes, 1992.
LIPP, Marilda E. Novaes. Crianças Estressadas: Causas, Sintomas e Soluções.
Campinas, SP: Papirus, 2000.
MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar. Curitiba:
Champagnat, 2001.
MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar: a
humanização integrando educação e saúde. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
SAREH, Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar.
Programa de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar. Curitiba:
Secretaria de Estado da Educação/Superintendência da Educação, 2006.
STRAUB, R. O. Psicologia da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SUASSUNA, Ariano. In: FREYRE, Kika. A fantástica história dos contadores de
histórias no reino do tudo é possível – II: Histórias para acordar os homens.
25
Recife, PE: EDUPE, 2002. In: FARIAS, Daniella Rodrigues de. Crônicas do
Imaginário: Um estudo antropológico sobre crianças com câncer. Recife, PE:
EDUPE, 2005.
______. Disponível em: http://www.nacc.org.br. Acesso em: 07 jan. 2008.
29
Roteiro das Entrevistas Realizadas no NACC
Professores:
1. Quantos professores trabalham na Classe Hospitalar do NACC? Há
voluntários?
2. Qual é a formação de cada professor?
3. Como está dividida (estruturada) a sala de aula? Alguma coisa precisa ser
repensada?
4. O que mais dificulta o trabalho dos docentes?
5. Como é visto o problema da evasão?
6. Existe capacitação para essa nova realidade, fora da escola?
7. O método de ensino aplicado é o mesmo de uma sala de aula tradicional?
8. Como é o processo seletivo dos conteúdos pedagógicos dados em sala de
aula?
9. Como são dadas as disciplinas? Cada professor fica responsável por uma?
10. Existe um estímulo a mais por se tratar de crianças e adolescentes
portadores de câncer?
Pais:
1. O que é o NACC para você?
2. O que você acha da Classe Hospitalar presente no NACC?
30
3. O que você acha dos professores que ensinam nessa Classe Hospitalar?
4. Você está satisfeito (a) com o resultado da educação recebida pelo seu filho
(a) dentro do NACC?
Crianças e Adolescentes:
1. Você se sente bem no NACC?
2. Você gosta de estudar no NACC?
3. Você gosta dos professores?
33
Histórico do NACC
Fundado em outubro de 1985, na cidade do recife, por um grupo de
pessoas sensibilizadas com o problema do câncer infantil, o NACC (Núcleo de
Apoio à Criança com Câncer) vem oferecendo suporte aos serviços de
oncologia pediátrica da Cidade do Recife, através de apoio às crianças
carentes em tratamento na cidade e seus familiares. Proporcionando assim as
condições necessárias para que possam resolver todas as dificuldades
inerentes ao tratamento. Não é uma entidade médica, portanto não trata dos
pacientes. O tratamento é de responsabilidade do serviço médico aonde a
criança é matriculada e atendida.
O paciente só poderá ser cadastrado no NACC, se for encaminhado por
um serviço de oncologia do estado de Pernambuco, após consulta ao serviço
social do núcleo.
O NACC oferece às crianças e seus acompanhantes:
• Hospedagem ao paciente com direito a um acompanhante;
• Transporte para levar o paciente ao seu hospital de origem;
• Alimentação;
• Auxílio-Transporte para as crianças que residem no interior e não são
beneficiadas com tratamento fora de domicilio;
• Vale-Transporte para as crianças que residem na periferia, a fim de que
possam nos dias certos ir ao seu hospital para exames e tratamentos;
• Cesta básica para as crianças mais carentes, após triagem feita pelas
assistentes sociais dos hospitais credenciados pelo NACC e aprovação pela
assistente social da própria instituição;
• Leite e Suplemento Alimentar para as crianças desnutridas, quando solicitado
pelo médico responsável;
• Atendimento e acompanhamento psicossocial;
• Atendimento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional;
• Programa de reabilitação para pacientes amputados;
• Programas educativos;
• Programas profissionalizantes para pacientes adolescentes, pais e
acompanhantes;
34
• Elaboração de material educativo e informativo a respeito da doença e do
tratamento para ser distribuído com os pais;
• Classe Hospitalar.
Convênios
O NACC mantém convênios com a Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a
Fundação Universitária de Ciências da Saúde de Alagoas Governador
Lamenha Filho, para oferta de estágios curriculares nas seguintes áreas:
Serviço Social
Terapia Ocupacional
Fisioterapia (estágio extracurricular a partir do 6º período)
Biblioteconomia
Hotelaria
Parcerias
O NACC mantém parcerias com empresas privadas e instituições
públicas para o desenvolvimento de projetos e ações que visam a obtenção de
recursos, aperfeiçoamento dos serviços oferecidos e programas educacionais e
profissionalizantes.
Empresas Solidárias
São parceiros que mantém doações, programas e projetos regulares
com o NACC durante todo o ano:
ASA Indústria
Doação de Fraldas Descartáveis.
Hiper Bompreço
Parcerias em Projetos.
www.bompreco.com.br
Bandeirantes Outdoor
Mídia e divulgação.
www.bandeirantes-outdoor.com.br
Icorp - Agência de Internet
Criação e manutenção do website do
NACC. www.icorp.com.br
35
Bauducco
Doação de produtos alimentícios.
www.bauducco.com.br
Instituto Ronald McDonald
Parcerias em Projetos.
www.instituto-ronald.org.br
BNDES
Parcerias em Projetos.
www.bndes.gov.br
LEVEL Comunicação
Criação de peças publicitárias para o
NACC.
www.level.com.br
Bonsuco
Doação de produtos alimentícios.
McDonald's
McDia Feliz - A renda obtida com a
venda do Big Mac (exceto impostos)
é revertida para a instituição.
www.mcdonalds.com.br
CEHOPE
Apoio Técnico-Científico.
www.cehope.com.br
Ministério da Saúde
Parcerias em Projetos
Colégio Damas
Programas de educação e informação.
www.colegiodamas.com.br
Programação Visual
Consulado e povo do Japão
Doação de veículo, aparelhos eletro-
eletrônicos, montagem da oficina de
costura do NACC.
Recicol
Manutenção das instalações físicas
do NACC.
FGenes
Dedetização e higienização das
instalações do NACC.
www.fgenes.com.br
St. Jude Research Hospital (U.S.A)
Apoio Técnico-Científico.
www2.stjude.org
Frigorífico Ibérico
Doação de produtos alimentícios.
www.iberico.com.br
Williams Ltda.
Serviços marítimos
www.williams.com.br
36
Empresas que apóiam o NACC
Empresas e instituições que contribuem com o NACC com doações,
iniciativas e disposição para ajudar:
ADVB Nordeste Hotal Exposhow
Ala Jornal do Commercio
Altenamídia Laperli
Ampla Comunicação Lar
Associação Brasil América - ABA Paulo de Pontes
Banco Rural Polibrindes
Colégio Contato Pontes Hotéis
Consultexto Prefeitura da Cidade do Recife
Contexto Projeto Casa Cor
Cruzada de Ação Social Quina do Futuro
Diário de Pernambuco Romero Brito
Edvilma Cabeleireiros Salão de Proteção à Criança
Elcoma Sky
Engrenagem de Produção Thisf Informática
Épura Gráfica Digital Tim
Folha de Pernambuco Unibanco
GCL Universidade Federal de Pernambuco