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Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório. São Paulo 2009

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Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes

Regulação da produção hormonal da glândula pineal

de ratos por moduladores do processo inflamatório.

São Paulo

2009

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Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes

Regulação da produção hormonal da glândula pineal

de ratos por moduladores do processo inflamatório.

Tese apresentada ao Instituto de

Biociências da Universidade de São

Paulo, para a obtenção de Título de

Doutor em Ciências, na Área de

Fisiologia Geral.

Orientador(a): Regina Pekelmann

Markus

Co-orientador(a):Valérie Simonneaux

São Paulo

2009

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Ficha Catalográfica

Carlos Magno Fernandes, Pedro

Augusto

Regulação da produção hormonal

da glândula pineal de ratos por

moduladores do processo inflamatório.

142 páginas

Tese (Doutorado) - Instituto de

Biociências da Universidade de São

Paulo. Departamento de Fisiologia.

1. Melatonina 2. Eixo-imune-

pineal 3. Processo inflamatório

I. Universidade de São Paulo.

Instituto de Biociências.

Departamento de Fisiologia.

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Comissão Julgadora:

________________________ _____ _______________________

Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

_________________________ ____________________________

Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

Prof(a). Dr(a). Orientador(a)

Page 5: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Aos meus pais e amigos

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"O tempo que passas a rir é tempo que passas com os Deuses."

Provérbio chinês

“Os pés eu deixo no chão porque a cabeça eu gosto que avoe!”

Alberto Magno Ghizzi

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AGRADECIMENTOS

Esta é a parte mais difícil de materialização da presente tese. A

magnitude dos sentimentos associada ao limite de espaço disponível desafia

grandemente minha capacidade de síntese. Agradecendo, reverencio a

interligação existente entre mim, meu trabalho e todos aqueles que deram as

bases teóricas, emocionais e espirituais para o desenvolvimento da ciência e do

pesquisador humano por traz dos resultados aqui apresentados. Agradeço,

portanto, ao Deus que existente em cada um de vocês mesmo não possuindo

palavras satisfatórias para descrever a importância que cada um de vocês teve e

ainda tem em minha jornada.

Família: minha verdade! A formação intelectual/emocional humanista

que de vós recebi foi, é e sempre será fundamental para a expressão livre da

minha verdade pessoal. Às minhas avós Célia (meu amor póstumo ao meu avô

Augusto) e Cida (meu amor infantil e eterno ao meu avô Pedro), aos meus

progenitores unos Guga-Ignês/Ignês-Guga, a minha amada irmã Anita (valeu

pra você também Gordão), aos meus padrinhos Cristina e Zanzo (presentes de

Deus), a todos os meus tios e tias e a todos os meus queridos (únicos em beleza

e verdade) primos e primas o meu muito obrigado!

Amigos: minha força! Abençoado em família sou privilegiado também

por possuir amigos sinceros. Nasci com esta graça! Agradeço novamente a

pessoas como o Guigão, o Neto, o Alberto, a Carolina, a Ana Luiza, a Vitorinha,

o André, a Juju, o Gabriel, a Lívia, a Andréia, a Gabi e todos os meus primos e

parentes que amo incondicionalmente! Neste parágrafo agradecerei à minha

segunda família; aquela que escolhi e me escolheu. Agradeço então, de forma

especial: o Cadão, a Dani Simoni, o Lukito, o Pet, o Portuga, a Lelê, a Raposona,

o Danadas, a Fezinha, a Camila, a Batatinha, a Dridri, a Pow, o Savinho, o Didi,

a Catú, a Marcella, a Mayumi, a Marisa, a Gisele, a Carlota, o Gregory, o Ewout,

a Corina, a Kasia, o Jorge, a Domitille, a Orélie, a Aurore, o Léo, a Celina, a

Cíntchan, o Tchelão, o Harukão, o Brou, o mister Anderson (Nei), a Luisa (Lú),

o Pedro (diretor doidão), o Gui, todos os queridos amigos do grupo de teatro

Page 8: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Smart Spirit, todos os amados mestres do grupo Ibis e todos que fizeram e

fazem parte de minha vida.

Orientadores: minha expressão! Agradeço aqui aos amigos que

possibilitaram de maneira efetiva, empolgante e divertida a realização deste

trabalho. À Regina Pekelmann Markus, à Valérie Simonneaux, à Zulma Ferreira

e à Béatrice Bothorel, agradeço a orientação cuidadosa e gentil da minha

formação enquanto pesquisador e ser humano pensante. Aos meus queridos

companheiros de caminhada Erika, Eduardo, Débora, Daiane, Marco, Mara,

Sam, Alex, Renato, Kelly, Claudinha, Claúdia, Cecília, Camila Cris e todos os

outros que fazem e fizeram parte do laboratório de cronofarmacologia, deixo

aqui registrado todo meu amor e admiração. Agradeço também a amigável

acolhida de todos os integrantes do Laboratoire de Neurobiolgie des Rythmes do

Institut des Neurosciences Cellulaires et Intégratives da Université Louis Pasteur,

dentre eles, o senhor e a senhora Paul Pévet e Mireille Masson-Pévet e a

pesquisadora Sylvie Raison.

Agradeço, por fim, o fundamental apoio financeiro e científico da

FAPESP (04/10922-3), CAPES/COFECUB e CNPq.

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ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO______________________________________________________ 1

1. Glândula Pineal _____________________________________________________1

1.1. Controle da produção de melatonina pela pineal_______________________ 4

2. Sistema oscilatório endógeno ________________________________________9

3. Moduladores do processo inflamatório ______________________________13

3.1. Glicocorticóides e seus receptores _____________________________________ 16

3.2. TNF e ativação da via NF-κB ___________________________________________ 19

3.3. IFN-γ e ativação da via JAK-STAT _______________________________________ 21

4. Melatonina e sistema imune ________________________________________23

4.1. Relação adrenal-pineal________________________________________________ 26

II. OBJETIVOS_______________________________________________________ 28

III. MATERIAL e MÉTODOS ___________________________________________ 29

1. Animais ____________________________________________________________29

2. Drogas e reagentes_________________________________________________29

3. Preparo de drogas__________________________________________________31

4. Cultura de glândulas pineais ________________________________________31

5. Adrenalectomia____________________________________________________32

6. Microdiálise intrapineal _____________________________________________32

7. Dosagem radioimunologica de corticosterona_______________________33

8. Dosagem radioimunológica de melatonina__________________________34

9. Extração protéica nuclear de glândula pineal de rato ________________34

10. Dosagem de proteína ______________________________________________35

11. Ensaio de eletromobilidade em Gel (EMSA) __________________________35

12. Extração de RNA ___________________________________________________36

13. RT-PCR _____________________________________________________________36

14. RT-PCR em tempo real ______________________________________________37

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15. Ensaio de atividade enzimática da AA-NAT __________________________38

16. Ensaio de atividade enzimática da HIOMT ___________________________38

17. Ensaio de atividade enzimática da TPH ______________________________39

18. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) _____________________39

19. Análises estatísticas ________________________________________________40

IV. RESULTADOS ____________________________________________________ 41

1. Efeitos da corticosterona sobre a síntese de NAS e melatonina________41

1.1. Estudos in vitro_________________________________________________________ 41

1.2. Estudos in vivo _________________________________________________________ 45

2. Mecanismos de ação da corticosterona_____________________________50

2.1. inibição da captação extraneuronal de adrenalina ____________________ 50

2.2. Participação de receptores intracelulares de glicocorticóides __________ 51

2.3. Via de transcrição NF-κB _______________________________________________ 52

2.4. Efeito sobre a produção do transcrito aa-nat ___________________________ 54

2.5. Atividade enzimática __________________________________________________ 56

2.6. Adrenalectomia_______________________________________________________ 58

3. Citocinas Pró-inflamatórias__________________________________________60

3.1. IFN-γ___________________________________________________________________ 60

3.2. TNF____________________________________________________________________ 62

3.2.1. NAS e RNAm de AA-NAT, HIOMT e 14-3-3 _____________________________ 63

3.2.2. Síntese protéica e produção do transcrito aa-nat ____________________ 65

V. DISCUSSÃO______________________________________________________ 67

1. Controle da via biossintética da melatonina pela corticosterona______69

2. Mecanismos Celulares e Moleculares dos Glicocorticóides ___________71

3. Efeito de citocinas sobre a função pineal ____________________________73

4. Pineal enquanto um sensor da resposta imune inata__________________76

5. Eixo imune-pineal __________________________________________________77

VI. CONCLUSÕES ___________________________________________________ 82

VII. RESUMO________________________________________________________ 83

VIII. ABSTRACT______________________________________________________ 84

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IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 85

X. SÚMULA CURRICULAR ___________________________________________ 107

XI. TRABALHOS PUBLICADOS _______________________________________ 112

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Lista de Abreviaturas

[Ca2+] concentração de cálcio

5-HIAA ácido 5-hidroxindolacético

5-HT serotonina

5-HTP 5-hidroxitriptofano

AA-NAT arilalquilamina N-acetiltransferase

AC adenilil ciclase

ACTH hormônio adrenocorticotrófico

ADX adrenalectomia

ALLN N-acetil-leucinil-leucinil-norleucinol-H

AMP adenosina monofosfato

AMPc - monofosfato cíclico de adenosina

ATP adenosina trifosfato

BCG Bacillus Calmett Guérin

CBP CREB binding protein

CHX cicloheximida

COMT catecol-O-metiltransferase

CORT corticosterona

COX ciclooxigenase

CRE elementos responsivos a AMPc

CREB cyclic AMP response element binding

DBD domínio de ligação ao DNA

DMH núcleo dorsomedial do hipotálamo

EMSA ensaio de eletromobilidade em Gel

epm erro padrão da média

GABA ácido γγγγ-aminobutírico

GAS IFN-γγγγ-activated site

GCS gânglio cervical superior

GMP guanosina monofosfato

GR receptores para glicocorticóides

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GRE regiões responsivas a glicocorticóides

Gs proteína G estimulatória

HIOMT hidroxi-indol-O-metiltransferase

HPA eixo hipotálamo – hipófise – adrenal

HPLC cromatografia líquida de alta eficiência

hsp heat shock proteins

IκκκκB proteína inibitória κκκκB

IFN-γγγγ interferon γγγγ

IKK IκκκκB quinase

IL-1ββββ Interleucina 1 ββββ

IL-12 Interleucina 12

IL-18 Interleucina 18

IL-2 Interleucina 2

IL-6 Interleucina 6

IML porção intermédio lateral da medula

iNOS sintase do óxido nítrico induzível

IP3 diacilglicerol

JAK Janus activated kinase

LBD ligand binding domain

LH hormônio luteinizante

LPS lipopolissacarideo de bactérias Gram-negativas

MAO monoaminoxidase

MR receptores de mineralocorticóides

MT1 receptor de melatonina do subtipo 1

MT2 receptor de melatonina do subtipo 2

NA noradrenalina

NAS N-acetilserotonina

NF-κκκκB fator nuclear Kappa B

NK natural killer

nNOS sintase do óxido nítrico neuronal

NO óxido nítrico

NSQ núcleos supraquiasmáticos

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PDTC pirrolidinaditiocarbamato

PKA II proteína quinase dependente de AMP cíclico II

PKC proteína quinase dependente de Ca2+

PLC fosfolipase C

PNMT fenil-etanolamina-N-metil transferase

PVN núcleo paraventricular do hipotálamo

RHD rel homology domain

RIP receptor-interacting protein

RT-PCR reação de polimerase em cadeia catalizada por trasncriptase

reversa

RU-486 mifepristone

SAM S-adenosil-metionina

SODD silencer of death domain

STAT signal tranducer and activator of transcription

TGF-ββββ transforming growth factor-beta

Th-1 T helper

TNF fator de necrose tumoral

TPH1 triptofano hidroxilase 1

TRADD TNFR1-associated via death domain

TRAF2 TNF receptor-associated factor 2

TSH hormônio estimulante da tireóide

U-STAT unphosphorilated-STAT

VIP peptídeo intestinal vasoativo

VP vasopressina

ZT zeitgeber time

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Introdução

1

II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

11.. GGllâânndduullaa PPiinneeaall

A glândula pineal foi batizada pelo médico e filósofo Cláudio Galeno

(131-200) em vista do seu formato de pineale que, em latim, quer dizer nó de

pinho. O debate da época girava em torno da estrutura que seria responsável

pelo fluxo da chamada “psico pneuma” entre os hemisférios cerebrais. Havia

uma disputa se esta seria a função da pineal ou de uma estrutura vermiforme,

como sugerido por Galeno. Já no século XVII o filósofo e matemático francês

René Descartes (1596-1650), em um de seus tratados, disse que “há uma

pequena glândula no cérebro, na qual a alma exerce suas funções mais

particularmente do que nas outras partes” (Descartes, 1973; p.238). Ele dizia que

esta glândula seria a pineal, que captaria o espírito do animal controlando

movimentos corporais, sensações, memória e imaginação. Apesar de Descartes

ter estudado as bases anatômicas da pineal, as proposições conceituais de

Galeno é que foram comprovadas ao longo dos anos.

Em humanos, esta glândula está localizada na parte rostro-dorsal da base

do cérebro na junção entre o encéfalo e o cerebelo. Ela é uma estrutura

epitalâmica derivada de células neuroectodérmicas e, a exemplo da retina,

desenvolve-se a partir de uma invaginação do teto da parede do terceiro

ventrículo (para revisão ver Duvernoy & Risold, 2007). Em roedores, está

dividida em uma porção superficial localizada entre os hemisférios cerebrais, e

outra profunda na base do cérebro, conectadas por um longo e fino pedúnculo

(Vollrath, 1981).

Em 1898, as observações pioneiras de Otto Heubner (pediatra alemão)

sobre a associação entre tumor pineal e puberdade precoce em três meninas,

levou à sugestão de que esta estrutura produziria um hormônio

antigonadotrófico, colocando a glândula pineal como um elo no controle do

sistema reprodutor. Na década de cinquenta, pesquisadores estabeleceram a

ligação entre esta glândula e a reprodução ao estudarem os efeitos de extratos

da pineal sobre úteros de ratas (Kitay & Altschule, 1954). Na sequência, no final

Page 16: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Introdução

2

da década de cinquenta, Aaron Lerner isolou de pineais de bovinos um fator

capaz de agregar melanóforos, a melatonina (Lerner et al., 1958), sintetizada a

partir da serotonina (Lerner et al., 1959). Na década seguinte foi demonstrado o

ritmo diário da síntese de serotonina (Quay, 1963) e melatonina (Quay, 1964)

em pineais de ratos.

A variação do fotoperíodo ao longo das estações do ano influencia vários

aspectos da fisiologia interna e do comportamento reprodutivo de diversas

espécies. Os primeiros trabalhos que mostraram os efeitos diferenciais da pineal

sobre a capacidade reprodutiva de roedores usaram como modelo o hamster,

cujas alterações sazonais na reprodução eram bem descritas (Hoffman et al.,

1965). Quando estes animais são mantidos em fotoperíodo curto (ou cujos

globos oculares são removidos) apresentam redução testicular que é revertida

por pinealectomia (Hoffman & Reiter, 1965a). Este efeito não é observado em

animais mantidos em fotoperíodo longo (Hoffman & Reiter, 1965b). Estes

estudos foram pioneiros na demonstração da glândula pineal como

controladora de processos fisiológicos temporalmente regulados. Atualmente,

diversos trabalhos têm caracterizado esta glândula como um importante

transdutor neuroendócrino que recebe a informação luminosa captada pela

retina e integrada nos núcleos supraquiasmáticos (NSQ) e a retransmite para o

resto do organismo por meio do pico noturno de melatonina (para revisão ver

Simonneaux e Ribelayga, 2003).

Estudos sobre a estrutura celular e morfológica da pineal bem como de

seu desenvolvimento e diferenciação celular possibilitaram a caracterização de

diferentes fenótipos celulares na glândula pineal. Em mamíferos são descritos

cinco tipos básicos de células na pineal. O fenótipo celular mais abundante é o

pinealócito, célula produtora de hormônio, identificada pela presença das

enzimas da via biossintética da melatonina: arilalquilamina-N-acetiltransferase

(AA-NAT) e hidroxindol-O-metiltransferase (HIOMT) (Pfeffer et al., 1999;

Ribelayga et al., 1999). Os outros fenótipos celulares são: células intersticiais que

expressam marcadores gliais (Calvo et al., 1988), fagócitos perivasculares que

expressam proteínas de membrana características de macrófagos e microglia

Page 17: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Introdução

3

(Pedersen et al., 1993; Sato et al., 1996), neurônios clássicos e peptidérgicos (para

revisão ver Møller & Baeres, 2002).

As células pineais organizam-se em grupos que se comunicam

eletricamente (Schenda & Vollrath, 1998; Reuss, 1985). O padrão de

comunicação entre as células é alterado por noradrenalina, acetilcolina e

concentração de cálcio ([Ca2+]) extracelular (Schenda & Vollrath, 1999). Este

padrão de organização, semelhante ao que ocorre em músculo liso (para revisão

ver Brading, 2006), sugere que a informação neural chega a uma célula e é

transmitida para as demais. Uma heterogeneidade entre os pinealócitos

também foi constatada ao se estudar a função nitridérgica. Uma subpopulação

de células expressa constitutivamente a sintase de óxido nítrico neuronal

(nNOS, do inglês, neuronal nitric oxide synthase) e produz óxido nítrico (NO)

após estimulação de adrenoceptores (Spessert et al., 1998). Estas células estão

geralmente rodeadas de células nNOS negativas mas, que produzem guanosina

monofosfato (GMP) cíclico quando estimuladas por NO sugerindo que as

diferentes subpopulações celulares estejam trocando informações (Spessert et

al., 1998).

A principal inervação da glândula pineal é a simpática (Kapers, 1960),

que libera os mediadores clássicos desta via, noradrenalina (Klein, 1985) e

adenosina trifosfato (ATP) (Barbosa et al., 2000), e apresenta o peptídeo Y, já

caracterizado em outros terminais simpáticos (para revisão ver Simonneaux &

Ribelayga, 2003). Esta via será descrita em detalhes mais adiante, focalizando a

síntese de melatonina. A glândula pineal também recebe projeções colinérgicas

(Phansuwan-Pujito et al., 1999). Além disso, a glândula desnervada em cultura

produz acetilcolina (Wessler et al., 1997). A ativação de receptores colinérgicos

dos pinealócitos resulta na despolarização da membrana, aumento da [Ca2+]

intracelular e secreção de glutamato (Letz et al., 1997; Yamada et al., 1998). A

exemplo do que ocorre em outros sistemas (Reno et al., 2004), glutamato

promove a liberação de glutamato em células da pineal (Kim et al., 2008).

Interessante notar que este aminoácido provavelmente inibe a síntese de

melatonina induzida por noradrenalina (Kus et al., 1994).

Page 18: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Introdução

4

1.1. CONTROLE DA PRODUÇÃO DE MELATONINA PELA PINEAL

A melatonina é sintetizada a partir do triptofano, proveniente da

circulação, que é inicialmente convertido a 5-hidroxitriptofano (5-HTP) sob a

ação da triptofano hidroxilase 1 (TPH 1) (Lovenberg et al., 1967). Está é a enzima

limitante da síntese de serotonina (5-HT), sendo sua atividade, em roedores,

aumentada duas vezes na fase de escuro (Sugden, 2003). O 5-HTP é

descarboxilado, através da enzima 5-HTP descarboxilase, dando origem à

serotonina (Snyder & Axelrod, 1964), que é substrato de diferentes rotas

metabólicas. A serotonina pode ser acetilada pela ação da enzima AA-NAT

originando a N-acetilserotonina (NAS) (Axelrod & Weissbach, 1960; Voisin et

al., 1984), que é metilada pela HIOMT formando a melatonina (Axelrod &

Weissbach, 1960). A segunda via metabólica, considerada uma via de

catabolismo, promove a deaminação oxidativa da serotonina pela

monoaminoxidase (MAO) forma o ácido 5-hidroxindolacético (5-HIAA) (para

revisão ver Simmoneuax & Ribelayga, 2003).

O neurônio simpático que inerva a glândula pineal (Kapers, 1960) libera

noradrenalina (NA) (Klein, 1985) que interage com receptores adrenérgicos α1 e

β1 localizados nos pinealócitos. A liberação noturna de NA é 100 vezes maior

que a diurna (Drijfhout et al., 1996) e o ritmo diário dos adrenoceptores β1 faz

com que a maior densidade seja encontrada na transição claro/escuro (Romero

& Axelrod, 1974; Panger et al., 1990). Estes receptores estão acoplados à proteína

G estimulatória (Gs) e sua ativação induz a síntese de adenosina monofosfato

(AMP) cíclico (Strada et al., 1972) induzindo um aumento de sua concentração

de até 10x em relação ao basal (Vanecek et al., 1985). A estimulação simultânea

de receptores adrenérgicos α1 e β1 promove um aumento adicional deste

segundo mensageiro, devido ao cross-talk entre as vias inositol trifosfato (IP3) e

AMP cíclico, visto que a atividade da adenilil ciclase (AC) é potenciada ao ser

fosforilada por proteína quinase dependente de Ca2+ (PKC) (Tzavara et al.,

1996). Em condições de higidez apenas os adrenoceptores β1 são ativados, visto

Page 19: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Introdução

5

que o bloqueio dos adrenoceptores α1 não reduz a produção de melatonina

(Tobin et al., 2002). Já em condições de resposta à injúria, quando o eixo

hipotálamo – hipófise – adrenal (HPA) é ativado, há um aumento da

quantidade de noradrenalina disponível na fenda sináptica (Sabban et al., 2004;

Serova et al., 2008), o que poderia resultar na ativação dos dois subtipos de

receptores. Os nervos conários, quando estimulados, também liberam ATP

(Barbosa et al., 2000) que, ativando receptores purinérgicos P2Y1, levam à

ativação da via dependente de IP3 (Ferreira et al., 2003). Estes experimentos

foram todos feitos in vitro e ainda não há confirmação da relevância destes

receptores na atividade regular de glândulas pineais in vivo.

O aumento de AMP cíclico após estimulação β1-adrenérgica ativa a

proteína quinase dependente de AMP cíclico II (PKA II) (Klein et al., 1970). A

fosforilação do fator de transcrição CREB (do inglês, cyclic AMP response element

binding) facilita a sua ligação a elementos responsivos ao AMP cíclico (CRE)

presentes nos promotores das enzimas TPH 1 (Besançon et al., 1996 e 1997) e

AA-NAT (Baler et al., 1997; Burke et al., 1999) aumentando a formação dos

respectivos transcritos (Klein et al., 1997). A fosforilação das enzimas TPH 1

(Gastel et al., 1998) e AA-NAT (Ganguly et al., 2002) aumenta a atividade das

mesmas. Portanto, AMP cíclico atua sobre a via biossintética da melatonina

induzindo a transcrição dos genes e as atividades das enzimas TPH 1 e AA-

NAT. A fosforilação da AA-NAT impede sua degradação por proteassomas

levando a um acúmulo citoplasmático desta enzima (Coon et al., 2002). É

preciso ressaltar que o aumento sobre TPH 1 é muito menor que o observado

para a AA-NAT, que é praticamente indetectável na fase de claro.

O papel da AA-NAT como enzima chave na síntese e liberação de

melatonina é conhecido desde a década de oitenta (Klein, 1985). De fato, em

todas as espécies estudadas até o momento, a atividade da AA-NAT é baixa

durante o dia e bastante elevada na fase de escuro, independente do animal ser

de hábito diurno (Reiter et al., 1984) ou noturno (Klein & Weller, 1970). O

equilíbrio dinâmico do conteúdo da enzima AA-NAT é determinado pelo

controle da síntese do RNAm e da degradação da proteína por dois

Page 20: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Introdução

6

mecanismos moleculares, dependentes de AMP cíclico e ativação de PKA II.

Como mencionado anteriormente, um mecanismo envolve o controle do

conteúdo de RNAm da AA-NAT por meio da regulação da sua transcrição

(Klein et al., 1997) e/ou da degradação da mensagem (Guillaumond et al., 2000)

e o outro mecanismo envolve a inibição da proteólise desta enzima (Ganguly et

al., 2001).

Em algumas espécies a alteração na transcrição do gene da AA-NAT

ocorre em base circadiana. Em roedores, onde este mecanismo é mais evidente,

a diferença no conteúdo de RNAm da AA-NAT entre o dia e a noite chega a ser

superior a 100 vezes (Borjigin et al., 1995; Coon et al., 1995). Como foi visto, o

CREB fosforilado liga-se ao seu elemento responsivo, localizado na região

promotora e no primeiro íntron do gene da AA-NAT, ativando a sua

transcrição (Coon et al., 2001). O aumento do conteúdo de RNAm da AA-NAT é

seguido pelo aumento nos níveis protéicos e de atividade da enzima (Klein et

al., 1997). Recentemente, foi demonstrado que a fosforilação do resíduo 31

(treonina) é uma etapa fundamental para o aumento da atividade da enzima

AA-NAT, pois permite a sua ligação com a proteína 14-3-3 formando um

complexo proteína/proteína estável que expõem o sítio de ligação da enzima ao

seu substrato (Coon et al., 2001; Ganguly et al., 2001, Klein et al 2002). A

fosforilação da enzima AA-NAT e sua formação de complexo com a 14-3-3 são

os mecanismos que a protegem contra a degradação por proteossomas

citosólicos (Gastel et al., 1998; Ganguly et al., 2002). Detalhes sobre a via

biossintética da melatonina na figura 1.

A análise molecular da ativação noturna da AA-NAT tem sido realizada

em ratos (Borjigin et al., 1995; Roseboon & Klein, 1995; Roseboon et al., 1996;

Baler et al., 1997; Gastel et al., 1998; Ganguly et al., 2001) e em outros roedores de

hábito noturno, como hamster (Gauer et al., 1999) e camundongos (Foulkes et

al., 1986; Roseboom et al., 1998). Em todos os roedores estudados foi observado

um controle na transcrição do gene da AA-NAT. Por outro lado, a regulação

desta enzima em ungulados e primatas é diferente. Em ovelhas (Coon et al.,

1995), bovinos (Craft et al., 1999) e primatas (Klein et al., 1997) não há variação

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Introdução

7

diária da quantidade de RNAm, mas sim do conteúdo da proteína. Neste caso

está em operação apenas o segundo mecanismo regulatório dependente de

AMP cíclico, ou seja, a inibição da proteólise de AA-NAT (Gastel et al., 1998). O

aumento noturno dos níveis protéicos e da atividade da AA-NAT depende de

mecanismos regulatórios pós-transducionais. Assim, em bovinos e humanos a

proteína da AA-NAT é sintetizada continuamente a partir do RNAm e

destruída por proteólise proteassomal durante o dia. Durante a noite, a

produção de AMP cíclico induzida por noradrenalina protege a AA-NAT de

proteólise e permite seu acúmulo citoplasmático, ativação e consequente síntese

de melatonina (Schomerus et al., 2000).

Considerando estas diferenças na regulação da AA-NAT, foi sugerido

que a síntese de melatonina poderia ser controlada de maneira diferente em

roedores de hábito noturno ou diurno. Simonneaux e colaboradores testaram

esta hipótese analisando as bases genéticas da ativação da AA-NAT e a síntese

de melatonina na glândula pineal do roedor de hábito diurno Arvicanthis

ansorgei. Esta é uma espécie de roedor africano que apresenta atividade diurna

também nas condições controladas de laboratório. O gene da AA-NAT nesta

espécie mostrou 86% de homologia ao gene clonado do rato Wistar (Rattus

novergicus), animal de hábito noturno. O perfil diário do RNAm da AA-NAT, a

regulação noradrenérgica da atividade da enzima e a síntese de melatonina

foram similares em ambas as espécies de roedores (Garidou et al., 2002). Em

outras palavras, os autores mostraram que a estimulação com agonista de

adrenoceptor β durante a fase de claro leva a um aumento da produção de

melatonina e esta é bloqueada com a administração noturna de propranolol

(antagonista β). Além disso, a capacidade da melatonina de atuar sobre o

relógio é semelhante nos dois modelos. Em animais mantidos em escuro

constante (livre-curso), a infusão diária de melatonina arrasta, por exemplo, o

ritmo circadiano de atividade locomotora (Slotten et al., 2002). Portanto, tanto os

roedores de hábito noturno quanto os de hábito diurno têm mecanismos

semelhantes de produção do hormônio que marca a noite, e este atua sobre o

relógio da mesma forma.

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Introdução

8

Figura 1. Controle noradrenérgico da produção de melatonina pela glândula pineal de ratos. A liberação noturna de NA pelas fibras simpáticas provenientes do gânglio cervical superior ativa receptores adrenérgicos dos subtipos α1 e β. Os receptores β-adrenérgicos são receptores de sete domínios transmembrânicos acoplados à proteína Gs que, quando ativados, induzem a conversão de ATP em AMP cíclico (AMPc) pela adenilil ciclase (AC). Os receptores do subtipo α1–adrenérgico também são de sete domínios transmembrânicos, mas acoplados à proteína Gq que ativa a fosfolipase C (PLC) induzindo a produção de inositol trifosfato (IP3) que, por sua vez, induz o aumento intracelular de cálcio levando a ativação da PKC. A PKC aumenta a produção de AMP cíclico modulando positivamente a AC. O aumento de AMP cíclico ativa PKA que fosforila o fator de transcrição CREB. Este fator vai ao núcleo e ativa a transcrição do RNA mensageiro da enzima AA-NAT. Uma vez transcrita e traduzida a AA-NAT pode ser degradada por ação proteassomal ou então fosforilada pela PKA. Quando fosforilada ela se liga à proteína 14-3-3 que a protege da degradação e altera sua conformação expondo seu sítio ativo. Uma vez ativada, AA-NAT converte a 5-HT originada do metabolismo do aminoácido triptofano em NAS que, pela ação da enzima HIOMT, forma melatonina. Tanto melatonina quanto NAS são liberadas na corrente sanguínea.

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Introdução

9

22.. SSiisstteemmaa oosscciillaattóórriioo eennddóóggeennoo

A glândula pineal e seu principal hormônio, a melatonina,

desempenham um papel chave na sincronização de ritmos endógenos do

organismo ao ciclo claro-escuro ambiental. A síntese de melatonina é

sincronizada pela luz, sendo que este hormônio age tanto sobre o relógio

biológico - NSQ - quanto sobre diferentes elementos do sistema biológico, tendo

assim uma ação pleiotrópica. A seguir será apresentado como o sistema

oscilatório endógeno de mamíferos controla a produção de melatonina pela

glândula pineal e a produção de glicocorticóides pelas adrenais, por serem os

hormônios relevantes para esta tese.

Os seres vivos, na sua forma mais simples, como os seres unicelulares,

até sua forma mais complexa, como os vertebrados, são estruturados no tempo

e no espaço. A maioria dos parâmetros bioquímicos, fisiológicos e

comportamentais dos organismos apresenta flutuações diárias que persistem

sob condições constantes, indicando a incorporação de osciladores endógenos

aos sistemas responsivos às variações cíclicas ambientais. A principal função

resultante desta característica é a organização do decurso temporal das funções

biológicas de modo a antecipar as mudanças cíclicas ambientais de acordo com

o hábito de vida do indivíduo (Menaker et al., 1997).

A endogenicidade dos ritmos biológicos é conhecida há muito tempo.

Jean Lacques de Mairan, em 1729, constatou que o movimento diário de

abertura e fechamento dos folíolos de uma planta da família da Mimosa é

mantido mesmo em um ambiente desprovido de variação circadiana de claro e

escuro. Contudo, os ritmos endógenos são ajustáveis aos ritmos externos por

meio do processo de arrastamento que consiste, resumidamente, na

modificação do período e da fase de um oscilador circadiano por ritmos

ambientais. Aschoff em 1960 foi quem primeiro cunhou o termo zeitgeber

(doador de tempo, em alemão) para os ciclos ambientais capazes de promover

este arrastamento, sendo o ciclo claro/escuro ambiental o principal zeitgeber dos

mamíferos (para revisão ver Menaker et al., 1997).

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Introdução

10

No centro dos sistemas que controlam e regulam os ritmos endógenos

dos vertebrados estão três tipos de estruturas funcionais que se interconectam

em um sistema oscilatório central. A primeira capta a informação do oscilador

externo (zeitgeber) e a transmite para um controlador central (relógio biológico

central) que ajusta a sua ritmicidade intrínseca ao meio ambiente e regula o

funcionamento das estruturas responsáveis pela propagação da informação

para o resto do organismo. No caso dos mamíferos, células ganglionares

especializadas da retina captam as informações fóticas ambientais por meio do

pigmento fotorreceptor melanopsina (Provencio et al., 2000) e as transmite via

trato retino-hipotalâmico para os NSQ (Hattar et al., 2002). Os NSQ, por meio de

projeções neuronais específicas (que serão mais bem abordadas adiante)

modulam a ritmicidade dos osciladores periféricos, dentre eles, a glândula

pineal.

Como comentado, os NSQ constituem uma das estruturas anatômicas

mais importantes na geração e manutenção de ritmos circadianos em

mamíferos. A lesão dos NSQ resulta na perda de vários ritmos circadianos em

diferentes funções ou vias metabólicas como, por exemplo, locomoção, ingestão

de líquidos (Schwartz et al., 1980), produção de corticosterona pela adrenal de

ratos (Moore & Eichler, 1972) e produção de melatonina pela glândula pineal

(Moore & Klein, 1974).

Como podemos observar na figura 2, os diversos ritmos endógenos

controlados pelos NSQ apresentam períodos e fases próprias em relação ao

zeitgeber ambiental. Estas diferenças podem ser parcialmente explicadas pelo

fato dos NSQ emitirem projeções para diferentes regiões do sistema nervoso

central. As projeções que aferentam neurônios endócrinos, neurônios pré-

autonômicos e interneurônios são bem descritas (para revisão ver Kalsbeek et

al., 2006). Além disso, trabalhos que avaliaram a eletrofisiologia e a biologia

molecular revelam a existência de subpopulações neuronais nos NSQ (La

Iglesia et al., 1999) que se projetam para regiões diferentes e produzem

neurotransmissores específicos e com acrofases próprias (Saeb-Parsy & Dyball,

2003). Pelo menos quatro subdivisões dos NSQ são conhecidas em relação às

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Introdução

11

suas diferentes acrofases. A primeira subpopulação neuronal apresenta acrofase

em ZT 2 (zeitgeber time, ZT 0 é definido como sendo o começo da fase de luz),

produz vasopressina (VP) e ácido γ-aminobutírico (GABA) e inibe a produção

de glicose hepática e corticosterona. A segunda possui acrofase em ZT 6

(acredita-se que de 50 a 60 % dos neurônios dos NSQ façam parte deste grupo),

produz GABA e inibe o pico noturno de melatonina. Há ainda mais duas

populações de neurônios com acrofases em ZT 10 e ZT 18 cujos

neurotransmissores não são conhecidos. A primeira (ZT 10) modula a produção

de corticosterona ativando o eixo HPA e a segunda (ZT 18) o pico noturno de

melatonina (para revisão ver Kalsbeek et al., 2006).

Os NSQ controlam as poduções de melatonina e corticosterona a partir

de vias que apresentam congruências e diferenças anatômicas. Com relação à

síntese circadiana de melatonina os NSQ enviam projeções para o núcleo

paraventricular do hipotálamo (PVN, do inglês, paraventricular nucleus) que, por

sua vez, projeta-se para a porção intermédio lateral (IML) da medula espinhal.

A partir daí, via gânglio cervical superior (GCS), a informação é passada para a

glândula pineal induzindo a produção de melatonina. Já a produção rítmica de

corticosterona é estimulada pelos NSQ tanto por uma via neuroendócrina, que

passa pelo núcleo dorsomedial do hipotálamo (DMH, do inglês, dorsomedial

nucleus of hypothalamus) (Teclemariam-Mesbah et al., 1999; Buijs & Kalsbeek,

2001; Kalsbeek & Buijs, 2002), quanto por uma via autonômica composta pelo

PVN e pela porção IML da medula (Buijs et al., 1999; Ulrich-Lai et al., 2006).

Os neurônios projetados a partir dos NSQ para a divisão autonômica do

núcleo paraventricular são VIPérgicos (do inglês, vasoactive intestinal peptide),

vasopressinérgicos (Buijs et al., 1999) e GABAérgicos (Kalsbeek et al., 1993). A

estimulação de receptores GABAérgicos reduz o fluxo simpático na fase de

escuro e inibe o aumento noturno de melatonina. Confirmando esta observação,

o bloqueio GABAérgico do PVN ou a ablação dos NSQ elevam a concentração

do RNAm da AA-NAT na fase de escuro (Kalsbeek et al., 2000). Em resumo,

durante o claro, a ativação das fibras GABAérgicas provenientes dos NSQ inibe

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Introdução

12

o tráfego simpático resultando no bloqueio da produção de melatonina (para

revisão ver Simonneaux & Ribelayga, 2003).

Corticosterona

0 6 12 18 240

40

80

120

(ng/mL)

TSH

0 6 12 18 240

1

2

3

(ng/mL)

LH

0 6 12 18 240

2

4

6

8

(ng/mL)

Prolactina

0 6 12 18 240

100

200

300

400

(ng/mL)

(ng/mL)

Leptina

0 6 12 18 240

1

2

3

4

5

Melatonina

0 6 12 18 240

20

40

60

80

100

(% do pico)

Zeitgeber (h) Zeitgeber (h)

Figura 2. Ritmos hormonais de mamíferos de hábito noturno. Esquema baseado em dados apresentados por Kalsbeek e col, (2006) mostrando os diferentes ritmos de produção circadiana dos hormônios corticosterona, hormônio estimulante da tireóide (TSH), hormônio luteinizante (LH), prolactina, leptina e melatonina. Nesta figura podemos observar que, em animais de hábito noturno, o pico de corticosterona, LH, prolactina e leptina ocorrem próximo à transição claro/escuro e o de melatonina está todo localizado na fase de escuro. Por outro lado, também é exemplificado um hormônio, TSH, que tem um ritmo ultradiano apresentando dois picos, um no meio da fase de claro e outro no meio da fase de escuro.

Com relação à produção de corticosterona, o PVN é responsável pelo

controle da neuro e adeno-hipófise. As grandes células hipotalâmicas que se

localizam ao redor do terceiro ventrículo enviam axônios diretamente para a

hipófise posterior onde os terminais liberam ocitocina e vasopressina. Células

menores, da mesma área, aferentam os núcleos dorsomediais do hipotálamo e

secretam neurotransmissores específicos no sistema porta-hipofisário anterior

(para revisão ver Kalsbeek et al., 2006). Estes fatores induzem a secreção de

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Introdução

13

hormônios da adeno-hipófise, entre eles o hormônio adrenocorticotrófico

(ACTH) responsável pela estimulação do córtex da adrenal. Além do controle

endócrino os NSQ também controlam a produção de corticosterona por via

neural. A projeção do PVN para a porção IML da medula não só alcança o

gânglio cervical superior, mas também chega ao córtex da adrenal (Buijs et al.,

1999), à glândula tireóide (Kalsbeek et al., 2000) e ao fígado (La Fleurs, 2000)

controlando por uma via neural direta, e não pela clássica via neuroendócrina, a

secreção de corticosterona.

Por fim, a administração de oligonucleotídeos antisenso para VIP nos

NSQ bloqueia temporariamente o ritmo circadiano da secreção de

corticosterona, mas não altera os picos de corticosterona relacionados com

estresse (Scarbrough et al., 1996). Um pulso de luz durante a fase de escuro

reduz os níveis plasmáticos de melatonina e de corticosterona em ratos, sem

modificar os níveis plasmáticos de ACTH. Já a ablação dos NSQ, que aumenta

per se os níveis de corticosterona (Buijs et al., 1993), impede que um pulso de luz

na fase de escuro leve a uma redução da corticosterona (Buijs et al., 1999). Se, no

mesmo intervalo de tempo, ao invés de ser apresentado ao animal um pico de

luz, este for colocado em um ambiente novo (forma de estresse) ocorre um

aumento de corticosterona e uma elevação do pico de ACTH. Assim sendo, os

NSQ utilizam uma via neural para enviar sua mensagem sobre a iluminação

ambiental não somente para a pineal, mas também para a adrenal através de

eferências do sistema nervoso autônomo simpático (Fig. 3).

33.. MMoodduullaaddoorreess ddoo pprroocceessssoo iinnffllaammaattóórriioo

Assim como a organização temporal dos organismos garante a

sobrevivência dos indivíduos em situações de higidez, durante o combate a

injúrias, diversos moduladores são produzidos de maneira temporalmente

padronizada, de modo a garantir que a montagem e a resolução do quadro

ocorram apropriadamente. A resposta imune inata é a primeira linha de defesa

do organismo contra agentes injuriantes. Seu objetivo é induzir a migração

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Introdução

14

leucocitária ao tecido injuriado de forma a eliminar o agente agressor e, quando

necessário, recompor o tecido alterado.

NSQ

PVN

retina

claro/escuro

IML

Adrenal

Glicocorticóides

CRH

ACTH

GCS

pineal

melatonina

Figura 3. Controle da produção circadiana de melatonina e de corticosterona pelo sistema oscilatório endógeno. Esquema baseado no apresentado por Schultz & Kay (2003) sobre a produção de melatonina e corticosterona em roedores de hábito noturno. A informação fótica ambiental captada pela retina chega aos núcleos supraquiasmáticos (NSQ) pelo trato retino-hipotalâmico e é retransmitida para o núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN). O PVN envia então aferências para a coluna intermédio lateral que, via gânglio cervical posterior (GCS), induz a síntese noturna de melatonina. O PVN controla a produção de corticosterona da adrenal por uma via neuronal direta pela porção IML da medula ou então por uma via neuroendócrina que resulta na produção e liberação sistêmica de ACTH pela hipófise.

Macrófagos residentes são as primeiras células a reagirem produzindo a

citocina pró-inflamatória TNF (do inglês, tumor necrosis factor; considerações

sobre a nomenclatura desta citocina serão descritas adiante) que recruta novas

células para o foco inflamatório. Do mesmo modo, as células NK (do inglês,

natural killer) são linfócitos que matam células infectadas e produzem interferon

gama (IFN-γ) que, por sua vez, ativam novos macrófagos (Medzhitov &

Janeway, 2000). Um exemplo disto é que macrófagos estimulados por IFN-γ

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Introdução

15

produzem coestimuladores que aumentam a ativação de células T e a produção

de interleucina 12 (IL-12) e esta citocina induz a produção de mais IFN-γ por

este tipo celular (para revisão ver Abbas & Lichtman, 2005). As citocinas

produzidas nesta fase estimulam a natureza da resposta adaptativa

subsequente.

Durante quadros de infecções severas como observadas, por exemplo, na

sepsis, a produção excessiva de citocinas circulantes pode causar à morte do

hospedeiro (para revisão ver Hack et al., 1997) ficando claro que o controle

temporal e da magnitude de suas produções devam ser bem regulados. O

contraponto da resposta pró-inflamatória é dado pela ação de moduladores

anti-inflamatórios, como os glicocorticóides. Na verdade, a dinâmica de um

processo de defesa traz em seu cerne a ativação do eixo HPA. Citocinas como

TNF e IFN-γ são capazes de ativar este eixo (para revisão ver Turnbull & Rivier,

1999) integrando o mecanismo de autocontrole exercido pelos glicocorticóides

sobre o processo inflamatório. Em roedores inflamados com lipopolissacarídeo

de bactérias Gram-negativas (LPS) o pico de produção plasmática de TNF (Wu

et al., 2001; Carrillo-Vico et al., 2005) ocorre após duas horas e o de IFN-γ após

seis horas da administração do agente agressor (Carrillo-Vico et al., 2005). Já os

glicocorticóides atingem seu pico de concentração plasmática três horas após a

administração de LPS (Nadeau & Rivest, 2003).

Como será explicado adiante, os glicocorticóides atuam via receptores

citoplasmáticos para glicocorticóides (GR, do inglês, glucocorticoid receptor); a

citocina TNF pela via, dentre outras, do fator de transcrição nuclear κB (NF-κB,

do inglês, nuclear factor κB) e o IFN-γ principalmente pela via das STATs (do

inglês, signal tranducer and activator of transcription; para revisão ver Abbas &

Lichtman, 2005). Estas vias, centrais no controle de processos inflamatórios, são

capazes de se comunicar entre si, de forma que o cross-talk entre elas é mais um

mecanismo de regulação da resposte imune inata (para revisão ver De Bosscher

et al., 2003). Muitas outras vias e moduladores pró e anti-inflamatórios são

importantes no controle de respostas de defesa, contudo serão detalhados a

seguir os mecanismos de ação dos glicorticóides, TNF e IFN-γ e suas respectivas

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Introdução

16

vias de sinalização por serem os agentes do processo inflamatório relevantes no

contexto desta tese.

3.1. GLICOCORTICÓIDES E SEUS RECEPTORES

A produção hormonal de glicocorticóides pelas glândulas adrenais é

responsável pelo controle temporal e/ou pontual de processos fisiológicos em

situações de higidez ou patológicas. A produção circadiana deste hormônio via

controle neuronal direto, está associada com a transição da fase de repouso para

a de atividade de mamíferos. Esta regulação envolve, por exemplo, o

metabolismo de glicose/lipídios, a deposição de glicogênio no fígado e o

controle da pressão sanguínea (para revisão ver Buckingham, 2006). Por outro

lado, a via neuro-endócrina regula a produção de glicocorticóides em resposta a

diferentes formas de injúrias (inflamatórias ou não).

Os glicocorticóides atuam em diferentes etapas de um processo

inflamatório. Estes hormônios controlam, por exemplo, a resposta vascular e a

mobilização de células imunocompetentes para o foco inflamatório por regular

a produção de prostaglandinas, NO, neuropetídeos (Cato & Wade, 1996;

Reichardt & Schutz, 1998; Moynagh, 2003) e moléculas de adesão (Cavalcanti et

al., 2006). Os glicocorticóides inibem os efeitos de citocinas inflamatórias que

atuam, por exemplo, pelas vias de sinalização JAK (do inglês, Janus activated

kinase)-STAT (Rhen & Cidlowski, 2005) e NF-κB (Reichardt et al., 1998).

Os glicocorticóides interagem com duas classes de receptores

intracelulares, os receptores de mineralocorticóides (MR, do inglês,

mineralocorticoids receptors) e os GR (Krozowski & Funder, 1983). Estes ligantes

têm alta afinidade por MR (Reul & De Kloet, 1985), fazendo com que estes

receptores estejam ativados tonicamente. A ativação de GR é obtida por altas

concentrações de glicocorticóides que são atingidas a partir da estimulação do

HPA. A interação do hormônio adrenal com GR localizados no hipotálamo é

um dos passos da autorregulação do eixo HPA, visto que leva a uma

diminuição da síntese de ACTH e reduz o estímulo sobre a adrenal. O eixo

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Introdução

17

HPA é ativado em situações de alerta e estresse. Estes receptores são

dessensibilizados por alta concentração de ligante, o que pode resultar num

aumento da concentração circulante de glicocorticóides (para revisão ver De

Kloet et al., 1998).

Os GR pertencem à super família dos receptores de hormônios

esteroidais e sua ligação ao hormônio correspondente facilita a transferência do

complexo para o núcleo (Kumar & Thompson, 2003). Na ausência do hormônio,

GR inativos encontram-se complexados com moléculas chaperonas (sendo as

mais importantes as heat shock proteins hsp90 e hsp70) e cochaperonas

(imunofilinas, hsp40, p60 e p23 dentre outras; Ditmar et al., 1997) que podem

modular positivamente ou negativamente a ação deste receptor (De Bosscher et

al., 2003). A ativação promove a hiperfosforilação, desligamento das proteínas

de choque térmico e uma mudança conformacional que favorece a localização

do complexo ligante/receptor no núcleo.

No núcleo, os receptores para glicocorticóides, na forma de

homodímeros, ligam-se com o auxílio de proteínas chaperonas (hsp90 e p23) à

regiões específicas de genes alvos (para revisão ver De Franco & Csermely,

2000). O GR é uma proteína modular composta por porções funcional e

estruturalmente especializadas. Estes receptores possuem um domínio de

ligação ao DNA (DBD, é responsável também pela sua dimerização), um

domínio que reconhece o ligante e outros dois (AF1 e 2) responsáveis pela

atividade transcricional (Schoneveld et al., 2004). O domínio DBD é composto

por dois dedos de zinco que se ligam cooperativamente em alvos específicos do

DNA, sendo outra função desta porção a discriminação entre diferentes

elementos responsivos e a determinação de qual gene específico será ativado

(Beato, 1989).

Genes regulados pelos GR possuem em seus promotores, regiões

responsivas a glicocorticóides que podem induzir tanto ativação (GRE) quanto

inibição (nGRE) da produção dos transcritos (Schoenmakers et al., 2000; De

Bosscher et al., 2003). Outra forma de inibição de expressão gênica é pela

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Introdução

18

associação do GR com outros fatores nucleares de transcrição, como NF-κB,

STAT e CREB, entre outros (para revisão ver De Bosscher et al., 2003).

Com relação ao NF-κB muitos mecanismos moleculares foram propostos

para explicar o antagonismo mútuo existente entre este fator de transcrição e o

GR. Uma das primeiras hipóteses levantadas foi a de que os GR inibiam a ação

do fator de transcrição NF-κB por aumentar a síntese da enzima inibitória IκB

(do inglês, inhibitory κB protein), o que induz a retenção do NF-κB no citoplasma

(Scheinman et al., 1995). De fato, trabalhos demonstram que glicocorticóides

induzem em roedores a expressão de IκB e a conseqüente diminuição da ligação

do NF-κB aos promotores dos genes que produzem interleucina 2 (Auphan et

al., 1995), iNOS (De Vera et al., 1997) e IL-1β (Eberhardt et al., 2002). Contudo,

este mecanismo de ação requer melhor elucidação uma vez que nenhuma

região GRE clássica foi encontrada até agora na porção modulatória do

promotor do gene de IκB.

Atualmente, o modelo que explica o antagonismo mútuo existente entre

estes fatores de transcrição leva em consideração à interação proteína/proteína,

mediada ou não por cofatores, entre o GR e o NF-κB. A associação física entre

os fatores de transcrição GR e NF-κB foi demonstrada por diversos estudos in

vitro (Ray & Prefontaine, 1994; Scheinman et al., 1995) e in vivo (Adcock et al.,

1999). A maioria dos estudos baseia-se na determinação dos domínios dos

fatores de transcrição responsáveis por esta interação. A deleção do domínio

LBD (do inglês, ligand binding domain) dos receptores para glicocorticóides

diminui a transrepressão sobre o NF-κB (Oro et al., 1988) e a mutação do

domínio RHD (do inglês, rel homology domain) da subunidade p65 do NF-κB

inibe a repressão sobre a ativação gênica induzida por GR (Wissink et al., 1997).

O contexto do promotor e a presença de cofatores também estão envolvidos

neste processo. Foi demonstrado (Scheinman et al., 1995) que o CBP (do inglês,

CREB binding protein) é capaz de potenciar tanto a repressão do GR sobre o NF-

κB quanto a repressão do NF-κB sobre a transcrição induzida por GR

(Fig. 4).

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Introdução

19

Além do NF-κB outros fatores de transcrição como o STAT e o AP-1

podem ser modulados pelos receptores para glicocorticóides. A inter-relação

existente entre o GR e o AP-1 é similar à encontrada entre o GR e NF-κB (para

revisão ver De Bosscher et al., 2003). Em contrapartida, o resultado do cross-talk

entre o GR e a via STAT depende do gene em questão e do tecido onde ele

ocorre. Um exemplo reside no fato de que, em alguns modelos, enquanto a

associação entre GR e STAT3 (ativada por IL-6) ativa promotores com

elementos responsivos a glicocorticóides a associação de GR com STAT5

(ativada por IL-2) reprime-os (para revisão ver Necela & Cidlowski, 2004). Esta

variabilidade no padrão de interação com outras vias de transcrição confere ao

processo especificidade tecidual sem que se perca a coordenação integrada da

fase anti-inflamatória de uma resposta inflamatória.

3.2. TNF E ATIVAÇÃO DA VIA NF-κB

O TNF descrito na década de setenta (Carswell et al., 1975) era

anteriormente conhecido por TNF-α mas, a partir de consenso criado

recentemente, passou a ser denominado apenas TNF (Tracey, 2008). O TNF é

produzido por diversos tipos celulares como células NK, neutrófilos, células

endoteliais, células musculares lisas e cardíacas, fibroblastos e osteoclastos (para

revisão ver Bradley, 2008). Durante processos de defesa, a principal fonte de

TNF são os macrófagos e monócitos ativados (Tracey & Cerami, 1994) sendo

funções bem descritas, o recrutamento e a ativação de neutrófilos e monócitos

para o foco infeccioso (Tracey & Cerami, 1993). Ou seja, esta é uma citocina pró-

inflamatória muito importante na montagem de uma resposta inflamatória.

O TNF pode ativar dois tipos de receptores descritos até o momento, o

TNFR1 e o TNFR2 (para revisão ver Ledgerwood, 1999) sendo a afinidade do

TNFR1 pelo TNF solúvel maior que a do TNFR2 (Grell et al., 1998). A partir da

ativação destes receptores o TNF pode sinalizar por diversas cascatas

intracelulares que culminam na ativação dos fatores de transcrição NF-κB, AP-1

e da caspase-8 (Wajant et al., 2003). No caso do NF-κB, a ligação do TNF ao

domínio extracelular do receptor TNFR permite a troca da proteína inibitória

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Introdução

20

SODD (do inglês, silencer of death domain) pela proteína adaptodara TRADD (do

inglês, TNFR1-Associated via Death Domain) no domínio intracelular

denominado death domain (Chen & Goeddel, 2002). A ativação da via NF-κB é

mediada pela interação da TRADD com as proteínas RIP (do inglês, receptor-

interacting protein) ou TRAF2 (do inglês, TNF receptor-associated factor 2) que

ativam o complexo IKK (quinase de IκB) e, conseqüentemente, liberam o NF-κB

do citoplasma (Wajant et al., 2003).

O fator de transcrição NF-κB pertence à família dos fatores de transcrição

NF-κB/REL formada por cinco genes (NFKB1, NFKB2, RELA, c-REL e RELB)

que dão origem a sete proteínas - p100, p105, p50, p52, RELA (p65), RELB e c-

REL (para revisão ver Chen & Greene, 2004). Sua ação pleiotrópica e seu padrão

de expressão multimediado possibilitam às células a capacidade de responder

de forma precisa a diferentes estímulos e situações externas (Bonizzi & Karin,

2004).

O NF-κB apresenta-se como homo ou heterodímeros constituídos por

duas das subunidades acima mencionadas (Baeuerle & Baltimore, 1996;

Siebenlist, 1997) sendo a composição do dímero importante na regulação desta

via. Embora todas as subunidades possuam o domínio RHD reponsável pela

ligação ao DNA e a outros cofatores (Gosh et al., 1998) apenas as proteínas p65,

cREL e RELB possuem domínios de transativação (TAD, do inglês, transcription

activation domain) na sua porção carboxiterminal (para revisão ver Hayden &

Gosh, 2004). Portanto, apenas dímeros que contenham uma cópia destas

proteínas podem ativar diretamente a transcrição de genes. Por outro lado,

acredita-se que dímeros formados pelas subunidades p50 e/ou p52 sejam

repressores da atividade transcricional devido a ausência de domínios do tipo

TAD, como representado na figura 4 (para revisão ver Gosh & Hayden, 2008).

No entanto, se estes homodímeros estiverem associados à proteina BCL-3, que

possui domínio TAD e localiza-se no núcleo, é possível que esses passem a

apresentar atividades transcricionais positivas (Nolan et al., 1993).

O controle da ativação do fator de transcrição NF-κB, isto é, a sua

translocação para o núcleo, é feito através das proteínas IκB que se associam ao

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Introdução

21

NF-κB no citoplasma e impedem a sua translocação para o núcleo (Baeuerle &

Baltimore, 1996; Baldwin, 1996). Quando receptores que atuam pela via NF-κB

são estimulados, ocorre a ativação do complexo de IκB quinase (IKK) que

fosforila IκB sinalizando para a sua ubiquitinação e posterior degradação pelo

proteassoma 26S (Palombella et al., 1994; Pickart, 1997). Uma vez desfeito o

complexo IκB/NF-κB, o dímero de NF-κB se acumula no núcleo onde poderá se

ligar a regiões responsivas presentes nos genes alvos (Gosh et al., 1998).

O NF-κB modula uma série de respostas e atividades fisiológicas nas

células dos eucariotos, sendo sua ação sobre processos inflamatórios e imunes,

apoptose, diferenciação celular e tumorigênese os mais bem estudados e

entendidos até agora. A ativação de NF-κB relacionada com a resposta

inflamatória leva à transcrição de moléculas de adesão, citocinas pró-

inflamatórias, iNOS, COX-2, receptores de bradicinina do subtipo B1 e, numa

fase mais tardia, IκBα, o que resulta na autoinibição do sistema (Cabrini et al.,

2001; Medeiros et al., 2001; Gosh & Hayden, 2008).

3.3. IFN-γ E ATIVAÇÃO DA VIA JAK-STAT

O IFN-γ é uma citocina solúvel conhecida como único membro da classe

tipo II e foi originalmente chamada de fator ativador de macrófagos (Gray &

Goeddel, 1982). Esta é uma citocina pró-inflamatória importante no controle de

respostas imunes inatas e adquiridas. No começo de um processo inflamatório,

células apresentadoras de antígeno produzem quimiocinas e citocinas como IL-

12 e IL-18 (Salazar-Mather et al., 2000) que atraem células do tipo NK para o

foco infeccioso e induzem a maturação de células T em células de fenótipo Th-1

(do inglês, T helper) produtoras de IFN-γ (Boehm et al., 1997). Macrófagos

também respondem ao IFN-γ e passam a produzir mais IL-12 e IL-18, que

amplificarão ainda mais a produção de IFN-γ pelas células NK e Th-1 (Yoshida

et al., 1994; Murphy et al., 1995). Este padrão de produção e ação do IFN-γ pode

ser considerado como um sinal de alerta que o sistema de defesa utiliza no

começo de uma resposta inflamatória (para revisão ver Schroder et al., 2004).

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Introdução

22

Figura 4. Esquema do controle da expressão gênica por GR e NF-κκκκB. GR: receptor para glicocorticóide; GC: glicocorticóide; GRE: elemento responsivo para glicocorticóide; nGRE: elemento responsivo para glicocorticóide negativo; TNF: fator de necrose tumoral; NFKB: elemento responsivo ao fator nuclear κB; IκB: proteína inibitória de NF-κB; IKK: proteína quinase de IκB; CBP: proteína ligadora de CREB; p65 e p50: subunidades do NF-κB.

O IFN-γ liga-se a receptores formados por duas subunidades, IFNR1 e

IFNR2 (para revisão ver Platanias, 2005), que interagem, cada uma, com um

membro da família das JAKs (para revisão ver Darnell et al., 1994; Ihle, 1995).

Ao serem ativadas, essas subunidades se autofosforilam e desencadeiam

respostas via cascata de sinalização JAK/STAT (Shuai et al., 1992; Silvennoinen

et al., 1993). JAKs ativadas fosforilam principalmente as STATs do tipo 1 (a três

também pode ser fosforilada em alguns modelos e tecidos) que formam

homodímeros, translocam para o núcleo, ligam-se a elementos GAS (do inglês,

IFN-γ-activated site) e induzem a expressão gênica (para revisão ver Darnell,

1997; Stark et al., 1998).

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Introdução

23

No núcleo, a atividade dos dímeros de STAT pode ser modulada por

diferentes mecanismos como o grau de acetilação das histonas e a sua

associação a cofatores como p300 e CBP (Nusinzon & Horvath, 2003). Além

disso, a interação com outros fatores de transcrição como o NF-κB acrescentam

complexidade à sinalização da STAT induzida por IFN-γ. A ativação desta via

aumenta a degradação da proteína IκB e aumenta a translocação do NF-κB para

o núcleo (Held et al., 1999), ou ainda o priming de macrófagos por IFN-γ

aumenta a quantidade de dímeros p65/p50 em relação aos p50/p50 após

estimulação com LPS por um mecanismo ainda desconhecido (de Wit et al.,

1996). Por fim, o aumento citoplasmático de STAT não fosforilada (U-STAT, do

inglês, unphosphorilated-STAT) induzida por ativação da via JAK/STAT pode

promover o acúmulo nuclear de NF-κB, pois a U-STAT compete com a proteína

inibitória IκB (Yang et al., 2007).

44.. MMeellaattoonniinnaa ee ssiisstteemmaa iimmuunnee

O papel imunomodulatório da melatonina vem sendo descrito por

diferentes laboratórios ao longo das últimas duas décadas. Estes estudos

evidenciam a capacidade da melatonina em atuar tanto sobre a resposta imune

inata quanto sobre a resposta adquirida.

Camundongos inflamados cronicamente por injeção de BCG (Bacillus

Calmett Guérin) na pata perdem o ritmo diário da lesão granulomatosa após

pinealectomia, sendo este ritmo restabelecido com a administração noturna de

melatonina (Lopes et al., 1997). Neste trabalho, mostrou-se que o tamanho do

edema inflamatório era maior durante o dia do que durante a noite. O

mecanismo de ação da melatonina neste caso poderia ser explicado pela sua

capacidade de reduzir o aumento de permeabilidade vascular (Lopes et al.,

2001) induzido por moduladores inflamatórios como o leucotrieno B4, através

de uma ação sobre o endotélio (Lotufo et al., 2006), ou ainda inibindo a

produção de NO, levando a uma vasoconstrição (Tamura et al., 2006). Outros

resultados obtidos em roedores mostram que a inibição de síntese de

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Introdução

24

melatonina inibe respostas imunes celulares e humorais em camundongos

(Maestroni et al., 1986) e que a melatonina também está implicada nas variações

sazonais observadas no sistema imune de hamsters (Nelson et al., 1995; Nelson

& Demas, 1997). Pode ainda ser mencionada a correlação entre a redução na

produção de melatonina pela pineal e o processo de involução tímica observada

no envelhecimento. O timo é o órgão onde o repertório de células T tolerantes a

antígenos próprios é gerado. Pinealectomia ou envelhecimento aceleram a

involução tímica, processo revertido em ambos os casos pela administração de

melatonina (Csaba & Richter, 1975; Oner et al., 2004).

Considerando as ações da melatonina sobre células do sistema imune, foi

demonstrado que melatonina aumenta a produção de IL-2, IL-6 e IFN-γ em

células mononucleares em cultura (Garcia-Maurino et al., 1997), induz a

produção de IL-12, aumenta a atividade de células do tipo NK e aumenta a

produção de IFN-γ por células do tipo Th-1 (Miller et al., 2006; Garcia-Maurino

et al., 1997). Cabe ainda ressaltar que células imunocompetentes além de terem

sua atividade modulada pela melatonina também são capazes de produzir este

hormônio localmente (Carrillo-Vicco et al., 2003; Pontes et al., 2006). Esta

produção é importante para o combate a agentes agressores uma vez que induz

a atividade fagocitária de macrófagos (Pontes et al., 2006), controla a produção

de óxido nítrico por células endoteliais (Tamura et al., no prelo), inibe a

proliferação bacteriana (Tekbas et al., 2008) e diminui os efeitos nocivos de

radicais livres por ativar enzimas antioxidantes (Reiter et al., 1997).

Os efeitos da melatonina podem ser mediados por receptores de

membrana dos subtipos MT1 e MT2 (Carrillo-Vico et al., 2003; para revisão ver

Markus & Tamura, 2009) por mecanismos independentes que envolvem a

modulação de vias transcricionais como, por exemplo, a do NF-κB e do GR.

Células imunocompetentes apresentam receptores para melatonina (Carrillo-

Vico et al., 2006), sendo o subtipo MT2 (Dubocovich & Markowska, 2005) alvo

importante da melatonina no controle de respostas imunes celulares e humorais

(Drazen & Nelson, 2001). Melatonina inibe a translocação nuclear de receptores

para glicocorticóides em células tímicas (Sainz et al., 1999; Presman et al., 2006) e

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Introdução

25

inibe a translocação nuclear do NF-κB em macrófagos (Gilad et al., 1998) e

células endoteliais (Tamura et al., no prelo).

As bases experimentais para o entendimento dos efeitos da melatonina

sobre respostas imunes inatas e adquiridas têm sido ampliadas de forma

importante. No entanto, pouco é conhecido sobre os efeitos de moduladores da

resposta inflamatória sobre a atividade pineal (Skwarlo-Sonta, 1996 e 2002).

Recentemente foi constatada a presença de receptores de imonuglobulina E em

pinealócitos de rato (Ganguly et al., 2007). Os autores observaram que esta

expressão é 100 vezes maior durante a noite do que de dia devido a um

mecanismo controlado pela produção de AMP cíclico induzida por

noradrenalina (Ganguly et al., 2007), sugerindo então um controle circadiano da

expressão deste receptor. Em astrócitos da pineal a noradrenalina também é

capaz de induzir a expressão dos RNAm de TGF-β (do inglês, transforming

growth factor-beta) e IL-6 (Tsai et al., 2001). Este efeito é potenciado por IL-1β que,

por sua vez, é constitutivamente produzida em astrócitos da pineal e tem sua

expressão aumentada na presença de noradrenalina ou IFN-γ (Tsai & McNulty,

1999).

Com relação ao efeito de citocinas sobre a produção de melatonina

menos ainda é sabido. Neste sentido, foi demonstrado que IFN-γ apresenta um

efeito dual sobre a síntese de melatonina, pois ao mesmo tempo em que

aumenta a produção de melatonina, inibe a atividade da enzima AA-NAT

induzida por estimulação β-adrenérgica. Este efeito poderia ser explicado por

um aumento na atividade da HIOMT, mas nenhum efeito sobre esta enzima foi

observado, deixando o mecanismo de ação do IFN-γ sobre a síntese de

melatonina pela glândula pineal em aberto (Withyachumnarnkul et al., 1990).

Como visto, IFN-γ pode atuar por várias vias de transcrição sendo a mais

comum e bem descrita a da JAK/STAT (para revisão ver Stark, 2007). É sabido

que esta via está ativada na pineal durante processos inflamatórios (Takamiya

et al., 2002) e que as vias da STAT e do NF-κB podem interagir em diversos

modelos celulares (Yang et al., 2007). É possível que a interação entre estas vias

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Introdução

26

possa estar ocorrendo na glândula pineal e controle, de algum modo ainda

desconhecido, a produção de melatonina durante processos fisiopatológicos.

4.1. RELAÇÃO ADRENAL-PINEAL

A ativação do eixo HPA com consequente elevação da concentração de

glicocorticóides circulantes faz parte do sistema de manutenção do equilíbrio

interno em mamíferos (Kalsbeek et al., 2006). Este sistema é ativado por injúrias

físicas ou psicológicas e visa compensar ações que o organismo desencadeia

para combater agentes injuriantes. No caso de uma inflamação, a circulação de

corticosterona (roedores) está elevada na fase anti-inflamatória da mesma

(Nadeau & Riviest, 2002). Por outro lado, quando a resposta inflamatória é

cronificada, a quantidade de glicocorticóide circulante se mantém elevada.

Na década de 1970 foram apresentados os primeiros trabalhos que

buscam estabelecer um eixo adreno-pineal. O modelo estudado na época era a

ativação da adrenal por estresse em animais controle ou pinealectomizados e a

observação das alterações na quantidade de corticosterona circulante. Os

resultados eram controversos, visto que na dependência do protocolo

experimental era obtida uma fotografia estática desta complexa interação. Neste

período a melatonina era considerada uma inibidora do eixo HPA e, portanto,

um agente inibidor da resposta de estresse. Como exemplo desta fase podemos

citar um trabalho em que foram medidos os níveis de corticosterona no início

da manhã em ratos adultos normais ou pinealectomizados mantidos em

iluminação constante. Claro constante, uma situação sabidamente estressante,

não alterou a concentração de corticosterona circulante. No entanto, houve um

aumento quando animais controle, mantidos em escuro constante, foram

comparados com animais pinealectomizados (Nir et al., 1970). A conclusão

destes dados, de acordo com os autores, reforçava o conceito de que a ativação

pineal produzia um efeito inibidor sobre o eixo HPA. Este conceito foi

reforçado por estudos in vitro que demonstraram que a produção de

corticosterona por células da adrenal estimuladas in vitro com ACTH pode ser

reduzida por extratos de glândulas pineais (Porter & Heiman, 1977). No

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Introdução

27

entanto, melatonina não mimetizava o efeito do extrato de pineal, deixando em

dúvida uma ação direta da melatonina sobre a produção de corticosterona. A

literatura atual não acrescenta novos fatos a estes trabalhos pioneiros, ficando

evidente a complexidade do tema.

Mais recentemente, foi sugerido que corticosterona poderia ter uma ação

direta sobre a glândula pineal, modulando a produção de melatonina, visto que

a adrenalectomia de camundongos cronicamente inflamados com BCG abolia o

ritmo diário de excreção de 6-sulfatoximelatonina (Lopes et al., 2001). Alterações

hormonais mais intensas, como as induzidas por orquiectomia, resultam em

aumento inicial dos níveis de corticosterona (enquanto a melatonina fica

inalterada) e um aumento retardado da melatonina circulante (quando os níveis

de corticosterona já foram normalizados). Mais ainda, estresse moderado

causado por contenção apresenta correlação positiva entre o aumento da

concentração plasmática do precursor da melatonina NAS e o aumento dos

níveis de corticosterona em ratos (Couto-Moraes et al., no prelo). Por outro lado,

a administração de altas concentrações de glicocorticóides inibe a produção de

melatonina pela glândula pineal estimulada com concentrações elevadas de

noradrenalina in vitro (Troiani et al., 1988; Yuwiller, 1989; Zhao & Touitou, 1993)

e a administração de glicocorticóides in vivo reduz a concentração plasmática de

melatonina (Beck-Friis et al., 1983; Demisch et al., 1988). Desta forma, a

corticosterona poderia atuar de duas maneiras opostas, quer potenciando, quer

inibindo a produção noturna de melatonina dependendo da condição testada.

Os trabalhos de Cristiane Lopes (Lopes et al., 1997 e 2001) mencionados

acima foram a base para a realização desta pesquisa, pois sugeriam que o

hormônio da córtex da adrenal poderia agir diretamente sobre a pineal. Na

presente tese foi avaliado o mecanismo de ação pelo qual a corticosterona atua

sobre pineais e este conhecimento levou ao estudo do efeito de citocinas pró-

inflamatórias (TNF e IFN-γ) sobre esta glândula.

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Objetivos

28

IIII.. OOBBJJEETTIIVVOOSS

O objetivo central da presente tese foi o de avaliar o efeito, bem como os

mecanismos de ação, de corticosterona sobre a glândula pineal.

Foram avaliados os efeitos da corticosterona sobre:

1 – os produtos da via biossintética de melatonina

2 – a atividade das enzimas desta via biossintética

3 – a transcrição dos genes aa-nat e hiomt

4 – a via de transdução NF-κB

Considerando que a inibição da via NF-κB resultou em um aumento da

produção de melatonina, foram então realizados os experimentos com as

citocinas TNF e IFN-γ, com o objetivo de testar se esta via de sinalização ubíqua

participa de forma efetiva na modulação da atividade pineal.

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Material e Métodos

29

IIIIII.. MMAATTEERRIIAALL ee MMÉÉTTOODDOOSS

11.. AAnniimmaaiiss

Em todos os experimentos foram utilizados ratos machos Rattus

novergicus da linhagem Wistar (procedentes do biotério central da FMUSP e

UNIFESP e criados no biotério do IB), pesando entre 200 e 300 g. Os

experimentos realizados na França foram feitos com animais criados no biotério

do Instituto de Neuroquímica da Universidade Louis Pasteur – Estrasburgo. Os

animais foram mantidos em ciclo claro-escuro 12h00/12h00, sendo o acender

das luzes definido como ZT 0 (zeitgeber time 0). Os animais receberam comida e

água ad libitum. Tanto nos experimentos in vitro quanto após os in vivo os

animais foram eutanasiados por decapitação sem a administração de

anestésicos.

22.. DDrrooggaass ee rreeaaggeenntteess

As drogas utilizadas tiveram várias procedências, tais como:

• Abbott Laboratories (França): solução de Ringer (147 mM de NaCl, 4

mM de KCl, 1,2 mM de CaCl2 e 1,0 mM de MgCl2).

• Agner (Brasil): cloridrato de ketamina.

• Amersham Biosciences (Reino unido): [125I]-2-iodomelatonina, [γ

32P]ATP, (3C)-acetil coenzima A, 14C-S-adenosil-L-methionin, poli(dIdC)

e T4 polinucleotídeo quinase.

• Bayer (Alemanha): Rompum (solução aquosa a 2% de

Cloridratode 2-(2,6-xilidino)-5,6-dihidro-4-H-1,3-tiazina.)

• Beker (Brasil): água estéril para injeção

• Bio-Rad Laboratories (USA): SYBR Green.

• Biosurce Internatinal Inc. (USA): primers (senso e antisenso) para

aa-nat (5’-AGCGCGAAGCCTTTATCTCA-3’ e 5’- AAGTGCCGGATC

TCATCCAA-3’), hiomt (5’- AGCGCCTGCTGTTCATGAG-3’ e 5’-

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Material e Métodos

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GGAAGCGTGAGAGGT CAAA G-3’) e 14-3-3 (5’-

TGATCGGGATCTGGTGTA-3’ e 5’- TCCACCATTTCGTC GTATCG-3’).

• Calbiochem (USA): NP40.

• Coopers (Brasil): Cloridrato de Xilasina.

• Cromato Produtos Químicos LTDA: glycerol.

• F.Maia: álcool isopropílico, Clorofórmio.

• Gibco BRL: estreptomicina, glutamina, penicilina.

• Hoeschst (Brasil): ácido ascórbico.

• ICN Biomedical Division (USA): kit radioimunológico comercial de

corticosterona marcada com 125I.

• INRA (França): anticorpo originado de coelho específico para

melatonina (R19540).

• Integrated DNA Technologies Inc. (USA): Primers (senso e antisenso

para 18S: (5’- CGGCTACCACATCCAAGGAA-3’ e 5’-GCTGGAATTA

CCGCGGCT-3’).

• Invitrogem Life Technology (USA): ditiotreitol (DTT), Randon

Primers, SuperScript II, Trizol, dNTPs, tampão para PCR (5x), fluoreto de

fenilmetilsulfonil (PMSF).

• Merck (Brasil): acetato de sódio, ácido cítrico, ácido clorídrico

(HCL), ácido perclórico, álcool etílico, EDTA (ethylenediaminetetracetic acid

dissodium salt), metabissulfito de sódio, metanol.

• Sigma-Aldrich (USA): 5-hiroxitriptamina (5-HT), 5-

hidróxitriptofano (5-HTP), (-) arterenol bitratate salt (noradrenalina), 3-

hidroxibenzilhidrazina (NSD 1015), ácido heptanosulfônico, adrenalina,

ciclohexiamida, corticosterona, fator de necrose tumoral (TNF),

fenilefrina, HEPES, interferon gama (IFN-γ), iproniazida, isoprenalina,

meio de cultura BGJb, melatonina, mifepristone (RU-486) N-acetil

serotonina (NAS), N-acetil-leucinil-leucinil-norleucinol-H (ALLN),

pirrolidinaditiocarbamato (PDTC), tolcapone, triptamina.

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Material e Métodos

31

• Virbac, (França): Zoletil (cloridrato de zolazepan e cloridrato de

tiletamina).

33.. PPrreeppaarroo ddee ddrrooggaass

Os padrões de 5-HT, 5-HTP, adrenalina, NAS e melatonina para

cromatografia foram preparados da seguinte maneira: As soluções estoque das

substâncias tinham concentração de 1 mM e foram feitas em 0,1 M de ácido

clorídrico acrescido de 0,02% de metabissulfito de sódio e 0,02% de EDTA

dissódico. No momento da análise cromatográfica os padrões foram diluídos

em ácido perclórico 0,1 M acrescido de 0,02% de metabissulfito de sódio e

0,02% de EDTA dissódico.

As soluções estoque de noradrenalina e adrenalina (10 mM) foram feitas

em ácido clorídrico 0,01 M e a diluição com solução aquosa de ácido ascórbico

(50 mg/L).

A solução estoque de corticosterona (10 mM) e RU-486 (10 mM) foram

feitas em etanol e as diluições em água deionificada purificada por sistema

Milli-Q (Millipore).

As demais drogas utilizadas e listadas acima foram, quando necessário,

diluídas em água deionizada purificada por sistema Milli-Q (Millipore ).

44.. CCuullttuurraa ddee ggllâânndduullaass ppiinneeaaiiss

As glândulas pineais foram cultivadas de acordo com método proposto

por Parfitt e col. (1976) e modificado por Ferreira e col. (1994). Glândulas recém

retiradas dos animais foram colocadas em placas de cultura de 24 poços (TPP)

contendo 200 µL de meio de cultura BGJb acrescido de glutamina (2 mM), ácido

ascórbico (0,1 mg/mL), penicilina (100 U/mL) e estreptomicina (100 µg/mL),

pH 7,4 e mantidas a 37 ˚C; 95% O2 – 5% CO2. Os ensaios foram realizados após

24 ou 48 horas de cultura, com o objetivo de permitir a maior desnervação

possível das glândulas e melhor controlar a concentração de noradrenalina

administrada. Para verificar o acúmulo nuclear do fator de transcrição NF-κB,

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Material e Métodos

32

as glândulas foram cultivadas por 6 horas. As glândulas foram sempre

estimuladas por noradrenalina (10 ou 100 nM) por 5 h. Glândulas e meios de

cultura foram estocados a –70 ˚C por no máximo 15 dias.

55.. AAddrreennaalleeccttoommiiaa

Os ratos foram submetidos à adrenalectomia bilateral sob anestesia com

a associação de cloridrato de ketamina (0,5 mg/Kg) e cloridrato de xilasina

(1 mg/Kg). Foi feita uma incisão anteroposterior de aproximadamente 1 cm,

logo abaixo da costela direita, permitindo a retirada da adrenal direita. Após

sutura do corte cirúrgico em dois planos, o mesmo procedimento foi repetido

na região contralateral. Após a cirurgia, a água de beber desses animais foi

acrescida de 0,9% de NaCl para manter o osmolaridade sanguínea. Os animais

foram sacrificados sete dias após a cirurgia sendo que cinco dias é o tempo

mínimo necessário para recuperação.

66.. MMiiccrrooddiiáálliissee iinnttrraappiinneeaall

Os animais foram anestesiados com Zoletil e Rompum i.p. (0,2 mL/100 g

e 0,05 mL/100 g, respectivamente). A sonda de microdiálise (membrana de

celulose de diâmetro interno de 0,22 mm e diâmetro externo de 0,27 mm, que

permite a passagem de substâncias com pesos moleculares menores ou iguais a

10000) foi fixada horizontalmente em um aparato esteriotáxico (David Kopf

Instrument). Em cada lado do osso temporal foi realizado um furo por onde a

sonda é introduzida lateralmente até a pineal a uma distância de 1,7 mm

ventralmente ao crânio e 0,7 mm posteriormente à sutura lambda, segundo Atlas

de Paxinos e Watson (1982). Tubos de entrada e saída foram fixados ao crânio

com cimento dentário. Os animais foram mantidos em gaiolas individuais para

recuperação durante uma semana. Durante os experimentos, o tubo de entrada

do sistema foi conectado a uma bomba de microinjeção (Harvard) através de

um conector de fluidos (Instech 375/22) com tubos de polietileno. O tubo de

saída do sistema foi conectado, com tubos de polietileno, a microtubos eppendorf

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Material e Métodos

33

(Fig. 5). Em todos os experimentos foi utilizado Ringer (147 mM de NaCl, 4 mM

de KCl, 1,2 mM de CaCl2 e 1,0 mM de MgCl2) como líquido de perfusão a um

fluxo de 3 µL/min. As amostras foram coletadas segundo os protocolos

experimentais descritos nos resultados e armazenadas a -20 °C para posterior

dosagem de melatonina e/ou corticosterona (Fig. 5).

Crâne

Cerveau

Ciment

dentaire

fio de tungistêniomembrana livre

10 mm2 mm10 mm

silicone

cérebro

cimento

dentário

Entrée

Sortie

Joint tournant junção móvel

entrada

saída

0 6 12 18 0 6 12 18 0 6 12 18 00102030405060

Zeitgeber (h)

mel

aton

ina

pg/

25 µ

L

A

D

C

B

Microdiálise intrapineal

Figura 5. Microdiálise intrapineal. A) Esquema da sonda de implantação utilizada. B)

Posição da implantação da sonda. C) Animal conectado ao sistema de perfusão. D)

Representação esquemática da reprodutibilidade da secreção de melatonina no

decorrer de três dias consecutivos (esquema baseado em Barassin et al., 1999).

77.. DDoossaaggeemm rraaddiiooiimmuunnoollooggiiccaa ddee ccoorrttiiccoosstteerroonnaa

A concentração de corticosterona dos dialisados foi determinada em

duplicatas utilizando o kit radioimunológico comercial de corticosterona

marcada com 125I. Neste kit a curva padrão (0 – 1000 ng/mL, diluída em tampão

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Material e Métodos

34

para esteróides presente no kit) e as amostras são incubadas com 200 µL

cortocosterona marcada (125I) e 200 µL de anticorpo específico para

corticosterona (produzido em coelhos) por 2 horas em temperatura ambiente

(22-25 ˚C). Após este peíriodo é adicionada a solução de precipitação (500 µL) e

os tubos são agitados. Os tubos são centrifugados por 15 min (1000 x g; 4 ˚C), o

sobrenadante é descartado e a radiotividade do preciptado determinada em

contador gamma (Packard). Controles de ligação não específica foram feitos

em tubos contendo apenas o tampão de diluição e corticosterona marcada. O

limite mínimo de sensibilidade do kit é de 5 ng/mL (Perreau-Lenz et al., 2003).

88.. DDoossaaggeemm rraaddiiooiimmuunnoollóóggiiccaa ddee mmeellaattoonniinnaa

A concentração de melatonina dos dialisados foi determinada em

duplicatas de 25 µL utilizando anticorpo específico para melatonina produzido

por coelho (R19540; diluição final de 1/40000) e [125I]-2-iodomelatonina

(Barassin et al., 1999). As amostras e a curva padrão foram incubadas com

200 µL de anticorpo e 100 µL do hormônio marcado por 18 horas. A

precipitação do anticorpo ligado foi feita com a adição de 500 µL de anticorpo

anti-coelho (produzido por cabra) por 15 min em gelo seguido de centrifugação

por 15 min (3000 x g; 4˚C). A radioatividade foi quantificada por contador gama

(Packard) e o limite de sensibilidade do método é de 0,5 pg/tubo. As diluições

foram todas feitas em tampão de tricina 0,1 mol/L contendo 0,9% de NaCl e

0,01% de gelatina.

99.. EExxttrraaççããoo pprroottééiiccaa nnuucclleeaarr ddee ggllâânndduullaa ppiinneeaall ddee rraattoo

As glândulas foram processadas segundo técnica descrita em Ferreira e

col. (2005). As glândulas pineais foram homogeneizadas em 100 µL de tampão

de lise (HEPES 10 mM, KCl 10 mM, EDTA 0,1 mM pH 8,0, glicerol 10%,

DTT 1 mM e PMSF 0,1 mM) à temperatura de 4 ºC. Após adição de NP40 (10%),

que auxilia a lise da membrana, as amostras foram agitadas em vórtex por 10

segundos e centrifugadas (12000 x g; 1 min; 4 °C), o sobrenadante foi removido,

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Material e Métodos

35

o pellet foi ressuspenso em 50 µL do mesmo tampão de lise citado anteriormente

e os tubos foram novamente centrifugados (12000 x g; 1 min;

4 °C). Após a centrifugação o sobrenadante foi descartado e as amostras foram

ressuspensas em 20 µL de tampão de extração nuclear (HEPES 10 mM; pH 7,5,

KCl 0,5 M, EDTA 1 mM; pH 8,0, glicerol 10%, DTT 1 mM e PMSF 0,1 mM),

deixadas sob agitação em gelo por 15 min e centrifugadas (20000 x g; 5 min;

4 °C). O sobrenadante contendo o extrato protéico nuclear foi armazenado a

-20 °C até o momento da dosagem de proteína e do ensaio de eletromobilidade

em gel (EMSA).

1100.. DDoossaaggeemm ddee pprrootteeíínnaa

O conteúdo de proteína total da pineal foi determinado pelo método de

Bradford (1976). Foi padronizada a quantidade de proteína (4 µg) de cada

amostra a ser analisada pelos ensaios de eletromobilidade em gel.

1111.. EEnnssaaiioo ddee eelleettrroommoobbiilliiddaaddee eemm GGeell ((EEMMSSAA))

Este ensaio baseia-se na ligação das proteínas de NF-κB presentes em

extratos protéicos nucleares a uma sonda construída de oligonucleotídeo dupla-

fita consenso para NF-κB (5’AGTTGAGGGGACTTTCCCAGGC-3’) marcada

nas extremidades com 32P. Esta marcação é feita na presença da T4

polinucleotídeo quinase e [γ 32P]ATP por 10 min a 37 °C. Os nucleotídeos não

incorporados são removidos quando a mistura é passada em uma coluna

MicroSpin G-25 (Amersham). Os extratos nucleares de pineal (4 µg) foram

incubados à temperatura ambiente por 20 min em um volume final de 20 µL de

tampão contendo: 10 mM de tris-hidroximetilaminometano-HCl, 1 mM de

MgCl2, 50 mM de NaCl, 0,5 mM de ditiotreitol, 0,5 mM de EDTA (ácido etileno

diamino tetracético), 4% de glicerol e 1 µg de poli(dIdC); pH 7,5.

Posteriormente, cada amostra foi incubada por 30 min à temperatura ambiente

com aproximadamente 40.000 cpm do oligonucleotídeo [32P]-NF-κB. Os

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Material e Métodos

36

complexos proteína-DNA foram analisados em gel não-desnaturante 6% de

acrilamida:bisacrilamida (5:1) em tampão Tris-borato/EDTA (TBE 0,25x) a

150 V por 1h e 30 min. O gel foi seco à vácuo, exposto ao filme XAR-5 (Kodak)

por 48 h a -70 °C, revelado em sala escura (solução reveladora, 5 min, e

fixadora, 10 min, Kodak) e quantificado densitometricamente.

1122.. EExxttrraaççããoo ddee RRNNAA

O RNA total de cada glândula pineal foi extraído utilizando-se o

reagente Trizol, seguido de 100 µL de clorofórmio. Após agitar os tubos

manualmente por 15 segundos, mantê-los por 3 min à temperatura ambiente e

centrifugá-los (12000 x g; 15 min; 4 ˚C), o RNA total é isolado por ficar retido na

fase aquosa. Esta fase foi transferida para um novo tubo e o RNA foi

precipitado com 250 µL de isopropranol. Após 10 min à temperatura ambiente

os tubos foram novamente centrifugados (12000 x g; 10 min; 4 ºC), o

sobrenadante foi removido, o pellet lavado duas vezes com etanol 75%,

centrifugado (7500 x g; 5 min; 4 ºC) e o excesso de etanol evaporado à

temperatura ambiente por 10 min. Para melhor purificação das amostras, o

pellet foi ressuspenso em solução aquosa contendo 10% de acetato de sódio

(3 M; pH 5,2) e 2,5% de etanol (100%) e mantido a -20 ˚C por 18h. Após esse

período, o material foi centrifugado (20000 x g; 30 min; 4 ºC) e o RNA foi então

ressuspenso em água estéril para injeção (RNAse free). A determinação da

quantidade de RNA foi feita por espectrofotometria, utilizando o leitor ND-

1000 (Nanodrop).

1133.. RRTT--PPCCRR

Para a construção do DNA complementar (cDNA) aos RNAs

mensageiros presentes nos extratos, foram utilizados: 1 µL de primers

randômicos (50 ng), 1 µL de dNTPs (10 mM), 0,5 µg de RNA total extraído e

água estéril (RNAse free) até completar o volume de 13 µL. Os tubos foram

incubados por 5 min a 65˚ C (termociclador Eppenforf) e resfriado em banho

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Material e Métodos

37

de gelo. A seguir, adicionou-se 4 µL de tampão para PCR (5x), 1 µL de

ditiotreitol e 1 µL da enzima de transcriptase reversa SuperScript II (200U/µL).

As amostras foram então incubadas por 5 min a 25 ˚C, 55 min a 50 ˚C e 15 min a

70 ˚C (termociclador Eppenforf). O cDNA resultante foi congelada a -20 ˚C até

sua utilização.

1144.. RRTT--PPCCRR eemm tteemmppoo rreeaall

Para determinar a expressão gênica das enzimas AA-NAT, HIOMT e da

proteina chaperona 14-3-3 os cDNAs construídos (1 µL) foram incubados com

os respectivos primers senso e antisenso (300 nM)e com iQ SYBER Green

Supermix (mix 2x, 50% do volume final; 20 µL) que contem, dentre outras

susbstâncias, a iTaq DNA polimerase. A expressão gênica da proteína

ribossomal 18S também foi analisada, pelo mesmo procedimento, utilizando-se

primers específicos (25 nM) o que possibilitou a normalização interna dos dados.

Neste ensaio o fluoróforo SYBER Green intercala-se ao DNA dupla-fita

formando um complexo capaz de emitir fluorescência.

A reação em cadeia da polimerase, responsável pela amplificação da

expressão dos genes alvos, foi acompanhada em tempo real utilizando-se o

aparelho iCycler (BioRad Laboratories). Os sete primeiros minutos da etapa de

danaturação (95 ˚C) foram seguidos por 40 ciclos de amplificação (10 s de

denaturação a 95 ˚C e 1 min de anelamento e elongação a 60 ˚C). Como uma

forma de se saber se houve a amplificação de produtos inespecíficos utiliza-se

melting curves, as quais são feitas ao final do experimento e analisadas para cada

amostra. Durante essa fase, a temperatura é baixada 1 ºC a intervalos de tempo

determinados e o pico de fluorescência é obtido em cada poço, numa

temperatura que coincide com o Tm (do inglês, melting temperature) do produto

esperado. Produtos inespecíficos formam picos de fluorescência em Tms

diferentes na curva. Em todos os ensaios foram incluídos controles negativos

com água e RNA de pineais que não foram incubados com a transcriptase

reversa.

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Material e Métodos

38

Os primers (senso e antisenso) para aa-nat, hiomt e 14-3-3 utilizados foram,

respectivamente: 5’-AGCGCGAAGCCTTTATCTCA-3’, 5’- AAGTGCCGGATC

TCATCCAA-3’, 5’- AGCGCCTGCTGTTCATGAG-3’, 5’- GGAAGCGTGAGAG

GTCAAAGG-3’, 5’- TGATCGGGATCTGGTGTA-3’ e 5’- TCCACCATTTCGTC

GTATCG-3’. Os primers (senso e antisenso) para a 18S foram:

5’- CGGCTACCACATCCAAGGAA-3’ e 5’- GCTGGAATTACCGCGGCT-3’.

A concentração do RNAm foi calculada usando-se o valor do threshold

cycle (Ct) da amplificação dos genes alvo. A quantificação relativa foi feita pela

fórmula 2-∆∆Ct onde ∆∆Ct representa a diferença entre os ciclos normalizada pela

referância interna (18S) e um calibrador (glândulas não estimuladas por

noradrenalina).

1155.. EEnnssaaiioo ddee aattiivviiddaaddee eennzziimmááttiiccaa ddaa AAAA--NNAATT

A atividade da enzima AA-NAT foi determinada por ensaio

radiométrico. As glândulas pineais mantidas previamente em cultura (24 h)

foram sonicadas (4 °C) em 100 µL de tampão de fosfato de sódio (0,05 M;

pH 6,8) contendo 0,35 mM de acetil coenzima A. 40 microlitros dos

homogenatos foram incubados (37 °C por 20 minutos) com triptamina (10 mM)

e (14C)-acetil coenzima A (10 mM; atividade específica final de 44 mCi/mmol)

em um volume final de 80 µL. O produto radiativo da reação (14C -N-

acetilserotonina) foi extraído com 1 mL de clorofórmio gelado e saturado com

ar. As amostras foram colocadas em um recipiente de cintilação por 18 horas,

até que seu conteúdo evaporasse. Quando secas, 3,5 mL de líquido de cintilação

foram adicionados aos tubos e a radioatividade de cada tubo foi determinada

em um contador β (Beckman).

1166.. EEnnssaaiioo ddee aattiivviiddaaddee eennzziimmááttiiccaa ddaa HHIIOOMMTT

A atividade da enzima HIOMT foi determinada por ensaio radiométrico.

As glândulas pineais mantidas previamente em cultura (24 h) foram sonicadas

(4 °C) em 100 µL de tampão de fosfato de sódio (0,05 M; pH 7,9). Cinquenta

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Material e Métodos

39

microlitros do sobrenadante foram então incubados (37 °C por 30 minutos) com

N-acetilserotonina (1 mM) e 14C-S-adenosyl-L-methionine (43,8 µM; atividade

específica final de 52,7 mCi/mmol) em um volume final de 100 µL. A reação foi

interrompida com a adição de 200 µL de tampão de borato de sódio (12,5 mM;

pH 10) e 1 mL de clorofórmio. Os tubos foram então centrifugados por 5

minutos (13000 x g; 4 °C) e o produto radioativo da reação (14C melatonina) foi

extraído com 800 µL de clorofórmio. As amostras foram colocadas em um

recipiente de cintilação por 18 horas, até que seu conteúdo evaporasse. Quando

secas, 3,5 mL de líquido de cintilação foram adicionados aos tubos e a

radioatividade foi determinada em um contador β (Beckman).

1177.. EEnnssaaiioo ddee aattiivviiddaaddee eennzziimmááttiiccaa ddaa TTPPHH

A atividade da enzima TPH foi determinada por HPLC pela medida da

produção de 5-hidroxitriptofano (5-HTP) nos meios de cultura de glândulas

pinais. As glândulas foram tratadas por 30 minutos com o inibidor da enzima 5-

HTP descaborxilase NSD 1015 (400 µM). Após os procedimentos experimentais

descritos nos resultados, as glândulas foram homogeneizadas em solução de 0,1

M de ácido perclórico contendo 0,02% de EDTA e metabissulfito de sódio,

centrifugadas (13000 x g; 4 ˚C) e o sobrenadante armazenado a -70 ˚C até o

momento de dosagem.

1188.. CCrroommaattooggrraaffiiaa LLííqquuiiddaa ddee AAllttaa EEffiicciiêênncciiaa ((HHPPLLCC))

Os conteúdos de 5-HTP, 5-HT, NAS, melatonina e adrenalina nas

glândulas e nos meios de incubação foram analisados por HPLC com detecção

eletroquímica, segundo método adaptado por nosso grupo (Ferreira et al., 1994

e 2001; Barbosa et al., 2000). O sistema cromatográfico utilizado é composto de

uma bomba LC-6A (Shimadzu), injetor Reodyne 7125 com loop de 20 µL,

coluna C18 fase reversa (150 x 3,9 mm, Resolve – Waters) em temperatura

ambiente, detector eletroquímico L-ECD-6A (Shimadzu) mantido com

potencial de + 0,90 V (para dosagem de indóis) ou + 0,80 V (para dosagem de

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Material e Métodos

40

adrenalina) no eletrodo de trabalho (vs eletrodo de referência Ag/AgCl),

acoplado a um computador para integração dos dados. As fases móveis

utilizadas foram: acetato de sódio 0,1 M, ácido cítrico 0,1 M, EDTA 0,15 mM,

metanol 7%, para dosagem de 5-HTP, 5-HT e NAS ou metanol 25% para

dosagem de melatonina. Nas dosagens de adrenalina a fase móvel utilizada foi:

fosfato de sódio dibásico 0,02 M, ácido cítrico 0,02 M, EDTA 0,12 mM, ácido

heptanosulfônico 556 mg/mL e metanol 2%; pH 2,64.

1199.. AAnnáálliisseess eessttaattííssttiiccaass

Os dados estão representados como média ± erro padrão da média

(epm). Nos experimentos in vivo as concentrações de corticosterona ou

melatonina foram expressas como a porcentagem em relação ao pico detectado

em cada animal no dia controle. Análises estatísticas foram feitas por teste t de

Student; análise de variância de uma via seguida do teste de Newman-Keuls ou

duas vias seguida do teste de Bonferroni (experimentos de microdiálise). O

paralelismo entre as porções exponenciais de duas curvas foi determinado pela

análise de variância de retas paralelas. O nível de significância foi considerado

menor que na probabilidade de 5% (p<0,05).

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Resultados

41

IIVV.. RREESSUULLTTAADDOOSS

11.. EEffeeiittooss ddaa ccoorrttiiccoosstteerroonnaa ssoobbrree aa ssíínntteessee ddee NNAASS ee

mmeellaattoonniinnaa

O efeito da corticosterona sobre a produção de NAS e melatonina foi

avaliado em pineais de ratos mantidas em cultura ou por perfusão in situ

utilizando a técnica de microdiálise. Nos experimentos in vitro os efeitos de

diferentes concentrações de corticosterona (0,01 a 100 µM) foram testados frente

à estimulação com noradrenalina (10 nM), isoprenalina (0,1 nM a 3 µM) ou

isoprenalina mais fenilefrina (10 µM); já nos estudos in vivo foi feita a

administração local (microdiálise intrapineal) de corticosterona (6 µg/mL) em

diferentes ZTs (ZT 2 ou ZT 13).

1.1. ESTUDOS IN VITRO

A síntese de NAS e melatonina em glândulas pineais estimuladas com

noradrenalina (10 µM, 5 horas) foi potenciada por corticosterona (0,01 a 100 µM,

48 horas) seguindo uma curva em sino. Os efeitos sobre a síntese de NAS foram

medidos tanto na glândula (Fig. 6A) quanto no meio de cultura, enquanto que

os efeitos sobre a produção de melatonina foi medida apenas nos meios de

cultura (Fig. 6B). As concentrações de NAS e melatonina foram determinadas

por HPLC.

O aumento na produção de NAS foi observado com concentrações de

corticosterona compreendidas na faixa de 0,01 a 10 µM. A concentração de 100

µM de corticosterona não alterou a produção de NAS em comparação ao grupo

estimulado apenas com noradrenalina 10 nM, mostrando que altas

concentrações do glicocorticóide não induz o mesmo efeito potencializador

observado com concentrações menores (Fig. 6A e B).

A produção de melatonina, medida apenas no meio de cultura, também

foi potenciada por corticosterona. No entanto, houve uma diferença na relação

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Resultados

42

NAS

NAS

melatonina

NAS (ng/pineal)

Indol(ng/poço)

Corticosterona µµµµMCorticosterona µµµµM

0,01 0,1 1 10 100 0,01 0,1 1 10 100

concentração-efeito (Fig. 6B). O aumento na produção de melatonina foi

observado nas concentrações de corticosterona compreendidas na faixa de 0,01

até 1 µM. As concentrações de 10 e 100 µM não alteraram a produção de

melatonina em comparação ao grupo estimulado apenas com noradrenalina

10 nM (Fig. 6B).

Figura 6. Efeito da corticosterona sobre a produção de NAS e melatonina induzida por noradrenalina. Glândulas pineais de rato cultivadas por 48 horas na ausência (símbolos brancos) ou na presença de corticosterona (0,01 a 100 µM, símbolos pretos) foram estimuladas por 5 horas com noradrenalina (NA, 10 nM). A) Conteúdo de NAS analisado em homogenatos de pineais em cultura. B) Conteúdo de NAS e melatonina analisado nos meios de cultura. Valores representam média ± epm; n = 4-12 glândulas por grupo experimental.

Dando continuidade ao estudo, foi testado se corticosterona altera a

produção de NAS e melatonina induzida por diferentes concentrações do

agonista β-adrenérgico, isoprenalina. O estudo de variância das partes

exponenciais das curvas concentração-resposta obtidas após estimulação com

isoprenalina (0,1 nM a 3 µM, 5 horas) na presença ou na ausência de

corticosterona (1 µM, 48h) mostrou que as diferentes preparações do ensaio não

influenciaram os resultados, que há regressão entre os pontos avaliados e que

as retas obtidas são paralelas entre si. Esta análise possibilitou testar

estatisticamente a diferença entre os pontos equivalentes (mesmas

concentrações de isoprenalina). Foi constatado que corticosterona potenciou a

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Resultados

43

síntese de NAS (Fig. 7A) e melatonina (Fig. 7B) induzida por isoprenalina. A

incubação com corticosterona deslocou a curva de produção de NAS para a

esquerda, indicando uma potenciação sobre o efeito do agonista noradrenérgico

sem, no entanto, aumentar a produção máxima desta indolamina (Fig. 7A). Já

no caso da melatonina, além do deslocamento para a esquerda também houve

um aumento da resposta máxima (Fig. 7B).

-10 -9 -8 -7 -6

15

40

65

90

A

CORT 1 µM

*

*

isoprenalina log [M]

NA

S (n

g/po

ço)

-10 -9 -8 -7 -6 0

25

50

75

100CORT 1 µM

B

*

*

isoprenalina log [M]

Mel

aton

ina

(ng/

poço

)

Figura 7. Efeito da corticosterona sobre a produção de NAS e melatonina induzida por isoprenalina. Glândulas pineais de ratos cultivadas por 48 horas na ausência (símbolos abertos) ou na presença de corticosterona (CORT, 1 µM, triângulos cinza), foram estimuladas por 5 horas com isoprenalina (0,1 nM - 3 µM). A) Produção de NAS. B) Produção de melatonina. Valores representam média ± epm; n = 3-4 glândulas por ponto. * p<0,05 vs ponto correspondente da curva estimulada apenas por isoprenalina.

Noradrenalina ativa tanto adrenoceptores α1 quanto β1. Corticosterona

potencia a síntese hormonal da pineal na presença de baixas concentrações de

noradrenalina e inibe na presença de altas (Yuwiler, 1989). Neste contexto, foi

testado o efeito da corticosterona (1 ou 10 µM, 48 h) sobre a estimulação

conjunta de receptores do subtipo β, com concentração de isoprenalina que já

induz a resposta máxima (3 µM), e de adrenoceptores α1, pelo agonista seletivo

fenilefrina (10 µM). Para tanto, glândulas pineais em cultura (48 h), na presença

ou não de corticosterona, foram estimuladas por isoprenalina (5 h) ou

isoprenalina mais fenilefrina (5 h). Os resultados demonstraram que

corticosterona, em ambas as concentrações utilizadas, não altera a produção de

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Resultados

44

NAS (Fig. 8A), mas potencia a produção de melatonina (Fig. 8B) induzida por

isoprenalina. A estimulação conjunta de receptores β e α1 adrenérgicos por

isoprenalina e fenilefrina aumentou (em comparação ao grupo estimulado

apenas com isoprenalina) tanto a produção de NAS como a de melatonina.

Corticosterona inibiu ambos os efeitos (Fig. 8A e B).

0

25

50

75

100 *

#

+ + + + + + ISO 3 µM- - - + + + FEN 10 µM0 1 10 0 1 10 CORT µM

#

A

NA

S (n

g/po

ço)

0

25

50

75

100

125

* * *

# #

+ + + + + + ISO 3 µM- - - + + + FEN 10 µM0 1 10 0 1 10 CORT µM

B

mel

aton

ina

(ng/

poç

o)

Figura 8. Participação da estimulação ββββ e ββββ/αααα1 adrenérgica no efeito da corticosterona sobre a produção de melatonina. Glândulas pineais de rato cultivadas por 48 horas na ausência (barras brancas) ou na presença de corticosterona (CORT, 1 ou 10 µM, barras cinza) foram estimuladas por 5 horas com isoprenalina (ISO, 3 µM) ou por ISO mais fenilefrina (FEN, 10 µM, barras listradas). A) Produção de NAS. B) Produção de melatonina. Valores representam média ± epm; n = 4 glândulas por grupo experimental. * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com ISO; # p<0,05 vs grupo estimulado com ISO mais FEN.

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Resultados

45

1.2. ESTUDOS IN VIVO

Ratos implantados com sondas de microdiálise intrapineal foram

utilizados para avaliar o efeito de infusão in situ de corticosterona aplicada em

concentração equivalente à encontrada no plasma de ratos submetidos a

processos inflamatórios (Nadeau & Rivest, 2002). O conteúdo de melatonina

e/ou corticosterona encontrados nos dialisados foi determinado por

radioimunoensaio.

Primeiramente, foi realizada a determinação do perfil diário de

produção endógena de corticosterona após o período pós-operatório para a

validação do modelo e posterior teste do efeito de corticosterona exógena sobre

a produção de melatonina in vivo. Foi observado um ritmo normal de

corticosterona nos animais avaliados (n=3, perfundidos com Ringer a um fluxo

constante de 3 µL/min) sendo o pico de produção encontrado durante a

transição da fase de claro para a fase de escuro (Fig. 9).

Nos experimentos descritos a seguir, os animais foram mantidos

conectados ao aparato de perfusão durante três ou sete dias. Animais

perfundidos por três dias com solução de Ringer apresentaram um perfil diário

constante de produção de melatonina (Fig. 10A), enquanto que a perfusão de

corticosterona (6 µg/mL a um fluxo constante de 3 µL/min) aumentou a

produção noturna de melatonina em aproximadamente duas vezes e meia

(Fig. 10B e C). No grupo que recebeu corticosterona no começo da fase de claro

(ZT 2) do segundo dia experimental o efeito máximo já pode ser observado na

noite subsequente, sendo este mantido na noite do terceiro dia (Fig. 10B). Já no

grupo que recebeu corticosterona no começo da fase de escuro (ZT 13) foi

observado um ligeiro aumento na produção de melatonina na noite do segundo

dia, sendo o efeito máximo atingido na noite do terceiro dia (Fig. 10C). A média

de três animais no grupo ZT 13 (Fig. 11A) e seis no grupo ZT 2 (Fig. 11B) está

apresentada na figura 11.

Após a perfusão de corticosterona o sistema foi lavado com Ringer por

três dias e a produção de melatonina foi novamente determinada. Os perfis de

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Resultados

46

produção de melatonina após a lavagem não diferiram significativamente dos

observados no primeiro dia de experimento, indicando que o efeito da

corticosterona sobre a produção de melatonina é reversível (Fig. 12).

0 6 12 18 0

30

40

50

60

70

80

90

100

Zeitgeber (h)

Ritmo de corticosterona%

cor

tico

ster

ona

Figura 9. Ritmo de corticosterona. A concentração de corticosterona nos dialisados está representada como uma função do tempo em zeitgeber ao longo de 24 horas, cinco dias após a cirurgia. Os dados obtidos foram normalizados pelo pico de produção de corticosterona encontrado para cada animal. Valores representam média ± epm; n = 3. O quadrado cinza representa a fase de escuro do ciclo claro/escuro.

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Resultados

47

0 6 12 18 0 6 12 18 0 6 12 18 0

0

10

20

30

40

Zeitgeber (h)

CONTROLEA

mel

aton

ina

(pg/

25µ

L)

0 6 12 18 0 6 12 18 0 6 12 18 00

25

50

75

100

Zeitgeber (h)

CORT - ZT 2B

mel

aton

ina

(pg/

25µ

L)

0 6 12 18 0 6 12 18 0 6 12 18 0

0

10

20

30

Zeitgeber (h)

CORT - ZT 13

C

mel

aton

ina

(pg/

25µ

L)

Figura 10. Perfil de melatonina de animais representativos. A) Animal perfundido com Ringer (fluxo: 3 µL/min) por três dias. B) Animal perfundido com Ringer por um dia e com corticosterona (6 µg/mL; fluxo: 3 µL/min) começando no ZT 2 do segundo dia até o fim do experimento (seta cinza). C) Animal perfundido com Ringer por um dia e meio e com corticosterona (6 µg/mL; fluxo: 3 µL/min) começando no ZT 13 do segundo dia até o fim do experimento (seta cinza). Os quadrados cinza representam a fase de escuro do dia.

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Resultados

48

10 12 14 16 18 20 22 0 20

50

100

150

200

250

300

% m

elat

onin

a

*

* *

*

*

***

CORT - ZT 2

Zeitgeber (h)

A

10 12 14 16 18 20 22 0 20

50

100

150

200

250

300

350

**

*

**

*

**

CORT - ZT 13

% m

elat

onin

a

Zeitgeber (h)

B

Figura 11. Perfusão de corticosterona in situ. A) Perfusão de corticosterona (CORT; 6 µg/mL; fluxo: 3 µL/min) começando no ZT 2 do segundo dia de experimento. B) Perfusão de CORT (6 µg/mL; fluxo: 3 µL/min) começando no ZT 13 do segundo dia de experimento. Linhas pretas representam a perfusão de Ringer no primeiro dia de experimento; linhas cinzas representam os dias em que houve perfusão de CORT; círculos abertos representam os pontos dos diferentes zeitgebers do primeiro dia de experimento; círculos cinzas representam os pontos dos diferentes zeitgebers do segundo dia; triângulos cinzas representam os pontos dos diferentes zeitgebers do terceiro dia de experimento. Os dados foram normalizados pelo pico de melatonina de cada animal encontrado no primeiro dia. Valores representam média ± epm; n = 6 (A) ou 3 (B); * p< 0,05 vs ponto de mesmo zeitgeber do primeiro dia experimental. Quadrados cinzas representam a fase de escuro do dia.

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Resultados

49

10 12 14 16 18 20 22 0 20

50

100

150

200

250

300

% m

elat

onin

a

Zeitgeber (h)

Figura 12. Reversibilidade do efeito da perfusão de corticosterona in situ. A produção rítmica de melatonina foi acompanhada no primeiro e no sétimo dia de experimento. Nos segundo e terceiro dias, corticosterona foi perfundida (6 µg/mL; fluxo: 3 µL/min) começando no ZT 2 do segundo dia. Nos quarto, quinto e sexto dias o sistema foi lavado com a perfusão de Ringer. As linhas preta e cinza representam a perfusão de Ringer (fluxo: 3 µL/min) no primeiro dia e no sétimo dia de experimento, respectivamente. Os círculos abertos e os triângulos cinza representam os pontos dos diferentes zeitgebers do primeiro e do sétimo dias de experimento, respectivamente. Valores representam média ± epm; n = 3 por ponto experimental. O quadrado cinza representa a fase de escuro do ciclo claro/escuro.

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Resultados

50

22.. MMeeccaanniissmmooss ddee aaççããoo ddaa ccoorrttiiccoosstteerroonnaa

2.1. INIBIÇÃO DA CAPTAÇÃO EXTRANEURONAL DE ADRENALINA

A corticosterona, assim como outros hormônios esteroidais, é capaz de

bloquear a captação de catecolaminas por células não neuronais, ou captação II.

Considerando que o melhor substrato para este mecanismo de captação é a

adrenalina e que a noradrenalina não é encontrada em concentrações

mensuráveis por HPLC em glândulas pineais, os estudos do efeito da

corticosterona sobre a captação extraneuronal foram feitos com adrenalina. Para

tanto, foram utilizadas pinais incubadas ou não com corticosterona (1 ou 100

µM) por uma hora na presença de inibidores da monoaminoxidase (tolcapone,

200 µM) e da catecol-O-metiltransferase (iproniazida, 100 nM). Em seguida, as

glândulas foram estimuladas com adrenalina (10 ou 100 µM) por diferentes

períodos de tempo (0,5 – 30 min).

Glândulas pineais captam adrenalina rapidamente, atingindo o máximo

de captação em menos de 5 minutos (Fig. 13). O processo é dependente da

concentração de adrenalina testada (10 ou 100 µM) sendo a proporção entre a

quantidade administrada e a quantidade captada mantida (10 vezes). Este fato

mostra que com a concentração de 10 µM de adrenalina ainda não havia sido

atingido o máximo de captação do sistema. Os tratamentos com corticosterona

não inibiram a captação de adrenalina nas condições testadas (Fig. 13). Estes

dados permitiram descartar a hipótese de que um aumento da quantidade de

neurotransmissor disponível na fenda sináptica poderia ser um fator

determinante para os efeitos da corticosterona sobre a síntese de melatonina

induzida por estimulação adrenérgica.

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Resultados

51

Adrenalina(ng/pineal)

Adrenalina(ng/pineal)

Adrenalina µM

Corticosterona µM

minutos

Figura 13. Captação extraneuronal de adrenalina por pineais de rato. Glândulas pineais de rato cultivadas por 48 horas foram incubadas com adrenalina (10 µM, círculos abertos ou 100 µM, quadrados abertos) na ausência (símbolos abertos) ou na presença (símbolos fechados) de corticosterona (1 µM). O gráfico de barras inserido mostra o efeito de duas doses de corticosterona (1 e 100 µM, barras pretas) sobre a captação de adrenalina (1 µM). Valores representam média ± epm, n = 3-6 glândulas por grupo experimental.

2.2. PARTICIPAÇÃO DE RECEPTORES INTRACELULARES DE GLICOCORTICÓIDES

Tendo visto que a ação da corticosterona sobre a glândula pineal não é

via inibição da captação extraneuronal de catecolaminas, foi testada então a

participação dos receptores para glicocorticóides. Para isso, utilizou-se o

antagonista seletivo de receptores de glicocorticóides, mifepristone (RU-486,

1 µM). Glândulas pineais mantidas em cultura foram divididas em grupo

controle, corticosterona (1 µM por 48h) e corticosterona mais RU-486

(coincubados por 48 horas) e estimuladas com noradrenalina (10 nM por 5

horas). A concentração de NAS liberada nos meios foi então determinada por

HPLC.

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Resultados

52

O inibidor seletivo de receptores para glicocorticóides, RU-486, reverteu

o efeito potencializador da corticosterona sobre a produção de NAS induzida

por noradrenalina em pineais de rato em cultura (Fig. 14), sugerindo que este

efeito é mediado pela ativação destes receptores. NAS (ng/poço)

Corticosterona µµµµM

RU - 486 µµµµM

Noradrenalina nM

Figura 14. Bloqueio dos receptores de glicocorticóides por RU–486. Glândulas pineais de rato cultivadas por 48 horas incubadas (barra branca) ou não com corticosterona (1 µM, barras pretas) foram estimuladas por 5 horas com noradrenalina (NA, 10 nM) na presença ou ausência de RU–486 (1 µM). Valores representam a média ± epm; n= 4-8 glândulas por grupo experimental; * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

2.3. VIA DE TRANSCRIÇÃO NF-κB

Considerando que a ativação de GR é capaz de inibir o acúmulo nuclear

de NF-κB em diversos modelos, o efeito da corticosterona (1 µM, 24 h) sobre o

acúmulo nuclear do fator de transcrição NF-κB foi testado em glândulas pineais

em cultura na presença ou na ausência de noradrenalina (10 nM, 5 h). Os níveis

nucleares do fator de transcrição NF-κB foram determinados por EMSA e

quantificados por densitometria óptica.

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Resultados

53

Os grupos tratados apenas com corticosterona ou noradrenalina

apresentaram níveis similares de NF-κB nos núcleos das células da pineal, mas

quando as drogas foram coincubadas foi observada a redução do acúmulo

nuclear deste fator comparativamente ao grupo estimulado apenas com

noradrenalina (Fig. 15).

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

+ - + NA 10 nM

- + + CORT 10 nM

*

Com

ple

xo D

NA

-NF-κ

B (U

. A.)

Figura 15. Efeito da corticosterona sobre o acúmulo nuclear de NF-κκκκB. Glândulas pineais em cultura na ausência ou na presença de corticosterona (CORT, 1 µM, 24 h; barras listradas) foram estimuladas por noradrenalina (10 nM, 5 h, barras cinza) e tiveram seus níveis nucleares de NF-κB determinados. Valores representam média ± epm; n= 3 por grupo experimental; * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

Em vista da capacidade de corticosterona em inibir a translocação da NF-

κB para o núcleo de células da glândula pineal, foi testado o efeito de inibidores

desta via sobre a produção do precursor da melatonina a NAS.

Os bloqueadores testados nas pineais em cultura foram: corticosterona (1

µM, 48 h), o bloqueador de proteassoma; ALLN (12,5 ou 25 µM, 48 h) ou o

inibidor de ligação do NF-κB ao DNA; PDTC (12,5 ou 25 µM, 48 h). Após a

incubação com as drogas, as glândulas foram estimuladas com noradrenalina

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Resultados

54

(10 nM, 5 h) e o conteúdo de NAS liberado no meio de cultura determinado por

HPLC.

Tanto ALLN (Fig. 16A) quanto PDTC (Fig. 16B) mimetizaram o efeito

potencializador de corticosterona (1 µM) sobre a produção de NAS induzida

por noradrenalina. Em todos os casos, a produção do hormônio foi

aproximadamente duas vezes maior que a encontrada no grupo estimulado

apenas com noradrenalina.

0

10

20

30

40

50 **

*

+ + + + NA 10 nM

- + - - CORT 1 µM

- - 12,5 25 ALLN µM

NA

S (n

g/p

oço)

0

10

20

30

40

50

60* *

*

+ + + + NA 10 nM

- + - - CORT 1 µM

- - 12,5 25 PDTC µM

NA

S (n

g/p

oço)

A B

Figura 16. Efeito do bloqueio da via NF-κκκκB sobre a produção de NAS. Glândulas pineais em cultura foram incubadas com corticosterona (1 µM, 48 h, barras cinza), A) ALLN (12,5 – 25 µM, 48 h barras pretas) ou B) PDTC (12,5 – 25 µM, 48 h; barras pretas) e então estimuladas com noradrenalina (10 µM, 5 h; barras brancas). Valores representam média ± epm; n = 4-10 glândulas por grupo experimental; * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

2.4. EFEITO SOBRE A PRODUÇÃO DO TRANSCRITO AA-NAT

Noradrenalina induz, in vivo e in vitro, a produção do transcrito aa-nat,

mas, tendo em vista que diferentes concentrações desta catecolamina ativam

diferentes populações de receptores adrenérgicos, primeiramente foi avaliado

se noradrenalina poderia promover a transcrição do gene aa-nat em pineais de

rato em cultura de maneira concentração dependente. Para tanto, glândulas

pineais em cultura de 48 horas foram estimuladas com concentrações crescentes

de noradrenalina (10 nM, 100 nM ou 1 µM) por 5 horas e os conteúdos de RNA

mensageiro do gene em questão foram avaliados por RT-PCR em tempo real.

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Resultados

55

As concentrações de noradrenalina 10 nM, 100 nM e 1 µM induziram um

aumento no conteúdo de RNA mensageiro aa-nat de 20, 70 e 140 vezes,

respectivamente, em relação a glândulas controle não estimuladas (Fig. 17).

0

50

100

150

10 100 1000 NA nM

Exp

ress

ão d

o R

NA

maa

-nat

(x B

asal

- G

l. nã

o es

tim

ula

das

)

Figura 17. Noradrenalina induz a produção do transcrito aa-nat. Os níveis de RNA mensageiro de aa-nat, extraídos de glândulas pineais de rato em cultura estimuladas ou não com noradrenalina por 5 horas, foram determinados por RT-PCR em tempo real. Valores foram normalizados em relação às glândulas não estimuladas. Valores representam média ± epm, n = 3 glândulas por grupo experimental.

O efeito da corticosterona sobre a síntese de melatonina foi observado

após estimulação com noradrenalina 10 nM por 5 horas. Tendo em vista que a

transcrição do RNAm da enzima AA-NAT ocorre em tempos menores,

glândulas pineais cultivadas na presença ou na ausência de corticosterona

(1 µM, 48 h) e estimuladas com noradrenalina (10 nM) por diferentes períodos

de tempo (2, 3, 4 e 5 h) foram utilizadas para determinar o tempo ótimo para o

teste do efeito da corticosterona sobre a produção do transcrito aa-nat.

Verificou-se que a amplificação máxima da corticosterona sobre a transcrição do

gene da AA-NAT ocorre quando as glândulas são estimuladas por 5 horas com

noradrenalina (Fig. 18A).

Com base nos resultados obtidos, o efeito da concentração de 1 µM de

corticosterona sobre a produção do transcrito aa-nat foi testado com estimulação

Page 70: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Resultados

56

noradrenérgica de 5 horas (Fig. 18B). As glândulas tratadas com corticosterona

apresentaram uma produção aproximadamente 2 vezes maior do transcrito em

relação ao grupo estimulado apenas com noradrenalina (Fig. 18B).

Figura 18. Efeito da corticosterona sobre a produção do transcrito aa-nat. Glândulas pineais em cultura na presença ou na ausência de corticosterona (1 µM, 48 h), estimuladas por noradrenalina (10 nM) tiveram a quantidade do RNAm do gene aa-nat determinados por RT-PCR em tempo real. A) incubação com noradrenalina por diferentes períodos de tempo (2-5 horas, quadrados) ou noradrenalina mais corticosterona (círculos). Os valores foram normalizados a partir de glândulas estimuladas com noradrenalina por 1 h. B) Glândulas na ausência (barra branca) ou na presença (barra preta) de corticosterona e estimuladas por noradrenalina por 5 horas. Os dados foram normalizados por glândulas cultivadas e não estimuladas com noradrenalina. Valores representam média ± epm, n = 4-8 glândulas por grupo experimental (inseridos nas colunas). * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

2.5. ATIVIDADE ENZIMÁTICA

O efeito da corticosterona (0, 1 ou 10 µM, 24 h) sobre a atividade das

enzimas TPH, AA-NAT e HIOMT foi avaliado em glândulas pineais em cultura

estimuladas ou não com noradrenalina (10 nM, 5 h). A produção de serotonina

e melatonina foram determinadas por HPLC e e os produtos radioativos dos

ensaios de atividade enzimática da AA-NAT (14C-N-acetilserotonina) e da

HIOMT (14C-melatonina) foram determinados por contador β.

Nenhum dos tratamentos foi capaz de alterar a atividade de enzima TPH

(Fig. 19A). Em contrapartida, noradrenalina aumentou significativamente a

atividade da enzima AA-NAT quando comparado com o grupo não

0 1 2 3 4 5 6 70

1

2

3

4

5

6

NA 10 nM

+ Corticosterona 1µMNA 10 nM

horas

A

tempo incubação com NA

Exp

ress

ão d

o R

NA

maa

-nat

(x G

l. co

m N

A p

or 1

hor

a)

0

100

200

300*

8

4

10 10 noradrenalina nM

- 1 corticosteronaµM

B

Exp

ress

ão d

o R

NA

maa

-nat

(x b

asal

- G

l. nã

oes

timul

adas

)

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Resultados

57

estimulado. Corticosterona per se não alterou a atividade desta enzima quando

comparada ao grupo controle (não estimulado), mas na concentração de 1 µM

foi capaz de potenciar a atividade desta enzima induzida por noradrenalina

(Fig. 19B). A atividade da enzima HIOMT não foi alterada nem por

noradrenalina nem por corticosterona de forma isolada. A estimulação conjunta

de noradrenalina e corticosterona (10 µM) aumentou em cerca de duas vezes a

atividade desta enzima quando comparada com o grupo estimulado somente

com noradrenalina (Fig. 19C).

A dosagem de melatonina nos meios de cultura mostrou que ambas as

doses de corticosterona potenciam a produção de melatonina induzida por

noradrenalina (Fig. 19D).

0 0 10 10 10 NA nM

0 10 0 1 10 CORT µM

C

#

Melatonina

0

10

20

30

40

0 10 10 10 NA nM

0 0 1 10 CORTµM

#

D

#

*

mel

aton

ina

(ng/

25 µ

L)

TPH

0.0

1.5

3.0

4.5

A

0 0 10 10 10 NA nM

0 10 0 1 10 CORT µΜ

5-hi

dro

xitr

ipto

fano

(pm

ol/

pin

eal/

min

)

HIOMT

0

10

20

30

40

50

14C

mel

aton

ina

(pm

ol/

pin

eal/

h)

AA-NAT

0

200

400

600

800

0 0 10 10 10 NA nM

0 10 0 1 10 CORT µΜ

B

*

#

*

14C

N-a

ceti

lser

oton

ina

(pm

ol/

pin

eal/

h)

0 0 10 10 10 NA nM

0 10 0 1 10 CORT µΜ

Figura 19. Efeito da corticosterona sobre a atividade das enzimas TPH, AA-NAT e HIOMT. Glândulas pineais em cultura foram incubadas com corticosterona (Cort; 1 ou 10 µM por 24 h, barras listradas) na presença (barras cinza) ou não (barras brancas) de noradrenalina (NA; 10 nM por 5 h). A) Atividade enzimática da TPH. B) Atividade enzimática da AA-NAT. C) Atividade enzimática da HIOMT. D) Produção de melatonina. Valores representam média ± epm; n = 5-10 por grupo experimental. * p<0,05 vs grupo controle (barras brancas), # p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

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Resultados

58

2.6. ADRENALECTOMIA

A atividade da enzima TPH é inibida por adrenalectomia e restaurada

pela administração de corticosterona em núcleos da rafe de mesencéfalo de

ratos (Malek et al., 2007). Já a estabilidade e atividade da HIOMT dependem da

disponibilidade do cofator S-adenosil-metionina (SAM) como doador de

metilas (Ciaranello, 1978; Sandrock et al., 1980). Foi demonstrado que

hipofisectomia reduz a atividade das enzimas envolvidas na via biossintética de

SAM e que dexametasona reverte o processo (Wong et al., 1985).

Tendo em vista que corticosterona não altera a atividade da TPH, mas é

capaz de potenciar a atividade da HIOMT em glândulas pineais em cultura, foi

testado o efeito da inibição da produção de glicocorticóides endógenos por

adrenalectomia (ADX) sobre a produção hormonal da glândula pineal. Para

tanto, glândulas pineais de ratos controle ou adrenalectomizados foram

incubadas com noradrenalina (10 nM, 5 horas) e a produção de 5-HTP, 5-HT,

NAS e melatonina foram dosadas nos meios de cultura por HPLC.

Os resultados obtidos mostram que a adrenalectomia não alterou a

produção de 5-HTP (Fig. 20A), 5-HT (Fig. 20B) e NAS (Fig. 20C), mas inibiu a

produção de melatonina (Fig. 20D) em pineais de rato incubadas com

noradrenalina (10 nM, 5 horas).

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Resultados

59

controle ADX0

4

8

12

5-H

TP

(ng/

poço

)

controle ADX0

50

100

150

200

5-H

T (n

g/po

ço)

controle ADX0

10

20

30

40

50

60

70

NA

S (n

g/po

ço)

controle ADX0

10

20

30

40

50

60

70

*M

elat

onin

a (n

g/po

ço)

A

DC

B

Figura 20. Efeito da adrenalectomia sobre a produção hormonal da pineal. Glândulas pineais de animais controles ou adrenalectomizados (ADX) (barras cinza) foram estimuladas com noradrenalina (10 nM por 5 h). A) 5-HTP, B) 5-HT, C) NAS e D) melatonina. Valores representam média ± epm; n = 5-6 glândulas por groupo experimental; *p<0.05, vs grupo controle (barras brancas).

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Resultados

60

33.. CCiittoocciinnaass PPrróó--iinnffllaammaattóórriiaass

Os resultados anteriores demostraram o envolvimento da via NF-κB

sobre a modulação da produção de melatonina pela glândula pineal. Como

citado na introdução, as citocinas inflamatórias IFN-γ e TNF podem atuar pela

ativação indireta ou direta deste fator de transcrição, respectivamente. Assim

sendo, o entendimento do efeito do IFN-γ e do TNF sobre a via NF-κB e sobre a

produção de melatonina permitirá a obtenção de dados complementares para

comprovar a relevância desta via na função pineal.

3.1. IFN-γ

Como comentado anteriormente, IFN-γ aumenta a síntese de melatonina

in vitro. Tendo em vista que IFN-γ atua pela via da STAT, presente na pineal

(Takamiya et al., 2002), e que esta via pode interferir com a via do NF-κB,

testou-se o efeito deste fator de transcrição sobre o acúmulo nuclear de NF-κB e

sobre a produção de melatonina. Para tanto, foram usadas glândulas pineais de

rato em cultura incubadas com IFN-γ (10 ou 30 ng/mL) por 30 min e então

estimuladas com noradrenalina (10nM) por 5 h, ainda na presença de IFN-γ. O

acúmulo nuclear de NF-κB foi determinado por EMSA e quantificado por

densitometria óptica e a concentração de melatonina foi dosada por HPLC.

Os resultados apresentados na figura 21 mostram uma correlação inversa

entre os parâmetros avaliados. Como podemos observar, IFN-γ nas

concentrações de 10 e 30 ng/mL diminuiu o acúmulo nuclear de NF-κB das

pineais em cultura de forma concentração dependente (Fig. 21A) e a

concentração de IFN-γ 10 ng/mL aumentou a produção de melatonina

induzida por noradrenalina em aproximadamente 50% (Fig. 21B).

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Resultados

61

0.0

0.2

0.4

0.6

*

*

+ + + NA 10 nM

0 10 30 IFN- γ ng/mL

Com

ple

xo D

NA

-NF-κ

B (U

.A.)

03

10

15

20

25

*

+ + NA 10 nM

- + IFN-γ 10 ng/mL

Mel

aton

ina

(ng/

poço

)

A B

Figura 21. Efeitos do IFN-γγγγ sobre a via NF-κκκκB e a produção de melatonina. A) Acúmulo nuclear de NF-κB em glândulas pineais de rato na ausência (barra branca) ou na presença de IFN-γ (10 ou 30 ng/mL, barras cinzas) por 30 min e estimuladas por noradrenalina (NA, 10 nM) por 5 h. B) Produção de melatonina por glândulas pineais na ausência (barra branca) ou na presença de IFN-γ (10 ng/mL, barra cinza) por 30 min e estimuladas por NA (10 nM) por 5 h. Valores representam média ± epm; n = 5-6 glândulas por grupo experimental; * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

Como descrito anteriormente, o efeito potencializador da corticosterona

sobre a síntese de melatonina é observado na vigência de estimulação β-

adrenérgica, mas é invertido quando ocorre a estimulação concomitante de

receptores adrenérgicos dos subtipos α1 e β. Para testar se o mesmo fenômeno

ocorre com o IFN-γ foram usadas glândulas pineais em cultura incubadas com

esta citocina (10 ng/mL) por 30 min e então estimuladas com uma concentração

maior de noradrenalina (100 nM) por 5 horas ainda na presença do IFN-γ.

Podemos observar que, apesar do tratamento com IFN-γ ter inibido a via

NF-κB (Fig. 22A), a produção de melatonina induzida por uma alta estimulação

noradrenérgica não foi alterada (Fig. 22B).

Page 76: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Resultados

62

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

+ + NA 100 nM

- + IFN- γ 10 ng/mL

*

A

Com

ple

xo D

NA

-NF-κ

B (U

.A.)

0

25

50

75

100

+ + NA 100 nM

- + IFN-γ 10 ng/mL

B

Mel

aton

ina

(ng/

poç

o)

Figura 22. Efeitos do IFN-γγγγ sobre a via NF-κκκκB e a produção de melatonina. A) Acúmulo nuclear de NF-κB em glândulas pineais de rato na ausência (barra branca) ou na presença de IFN-γ (30 ng/mL, barra cinza) por 30 min e estimuladas por noradrenalina (NA, 100 nM) por 5 h. B) Produção de melatonina por glândulas pineais na ausência (barra branca) ou na presença de IFN-γ (10 ng/mL, barra cinza) por 30 min e estimuladas por NA (100 nM) por 5 h. Valores representam média ± epm; n = 4 glândulas por grupo experimental; * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

3.2. TNF

Tendo verificado que a inibição da via NF-κB potencia a produção de

melatonina, avaliou-se o efeito da ativação desta via sobre a produção do

hormônio pineal. Para tanto, glândulas pineais de rato foram incubadas com

TNF (30 ng/mL) por curtos períodos de tempo (5, 10 ou 15 minutos) e tiveram

os níveis nucleares de NF-κB presentes em suas células determinados por

EMSA e quantificados por densitometria óptica.

Os resultados mostram que a incubação com TNF por 5 min aumentou

em duas vezes os níveis nucleares de NF-κB nos núcleos das células da

glândula pineal. As incubações mais prolongadas não levaram à alteração da

quantidade de NF-κB translocado para o núcleo (Fig. 23A).

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Resultados

63

Dando sequência a este estudo, glândulas pineais de rato incubadas ou

não com TNF (30 ng/mL, 30 min) foram estimuladas com noradrenalina

100 nM (5 h) por ser uma concentração capaz de estimular tanto receptores α1

quanto β-adrenérgicos. Os níveis de melatonina produzidos e liberados no meio

de cultura foram dosados por HPLC. O tratamento com TNF reduziu em

aproximadamente 50 % os níveis de melatonina produzidos após estimulação

noradrenérgica em pineais de rato em cultura (Fig. 23B).

Figura 23. Efeitos do TNF sobre a via NF-κκκκB e a produção de melatonina. A) Glândulas pineais em cultura na ausência (barra listrada) ou na presença de TNF (30 ng/mL, 5, 10 ou 15 min; barras cinza) tiveram seus níveis de NF-κB nuclear determinados. Valores representam média ± epm; n = 3 glândulas por grupo experimental. * p<0,05 vs grupo controle. B) Melatonina produzida por glândulas pineais em cultura na ausência ou na presença de TNF (30 ng/mL, 30 min; barra cinza) e estimuladas por noradrenalina (NA; 100 nM, 5 h. barra branca). Valores representam média ± epm, n = 4 glândulas por grupo experimental. * p<0,05 vs grupo na ausência de TNF (A) ou estimulado apenas com noradrenalina (B).

3.2.1. NAS E RNAM DE AA-NAT, HIOMT E 14-3-3

A expressão e regulação das enzimas da via biossintética de melatonina

são passos importantes e passíveis de modulação. Neste sentido, glândulas

pineais mantidas em cultura por 48 horas foram incubadas por diferentes

períodos de tempo (0,5, 1, 6, 12, 24 e 48 h) com TNF (30 ng/mL) e então

estimuladas por noradrenalina (100 nM, 5 h). A expressão dos transcritos aa-nat,

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0 5 10 15 min (TNF 30 ng/mL)

*

A

Com

ple

xo D

NA

-NF-

kB (U

.A.)

0

15

30

45

*

+ + NA 100 nM

- + TNF 30 ng/mL

B

Mel

aton

ina

(ng/

poç

o)

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Resultados

64

hiomt e 14-3-3 foram determinadas por RT-PCR em tempo real. Os níveis de

NAS produzidos e liberados nos meios de cultura foram dosados por HPLC.

Nenhum dos tratamentos com TNF alterou a transcrição dos genes da

HIOMT (NA= 1,08 ± 0,22, n=5 vs NA + TNF 30 min = 1,09 ± 0,17, n=3) e da

proteína 14-3-3 (NA = 0,96 ± 0,16, n = 5 vs + TNF 30 min = 0,96 ± 0,12, n=3), mas

foi observada uma inibição transitória da expressão do gene da AA-NAT. A

inibição máxima foi observada 30 minutos após a incubação com TNF. Este

efeito ocorreu nos tempos subseqüentes até o grupo incubado doze horas com

TNF. A inibição observada foi perdida nas incubações com TNF por 24 e 48

horas (Fig. 24A).

O efeito obtido sobre a expressão do RNA mensageiro da enzima AA-

NAT refletiu-se na produção de NAS dosada nos meios de cultura. A produção

da indolamina induzida por noradrenalina foi reduzida em aproximadamente

70% no grupo incubado com TNF por 30 minutos. Este efeito ainda é observado

com 1, 6 e 12 horas de incubação com a citocina, começando a diminuir com 24

horas e sendo perdido no grupo incubado por 48 horas com TNF (Fig. 24B).

0 0,5 1 6 12 24 480

30

60

90

*

*

*

*

h

TNF (30 ng/mL)

Exp

ress

ão d

o R

NA

maa

-nat

(x B

asal

- G

l. nã

o es

timul

adas

)

0 0,5 1 6 12 24 480

25

50

* ***

h

*

TNF (30 ng/mL)

NA

S (n

g/po

ço)

A B

Figura 24. Efeitos do TNF sobre a produção do transcrito aa-nat e de NAS. Glândulas pineais em cultura na presença (barras cinza) ou ausência (barras brancas) de TNF (30 ng/mL) e estimuladas com noradrenalina (100 nM). A) RNAm do transcrito aa-nat. B) concentração de NAS. Os dados foram normalizados por glândulas cultivadas e não estimuladas com noradrenalina. Valores representam média ± epm, n = 3-6 glândulas por grupo experimental. * p<0,05 vs grupo estimulado apenas com noradrenalina.

Page 79: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Resultados

65

3.2.2. SÍNTESE PROTÉICA E PRODUÇÃO DO TRANSCRITO AA-NAT

A transitoriedade do efeito observado sobre a transcrição de aa-nat pode

estar relacionada com a produção da molécula repressora IκB induzida pelo

próprio fator de transcrição NF-κB. Neste sentido, para avaliar indiretamente

esta hipótese foi analisada a participação de síntese protéica neste processo em

glândulas pineais pré-incubadas ou não com o inibidor do processo de tradução

na síntese protéica cicloheximida (10 µg/mL, 24h) e então incubadas ou não

com TNF (30 ng/mL) por 30 min ou 24 horas. Todas as glândulas foram

estimuladas com noradrenalina (100 nM) e os conteúdos de RNA mensageiro

do gene da enzima AA-NAT foram determinados por RT-PCR em tempo real.

O tratamento com cicloheximida não alterou a produção do transcrito aa-

nat no grupo estimulado apenas com noradrenalina e também não inibiu o

efeito do TNF sobre a síntese deste transcrito quando incubado por 30 minutos

antes da estimulação com noradrenalina. Em contrapartida, o tratamento com

cicloheximida manteve o efeito inibitório do TNF sobre a produção do RNA

mensageiro aa-nat quando este foi incubado com a citocina por 24 horas antes

da estimulação noradrenérgica (Fig. 25), indicando que o retorno aos níveis

basais de RNAm de aa-nat após esse período de incubação é dependente de

neossíntese protéica.

Page 80: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Resultados

66

CHX 10 µg/mL

0 0,5 24 horas (TNF 30 ng/mL)

Exp

ress

ãod

o R

NA

maa

-nat

(x B

asal

-G

l. nã

o es

tim

ula

das

)

Noradrenalina 100 nM

Figura 25. Relevância da síntese protéica no efeito transitório do TNF sobre a

produção do transcrito aa-nat em pineais em cultura. Glândulas pineais pré-

incubadas ou não com cicloheximida (CHX, 10 µg/mL, 24 h; barras cinza) e então

incubadas (tempos 0,5 e 24 horas) ou não (tempo 0) com TNF (30 ng/mL) foram

estimuladas com noradrenalina (NA, 100 nM, 5 h). Os conteúdos de RNA mensageiro

do gene da enzima AA-NAT foram determinados. Os dados foram normalizados por

glândulas cultivadas e não estimuladas com noradrenalina. Valores representam média

± epm, n = 4 glândulas por grupo experimental. # p<0,05 vs grupo estimulado apenas

com noradrenalina; * p<0,05 vs grupo estimulado com noradrenalina na presença de

TNF por 24 horas.

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Discussão

67

VV.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO A integração dos diversos sistemas endógenos resulta em padrões

dinâmicos de funcionamento capazes de manter a oscilação rítmica interna dos

organismos necessária para a sobrevivência. É esta característica que habilita os

seres vivos a organizarem-se temporalmente e antecipar variações cíclicas do

meio ambiente. Em situações patológicas agudas, esta organização temporal

pode ser alterada de forma a facilitar a resposta fisiopatológica permitindo a

solução ou mesmo a adaptação ao problema. Neste contexto, o presente

trabalho demonstra que a glândula pineal, além de sua função como

transdutora endógena da informação fótica ambiental, pode funcionar como

um sensor interno capaz de detectar e responder temporalmente a agentes

moduladores de processos fisiopatológicos. Esta tese faz parte de uma série de

trabalhos que permitiram concluir que a glândula pineal integra a resposta de

defesa imune, fazendo parte dos dados que levaram à proposta da existência de

um EEIIXXOO IIMMUUNNEE--PPIINNEEAALL.

O efeito de glicocorticóides sobre a pineal era bastante controverso e,

como pode ser apreciado na Introdução, poderia resultar em potenciação,

inibição ou mesmo em nenhuma alteração sobre a atividade biossintética desta

glândula. Os dados obtidos nesta tese, que teve como diferencial a avaliação de

diferentes concentrações de corticosterona, vêm confirmar que este hormônio

apresenta um efeito dual sobre a pineal. Isto é, pode potenciar ou inibir a

produção de melatonina induzida por ativação simpática, na dependência da

concentração de corticosterona analisada e da intensidade da estimulação

simpática.

Pela primeira vez foi mostrado que corticosterona potencia a produção

do precursor N-acetilserotonina e da própria melatonina induzida por

concentrações de noradrenalina que ativam adrenoceptores β (10 nM). Este

efeito potenciador ocorre com as menores concentrações de corticosterona

testadas. Ao se atingir a concentração de corticosterona de 100 µM não foi

observada alteração da produção de NAS e MEL induzidas por noradrenalina

Page 82: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

68

10 µM. Este efeito em sino poderia continuar em um efeito dual, isto é,

corticosterona chegando a inibir a produção de melatonina induzida por

ativação simpática. Em 1989, já havia sido constatado que glicocorticóides

poderiam inibir a atividade da AA-NAT em pineais em cultura estimuladas de

forma a produzir a resposta máxima (Yuwiler, 1989).

Com o objetivo de testar o efeito da corticosterona após ativação dos dois

sistemas de receptores, foram usados os agonistas seletivos de adrenoceptores α

(fenilefrina) e β (isoprenalina). Foi observado que a corticosterona potencia a

produção de melatonina induzida por isoprenalina, mas inibe o aumento

induzido por fenilefrina. Este dado leva à conclusão de que quando os dois

sistemas são estimulados há uma inversão do efeito da corticosterona. Por outro

lado, também tem que ser considerada a hipótese que corticosterona inibiria

uma produção alta de melatonina, visto que com altas concentrações de

noradrenalina ocorre uma inibição da via biossintética deste hormônio pela

corticosterona (Yuwiler, 1989). Em resumo, corticosterona é capaz de potenciar

a produção de melatonina induzida por uma estimulação moderada de

noradrenalina, mas inibe em estimulações muito altas.

Considerando que os peptídeos CRH e ACTH que são liberados pela

ativação do eixo HPA são capazes de aumentar transientemente a ativação do

gânglio cervical superior e a liberação de noradrenalina (Sabban et al., 2004;

Serova et al., 2003) e que em alguns modelos de estresse a inibição da produção

de melatonina é contrabalanceada pela hipofisectomia (Troiane et al., 1987)

pode-se concluir que, em determinadas situações de injúria, pode haver uma

redução da produção noturna de melatonina. Em outras palavras, a estimulação

concomitante de adrenoceptores α e β e de receptores de glicocorticóides gera

uma situação que pode levar à redução da produção de melatonina.

Por outro lado, a produção noturna de melatonina em roedores

saudáveis é mediada apenas por adrenoceptores β (Tobin et al., 2002) e,

portanto, a administração de corticosterona neste modelo experimental deveria

levar a um aumento da produção noturna de melatonina. Em condições de

estresse de contensão, que é considerada uma condição injuriante leve, sem

Page 83: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

69

ativação do sistema autonômico, o aumento de corticosterona circulante é

acompanhado do aumento da produção noturna de melatonina (Couto-Moraes

et al., no prelo).

Na presente tese foi utilizado o método de perfusão por microdiálise

intrapineal para avaliar se em animais normais corticosterona poderia aumentar

a produção noturna de melatonina. Os animais utilizados apresentavam um

perfil rítmico padrão de produção de corticosterona indicando que o eixo HPA

não estava estimulado. Nestas condições, a corticosterona potenciou a síntese

de melatonina. Estes dados, além de confirmarem que corticosterona pode

aumentar a produção de melatonina in vivo, também reforçam a ideia de que,

em condições normais, há uma predominância de estimulação β-adrenérgica na

glândula pineal.

Os experimentos de microdiálise também mostram que a corticosterona

não induz per se a produção de melatonina, visto que nos experimentos em que

a perfusão foi iniciada durante a fase de claro (ZT 2) não ocorreu produção

concomitante (diurna) de melatonina, sendo esta potenciada apenas na fase de

escuro. No entanto, o efeito da corticosterona é imediato quando o início da

perfusão ocorre uma hora após o apagar das luzes (ZT 13), pois foi observada

uma potenciação da produção do hormônio pineal logo na primeira noite. Em

resumo, estes dados indicam que em condições normais ou na vigência de uma

injúria leve ocorre um aumento na produção noturna de melatonina induzida

pela corticosterona.

11.. CCoonnttrroollee ddaa vviiaa bbiioossssiinnttééttiiccaa ddaa mmeellaattoonniinnaa ppeellaa

ccoorrttiiccoosstteerroonnaa

O estudo da atividade das enzimas da via biossintética da melatonina

(TPH, AA-NAT e HIOMT), realizado com glândulas em cultura, mostra um

efeito específico da corticosterona sobre cada enzima. A segunda enzima desta

via biossintética é a TPH, que transforma o 5-hidroxitriptofano em serotonina.

A atividade desta enzima não foi alterada por tratamento com corticosterona in

Page 84: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

70

vitro e a quantidade de serotonina presente em glândulas pineais de animais

controle não diferiu daquela de animais adrenalectomizados. No entanto, em

núcleos da rafe do mesencéfalo de ratos, a expressão do RNA mensageiro, bem

como a atividade da TPH são reduzidas por adrenalectomia (Malek et al., 2004,

2005 e 2007), o que sugere uma especificidade do efeito da corticosterona em

diferentes tecidos. Existem duas isoformas de TPH (1 e 2) codificadas por genes

diferentes. Os neurônios serotonérgicos cerebrais expressam uma quantidade

150 vezes maior da isoforma 2 em comparação com a isoforma 1 (Walther et al.,

2003), enquanto que em pineais de ratos a expressão da isoforma 1 é 105 vezes

superior a da isoforma 2 (Sugden, 2003). Portanto, esta diferença de isoformas

poderia explicar a especificidade da ação da corticosterona em cada tecido.

As enzimas que transformam serotonina em N-acetilserotonina e esta em

melatonina foram alteradas pelo tratamento in vitro com corticosterona. Nas

condições dos experimentos em cultura foi observado um aumento da

produção do RNA mensageiro do transcrito aa-nat e da atividade da AA-NAT e

da HIOMT. Já a transcrição do RNA mensageiro da HIOMT não sofreu

alteração. Estas mudanças na atividade das enzimas estão de acordo com o

aumento da produção de NAS e melatonina descritos anteriormente. O efeito

sobre a atividade da AA-NAT pode ser entendido como o reflexo do aumento

da transcrição do RNAm aa-nat, contudo, no caso da HIOMT, nenhum

tratamento alterou a produção de transcrito que lhe dá origem, indicando que

alterações pós-traducionais estão envolvidas na modulação da atividade desta

enzima.

A atividade das enzimas que metilam indolaminas (HIOMT) e

catecolaminas (fenil-etanolamina-N-metil transferase – PNMT; catecol-O-

metiltransferase – COMT) depende do cofator S-adenosil-metionina (SAM)

como doador de metilas (citado por Sandrock et al., 1980). A estabilidade da

PNMT na adrenal e da HIOMT na pineal é conferida pela disponibilidade de

SAM (Ciaranello, 1978; Sandrock et al., 1980). Hipofisectomia reduz a atividade

das enzimas envolvidas na via biossintética de SAM e estas podem ser

restauradas pelo tratamento com dexametasona (Wong et al., 1985). No presente

Page 85: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

71

trabalho foi verificado que a adrenalectomia é capaz de reduzir o conteúdo de

melatonina, sem alterar o conteúdo de N-acetilserotonina – o que está de acordo

com uma redução da atividade da HIOMT na falta de corticosterona. Este

último dado permite não só caracterizar o efeito da corticosterona sobre a

HIOMT, mas também sugere uma explicação para a supressão da produção

noturna de melatonina após adrenalectomia de animais inflamados

cronicamente (Lopes et al., 2001). A redução da disponibilidade de SAM levaria

a uma inibição da atividade da HIOMT, impedindo a síntese de melatonina,

mesmo durante o escuro.

22.. MMeeccaanniissmmooss CCeelluullaarreess ee MMoolleeccuullaarreess ddooss GGlliiccooccoorrttiiccóóiiddeess

O efeito dos glicocorticóides em tecidos inervados pelo sistema nervoso

simpático pode ocorrer de pelo menos duas maneiras diferentes. Uma seria

aumentando o tempo de disponibilidade de noradrenalina na fenda sináptica

por bloquear a captação extraneuronal de catecolaminas (Trendelenburg, 1978),

e a outra seria agindo sobre os mecanismos de controle da expressão gênica

(Necela & Cidlowski, 2004).

Glândulas pineais em cultura são capazes de captar adrenalina de forma

eficiente, mas esta captação não é potenciada por corticosterona. Portanto, este

tecido apresenta uma atividade de captação diferente em relação a outros

estudados, tal como o ducto deferente de rato (Avellar et al., 1988 e 1990), tendo

sido descartado este mecanismo não-genômico entre os responsáveis pela

potenciação da produção de melatonina induzida por ativação simpática.

A glândula pineal de ratos expressa receptores para glicocorticóides (GR)

em concentrações compatíveis com o desenvolvimento de uma resposta

funcional (Ferreira et al., 2005), visto que o número de receptores presentes

chega a 50% dos detectados no fígado, tecido que tem alta expressão dos

mesmos (Ballard et al., 1974). A ligação de glicocorticóides a GR no citoplasma

leva à dissociação deste da proteína de choque térmico 90 (hsp90) e à

translocação do complexo para o núcleo, onde se liga a sequências

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Discussão

72

palindrômicas específicas chamadas de elementos responsivos de

glicocorticóides (GRE), resultando no aumento da transcrição de vários genes.

Além disso, o complexo glicocorticóide/GR pode ligar-se a outros fatores de

transcrição, tais como NF-κB, STAT e AP-1, mudando de forma marcante o

padrão transcricional das células alvo (Almawi et al., 2002, Nacela & Cidlowski,

2004).

Os receptores de glicocorticóides medeiam o efeito da corticosterona

sobre a glândula pineal, visto que a potenciação da produção de NAS é

bloqueada por mifepristone, um antagonista de GR. Neste trabalho foi

verificada, pela primeira vez, a presença do fator de transcrição NF-κB em

glândulas pineais. A inibição deste fator de transcrição levou a um aumento da

potenciação da NAS, mimetizando o efeito observado com corticosterona. A

inibição funcional do NF-κB foi feita bloqueando a sua interação aos possíveis

domínios de interação com DNA, usando PDTC, ou impedindo a ativação deste

fator de transcrição pela inibição de proteassomas com ALLN.

A questão ainda não respondida é se o efeito do glicocorticóide ocorre

diretamente sobre GREs ou por transrrepressão do fator de transcrição NF-κB.

Camundongos nocauteados para GR não sobrevivem (para revisão ver Cole et

al., 1995), enquanto os que têm uma mutação no receptor, o que impede a

ligação do dímero ativado ao GRE mas que ainda permite a transrepressão do

NF-κB, são animais que podem sobreviver em condições de laboratório

(Reichardt et al., 1998). Estes e outros dados têm levado vários autores a

considerar que a transrrepressão de fatores de transcrição por glicocorticóides

deva ser um mecanismo tão ou mais importante que a própria ligação ao GRE

(Karin & Chang, 2001). Estes mecanismos genômicos podem induzir expressões

fenotípicas que reforçam a inibição desta via de transcrição. Vários modelos

celulares envolvendo células imunocompetentes, de linhagem ou primárias,

apresentam um aumento na expressão de IκBα ao serem expostas a

glicocorticóides. No entanto, este mecanismo não é universal, pois outros

modelos experimentais não são capazes de desenvolver este fenótipo (para

revisão ver De Boscher et al., 2003). Em tecido cerebral de ratos, por exemplo, a

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Discussão

73

ativação de NF-κB induzida por LPS ou estresse é reduzida por glicocorticóides

e amplificada por adrenalectomia na dependência do aumento ou da redução

da expressão de IκBα (Quan et al., 2000).

Independente do mecanismo intrínseco que ocorre na pineal foi

demonstrado que corticosterona inibe o acúmulo nuclear de NF-κB e potencia a

transcrição de aa-nat, sugerindo que o mecanismo de ação deste hormônio seja

genômico.

A via de sinalização NF-κB é uma via central e pleiotrópica na mediação

de respostas imune inatas. Isto é, participa das respostas estereotipadas

resultantes de processos infecciosos, microbacterianos ou virais, de processos

inflamatórios gerados por agentes físicos ou químicos e da remoção de debris

celulares (Ghosh & Hayden, 2008). No contexto deste trabalho, foi avaliada em

seguida a participação de citocinas pró-inflamatórias que teriam a capacidade

de modular a via de transcrição NF-κB.

33.. EEffeeiittoo ddee cciittoocciinnaass ssoobbrree aa ffuunnççããoo ppiinneeaall

No processo de defesa primário, TNF é produzido por macrófagos e

monócitos ativados e tem como principal função o recrutamento e a ativação de

neutrófilos e monócitos para o foco infeccioso (Tracey & Cerami, 1993). Esta

citocina ativa receptores de membrana que levam à transcrição de um conjunto

de genes que medeiam a resposta de defesa. Os efeitos do TNF em células

imunocompetentes são mediados pela via de transcrição NF-κB (para revisão

ver Wajant et al., 2003). Desta forma, esta citocina foi utilizada para avaliar os

efeitos da ativação da via NF-κB em glândulas pineais em cultura.

No modelo utilizado, TNF promoveu translocação transiente de NF-κB

para o núcleo. Os tempos avaliados foram de 5, 10 e 15 minutos e apenas aos 5

minutos foi observado um acúmulo significativamente superior ao controle.

Esta ativação bastante rápida do fator de transcrição foi acompanhada de uma

inibição da produção de melatonina. O decurso temporal com que TNF induz o

acúmulo de NF-κB em outros tecidos é bastante variável. Em músculo liso

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Discussão

74

vascular, aos 30 minutos de incubação é observado um pequeno aumento,

enquanto o acúmulo máximo é observado após 60 minutos (Giordano et al.,

2006). Em células HeLA a translocação nuclear de NF-κB induzida por TNF é

evidente aos 10 minutos e atinge o pico aos 20 minutos, mantendo-se estável até

120 minutos (Heissmeyer et al., 1999). Um estudo mais detalhado com duas

linhagens de células humanas (células T e monócitos) e com fibroblastos de

camundongos mostrou um decurso temporal específico para cada célula

(Hoffmann et al., 2002). Este trabalho propõe que a transitoriedade, ou

ritmicidade, da permanência do complexo NF-κB no núcleo está na

dependência da indução da transcrição do gene da proteína inibitória do

NF-κB. Vale mencionar que existem três isoformas desta proteína inibitória

(IκBα, β e γ). A síntese da isoforma IκBα é altamente controlada pelo conteúdo

de NF-κB no núcleo, visto que o promotor do gene desta proteína é altamente

responsivo a NF-κB, permitindo um mecanismo de autocontrole (Scott et al.,

1993). A partir dos dados iniciais obtidos neste trabalho, abre-se uma nova linha

de investigação, que deverá avaliar a relevância fisiopatológica e os

mecanismos regulatórios da via de transcrição NF-κB na pineal.

TNF induz uma inibição transiente da transcrição do gene aa-nat, o que

se traduz em uma inibição transiente na produção de NAS. Esta transiência é

dependente de síntese protéica, visto que é inibida pela incubação das pineais

com cicloheximida, um bloqueador de síntese protéica. Em vista do exposto

acima, é possível que a indução da síntese de IκBα seja um fator decisivo no

término da ação ou na transitoriedade da ativação da via NF-κB em pineais de

rato. Outro ponto que merece ser mencionado é que há um importante retardo

entre a ativação do NF-κB e a indução da transcrição do gene aa-nat e da

produção de NAS. Glândulas incubadas por 10 minutos com TNF não mais

apresentavam um conteúdo aumentado de NF-κB no núcleo, enquanto que a

reversão da inibição da transcrição do gene aa-nat e da produção de NAS foram

observadas após 24 e 48 horas de incubação. Portanto, apesar deste trabalho

mostrar alguns dados que apontam o papel do TNF no controle da síntese de

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Discussão

75

melatonina, ainda há muitos pontos que precisam ser esclarecidos e que

provavelmente permitirão melhor compreenção do papel da glândula pineal

frente a processos de injúria.

Tendo discutido os mecanismos que poderiam estar sendo mediados

pela via de sinalização NF-κB na pineal, o passo seguinte é indagar se esta

sinalização participa de processos fisiopatológicos de controle da atividade

pineal. Como mencionado anteriormente, é sabido que TNF é uma das

primeiras citocinas liberadas durante respostas inflamatórias agudas a partir da

produção por células imunocompetentes residentes sendo, em seguida,

produzida também por células recrutadas para o local da lesão (para revisão

ver Turnbull & Rivier, 1999). Assim sendo, seria interessante verificar se no

início de uma resposta inflamatória haveria um bloqueio da produção de

melatonina pela glândula pineal.

Pontes e colaboradores(2006) testaram esta hipótese em humanos. Foi

determinado o conteúdo de TNF e melatonina em colostro de parturientes

controles ou que apresentavam mastite, uma inflamação não infecciosa da

mama que se inicia no processo de sucção durante a amamentação. Neste

modelo foi verificado que parturientes controles apresentaram um ritmo

normal de melatonina, com altas concentrações desta indolamina na fase

noturna e baixas concentrações na diurna. Além disto, estas não tinham

concentrações mensuráveis de TNF. Por outro lado, as mães que

desenvolveram mastite não apresentaram o pico noturno de melatonina e

mantiveram altas concentrações de TNF (Pontes et al., 2006). Mais recentemente,

foram comparadas parturientes que passaram por parto normal ou cesariano.

As que sofreram parto normal, a exemplo do descrito acima, apresentaram

ritmo normal de melatonina e não tiveram quantidades mensuráveis de TNF,

enquanto que as que sofreram parto cesariano não apresentaram ritmo de

melatonina (Pontes et al., 2007). Nos dois casos, foi observada uma correlação

negativa entre as concentrações de TNF e melatonina, o que vem a corroborar

os dados deste trabalho.

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Discussão

76

O IFN-γ é uma citocina pró-inflamatória cujas ações ocorrem, em grande

parte, pela ativação da via JAK/STAT1 (Meraz et al., 1996). Contudo, é bem

descrita na literatura a capacidade do IFN-γ em ”primar” respostas induzidas

por LPS em macrófagos (Jurkovich et al., 1991; Bundscuh et al., 1997) por

mecanismos capazes de ativar a via de transcrição do NF-κB (De Wit et al., 1996;

Held et al., 1999). No presente trabalho, IFN-γ apresentou efeito contrário, pois

inibiu o acúmulo nuclear do NF-κB em glândulas pineais em cultura. Por outro

lado, este efeito está de acordo com os dados aqui apresentados, pois esta

inibição da via NF-κB está correlacionada com o aumento da produção de

melatonina induzida por noradrenalina, efeito este observado em outros

trabalhos (Withyachumnarnkul et al., 1990). O efeito inibitório sobre esta via é

um achado inédito e estudos posteriores poderão desvendar novas formas de

ação do IFN-γ e aprimorar o conhecimento do papel da glândula pineal durante

processos fisiopatológicos.

4. Pineal enquanto um sensor da resposta imune inata

Os dados obtidos sugerem que a pineal seja capaz de perceber e

responder funcionalmente a diferentes agentes produzidos durante um

processo inflamatório. Esta resposta é expressa através da variação dos níveis

dos hormônios NAS e melatonina produzidos por esta glândula. Nessa

condição a glândula pineal passaria a ser um órgão ao mesmo tempo transdutor

temporal interno e sensor do estado patológico, pois sinaliza e controla de

maneira temporalmente ativa o processo inflamatório que o organismo está

enfrentando. Neste sentido, é possível hipotetizar que durante o começo de um

processo inflamatório, o aumento da liberação de noradrenalina pelos terminais

nervosos e da estimulação α-adrenérgica permitam que citocinas pró-

inflamatórias, como o TNF, em associação aos altos níveis de corticosterona,

inibam a produção de NAS e melatonina pela glândula pineal. Com o passar do

tempo, a diminuição dos níveis de TNF, a diminuição de estimulação

α-adrenérgica sobre a pineal e a manutenção dos altos níveis de corticosterona

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Discussão

77

no sistema favorecam o retorno para condições basais, isto é, a produção

noturna de melatonina voltaria a ser uma expressão da ativação de

adrenoceptores β (Fig. 26).

MEL

NA+

Condição Normal

Fase anti-inflamatória

MEL

NA

Corticosterona

+

+

MEL

NA

TNF

-

+

Fase pró-inflamatória

Corticosterona

-

MEL

NA+

Condição Normal

MEL

NA++

Condição Normal

Fase anti-inflamatória

MEL

NA

Corticosterona

+

+

Fase anti-inflamatória

MEL

NA

Corticosterona

+

+

MEL

NA

Corticosterona

++

++

MEL

NA

TNF

-

+

Fase pró-inflamatória

Corticosterona

-

MEL

NA

TNF

--

++

Fase pró-inflamatória

CorticosteronaCorticosterona

--

Figura 26. Variação da produção hormonal da glândula pineal durante processos inflamatórios. A produção de melatonina pela glândula pineal está sobre o controle do eixo retino-hipotalâmico durante condições normais. Na vigência de um processo inflamatório, com o aumento da estimulação noradrenérgica proveniente das fibras que inervam a pineal, o TNF liberado na fase pró-inflamatória induziria o aumento da produção de corticosterona e, em associação a este hormônio, induziria a diminuição da produção de melatonina pela glândula pineal. Com a resolução do processo a redução da atividade noradrenérgica simpática, a redução de níveis de TNF e os altos níveis de corticosterona durante a fase anti-inflamatória restabeleceriam (ou aumentariam) a produção noturna de melatonina pela glândula pineal.

55.. EEiixxoo iimmuunnee--ppiinneeaall

A integração dos sistemas imune e neuroendócrino atua como sensor,

mantendo um estado de alerta preparado para reagir frente a situações de

estresses físicos, psicológicos ou patológicos (Blalock & Smith, 2007; Markus et

al., 2007; Srinivasan et al., 2008). A resposta a um agente estressor deve ser

temporalmente controlada de forma a combater com eficiência o agressor sem

agredir o próprio organismo. Neste sentido, diversos mecanismos de controle

foram selecionados de modo a permitir a detecção, o combate inicial ao

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Discussão

78

agressor, a especialização no recrutamento das células de defesa combatentes e

a resolução ativa da resposta desencadeada. Qualquer tipo de desequilíbrio em

uma dessas fases resulta em respostas imunológicas inadequadas que podem

resultar na cronificação da doença ou do processo inflamatório (nos casos em

que a resposta não consegue combater efetivamente o agente agressor) ou pode

resultar em uma doença autoimune quando o sistema não se autodesliga.

Respostas inflamatórias a injúrias ou infecções induzem a migração de

leucócitos para a região afetada que neutralizam e eliminam os estímulos

injuriantes. O estado de prontidão do sistema imune é preponderante na

qualidade e efetividade da resposta e, neste contexto, as produções endógenas

de glicocorticóides e melatonina atuam sinergicamente no controle da

quantidade e na qualidade de células de defesa na corrente sangüínea. Este

controle multimediado regula, por exemplo, a migração destas células para

tecidos periféricos durante situações de higidez, sendo a alteração de suas

proporções quantitativas e qualitativas importantes sinais para a montagem de

respostas celulares de defesa.

Recentemente foi demonstrado que uma das funções dos glicocorticóides

endógenos é controlar a mobilização de neutrófilos da coluna óssea para o

sangue e para tecidos periféricos em situações não inflamatórias (Cavalcanti et

al., 2007). Os autores demonstraram que a adrenalectomia ou a inibição dos

receptores para glicocorticóides endógenos altera a fase de maturação de

neutrófilos e inibem a expressão de L-selectinas destas células resultando em

um maior número de neutrófilos na circulação sanguínea. Os tratamentos

também levaram a um aumento da expressão de moléculas de adesão e do

acúmulo nuclear de fator de transcrição NF-κB nas células endoteliais. A

melatonina, por sua vez, é capaz de inibir, em doses fisiológicas, o rolamento e

a aderência de neutrófilos ao endotélio (Lotufo et al., 2001) e inibir a

permeabilidade vascular induzida por leucotrieno B4 (Lotufo et al., 2006).

Melatonina também é capaz de controlar a produção e a disponibilização de

células imunocompetentes específicas através de suas ações sobre o timo e

sobre a produção da IL-2. Diversos trabalhos indicam que o ritmo circadiano de

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Discussão

79

IL-2 é gerado pelo ritmo diário de melatonina (Lissoni et al., 1998; Pontes et al

2006). Esta interleucina induz a maturação de linfócitos do tipo Th no timo

sugerindo que a produção circadiana de melatonina contribui para a prontidão

do sistema de defesa do organismo.

No começo de uma resposta inflamatória, a migração de células

imunocompetentes para o foco inflamatório deve ocorrer prontamente,

independentemente da fase do dia em que isto ocorra. A inibição observada em

pineais de rato em cultura da via biossintética e da síntese de melatonina pelo

TNF (presente tese) e a existência da correlação inversa entre esta citocina e a

produção circadiana deste hormônio, em humanos que apresentam processos

inflamatórios (Pontes et al., 2006 e 2007), sugerem que o aumento da produção

de TNF, no começo de uma resposta inflamatória, induz uma inibição da

síntese de melatonina pela glândula pineal. Este efeito pode ainda ser associado

a uma inibição transitória da síntese de melatonina pela corticosterona se a

liberação de noradrenalina pelos terminais nervosos do GCS estiver levando a

uma ativação concomitante de receptores α e β adrenérgicos. A inibição da

melatonina circulante permite uma maior migração de células

imunocompetentes através do endotélio e possibilita a montagem apropriada

da resposta inflamatória independentemente da fase do dia em que ela seja

requerida.

Durante a fase de combate aos agentes agressores a melatonina também

tem papéis funcionais importantes. Neste ponto, é preciso considerar as

diferenças entre a produção deste hormônio pela glândula pineal e a produção

local proveniente de células imunocompetentes. Células de defesa são capazes

de produzir localmente grandes quantidades de melatonina (Carrillo-Vicco et

al., 2005; Pontes et al., 2006) caracterizando uma transferência temporalmente

determinada da produção central imposta pela pineal para uma produção local

(Markus et al., 2007). O aumento local da produção de melatonina permite que

as atividades anti-inflamatórias, antibióticas e de scavenger de radicais livres

deste hormônio ocorram de maneira efetiva nos locais onde são necessárias.

Altas concentrações de melatonina estimulam a fagocitose de macrófagos

Page 94: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

80

(Pontes et al., 2006), inibem a proliferação de bactérias (Tekbas et al., 2008) e

podem diminuir os efeitos nocivos de radicais livres por ativar enzimas

antioxidantes (Reiter et al., 1997) ou por inibir a síntese de óxido nítrico

induzida por LPS em células endoteliais (Tamura et al., no prelo).

Melatonina favorece respostas imunes do tipo TH-1 induzindo uma

maior produção das citocinas IL-6, IL-10 e IFN-γ (Garcia-Maurino et al., 1997). O

aumento da síntese de melatonina local por células imunocompetentes pode

fazer com que uma maior quantidade destas citocinas seja produzida

localmente e liberada na corrente sanguínea. Como visto, IFN-γ potencia a

síntese de melatonina na glândula pineal. Assim como altas concentrações de

corticosterona podem estar, em colaboração com o TNF, inibindo a síntese

induzida por estimulação adrenérgica α e β de melatonina no começo de uma

resposta inflamatória é possível sugerir que, na fase de resolução do processo, a

ausência de estimulação α-adrenérgica sobre a pineal associada a altos níveis de

corticosterona aumentem a síntese de melatonina em sinergismo com o

aumento dos níveis circulantes de IFN-γ.

O fim da resposta inflamatória e o consequente restabelecimento da

condição de prontidão são tão importantes quanto a montagem e o combate

efetivo do processo de defesa. O aumento da fagocitose, a redução da produção

de radicais livres e os efeitos microbicidas da melatonina contribuem para que o

desequilíbrio induzido por elementos estressores seja combatido. Uma vez

resolvido o problema, a restauração do estado inicial de prontidão deve ser

alcançada. Neste contexto, a restabelecimento da produção de melatonina pela

glândula pineal induzida por corticosterona e IFN-γ voltaria a inibir a migração

de células imunocompetentes através do endotélio e, junto com a redução na

produção local de melatonina, permitiriam que o equilíbrio do sistema fosse

atingido (Fig. 27).

A presente tese sugere que a glândula pineal possa funcionar como um

“olho” que enxerga dentro do indivíduo percebendo e informando o estado de

higidez ou patológico do organismo. Esta capacidade, associada à sua função

enquanto órgão central no ajuste interno às variações cíclicas ambientais,

Page 95: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Discussão

81

controla a homeostase dinâmica interna dos organismos e permite respostas

apropriadas às diferentes situações que estes estão sujeitos ao longo de suas

vidas. Neste contexto, o eixo imune-pineal pode ser compreendido como um

dos maestros das respostas de defesa que, ao ajustar as fases e os períodos de

funcionamento de alguns componentes, preserva o andamento harmonioso da

orquestra.

Figura 27. Eixo imune-pineal. Em condições normais a produção rítmica de melatonina é induzida por ativação β-adrenérgica e inibe a migração de células de defesa para os tecidos periféricos. Quando na vigência de uma resposta inflamatória, a produção central de melatonina é inibida durante a fase pró-inflamatória pela ação de altos níveis de TNF e corticosterona. Estas substâncias atingem a pineal estimulada por doses de noradrenalina capazes de ativar concomitantemente receptores α e β-adrenérgicos. Nesta fase, ocorre a liberação da migração de células imunocompetentes para o foco inflamatório, onde passam a produzir localmente melatonina. Na fase anti-inflamatória, a perda de estimulação α-adrenérgica associada aos altos níveis circulantes de corticosterona permite o retorno da produção noturna de melatonina pela glândula pineal e a inibição da migração celular para o foco inflamatório.

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Conclusões

82

VVII.. CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS

O presente trabalho demonstra o efeito de agentes moduladores de

processos inflamatórios sobre a função pineal. Esta ideia surgiu a partir de

trabalhos que indicavam uma possível modulação positiva da corticosterona

(Lopes et al., 2001) e do IFN-γ (Withyachumnarnkul et al., 1990) sobre a

produção de melatonina.

Corticosterona modula a produção de melatonina em pineais em cultura e

in vivo. Os dados apresentados revelam que o efeito da corticosterona sobre a

produção de melatonina é dependente da estimulação noradrenérgica aplicada.

Em situações em que os receptores do subtipo β-adrenérgicos estão ativados,

corticosterona potencia, mas inibe na vigência de estimulação β e α1-

adrenérgica. Quando o efeito da corticosterona é positivo ocorre o aumento da

expressão do transcrito aa-nat bem como da atividade das enzimas AA-NAT e

HIOMT da via biossintética da melatonina. Além da corticosterona, foi

demonstrado que as citocinas pró-inflamatórias TNF e IFN-γ também são

capazes de alterar a produção de melatonina em pineais em cultura, sendo que

TNF inibe e IFN-γ potencia a produção hormonal da pineal.

Um ponto importante deste trabalho foi a demonstração da presença e

funcionalidade das vias dos fatores de transcrição GR e NF-κB. Na glândula

pineal, a ativação da via do GR potencia enquanto que a ativação da via NF-κB

inibe a síntese de melatonina. Esta é a primeira vez que se demonstrou que a

maquinaria molecular classicamente imunomoduladora é capaz de controlar a

síntese de melatonina pela glândula pineal.

Os dados inéditos aqui apresentados permitem concluir que a glândula

pineal de roedores está aparelhada para responder a diferentes moduladores

produzidos durante um quadro fisiopatológico. Os estudos sugerem que esta

glândula possui um importante papel, não apenas no controle da ritmicidade

interna do organismo em situações de higidez, mas também em sua capacidade

de responder apropriadamente a condições injuriantes.

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Resumo

83

VVIIII.. RREESSUUMMOO A melatonina produzida pela glândula pineal apresenta diversas ações

reguladoras da homeostase dinâmica interna de mamíferos. Suas ações

abrangem tanto a regulação de funções endógenas circadianas e sazonais em

situações de higidez quanto durante processos fisiopatológicos. O presente

trabalho avalia o efeito dos moduladores de processos inflamatórios

corticosterona, TNF e IFNγ sobre o metabolismo da glândula pineal. Os

resultados aqui apresentados mostram que: 1- Corticosterona potencia a síntese

de noradrenalina in vivo e in vitro na vigência de estimulação β-adrenérgica,

mas inibe a produção induzida por estimulação concomitante α e β-

adrenérgica. 2- Este efeito é dependente de ativação de GR e não altera a

captação extraneuronal de catecolaminas. 3- Corticosterona aumenta a

expressão do transcrito aa-nat e a atividade das enzimas AA-NAT e HIOMT. 4 –

Corticosterona inibe o acúmulo nuclear de NF-κB. 5- A inibição farmacológica

da via NF-κB mimetiza o efeito potenciador da corticosterona sobre a produção

hormonal da pineal. 6 – IFN-γ inibe a via NF-κB. 7 – IFN-γ potencia a produção

de melatonina pela glândula pineal. 8- TNF ativa a via NF-κB. 9 – TNF inibe a

produção de melatonina pela pineal. 10- TNF inibe transitoriamente a expressão

do transcrito aa-nat e NAS. 11 – A transitoriedade deste efeito é dependente de

neosíntese protéica. O presente trabalho mostra que a glândula pineal está

aparelhada para responder a diferentes agentes moduladores de processos

inflamatórios além de fortalecer e darem base para a hipótese da existência de

um eixo imune-pineal central no controle de processos patológicos em

mamíferos.

Page 98: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes · Carlos Magno Fernandes, Pedro Augusto Regulação da produção hormonal da glândula pineal de ratos por moduladores do processo inflamatório

Abstract

84

VVIIIIII.. AABBSSTTRRAACCTT The melatonin, synthetized by the pineal gland, exihibits a number of

regulatory activities on the internal dynamic homeostasis of mammals. These

functions are related to the regulation of endogenous circadian and seasonal

rhythms during healthy and physiopathological processes. This study evaluates

the effects of the inflammatory modulators, corticosterone, TNF and IFN-γ, over

the pineal gland metabolism. The results presented here show that:

1 - Corticosterone enhances the synthesis of norepinephrine in vivo and in vitro

in the presence of β-adrenergic stimulation, but inhibits the hormonal

production when both, α and β adrenoceptors, are activated. 2 - This effect

depends on the GR activation and does not interfere in the extraneuronal

uptake of catecholamines. 3 - Corticosterone increases the expression of the aa-

nat transcript and also the enzymatic activity of AA-NAT and HIOMT.

4 - Corticosterone inhibits the nuclear accumulation of NF-κB. 5 – The

pharmacological inhibition of NF-κB pathway mimics the effect of

corticosterone on the hormonal production in pineal. 6 - IFN- γ inhibits the NF-

κB pathway. 7 - IFN-γ enhances the synthesis of melatonin in the pineal gland.

8- TNF activates the NF-κB pathway. 9 – TNF inhibits the production of

melatonin in the pineal gland. 10 - TNF transiently inhibits the production of

the aa-nat transcript and also of NAS. 11 - This transient effect depends on the

synthesis of proteins. This study shows that the pineal gland can respond to

different inflammatory modulators, supporting the hypothesis of a central

immune-pineal axis controlling pathological processes in mammals.

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107

XX.. SSÚÚMMUULLAA CCUURRRRIICCUULLAARR Informações pessoais

Nome completo: Pedro Augusto Carlos Magno Fernandes

Sexo: masculino

Data e local de nascimento: 23/12/1979; São Paulo - São Paulo, Brasil

Nacionalidade: brasileiro

Endereço eletrônico: [email protected]

______________________________________________________________________

Formação Acadêmica

2004 – atual: Estudante de doutorado do curso de Fisiologia desde 2004

Instituição: Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, Brasil.

Université Louis Pasteur, Strasbourg, France (2006).

Título Tese: Glândula Pineal de Ratos como Alvo de

Mediadores Inflamatórios.

Orientadora: Regina Pekelmann Markus- Universidade de São

Paulo, São Paulo, Brazil.

Coorientadora: Valérie Simonneaux- Université Louis Pasteur,

Strasbourg, France.

Bolsas: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP/processo: 04/10922-3) 11/2004 -11/ 2005; 11/ 2006-11/2008 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/COFECUB) 12/2005-12/2006

2000 – 2004: Bacharel em Ciências Biologicas

Instituição: Instituto de Biociências da Universidade de São

Paulo (USP) - São Paulo, Brasil

Titulo da iniciação científica: Corticosterona potencia a

produção de melatonina in vitro

Orientadora: Regina Pekelmann Markus

Bolsa de Iniciação Científica: Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de São Paulo (FAPESP). 2002-2003

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108

Produção Científica

______________________________________________________________________

ARTIGOS PUBLICADOS

1. Fernandes, P.A.C.M., Bothorel, B., Clesse, D. Monteiro, A.A., Calgari, C.,

Raison, S., Simonneaux, V., Markus, R.P. (2009). Local corticosterone

infusion enhances nocturnal pineal melatonin production in vivo. J

Neuroendocrinol, 21, 90-97.

2. Markus, R.P., Ferreira, Z.S., Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E. (2007). The

immune-pineal axis: a shuttle between endocrine and paracrine

melatonin sources. Neuroimmunomodulation, 14, 126 - 133.

3. Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Markus, R.P., Ferreira, Z.S. (2006). Effect

of TNF-alpha on the melatonin synthetic pathway in the rat pineal gland:

basis for a 'feedback' of the immune response on circadian timing. J

Pineal Res, 41, 344 – 350.

4. Ferreira, Z.S., Fernandes, P.A.C.M., Duma, D. ; Assreuy, J., Avellar,

M.S.W., Markus, R.P. (2005). Corticosterone modulates noradrenaline-

induced melatonin synthesis trhught inhibition of nuvlear factor kappa

B. J Pineal Res, 38, 182-188.

_____________________________________________________________________

COMUNICAÇÃO ORAL EM CONGRESSO INTERNACIONAL

1. Fernandes, P.A.C.M., Bothorel, B., Markus, R.P., Simonneaux, V. Local

perfusion of corticosterone mimicking inflammation in the rat pineal

gland increases melatonin production. XXXVIII Congrés de la Société

Francophone de Chronobiologie, Lion France, 2006.

______________________________________________________________________

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109

POSTERES APRESENTADOS EM CONGRESSOS INTERNACIONAIS

1. Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Monteiro, A.W.A., Ferreira, Z.S.F. &

Markus, R.P.. Effect of Cytokines on the Control of the melatonin

Production by rat Pineal Glands in vitro. In: FASEB Summer Research

Conferences – Melatonin Receptors: Actions and Therapeutics. Snowmas

Village – Colorado – USA de 10 – 15 de agosto de 2008.

2. Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Monteiro A.W.A., Ferreira Z.S., Markus.

RP. Diferentiated Effects\Interleukine 6 (IL-6) and Interferon γ (IFN-γ) on

Cultured Rat Pineal Function. In: VII Congress of The International

Society for NeuroImmunomodulation. Rio de Janeiro (RJ), Brazil, 2007

3. Fernandes, P.A.C.M., CECON, E., Ferreira, Z.S., Markus, R.P.Effect of

Inflammation (Bacillus Calmet-Guerin, BCG) and Adrenalectomy on the

Production of N-acetylserotonin and NFkB Nuclear Translocation of

Cultured Rat Pineal Gland In: 1st Iberoamerican Congress of

Neuroimmunomodulation. Rio de Janeiro (RJ), Brazil, 2005.

4. Cecon, E., Fernandes, P.A.C.M., Ferreira, Z.S., Markus, R.P.

Pineal nuclear factor kappa B (NFkB) daily rhythm is impaired by injury

and plays a pivotal role in melatonin production In: 2nd Iberoamerican

Congress of Neuroimmunomodulation, Madrid, Spain, 2007.

5. Cecon, E., Fernandes, P.A.C.M., Markus, R.P., Ferreira, Z.S.

Corticosterone Modulates Aa-nat Gene Expression in Rat Pineal Gland

In: 1st Iberoamerican Congress of Neuroimmunomodulation. Rio de

Janeiro (RJ), Brazil, 2005.

______________________________________________________________________

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110

POSTERES APRSENTADOS EM CONGRESSOS NACIONAIS

1. Fernandes, P. A. C. M.; Cecon, E.; Monteiro A. W. A.; Ferreira, Z. S.;

Markus, R. P. Effects of tumor necrosis factor alpha (TNF-alpha),

interleukine-1 beta (IL-1beta), interleukine-6 (IL-6) and interferon gamma

(IFN-gamma) on pineal gland function. In: XL Congresso Brasileiro de

Farmacologia e Terapéutica Experimental, Águas de Lindóia, Brazil,

2008.

2. Fernandes, P.A.C.M., Bothorel, B., Markus, R.P., Simonneaux, V. Local

Perfusion of Corticosterone Amplifies Nocturnal Melatonin Surge in Rat

Pineal Gland. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Farmacologia e

Terapéutica Experimental, Ribeirão Preto, Brazi, 2007.

3. Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Cavalcanti, D.M.H., Farsky, S.H.P.,

Ferreira, Z.S., Markus, R.P.Effect of Endogenous Adrenal Cortical

Hormones and the Mechanism of Corticosterone Action on the Pineal

NAS Production In: FESBE - Federação de Sociedades Brasileiras de

Biologia Experimental. Águas de Lindóia (SP), Brazil, 2005.

4. Fernandes, P.A.C.M., Floriano, S.M., Ferreira, Z.S., Markus, R.P. TNF-

alpha reduces the production of n-acetyjserotonin (NAS) on cultured rat

pineal gland. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Farmacologia e

Terapéutica Experimental, Águas de Lindóia, Brazil, 2004.

5. Fernandes, P.A.C.M., Ferreira, Z.S., Markus, R. P. Corticosterone,

inhibiting NF-kappaB patway, potentiates the production of pineal

hormones. In: XXXV Congresso Brasileiro de Farmacologia e Terapéutica

Experimental. Águas de Lindóia, Brazil, 2003.

6. Cecon, E., Fernandes, P.A.C.M., Ferreira, Z.S., Markus, R.P. Nuclear

Factor kappa B (NFkB) Rhythm in Rat Pineal Gland – New Molecular

Basis for Organism Timing In: XXXVIII Congresso Brasileiro de

Farmacologia e Terapêutica Experimental. Ribeirão Preto, Brazil, 2006.

7. Cecon, E., Fernandes, P.A.C.M., Ferreira, Z.S., Markus, R.P. Regulação do

Fator de Transcrição NFkB em Glândulas Pineais de Rato In: IX Simpósio

Brasileiro de Cronobiologia. Águas de Lindóia, Brazil, 2006.

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111

PRÊMIOS

1. “Travel Award – For Outstanding Research in the field of Melatonin”

pelo trabalho: Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Monteiro, A.W.A.,

Ferreira, Z.S.F. & Markus, R.P.. Effect of Cytokines on the Control of the

melatonin Production by rat Pineal Glands in vitro. durante o congresso

“ In: FASEB Summer Research Conferences – Melatonin Receptors:

Actions and Therapeutics.” Realizado em Snowmas Village – Colorado –

USA de 10 – 15 de agosto de 2008,

2. Melhor poster da sessão: Fernandes, P.A.C.M., Bothorel, B., Markus, R.P.,

Simonneaux, V. Local Perfusion of Corticosterone Amplifies Nocturnal

Melatonin Surge in Rat Pineal Gland. In: XXXIX Congresso Brasileiro de

Farmacologia e Terapéutica Experimental, Ribeirão Preto, Brazi, 2007.

3. Melhor poster da sessão: Fernandes, P.A.C.M., Floriano, S.M., Ferreira,

Z.S., Markus, R.P. TNF-alpha reduces the production of n-

acetyjserotonin (NAS) on cultured rat pineal gland. In: XXXVI Congresso

Brasileiro de Farmacologia e Terapéutica Experimental, Águas de

Lindóia, Brazil, 2004.

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Trabalhos Publicados

112

XXII.. TTRRAABBAALLHHOOSS PPUUBBLLIICCAADDOOSS

1. Ferreira, Z.S., Fernandes, P.A.C.M., Duma, D.; Assreuy, J., Avellar,

M.S.W., Markus, R.P. (2005). Corticosterone modulates noradrenaline-

induced melatonin synthesis trhught inhibition of nuvlear factor kappa

B. J Pineal Res, 38, 182-188.

2. Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E., Markus, R.P., Ferreira, Z.S. (2006). Effect

of TNF-alpha on the melatonin synthetic pathway in the rat pineal gland:

basis for a 'feedback' of the immune response on circadian timing. J

Pineal Res, 41, 344 – 350.

3. Markus, R.P., Ferreira, Z.S., Fernandes, P.A.C.M., Cecon, E. (2007). The

immune-pineal axis: a shuttle between endocrine and paracrine

melatonin sources. Neuroimmunomodulation, 14, 126 - 133.

4. Fernandes, P.A.C.M., Bothorel, B., Clesse, D. Monteiro, A.A., Calgari, C.,

Raison, S., Simonneaux, V., Markus, R.P. (2009). Local corticosterone

infusion enhances nocturnal pineal melatonin production in vivo. J

Neuroendocrinol, 21, 90-97.