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1. Conceito de Pesquisa Científica
A elaboração de um trabalho científico, definido monografia ou outro tipo de
trabalho (Tese, TCC, Dissertação de Mestrado, etc.) exige do pesquisador iniciante um
trabalho intenso, tendo em vista a busca de uma ou mais resposta ao problema proposto.
Essa busca, que mais se assemelha a uma garimpagem intelectual denomina-se
pesquisa.
É bem evidente que conhecimento, em geral, pode ser obtido de várias maneiras.
O camponês tem um conhecimento apropriado das plantas que cultiva, sabe a época de
plantar, de colher, etc. estas ações podem esta baseadas em conhecimentos aprendidos
por imitação, através da experiência pessoal ou de conhecimento internalizado pela
educação formal, transmitida por antecessores; pela tradição. Este homem pode, ainda,
possuir um conhecimento obtido por modo racional por transmissão e treinamento
apropriado conduzido pela ciência. Este agricultor sabe que o cultivo do mesmo tipo,
todos os anos viria a exaurir o solo, passando-se a cultivar diferentes tipos de plantações
para se evitar tal procedimento. Ainda no período feudal começou-se a cultivar duas
faixas de terra e deixar uma terceira para alternar a produção e consequentemente não
ocorrer a exaustão do solo. No início da Revolução Agrícola não se prende ao
aparecimento, no século XVIII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de
maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e
do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de se deixar a terra em repouso: seu
cultivo “revitalizava” o solo, permitindo o uso constante. O conhecimento científico
tende a aperfeiçoar e mudar, diante de novas descobertas, conceitos anteriores tidos
como verdadeiros.
Neste momento nós dispomos de duas categorias de informações na formação
deste conhecimento: O Conhecimento Popular (vulgar e empírico) e o Conhecimento
Científico.
A pesquisa é classificada como científica quando satisfaz a determinadas
condições. Seu objeto deve ser perfeitamente definido de forma que possa ser
reconhecível e identificável por todos. O estudo deve acrescentar algo ao que já se sabe
sobre o assunto e ser útil como fonte de pesquisa, fornecendo elementos que permitam a
verificação e a contestação das hipóteses apresentadas, tendo em vista a sua
continuidade.
2. Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se
distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto
conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do
“conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma grande quantidade “X” de
água e que, se não a receber de forma “natural”, deve ser irrigada, pode ser um
conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso
corra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu
ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra.
Dessa forma, patenteia-se dois aspectos:
a) a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
b) Um mesmo objeto ou fenômeno – uma planta, um mineral, uma
comunidade ou as relações entre chefes e subordinados – pode ser matéria de
observação tanto para o cientista e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
3. Característica do Conhecimento Popular
“Se o ‘bom senso’, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só
consegue atingir essa condição de forma muito limitada, pode-se dizer que o
conhecimento vulgar ou popular, latu sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo
de conhecer que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: é o saber
que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado,
sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo” (Babini, 1957:21).
Para Ander-Egg (1978:13-4), o conhecimento popular caracteriza-se por ser
predominantemente:
Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode
comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque
o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida
diária;
Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e
conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto os “por ouvir dizer”;
Assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma
sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
Acrítivo, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o
sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
4. Conhecimento Científico
Goode e Hatt indicam: “é a acumulação de conhecimentos sistemáticos”. Mário
Bunge vai mais adiante e diz que “o conhecimento é racional, sistemático, exato,
verificável e, por conseguinte, falível”. A verdade científica de hoje pode ser superada
diante de novas descobertas.
Conclui-se que a ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades
racionais, dirigido ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser
submetido à verificação.
Em termos globais, a ciência visa aumentar o conhecimento ou melhorar a
compreensão acerca dos fenômenos já conhecidos. Exemplo: Ao pisar na lua em 2 de
julho de 1969, aumentou-se o nosso conhecimento sobre o nosso satélite.
5. Quatro Tipos de Conhecimento
Conhecimento
Popular
Conhecimento
Científico
Conhecimento
Filosófico
Conhecimento
Religioso (Teológico)
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível
Inexato
Real (factual)
Contingente
Sistemático
Verificável
Falível
Aproximadamente
Exato
Valorativo
Racional
Sistemático
Não Verificável
Infalível
Exato
Valorativo
Inspiracional
Sistemático
Não Verificável
Infalível
Exato
6. Ciência
A ciência é uma forma de proceder que se renova para: a) responder
questionamentos; b) solucionar problemas; c) desenvolver de modo mais efetivo os
procedimentos de responder as questões e de solucionar problemas. É certamente um
modelo que se alcança pela pesquisa.
6.1 Qualidade Formal
A ciência caracteriza-se por ser instrumentação técnica, de teor formal, com
visitas e dominar a realidade.
O papel do cientista é estudar, pesquisar, sistematizar, teorizar sem, contudo,
intervir, influenciar, tomar posição no sentido de comprovar seu ponto de vista, sua
maneira de conceber a realidade. A qualidade do cientista está em ser competente
formalmente.
6.2 Aproveitamento Espiritual
Outro objetivo da ciência é o aproveitamento espiritual do conhecimento dos
mistérios, dos falsos conceitos, das superstições, falsos milagres, etc. É o caso da
levitação que entre os antigos cristãos era considerada como milagre. Na atualidade,
sabe-se que não passa de um fenômeno psico-físico de telecinesia em que uma pessoa
ou objeto eleva-se do solo pela potencialidade do “fluido” humano que é amplamente
desenvolvido em certos indivíduos e que tem a propriedade de opor-se à gravidade com
força igual e dirigida de baixo para cima (caso dos médiuns espíritas, parapsicólogos,
certos atos do próprio cristianismo, etc.).
6.3 Metodologia
É o estudo científico dos meios de obter o conhecimento humano. O Método.
Diferencia-se da Filosofia da Ciência, que trata descritivamente e especulativamente do
conhecimento.
6.4 A Pesquisa Científica
Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada,
desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela
ciência. (http://www.ortosite.com.br/p_bibliog/conceitos_basicos.htm 1 abril , 16:15)
Qual a finalidade da pesquisa científica na construção do conhecimento?
O conhecimento humano e um conhecimento que nunca vai parar. A humanidade e
perseguida pelos "porques".Se a pergunta for feita e, não existir um método para a busca da
resposta correta, a humanidade correra o risco de morar no mundo da fantasia.Pois tudo e
conversado e nada e provado.A pesquisa científica e feita dentro de uma metodologia que
obriga o pesquisador a colocar sua busca dentro de padrões rígidos E como um caminho
seguro.Assim ele vai buscando as respostas baseadas nas teorias e vai provando sua hipótese
científica .Deve provar diante de uma banca examinadora eficiente e competente sobre o
assunto em questão. Depois de aprovada a tese ela estará aberta para que qualquer cientista
em qualquer tempo em qualquer pais possa reproduzir o caminho científico descrito e
aprovado pela banca examinadora e pelo cientista em questão.Assim dos estudos realizados
dentro das regras da metodologia e técnicas de pesquisa o conhecimento humano vai se
avolumando.A eles vão sendo somados outras pesquisas e isto não para de crescer, E assim se
faz o conhecimento humano, cada pesquisa, cada cientista e um minúsculo tijolinho que vai
erguendo esse monumental edifício da inteligência ,capacidade, e competencia da
humanidade em caminhar para o futuro , com cada vez mais conhecimento e qualidade de
vida.Na ciência não tem fantasia, não se brinca com dados , com sorte .Muito raciocínio , muita
inteligência e disciplina da mente.
Arq. Gastroenterol. vol.46 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2009
http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032009000100006
Pesquisa científica e publicações
Ricardo Guilherme Viebig
Editor-Executivo dos ARQUIVOS de GATROENTEROLOGIA
Em nosso crescimento e desenvolvimento como seres humanos, desde pequenos, somos alvos ou nos utilizamos de pesquisas para enriquecer o conhecimento sobre nós mesmos e do mundo que nos cerca. Somos bombardeados por informações nem sempre verdadeiras e, por vezes, influenciados pelas mesmas, tomamos decisões nem sempre acertadas. Na carreira médica, isto pode ter graves implicações e por isto devemos ser treinados para entender, criticar, analisar tais pesquisas e também como fazê-las, pois assim aguçaremos mais ainda nossa visão científica.
Em síntese, os objetivos principais da pesquisa científica são: comprovar uma hipótese; explicar um fenômeno; quantificar uma ação; comparar situações iguais ou diferentes sob aspectos diversos; demonstrar novos meios ou instrumentos de pesquisa; estudar populações; verificar resultados de uma ação. Está implícito que toda pesquisa deverá ter seu resultado divulgado caso contrário não há sentido em realizá-la.
Cabe às escolas médicas, desde as ciências básicas, ensinar e treinar os futuros médicos para a realização de pesquisas. Incentivar a leitura de artigos e até mesmo incluí-los em protocolos de pesquisa para que o treinamento seja intenso. Infelizmente não é a realidade da maioria das escolas médicas do país. Fica então, para os programas de pós-graduação tal tarefa, excluindo-se os programas de residência que, na maioria, formam especialistas práticos, com pouco ênfase à pesquisa.
Os objetivos principais do autor de uma publicação científica são: instruir; ser lido; ser comparado; ser criticado; ser imitado; ser polêmico e, principalmente, SER CITADO.
O quê uma revista científica deseja dos autores? Em síntese, trabalhos que tragam IMPACTO (termo que significa o quão penetrante é a revista em número de leitores e citações por outros pesquisadores e periódicos). São desejados: artigos originais importantes, artigos curiosos e relevantes, artigos sobre novos tratamentos e métodos, autores consagrados, textos em inglês e finalmente que os trabalhos estejam de ACORDO com as NORMAS da Revista.
Ao receber um trabalho ou artigo para publicação, a maioria das revistas usa um sistema de julgamento conhecido como "peer review" (revisão por pares), que consiste na escolha de dois ou mais pesquisadores renomados da área que, por critérios estabelecidos pelos editores, julgam o trabalho, levando em conta inúmeros aspectos tais como forma, estrutura, linguagem, metodologia, discussão e a relevância (impacto) para publicação. Os trabalhos são enviados a esses julgadores sem identificadores possíveis dos autores (nome, local da pesquisa, etc), tornando assim, possível um parecer imparcial sobre o trabalho. Eventualmente, além do corpo fixo dos revisores, as revistas podem solicitar pareceristas esporádicos (ad hoc) .
As barreiras iniciais à publicação começam pela inibição da escrita e pela dificuldade de comunicação de uma idéia. O desconhecimento da técnica e uma orientação incompleta e inadequada são fatores frequentes encontrados. O autoditatismo é muito forte pelas razões anteriores apresentadas e dificultam por demais as publicações. Soma-se a isto as dificuldades com a escrita na língua inglesa (terminologia médica), o desconhecimento da linha editorial da revista, incluindo o rigor científico exigido pelos editores, além de certa xenofobia, em se tratando de periódicos internacionais.
Os tipos de pesquisa ou textos mais comuns são:
Artigo original: geralmente oriundo de tese de mestrado, doutorado ou de linha de pesquisa de um departamento. Sua principais características são: pesado, completo, muitas informações, tabelas, gráficos, figuras e citações. Há uma tendência a perder-se do foco principal, quando "enxutos" para publicação .
Estudo retrospectivo: o mais comum contém levantamento de dados de determinada ação ou relevam algum fato específico e significativo ou procuram demonstrar a eficiência ou a importância de determinado departamento. Geralmente pecam por metodologias confusas.
Estudo prospectivo: geralmente linha de pesquisa. Inclui testes terapêuticos (ensaios clínicos) e novas técnicas. Suas dificuldades atuais são éticas e necessitam de Consentimento Esclarecido e Informado, além da Aprovação do CEP (Comitê de Ética em Pesquisa). Por vezes envolvem conflitos de interesse que devem ser descritos obrigatoriamente.
Estudo experimental: proveniente de linha de pesquisa, geralmente em animais. Necessita de aprovação de CEP e atender às normas de pesquisa em animais. Em seres humanos tem critérios éticos rigorosos.
Outros tipos menos valorizados pelas revistas e pela comunidade científica são: série de casos, relato de caso, "consensos" e validação de questionários. Artigos de revisão ou meta-análise e editoriais, são elaborados a pedido ou convite dos editores.
Algumas recomendações dos Editores dos ARQUIVOS de GASTROENTEROLOGIA:
Escreva o texto para ser lido. Tenha cuidado com a fluência do texto, seguindo uma linha de raciocínio. Evite siglas excessivas, focando-se na idéia principal do trabalho. Pense e tenha um bom título e ótimo resumo (geralmente, o leitor só lê e se interessa pelo trabalho inteiro se estes forem convidativos). Evite ser prolixo ou condensado demais .
Escolha o periódico mais adequado a sua publicação. Leia com muita atenção as instruçôes aos autores (uma revista é diferente da outra). Ao verter para o inglês, tanto o trabalho como o resumo, submeta-os a avaliação por profissional experiente com o inglês médico. Leia o trabalho várias vezes: em velocidade normal para perceber o sentido das frases e a falta de alguns termos; releia-o lentamente para verificar erros de escrita. Na era do computador muitas frases "somem", geralmente no início ou fim de parágrafos. Use uma régua para identificar palavra por palavra, linha por linha. Faça uma leitura para alguém que esteja acompanhando o texto. Faça as mudanças com marcadores e de forma bem clara. Releia quantas vezes forem necessárias.
Tenha certeza de que seu trabalho será rejeitado se: contiver frases sem nexo ou de sentido ambíguo; tiverem inseridas referências que não tenham conexão com a frase ou afirmação ou em local inadequado; contiver referências que não estejam citadas no texto; as instruções aos autores forem ignoradas; substituir métodos por resultados ou vice-versa; as páginas não tiverem numeração; as figuras e tabelas estiverem inseridas no corpo do texto; a lista de referências bibliográficas for enviada do jeito que achar melhor; o resumo for cópia literal de trechos do trabalho; esquecer-se de enviar a página inicial, o título em inglês ou português, o resumo na segunda língua, se necessário... ou enviar a "cover letter" para um editor já falecido ou não mais vinculado editorialmente à revista.
Por fim, a última recomendação: ler muitos trabalhos e analisá-los de forma crítica, procurando seus defeitos e suas qualidades.