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Exposiçao sobre a vida e o trabalho do Dr. Alberto Pereira de Castro - o "Senhor IPT" - no Instituto de Pesquisas Tecnologicas
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Exposição
Personalidades IPTO IPT completa em 2011 nada menos que 112
anos de história. Uma história feita de muita
Ciência e muita Tecnologia, que se confunde
com a própria história do desenvolvimento
tecnológico brasileiro.
Mas, sobretudo, uma história feita por pessoas.
Funcionários que dedicaram suas vidas ao
Instituto, fazendo dele o que ele é hoje.
Gente conhecida pelo Brasil afora e além,
nomes conhecidos que encontramos nos
prédios, nas pontes das cidades, nos livros das
universidades, muitas vezes sem saber que
passaram também por aqui.
Durante todo o 112º ano de vida do IPT,
convidamos você a conhecer a vida e o trabalho
desses ipeteanos ilustres. Traremos todo
mês uma exposição sobre cada uma dessas
personalidades.
Dr. Alberto Pereira de CastroDedicação ao IPT: 1939-2005
Ary Frederico TorresDedicação ao IPT: 1926-1939
Ernesto PichlerDedicação ao IPT: 1933-1959
Adriano José MarchiniDedicação ao IPT: 1933-1959
Vicente Chiaverini Dedicação ao IPT: 1939-1949
Francisco Maffei Dedicação ao IPT: 1929-1968
Hubertus Colpaert Dedicação ao IPT: 1928-1957
Romeu Corsini Dedicação ao IPT: 1939 e 1958
Frederico Brotero Dedicação ao IPT: 1930-1952
Aldo Andreoni Dedicação ao IPT: 1945-1971
Antonio F. de Paula SouzaDedicação ao IPT: 1899-1903
Milton VargasDedicação ao IPT: 1938-1988
Dr. Alberto Pereira de Castro
Escolhemos o Dr. Alberto Pereira de Castro como
a primeira personalidade a ser homenageada, e
também como uma homenagem ao IPT em seu
aniversário.
E não foi à toa. Além de ter dedicado três décadas
de trabalho ao Instituto - como pesquisador,
como superintendente e como conselheiro - seu
nome é ainda hoje lembrado com carinho por
muitos ipeteanos. Mesmo após sair do Conselho
de Orientação, aos 90 anos, o Dr. Alberto ainda
era consultado por muitos como uma referência
por sua sabedoria nas questões do IPT e da
Ciência & Tecnologia no Brasil.
Apelidado de “Senhor IPT”, Dr. Alberto nos
deixou em agosto de 2010. Em 27 de junho, dia
em que esta exposição foi inaugurada, contam-
se exatos 75 anos que começou a trabalhar aqui,
como assistente-aluno.
Organizamos esta exposição como homenagem
a esse ilustre ipeteano, e ao mesmo tempo como
um presente ao IPT, mantendo viva um pouco da
história de um de seus ícones mais importantes.
1915-2010Iniciou sua carreira como Engenheiro Auxiliar da Seção de Metais, chegando a superintendente
do Instituto durante o período de 1968 a 1985. De 1995 a 1996, atuou como vice-presidente do
Conselho de Orientação e, de 1996 a 2005 foi presidente do mesmo Conselho. Foram 32 anos
dedicados ao IPT promovendo seu crescimento aliado ao desenvolvimento do Brasil.
Confira no site do IPT a exposição completa: www.ipt.br
VidaEm 19 de maio de 1915, nasce Alberto Pereira de Castro, em Mineiros (GO),
filho de Rodrigo Pereira de Castro e Ernestina Cesar de Castro Filho.
A Europa vivia a I Guerra Mundial, e São Paulo estava em
expansão, com a constante chegada de imigrantes que imprimia à cidade
vivacidade e diversidade cultural. Na política interna, o governo priorizava os
interesses das oligarquias cafeeiras, em detrimento a possíveis estímulos à
industrialização nascente.
Proveniente de uma família de comerciantes, aos nove anos de idade, Alberto
partia com seus pais e oito irmãos para a cidade de Botucatu (SP). Anos depois,
por causa da grave crise econômica de 1929, a família muda-se para
Uberlândia (MG), onde concluiu o ginásio.
Em 1933, aos 17 anos, vai para São Paulo prestar o vestibular para o
curso de engenharia da Escola Politécnica. A cidade enfrentava um período
difícil, reflexo dos acontecimentos do ano anterior com a Revolução
Constitucionalista. Seu esforço nos estudos lhe rendeu o primeiro lugar no
exame vestibular, o que lhe ajudou a se aclimatar na cidade.
Na Politécnica dos anos trinta foi aluno destacado de sua turma, o que lhe
rendeu uma vaga como assistente-aluno de Ary Torres no IPT, entre 1936
e 1938. Este seria o início de uma longa - embora não contínua - carreira no
Instituto, totalizando 32 anos de dedicação.
Após a formatura em 1938, retornou
a Urbelândia apenas para casar-se com
Fausta Copertino, sua namorada do ginásio.
Instalados em São Paulo, o casal viveu 75
anos de matrimônio, até o falecimento
de Dr. Alberto, no ano passado. Tiveram
quatro filhos e viveram grande parte de
suas vidas num pacato sítio em Cotia.
Segundo a esposa, em casa Dr. Alberto era um homem muito calado. Talvez
empenhasse muito tempo refletindo sobre as questões da Ciência e Tecnologia
no Brasil. “O IPT era a minha rival”, conta ela, em tom de saudade.
Dr. Alberto na época de sua formatura, em 1938
Na companhia de sua esposa, Dona Fausta Com a idade avançada, Dr. Alberto saía muito pouco, mas se mantinha atualizado por meio dos jornais, que lia diariamente
ContribuiçõesAluno de destaque na Escola Politécnica, o jovem Alberto tornou-se colaborador
de seu orientador, o Engº Ary Torres, passando a trabalhar, em 27 de junho de
1936, na seção de Ensaios Mecânicos de Metais do IPT.
Sua carreira como pesquisador, entretanto, durou apenas
sete anos. Em virtude da II Guerra Mundial, houve grande
necessidade de substituir importações. Em 1943, o governo
então criou a Coordenação da Mobilização Econômica, na qual
o Dr. Alberto participou como representante do IPT no Setor da
Produção Industrial. A missão era elaborar a planificação industrial do Brasil.
Nesse período, ganhou experiência nos mais variados assuntos econômicos,
financeiros e tecnológicos do país.
Em 1944, Dr. Alberto se desligou do IPT e passou a lecionar a disciplina
de Metalografia, na Escola Politécnica da USP. Contudo, não se dedicou
exclusivamente à vida acadêmica; por duas décadas, acumulou grande
experiência na indústria, ocupando a direção técnica de empresas como a Usina
Santa Olímpia e a Cobrasma (nascida de uma parceria entre grupos financeiros
nacionais e as estradas de ferro privadas, sob a égide da Coordenação da
Mobilização Econômica e com o apoio tecnológico do IPT).
Teve um papel fundamental
no desenvolvimento industrial
brasileiro, participando junto ao
governo de seu planejamento.
De 1952 a 1968, ocupou
posições de destaque em diversos
grupos executivos, conselhos
e associações responsáveis por
preparar as bases para a instalação e
florescimento da indústria nacional.
Seção de fundição do IPT, onde eram preparados os moldes para a fabricação de peças metálicas moldadas (1940). Dr. Alberto foi chefe da Seção entre 1941 e 1944
Visita da equipe do IPT a uma fundição na região do ABC paulista (década de 40). Na marcação, podemos localizar o Dr. Alberto entre os colegas
Antiga oficina da Cobrasma, em 1947. Dr. Alberto foi superintendente da área de fundição da empresa entre 1948 e 1968
ContribuiçõesNos anos 60, o Brasil passou por um período de estagnação econômica e
crise política que se iniciou com a renúncia de Jânio Quadros. A inflação atingia
altos picos e minguavam os investimentos nacionais e estrangeiros.
As novas indústrias não haviam criado empregos suficientes para a
população urbana em crescimento e a renda estava cada vez mais
concentrada.
Nesse período, Dr. Alberto intensificou suas parcerias com entidades
governamentais, sempre atuando nas áreas de tecnologia, pesquisa e
desenvolvimento.
Em 1968, retorna ao IPT como superintendente, cargo que ocupou
por 16 anos. O foco de sua gestão era o relacionamento e a colaboração do
Instituto com outras entidades
e instituições, tais como:
universidades; entidades de
classe, associações profissionais
e grupos produtores; órgãos
da administração estadual e
federal; e o Conselho Estadual
de Tecnologia.
Ao longo dos anos 70,
o IPT passa por uma expansão
considerável. São firmados
novos convênios nacionais e
internacionais e a infraestrutura
do Instituto salta de cinco para
19 divisões técnicas, contando
com um quadro de mais de três mil
colaboradores em 1981.
Sua preocupação, no período, era adequar o IPT para atender às novas demandas
da indústria com projetos cada vez mais complexos.
Em seus últimos anos de dedicação ao Instituto, de 1995 a 2005,
Dr. Alberto foi vice-presidente e presidente do Conselho de Orientação,
contribuindo com toda sua experiência, no Instituto e fora dele, para a discussão
e direcionamento das questões estratégicas do IPT.
Em1981, o ministro de Minas e Energia, César Cals de Oliveira Filho, visita o IPT para conhecer o projeto de utilização de turfa para fins energéticos no Estado de São Paulo
Crescimento do quadro de pessoal entre 1975 e 1981
Organograma do IPT em 1983Visita do presidente Ernesto Geisel ao IPT em 1978, acompanhado dos ministros Reis Velloso, Shigeaki Ueki, Dirceu Nogueira, Almeida Machado e do governador Paulo Egydio
Dr. Alberto (esquerda), com Olavo Setúbal (centro) e Luís Carlos Bonilha (direita). Dr. Alberto e Olavo Setúbal eram grandes amigos desde os tempos da faculdade
Memória viva
Doutor Alberto era uma referência para todos nós no IPT e, em 18 anos de trabalho intenso, esteve sempre no centro das decisões que marcaram os grandes processos de transformação e de crescimento do instituto. Diretores do IPT continuavam indo, sempre que possível, a sua casa para pedir conselhos e aprender com sua sabedoria. João Fernando Gomes de Oliveira, presidente do IPT
O Dr. Alberto foi por décadas a referência mais influente para o IPT. Conhecedor como poucos das forças e fraquezas do desenvolvimento tecnológico e da engenharia no Brasil, ele sempre foi determinante para a qualidade de decisões.Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
Dr. Alberto Pereira de Castro foi um homem à frente de seu tempo: tinha visão do futuro e muita curiosidade sobre novas tecnologias! Quarenta anos atrás apontava a necessidade de se estudar as “super trees”; na época, nem se mencionavam as árvores clonadas, de rápido crescimento, alta produtividade e excelentes propriedades. Mais tarde, o tema atraía todo o setor florestal que, nessa base, alcançou hegemonia mundial.Márcio Nahuz, pesquisador do IPT
Não era de seu feitio escrever muito e sim dialogar, estimular, orientar e discutir. Eduardo C. O. Pinto, ex-chefe do Agrupamento
de Processos Metalúrgicos do IPT
“Passei um dia pelo gramado alguém me seguiu ali, depois, se fez mais um caminho” (T. Mars)Creio que esse caminho simboliza os muitos e profícuos anos de dedicação do dr. Alberto ao IPT. José C. Zanutto, pesquisador do IPT
Foi um homem sagaz, muito estudioso, o que se poderia chamar de um homem letrado. Conversar com ele era sempre um abrir de portas para áreas do conhecimento e formas não convencionais de abordagem de problemas. Foi único em suas características: aos 90 anos ainda incorporava o “espírito da época” só que, curiosamente, avançado em uns 10 anos em relação a todos nós. Qualquer pesquisador do IPT que teve contato com ele sempre se refere a -”É, o Dr Alberto já falava nisso há mais de 10 anos”...Exemplo brilhante e incomum de ser humano onde convergiam caráter, visão, conhecimento técnico e gentileza. Marcos Tadeu Pereira, pesquisador do IPT