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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL TAÍSSA MODESTO AZEVEDO FALCONI PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS EM CONSTRUTORA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS: ESTUDO DE CASO CUIABÁ - MT NOVEMBRO -2013

PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS EM CONSTRUTORA DE ...200.129.241.80/ppgeea/sistema/dissertacoes/18.pdf · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

TAÍSSA MODESTO AZEVEDO FALCONI

PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS EM

CONSTRUTORA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS:

ESTUDO DE CASO

CUIABÁ - MT

NOVEMBRO -2013

TAÍSSA MODESTO AZEVEDO FALCONI

PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS EM

CONSTRUTORA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS:

ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de

Edificações e Ambiental, da

Universidade Federal de Mato Grosso,

como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre.

Área de concentração:

Construção Civil

Orientador:

Prof. Dr. Douglas Queiróz Brandão

CUIABÁ – MT

NOVEMBRO – 2013

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

F184p Falconi, Taíssa Modesto Azevedo.Personalização de Projetos e Obras em Construtora de Edificações Residenciais:

Estudo de Caso / Taíssa Modesto Azevedo Falconi. -- 2013150 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Douglas Queiroz Brandão.Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de

Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia deEdificações e Ambiental, Cuiabá, 2013.

Inclui bibliografia.

1. Personalização. 2. Construção Civil. 3. Edificações Residenciais. 4. Processos.5. Qualidade. I. Título.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos, Rodrigo e

Eduardo, que são a razão pela qual tive forças

para continuar;

Aos meus pais, Nilson e Loacy, pelo cuidado,

amor e dedicação em me ajudar todos os dias;

Ao meu marido, Humberto, pelo amor e

compreensão nos momentos de ausência.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof.Dr. Douglas Queiróz Brandão, pelo acompanhamento e

orientação dedicados no decorrer do curso;

Ao Engenheiro Eduardo Alves Brito, pela atenção e informações que fizeram

toda a diferença deste trabalho;

Ao meu marido, Humberto, pela paciência, incentivo e apoio nesta

caminhada;

Aos meus pais, Nilson e Loacy, pelo grande suporte e por sempre acreditarem

em mim, me dando força e me fazendo não desistir dos meus objetivos;

A Dona Cida pela dedicação na organização da minha casa e cuidado com

meus filhos;

E por todos que não foram aqui mencionados, mas contribuíram de alguma

forma para a elaboração deste trabalho.

A cada dia que vivo mais me convenço de que o

desperdício da vida está no amor que não damos,

nas forças que não usamos, na prudência egoísta

que nada arrisca e que, esquivando-nos do

sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

Diante de um mercado altamente competitivo o setor da construção civil

adotou como uma das estratégias comerciais o oferecimento da personalização de

projetos e obras, buscando como foco resultados que atendam a um público exigente

e que procura por produtos diferenciados. A utilização de requisitos de Sistemas de

Gestão da Qualidade (SGQ) baseados no referencial normativo do Programa da

Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H específico para empresas

construtoras pode subsidiar o processo de personalização de projetos e obras da

empresa através da adoção de procedimento, inspeções de serviços e check list. Este

estudo de caso foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa foi desenvolvida a

pesquisa bibliográfica e documental, observações de campo, entrevista não

estruturada, diagnóstico, que subsidiaram o entendimento do processo atual de

personalização da empresa, quais as dificuldades encontradas e as interfaces geradas

entre os agentes envolvidos. Na segunda etapa do trabalho foram estabelecidas

diretrizes e propostos os guias de personalização interno e externo, bem como o

fluxograma de processo proposto de personalização para a empresa.

Palavras-Chave: Personalização. Construção Civil. Edificações Residenciais.

Processos. Qualidade.

ABSTRACT

Facing a highly competitive market the construction industry has adopted as

one of the business strategies of offering customization of projects and works,

seeking to focus on results that meet a demanding public and demand for

differentiated products. The use of requirements for Quality Management Systems

(QMS) based on the normative framework of the Quality and Productivity of the

Habitat Agenda - PBQP- H specific to construction companies can support the

process of customizing projects and the company works through the adoption

procedure, inspections services and checklist. This case study was conducted in two

stages. In the first step the bibliographic and documentary research, field

observations, unstructured interview, diagnosis, which supported the current

understanding of the business process customization was developed, which are the

difficulties and interfaces generated between the agents involved. In the second stage

of the work proposed guidelines and guides internal and external customization were

established, as well as the process flow diagram for the proposed customization

company.

Keywords: Personalization. Construction. Residential Buildings. Processes. Quality.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processamento dos requisitos dos clientes. .......................................... 34

Figura 2 - Modelo de geração de valor. ................................................................ 36

Figura 3 - Figura 3: Ciclo de solução do problema. .............................................. 46

Figura 4 – Os cinco objetivos de desempenho, aspectos internos e externos. ...... 47

Figura 5 - Aumento da quantidade de tempo dedicado à prevenção de erros no

processo é compensado pela redução dos custos de falhas de avaliação. ..... 48

Figura 6 – Modelo de abordagem por processos da ISO versão 2008. ................. 53

Figura 7 - Ciclo PDCA. ......................................................................................... 57

Figura 8 - Fluxograma das etapas. ........................................................................ 62

Figura 9 - Os empreendimentos 1, 2, 3 estudados. ............................................... 63

Figura 10 - Planta empreeendimento 1. ................................................................ 64

Figura 11 - Planta empreendimento 2. .................................................................. 65

Figura 12 - Planta tipo 1 empreendimento 3. ........................................................ 66

Figura 13 - Planta tipo 2 empreendimento 3. ........................................................ 67

Figura 14 - Alteração tardia de pontos de água e gás. .......................................... 78

Figura 15 - Problema trazido pela demora na execução de alteração. .................. 78

Figura 16 - Assentamento de revestimento de parede - antes da execução da

alteração. ....................................................................................................... 79

Figura 17 - Assentamento de revestimento de parede - depois da execução da

alteração. ....................................................................................................... 80

Figura 18 - Planta baixa com as principais alterações no empreendimento 1. ..... 82

Figura 19 - Planta baixa com as principais alterações no empreendimento 2. ..... 84

Figura 20 - Planta Baixa Tipo 1 com as principais alterações no empreendimento

3......................................................................................................................86

Figura 21 - Planta Baixa Tipo 2 com as principais alterações no empreendimento

3. .................................................................................................................... 87

Figura 22 - Fluxograma atual do processo de projeto e lançamento do

empreendimento. ........................................................................................... 92

Figura 23 - Fluxograma atual do processo de personalização de projetos e obras

desenvolvido pela empresa. .......................................................................... 95

Figura 24 - Fluxograma proposto do processo de projeto e lançamento do

empreendimento. ......................................................................................... 100

Figura 25 - Fluxograma proposto do processo de personalização de projetos e

obras da empresa – segunda etapa. ............................................................. 101

Figura 26 - Fluxograma proposto do processo de personalização de projetos e

obras da empresa – terceira etapa................................................................ 102

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais alterações no empreendimento 1. ............................................. 81

Tabela 2 - Principais alterações no empreendimento 2. ............................................. 83

Tabela 3 - Principais alterações no empreendimento 3. ............................................. 85

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Questões orientativas com os agentes envolvidos. .................................. 69

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ....................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................. 18

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 18

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 18

2. PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .... 19

2.1 NECESSIDADE DE PERSONALIZAÇÃO ................................................. 19

2.2 OFERTA DO MERCADO DE PERSONALIZAÇÃO ................................. 21

2.3 ESTRATÉGIAS DE PROJETO .................................................................... 24

2.4 ALGUNS ESTUDOS SOBRE A PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES

HABITACIONAIS NO BRASIL ................................................................... 30

2.5 PROBLEMAS E DIFICULDADES CAUSADAS PELA

PERSONALIZAÇÃO .................................................................................... 39

2.6 QUALIDADE DENTRO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ......................... 44

3. MÉTODO ..................................................................................................... 58

3.1 ABORDAGEM .............................................................................................. 58

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................. 61

3.3 DIAGNÓSTICO ............................................................................................ 62

3.3.1 Descrição da Empresa .................................................................................... 62

3.3.2 Características dos Empreendimentos Estudados .......................................... 63

3.4 ASPECTOS ANALISADOS ......................................................................... 67

3.5 COLETA DE DADOS ................................................................................... 68

3.6 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS, ANÁLISES E PROPOSTA DE MODELO

DE PERSONALIZAÇÃO .............................................................................. 69

3.6.1 Organização e Análise das Modificações ...................................................... 69

3.6.2 Reconstituição do Processo Existente ............................................................ 70

3.6.3 Processo Proposto .......................................................................................... 71

3.7 ANÁLISE DE MODIFICAÇÕES DE PROJETOS E PROBLEMAS

OBSERVADOS NO PROCESSO ADOTADO ............................................ 72

3.8 PROBLEMAS E DIFICULDADES QUANTO À ADMINISTRAÇÃO DO

PROCESSO DE PERSONALIZAÇÃO ......................................................... 77

3.9 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 1 ....................... 80

3.10 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 2 ....................... 82

3.11 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 3 ....................... 84

3.12 ANÁLISE DOS DADOS DOS EMPREENDIMENTOS ESTUDADOS E

PRINCIPAIS PROBLEMAS OBSERVADOS ............................................. 87

3.13 FLUXOGRAMA ATUAL DO PROCESSO DE PERSONALIZAÇÃO DE

PROJETOS E OBRAS DESENVOLVIDO PELA EMPRESA ESTUDADA89

3.14 FLUXOGRAMA PROPOSTO DO PROCESSO DE PERSONALIZAÇÃO

DE PROJETOS E OBRAS DA EMPRESA ESTUDADA ............................ 96

3.15 PROPOSTA DO GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E

OBRAS PARA O CLIENTE ....................................................................... 103

3.16 PROPOSTA DO GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E

OBRAS DA EMPRESA .............................................................................. 104

4. CONCLUSÕES .......................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 110

ANEXOS ................................................................................................................. 117

APÊNDICES ........................................................................................................... 119

14

1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem apresentado ao longo de sua história um crescimento econômico

acelerado por meio de maior distribuição de renda, mercado de compra e venda

diversificada, incentivo à produção e às indústrias. A construção civil é um exemplo

de acompanhamento deste crescimento com a existência de grandes obras e

investimentos no setor.

Desde 2004, o setor da construção civil vem registrando, de acordo com a

Câmara Brasileira da Indústria Construção (CBIC), um incremento consistente em

suas atividades deixando para trás décadas de dificuldades. Em 2010, o Produto

Interno Bruto (PIB) da construção registrou desempenho recorde, com crescimento

de 11,6%. Em 2011, o setor cresceu 4,8% (CBIC, 2011).

Em paralelo ao crescimento econômico vivenciado hoje o mercado

imobiliário procura oferecer novos produtos que possuem demanda específica e

adequada ao maior grau de exigência dos clientes que possuem diferentes

necessidades e desejos.

Em 2011, aproximadamente 79.408 empresas construtoras estavam atuando

no setor de edificações. Porém a maioria das mesmas não chegou a alcançar 10 anos

de vida. Este fato se dá devido aos custos elevados que as empresas têm para se

manter no mercado e a falta de iniciativas das mesmas com relação à oferta de

produtos diferenciados que sirvam de atrativo e captação dos clientes; (IBGE, 2011).

Na construção civil onde a concorrência se mostra cada vez mais crescente é

necessário implantar progressivamente mecanismos que busquem economia,

satisfação do cliente e qualidade, fatores que podem ser atingidos através da

aplicação de estratégias relacionadas à adequação e ao uso.

O ser humano tem necessidade de se diferenciar uns dos outros demonstrando

suas preferências individuais. Sendo assim uma alternativa para as empresas

construtoras é a personalização de projetos, que surge como diferencial competitivo

no mercado.

A grande competitividade das empresas do mercado imobiliário, o aumento

do nível de exigências dos clientes a tendência na participação do cliente na

definição do produto habitacional, a mudança no comportamento de vida das pessoas

são alguns dos fatores que desencadearam a adequação das construtoras no

15

estabelecimento de processos de personalização na busca pela permanência no

mercado.

Segundo Frutos (2000), a construção civil apresenta características próprias,

diferentes de todos os setores industriais e oferece produtos e serviços projetados

individualmente para cada consumidor.

A personalização é um elemento de coesão entre as necessidades dos clientes

e o que as construtoras podem oferecer, porém por se tratar de um sistema de

produção que foge do convencional ainda há dificuldade por parte das empresas em

se ter uma noção clara de quais os elementos e agentes que integram o processo e

que geram impactos na construção de um empreendimento personalizado.

Para a constituição de um processo de personalização consolidado uma das

estratégias é a adoção de Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ). Com a

implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade as construtoras modificam sua

forma de atuação no mercado, afetando toda a cadeia produtiva: direção da empresa,

projetistas, colaboradores, subempreiteiros, fornecedores.

Dentre os fatores que influenciam significativamente a implantação de

Sistemas de Gestão da Qualidade nas empresas destacam-se: o aumento do grau de

exigência dos clientes e o surgimento do Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade do Habitat (PBQP-H).

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H)

surge especificamente para organizar o setor da construção civil em torno de duas

questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.

O PBQP-H traz benefícios para as empresas construtoras de forma direta e

também indireta, visto que as empresas que atuam no programa percebem a

incorporação de mudanças internas ocorridas ainda durante a implantação do mesmo.

Outro item também percebido é que empresas certificadas em programas da

qualidade possuem uma imagem diferenciada perante a população e os clientes. Este

status age de forma a divulgar comercialmente as características positivas da

empresa.

No setor privado, a adesão de construtoras ao Sistema de Avaliação da

Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SIAC/PBQP-

H) está se consolidando como fator de diferenciação no mercado. Já são

16

aproximadamente três mil construtoras ativas nos três níveis de avaliação do

programa. Isso demonstra a aceitação e a credibilidade que o programa conquistou

no segmento de obras e serviços de construção (MINISTÉRIO DAS CIDADES,

2013).

Ao disponibilizarem seus projetos e obras personalizadas as construtoras

buscam a qualidade e adequação dos produtos aos padrões exigidos pelos clientes. O

atendimento das necessidades da própria empresa também deve ser levado em

consideração. A interligação de interesses diversos acaba por gerar dificuldades no

processo a ser desenvolvido pela empresa. Para contribuir com este trabalho a

proposta é a utilização de requisitos normativos do PBQP-H através da implantação

de procedimento e inspeções de serviço de forma a buscar a padronização,

uniformização e facilitar o processo de personalização de projetos e obras da

empresa.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

O grande desafio deste trabalho está na forma como o serviço de

personalização de projetos e obras da empresa pode ser desenvolvido aplicando-se

procedimento e inspeções de serviço baseados nos requisitos de um Sistema de

Gestão da Qualidade de maneira a consolidar o processo do produto personalizado.

No caso da empresa observada, as questões são:

1) Como a empresa construtora oferece a personalização do imóvel ao

cliente?

2) Qual o processo de personalização de imóveis da empresa e a adequação

aos produtos que ela tem oferecido?

3) Quais os principais dificuldades relativas a produção, qualidade e

atendimento ao cliente, encontrados pela empresa ao adotar o processo de

personalização?

As empresas construtoras ao adotarem um processo de personalização em

seus imóveis devem levar em consideração suas próprias necessidades, interesses e

características, desenvolvendo o planejamento adaptado à sua realidade e buscando a

melhoria contínua no gerenciamento de seus processos.

17

Para se desenvolver um produto personalizado é necessária a incorporação de

informações recebidas durante todo o processo de personalização. A troca de

informações entre o cliente e a construtora é muito importante para a garantia no

atendimento das necessidades e expectativas dos mesmos e geralmente é um ponto

falho no processo de personalização de projetos e obras.

A falta de informações entre os agentes envolvidos no processo também faz

parte da realidade presente nas construtoras. Há dificuldade na implantação destes

processos devido a não integração entre os agentes envolvidos. Normalmente, cada

departamento desenvolve seu serviço da maneira mais fácil e rápida, deixando assim

lacunas a serem preenchidas para que o processo funcione adequadamente.

Um dos grandes problemas gerados na implantação de processos de

personalização de projetos e obras é a elaboração de procedimentos que direcionem o

planejamento, execução e fiscalização dos serviços. Este processo pode ser

embasado em normas como o de Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ),

estruturando os processos de personalização.

Bertezine (2006) acredita que ainda exista por parte de alguns arquitetos

dificuldade entre a conciliação de Sistemas de Gestão da Qualidade, padronização de

procedimentos, e o ato de se desenvolver atividades criativas com a adoção de

projetos e obras personalizadas. Segundo o autor as atividades são reconhecidamente

independentes, porém se complementam.

A falta de diretrizes, normas e procedimentos que balizem o desenvolvimento

do serviço de personalização de projetos e obras pode ser trabalhada com a

elaboração de procedimento e inspeções de serviço baseados em requisitos do PBQP-

H.

A formalização e padronização dos procedimentos de execução,

monitoramento e a avaliação destes procedimentos, trará à empresa a ampliação

sobre o domínio técnico do seu processo de personalização de projetos e obras

objetivando maior controle de qualidade sobre o mesmo.

18

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo desta pesquisa é analisar o processo de personalização de projetos

e obras realizados por uma construtora com obras residenciais verticais na cidade de

Cuiabá e desenvolver uma proposta adequada para o referido processo da empresa,

através da adoção de procedimento e inspeção de serviços, baseados nos princípios

normativos do Programa da Qualidade e Produtividade do Habitat -PBQP-H.

1.2.2 Objetivos Específicos

1) Elaboração de uma proposta de fluxo do processo de personalização de

projetos e obras adequado para a empresa;

2) Elaboração de um guia de personalização interno e um guia de

personalização para o cliente, material informativo onde devem constar as alterações

dos imóveis permitidas, os prazos para as mesmas serem efetuadas as solicitações e

demais informações necessárias.

Para que os objetivos propostos fossem alcançados buscou-se sistematizar as

informações e identificar a prática adotada pela empresa no processo de

personalização de projetos e obras de maneira a propor um modelo gerencial para o

processo da empresa.

19

2. PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 NECESSIDADE DE PERSONALIZAÇÃO

Desde os primórdios a adaptação de abrigos por seus moradores para

satisfazer suas diferentes necessidades sempre fez parte da história da habitação

humana. Quando as sociedades eram nômades, a capacidade de adaptação foi

relativamente fácil, uma vez que a realização se dava pelo morador, com mudanças

de lugar para lugar de forma simples. Quando as pessoas resolveram ter melhores

condições de habitação, naturalmente tudo mudou (FRIEDMAN, 2002).

Campanholo (1999, p.63) ressalta:

(...) que em termos mundiais a personalização de produtos é o

terceiro estágio da atividade produtiva, sendo que na primeira

etapa a produção era puramente artesanal, numa sociedade em que

a terra era a base de todas as organizações: econômica, familiar,

política e cultural. A economia descentralizada buscava a

satisfação de todas as necessidades no próprio grupo. Já na

segunda etapa irrompeu a revolução industrial, que tocou todos os

aspectos da vida humana, implodindo as feições do passado.

Passaram a produzir milhões de produtos idênticos, ressaltando-se

os seguintes conceitos: padronização, especialização,

sincronização, concentração, maximização e centralização.

Durante toda era industrial, a tecnologia exerceu forte pressão para

padronização, não apenas de produtos, mas também do trabalho.

Atualmente, emerge uma nova tendência, que tem justamente o

efeito oposto, despadronizar.

A Revolução Industrial marcou a virada em muitas estruturas sociais,

incluindo o habitat. As pessoas abandonaram a forma agrária de vida e da terra,

deixando o que havia sido cultivado por gerações e passando a procurar trabalho nos

centros urbanos. As casas deixaram de ser de famílias extensas. Adaptabilidade teve

um significado diferente quando o proprietário pode agora encontrar soluções mais

adequadas para suas necessidades de espaço em outra residência (FRIEDMAN,

2002).

As famílias não possuem as mesmas configurações de seus componentes

como antigamente quando eram compostas por pais e muitos filhos, hoje não

correspondem a esta realidade e são constituídas por um casal com um ou dois filhos,

muitas vezes até o casal sem filhos. Esta realidade leva a pensar em uma nova

concepção de moradias personalizadas e na adaptação das mesmas.

20

A personalização de projetos e obras se encontra de diversas formas e é

diferenciada através das necessidades individuais, sociais, demográficas,

econômicas, novas configurações familiares, ciclo de vida, hábitos modernos

(trabalho em casa), refletindo diretamente no produto que será efetivamente

produzido – a habitação, transformando o espaço e definindo fatores como área

desejada, ambientes necessários, número de cômodos, disposição dos mesmos,

características estéticas.

O ser humano passa por diferentes fases em sua vida e os espaços devem ser

adaptáveis a cada fase. Uma fase importante para a idealização e elaboração de um

espaço diz respeito à existência ou não de crianças, pois as mesmas necessitam de

grandes espaços para desenvolvimento de suas atividades e brincadeiras. Já os

adolescentes geralmente desejam a sua privacidade e os adultos chegam a uma fase

que vêem a saída dos filhos de casa e sentem a necessidade de novas ocupações para

os espaços deixados vagos.

Outra fase na adaptação das moradias é a transformação dos adultos em

idosos, que hoje possuem uma expectativa de vida muito maior em relação há alguns

anos atrás. Segundo Friedman (2002), o amadurecimento na transformação dos

idosos se dá em duas fases:

a) A primeira adaptação da edificação começa quando o adulto possui em

torno de 60 (sessenta anos) e isto acontece em atendimento às necessidades deste

período;

b) A segunda fase já pode ser definida quando este morador se torna mais

idoso, a partir dos 80 anos, onde são necessárias outras adaptações frequentes da

idade, tendo assim um período de tempo percorrido de vinte anos.

Ainda segundo o autor, especialistas separam vários estágios do

envelhecimento dentro deste prazo, senhores jovens (60 a 65 anos) para senhores

velhos (85 a 90 anos). Durante esse tempo, as habilidades mentais de muitos idosos

se deterioram, havendo diminuição concomitante das habilidades motoras e a

adaptação das casas precisa conciliar os dois aspectos da maturidade.

As casas continuarão a refletir os gostos, hábitos e estilos de vida das pessoas

que as habitam e, com o ritmo das mudanças na sociedade, inevitavelmente, surgem

21

forças que agem sobre a ocupação, utilização e modificação das moradias

(FRIEDMAN, 2002).

É na habitação caracterizada como um conjunto de espaços onde são

encontrados grandes reflexos dos seus usuários. Estes reflexos são frutos do convívio

entre moradores de diferentes faixas etárias que habitam o mesmo espaço e da

contínua evolução das necessidades dos mesmos, quer seja esta evolução imposta

pela sociedade, meio ambiente, ou ainda pela constante evolução humana ou

tecnológica (CÍRICO, 2001).

A personalização surge com mais força com o passar dos anos, através do

aumento de poder econômico de parte da população que busca algo para satisfação

de suas necessidades individualizadas (CAMPANHOLO, 1999).

A estratégia de personalizar os produtos oferecidos aos seus clientes muda o

conceito anterior amplamente adotado na era industrial onde a fabricação era voltada

à padronização, hoje a busca é pela individualização, identidade pessoal refletida na

aplicação da personalização (CAMPANHOLO, 1999).

Atualmente, uma nova organização de administração da produção está

surgindo na qual a variedade e personalização suplantam produtos padronizados:

mercados heterogêneos e fragmentados surgem onde antes havia mercados

homogêneos. Muitas empresas têm descartado o velho paradigma da produção em

massa através da aplicação de tecnologias e novos métodos de gestão, criando

variedades e personalização com flexibilidade e rápidas respostas (FRUTOS, 2000).

2.2 OFERTA DO MERCADO DE PERSONALIZAÇÃO

O incremento do poder econômico da população tem aumentado a demanda

pela aquisição de imóveis residenciais e os clientes estão cada vez mais exigentes,

buscando algo que se adapte ao seu modo de vida. A construção civil encontrou na

personalização de projetos e obras uma forma de alavancar as vendas de imóveis,

oferecendo ao cliente a possibilidade de adaptar, adequar e ajustar o projeto e a obra

às necessidades individuais de cada usuário.

Como estratégia competitiva as construtoras vêm oferecendo seus produtos

em formatos flexíveis, apesar destas mudanças acarretarem maiores custos

administrativos e de produção. Existe a preocupação com a flexibilidade espacial nos

22

projetos de modo que a mesma deva ter como preceito o acompanhamento das

mudanças dos ciclos de vida dos moradores.

Caracterizada pela integração entre cliente e empresa – no projeto, produção,

estratégia e serviços, a personalização de produtos e serviços representa hoje uma

importante estratégia de negócios. Personalizar um produto produzido em série,

refere-se à habilidade de fornecer produtos e serviços projetados individualmente

para cada usuário através de processo de grande flexibilidade e integração

(WEINSCHENCK, 2012).

Com o aumento no grau de exigência dos clientes, Brandão (1997) relata que

a participação do cliente deve ser presente nas estratégias de flexibilidade e

adaptabilidade, com vistas a buscar a qualidade mais orientada para o consumidor. O

planejamento e a tomada de decisão deverão se tornar mais dinâmicos e complexos

com o envolvimento do cliente e a utilização de tecnologias de informação

interativas.

A concorrência entre as construtoras se baseia em aspectos de como atrair e

cativar os clientes e através do desenvolvimento de estratégias de competitividade

para se diferenciar dos concorrentes e ganhar a preferência do consumidor. Uma das

estratégias hoje utilizada é a capacidade de atuar agilmente frente à demanda,

caracterizando-se por apresentar uma grande capacidade de flexibilidade de

adaptação através do envolvimento do cliente na concepção, desenvolvimento,

produção e oferecimento de produtos (FRUTOS, 2000).

Weinschenck (2012) relata que um projeto flexível é aquele que possibilita

uma gama de arranjos espaciais, usos e ampliações, sem inviabilizar o uso da

edificação original durante a obra e sem que sejam necessárias grandes alterações na

mesma.

A adoção da personalização de projetos e obras é complexa abrangendo áreas

multidisciplinares como: planejamento, comercial, marketing, arquitetura e

engenharia, que precisam trabalhar em conjunto para que resulte em um produto final

de qualidade e que atenda as expectativas dos clientes.

Segundo Frutos (2000), as empresas construtoras devem buscar em seus

planos estratégicos não somente melhorar a eficiência dos processos construtivos

(por meio de programas de qualidade e produtividade), mas também ampliar

23

qualitativa e quantitativamente os atributos dos imóveis ofertados através da

integração do cliente com o projeto de seu futuro imóvel. Estabelecer uma interação

constante entre cliente e empresa é um dos requisitos fundamentais para a definição

de um ambiente ágil de negócios.

A divulgação comercial do projeto personalizado é vista como um ponto

positivo pelos clientes no momento de escolha de um empreendimento e se apresenta

por meio de plantas flexíveis, modulares, espaço multiuso, onde os clientes têm o

poder de decisão sobre o espaço que optar por adquirir.

O primeiro contato do cliente com o produto se dá através do setor comercial

que define as estratégias para o oferecimento do serviço de personalização de

projetos e obras ao cliente.

Brandão (1997, 2002, 2006), define a classificação da flexibilidade quanto à

estratégia de comercialização neste sentido, a flexibilidade pode ser de dois tipos: a

permitida e a planejada.

a) Flexibilidade planejada: em que os clientes têm a opção de escolha

oferecida pela empresa através de layouts alternativos, com vários tipos de plantas e

acabamentos para o mesmo imóvel;

b) Flexibilidade permitida: neste caso apenas uma opção de planta é dada ao

cliente, seja de layout ou de acabamentos, atendendo aos pedidos viáveis de

modificação do projeto pelo comprador. É permitido que o cliente faça a

personalização do seu apartamento, adaptando o layout às suas necessidades e os

acabamentos à sua preferência.

A adoção da personalização de projetos e obras implica diretamente na

qualidade e na produtividade. Estes fatores estão relacionados à falta de qualificação

da mão de obra, ao baixo investimento em tecnologias construtivas (no canteiro e na

administração), a falta de qualidade nos materiais utilizados e do produto final –

habitação.

Sempre que é necessária a adaptação de uma edificação como, por exemplo, a

demolição de paredes existentes, troca de instalações ou revestimentos, as mesmas

decorrem em custos extras com mão de obra e materiais. Os mesmos serão

adicionados ao custo inicial do produto e repassados ao consumidor.

24

Para que o processo de personalização seja bem sucedido há de se

efetivamente aplicá-lo em conjunto com planejamento previamente elaborado e bem

estruturado, pois embora a adaptação continue durante toda vida útil de uma

edificação é durante a construção que ela pode acontecer de modo mais amplo com

menores custos e menor desperdício de materiais.

O recurso da personalização neste estudo de caso também se encontra ligado

à flexibilidade, esta é entendida como a liberdade de reformular o espaço interno e

que vem sendo utilizada pelas construtoras visando ampliar as possibilidades de

utilização dos imóveis, oferecendo aos usuários possibilidades de adequação do

arranjo espacial às mudanças que ocorrem ao longo de sua vida útil.

2.3 ESTRATÉGIAS DE PROJETO

Tillmann (2008) relata que ao se fazer uma retrospectiva no contexto

habitacional no Brasil desde o início do século passado o Estado vêm tentando

facilitar através de diferentes iniciativas, o acesso à moradia, fomentando ações

descentralizadas nos anos 1930 e 1940, chegando a um centralismo e massificação da

produção nos anos 60 e 70. Em decorrência desta massificação, a grande parte das

unidades habitacionais foi produzida voltada para classe de baixa renda,

apresentando especificidades como a produção de habitações estereotípicas

destinadas a uma família padrão, negligenciando a pluralidade e o dinamismo da

sociedade.

A personalização de imóveis surge como opção ao cliente que anseia um

produto que atenda as suas necessidades e expectativas. No Brasil a personalização

de imóveis surgiu nos anos 90, após o colapso do Sistema Financeiro da Habitação,

no qual o financiamento do imóvel deixa de ser realizado por agentes financeiros e

passa a ser negociado diretamente com as construtoras, proporcionando assim, a

maior participação do consumidor no processo construtivo (BRANDÃO, 2002).

Friedman (2002) trabalha a flexibilidade de habitações de poucos pavimentos

como um processo de adaptação. E este se dá em três etapas fundamentais:

1° etapa – Projeto: quando o arquiteto utiliza estratégias e componentes

durante a fase de concepção para facilitar pré ou pós - adaptabilidade de ocupação.

25

O projeto para adaptabilidade começa com uma avaliação sistemática dos

aspectos relacionados ao interior da casa e da relação entre uma única unidade

habitacional e um grupo de casas. O processo de adaptação incluindo a fase de

concepção é diferente em um projeto personalizado onde a identidade dos ocupantes

é conhecida, o início se dá através de uma conversa com os futuros moradores,

quando o arquiteto recolhe informações sobre o número e o tamanho dos cômodos

necessários, plantas desejadas, o estilo, a qualidade de acabamento, dentre outras que

farão parte de um plano de necessidades. Este é a base para o início da concepção do

projeto e que refletirá as necessidades e desejos expressos pelo cliente.

Adaptar o projeto às necessidades dos clientes antes da ocupação é mais

difícil quando a identidade dos ocupantes é desconhecida, o arquiteto projeta para

pessoas traçando o perfil superficial de um potencial comprador. Tudo se dá através

de previsões: número de quartos, a planta e o tipo de acabamento preferido por estes

ocupantes desconhecidos estão ali assumidos.

Permitir a adaptação pós-ocupação na produção da habitação é naturalmente

uma tarefa difícil. O arquiteto deve assumir não só o perfil dos ocupantes, mas as

suas necessidades em evolução. A estratégia do projeto escolhido poderia

proporcionar espaços vazios maiores no terreno, prevendo a instalação futura de

componentes na construção da edificação, como mais quartos e banheiros, por

exemplo. A incorporação de estratégias e sistemas de construção para casas que

permitam aos ocupantes a adaptação às suas necessidades de espaço em evolução é

conhecida como projeto de pós-ocupação de adaptabilidade (FRIEDMAN, 2002).

2° etapa – Construção: quando o construtor decide sobre as principais

características do projeto, como o número de cômodos, tipos e tamanhos de

unidades, bem como opções a serem oferecidas aos compradores.

Adaptabilidade durante a construção refere-se ao emprego de estratégias ou

de componentes que permitam ao construtor ou ao ocupante a realização de

mudanças nos projetos com a construção já em andamento e que durante as etapas da

construção haja a opção de mudanças que possam ser oferecidas aos compradores

como diferencial. Os compradores podem escolher entre os esquemas alternativos

para os tamanhos ou acessórios que desejam incluir em seu projeto escolhido.

26

Alterações durante a construção são comuns. Em um projeto personalizado,

os clientes podem mudar de opinião sobre o espaço ofertado ou sobre uma escolha

feita anteriormente uma vez que a construção ainda esteja em andamento.

3° etapa – Uso: durante a ocupação, proporcionar a possibilidade de

adaptação do imóvel pré-concebido, construído.

Uma vez que os ocupantes estão em sua nova casa, um ciclo de vida contínuo

gerador de necessidades de adaptação começa. As adaptações podem ser simples tais

como pintura, ampliação da cozinha, ou mais complexas como a demolição de uma

parede para separar dois quartos. O processo pode ser mais elaborado envolvendo a

união de dois pavimentos ou a construção de um adicional.

A adaptação pode ser impulsionada por razões como o desejo de se ter as

casas funcionais e necessidades desencadeadas pelas mudanças no ciclo de vida

familiar. Um quarto, por exemplo, poderia ser convertido em uma sala após a partida

de um filho. A necessidade de modificar resultará em remodelar um lugar que foi

concebido e montado ao longo dos anos para as necessidades de outra família. As

adaptações também contemplam as partes externas das edificações, ao longo do

tempo a mudança pode ser feita para a evolução do edifício.

Segundo Friedman (2002), as formas de flexibilidade para adaptação

dependem de muitos fatores, dentre eles o método de construção, os procedimentos

utilizados para realizar as adaptações e atingir os objetivos esperados podem

acontecer através da mudança do caráter de todo um edifício, ou simplesmente de um

componente do mesmo.

Quatro áreas principais de intervenção foram identificadas por Friedman

(2002) através de diagnóstico de processos como cruciais para alcançar uma

capacidade de adaptação das habitações baseadas em projetos de casas com dois

pavimentos principais:

a) Manipulação de volumes, considerações que um arquiteto, construtor, ou

ocupante darão com a utilização de todo o volume, através da intervenção pela

combinação de vários pavimentos proporcionando uma ou mais unidades diferentes;

b) Arranjo espacial, que considera a forma como os mesmos espaços dentro

do volume são tratados e usados, pela adaptação de ambientes para outras funções e

atividades, utilização de divisórias ou móveis para definição de áreas. Outra

27

manifestação da adaptabilidade esta na necessidade de acomodar uma pessoa idosa,

que depende de uma cadeira de rodas exigindo arranjos interiores. Todo o esquema,

por exemplo, poderia ser modificado para criar uma suíte dentro da casa onde ficaria

um enfermeiro pessoal, ou adaptar o ambiente de jantar da cozinha.

c) Expansão e divisão, definição de estratégias ou meios que permitam a

ampliação além do seu tamanho original ou redução de volume ou de espaço durante

a concepção e construção ou, mais tarde, em toda a ocupação. O projeto que

considera expansão para além da habitação ou o crescimento em um espaço dentro

do perímetro do volume original é outra forma de adaptabilidade. O processo

também poderia ser invertido e uma grande casa poderia ser dividida de modo a

formar duas unidades habitação.

d) Manipulação de subcomponentes, que são os elementos empregados na

construção e utilização de um edifício. Podem ser grandes intervenções como

componentes estruturais, ou pequenas intervenções como tubulações. A manipulação

destes componentes pode modificar, adaptar e renovar a habitação para seus usuários

sem que a estrutura original seja afetada.

Diante das diversas formas de adaptação estudadas por autores como

Friedman (2002), Brandão (1997) e Campanholo (1999), um número cada vez maior

de consumidores deseja produtos personalizados que satisfaçam suas preferências

pessoais, ao invés de produtos projetados para um usuário anônimo. De acordo com

Frutos e Borenstein1 (1998 apud, WEINSCHENCK 2012), esta tendência deve

conduzir a uma participação crescente do cliente durante as etapas de projeto.

O tempo gasto para se executar um projeto personalizado ainda é menor do

que o tempo gasto com as alterações e adequações posteriores a execução do imóvel.

Os imóveis para os quais já estejam previstas alterações e adequações futuras

diminuem significativamente os custos com as mesmas.

Brandão (2002) ampliou o estudo sobre o tema da flexibilidade e suas formas

de aplicação e incorporação ao projeto arquitetônico. Parte da sua investigação foi

feita através do estudo da flexibilidade em apartamentos onde foram observados e

1Borenstein, D. Towars a Practical Method to Validate Decision Support Systems, Decision Support

Systems, n.23, 1998, p.227-239.

28

analisados cerca de três mil projetos em diferentes cidades brasileiras. Neste estudo o

autor levantou cinco formas principais de aplicação da flexibilidade:

1) Diversidade tipológica: explora apenas a variabilidade, sem possibilidade

de modificação;

2) Flexibilidade propriamente dita: quando se pode gerar mais de um arranjo,

obtendo variabilidade por meio de construção;

3) Adaptabilidade: quando se pode obter a alternância ou a sobreposição de

funções nos ambientes, sem construção, sejam pela neutralidade do ambiente ou pelo

uso de elementos móveis como portas de correr, por exemplo;

4) Ampliabilidade: quando a habitação pode ser ampliada externamente, ou

mesmo internamente, como no caso da construção de mezaninos;

5) Junção ou desmembramento: quando a habitação pode ser dividida em

duas ou quando duas habitações podem ser agrupadas, formando uma só.

Oliveira (1998a) constatou em seu estudo que a grande maioria dos usuários

se muda por motivos de ajustes, na busca por imóveis maiores ou menores, por

vizinhança, por preferirem outra localização para moradia, ou ainda devido ao ciclo

de vida familiar. Dentre as características físicas desejadas estão à melhoria de

padrão, praticidade e facilidade na manutenção (de casa para apartamento), aumento

de privacidade (de apartamento para casa), segurança e existência de área de lazer.

De acordo com Rossi (1998), a flexibilidade do espaço construído pode

ocorrer segundo três categorias principais:

a) Quanto ao dimensionamento do espaço, interior da unidade habitacional ou

do edifício;

b) Quanto à utilização/função do espaço, existência de mais de um tipo de uso

de uma mesma unidade habitacional, ou em um mesmo edifício;

c) Quanto ao processo construtivo empregado, com possibilidade de alteração

de componentes construtivos de um mesmo edifício.

Segundo Sebestyen (1978), a flexibilidade refere-se à sobreposição de

funções de ambientes e existem dois conceitos básicos de flexibilidade arquitetônica,

ambos definidos pelo autor: a flexibilidade inicial, sinônimo de variabilidade e a

flexibilidade contínua ou posterior.

29

Segundo o autor, entende-se por flexibilidade inicial aquela que ocorre com

intervenção construtiva para a geração de opções, ainda na etapa de construção. A

flexibilidade também pode ser definida como sinônimo de variabilidade e que

possibilita ao cliente fazer adaptações durante a fase de construção, personalização,

interessando ao primeiro usuário e ao empreendedor, por isso denominada

flexibilidade inicial.

Já a flexibilidade contínua é definida por estratégias que permitam a

flexibilidade ao longo da vida útil da habitação. Também equivale à flexibilidade

posterior, flexibilidade funcional ou flexibilidade permanente. O grau de

flexibilidade contínua pode ser medido pelo número de adaptações razoavelmente

possíveis.

A flexibilidade contínua, ou permanente, pode ainda ser dividida segundo

Brandão (2006) em três conceitos básicos: mobilidade, evolução e elasticidade. A

mobilidade significa a capacidade de modificar os espaços internos de forma rápida e

fácil para se adaptar às diferentes atividades e períodos do dia; a evolução, a

capacidade de modificação em longo prazo, decorrente das mudanças na estrutura

familiar; a elasticidade seria o modo de modificar a área da superfície habitável

mediante a adição de um ou mais cômodos.

Muitas vezes a personalização de imóveis ofertada por algumas empresas

ainda é bem restrita, limitando-se a espaços reversíveis ou de multiuso, algumas

opções de personalização planejada e um mínimo de opções de personalização

permitida. A oferta deste produto específico e diferenciado abrange desde as

características do empreendimento, como unidades habitacionais diferentes umas das

outras, com projetos únicos, instalações individuais, o processo de vendas que requer

materiais especiais e profissionais executores preparados e qualificados e também o

processo de execução que necessita de maiores cuidados como transparência e

organização (MOSCHEN, 2003).

A autora ainda relata que é importante verificar as formas de promoção da

personalização junto às unidades, para que se possam avaliar as ações proativas e a

condução do processo de personalização junto às empresas. Para tanto, o grau de

personalização para unidades residenciais multifamiliares pode ser considerado em

diferentes níveis:

30

1) Personalização do arranjo de espaços: suprimindo, acrescentando ou

alterando as dimensões dos mesmos, assim como a relação entre os espaços

avaliando alterações nos fluxos.

2) Alterações de funções dos espaços: espaços pré-concebidos podem sofrer

variação de seu uso ou função, como por exemplo, um dormitório passa a ser um

closet que atende a outro dormitório.

3) Personalização das instalações da unidade (hidráulica, elétrica,

condicionamento de ar): as instalações podem ser acrescidas, suprimidas ou ainda

deslocadas. Estas alterações estão atreladas, muitas vezes, à personalização do

arranjo dos espaços ou à alteração de função dos mesmos, ou podem ser

simplesmente alterações a fim de atender premissas estéticas e funcionais

direcionadas para cada unidade.

4) Alteração dos materiais de revestimentos e acabamentos: pela grande

variedade de materiais disponíveis no mercado este item é o mais passível de sofrer

alterações pelo cliente. Alterações no tipo de materiais no arranjo de suas

composições, nas formas de aplicação, são opções baseadas no que é ofertado no

mercado e nas tendências da arquitetura de interiores.

Por outro lado, o setor que durante muito tempo investiu na padronização

hoje vem se estruturando para atender com exclusividade, ao mesmo tempo em que

tenta aumentar a rentabilidade.

Outra opção de personalização desenvolvida pelas construtoras é o

oferecimento de kits de personalização que possibilitam aos usuários mudanças de

revestimentos, bancadas, entre outros. A forma de pagamento adotada pelas

construtoras geralmente são efetuadas pelo sistema de crédito/débito, em que o

cliente pagará somente a diferença entre o material padrão e o escolhido.

2.4 ALGUNS ESTUDOS SOBRE A PERSONALIZAÇÃO DE UNIDADES

HABITACIONAIS NO BRASIL

Moschen (2003) realizou seu estudo de caso uma construtora e incorporadora

de pequeno porte da cidade de Florianópolis, Santa Catarina. O trabalho da autora é

interessante e um dos poucos a tratar mais detalhadamente do processo de

personalização criando uma proposta possível de adoção pela empresa.

31

A estratégia de competição da empresa se pauta no oferecimento da

personalização dos imóveis ainda em planta. As obras são executadas com tecnologia

que proporcionem agilidade ao processo construtivo e viabilizem a personalização

das unidades habitacionais. Todos os projetos são terceirizados, concentrando-se a

principio no projeto arquitetônico e posteriormente nos demais projetos

complementares (MOSCHEN, 2003).

Os elementos de acabamento e revestimento são definidos em conjunto com o

andamento da obra, o que permite que o cliente fique ciente do que será exatamente

executado em sua obra e proporciona o momento certo para qualquer substituição

destes elementos.

A empresa estudada por Moschen (2003) possui em seu corpo técnico uma

arquiteta que desenvolve os projetos personalizados e acompanha a execução das

obras personalizadas.

A autora relata que a empresa precisou se preparar para oferecer seus projetos

e unidades residenciais personalizadas, de forma a desenvolver a reengenharia, em

função do processo de personalização, o que levou a empresa a rever a forma de

condução do trabalho, avaliando a infraestrutura, a preparação e o treinamento dos

agentes intervenientes envolvidos, os equipamentos e o material de trabalho. Todos

os setores da empresa foram revistos para que fossem executados os trabalhos de

maneira planejada e integrada favorecendo o desenvolvimento das ações ligadas a

personalização dos projetos e obras.

Durante a aplicabilidade das ações voltadas à personalização, todo o processo

foi constantemente analisado em conjunto com a retroalimentação do processo de

maneira a ajustar a sistemática de personalização à realidade da empresa, obtendo-se

maior eficiência na aplicabilidade e resultaram nas diretrizes gerais da metodologia

do trabalho de Moschen (2003).

No referido trabalho também é relatado que uma das primeiras ações da

empresa foi à definição do que seria disponibilizado em atendimento aos clientes

como os tipos de personalização. Assim, foram traçados os seguintes itens: o que o

cliente pode ou não personalizar; disponibilidade da empresa no desenvolvimento

para implementação do sistema; até onde a empresa quer e pode absorver o sistema;

a limitação para a personalização e, a estrutura para atender a demanda.

32

A autora divide os clientes da empresa estudada como:

a) Cliente interno: são os agentes da empresa envolvidos no processo de

personalização;

b) Cliente externo intermediário: fornecedores, projetistas, empreiteiros, mão

de obra, dentre outros envolvidos no processo, porém terceirizados;

c) Cliente externo final: clientes e usuários das edificações.

Uma ferramenta utilizada no processo de personalização da empresa foi à

elaboração do que foi denominado de um Guia do Cliente Interno. Esse guia age

como regulamentador no desenvolvimento de procedimentos de relação de

comunicação entre empresa e clientes, dentre outros procedimentos normativos. Para

os clientes externos também foram criadas normas e procedimentos

regulamentadores de ações com a empresa, entre os próprios e com o cliente final.

Para os clientes externos finais estava em curso à elaboração um guia de

personalização com o objetivo de auxiliar os mesmos nas definições de modificações

na sua unidade habitacional.

Foram estudadas diversas opções de plantas personalizadas a serem

apresentadas aos clientes de maneira a facilitar a visualização pelos mesmos. A

divulgação do material comercial foi feita através da mídia e como estratégia de

marketing foi divulgada a participação efetiva do cliente na definição do seu produto,

principalmente com relação aos arranjos espaciais internos. Os responsáveis pelo

setor de vendas trabalharam em contato com o pessoal da produção, de maneira a

garantir que ao ofertar as alterações nas unidades habitacionais às mesmas ainda

estivessem em tempo hábil para serem executadas.

Após o desenvolvimento do projeto personalizado a construtora faz a análise

da viabilidade técnica de execução pela equipe técnica para que assim possa ser

desenvolvido o orçamento que será apresentado ao cliente para aprovação. Em

seguida é elaborado o aditivo contratual. Foi criado um sistema de crédito e débito

onde se creditam todos os materiais não utilizados pelo cliente e se debitam os que

estejam fora dos padrões oferecidos pela empresa.

Outro estudo interessante foi feito por Alves e Toledo (2010) que analisaram

em 30 empreendimentos diferentes de apartamentos as formas de flexibilidade

33

ofertadas pelo mercado imobiliário de Maceió, classificando em quatro

possibilidades:

a) Disponibilização de vários apartamentos tipo: estratégia bastante utilizada

pelas construtoras como forma de ofertar em um mesmo edifício diversas

possibilidades de apartamentos, adotada por doze empresas;

b) Ofertas de vários layouts para o mesmo apartamento: dez empresas

estudadas adotam este formato, ou seja, diversidade de arranjo espacial sem que haja

alteração de nenhuma área de construção;

c) Quase total liberdade para definição de layout interno: adotada com

menor frequência no mercado estudado e ocorre com a fixação previa das prumadas

das instalações e shafts verticais. O restante do layout interno pode ser modificado e

adequado ao cliente.

d) Junção de apartamentos contíguos: tendo ocorrido apenas em dois

empreendimentos da amostra estudada.

Em apenas um dos empreendimentos analisados por estes autores não foi

oferecida nenhuma opção de flexibilidade.

Frutos (2000) destaca que a grande importância na execução de projetos

personalizados é a coleta e organização clara das informações, de maneira a integrar

o cliente como componente atuante nas decisões do produto ofertado pela empresa.

De forma similar, segundo Anumba e Evbuomwan2 (1997 apud FRUTOS

2000), a abordagem para conceder agilidade às construtoras deve ser baseada na

coleta de informações do cliente a denominada retroalimentação das informações.

Para estes últimos autores, o processamento dos requisitos do cliente de

maneira clara é essencial para o sucesso do projeto e da construção. Aos requisitos

levantados são atribuídos valores e a classificação é feita por ordem segundo as suas

necessidades. O fluxograma destas informações se dá conforme Figura1.

2 ANUMBA e EVBUOMWAN, Concurrent Engineering in Design – Build Projects, Construction

Management and Economics, v.15,n.3, 1997, p.262-274.

34

Figura 1 - Processamento dos requisitos dos clientes.

Fonte: Anumba e Evbuomwan (1997 apud FRUTOS, 2000).

Frutos (2000) destaca que se pode considerar como próximo passo a análise e

definição das prioridades nos requisitos dos clientes resultando na estruturação das

necessidades em categorias apropriadas de acordo com o estabelecido como escala

de importância pela empresa construtora, para que assim, a partir desta estruturação,

possam ser desenvolvidos os projetos personalizados.

No estudo realizado por Carvalho (2004), foi levantado que grande parte dos

clientes ao adquirir um imóvel acha o projeto falho e os mesmos só se dão conta

disso quando a obra se encontra pronta. Um dos elementos mais comentados por este

autor é o tamanho dos cômodos, como cozinha e quartos, não suficientes para os

clientes e que acabam por comprometer a satisfação dos mesmos. Além disso, aponta

que as principais substituições dos cômodos do seu uso original foram

principalmente, o quarto de serviço e o terceiro quarto, que se transformaram em

escritório e despensa respectivamente. São espaços que originalmente não existiam

dentro das unidades habitacionais.

A importância no planejamento e controle da obra, bem como a preocupação

em se adotar maior transparência no processo foram destacados como aspectos que

devem ser levados em consideração quando da execução de unidades habitacionais

personalizadas.

35

Campanholo (1999), em seu estudo, aponta como ponto importante no

desenvolvimento das ações em busca da personalização das unidades habitacionais a

necessidade da assessoria técnica por profissional especializado, objetivando

agilidade na definição do projeto por parte do cliente.

No estudo apresentado por Moschen (2003) foram levantadas as principais

alterações personalizadas:

a) Alteração ao nível de layout, com o propósito de atender aspectos

funcionais como: disposição e fluxo dos espaços, ajuste de mobiliário pré-existente,

distribuição do mobiliário, adequação à função a qual o espaço se propõe;

b) Gesso e iluminação, tendo caráter estético;

c) Alterações funcionais das esquadrias, mudança no sentido ou modo de

abertura para melhor adequação dos espaços. Também são alteradas por função

estética;

d) Personalização em bancadas, por questões funcionais em readequação ao

espaço alterado ou ao modo de funcionamento e/ou por questões estéticas;

e) Personalização na paginação de pisos, alterações na maioria das vezes por

questões estéticas.

Alves e Toledo (2010) apresentam como ponto comum a identificação de

aspectos que poderiam ser contemplados no ato da concepção do projeto,

minimizando as alterações por parte do usuário e aumentado a satisfação do cliente.

Foi verificada que a intensidade das modificações está relacionada diretamente à área

do apartamento, assim como ao seu valor. Ao crescerem estes valores a tendência é o

aumento do número de modificações realizadas pelos seus moradores.

Nas amostras de apartamentos analisados por Alves e Toledo (2010), foi

observado que por inúmeras vezes um quarto foi anexado à sala de estar, gerando a

ampliação da mesma, transformando este espaço no principal ambiente de convívio

social da família. Uma alteração frequente é o aumento da área dos dormitórios, a

transformação de um dos quartos em home theater e a eliminação de parede para

transformação em cozinha americana. Os espaços destinados à empregada foram

adaptados pra um espaço multiuso. Outras alterações existentes foram a substituição

de quartos por home office e cozinha como espaço gourmet.

36

Para os autores a ausência de qualidade espacial causada pela diminuição das

áreas dos cômodos é o principal fator que leva os moradores a partirem para

modificações dentro do ambiente interno. Propõem como possibilidade a substituição

do modelo tradicional de desenho dos apartamentos pela flexibilidade destes espaços

através da sobreposição ou justaposição de funções em diversos elementos, como

divisórias, equipamentos, elementos construtivos.

Koskela3 (2000 apud TILLMANN, 2008) propõe um modelo de geração de

valor no qual apresenta a relação cliente-fornecedor através de um ciclo de

transformação dos requisitos em valor. O autor faz um desdobramento dessa relação

apresentando cinco princípios relacionados com a geração de valor. Conforme

mostra a Figura 2: (1) captação dos requisitos; (2) transformação dos requisitos em

especificações do produto; (3) assegurar que os requisitos foram considerados em

todas as dimensões do produto (incluindo serviços agregados a entrega); (4)

assegurar a capacidade do sistema de produção em produzir estes valores com valor

agregado; (5) assegurar por meio de medições que o valor para o cliente foi gerado.

Figura 2 - Modelo de geração de valor.

Fonte: Koskela (2000 apud FRUTOS, 2000).

Brandão e Heineck (1998),ao estudar as modificações solicitadas pelos

clientes ocorridas no interior de cada unidade habitacional de apartamentos

residenciais, estabeleceram diretrizes para operacionalização das mesmas de tal

forma que as dificuldades fossem mínimas para a empresa construtora.

3 KOSKELA, L. An exploration towards a prodution theory and its application to construction.

2000, 296 f. Tese (Doutorado emTecnologia) – Technical Research Centre of Finland, Helsinki, 2000.

37

Estas diretrizes foram obtidas com base no levantamento de informações, de

12% de empresas estudadas de um total de 263 empresas nacionais em que foram

enviadas malas diretas, sendo que 84 são da região de Florianópolis. Além da

pesquisa nacional, foi efetuado o acompanhamento sistemático em sete obras em

Florianópolis.

Neste estudo foi enfocada apenas a flexibilidade permitida, ou seja, quando

apenas uma opção de layout e acabamento é dada ao cliente. Mesmo assim a empresa

tenta atender aos pedidos dos clientes durante o processo executivo, o que ocasiona

algumas dificuldades, como atrasos na execução dos serviços e perdas de materiais.

Em compensação a satisfação do cliente na busca pelo atendimento ao seu pedido é

evidente.

Brandão e Heineck (1998, p.2) observaram que é necessária a

disponibilização de flexibilização dos imóveis aos clientes:

A questão é verificar qual intensidade é adequada em cada

segmento de mercado e como operacionalizar os pedidos de forma

a não trazer, ou minimizar, os transtornos para a construção, num

momento em que o setor ainda busca implementos de qualidade e

produtividade.

Brandão e Heineck (1998) em seu artigo levantam que cada empresa deve

encontrar a forma mais conveniente e eficiente para sua operacionalização no que diz

respeito à flexibilidade permitida, o importante é que se estabeleçam regras internas e

alguns itens devem ser considerados no estabelecimento destas regras:

a) Elaboração de um Guia para o cliente e para a empresa – onde estarão

disponibilizadas as alterações nos imóveis residenciais permitidas pela empresa. Este

deve ser objetivo e com linguagem de fácil entendimento de forma a facilitar o

trabalho entre a empresa e o cliente;

b) Disponibilização de um profissional e/ou departamento técnico – para

assessoria ao cliente nas decisões e escolhas sobre as modificações;

c) Tipos e extensão das modificações– para os autores é importante dividir as

modificações em dois tipos ou grupos principais: as modificações em alvenaria e

instalações e, as modificações em acabamentos. Isso porque as instalações sempre

38

costumam mudar de posição quando o layout é modificado. Já os acabamentos

costumam envolver uma análise mais simplificada com menos implicações.

d) Sistemática de comunicação com o cliente e prazo de modificações – a

comunicação com o cliente deve ser constante, mantendo-o sempre bem informado.

Com relação às modificações, Brandão e Heineck (1998, p.6) relatam que:

(...) o mais importante para a harmonia dos serviços é o

cumprimento dos prazos pelos interessados. É até mais importante

que a complexidade da modificação solicitada. Estes pedidos

podem se dar em: (a) momento favorável, quando as modificações

são possíveis de serem introduzidas sem perda de materiais, não

comprometendo o cronograma físico-financeiro da obra; (b)

momento impróprio, quando as modificações ainda são possíveis

de serem introduzidas, pois apesar da perda de materiais e de mão-

de-obra, que devem ser ressarcidas pelo solicitante, não afetando a

duração e o custo das atividades do caminho crítico; e (c) momento

inviável, quando as modificações, mesmo viáveis técnica e

legalmente, comprometem o custo e a durante das atividades do

caminho crítico.

Os autores ainda dividem a obra em duas etapas: obra bruta, caracterizada

pela execução de alvenaria, passagem de instalações e espessura de materiais,

acabamentos e obra fina com a execução de revestimentos, forros, instalação de

esquadrias, louças, metais, pintura e demais acabamentos. Dando sequência as

diretrizes propostas por Brandão e Heineck (1998), estão:

a) Análise inicial – analise da compatibilização de projetos, da complexidade

dos serviços e da viabilidade técnica, dentre estas o atendimento às legislações

vigentes;

b) Orçamentos e comercialização das modificações- sistema de créditos e

débitos, onde se creditam os serviços e materiais que não serão utilizados e debitam

os serviços e materiais fora do padrão;

c) Documentação de responsabilidade- validação e aprovação por parte dos

clientes de todos os documentos referentes às modificações e seus custos, fazendo

com que os mesmos também façam parte integrante do contrato;

d) Acompanhamento, administração, programação e controle com relação ao

agendamento de visitas por parte dos clientes e controle sobre as modificações

solicitadas pelos clientes de forma documental;

39

e) Serviços não executados pela construtora – oferecimento pela empresa de

indicações de fornecedores de serviço, de forma a evitar o acesso de pessoas

estranhas durante o período de obra;

Para Brandão e Heineck (1998), os prazos para solicitação das mudanças são

de extrema importância, visto que a maioria das dificuldades em se desenvolver a

flexibilidade permitida não é quanto à natureza das modificações e nem com relação

às dificuldades ou quantidades de modificações, mas sim, quanto ao cumprimento

dos prazos. Os pedidos de modificações devem ocorrer, preferencialmente, nos

momentos: (a) antes do início da obra bruta, com as solicitações relativas à alvenaria

e instalações e, (b) antes do início da obra fina, com as modificações em acabamento.

Além disso, ponto gerador de problemas no desenvolvimento da flexibilização seja

ela permitida ou planejada é a necessidade de coordenação e controle dos projetos,

trabalho em conjunto com as equipes técnica e comercial e a documentação, registro

dos pedidos e adequações solicitadas, sejam estas realizadas ou não.

2.5 PROBLEMAS E DIFICULDADES CAUSADAS PELA

PERSONALIZAÇÃO

Um empreendimento personalizado é um produto mais complexo que o

convencional, portanto requer maior atenção na administração de sua execução

(CARVALHO, 2004).

Saldanha e Solto (1998) apontam a personalização como principal causa das

frequentes modificações de projetos durante a obra, resultando em execução de

forma desordenada.

No momento em que uma empresa oferece um produto diferenciado, deve se

preocupar com todas as fases do processo, como por exemplo, a fase de ajustes dos

projetos e do gerenciamento de sua execução. No caso da construtora que oferece a

personalização deve preparar-se para atendê-la, pois caso contrário haverá prejuízos,

não só de caráter financeiro, mas também podem ser marcantes as perspectivas do

empreendimento com relação à sociedade (PAYERAS, 2005).

É necessário traçar diretrizes em empreendimentos personalizados para que a

partir de uma administração adequada sejam evitados problemas com atrasos no

cronograma e custos advindos de retrabalhos desnecessários (BRANDÃO, 1997).

40

Brandão (2002) ressalta que quando se pretende atender a um público

exigente, de maior poder aquisitivo é crescente a adoção da personalização, porém

apesar dos esforços voltados a diminuição dos custos dessa personalização através do

uso das tecnologias construtivas mais racionalizadas, essas práticas apresentam

inúmeros problemas relacionados ao desperdício de materiais e queda de

produtividade, ocasionados principalmente pela falta de gestão eficaz dos processos

de personalização.

Santana et al. (2008) reforçam as dificuldades e problemas advindos da

personalização dizendo que esta constitui uma prática muito complexa, que exige o

emprego de mão de obra qualificada, bom planejamento e controle da construção,

além da adoção de técnicas que facilitem sua aplicação. Isto porque, quando mal

administrada, a personalização pode proporcionar gastos desnecessários, retrabalhos,

atrasos na finalização da obra e principalmente, pode gerar um produto de baixa

qualidade.

Moschen (2003) defende a criação de um processo de personalização,

formada por uma equipe de profissionais ligados diretamente ao processo. Nesta

equipe existe a definição do papel do arquiteto de personalização, profissional que

será responsável pelo desenvolvimento do projeto, incorporando as preferências dos

clientes no mesmo e também auxiliando na definição destas preferências.

Brandão (1997) relata que muitas vezes pequenas alterações são resultantes

de pressões do mercado que geram atitudes reativas e na maioria das vezes de forma

desorganizada pelas empresas construtoras. O mesmo autor identifica uma série de

dificuldades enfrentadas por estas empresas, como:

1) A falta de sistemática e procedimentos específicos para o processo de

personalização;

2) O tratamento dos pedidos de alteração solicitados pelos clientes como algo

imprevisto;

3) A precária coordenação de projetos e inexistência de projetos executivos

necessários para a execução da personalização ou mesmo o uso de projetos já

desatualizados;

41

4) Indefinição de responsabilidades no processo, além da retenção do

conhecimento sobre o processo em apenas um membro da equipe, tornado o trabalho

dependente deste membro;

5) A falta de acessória ao cliente, além da ausência muitas vezes de um local

apropriado para dialogar com o cliente e apresentar-lhes materiais de acabamento;

6) Ausência de normas internas que favoreçam a orientação de abordagem e

feedback aos clientes, como orientem a equipe responsável pelo desenvolvimento do

produto.

Brandão e Heineck (1998, p.4) destacam como problemas mais frequentes na

personalização de unidades habitacionais:

(...) atrasos dos serviços e da entrega da obra, necessidade de

maior controle e melhor administração, geração de retrabalhos e

perdas de materiais, principalmente pela indefinição dos clientes e

das solicitações fora do prazo. Essas dificuldades trazem como

consequência aumentos de custos indiretos para a empresa;

- as instalações hidráulicas e elétricas costumam ser muito

afetadas. Em geral, como as instalações hidráulicas estão mais

concentradas nas áreas molhadas os problemas tendem a ser

maiores com as instalações elétricas, por estarem distribuídas de

forma mais generalizada no edifício;

- muitos clientes não atendem aos avisos da empresa quanto às

datas limites para encaminhamento de pedidos de modificação ou

comparecimento à empresa para escolha de materiais de

acabamento;

- a indefinição do cliente é tal que se torna muito comum que um

mesmo serviço seja refeito várias vezes;

- há clientes que chegam a realizar pagamentos extras aos

funcionários da obra para executar serviços adicionais;

- muitas modificações não são redesenhadas, principalmente no

campo das instalações onde, raramente, projetos as built são

providenciados; muitas alterações nas instalações são feitas sem

um novo projeto, o cliente simplesmente marca as novas posições

de interruptores, tomadas e pontos hidráulicos no próprio local

com a ajuda de um encarregado;

- visitas frequentes dos clientes, principalmente quando não

programadas, atrapalham a continuidade dos serviços;

- alguns serviços extras relativos à personalização, tais como os

serviços em gesso, ou montagem de mobiliário de cozinha,

banheiros, etc., trazem para o canteiro de obra, pessoal estranho à

construtora, podendo dificultar a programação das equipes e dos

serviços da mesma;

- a excessiva variedade de certos materiais de acabamento, como

no caso das cerâmicas, tende a gerar perdas pela impossibilidade

de reaproveitamento das peças cortadas de unidade para unidade;

se o objetivo é reduzir custos isto se constitui numa dificuldade;

- por vezes ocorre a venda de um apartamento já modificado ainda

na fase de construção e o novo proprietário o adquire conforme o

projeto original, não admitindo pagar os custos da reforma; muitas

vezes as empresas acabam arcando com prejuízos deste tipo.

42

Jobim (1997) sugere algumas mudanças para tornar as práticas de habitação

mais focadas nas necessidades dos clientes: captação da satisfação dos consumidores

servindo de retroalimentação dos processos de projeto e de produção; maior

envolvimento da cadeia de suprimentos no atendimento das necessidades dos

clientes; melhoria na interação entre as equipes da empresa e os clientes;

investimento em treinamentos para os profissionais envolvidos e avaliação do

impacto em longo prazo, estudando as estratégias adotadas visando à satisfação do

cliente no desempenho geral da empresa construtora.

Um item muito importante e que influencia diretamente na satisfação dos

clientes é o atraso na entrega do produto. A grande maioria dos atrasos na entrega do

produto personalizado está ligada às definições por parte dos próprios clientes,

decisões tomadas fora do prazo estabelecido, ocasionando retrabalho e consequentes

desperdícios de materiais.

Para tanto, a administração da obra deve ter um controle sobre todos os itens

envolvidos, de forma eficiente e ágil, sendo a mentora do processo para que o mesmo

ocorra em seu tempo adequado.

A administração deve ser iniciada em conjunto com o planejamento. Ao se

montar a equipe administrativa deve ser dada sequência nos trabalhos de

planejamento de forma que a administração conceba o mesmo e seja detentora de

todos os seus princípios, buscando atingir os objetivos e as metas definidas. O

primeiro item a ser planejado e concebido são os projetos: arquitetônicos e

complementares e suas devidas compatibilizações.

O projeto de edifícios constitui-se na atividade ou serviço integrante de um

processo de construção responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e

transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra a

serem consideradas na fase de execução. A valorização da etapa de projeto é

fundamental para se obter qualidade e diminuir o risco para que não ocorram não-

conformidades e problemas pós - ocupação (BRANDÃO, 1997).

Um bom projeto deve atender plenamente as necessidades dos usuários.

Quando um arquiteto começa a elaboração de um projeto ele não tem como saber as

necessidades reais de cada usuário de uma habitação vertical, então ele se utiliza da

técnica e de sua experiência para concepção do projeto (CÍRICO, 2001).

43

O projeto para as obras de construção civil é realizado por uma combinação

de participantes, sendo eles: clientes, arquitetos, engenheiros, dentre outros

envolvidos, vinculados a uma mútua dependência de informações que são geradas e

requeridas durante todas as fases de construção desde a concepção do projeto até a

sua execução. As capacidades que distinguem uma solução como produto

personalizado do produto tradicional padronizado, devem estar previstas desde a fase

inicial da concepção do produto (FRUTOS, 2000).

Entretanto, a flexibilidade nem sempre está acessível aos usuários durante o

processo de escolha e compra da casa, assim como também no decorrer do uso.

Neste sentido, a flexibilidade tem papel importante no processo de adaptação de um

projeto, uma vez que o mesmo é originalmente padronizado e nem sempre está de

acordo com o desejo do futuro morador. Um projeto flexível confere a liberdade de

participação do usuário na construção do ambiente, oferecendo possibilidades para

que valores individuais sejam atribuídos, especialmente durante o uso da habitação

(WEINSCHENCK, 2012).

Para Moschen (2003), a empresa precisa estabelecer uma nova forma de

conduzir o processo produtivo, sobretudo o processo de projeto, onde os

profissionais envolvidos devem entender a personalização, com suas possibilidades e

implicações, procurando sempre a melhor forma de viabilizar a flexibilidade. Além

disso, determinadas solicitações de modificações oriundas da personalização podem

ir contra os códigos de obra e outras legislações, afetando a possibilidade de atender

o cliente na íntegra.

Alves e Toledo (2010) observaram que muitas vezes a identidade do morador

no espaço interno não pode ser conseguida, devido a uma série de fatores impostos

pela tipologia da edificação sendo que um desses fatores é o uso incorreto da

personalização onde a ausência de qualidade espacial nos apartamentos é causada em

parte pela diminuição dos espaços internos e pela desconsideração dos critérios

subjetivos da habitação, fatores estes que motivam as mudanças efetuadas pelos seus

moradores na tentativa de atenderem as suas necessidades e expectativas.

Ao se conceber um produto personalizado é importante levantar informações

que implicarão diretamente no ambiente construído. Brandão (1997) destaca dois

aspectos que dizem respeito à participação do cliente na definição do ambiente:

44

a) O aprendizado do construtor ao lidar com o cliente, onde o construtor

vivencia as escolhas do mesmo e o seu modo de pensar e transforma o conjunto de

informações em experiência adquirida que vai ser colocada em prática toda vez que

forem desenvolvidas novas ações para execução de unidades habitacionais;

b) A oportunidade de armazenar em um banco de dados todo esse

aprendizado, onde poderiam ser registradas as opções escolhidas pelos clientes, às

modificações realizadas, os pedidos que não foram atendidos e os seus motivos,

dentre outras informações.

Outro fator importante a ser destacado no processo da personalização de

projetos e obras diz respeito à fase de planejamento. A escolha certa da tecnologia

construtiva a ser adotada no empreendimento personalizado é essencial para definir

prazos, custos, cronogramas, desperdícios, logística de obra, dentre outros itens

componentes do planejamento, sendo que a definição deste método deve ser feita

antes da elaboração dos projetos.

O planejamento bem definido e aplicado para este fim, a melhoria na

qualificação da mão de obra e no processo construtivo poderão trazer resultados

positivos quando relacionados personalização de projetos e obras.

A execução de empreendimentos personalizados ou que possuam pouca

repetição é considerada problemática, implicando diretamente sobre aquisição de

materiais e elaboração de orçamento, bem como o controle do andamento da obra

devido as alterações de projeto.

Um dos problemas gerados pela adoção da personalização de projetos e obras

é com relação às alterações de projetos solicitadas pelos clientes em fase de obras

adiantadas impactando diretamente nos custos e prazos da obra, visto que um dos

grandes problemas reincidentes em obras é o alto grau de desperdício de materiais e

retrabalho relacionado à mão de obra.

2.6 QUALIDADE DENTRO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

A personalização de projetos surge quando o setor da construção civil passa a

perceber que seus compradores diferem em seus desejos e pensamentos, atitudes e

preferências, desenvolvendo através da estratégia de segmentação um modelo

45

ofertado de apartamentos como produto individualizado, de qualidade e que atenda

as necessidades especificas de seus consumidores.

Tais mudanças tornam as habitações tradicionais padronizadas inadequadas e

demandam a adoção de estratégias de customização capazes de responder aos

requisitos específicos dos moradores. Assim a customização, que é a capacidade de

oferecer bens e produtos através do atendimento dos requisitos dos clientes, quando

bem utilizada pode aumentar potencialmente o valor do produto habitacional

(ROCHA, 2011).

Um dos requisitos mais procurados ao se adquirir um imóvel personalizado é

que este seja um produto de qualidade. O conceito de qualidade evoluiu com o passar

dos anos, houve a incorporação de novos preceitos nos quais a satisfação dos clientes

está sempre inserida.

Há complexidade no desenvolvimento do processo produtivo e muito a ser

melhorado na busca pela qualidade do produto final. Os custos de não se ter

qualidade devem incluir o tempo despendido do retrabalho e o alto grau de

desperdício. Por estes fatores que muitas construtoras vêm investindo na implantação

de Sistemas de Gestão da Qualidade, visando à melhoria contínua na execução de

serviços e processos, buscando a satisfação dos clientes internos e externos.

A produção de um produto está diretamente relacionada com o tempo

exigindo repostas rápidas as mudanças necessárias para a satisfação dos clientes.

Este fator está ligado à flexibilidade e juntamente com esta ditam a agilidade de uma

empresa em atender os requisitos dos clientes.

Slack (1993) ressalta que o desempenho de boa qualidade agrega mais valor

ao produto. Fazer certo dentro da operação pode transformar todos os aspectos de

desempenho, a baixa qualidade não apenas vai prejudicar a velocidade do fluxo de

produção, como também não vai fazê-la confiável.

Segundo Slack (1993), o gerenciamento da produção na busca pela qualidade

inclui todo o ciclo de solução de problemas, conforme ilustra a Figura 3.

46

Figura 3 - Figura 3: Ciclo de solução do problema.

Fonte: Slack (1993).

O mercado da construção civil vem sendo estimulado a se desenvolver cada

vez mais e as construtoras realizam grandes esforços na implantação de Sistemas de

Gestão da Qualidade, bem como desenvolvem e melhoram seus processos na busca

pela permanência forte e competitiva no mercado (BERTEZINE, 2006).

A interação dos agentes envolvidos no processo de personalização é muito

importante para a qualidade final do produto e muitas vezes isso não acontece ou

acontece de modo falho. A deficiência no fluxo de informações entre os agentes

envolvidos, por exemplo, entre o departamento de projetos e a obra, assim como a

obra e demais projetistas acarretam a falta de qualidade do processo.

O desempenho de uma empresa pode ser representado através da divisão

entre: desempenho interno e desempenho externo, sendo que qualquer operação de

produção é composta por um conjunto de operações menores desenvolvidas em cada

departamento.

O desempenho interno de cada unidade contribui para o desempenho externo

da operação como um todo, conforme Figura 4.

47

Figura 4 – Os cinco objetivos de desempenho, aspectos internos e externos.

Fonte: Slack (1993).

Os aspectos internos e externos juntos têm um objetivo único: o produto final

de qualidade e a satisfação do cliente.

Os cinco objetivos do desempenho – qualidade, velocidade, confiabilidade,

flexibilidade e custos, definem o que as operações de produção tentam atingir para

ser competitivas. As várias atividades da produção – tecnologia, desenvolvimento,

organização e rede de suprimentos é a forma pelas quais os recursos são gerenciados

para aperfeiçoamento dos níveis de desempenho. Através destas conexões entre as

suas atividades estratégicas e operacionais, busca-se atingir a contribuição para

sucesso da empresa (SLACK, 1993).

Os cinco objetivos do desempenho na operação de produção podem ser

aplicados no processo da construção civil de imóveis residenciais aqui estudados,

como forma de se alcançar bons resultados.

A velocidade está interligada ao fluxo rápido de operações e ao baixo tempo

de entrega do produto, porém não se pode pensar em velocidade sem interligar

fatores que são muito importantes neste ciclo de produção, como: custo,

confiabilidade, qualidade e flexibilidade.

48

Todos os aspectos possuem dois pontos de ligação essenciais: a oferta ao

cliente e o aspecto que influencia na produção. O custo está interligado ao baixo

preço e à alta produtividade, a confiabilidade interligada à entrega confiável e à

operação confiável, a qualidade ligada aos produtos e processos livres de erros

conforme especificações e a flexibilidade interligada a novos produtos, ajustes de

volume de entrega e a habilidade de mudar.

A impressão inicial sobre os custos com a qualidade são altos, visto que são

investidos recursos na aquisição de recursos humanos, treinamentos, máquinas e

equipamentos, qualificação de mão de obra. Porém, com o passar do tempo, estes

investimentos são inversamente proporcionais e vão se tornando mais baixos devido

à compensação na redução dos custos de falhas de avaliação do produto, conforme

mostra a Figura 5.

Figura 5 - Aumento da quantidade de tempo dedicado à prevenção de erros no processo é

compensado pela redução dos custos de falhas de avaliação.

Fonte: Slack (1993).

Um fator importante para o desenvolvimento do produto é a comunicação

com o cliente. A adoção do “feedback”, troca de informações entre os agentes

envolvidos e o retorno das informações solicitadas anteriormente pelo cliente, com as

devidas ações geradas pelas mesmas são muito importantes na busca de um produto

de qualidade e para melhoria continua do processo.

A retroalimentação dos processos muitas vezes é escassa e a deficiência de

informações entre os agentes envolvidos ainda são muito comuns. Para que o

49

processo de personalização de projetos e obras busque a qualidade e sua melhoria

continua é necessário que o mesmo esteja em constante monitoramento através da

execução de avaliações de desempenho e das retroalimentações com os agentes

envolvidos.

Moschen (2003) trata a qualidade como um conjunto de ações que visam

alcançar e superar os desejos e a satisfação dos clientes. Na construção civil, obras de

qualidade – e que definem a competitividade de quem as faz – são aquelas que

atendem as expectativas do cliente e as necessidades do usuário.

O significado da palavra qualidade, conforme o Dicionário Michaelis (2008),

quer dizer: atributo, condição natural, propriedade pela qual algo ou alguém se

individualiza, distinguindo-se dos demais; excelência, virtude, talento, ou ainda: grau

de perfeição, de precisão, de conformidade a certo padrão.

O conceito de qualidade no Brasil transformou-se significativamente da

década de 1980 para a década de 1990, passando do status operacional e fabril, onde

o foco estava nos princípios da qualidade do produto final, para a busca pela

qualidade dos processos.

Na década de 1980 a qualidade era vista como um movimento disperso,

implantado ainda em poucas empresas e tinha como propósito em parte os processos

de produção e em parte o produto final. Na década de 1990, a qualidade já aparece

como status de modelo de gestão empresarial indo além das linhas de produção

através de processos gerenciais mais amplos.

Em 1997 foi editada a primeira versão da família das Normas ISO 9000,

consolidada como referência na área da qualidade. Desde então a aplicabilidade das

Normas ISO 9000 vêm sendo impulsionada por um ambiente altamente competitivo,

que acontece devido ao movimento de globalização e abertura econômica do país, o

que influencia diretamente as empresas brasileiras a entrarem na competição mundial

na busca pelo diferencial por meio da certificação de processos.

Para aplicação especificamente nas empresas construtoras, em 1998 foi criado

pelo Governo Federal o Programa Brasileiro de Qualidade Produtividade do Habitat

– PBQP-H, baseado na Norma ISO 9001, onde o escopo inicial era voltado somente

para habitação. No ano de 1999, o PBQP-H estruturou o Sistema de Qualificação de

Empresas e Obras e foi denominado SIQ-Construtoras. Em 2005, o SIQ –

50

Construtoras passou a ser chamado de Sistema de Avaliação da Conformidade de

Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil – SIAC.

É importante mencionar que o SIAC foi baseado na série de Normas ISO

9000, com caráter evolutivo, estabelecendo níveis de avaliação da conformidade

progressiva (Níveis D, C,B, A) que permitem que empresas refinem o seu Sistema de

Gestão da Qualidade – SGQ ao longo do tempo e tenham a possibilidade de aprender

a lidar com as diversas exigências do SIAC. A partir da consolidação do SIAC,

foram inseridas as seguintes mudanças:

a) Exigência de um referencial normativo para cada nível evolutivo;

b) Ampliação dos escopos, incluindo: saneamento, obras viárias e obras de

arte especiais.

Tanto a certificação em Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) da ISO 9000

quanto pelo Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas (SIAC) pertencente

ao PBQP-H podem trazer uma série de vantagens para a empresa, para o cliente e

para a sociedade através dos seguintes objetivos principais:

1) Melhoria do desempenho funcional, mediante a realização de

treinamentos;

2) Adoção de sistemas de medição, levantando indicadores que atendam aos

objetivos da empresa;

3) Qualificação dos funcionários;

4) Maior credibilidade no mercado;

5) Redução de custos e de produtos defeituosos;

6) Maior competitividade acompanhada de maior integração entre os setores

da empresa.

A busca por essas vantagens envolve um conjunto de ações dentre as quais se

destacam: avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da

qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização

técnica, avaliação de tecnologias inovadoras, informação ao consumidor e promoção

da comunicação entre os setores envolvidos. Dessa forma, espera-se o aumento da

competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução

de custos e a otimização do uso dos recursos (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2013).

51

Dentre os objetivos principais do PBQP-H relacionados destacam-se os

sistemas de medição, que são capazes de gerar indicadores que facilitam o

monitoramento e controle do planejamento, por meio da solução de problemas,

desenvolvimento de melhorias e motivação dos recursos humanos.

Uma das grandes virtudes do PBQP-H é a criação e a estruturação de um

novo ambiente tecnológico e de gestão para o setor da construção civil, no qual os

agentes podem pautar suas ações específicas visando à modernização, não só em

medidas ligadas à tecnologia no sentido estrito (desenvolvimento ou compra de

tecnologia; desenvolvimento de processos de produção ou de execução;

desenvolvimento de procedimentos de controle; desenvolvimento e uso de

componentes industrializados), mas também em tecnologias de organização, de

métodos e de ferramentas de gestão (gestão e organização de recursos humanos;

gestão da qualidade; gestão de suprimentos; gestão das informações e dos fluxos de

produção; gestão de projetos) (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2013).

A implantação de programas da qualidade como o PBQP-H não deve ser vista

como a solução para todos os problemas e muito menos ser um sinônimo de

qualidade, zero defeitos ou nível classe mundial. A implantação de um Sistema de

Gestão da Qualidade é um instrumento de validação segundo alguns requisitos

normativos previamente determinados que possibilitem a uma organização

estruturar-se segundo os princípios básicos de qualidade. Esta implantação não deve

se tornar um fim em si mesmo, porém o início de um processo de evolução contínua

da qualidade, de aperfeiçoamento profissional e busca por metas mais audaciosas e

inovadoras que permitam a sobrevivência competitiva em longo prazo (OHASHI;

MELHADO, 2004).

O Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat, PBQP-H é

baseado em oito princípios de gestão da qualidade:

1. Foco no cliente: atendimento às necessidades atuais e futuras do cliente,

aos requisitos estabelecidos pelo cliente e às suas expectativas.

2. Liderança: designação de pessoas da própria organização que desenvolvam

o papel de líderes em seus respectivos segmentos, demonstrando compromisso e

determinação na busca pelos objetivos determinados. É muito importante o

52

compromisso da direção neste processo de forma a manter as pessoas envolvidas

com o propósito de atingir os objetivos da organização.

3. Envolvimento das pessoas: é a essência da organização e seu envolvimento

é primordial para o sucesso na implantação do Sistema de Gestão da Qualidade e é

realizada através de atividades que direcionadas a todos que trabalham na empresa e

para empresa, direta ou indiretamente, funcionários, fornecedores.

4. Abordagem de processo: o resultado é alcançado mais eficientemente

quando atividades e recursos são gerenciados como um processo.

5. Abordagem sistêmica: identificação, compreensão e gerenciamento dos

processos inter-relacionados no Sistema de Gestão da Qualidade a fim de atingir os

objetivos da organização, dentre eles: processos administrativos, de recursos

humanos, compras, operacionais, dentre outros.

6. Melhoria contínua: melhoria dos processos de forma a torná-los

otimizados, melhorando a produtividade, investindo em novas tecnologias, recursos

humanos, desenvolvendo qualificação da mão de obra através de treinamentos,

evitando desgastes e desperdícios em geral, enfim aumentando a possibilidade de

melhoria, a satisfação dos clientes e de outras partes interessadas (acionistas,

funcionários, comunidade, etc.).

7. Abordagem baseada em fatos: decisões eficazes são baseadas em dados e

informações coletadas através de relatórios de não conformidades e auditorias,

internas e externas, que visam levantar pontos do não atendimento a norma aplicável

ao Sistema de Gestão da Qualidade.

8. Bom relacionamento com clientes internos e externos, incluindo

colaboradores e fornecedores, gerando uma relação de benefícios mútuos,

retroalimentação de informações e incorporação das mesmas de forma a agregar

valor no produto.

O Sistema de Gestão da Qualidade possui características próprias, que

trabalham de forma cíclica, onde os requisitos de entrada são advindos do cliente e

todo o trabalho interno da empresa se dá através do envolvimento da direção,

medição, análise e melhoria dos produtos, realização do produto e gestão de recursos.

Estes processos interligados geram o produto final e buscam a satisfação do cliente,

conforme mostrada na Figura 6 do ciclo de melhoria contínua.

53

Figura 6 – Modelo de abordagem por processos da ISO versão 2008.

Fonte: NBR ISO 9000, 2008.

A incorporação dos conceitos de qualidade, implantados através do PBQP-H

trouxe grandes mudanças no setor da construção civil brasileira, como:

a) Estímulo no inter-relacionamento entre os agentes do setor;

b) Incentivo ao desenvolvimento e à implantação de mecanismos de garantia

da qualidade de projetos e obras;

c) Seleção de fornecedores de materiais e componentes da construção civil;

d) Controle de uso e operação dos materiais no canteiro de obras;

e) Promoção da qualificação da mão de obra, através de treinamento e

capacitação;

f) Melhoria no desempenho das empresas reduzindo custos, desperdícios,

aumentando a satisfação dos clientes e buscando a preservação do meio ambiente.

Segundo Picchi (1993) o primeiro requisito da qualidade se refere à atenção

para o funcionamento do produto e acontece embasado em normas técnicas. Os

demais requisitos estão relacionados ao atendimento das necessidades (explícitas ou

implícitas) dos clientes externos ou internos. Um dos últimos requisitos incorporados

está ligado à percepção do cliente, à maximização do valor do produto e à capacidade

de entusiasmar o cliente.

O produto conforme é o resultado de um processo realizado de acordo com

um ou vários requisitos estabelecidos pela empresa. Quando o produto não estiver de

54

acordo com os requisitos estabelecidos devem ser analisadas as causas e tomadas

ações corretivas que serão implementadas sempre que uma não-conformidade for

identificada. Quando for identificada uma potencial não-conformidade deverão ser

tomadas as ações preventivas. O atendimento dos requisitos resultará na satisfação

dos clientes.

Para Koskela4 (2000 apud TILMANN, 2008), a geração de valor para os

clientes depende da captação e do eficaz gerenciamento dos seus requisitos ao longo

do desenvolvimento e da produção de um determinado produto. Requisitos dos

clientes são informações obtidas através do levantamento de necessidades e de

expectativas, que de forma agrupada podem definir as características de um

determinado produto.

Desde as etapas iniciais do processo de produção do produto, como explicou

Rozenfeld et al.5 (2006 apud TILLMANN, 2008) a empresa deve apresentar a

preocupação com a geração de valor aos clientes, através da identificação dos

requisitos do público alvo para o qual está sendo desenvolvido o produto.

Há a preocupação com a produção de bens que atendam as necessidades do

cliente, pois os mesmos buscam um produto de qualidade voltado às suas

expectativas, como um produto único, diferenciado. A flexibilidade e adaptação dos

projetos residenciais é o fator determinante nesta relação de atendimento.

Segundo Slack6

(1987 apud TILLMANN, 2008) é possível atingir a

flexibilidade nos processos de produção o que permite às empresas lidarem melhor

com as necessidades dos consumidores através de quatro dimensões:

a) Flexibilidade de produtos: através da habilidade de introduzir novos

produtos ou de realização de modificações nos produtos existentes;

4 KOSKELA, L. An exploration towards a prodution theory and its application to

construction.2000, 296 f. Tese ( Doutorado em Tecnologia) – Technical Research Centre of Finland,

Helsinki, 2000.

5 ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F. A.; AMARAL, D. C.; TOLEDO, J. C.; DA SILVA, S. L.;

ALLIPRANDINI, D. H.; SCALICE, R. K. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência

para melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006, 542p.

6SLACK, N. The flexibility of manufacturing systems. International Journal of Operations and

Production Management, Bradfort, v.7, n. 4, p. 35-45, 1987.

55

b) Flexibilidade de “mix”: através da habilidade de variar o escopo de

produtos produzidos dentro de um período de tempo;

c) Flexibilidade de volume: a habilidade de mudar o volume de saída dos

produtos; e

d) Flexibilidade de entrega: habilidade de alteração das datas de entrega

previamente planejadas.

A busca pela satisfação do cliente é uma vantagem competitiva entre as

construtoras, onde a preocupação abrange clientes externos e também os clientes

internos, como colaboradores, fornecedores, dentre outros, por exemplo, quando se

trata da busca pela qualidade do projeto no momento da concepção do

empreendimento a situação ideal está relacionada à conciliação dos interesses dos

clientes internos e externos (MELHADO, 1994).

O conceito de qualidade e satisfação do morador pode estar relacionado à

qualidade do contexto e não a qualidade da habitação em si.Um projeto de baixa

qualidade pode comprometer a satisfação do cliente.

Segundo Melhado (1994), as empresas construtoras possuem as seguintes

dificuldades para o desenvolvimento de projetos de qualidade:

a) Prazos para elaboração devido à constante pressão de aprovação junto aos

órgãos de financiamento;

b) Maior preocupação com os aspectos comerciais do que com os aspectos de

qualidade;

c) Pouca ou falta de detalhamento de projeto;

d) Eventual personalização de acabamentos, de modo que o projeto só pode

ser detalhado até a chamada obra bruta;

e) Escolha dos profissionais ou empresas de projeto considerando somente os

preços mais baixos, com vistas à redução de custos.

Através da repetição dos problemas identificados ao longo dos anos, percebe-

se que as informações e oportunidades para melhorias não são devidamente

consideradas na realização de novos empreendimentos. É necessário o envolvimento

das organizações no processo de produção e avaliação, tornando as avaliações uma

prática e possibilitando o alcance dos benefícios esperados.

56

A retroalimentação com o cliente é fundamental. Informações percebidas,

coletadas com os próprios usuários devem ser estudadas e incorporadas nos projetos

desenvolvidos. Desta forma o atendimento das expectativas e as adequações

necessárias executadas em empreendimentos anteriores poderão fazer parte de um

banco de dados que servirá de embasamento na concepção de futuros

empreendimentos.

Uma ferramenta de controle de processo utilizada em conjunto com a

implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade, de fundamental importância para a

análise e melhoria dos processos organizacionais e para a eficácia do trabalho em

equipe que pode ser utilizada é o ciclo do PDCA.

O Ciclo PDCA (em inglês Plan, Do, Check e Action) é uma ferramenta

gerencial de tomada de decisões que busca o alcance das metas necessárias à

sobrevivência de uma organização, sendo composto das seguintes etapas:

Planejar (PLAN): Definir as metas a serem alcançadas e o método para o

alcance das mesmas;

Executar (DO): Executar as tarefas que foram previstas na etapa de

planejamento;

Verificar, checar (CHECK): Verificar se o que foi executado está conforme o

que foi planejado. Se a meta foi alcançada dentro do método definido;

Agir corretivamente (ACTION): Identificar os desvios em cima do que foi

planejado. Definir e programaras soluções que eliminem causas destes desvios; As

etapas desta fase do ciclo PDCA podem ser divididas em:

1) Implementar ações corretivas, caso houverem desvios dos objetivos.

2) Analisar os resultados individualmente, estando estes fora dos padrões da

empresa devem ser analisadas suas possíveis causas, bem como desenvolver as

ações corretivas.

3) Promover melhorias nos sistemas e métodos de trabalho, caso sejam

necessárias.

O PDCA, Figura 7, pode ser utilizado na realização de toda e qualquer

atividade da organização.

57

Figura 7 - Ciclo PDCA.

Fonte: Souza e Mekbekian (1999).

É inegável a importância da medição e avaliação de desempenho nas

organizações. Entender como estão os processos, produtos e serviços possibilitam

identificar quais os problemas e deficiências devem ser priorizadas e baseando-se nos

resultados, poder tomar as ações necessárias para melhoria e controle da qualidade

(OHASHI; MELHADO, 2004).

Diante destas vantagens faz-se necessário um planejamento adequado para a

implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade, uma vez que apesar do

número crescente de empresas que tentam implantá-lo o que se constata são

resultados insatisfatórios, diante de diversas não conformidades que não estão de

acordo com o modelo proposto pela norma.

Para Moschen (2003), são cada vez mais frequentes os programas de

qualidade voltados para as empresas. O Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade no Habitat – PBQP-H, bem como a própria filosofia da Qualidade

Total, estabelece como objetivo não só atender à necessidade de lucratividade da

empresa e de satisfação total do cliente, mas também promover a qualidade,

produtividade e o aumento da competitividade dos bens e serviços produzidos no

país.

58

A gestão da qualidade e a personalização de projetos, embora pareçam

antagônicas, a princípio, quando trabalhados em conjunto podem propiciar as

empresas ações estratégicas que organizarão e modernizarão o ambiente de trabalho.

O intuito é a melhoria contínua e o oferecimento de um produto de qualidade, na

busca pela permanência no mercado competitivo.

Este estudo propõe a utilização de requisitos normativos do PBQP- H para

elaboração de um modelo de processo de personalização de projetos e obras para

uma empresa construtora de imóveis residenciais verticais.

3. MÉTODO

3.1 ABORDAGEM

Esta pesquisa se apresenta como um estudo de caso. A estratégia de estudo de

caso mostra ser a mais adequada quando se colocam perguntas do tipo "como" e "por

que" no problema Yin (2002).

Yin (2002) caracteriza o estudo de caso como uma investigação empírica que

analisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos.

De acordo como autor, existem diversas estratégias de pesquisa como o

experimento, o levantamento, a análise de arquivos, a pesquisa histórica e o estudo

de caso. A escolha da estratégia de uma pesquisa depende de três fatores: o tipo da

pesquisa, o controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais e o

foco que pode ser em fenômenos históricos ou em fenômenos contemporâneos (YIN,

2002).

O trabalho se baseou em no processo de personalização de uma construtora e

as informações foram levantadas através de: observações, entrevistas e coleta de

dados.

Com a finalidade de atingir os objetivos propostos o trabalho foi

fundamentado em duas etapas. A primeira etapa foi dividida em:

59

Pesquisa bibliográfica

Esta etapa se deu através do levantamento de material bibliográfico, como:

teses, dissertações, artigos científicos, livros e trabalhos disponíveis na internet, com

a intenção de entender os conceitos envolvidos, conhecer outras pesquisas com a

mesma temática principal e embasar a pesquisa de campo.

Pesquisa documental

Realizada em conjunto com a pesquisa bibliográfica, com o objetivo de

explorar o tema, onde foram analisadas diversas fontes como: plantas arquitetônicas,

tabelas com dados informativos sobre alterações solicitadas nas unidades residenciais

do empreendimento estudado, documentos do Sistema de Gestão da Qualidade

(check list de vistoria, fichas de alterações dos imóveis).

Observações e entrevista não estruturada

Após a conclusão das etapas anteriores foi realizada uma pesquisa de campo,

com o objetivo de explorar o universo estudado através da observação da prática

utilizada no canteiro de obras e nos escritórios (comercial e de projetos) e de

entrevista não estruturada baseada no Quadro 1, que permitiu a investigação dos

principais aspectos que influenciam no processo de personalização de projetos e

obras da empresa, bem como as inter-relações entre os departamentos envolvidos.

Todas as observações colaboraram para o entendimento do processo como um todo.

Diagnóstico

A coleta de dados efetuada durante a pesquisa de campo proporcionou o

desenvolvimento do processo atual e serviu de embasamento para as propostas

aplicáveis à construtora. Buscou-se o entendimento de como o processo de

personalização de projetos e obras acontece na empresa e por que o mesmo apresenta

pontos problemáticos.

Dentre as informações coletadas foi feita a análise dos itens de personalização

estabelecidos pela empresa, levantando o que a empresa oferece e o que tem

condições de oferecer em termos de flexibilidade e de possibilidade de

personalização. Esta oferta é baseada nas demandas de pessoal, materiais,

tecnologias e definição do que pode ou não ser solicitado pelo cliente. Nesta etapa

são, portanto, analisados os aspectos sobre a personalização de projetos:

60

características do empreendimento; forma de flexibilização ofertada pela construtora;

modo como aconteceu o processo de personalização; identificação das mudanças

realizadas nos apartamentos.

A segunda etapa do trabalho foi dividida em:

Diretrizes

Estabelecimento de diretrizes apresentadas através de uma proposta adequada

à realidade da empresa representada através de um guia de personalização interno e

um guia de personalização externo (para o cliente).

Fluxo proposto

Segundo Greef et al. (2012), o fluxograma é uma ferramenta para capacitação

e orientação de pessoas que atuam ou deverão atuar no fluxo de informações de

forma que ao se observar a sua estrutura de trabalho e a estrutura da própria

informação, compreende-se a função das atividades que desempenham no ambiente

em questão, na sequência global representada. Ainda segundo os autores, os

objetivos e propósitos dos fluxogramas podem ser cumpridos devido à forma pela

qual a sua representação é construída. Alguns padrões publicados na literatura são

utilizados para ilustrar cada elemento que compõe a representação, cada atividade

inerentes ao fluxo de informação.

Greef et al. (2012, p. 116) ressalta que:

(...) o fluxograma deve ter uma forma que indica seu início e seu

fim, formas que indicam as atividades que são exercidas no fluxo

de informações, elementos que apontam decisões tomadas na

sequência, se houver necessidade, e as setas entre as formas que

indicam a direção da sequência do inicio ao fim.

Nesta etapa, foi desenvolvido, portanto, um fluxograma proposto do processo

de personalização de projetos e obras para a empresa, tendo como base as

informações coletadas na etapa de observações e entrevistas.

Para o desenvolvimento deste trabalho foi escolhida somente uma empresa

devido à dificuldade em se encontrar outras empresas abertas à pesquisa e que

disponibilizassem seus profissionais para participação da mesma.

61

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa foi feito em etapas apresentadas na sequência

desenvolvida a seguir:

Contato com a empresa: os contatos foram feitos inicialmente por telefone

para agendamento das primeiras conversas com os agentes envolvidos no processo

de personalização de projetos e obras da empresa. Foram envolvidos os seguintes

setores: departamento comercial, projetos, engenharia e canteiro de obras. Também

foram trocadas informações através de e-mails.

Visitas “in loco”: realizadas nas obras dos empreendimentos estudados, onde

foram feitas as observações de campo. As visitas também abrangeram os escritórios:

comercial e de projeto da empresa.

Observações de campo: levantamento visual com a finalidade de

entendimento do processo de personalização de projetos e obras; observação das

práticas e formas usuais de trabalho adotadas pela empresa neste processo que

contribuíram para o levantamento de dados e informações levantadas através das

visitas “in loco” e das observações de campo que serviram de subsidio para

formatação deste trabalho.

Diagnóstico das modificações e Diagnóstico dos problemas e dificuldades:

atividades realizadas paralelamente e que originaram um relatório com o

levantamento de dados e informações coletadas como: tabelas sobre as alterações

mais solicitadas nos empreendimentos.

Reconstituição do fluxograma do processo atual: desenvolvimento do

fluxograma atual do processo de personalização de projetos e obras na empresa,

trabalhando a inter-relação entre os agentes envolvidos.

Elaboração do fluxograma do processo proposto e Elaboração dos guias de

personalização: atividades realizadas paralelamente que consistem na elaboração do

fluxograma proposto do processo de personalização de projetos e obras na empresa,

trabalhando a forma sugerida de inter-relação entre os agentes envolvidos e a

elaboração de um guia de personalização interno, destinado aos colaboradores e a

equipe técnica envolvida nos projetos e execução de obras personalizadas e de um

62

guia de personalização do cliente, destinado ao cliente, informativo quanto aos

procedimentos para solicitação de alterações nos apartamentos.

As etapas descritas podem ser visualizadas conforme o fluxograma

apresentado na Figura 8.

Figura 8 - Fluxograma das etapas.

Fonte: A autora.

3.3 DIAGNÓSTICO

3.3.1 Descrição da Empresa

Este estudo se deu em uma construtora de imóveis residenciais, do tipo

apartamentos, que atua na cidade de Cuiabá há cerca de 30 anos.

Com o crescimento da empresa, houve a necessidade de qualificação

profissional, o que ocasionou no ano de 2005 a busca pela certificação pelo PBQP-H

nível A, documento que assegura que uma empresa está dentro dos requisitos

exigidos e ISO 9001:2008, que tem a função de promover a normatização de

produtos e serviços de qualidade. Atualmente a empresa possui 45 edifícios

construídos, somando 440.000 m² de área construída.

A construtora apresenta atuação expressiva, sendo uma das maiores empresas

da construção civil da região. Constrói, na maioria dos casos, apartamentos

residenciais e possibilita a personalização de seus imóveis. As informações

63

apresentadas referem-se às alterações efetivadas realizadas pela construtora nas

unidades residenciais adquiridas pelos clientes, não sendo computadas as alterações

executadas pelos proprietários após a entrega do imóvel.

3.3.2 Características dos Empreendimentos Estudados

Os empreendimentos escolhidos se encontram localizados em uma região

muito valorizada na cidade de Cuiabá, próximo ao Centro Político Administrativo

(CPA), onde está sediado o Governo do Estado de Mato Grosso e a maioria das

secretarias e órgão públicos. Também estão próximos de um grande shopping center

da cidade. O empreendimento completo é composto por 08 edifícios residenciais,

com 25 pavimentos tipo cada, que juntos totalizam 800 unidades habitacionais e

foram identificados neste trabalho como empreendimentos 1, 2 e 3, conforme a

Figura 9.

Figura 9 - Os empreendimentos 1, 2, 3 estudados.

Fonte: A autora.

O empreendimento 1 foi o primeiro a ser executado. Quando iniciado o

trabalho, o mesmo já havia sido entregue aos clientes. É composto de3 torres de

apartamentos residenciais, distribuídos em 4 apartamentos por andar de 98 m² de

área privativa, com 3 quartos, sendo que um deles é suíte, banheiro social, lavabo,

64

sala para dois ambientes, varanda com churrasqueira, cozinha, área de serviço e

banheiro de serviço, conforme a Figura 10.

Figura 10 - Planta do apartamento-tipo do empreendimento 1.

Fonte: Disponível em <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=864740>

Acesso em 22/04/2013.

O empreendimento 2 é composto de 3 torres de apartamentos residenciais,

distribuídos em 4 apartamentos por andar de 101,06 m² de área privativa, com 3

quartos, sendo duas suítes, banheiro social, lavabo, sala para dois ambientes, varanda

com churrasqueira, cozinha, área de serviço e banheiro de serviço, conforme a Figura

11.

65

Figura 11 - Planta do apartamento-tipo do empreendimento 2.

Fonte: Folder disponibilizado pela Construtora.

O empreendimento 3 é composto de 2 torres de apartamentos residenciais,

distribuídos em 4 apartamentos por andar, com plantas variadas, sendo a Planta tipo

1 com 140,67 m² de área privativa, com três suítes, lavabo, sala para três ambientes,

varanda com churrasqueira, cozinha, área de serviço e banheiro de serviço, conforme

a Figura 12.

66

Figura 12 - Planta do apartamento-tipo 1do empreendimento 3.

Fonte: Folder disponibilizado pela Construtora.

A Planta tipo 2 com 134,30 m² de área privativa, com 3 suítes, lavabo, sala

para três ambientes, varanda com churrasqueira, cozinha, área de serviço e banheiro

de serviço, conforme a Figura 13.

67

Figura 13 - Planta do apartamento-tipo 2 empreendimento 3.

Fonte: Folder disponibilizado pela Construtora.

3.4 ASPECTOS ANALISADOS

Para entendimento do processo atual de personalização da empresa 13

aspectos importantes foram estudados. Estes aspectos foram baseados nos trabalhos

de Brandão (1997) e Moschen (2013):

1) Política e organização da empresa para atendimento ao cliente;

2) Apresentação e compatibilização de projetos;

3) Personalização oferecida nos projetos (espaços e instalações);

4) Personalização oferecida nos projetos (revestimentos e acabamentos);

5) Comunicação escrita e responsabilidades sobre as modificações de projeto;

68

6) Processo (verificação do fluxo e procedimentos sistematizados);

7) Comercialização das modificações (alvenaria e instalações);

8) Comercialização das modificações (revestimentos e acabamentos);

9) Administração e controle no canteiro de obras;

10) Opiniões e procedimentos sobre visitas dos clientes no canteiro de obras;

11) Atualização e documentação das modificações de projeto;

12) Retrabalhos e modificações solicitadas fora do prazo;

13) Utilização das modificações como feedback e melhoria do processo.

A análise destes aspectos contribuiu para o levantamento das informações do

item 3.7 e da entrevista não estruturada, conforme o Quadro 1, que norteou a

investigação efetuada na obra e nos escritórios comercial e de projetos.

3.5 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada através da escolha de unidades de estudo,

edifícios residenciais da empresa, levando-se em consideração as características em

termos de tipologias, número de unidades, número de pavimentos tipo,

personalização oferecida, as alterações mais solicitadas pelos clientes.

Foi feito o levantamento de todo o processo de personalização de projetos e

obras junto à direção, a equipe de execução, o departamento comercial e de projetos

através de reuniões com os agentes envolvidos, onde foram observadas as práticas

adotadas pela empresa referentes ao processo de personalização de projetos e obras.

A entrevista não estruturada foi realizada com o objetivo de entendimento do

processo de personalização atual da empresa e serviu para orientar a conversa com os

agentes envolvidos. As questões que orientaram esta entrevista estão apresentadas no

Quadro 1.

69

Quadro 1 - Questões que orientaram a entrevista com os agentes envolvidos.

Direção Engenharia (Obra) Projetos Comercial

O que agrega valor

aos imóveis

oferecidos pela

empresa?

De que forma se inicia o

processo de

personalização dos

imóveis na empresa?

Como se dá o processo de

projetos arquitetônicos e

complementares dos

empreendimentos?

O material de divulgação

dos empreendimentos

apresenta como opção da

empresa imóveis

personalizados?

Como é o

relacionamento

cliente e empresa?

Existe um controle das

alterações de projeto?

Como é feito o controle

das unidades alteradas?

Atualmente como são

desenvolvidos os projetos dos

empreendimentos? Há a busca

por novas tecnologias

construtivas que facilitem o

processo de personalização dos

imóveis?

Em que momento a

personalização de imóveis

é oferecida ao cliente?

Como a empresa

entende o processo

de personalização

de imóveis?

Existe algum

procedimento

formalizado segundo

padrões do PBQP-H para

o processo de

personalização de obras?

Qual a relação dos projetistas

com a personalização dos

imóveis?

Existe a troca de

informações da obra com

o comercial de modo a

esclarecer o momento em

que a obra se encontra e

quais as alterações ainda

podem ser efetuadas?

Há por parte da

empresa a

definição dos

imóveis que podem

ser alterados? De

que forma isto é

feito?

Há treinamento com o

pessoal envolvido?

Existe algum procedimento

formalizado segundo padrões do

PBQP-H para o processo de

personalização de projetos?

Existe uma equipe

de atendimento ao

cliente definida

para as alterações

dos imóveis?

Quais são os principais

problemas encontrados?

3.6 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS, ANÁLISES E PROPOSTA DE

MODELO DE PERSONALIZAÇÃO

3.6.1 Organização e Análise das Modificações

As informações sobre as alterações solicitadas pelos clientes foram fornecidas

pela empresa através de tabelas em que constam as alterações solicitadas em cada

empreendimento em ordem decrescente, a quantidade e a porcentagem de vezes em

que estas foram solicitadas e a descrição das solicitações de alterações. Foi elaborado

um diagnóstico que relata a análise das principais modificações executadas e o

resultado destas informações foram identificadas nas plantas dos empreendimentos.

70

3.6.2 Reconstituição do Processo Existente

Este estudo permitiu o levantamento atual do processo de personalização da

empresa, através da delimitação das fases existentes, iniciando com a atuação da

direção, passando pela comercialização, pelo processo produtivo (execução), até a

entrega do produto final.

Atualmente, o processo completo de personalização de projetos e obras da

empresa engloba três setores especificamente: direção, departamento comercial e

departamento de engenharia (obra). O processo de projeto atual da empresa é

trabalhado pelo departamento de arquitetura que atua no desenvolvimento dos

projetos legais e executivos.

O planejamento e orçamento do empreendimento estudado foram feitos de

maneira comparativa com obras anteriores concluídas, ou seja, em função do custo

por metro quadrado (m²) na obra anterior, estimou-se quanto custaria esta obra. Este

planejamento foi elaborado pela direção em conjunto com o responsável pelo

departamento de arquitetura e o engenheiro da obra.

Para a apresentação do processo de personalização de projetos e obras da

empresa foi feito um fluxograma atual de informações e documentos do processo de

projeto e lançamento do empreendimento. Para isso, foram adotados alguns dos

padrões utilizados em representações de fluxos de informações segundo Greef et al.

(2012), com as seguintes convenções:

Início e Fim

Atividades operacionais no desenvolvimento do processo

Decisão - ação que deverá ser tomada através da decisão de se fazer algo;

Documento gerado - plantas, fichas, planilhas, contratos.

Vários documentos gerados

Sentido do fluxo

Para o fluxograma atual do processo completo de personalização de projetos e

obras foram adotadas as mesmas convenções do fluxograma atual de informações e

documentos do processo de projeto e lançamento do empreendimento conforme

descrito anteriormente.

71

3.6.3 Processo Proposto

Através do levantamento do processo de personalização da empresa foram

elaborados três fluxogramas para apresentação do processo proposto de

personalização de projetos e obras.

Para a apresentação do processo de personalização de projetos e obras da

empresa foi elaborado um fluxograma proposto de informações e documentos do

processo de projeto e lançamento do empreendimento onde foram adotados os

mesmos padrões utilizados em representações de fluxos de informações conforme

Greef et al. (2012).

O referido fluxograma permite a apresentação de uma proposta voltada às

características e interesses da empresa, organizando o processo do início ao fim

trabalhando o inter-relacionamento de todos os agentes envolvidos: direção,

produção (Engenharia), setor de projetos, setor comercial.

Os outros dois fluxogramas desenvolvidos são apresentados em etapas e

apresentam as fases de comercialização do produto, tomada de decisões por parte da

engenharia para possíveis alterações no imóvel, fases de execução da obra, inspeção

dos serviços executados e entrega do produto ao cliente. Para os fluxogramas do

processo proposto de personalização de projetos e obras foram adotados os mesmos

padrões utilizados em representações de fluxos de informações, desta vez

acrescentando uma convenção para verificação de serviço:

Início e Fim

Atividades operacionais no desenvolvimento do processo

Decisão - ação que deverá ser tomada através da decisão de se fazer algo;

Documento gerado - plantas, fichas, planilhas, contratos.

Vários documentos gerados

Sentido do fluxo

Verificação de serviço – registros de inspeção e controle da qualidade do serviço

executado.

Este trabalho também contempla o levantamento de diretrizes do processo de

personalização de projetos e obras para a empresa com a proposição de um Guia de

Personalização de Projetos e Obras da Empresa e um Guia de Personalização de

Projetos e Obras Para o Cliente.

72

O Guia de Personalização de Projetos e Obras da Empresa é destinado aos

colaboradores e equipe técnica envolvida nos projetos e execução de obras

personalizadas. O Guia de Personalização de Projetos e Obras Para o Cliente é

destinado ao usuário final, cliente, contendo os procedimentos de personalização de

projetos e obras reunindo informações sobre o caminho a ser seguido pelo mesmo

para a solicitação de alguma alteração/ modificação em sua unidade residencial.

3.7 ANÁLISE DE MODIFICAÇÕES DE PROJETOS E PROBLEMAS

OBSERVADOS NO PROCESSO ADOTADO

A construtora estudada já ofertou o serviço de personalização em outros

empreendimentos, porém o mesmo não era controlado, sendo assim este é o primeiro

empreendimento da empresa em que houve uma tentativa de controle do mesmo

através da adoção de registros. Por se tratar de um serviço novo, o processo ainda

vem se adequando aos interesses e necessidades da empresa e de seus clientes.

O material de divulgação do empreendimento não faz referencia à oferta de

personalização do imóvel, porém para a direção da empresa as expectativas e

necessidades dos clientes devem ser atendidas. A personalização permitida é

oferecida ainda durante a compra do apartamento, na primeira manifestação das

necessidades de modificação do cliente e consiste na solicitação de alteração por

parte do cliente e a empresa analisa as condições técnicas para melhor atendê-lo.

A solicitação de alterações dos apartamentos também pode ocorrer durante a

execução da obra e, em alguns casos, bem depois do fechamento da negociação

comercial uma ou outra alteração ainda é solicitada.

A empresa possui um departamento de arquitetura (projetos), porém o mesmo

não atua no oferecimento do serviço de personalização de projetos, atua somente na

elaboração dos projetos legais e executivos na sede da empresa. Não existe interação

deste departamento com o cliente no caso da solicitação de adequações e

personalização do apartamento adquirido. Os projetos disponibilizados pelo

departamento de arquitetura para a obra são os projetos executivos e, muitas vezes,

durante a execução, ainda são necessários alguns ajustes “in loco”.

Atualmente, o início do processo de personalização de cada apartamento dos

empreendimentos estudados ocorre quando da visitação do cliente na obra ou no

73

apartamento decorado7. É neste momento que o cliente percebe a necessidade de

adequação do apartamento às suas necessidades.

Assim, o mesmo entra em contato com o Engenheiro da obra e agenda uma

reunião para a primeira conversa, quando então serão expostas as suas necessidades.

Os pedidos de alterações são feitos verbalmente e diretamente ao Engenheiro

responsável que têm a autonomia para acatar as solicitações de alterações ou não

através da analise da viabilidade técnica para execução.

Após a conversa preliminar, as necessidades de alteração são analisadas pelo

Engenheiro que fará a verificação do estágio em que a obra se encontra e se as

mesmas ainda são possíveis de serem realizadas. Caso sejam possíveis as

informações são transcritas para a ficha de alterações de apartamentos (Anexo A).

Esta ficha foi desenvolvida pela equipe da engenharia na obra e consta das seguintes

informações: nome do proprietário, planta do imóvel onde são marcadas as

alterações solicitadas pelo cliente, a descrição destas alterações, bem como outras

informações relativas ao imóvel em questão. Existe ainda um campo para assinatura

do Engenheiro responsável e um campo para aprovação do cliente.

A empresa desenvolve todo o processo de personalização de maneira

informal, sendo que o acordo sobre o serviço a ser executado é feito entre o

Engenheiro da obra e o futuro comprador. Os únicos registros de acompanhamento

do processo de personalização que foram feitos no empreendimento são as fichas de

alterações de apartamentos.

As fichas são impressas em três vias. A primeira via é assinada pelo

Engenheiro responsável e entregue ao cliente, a segunda é assinada pelo cliente e fica

arquivada em arquivo específico das alterações solicitadas à empresa na obra. A

terceira via é entregue ao Mestre de obras, porém antes da sua impressão são

retirados os dados do cliente como nome e endereço, informações pessoais dos

compradores.

Durante a execução dos serviços uma cópia da planta com as alterações é

fixada nos apartamentos alterados. Este procedimento é muito útil, porém nem

sempre as mesmas ficam em seu local de origem até o término dos serviços. Muitas

7 O apartamento decorado se encontra no próprio local da obra.

74

vezes estas plantas são retiradas ou danificadas por algum funcionário desinformado

ou descomprometido.

O engenheiro informou que muitas vezes a execução do serviço acontece de

forma errada ou incompleta. Isto acontece pelo desconhecimento de leitura de

projeto por parte dos responsáveis, mestres de obra e seus encarregados.

Os projetos personalizados de cada apartamento são desenvolvidos pela

engenharia (obra). Não há a troca informações com a arquitetura (projetos) sobre as

alterações solicitadas pelos clientes, e nem tampouco há compatibilizações dos

projetos personalizados com o projeto arquitetônico e seus complementares.

Caso o cliente opte pelo desenvolvimento do projeto arquitetônico

personalizado com arquiteto particular contratado para este fim, a engenharia (obra)

fica responsável pelo recebimento das plantas e avaliação das possibilidades para a

execução dos serviços, tais como a alteração de paredes ou paginação de azulejos.

A empresa não controla as alterações de projeto, fato este que resulta em

projetos não vigentes. Ao circular pela obra estas mudanças acabam levando a erros

na sua execução e posterior retrabalho.

Todas as alterações executadas são registradas na ficha de alterações dos

apartamentos e arquivadas em arquivo específico na obra. Atualmente estas

informações não são repassadas ao departamento de projeto e são arquivadas no final

da obra no escritório central.

Não há o fornecimento de projeto as built ao proprietário. O proprietário

recebe uma via da planta alterada, porém esta planta não possui informações sobre

passagens de tubulações por exemplo. Na entrega dos apartamentos o cliente recebe

um manual do proprietário que é padrão do empreendimento.

Conforme informações da própria empresa, por se tratar de um processo

informal, muitas alterações feitas a pedido dos clientes não são realizadas de forma

satisfatória. Isso se dá pelo próprio desconhecimento técnico do cliente que, ao

expressar o seu desejo de alteração e informar sobre a modificação necessária, não se

faz compreender ou até mesmo dá margem a uma possível interpretação diferente

por parte do responsável pela execução. Assim, ao serem executadas as alterações,

estas acabam por não atender as expectativas do cliente, ocasionando novos pedidos

de modificações sobre os pedidos anteriormente executados.

75

Outro fato gerador de problemas no processo de personalização é a

solicitação atrasada de alterações por parte dos clientes em tempo hábil para que a

mesma seja efetivamente executada. Os pedidos de alterações muitas vezes são feitos

após o término de alguns serviços, como: execução de alvenarias, reboco,

revestimentos de pisos e paredes, dentre outros. Muitas vezes o interesse pela

solicitação de alteração acontece no momento em que o cliente ao ver sua obra

concretizada, consegue realmente visualizar o que não lhe agrada e o que gostaria

que fosse alterado. Para a construtora não perder este cliente acaba realizando as

alterações solicitadas.

O cliente por vezes tinha conhecimento do que queria que fosse alterado,

mostrando interesse em alguma modificação no momento adequado, porém não se

pronunciou e nem concretizou a solicitação da alteração, somente se dando conta da

formalização de sua necessidade após o término do serviço. Mesmo diante deste fato

a empresa procura atender a todas as solicitações, arcando com os custos dos

imprevistos ocorridos, realizando o serviço e buscando a satisfação do cliente.

O atendimento das solicitações em momento inadequado ocasiona problemas

de interrupção do processo construtivo, como: a) o deslocamento da mão de obra

especializada para o serviço solicitado, o que gera retrabalho e deixa em espera

outras frentes de trabalho sequenciais; b) a utilização de material que é destinado à

outra unidade residencial, ocasionando a reprogramação de compra do material e

consequentemente atrasos no planejamento e cronograma da obra. Todos estes

percalços tendem a alterar o planejamento e o cronograma da obra, acarretam custos

adicionais diretos e indiretos, além de aumentar a geração de resíduos.

As alterações permitidas efetivadas na empresa foram praticamente com

relação a layout, como: alterações de paredes (remoção total ou parcial, adição,

criação de aberturas ou fechamento destas), portas, bancadas de pias, pontos de

energia e TV.

A construtora não oferece opções diferenciadas de acabamento, como

pastilhas, revestimentos e costuma oferecer ao cliente somente uma opção de piso e

revestimentos de parede. Somente nos empreendimentos 1 e 2 foi oferecido o piso

porcelanato, sendo que o piso original era cerâmico. Todo o processo de

76

personalização é realizado no canteiro de obras,excluindo-se apenas a alteração do

piso que precisa ser levantado no estoque da empresa.

As alterações personalizadas não costumam ser cobradas. A cobrança

somente acontece quando envolve a alteração de piso. Neste caso a tratativa de

pagamento se dá através de um termo aditivo que estabelece a mudança do piso

original e o valor a ser pago em função da diferença de acabamento e mão de obra. O

documento é assinado pelo cliente e engenheiro da obra e anexado ao contrato.

O processo de personalização de projetos e obras da empresa é desenvolvido

pelo departamento de engenharia, que é o detentor destas informações. Todo o

processo acontece com o consentimento da direção. Esta sabe que as alterações

ocorrem, não tem conhecimento de todas, mas dá autonomia aos engenheiros para

optarem pelo oferecimento da personalização e pela condução deste processo.

Observou-se, portanto, que não há uma regra definida pela empresa, visto que o

Engenheiro responsável tem autonomia sobre a obra que coordena.

No caso deste empreendimento, o engenheiro responsável desenvolveu as

pequenas alterações solicitadas fora do prazo e não cobrou pelas mesmas. As

alterações foram realizadas pela empresa sem ônus para o cliente.

Para as alterações de layout como mudanças no posicionamento de paredes de

alvenaria, realocação ou acréscimo de pontos de instalação hidrossanitárias, elétricas,

pontos de gás, telefone e TV não são realizados orçamentos. O memorial descritivo

da unidade residencial não é alterado por conta das modificações realizadas. A

empresa não disponibiliza para o cliente outras opções de materiais. Caso o cliente

faça a opção por materiais que não foram disponibilizados pela empresa ele mesmo

assume a compra e o fornecimento destes no canteiro de obras e a empresa fornece a

instalação,disponibilizando a sua mão de obra sem custos adicionais.

Com relação ao desenvolvimento das obras personalizadas foram verificados

alguns elementos construtivos que facilitaram a execução das alterações, como, por

exemplo, a laje nervurada que facilitou a passagem das tubulações de água fria,

fiações elétricas, de TV e telefone, por caminhos diferentes dos concebidos em

projeto. Isto porque as mesmas não foram embutidas, mas somente fixadas na laje

superior, ficando encobertas pelo forro de gesso rebaixado, procedimento este que

permite maior flexibilidade às novas disposições.

77

Um fator que resultou em problemas na obra foi à falta de planejamento da

empresa com relação às visitas dos clientes. A direção da empresa vê positivamente a

visita do cliente no canteiro de obras. O departamento comercial relata que as

mesmas devem ser feitas sempre que houver a solicitação do cliente. Já a engenharia

prefere que as visitas sejam agendadas, porém não são feitos agendamentos e nas

obras estudadas foram reservados os sábados para as visitas. O cliente ao ir até a obra

durante a semana é informado que as visitas somente são permitidas aos sábados.

Devido à deficiência na organização das visitas houve sábados com mais de quinze

visitas agendadas, enquanto que em outros nenhuma visita foi registrada.

A entrada de profissionais, como executores de móveis planejados ou

marceneiros, sem acompanhamento e controle, também geraram transtornos à

empresa. Muitas vezes a abertura do imóvel para estes profissionais externos na fase

de acabamento acabou por danificar a pintura quando efetuaram as suas medições,

ocasionando retrabalho nestas unidades residenciais.

A direção, o departamento de projetos e a engenharia sabem que é importante

aprender com os erros que já aconteceram nas obras anteriores, porém não existe na

empresa um processo formalizado de retroalimentação das informações quanto ao

processo de personalização de projetos e obras.

3.8 PROBLEMAS E DIFICULDADES QUANTO À ADMINISTRAÇÃO DO

PROCESSO DE PERSONALIZAÇÃO

Durante o decorrer deste trabalho foram percebidas 03grandes dificuldades no

desenvolvimento do processo de personalização de projetos e obras da empresa

comuns aos três departamentos analisados: arquitetura (projetos), departamento

comercial e engenharia (obra):

1º dificuldade: liberdade de personalização, gerando a falta de um limitador

com relação às alterações.

Todas as solicitações de alterações nas unidades habitacionais dos três

empreendimentos foram atendidas, independente do andamento da obra, ocasionando

modificações em serviços finalizados, como por exemplo, na Figura 14, onde a

parede já havia sido revestida. Foi preciso se retirar o revestimento executado para

que os pontos de água e gás fossem alterados de local.

78

Figura 14 - Alteração tardia de pontos de água e gás.

Fonte: Empresa.

2° dificuldade: inexistência de um guia de orientação com as personalizações

permitidas pela empresa e a delimitação de prazos para suas ocorrências.

Um problema muito comum foram os atrasos dos clientes nas definições das

alterações. A empresa não estipula prazos para que os clientes efetivem as

solicitações de alterações, sendo assim muitas delas foram feitas quando as obras

internas do apartamento já estavam quase concluídas, ocasionando retrabalhos,

perdas de material e deslocamento de materiais programados para outra obra.

A Figura 15 é um exemplo de atraso na definição de pontos elétricos por

parte do cliente, resultado o recorte de azulejos de serviço já finalizado.

Figura 15 - Problema trazido pela demora na execução de alteração.

Fonte: Empresa.

79

Não há definição por parte da empresa quanto aos limites da personalização,

o que é e o que não é permitido. Isso acaba por atrapalhar o controle sobre os

serviços a serem executados e sobre os suprimentos. Os serviços acontecem de

maneira desorganizada e há descontinuidade na utilização e nas compras de

materiais. Em síntese, o que acontece hoje na empresa é que toda e qualquer

alteração solicitada pode ser feita desde que não haja comprometimento da estrutura

do prédio e não haja a alteração das descidas das tubulações.

3° dificuldade: falta de troca de informações entre a obra e o setor comercial.

A falta de comunicação entre o departamento comercial e a engenharia (obra)

consta como um dos principais problemas na obra. Muitas vendas realizadas pelo

departamento comercial foram condicionadas à execução de alterações nos

apartamentos, ocasionando a descontinuidade da obra.

Como exemplo de venda condicionada pode-se citar a solicitação de um

cliente para a realização de alteração da posição do fogão e consequentemente do

ponto de gás na cozinha. Como os serviços de assentamento de revestimento neste

espaço haviam sido finalizados, isto ocasionou a quebra dos azulejos assentados para

realocação dos pontos (Figura 16 e 17).

Figura 16 - Assentamento de revestimento de parede - antes da execução da alteração.

Fonte: A empresa.

80

Figura 17 - Assentamento de revestimento de parede - depois da execução da alteração.

Fonte: A empresa.

É muito importante a troca de informações entre o cliente e a empresa

(feedback). Este trabalha diretamente como ferramenta no aperfeiçoamento do

processo de personalização de projetos e obras da empresa. Para que as expectativas

dos clientes sejam atendidas é necessário o levantamento e o estudo das informações

coletadas com os próprios clientes e sejam repassadas aos futuros projetos.

3.9 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 1

A principal alteração no empreendimento 1 foi a junção do quarto com o

banheiro social contiguo, criando uma suíte. Esta alteração ao ser executada acabou

gerando a necessidade da substituição do banheiro social por outro e isto só foi

possível com a transformação do banheiro de serviço para a área de convívio social.

Somada a estas alterações, em alguns apartamentos foi diminuída a área do box do

novo banheiro social criando-se um nicho voltado para a área de serviço, onde foi

encaixado um armário à ser utilizado como porta mantimentos e produtos de

limpeza, devido a falta de uma despensa. As principais alterações no

empreendimento 1 são apresentadas na Tabela 1.

Das 47 alterações solicitadas da posição da porta do WC social transformando

em suíte, 21 foram feitas em conjunto com a eliminação do WC de serviço

integrando ao lavabo, porém deixando um espaço voltado para a área de serviço para

colocação de um armário de embutir. Em outras 11 unidades foram feitas em

81

conjunto com a eliminação do banheiro de serviço integrando ao lavabo e

transformando em banheiro social. E em 07 casos foram feitas em conjunto com a

alteração da posição da porta do lavabo para circulação intima.

O fato a ser destacado neste empreendimento é a eliminação de 64 banheiros

de serviço, totalizando 74,19% dos compradores, sendo que 23 transformaram em

despensa e 25 deixaram um nicho para encaixe de um armário, ambos com a mesma

finalidade, ou seja, a guarda de materiais e utensílios de limpeza.

Tabela 1 - Principais alterações no empreendimento 1.

Alteração Quantidade %

Alterar posição da porta do WC social transformando em 2 suítes 47 16,43

Eliminar WC de serviço integrando ao lavabo, porém, deixando

um espaço voltado para a área de serviço para um armário de

embutir

25 8,74

Eliminar WC de serviço transformando em despensa 15 5,24

Alterar posição da porta do lavabo para a circulação íntima 13 4,55

Eliminar WC de serviço, integrando ao lavabo e transformando

em WC social

13 4,55

Piso porcelanato 10 3,50

Pontos elétricos – alteração ou inclusão 10 3,50

Eliminar WC de serviço e lavabo integrando e transformando em

despensa

8 2,80

Alteração de portas internas 7 2,45

Alteração / substituição de granitos 5 1,75

Eliminar parede de um quarto ampliando a sala 5 1,75

Abertura na parede da cozinha para a sala (balcão passa-pratos) 4 1,40

Eliminar parede da cozinha integrando a sala (tipo "americana") 3 1,05

Eliminar WC de serviço e lavabo integrando e transformando em

escritório

3 1,05

Instalação de gancho para rede 3 1,05

Eliminar churrasqueira 2 0,70

Eliminar lavabo transformando em despensa 2 0,70

Incluir uma porta no WC social com abertura para o quarto 2 0,70

Piso em diagonal 2 0,70

Preencher paredes eliminando "dentes" dos pilares 2 0,70

Revestimentos cerâmicos (pastilhas) 2 0,70

Total de modificações 286 100,00

Fonte: Empresa.

Na planta baixa original, Figura 18, foram identificadas as principais

alterações solicitadas pelos clientes no empreendimento 1.

82

Figura 18 - Planta baixa com as principais alterações no empreendimento 1.

Fonte: Empresa.

3.10 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 2

O empreendimento 2 foi iniciado após o empreendimento 1,

aproximadamente um ano depois.As alterações de ambiente funcional que foram

solicitadas no empreendimento 1 foram absorvidas pelo projetista que ao

desenvolver o projeto do empreendimento 2 utilizou de forma estratégica as

informações anteriores e já o desenvolveu com as devidas modificações.

O projeto revisado contemplou a exclusão do lavabo e a inserção de um

banheiro social. Ao invés de uma suíte, este empreendimento passou a ter duas

83

suítes. Somente uma alteração muito solicitada no empreendimento 1 não pode ser

inserida no empreendimento 2: a pré-instalação para condicionadores de ar split.

Em 300 unidades residenciais do empreendimento, foram totalizadas 13%

modificações, sendo que dentre as mais solicitadas está a troca do piso, pois a

empresa ofereceu como padrão para este empreendimento o piso cerâmico. Outra

alteração muito solicitada foi a transformação do banheiro de serviço em despensa,

como no empreendimento 1.

Muitas solicitações de inserção de pontos elétricos também puderam ser

percebidas, conforme mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Principais alterações no empreendimento 2.

Alteração Quantidade %

Piso porcelanato 23 16,91

Transformar WC de serviço em despensa 23 16,91

Pontos elétricos 15 11,03

Alteração de pedras 12 8,82

Gancho de rede 8 5,88

Mudança do ponto de gás 7 5,15

Eliminar parede do quarto integrando a sala 4 2,94

Alteração de revestimento (pastilhas) 4 2,94

Pontos hidráulicos 3 2,21

Remover parede do WC de serviço integrando a área de serviço 3 2,21

Remover parede da cozinha integrando a sala 3 2,21

Abertura na parede da cozinha para a sala (balcão passa-pratos) 2 1,47

Integrar suites transformando em suíte máster 1 0,74

Total de modificações 136 100,00

Fonte: Empresa.

Na planta baixa original, Figura 19, foram destacadas as principais alterações

solicitadas pelos clientes no empreendimento 2.

84

Figura 19 - Planta baixa com as principais alterações no empreendimento 2.

Fonte: Empresa.

3.11 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NO EMPREENDIMENTO 3

Este foi o último empreendimento a ser iniciado, houve aumento na área

privativa de cada apartamento, acarretando modificações significativas de projeto

que acabaram por atender as necessidades dos clientes com relação aos ambientes e

ao tamanho dos cômodos, pois estas foram as mais alterações mais solicitadas nos

empreendimentos 1 e 2. Percebe-se que o cliente que adquire um apartamento com

área maior é consequentemente um cliente de maior poder aquisitivo e que

85

provavelmente não dispensará o banheiro de serviço, visto que o mesmo será

utilizado pelo seu colaborador doméstico. Para este cliente também foi pensada a

questão do piso e a oferta foi o porcelanato que é a tendência nos apartamentos de

padrão mais sofisticado.

Das 200 unidades habitacionais, 19 sofreram algum tipo de modificação,

sendo que 9,5% do total foram das unidades habitacionais e 90 solicitações de

alterações. As alterações mais solicitadas foram às elétricas, com 15 solicitações que

representam 16,67% das 19 unidades alteradas. A maioria das alterações elétricas foi

com relação ao ponto de TV e antena, tendo este fato se dado pela mudança dos

modelos de TV atualmente LCD que são posicionados geralmente na parede em

altura superior a dos modelos convencionais. Outra alteração muito solicitada foram

as bancadas de granito com 12 alterações, representando 13,33% das unidades

alteradas.

A eliminação do banheiro de serviço para transformação em despensa e as

alterações de pontos hidráulicos, com 03 alterações cada e revestimento de pastilhas,

com 04 solicitações cada também foram significativas, conforme a Tabela 3.

Tabela 3 - Principais alterações no empreendimento 3.

Alteração Quantidade %

Pontos elétricos - alteração ou inclusão 15 16,67

Alteração / substituição de granitos 12 13,33

Instalação de gancho para rede 8 8,89

Mudança do ponto de gás 7 7,78

Eliminar parede de um quarto ampliando a sala 4 4,44

Revestimentos cerâmicos (pastilhas) 4 4,44

Eliminar parede da cozinha integrando a sala (tipo "americana") 3 3,33

Eliminar WC de serviço integrando a área de serviço 3 3,33

Alteração de pontos hidráulicos 3 3,33

Abertura na parede da cozinha para a sala (balcão passa-pratos) 2 2,22

Integrar suítes transformando em suíte máster 1 1,11

Total de modificações 90 100,00

Fonte: Empresa.

Na planta baixa original Tipo 1 do empreendimento 3,Figura 20, estão

identificadas as principais alterações solicitadas pelos clientes. A Figura 21, por sua

vez, mostra as principais modificações na planta baixa original Tipo 2 do mesmo

empreendimento.

86

Figura 20 - Planta Baixa Tipo 1 com as principais alterações no empreendimento 3.

Fonte: Empresa.

87

Figura 21 - Planta Baixa Tipo 2 com as principais alterações no empreendimento 3.

Fonte: Empresa.

3.12 ANÁLISE DOS DADOS DOS EMPREENDIMENTOS ESTUDADOS E

PRINCIPAIS PROBLEMAS OBSERVADOS

Os dados analisados dizem respeito a três empreendimentos com um total de

800 unidades residenciais.

Nos três empreendimentos estudados constatou-se que foi no

empreendimento 1 onde ocorreram o maior número de modificações, sendo que a

mais solicitada foi a alteração da posição da porta do WC social para transformação

em suíte, a eliminação do banheiro de serviço para transformação em despensa e a

88

eliminação do banheiro de serviço com a divisão de parte da área para a criação de

um lavabo e a outra parte para despensa.

Diante destas alterações constatou-se que as famílias hoje buscam maior

privacidade e comodidade e a inserção da suíte nos projetos dos apartamentos é a

evidência deste fato. Outra constatação evidenciada é a necessidade de se ter uma

área, mesmo pequena para a guarda de mantimentos como utensílios de cozinha e

limpeza. Esta informação também deve ser levada em consideração quando da

concepção dos novos projetos de apartamentos da empresa.

Cada vez mais são comercializados apartamentos com áreas menores. Os

cômodos de tamanho reduzido, por muitas vezes não atendem a necessidade dos seus

futuros moradores. É necessário um estudo sobre o perfil do público que a empresa

pretende atingir no oferecimento do seu empreendimento. Quem serão os possíveis

compradores, a média de pessoas que compõem estas famílias, para que assim

possam ser elaborados projetos mais adequados às necessidades e expectativas dos

clientes, buscando maior aproximação com a realidade atual dos clientes. São

estratégias que podem resultar em um menor número de pedidos de modificações.

Para o empreendimento 2 foi inserida mais uma suíte no projeto, ou seja

todos os quartos do empreendimento são suítes, fato que se deu diante da

retroalimentação de informações com relação as solicitações de alterações do

empreendimento 1, visto que esta tenha sido a solicitação de alteração mais pedida.

Outras alterações solicitadas foram à troca do piso cerâmico ofertado pela

empresa, pelo piso porcelanato e a transformação do WC de serviço em despensa. A

substituição de revestimentos cerâmicos (pisos e/ou pastilhas) geralmente é feita com

a finalidade estética e que reforça a ideia da necessidade das pessoas em transformar

seu imóvel em um ambiente mais próximo da sua identidade. Pisos do tipo

porcelanato tem sido de grande preferência atualmente.

As alterações em pontos elétricos também se repetiram no empreendimento 2

e 3. Este fato se deu pela mudança dos modelos de TV atualmente LCD que são

posicionados geralmente na parede em altura superior a dos modelos convencionais e

que são a tendência em eletro eletrônico no momento. A inclusão de novos pontos

acontece pela popularização dos aparelhos como notebooks, televisores, que estão

cada vez mais presentes e geralmente cada morador possui o seu aparelho. Significa

89

que a tecnologia da informação e novos tipos de eletrodomésticos têm trazido

mudanças no posicionamento dos pontos, além das próprias mudanças tecnológicas

dos elementos e dispositivos instalados.

As alterações/substituições de granitos constam como uma das mais

solicitadas nos empreendimentos 2 e 3. Parte destas alterações aconteceu nas

bancadas das pias dos banheiros e tiveram finalidade estética. Outras aconteceram

nas bancadas das pias das cozinhas e se deram pela adequação aos novos modelos de

fogão estilo cooktop, que são instalados na própria bancada. Isso ocasionou

mudanças nos pontos hidráulicos e de gás.

Outras alterações menos solicitadas e que foram comuns aos três

empreendimentos são listados abaixo:

a) Ganchos para redes na sacada, o que caracteriza hábitos regionais dos

moradores;

b) Alterações de portas internas, na grande maioria a troca das portas de

abertura convencional por portas de correr aconteceram para se buscar melhor

aproveitamento de espaço;

c) Algumas solicitações de eliminação de paredes de cozinha ou de quartos

nos apartamentos foram realizados com a finalidade de dar amplitude à sala,

promovendo a integração de ambientes. Sabe-se que a sala é o ambiente onde

acontece o maior convívio social da unidade residencial.

3.13 FLUXOGRAMA ATUAL DO PROCESSO DE PERSONALIZAÇÃO DE

PROJETOS E OBRAS DESENVOLVIDO PELA EMPRESA ESTUDADA

Durante a entrevista não estruturada conforme as perguntas direcionadas aos

departamentos envolvidos no processo, (Quadro 1), foram percebidas duas fases bem

distintas no decorrer do mesmo.

A primeira fase desenvolvida pelos departamentos de arquitetura (projetos),

comercial e de planejamento.

A segunda fase refere-se ao desenvolvimento do processo atual de

personalização de projetos e obras através da inter-relação dos envolvidos neste

processo: direção, departamento comercial e departamento de engenharia (obra).

90

A empresa até o presente momento da pesquisa não possuía um departamento

de planejamento. O planejamento era elaborado através do envolvimento da direção,

departamento de arquitetura e engenharia.

As quatro áreas principais de atuação do processo atual de personalização de

projetos e obras da empresa envolvem a direção, o departamento comercial, a

arquitetura (projetos) e a engenharia (obra).

Direção

A direção da empresa atua diretamente no desenvolvimento dos seus

empreendimentos. É a direção da empresa que atualmente promove as reuniões com

os departamentos envolvidos: comercial, arquitetura (projetos) e engenharia (obra)

para que cada qual dentro das suas especificidades e responsabilidades desenvolva o

respectivo planejamento do produto. Para a direção da empresa, o que agrega valor

aos seus imóveis é o desenvolvimento de um bom projeto, adequado às necessidades

de seus clientes e a execução de um empreendimento de qualidade.

A direção dá completa autonomia para que cada engenheiro responsável pela

sua obra ofereça ou não a personalização aos clientes.

Departamento Comercial

O material de divulgação comercial do empreendimento contempla

informações como: localização, planta do apartamento, metragem de cada unidade

habitacional. De posse destas informações o departamento comercial inicia o

desenvolvimento do trabalho de divulgação, a prospecção dos clientes e a venda do

empreendimento.

Arquitetura (Projetos)

O departamento de Arquitetura (Projetos) da empresa atua no

desenvolvimento de todos os projetos arquitetônicos executivos e legais para

aprovação nos respectivos órgãos públicos, bem como coordena o desenvolvimento

dos projetos complementares. Após a aprovação os projetos nos órgãos públicos

pertinentes, os projetos executivos são enviados para a obra. As versões dos projetos

91

executivos na obra são substituídas quando revisadas, porém as revisões de projeto

não contemplam os serviços de personalização executados em cada apartamento.

Engenharia (Obra)

Esse departamento é o responsável pelo atendimento do cliente no que diz

respeito ao processo de personalização de projetos e obras. Atualmente o

desenvolvimento deste processo na empresa consiste no atendimento ao cliente por

meio de reuniões, visitas à obra, desenvolvimento da planta de alteração dos

apartamentos, execução e a fiscalização da obra, serviços estes desenvolvidos apenas

pelo departamento de engenharia da obra.

Percebe-se que a direção, departamento comercial, arquitetura (projetos) e

engenharia (obra), atuam de forma paralela na empresa quando deveriam trabalhar de

forma interligada. Observou-se que não há a troca de informações entre os

envolvidos no processo de personalização de projetos e obras e que o mesmo não é

desenvolvido de maneira organizada e sequencial. Cada departamento desenvolve

seu trabalho de maneira autônoma.

A Figura 22 define o fluxograma atual de informações e documentos do

processo de projeto e lançamento do empreendimento da empresa estudada.

92

Figura 22 - Fluxograma atual do processo de projeto e lançamento do empreendimento.

Fonte: A autora.

O processo de projeto atual da empresa está organizado em três etapas:

planejamento, desenvolvimento de projetos e desenvolvimento de material comercial

de divulgação.

A etapa de planejamento inclui:

93

- Busca do terreno, pesquisa de mercado, reunião com os departamentos

envolvidos: essa etapa se inicia com a busca e análise de terrenos para a construção

do empreendimento juntamente com a atividade paralela de apoio com o

desenvolvimento da pesquisa de mercado, até a definição dos departamentos que

estarão envolvidos neste processo: direção, comercial, arquitetura (projetos) e

engenharia (obras).

Antes de se iniciar a etapa de desenvolvimento de projetos é realizado o

planejamento e desenvolvimento do produto. Para os empreendimentos estudados o

planejamento foi desenvolvido pela direção, departamento de arquitetura (projetos) e

da engenharia (obra).

A etapa de desenvolvimento de projetos inclui a seguinte sequencia de

trabalhos:

- Desenvolvimento do projeto legal: projeto desenvolvido para aprovação nos

órgãos públicos competentes. Em atividade paralela à elaboração do projeto legal é

elaborado o material informativo e promocional do empreendimento.

- Desenvolvimento do projeto executivo: projeto que consta de informações

detalhadas para execução do empreendimento. Este projeto é enviado para a obra

para a posterior execução.

Por fim a última etapa deste processo é o desenvolvimento de material

comercial através do:

- Lançamento do empreendimento: acompanhado de um evento e com

divulgação comercial na mídia e material comercial de divulgação.

O fluxograma atual do processo completo de personalização de projetos e

obras da empresa é caracterizado pelo envolvimento do departamento comercial,

engenharia (obra) e do cliente. Denominado como segunda etapa do processo de

personalização de projetos e obras da empresa foi subdividido em:

- Apresentação do material de divulgação: ação desenvolvida pelo

departamento comercial para divulgação das informações para os envolvidos no

processo;

- Comercialização do produto: inicio do trabalho de vendas do

empreendimento pelo departamento comercial. Nesta fase do processo surgem as

94

primeiras conversas sobre a personalização do apartamento entre o cliente e o

departamento comercial;

- Contato do cliente com o imóvel: acontece através do encontro do cliente

com o engenheiro da obra ou mesmo quando da visita do cliente ao apartamento

decorado;

- Solicitação de alterações no apartamento: são as solicitações feitas pelo

cliente diretamente ao engenheiro responsável pela obra;

- Análise da viabilidade técnica: ao receber a solicitação de alterações do

cliente o engenheiro responsável faz a análise da viabilidade técnica para execução

das possíveis alterações, o que pode culminar em duas ações posteriores: se não

aprovada, há a renegociação com o engenheiro responsável sobre a solicitação e, se

aprovada, continua o processo passando para a próxima fase;

-Desenvolvimento da ficha de alteração do apartamento com as

modificações: documento gerado pela equipe da engenharia na obra (Anexo A) que

consta de informações sobre o proprietário do apartamento, a planta com as

alterações e a descrição das alterações. Esta ficha é submetida à aprovação do cliente,

caso não aprovada volta à equipe da engenharia e sendo esta aprovada, processo

segue;

- Material fornecido pelo cliente: se sim, o material fornecido pelo cliente é

repassado à execução; no caso de não ser fornecido pelo cliente, então deve ser

informado se haverá a troca de piso. Se sim, será elaborado o aditivo contratual e, se

não, a equipe da engenharia se apropria dos materiais disponíveis em estoque.

Diante destas informações o processo segue com a execução das alterações

solicitadas e finaliza com a entrega do produto ao cliente.

O fluxograma atual do processo de personalização de projetos e obras da

empresa é apresentado à Figura 23.

95

Figura 23 - Fluxograma atual do processo de personalização de projetos e obras desenvolvido

pela empresa.

Fonte: A autora.

96

3.14 FLUXOGRAMA PROPOSTO DO PROCESSO DE

PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS DA EMPRESA ESTUDADA

Visando a melhoria do processo de personalização de projetos e obras

adotado pela empresa foi desenvolvida uma proposta para o fluxograma de

informações e documentos do processo de projeto e lançamento do empreendimento

e dois fluxogramas do processo de personalização de projetos e obras da empresa

dividido em etapas.

A utilização de uma ferramenta importante de controle, o PDCA contribuiu

para a organização e montagem desta estrutura. O PDCA visa à análise e melhoria

dos processos organizacionais e a eficácia do trabalho com os agentes envolvidos,

divididos em quatro etapas:

O planejamento (PLAN) ação que acontece desde o inicio da concepção do

empreendimento em que devem ser definidas as metas propostas e o método de

alcance para as mesmas dentre elas: o público a ser atingido, o perfil deste público, o

estudo das necessidades mínimas para cada ambiente para que assim possam ser

desenvolvidos projetos que atendam as necessidades e expectativas deste público.

A segunda etapa consiste na execução (DO) das tarefas anteriormente

traçadas na etapa de planejamento, colocando em prática as estratégias pré-definidas

e atuando na idealização de procedimentos de treinamentos com os envolvidos.

Todos os procedimentos referentes ao processo são desenvolvidos nesta etapa, bem

como as inspeções de serviço, o check list de vistoria e o termo de vistoria de obra e

recebimento do imóvel.

A partir do início da execução dos procedimentos que fazem parte do

processo de personalização de projetos e obras é necessário checar (CHECK) se o

que foi executado está conforme o planejado, se a meta foi alcançada, se as ações se

encontram dentro do método definido, identificando os desvios na meta ou no

método.

Durante a implantação dos procedimentos podem ser identificados alguns

desvios e a detecção de produtos não conformes, neste caso devem acontecer ações

corretivas (ACTION). Quando não houver desvios durante a implantação do

processo, as ações devem ser preventivas e atuam com a finalidade de identificação

97

dos possíveis desvios futuro. Com isso são necessárias definições e programações

que eliminem as suas causas.

A proposta do fluxograma do processo de personalização de projetos e obras

abrange quatro áreas do ambiente de trabalho da empresa: direção, departamento

comercial, arquitetura (projetos) e engenharia (obra), com suas devidas

responsabilidades e objetivos bem definidos. O objetivo do fluxograma do processo é

a proposição de ações a serem desenvolvidas de forma que o processo funcione de

maneira mais eficaz e que envolva todas as partes participantes.

Direção

O comprometimento da direção é fundamental para o sucesso no processo de

personalização de projetos e obras da empresa. O apoio da direção através da tomada

de decisões e de investimentos em recursos humanos: máquinas, equipamentos, mão

de obra e treinamentos marcam de maneira positiva a imagem da mesma e tende a

influenciar no comportamento de toda cadeia produtiva e demais colaboradores. A

direção comprometida com o processo estimula a participação de seus colaboradores.

Departamento Comercial

O material de divulgação comercial do empreendimento deve conter a

especificação do tipo de personalização oferecida pela empresa que neste caso é a

personalização permitida.

Com o material de divulgação pronto, o departamento comercial inicia o

trabalho de divulgação e venda do empreendimento. Durante as vendas o

departamento comercial deve ser sempre abastecido de informações complementares

da obra, como: cronograma e a etapa em que a obra se encontra para que no

momento da venda não haja o comprometimento com os clientes sobre alterações/

modificações que não possam ser posteriormente atendidas.

É necessário o trabalho do departamento comercial em conjunto com a equipe

da engenharia para que sejam obtidos resultados mais eficientes no desenvolvimento

deste processo.

98

Arquitetura (Projetos)

O desenvolvimento do processo de projeto se inicia com a busca pelo terreno

até o lançamento do empreendimento e esta sequência de trabalho tem funcionado

bem para a empresa, portanto deve ser preservada. É importante que a empresa

mantenha o processo atual adotado e acrescente na atividade de planejamento e

desenvolvimento do produto o desenvolvimento do planejamento para o

oferecimento da personalização de projetos e obras.

A deficiência percebida no processo de personalização da empresa é

justamente com relação à interligação do processo de projeto desenvolvido

atualmente com o processo de personalização oferecido. Para tanto, a sugestão é a

interligação do fluxograma proposto de informações e documentos do processo de

projeto e lançamento do empreendimento, Figura 24, ao fluxograma proposto do

processo de personalização de projetos e obras.

Para o desenvolvimento do processo proposto de personalização de projetos e

obras da empresa é importante a disponibilização de uma equipe de atendimento ao

cliente para desenvolvimento dos projetos personalizados e o acompanhamento do

serviço de execução da obra para cada apartamento que vier a sofrer alguma

alteração.

Essa equipe poderá ficar instalada na obra de forma a facilitar o

desenvolvimento dos serviços de projeto, ou preenchimento da ficha de alterações de

apartamentos, Anexo A, bem como o andamento da execução da obra e a sua

fiscalização. O projeto alterado/modificado ficará na obra até o término e posterior

ao término será encaminhado ao escritório de projetos para arquivo especifico.

Engenharia (Obra)

Após a análise de viabilidade técnica do projeto pela Engenharia e antes da

aprovação do projeto pelo cliente, a Engenharia deverá definir as responsabilidades

legais quanto aos requisitos de desempenho de material segundo a NBR 15575 que

estabelece critérios relativos ao desempenho térmico, acústico, lumínico e de

segurança ao fogo e que neste caso se aplica aos pisos, vedações verticais internas e

sistemas hidrossanitários. Esta definição ficará registrada em documento que deve

ser aprovado pelo cliente.

99

Após a aprovação do projeto e do documento de responsabilidade legal o

Engenheiro responsável pela execução da obra fará o repasse das informações ao

mestre de obras e sua equipe. Os serviços deverão ser inspecionados separadamente

ao final de cada etapa e antes do início de um novo serviço através do preenchimento

da ficha de verificação de serviço – FVS (Apêndice A).

Ao término da obra será feito um check list de vistoria final da obra – CL

(Apêndice B) que consta da relação de todos os cômodos do imóvel, os itens

observados e se os serviços estão aprovados ou reprovados. Na sequência será

preenchido o termo de vistoria da obra – TVO, Apêndice C, onde serão levantadas as

falhas detectadas na vistoria da obra, as providências a serem tomadas e os

responsáveis pela eliminação das mesmas. Posteriormente será preenchido o termo

de recebimento de imóvel – TRI, Apêndice D,que serve de documento para que a

empresa se certifique que o proprietário recebeu seu imóvel. Os registros gerados

devem ficar arquivados na obra até o término e depois em arquivo específico no

escritório de projetos.

A segunda etapa é apresentada por meio do fluxograma proposto do processo

de personalização de projetos e obras da empresa, conforme Figura 25.

Na terceira etapa o fluxograma proposto do processo de personalização de

projetos e obras da empresa se apresenta conforme Figura 26.

100

Figura 24 - Fluxograma proposto do processo de projeto e lançamento do empreendimento.

Fonte: A autora.

101

Figura 25 - Fluxograma proposto do processo de personalização de projetos e obras da empresa

– segunda etapa.

Fonte: A autora.

102

Figura 26 - Fluxograma proposto do processo de personalização de projetos e obras da empresa

– terceira etapa.

Fonte: A autora.

103

3.15 PROPOSTA DO GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E

OBRAS PARA O CLIENTE

Ao ofertar um imóvel personalizado ao cliente é necessário o repasse de

informações de maneira clara e objetiva para que o mesmo entenda como acontece o

desenvolvimento do processo, quais são os departamentos envolvidos, de que forma

e quando devem e podem ser solicitadas as alterações/ modificações em seu

apartamento.

A criação de um guia de personalização de projetos e obras para o cliente

(Apêndice E) possibilita reunir informações práticas e concisas sobre o caminho a ser

seguido pelo comprador que necessita realizar alguma alteração/modificação em seu

apartamento. Este instrumento deve ser direcionado pelo processo proposto de

personalização de projetos e obras e apresenta-se dividido pelos seguintes itens:

- Capa: onde pode ser apresentada uma imagem em perspectiva do

empreendimento;

- A empresa: constituído por um breve histórico da empresa e a explicação

sobre a forma como a personalização é oferecida pela empresa;

- Relacionamento com o cliente: subdividido em central de relacionamento

com o cliente, que propõe um canal de comunicação entre o cliente e a empresa;

portal do cliente: canal de comunicação restrito e individual através do site da

empresa; comunicação do cliente: realizada através de carta registrada, avisando

antecipadamente cada etapa da obra e as datas limites para que sejam efetuadas as

solicitações de alterações;

- Visita à obra: o oferecimento da possibilidade de visita a obra para

acompanhamento da execução do imóvel, incluindo as regras e cuidados para tal;

- Solicitações de alterações/ modificações no imóvel: este item explica como

se dá a organização dos pedidos das solicitações de alterações/ modificações nos

imóveis, tornando mais claras para os clientes as informações sobre o processo de

personalização de projetos e obras oferecidos pela empresa.

O item orienta o cliente que gostaria de realizar alguma alteração no seu

imóvel, a entrar em contato com a empresa através da central de atendimento ao

cliente ou através do e-mail disponibilizado no guia para agendamento de uma

reunião com o engenheiro. Após a explanação das suas necessidades de alterações

104

por parte do cliente, o engenheiro responsável analisará as alterações viáveis de

execução, as quais serão transcritas para a ficha de alterações do imóvel, servindo de

documento de orientação a ser seguido na obra durante sua execução.

3.16 PROPOSTA DO GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E

OBRAS DA EMPRESA

Ao adotar um processo que ofereça ao cliente um imóvel personalizado, a

empresa deve estabelecer de forma planejada diretrizes executivas, delegando

responsabilidades, designando os agentes envolvidos, de que forma, quando devem e

podem ser solicitadas as alterações/modificações em seus empreendimentos.

Assim foi desenvolvido um guia de personalização de projetos e obras da

empresa (Apêndice F) contendo informações direcionadas aos departamentos

envolvidos no processo e que servirão de diretrizes a serem seguidas para o

desenvolvimento do processo.

O guia estabelece a forma de comunicação do cliente com a empresa, o

agendamento de visitas dos clientes na obra de forma a tornar mais prática para a

empresa à organização dos pedidos das solicitações de alterações/modificações nos

apartamentos.

Caso o cliente queira realizar alguma alteração em seu imóvel, deve efetuar

seu primeiro contato com a empresa através de um endereço eletrônico ou pela

central de atendimento ao cliente constantes do guia.

Após a análise da viabilidade técnica das solicitações de alterações pela

Engenharia, as mesmas serão transcritas para uma ficha de alterações dos

apartamentos, Anexo A, ou poderão ser desenvolvidos os projetos, quando

necessário. O Guia estabelece as diretrizes para o desenvolvimento dos projetos,

como, por exemplo, os itens de projeto e escala.

Antes da aprovação do projeto pelo cliente, a Engenharia deverá definir as

responsabilidades legais quanto aos requisitos de desempenho de material segundo a

NBR 15575 que estabelece critérios relativos ao desempenho térmico, acústico,

lumínico e de segurança ao fogo, aplicados aos pisos, vedações verticais internas e

sistemas hidrossanitários. Esta definição ficará registrada em documento que deve

ser aprovado pelo cliente.

105

Caso o material seja fornecido pelo cliente, serão estabelecidos prazos para o

cumprimento da entrega do material na obra.

Os serviços deverão ser inspecionados separadamente ao final de cada etapa e

antes do início de um novo serviço.

Ao término da obra será feito um check list de vistoria final da obra – CL,

Apêndice B. Na sequência será preenchido o termo de vistoria da obra – TVO,

Apêndice C, e posteriormente será preenchido o termo de recebimento de imóvel –

TRI, Apêndice D.

Todos os registros gerados devem ficar arquivados na obra até o término e

depois em arquivo específico no escritório de projetos.

106

4. CONCLUSÕES

Através do levantamento de todo o processo de personalização de projetos e

obras da empresa foram detectadas algumas dificuldades, que contribuíram para a

reconstituição e análise do processo atual e a configuração do processo proposto.

As observações na obra, no escritório comercial e no setor de projetos,

mostraram a tendência da independência nas atividades realizadas no dia a dia por

parte de cada departamento da empresa envolvido no processo. As áreas que

deveriam trabalhar de forma integrada, atuando na troca de informações, atualmente

trabalham separadamente, gerando as diversas dificuldades e problemas encontrados

no desenvolvimento do processo atual.

Um dos problemas encontrados na construtora e que impacta diretamente no

processo estudado foi o fluxo de informações entre cliente, departamento comercial e

engenharia, por exemplo, com relação aos pedidos de modificações feitos de forma

tardia, ou seja, após a conclusão de um serviço já executado no apartamento o que

causou muitas vezes retrabalho, gerou resíduos e atrasos no cronograma de obras e

de compra materiais.

A questão dos tempos e prazos é, portanto, crucial, até mais do que os

aspectos tecnológicos da construção.

Este fato se dá principalmente pela falta de organização e controle da

construtora que não define prazos para as alterações acontecerem. Também não há

definição de quais alterações podem ou não ser executadas.

O planejamento e o controle acontecem de maneira insatisfatória. Até o

presente momento da pesquisa o planejamento era desenvolvido através de reuniões

com os departamentos envolvidos: direção, arquitetura e engenharia, porém de

maneira não estruturada se baseando em dados de obras anteriores.

Durante as observações feitas na construtora, percebeu-se que para a Direção

da empresa o cliente tem sempre razão o que se confirma diante das informações

obtidas de que todas as solicitações de alterações nos apartamentos foram realizadas.

Assim, por diversas vezes a empresa acabou por realizar a venda condicionada às

modificações que o cliente solicitou, independente da etapa em que a obra se

encontrava, perdendo-se desta forma o controle sobre o processo.

107

Verificou-se que no empreendimento estudado o engenheiro responsável teve

autonomia na decisão de oferecer ao cliente o serviço de personalização de projetos e

obras, o que não acontece em todos os empreendimentos da empresa. A direção da

empresa é quem dá esta autonomia ao engenheiro responsável pela obra e cabe ao

mesmo decidir pelo oferecimento do serviço de personalização ou não.

Outro problema encontrado no processo de personalização é a total ausência

de interligação do departamento de arquitetura (projetos) com a engenharia (obra)

quando se trata da personalização de projetos e obras. Todo o processo atual se passa

na obra e é desenvolvido pela equipe técnica da engenharia. O início do processo se

dá através do contato do cliente com o apartamento decorado ou na própria obra. A

primeira troca de informações sobre a possibilidade de alterações nos apartamentos é

feita entre cliente e departamento comercial ou cliente e engenharia, não existindo

um procedimento definido.

A engenharia absorve várias atividades justamente pela falta de planejamento

de outras áreas que deveriam estar envolvidas no processo.

A falta de visão sistêmica, a postura da empresa e do departamento comercial

diante dos clientes colabora para que o departamento de arquitetura (projetos) e a

engenharia (obra) trabalhem cada qual em seu ritmo, demasiadamente acelerados ao

agir no cumprimento dos seus serviços. Desta forma, o processo se torna

fragmentado e cada departamento atua de maneira que o serviço seja mais rápido e

prático para si.

Há a necessidade de se disponibilizar uma equipe de atendimento ao cliente,

atuando no auxilio das definições do que realmente se quer alterar em cada

apartamento, acompanhando-o durante todo o processo proposto.

A empresa já possui um Sistema de Gestão da Qualidade implantado, através

do PBQP-H e poderia utilizar desta experiência para a consolidação do processo de

personalização na elaboração de padrões, migrando e adaptando documentos e

inspeções de serviço.

Através das informações sobre o processo atual de personalização da empresa

foram elaboradas as propostas do fluxograma de informações e documentos do

processo de projeto e lançamento do empreendimento e dois fluxogramas do

processo de personalização de projetos e obras da empresa que é dividido em etapas.

108

Os fluxogramas definem os departamentos envolvidos no processo, a ação

que deverá ser desenvolvida e a sequência de cada etapa. Estes estão inseridos no

guia de personalização interno e no guia de personalização para o cliente, propostos

como material informativo que constam das alterações dos imóveis permitidas, os

prazos para as mesmas serem efetuadas as solicitações e demais informações

necessárias.

O material foi desenvolvido com o objetivo de direcionar e padronizar o

processo de personalização de projetos e obras da empresa, porém, de fato, o

primeiro ponto a ser implantado na empresa é a organização do planejamento do

empreendimento de forma clara, promovendo a integração de todos os agentes

envolvidos no processo, definindo os passos a serem tomados, os prazos, as

responsabilidades. A verificação de que tudo esta funcionando conforme o planejado

é importante para a melhoria do processo, através da implementação do PDCA. Com

as informações levantadas durante as verificações, a empresa poderá agir

corretivamente ou preventivamente na busca pela melhoria continua.

Há um grande caminho a ser percorrido pela construtora e os departamentos

envolvidos, direção, comercial, arquitetura (projetos) e a engenharia (obra), que

influenciam diretamente no produto estudado. Todos estes departamentos podem se

pautar nos requisitos normativos do PBQP-H de forma a buscar os verdadeiros

benefícios deste sistema de gestão da qualidade e de suas ferramentas no

aprimoramento do seu processo de personalização de projetos e obras.

Diante da abrangência do assunto estudado a conclusão deste trabalho dá

margem a alguns tópicos que poderiam ser objeto de estudo para novas pesquisas, de

maneira a contribuir para melhor compreensão e melhoria na qualidade do processo

de personalização de projetos e obras. Pode-se sugerir como futuros trabalhos:

- Verificar se diretrizes gerais propostas à empresa estudada para o processo

de personalização de projetos e obras é aplicável em outras empresas que adotam a

personalização em seus empreendimentos;

- Analisar os custos gerados pela personalização de projetos e obras para a

empresa. Se os custos não puderem ser apropriados com exatidão, no mínimo podem

ser levantadas todas as fontes geradoras dos custos adicionais diretos e indiretos;

109

- Criar métodos de acompanhamento das necessidades dos clientes para

melhor desenvolvimento do processo de personalização de projetos e obras;

- Efetuar o cruzamento do perfil dos clientes com as modificações realizadas,

identificando alterações de função e estéticas;

- Identificar qual é o limite da área em que a personalização é mais evidente.

110

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117

ANEXOS

ANEXO A – Ficha de Alterações de apartamentos.

Alterações:

Prop.

Torre:

Alterações de Apartamento

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Resp. Técnico

Fone:

Apto:

Data:

Escala:

Assinatura Prop.

Vendedor:

XXXXXXX

XXXXXXXXXX

XXXXXXXX

XXXXXXXXX

XXXXXXXX

CONSTRUTORA

OBRA:

VERSÃO:

Resp. Liberação:

DATA:

Assinatura:

EMPREENDIMENTO

TORRE ________ / BLOCO "__" / APTO ______

ANEXO A – FICHA DE ALTERAÇÕES DE APARTAMENTOS.

118

119

APÊNDICES

APÊNDICE A – Ficha de verificação de serviço – FVS.

APÊNDICE B – Check list de vistoria final da obra – CL.

APÊNDICE C – Termo de vistoria de obra– TVO.

APÊNDICE D – Termo de recebimento do imóvel – TRI.

APÊNDICE E - Guia de personalização de projetos e obras para o cliente.

APÊNDICE F – Guia de personalização e projetos e obras da empresa.

120

APÊNDICE A

FICHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇO – FVS

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

logo construtora

Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Alvenaria Não Estrutural e de Divisória Leve

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM ( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva

Verificar se a base está limpa, conferir os

esquadros do eixo, tolerância de ± 3 mm. Conferir os eixos x e y.

Verificar se os blocos estão alinhados.

Verificar com o prumo de face, o prumo da

parede e usar a régua de alumínio para conferir a planicidade.

O local de trabalho foi limpo ao final do

serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

121

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

logo construtora

Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Revestimento Interno de Área Seca

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM ( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva

Verificar se as alvenarias e tubulações elétricas

estão concluídas.

Verificar a distância das taliscas, no máximo 1,80m. Verificar os requadros de caixas, janelas

ou outros vãos. Checar o alinhamento e a

regularidade dos cantos com uma régua de alumínio com nível de bolha acoplado.

Verificar rejuntamento das peças se estão em perfeito estado.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

122

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

logo construtora

Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Revestimento Interno de Área Úmida

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM ( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva

Verificar se as alvenarias e tubulações elétricas

estão concluídas.

Verificar a distância das taliscas, no máximo 1,80m. Verificar os requadros de caixas, janelas

ou outros vãos. Checar o alinhamento e a

regularidade dos cantos com uma régua de alumínio com nível de bolha acoplado.

Verificar rejuntamento das peças se estão em perfeito estado. Verificar se o serviço está

pronto para receber a impermeabilização.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

123

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

logo construtora

Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Revestimento Externo - sacada

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM ( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva

Verificar se as alvenarias e tubulações elétricas

estão concluídas.

Verificar a distância das taliscas, no máximo 1,80m. Verificar os requadros de caixas, janelas

ou outros vãos. Checar o alinhamento e a

regularidade dos cantos com uma régua de alumínio com nível de bolha acoplado.

Verificar rejuntamento das peças se estão em perfeito estado. Verificar se o serviço está

pronto para receber a impermeabilização.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

124

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

logo construtora

Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Piso Interno Área Seca

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Verificar o prumo, planicidade, limpeza e nivelamento. No contrapiso, ver caimentos e

rebaixos. Instalações elétricas, hidráulicas

devem estar executadas e o sistema de impermeabilização concluído. Os ralos devem

ser protegidos.

Verificar o nivelamento entre as peças, e a ausência de dentes sobressalentes.

Verificar as dimensões, o alinhamento e a

aplicação de mástique nas juntas de expansão e juntas estruturais, quando houver. Averiguar as

dimensões e o alinhamento das juntas entre as

peças.

Assegurar o intervalo mínimo de 24 horas para

iniciar o rejuntamento dos pisos. Verificar a abertura e o alinhamento das juntas. Observar a

homogeneidade do preenchimento das juntas

entre as peças. O acabamento final obtido pelo frisamento deve ser liso e regular.

Observar a limpeza do rejuntamento com

esponja molhada e um intervalo para limpeza após frisamento (com auxílio de pano seco).

Verificar o aspecto visual, atentando para

manchas de argamassa de assentamento e/ou rejunte deixadas por falhas de limpeza

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

125

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Piso Interno Área Úmida - azulejo

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Verificar o prumo, planeza, limpeza e nivelamento. No contrapiso, ver caimentos e

rebaixos. Instalações elétricas, hidráulicas

devem estar executadas e o sistema de impermeabilização concluído. Os ralos devem

ser protegidos. Em caso de paredes, verificar

vãos e acabamentos elétricos.

Verificar o nivelamento entre as peças, e a

ausência de dentes sobressalentes.

Verificar as dimensões, o alinhamento e a aplicação de mástique nas juntas de expansão e

juntas estruturais, quando houver. Averiguar as

dimensões e o alinhamento das juntas entre as peças.

Assegurar o intervalo mínimo de 24 horas para

iniciar o rejuntamento dos pisos e azulejos.

Verificar a abertura e o alinhamento das juntas. Observar a homogeneidade do preenchimento

das juntas entre as peças. O acabamento final

obtido pelo frisamento deve ser liso e regular.

Observar a limpeza do rejuntamento com esponja molhada. Verificar o aspecto visual,

manchas de argamassa de assentamento e/ou

rejunte.

O local de trabalho foi limpo ao final do

serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

126

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Execução de Forro

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Averiguar se as instalações elétricas, hidráulicas

e de ar condicionado estão concluídas.

Verificar se os revestimentos de paredes estão

curados e secos e observar se partes metálicas estão protegidas.

Verificar a fixação dos pinos e ganchos nas

placas de gesso.

Verificar o pé direito dos cômodos de acordo

com as definições da obra.

Verificar a aplicação da massa de gesso entre as placas para dar acabamento.

As juntas entre as placas devem ter entre 5mm a

6mm. No contorno do forro verificar folga de

2cm. Verificar a correta localização dos pontos de elétrica após o forro acabado.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

127

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Colocação de Batente e Porta

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Paredes com a alvenaria e vãos concluídos,

parede rebocada e piso final pronto.

Verificar nível, prumo e alinhamento do batente com a parede e checar a presença de folgas.

Verificar, imediatamente antes da fixação, a

perfeita limpeza da área onde será aplicada a

espuma (quando houver). Depois, averiguar a abrangência da camada de espuma e a remoção

dos excessos.

Verificar se as portas não balançam quando fechadas, se ficam abertas em qualquer posição

(não fecham, nem abrem sozinhas). Observar se

as fechaduras não apresentam defeito de colocação (a porta deve ser trancada com

facilidade). Conferir se as guarnições (alisares)

estão com requadro perfeito e averiguar se não há marcas de martelo próximas aos pregos, que

não devem estar salientes.

O local de trabalho foi limpo ao final do

serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

128

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Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Pintura Interna

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Verificar a conclusão dos revestimentos de

parede (reboco) no prazo mínimo de 30 dias,

piso (quando for o caso), batentes, portas e caixilhos.

Proteger com fita crepe, jornal ou lona os locais que não receberão pintura.

Verificar a aplicação da massa corrida ou

revestimento a ser utilizado. Verificar a

planicidade, que deve ser observada com uma lâmpada. Checar o lixamento da superfície e

assegurar o intervalo entre demão de pelo menos

quatro horas.

Conferir a retirada da poeira que ficou aderida

após o lixamento. Verificar os recortes nos

cantos do teto, paredes, molduras de portas e janelas.

Verificar visualmente, se a pintura apresenta-se

uniforme, sem falhas, imperfeições ou escorrimentos.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

129

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Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Pintura Externa - sacada

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Certificar-se da cura dos revestimentos e

verificar a conclusão dos revestimentos de piso,

a instalação de batentes, portas e caixilhos para pintura com acabamento liso convencional.

Verificar visualmente a proteção de detalhes que

não devem ser pintadas, assegurar a remoção de sujeira, partes soltas ou mal aderidas.

Verificar o lixamento da superfície com lixas

150 e 180 e observar o intervalo entre demãos

garantindo a secagem completa da demão anterior.

Verificar visualmente, se a pintura apresenta-se

uniforme, sem falhas, imperfeições ou escorrimentos.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

130

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Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Instalação Elétrica

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Conferir a distribuição de caixas de passagem,

pontos de tomadas, interruptores e outros de

acordo com o projeto. Averiguar a proteção das mesmas.

Durante a colocação dos fios, verificar se o cabo ou arame guia foi passado nas tubulações.

Checar se nas emendas foi usado conectores ou

isolação adequada. Observar o uso de

braçadeiras nos condutores verticais para aliviar o esforço mecânico devido ao seu peso.

Conferir a colocação das tomadas e

interruptores. Conferir a colocação dos espelhos.

Verificar a instalação das luminárias e

disjuntores após a instalação das portas, janelas e vidros, evitando roubos.

O local de trabalho foi limpo ao final do

serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

131

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Instalações Hidrosanitárias

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Alvenaria concluída, rasgos nas paredes

efetuados, furos das lajes prontas.

Verificar a disposição da tubulação conforme

projeto. Conferir se as tubulações estão

protegidas com papel, papelão ou outro tipo de proteção. Checar o recuo nas juntas dos tubos.

O local de trabalho foi limpo ao final do

serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

132

FVS-xx

Processo de personalização de projetos e obras

Folha:

Revisão:

Data:

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Ficha de Verificação de Serviço

Instalação de Bancadas, Loucas e Metais Sanitários

Obra: Engenheiro: Mestre ou Encarregado:

Legenda: (A) Aprovado (AC) Aceito sob Concessão Responsável pela Inspeção:

(R) Reprovado (NA) Não aplicável

LOCAL DE INSPEÇÃO → Observações

Nº DE INSPEÇÕES → 1ª

inspeção 2ª inspeção Necessária ação

corretiva?

( ) SIM

( ) NÃO

Necessária ação

preventiva?

( ) SIM

( ) NÃO

DATA DE INÍCIO E TÉRMINO →

ITENS DE INSPEÇÃO (A) - (R) - (AC) -

(NA)

Descrição da não

conformidade

Descrição da ação

corretiva ou

preventiva Loucas e Metais - Observar a fixação por meio

de parafusos. Checar a aplicação de rejunte nos

aparelhos sanitários onde for necessário, averiguar a limpeza das caixas sifonadas e

conferir o funcionamento e limpeza das peças.

Bancadas - Verificar se as mãos francesas estão

perfeitamente alinhadas e niveladas uma em relação a outra, através de utilização de régua

metálica e nível de bolha.

Bancadas - Verificar visualmente se a válvula da

cuba está alinhada com o ponto de esgoto. Verificar se o frontão está nivelado em relação a

bancada, através de régua metálica, trena

metálica e nível de bolha.Verificar visualmente se a massa plástica foi aplicada nos pontos de

apoio das mãos francesas, no frontão e silicone

no topo. Verificar se a pedra está em perfeitas condições.

O local de trabalho foi limpo ao final do serviço?

SITUAÇÃO Reprovado – R ( ) Aprovado – A ( )

133

APÊNDICE B

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Processo de personalização de projetos e

obras Check List de Vistoria final da Obra

CL XX

Folha:

Revisão:

Data:

OBRA:

APT.:

LEGENDA:

A- Aprovado R- Reprovado

DATA: A R OBSERVACOES

Sala

Pintura

Piso

Forro

Interruptores, tomadas, luminárias

Cozinha

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada e pia

Lavanderia

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada e pia

134

OBRA:

APT.:

LEGENDA:

A- Aprovado R- Reprovado

DATA: A R OBSERVACOES

Lavabo

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada, pia e vaso sanitário

Banheiro social

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada, pia e vaso sanitário

Quarto suíte 1

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada, pia e vaso sanitário

Sacada 1

Piso

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Ralo

135

OBRA:

APT.:

LEGENDA:

A- Aprovado R- Reprovado

DATA: A R OBSERVACOES

Quarto suíte 2

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada, pia e vaso sanitário

Quarto suíte 3

Piso e azulejo

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Torneiras e registros

Sifão, válvulas e ralos

Bancada, pia e vaso sanitário

Sacada 2

Piso

Pintura em geral

Interruptores, tomadas, luminárias

Ralo

Responsável pela inspeção

Nome:

Ass.:

Data:

Engenheiro Responsável

Nome:

Ass.:

Data:

136

APÊNDICE C

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Processo de personalização de projetos e

obras Termo de Vistoria de Obra

TVO XX

Folha:

Revisão:

Data:

OBRA: N. UNIDADE: DATA:

TERMO DE VISTORIA DA OBRA N.___________

Itens Falhas Detectadas na Vistoria Final da Entrega da obra Responsável

1

2

3

4

5

6

7

8

Declaro que são estas as providências necessárias e me comprometo a comparecer para a vistoria complementar e assinatura do Termo de Recebimento da obra, caso tudo esteja a contento. Data:

___/___/___

Nova Vistoria: Ass.

Pelo presente termo, aceito os serviços prestados pela empresa Construtora XXX, na data de ____/___/____, para a correção das

falhas apontadas na tabela acima, nada mais tendo a declarar pelos mesmos.

Assinatura do Proprietário / Representante: Assinatura do Responsável da Empresa:

137

APÊNDICED

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Processo de personalização de projetos e

obras Termo de Recebimento do Imóvel

TRI XX

Folha:

Revisão:

Data:

TERMO DE RECEBIMENTO DO IMÓVEL

A Empresa _________________________________________________cujo CNPJ

é_____________________localizada______________________________________

________________________________________________________, declara que o

Sr.________________________________________________________________

CPF __________________________, RG________________________, recebe na

presente data as chaves do apartamento de N°. ____________ do Empreendimento

__________________________________________, assumindo desde já, todas as

responsabilidades sobre o imóvel.

_________________ , ______ de _____________ de 20 ____

__________________________________

Assinatura do Proprietário/ Representante

138

APÊNDICE E – GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS

PARA O CLIENTE (EMPREENDIMENTO 2).

139

A EMPRESA

Histórico da empresa

A construtora estudada atua na construção de imóveis residenciais, do tipo

apartamentos e atua no Município de Cuiabá a aproximadamente 30 anos.

Com o crescimento da empresa, houve a necessidade da qualificação

profissional o que ocasionou no ano de 2005 a busca pela certificação pelo PBQP-H

nível A, documento que assegura que uma empresa está dentro dos requisitos

exigidos e ISO 9001:2008, que tem a função de promover a normatização de

produtos e serviços. Atualmente a empresa possui 45 edifícios construídos, somando

440.000 m² de área construída.

Personalização de projetos e obras

A construtora oferece aos seus clientes a personalização permitida na qual o

cliente faz as solicitações de alterações/ modificações necessárias no seu imóvel e a

empresa analisa a viabilidade técnica para execução das mesmas sempre procurando

a melhor forma de atendê-lo.

140

RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

Visando manter um bom relacionamento com o cliente, a construtora

disponibiliza uma central de relacionamento com o cliente para o esclarecimento de

dúvidas, agendamento de visitas às obras e agendamento de reuniões com o

Engenheiro responsável pela sua obra. A central se encontra disponível a partir da

assinatura do contrato até o momento de entrega das chaves do seu imóvel.

É um canal de comunicação restrito, seguro e individual com o cliente

disponibilizado através do nosso site na internet.

Cada cliente ao assinar seu contrato receberá uma senha e um login de acesso

ao portal para o acompanhamento do estágio da obra de seu imóvel, fotos e dados do

empreendimento via web.

Outra forma de comunicação oferecida pela empresa é o envio de carta

registrada avisando com antecedência as datas limites pertinente a cada etapa da obra

para que o cliente possa se programas quanto às solicitações de alterações em seu

imóvel.

O contato pode ser feito através do e-mail: [email protected] ou

pelos telefones:

(65) xxxxxxxx, (65) xxxxxxxx

Endereço: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Horário de atendimento: 2º a 6º feira das 09hs as 16hs

www.xxxxxx.com.br

CENTRAL DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

PORTAL DO CLIENTE

COMUNICAÇÃO COM O CLIENTE

141

O EMPREENDIMENTO

A construtora oferece à possibilidade de visita a obra do seu empreendimento

adquirido para que você acompanhe de perto a execução e a qualidade no processo

de construção do seu imóvel.

O horário para as visitas serão determinadas pelo Engenheiro responsável

pela obra para sua maior segurança e o melhor aproveitamento da visita.

Para visitar a obra o cliente deve entrar em contato com a central de

atendimento ao cliente e efetuar a sua solicitação. A confirmação com a data e

horário agendado estará disponível na página da empresa (internet) no link portal do

cliente.

Espaço reservado para foto de visita realizada na obra.

VISITA A OBRA

142

Caso o cliente queira realizar alguma alteração no seu imóvel, deve entrar em

contato com a central de atendimento ao cliente, com o departamento técnico da obra

ou enviando um e-mail para o seguinte endereço: [email protected] com as

seguintes informações:

Dados da obra e do proprietário:

Nome do proprietário.

Nome da edificação adquirida.

Nº do apartamento e bloco.

Endereço e telefone para contato.

Descrição da modificação.

A equipe de atendimento ao cliente estará disponível para desenvolvimento

dos projetos de personalização para cada unidade habitacional alterada (quando

necessário) e a fiscalização das obras.

Através da central de atendimento ao cliente será agendada a reunião com a

Engenharia para análise da viabilidade técnica das solicitações de alterações na

unidade habitacional.

Caso sejam aceitas pelo Engenheiro será preenchida a ficha de alterações de

apartamento, e quando necessário serão desenvolvidos os projetos e o memorial

descritivo pela equipe de atendimento ao cliente com base nas informações coletadas

na ficha de alteração do imóvel.

Quando necessário o desenvolvimento do projeto o cliente tem a opção de

contratar, ser orientado e assessorado por um profissional legalmente habilitado com

registro no CAU/MT que deverá seguir as orientações de escala e formatação à

serem repassadas pela equipe de atendimento ao cliente. Este projeto deve ser

analisado e aprovado pela equipe de atendimento ao cliente antes de sua execução.

Pequenas alterações/modificações não serão cobradas. Quando forem

solicitadas grandes alterações será elaborado o orçamento e repassado para

aprovação. O orçamento será anexado ao aditivo contratual juntamente com as

plantas com as modificações.

SOLICITAÇÕES DE ALTERAÇÕES/ MODIFICAÇÕES NO IMÓVEL

143

Serão aceitas somente alterações que preservem a estrutura original e as

descidas das instalações de água e esgoto.

Havendo impossibilidade de execução das alterações o cliente será contatado

pelo Engenheiro da obra que esclarecerá os motivos pelo quais a obra não poderá ser

realizada.

Caso o material seja fornecido pelo cliente, serão estabelecidos prazos para o

cumprimento da entrega do material na obra, formalizado através de um documento

que deverá ser assinado pelo cliente e pelo representante da empresa.

Ficha de alterações de apartamento

Alterações:

Prop.

Torre:

Alterações de Apartamento

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Resp. Técnico

Fone:

Apto:

Data:

Escala:

Assinatura Prop.

Vendedor:

XXXXXXX

XXXXXXXXXX

XXXXXXXX

XXXXXXXXX

XXXXXXXX

CONSTRUTORA

OBRA:

VERSÃO:

Resp. Liberação:

DATA:

Assinatura:

EMPREENDIMENTO

TORRE ________ / BLOCO "__" / APTO ______

144

APÊNDICE F

GUIA DE PERSONALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS DA EMPRESA

Caso o cliente queira realizar alguma alteração no seu imóvel, deve entrar

em contato com a central de atendimento ao cliente, com o departamento técnico da

obra ou enviando um e-mail para o seguinte endereço: [email protected]

com os seguintes dados:

Dados da obra e do proprietário:

Nome do proprietário.

Nome da edificação adquirida.

Nº do apartamento e bloco.

Endereço e telefone para contato.

Descrição da modificação.

A equipe de atendimento ao cliente estará disponível para desenvolvimento

dos projetos de personalização para cada unidade habitacional alterada (quando

necessário) e a fiscalização das obras.

Através da central de atendimento ao cliente será agendada a reunião com a

Engenharia para análise da viabilidade técnica das solicitações de alterações na

unidade habitacional.

Caso sejam aceitas pelo Engenheiro será preenchida a ficha de alterações de

apartamento, e quando necessário serão desenvolvidos os projetos e o memorial

descritivo pela equipe de atendimento ao cliente com base nas informações coletadas

na ficha de alteração do imóvel.

Quando necessário o desenvolvimento do projeto o cliente tem a opção de

contratar, ser orientado e assessorado por um profissional legalmente habilitado com

registro no CAU/MT que deverá seguir as orientações de escala e formatação à

serem repassadas pela equipe de atendimento ao cliente. Este projeto deve ser

analisado e aprovado pela equipe de atendimento ao cliente antes de sua execução.

Pequenas alterações/ modificações não serão cobradas. Quando forem

solicitadas grandes alterações será elaborado o orçamento e repassado para

aprovação. O orçamento será anexado ao aditivo contratual juntamente com as

plantas com as modificações.

145

Serão aceitas somente alterações que preservem a estrutura original e as

descidas das instalações de água e esgoto.

Havendo impossibilidade de execução das alterações o cliente será contatado

pelo Engenheiro da obra que esclarecerá os motivos pelo quais a obra não poderá ser

realizada.

Antes da aprovação da ficha de alterações de apartamento ou projeto pelo

cliente, a Engenharia deverá definir as responsabilidades legais quanto aos requisitos

de desempenho de material segundo a NBR 15575 que estabelece critérios relativos

ao desempenho térmico, acústico, lumínico e de segurança ao fogo, aplicados aos

pisos, vedações verticais internas e sistemas hidrossanitários. Esta definição ficará

registrada em documento que deve ser aprovado pelo cliente.

Caso o material seja fornecido pelo cliente, serão estabelecidos prazos para o

cumprimento da entrega do material na obra, formalizado através de um documento

que deverá ser assinado pelo cliente e pelo representante da empresa.

Ficha de alterações do apartamento

Alterações:

Prop.

Torre:

Alterações de Apartamento

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Resp. Técnico

Fone:

Apto:

Data:

Escala:

Assinatura Prop.

Vendedor:

XXXXXXX

XXXXXXXXXX

XXXXXXXX

XXXXXXXXX

XXXXXXXX

CONSTRUTORA

OBRA:

VERSÃO:

Resp. Liberação:

DATA:

Assinatura:

EMPREENDIMENTO

TORRE ________ / BLOCO "__" / APTO ______

146

Projeto

A partir da ficha de alteração de apartamento a equipe de atendimento ao

cliente ou arquiteto contratado pelo cliente irá desenvolver os seguintes itens de

projeto executivo quando necessário:

- planta baixa, escala 1:50;

- cortes (caso necessário), em escala 1:50;

- detalhamento para execução (escala 1:25);

- relação e quantitativo de todos os materiais a serem substituídos no imóvel.

É necessário o desenvolvimento do respectivo memorial descritivo para ser

anexado ao projeto.

Engenharia (Obra)

Os projetos alterados/ modificados e/ou a ficha de alteração de apartamento

estarão disponíveis na obra em arquivo especifico que será restrito ao engenheiro

responsável e a equipe de atendimento ao cliente.

Serão repassadas as informações de alterações para o desenvolvimento de

novo cronograma e para a programação de execução das compras de materiais.

Serão aceitas somente alterações que preservem a estrutura original e as

descidas das instalações hidrossanitárias e elétricas.

Não poderão ser executadas as modificações internas que impliquem em

alteração de fachada e das partes de uso comum. Deslocamento ou perfuração de

elementos estruturais como lajes, vigas ou pilares. Posição do box do chuveiro e do

vaso sanitário. Nivelamento do rebaixo da sacada por motivos de sobrecargas

excessivas. Havendo impossibilidade de execução das alterações o cliente será

contatado pelo Engenheiro da obra que esclarecerá os motivos pelo quais a obra não

pode ser realizada. Aprovado o orçamento pelo cliente o mesmo será anexado ao

aditivo contratual juntamente com as plantas com as modificações.

Execução

Após a aprovação da ficha de alterações de apartamento ou projeto e do

documento de responsabilidade legal o Engenheiro responsável pela execução da

obra fará o repasse das informações ao mestre de obras e sua equipe.

O projeto deve ser fixado na parede do imóvel a ser alterado para o devido

acompanhamento.

147

Os serviços deverão ser inspecionados separadamente ao final de cada etapa e

antes do início de um novo serviço através do preenchimento da ficha de verificação

de serviço – FVS.

Ao término da obra será feito um check list de vistoria final da obra – CL, que

consta da relação de todos os cômodos do imóvel, os itens observados e se os

serviços estão aprovados ou reprovados. Na sequência será preenchido o termo de

vistoria de obra – TVO, onde serão levantadas as falhas detectadas na vistoria da

obra, as providências a serem tomadas e os responsáveis pela eliminação das

mesmas. Posteriormente será preenchido o termo de recebimento do imóvel – TRI,

que serve de documento para que a empresa se certifique que o proprietário recebeu

seu imóvel. Os registros gerados devem ficar arquivados na obra até o término e

depois em arquivo específico no escritório de projetos.

O procedimento deverá seguir as orientações conforme os fluxogramas

contidos neste documento.

148

Fluxograma do processo de projeto e lançamento do empreendimento.

149

Fluxograma do processo de personalização de projetos e obras da empresa – segunda etapa.

150

Fluxograma do processo de personalização de projetos e obras da empresa – terceira etapa.