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PESQUISA SOBRE A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SOBRE ACIDENTES CLIMÁTICOS Pesquisador: Jadir Walter Patrício Ribeiro Instituto Paracleto Junho, 2012

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PESQUISA SOBRE A PERCEPÇÃO DO

CIDADÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

SOBRE ACIDENTES CLIMÁTICOS

Pesquisador: Jadir Walter Patrício Ribeiro

Instituto Paracleto

Junho, 2012

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ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO

2. METODOLOGIA

3. PERFIL DA AMOSTRA 4. RESULTADOS

5. PESQUISA

6. BIBLIOGRAFIA

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RESUMO

As mudanças climáticas causam diversos impactos nas populações conforme seu

grau de exposição e níveis de pobreza. A crescente urbanização tem provocado um

debate por políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida. Ocorre que

essas intervenções acontecem em ritmo mais lento que o processo de ocupação de

encostas de morros e beira de rios. A falta de uma educação ambiental prejudica a relação

das pessoas diante de um acidente climático. Um acidente climático pode ser enchente,

queda de raios, deslizamentos de encostas, ventanias, etc. Um desastre climático trata-se

de evento climático com vítimas e prejuízos materiais.

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ABSTRACT

The climate changes did many impacts in populations as their exposure level and

wealthy conditions. The growing urbanization opens a discussion about public politics to

increase life quality. But these interventions happen slower than occupation of hill slums

and river borders. The lack of ambient education disturbs relationship of citizens in face of

climate accident. A climate accident may be flooding, lightening, landslide, wind storm, and

so on. A climate disaster is a climate accident with human injuries and material damage.

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1. APRESENTAÇÃO

Em 2011, desastres naturais no mundo geraram quase 30 mil mortos. O Brasil entra

na conta com 900 óbitos causados por inundações e deslizamentos. Foram registrados

302 desastres naturais, que mataram 29.782 pessoas no mundo, mas principalmente na

Ásia. O Brasil não está fora das estatísticas registrando 900 mortes causadas pelos

impactos das inundações e dos deslizamentos de terras provocados pela chuva. A

estimativa é que os desastres geraram US$ 366 bilhões de prejuízos. A conclusão é do

Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres (cuja sigla em

inglês é UNISDR).

Pelos dados da UNISDR, com base em informações do Centro de Investigação sobre

a Epidemiologia dos Desastres (Cred), a maior parte das mortes foi provocada pelos

efeitos dos terremotos. Pelo menos 20.943 pessoas morreram devido às consequências

dos tremores de terra. Do total de mortos, 19.846 ocorreram no Japão.

Porém, 2011 também registraram inundações no Brasil, terremotos na Nova Zelândia

e tsunami no Japão. Além disso, houve tempestades acompanhadas por tornados nos

Estados Unidos, o furacão Irene também em território norte-americano e alagamentos na

Tailândia, tremores de terra na Turquia e tempestades nas Filipinas.

A UNISDR informou ainda que a elevação das temperaturas também causou

problemas, pois 231 pessoas morreram em consequência da mudança climática. No

entanto, o alerta da organização é que por dois anos consecutivos – ou seja, para 2012 e

2013 – a tendência é de ocorrerem grandes terremotos, assim como foi observado em

2011 e 2010.

A chefe da UNISDR, Margareta Wahlström, lembrou que mais de 220 mil pessoas

morreram no Haiti, em janeiro de 2010, em consequência do terremoto registrado no país.

O fenômeno, ressaltou ela, não ocorria na região há 200 anos. “A menos que nós nos

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preparemos para o pior, o mundo estará destinado a ver perdas ainda maiores de vida no

futuro”, disse.

O diretor do Cred, Debby Guha-Sapir, acrescentou que os desastres naturais ocorrem

em regiões em desenvolvimento e ricas. Para ele, a seca na chamada região do Chifre da

África é considerada um fenômeno gravíssimo por provocar mortes em massa e gerar falta

de perspectivas para as populações de vários países.

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2. METODOLOGIA

LOCAL DA PESQUISA – Município do Rio de Janeiro.

UNIVERSO – moradores de 16 anos ou mais.

PERÍODO DE CAMPO – de 15 de janeiro a 10 de março de 2012.

DIMENSIONAMENTO – Cerca de 800 entrevistas domiciliares com questionário estruturado.

AMOSTRA – A amostra foi desproporcional por região para permitir análise regionalizada. Os

resultados totais foram ponderados para restabelecer o peso de cada região, conforme fatores abaixo:

Bangu C.Grande Guadalupe Madureira Meier Zona Sul Centro Jacarepaguá Total10 19 14 13 7 6 12 13 5 5 7520 29 32 34 17 23 19 22 14 27 18830 39 19 28 23 25 10 22 36 20 18340 49 13 11 26 20 16 18 25 12 14150 59 7 9 13 11 23 15 14 20 11260 69 6 2 6 10 14 3 4 6 5170 79 3 2 6 3 7 4 1 7 3380 89 0 0 1 3 0 2 2 1 9

792

Idade

MARGEM DE ERRO – O intervalo de confiança estimado é de 99% e a margem de erro máxima é de

2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Aplicando-se a fórmula para se determinar a amostra mínima necessária para uma população

estimada da cidade do Rio de Janeiro de 6 milhões de habitantes, n é igual a 664.

Onde:

n - amostra calculada

N - população

Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança

p - verdadeira probabilidade do evento

e - erro amostral

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3. PERFIL DA AMOSTRA • O presente trabalho busca avaliar a percepção do cidadão da cidade do Rio de Janeiro a respeito

de sua experiência pessoal diante de acidentes climáticos. Definimos um acidente climático

pode ser enchente, queda de raios, deslizamentos de encostas, ventanias, etc. Um desastre

climático trata-se de evento climático com vítimas e prejuízos materiais.

• A cidade do Rio de Janeiro está dividida em 5 AP's (Áreas de Planejamento) cada AP esta

subdividida em regiões administrativas e estas em Bairros.

• AP-1: Representa o centro da cidade. É o centro financeiro e de serviços da cidade, tem um

comércio muito forte, mas poucas pessoas vivem lá, após um período de decadência devida a

transferência da capital para Brasília, o centro vem passando por uma forte revitalização devido

ao crescimento econômico do Rio de Janeiro. Estão sendo construídos inúmeros edifícios que

abrigaram os inúmeros escritórios de empresas que estão se instalando aqui na capital.

População: 298.000 habitantes.

• AP-2: Representa a Zona Sul e a área da Grande Tijuca. É a área mais bela da cidade e também é

a região mais conhecida devido ao turismo e suas belas praias, é sem duvida a região mais rica

da cidade do Rio de Janeiro e onde moram as Elites e as famílias mais tradicionais, é visível a

forte presença de imigrantes europeus. A sua população é formado basicamente pelas classes

“AA e A”. População: 1.009.000 habitantes.

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• AP-3: Representa a Zona Norte. É antiga zona Industrial da cidade, onde bairros surgiram ao longo

das linhas férreas abrigando as vilas operárias, é ainda hoje a região mais populosa, mas entrou

em decadência devido a favelização e a violência ainda hoje se encontra algumas indústrias,

mas o forte mesmo são os bairros de comércio popular, há também vários bairros de classe

media alta. A região vai lentamente se revitalizando com a diminuição da violência, e os

lançamentos imobiliários. A sua população é basicamente formada pelas classes “B e C”.

População: 2.399.000 habitantes.

• AP-4: Representa a Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Era até uns 40 anos atrás uma região

despovoada, só tinha restaurantes de frutos do mar e Motéis na Barra da tijuca; sítios e chácaras

em Jacarepaguá. Mas a região passou por um planejamento para atrair os moradores zona sul

que nesta época já estava superpovoada, hoje é a região que mais cresce e passa por um boom

imobiliário, e se valorizou ainda mais por está próxima da área onde se dará os jogos olímpicos é

conhecida por ser a região mais sofisticada do Rio de Janeiro. A sua população é basicamente

formada pela classe “A e B”. População: 910.000 habitantes.

• AP-5: Representa a Zona Oeste. É a antiga zona rural da cidade, pois só tinha fazendas, sítios,

granjas, chácaras. Devido a quantidade de terrenos baratos em abundância, acabou atraindo

inúmeros imigrantes nordestinos e cariocas pobres. É uma região bucólica onde muitos bairros

ainda guardam a aparência de cidade do interior, atualmente a região vem passando por um

boom imobiliário devido ao crescimento econômico e a instalação de inúmeras industrias. A sua

população é basicamente formada pelas classes “C e D”. População: 1.705.000 habitantes.

• Favelas: Elas estão espalhadas por toda a cidade são em torno de 750, a sua população é

basicamente formada por Afro-descendentes e imigrantes nordestinos, as favelas que contam

com UPP’s estão se desenvolvendo através do empreendedorismo e estão se transformando em

bairros, mas onde não há UPP a violência come solta com a guerra entre os traficante e as

milícias. A população é basicamente formada pelas classes “D e E”. População: 1.393.000

habitantes.

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4. RESULTADOS

F52%

M48%

Gênero dos entrevistados

19

29

39

49

59

69

79

89

1020

3040

5060

7080

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Faixa etária dos entrevistados

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Sim36%

Não64%

Sofreu dano com acidente climático?

Sim45%

Não55%

Você sente pânico ou conhece próximo que tem pânico de acidentes climáticos?

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12

14%

10%

18%

17%

9%3%

3%

3%

23%

Acidentes climáticos por Regiões

Bangu

Campo Grande

Guadalupe

Madureira

Méier

Zona Sul

Central

Jacarepaguá

Outros

56

736

Sim

Não

0 100 200 300 400 500 600 700 800

A cidade está preparada para enfrentar desastres?

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13

50%

20%

9%

12%

9%

Acidentes climáticos relatados

Deslizamento de encostas

Enchente

Outros

Raios

Ventania

Segundo Relatório do INPE, 60% dos desastres climáticos no período de 1900 a

2006, ocorreram nas Regiões Sul e Sudeste. No Brasil está distribuição está mais

associada às condições geoambientais do que as sócio-econômicas da regiões afetadas.

Mudanças climáticas estão associadas neste período. Em Campinas (SP), o

número de dias de forte chuvas (>50mm/h) tem aumentado de 12 dias nas décadas de 60

e 70, para mais de 25 dias nas décadas de 80 e 90. Im padrão similar foi encontrado na

região metropolitana do Rio de Janeiro. Em Santa Catarina foi observado uma aumento

significativo de inundações bruscas (enxurradas) a partir da década de 90, chegando a

média de 23 casos/ano no período de 1980 a 2003.

O Relatório do INPE conclui que atividades e intervenções humanas podem

agravar ou minimizar os impactos causados pelos desastres.

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A maioria das cidades brasileiras não se previne contra desastres naturais e

catástrofes ambientais. Dos 5.565 municípios do País, 6,2% contam com um plano de

redução de riscos ou com programas e ações preventivos de gerenciamento de riscos de

deslizamento e recuperação ambiental, segundo a Pesquisa de Informações Básicas

Municipais 2011, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esta é a primeira vez que um levantamento do tipo é feito pelo instituto no País. O

levantamento aponta que apenas 344 cidades abordam preventivamente as eventuais e

possíveis tragédias, como as que ocorreram no Morro do Bumba, no Rio de Janeiro em

2010. Em contrapartida, 564 municípios estão elaborando alguma política nesta área.

A maior incidência desses planos está nas cidades com mais de 500 mil

habitantes. Dessas, 52,6% já possuem estratégias, e 21% estão estudando como realizar

a prevenção de riscos.

As principais atitudes demonstradas para contornar esse tipo de problema são a

drenagem urbana e construção de redes e galerias de águas pluviais. Embora com menos

destaque, obras de construção de muro de proteção e dique, desassoreamento e remoção

de moradias de áreas de risco também foram levadas em conta.

De 2000 a 2011, o Ministério da Integração aplicou RS 7,3 bilhões em “Respostas

aos Desastres e Reconstrução” e apenas RS 697,8 milhões em “Prevenção e Preparação

para Desastres”. No ano passado, da mesma forma, foram gastos quase sete vezes mais

em “resposta” às catástrofes do que em medidas que poderiam minimizar os seus efeitos.

Além disso, nos últimos 12 anos, de cada R$ 5,00 do Orçamento da União para evitar

calamidades naturais, somente R$ 1,22 foi efetivamente investido.

Do total de R$ 4,4 bilhões previstos, apenas R$ 2 bilhões (44%) foram

comprometidos e somente R$ 1,3 bilhão (30%) foi efetivamente pago, incluindo os restos a

pagar de anos anteriores. Os recursos representam a soma dos programas “Prevenção e

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Preparação para Desastres”, “Respostas aos Desastres e Reconstrução” e o “Gestão de

Risco e Resposta a Desastres”.

As duas primeiras rubricas fazem parte do Plano Plurianual 2008-2011. Porém, por

meio de medida provisória alcançaram dotação de R$ 476,9 milhões em 2012, dos quais

R$ 417,1 milhões já foram desembolsados até agora, sendo 80,8% destes em ações de

resposta e reparação. Os programas são coordenados pelo Ministério da Integração

Nacional. O terceiro programa, recém-criado, também engloba ações de outros cinco

ministérios.

A Revista Bio de Jan/Mar 2012, trouxe um artigo de Francisco Noel no qual relata

o trabalho desenvolvido pelos cientistas do CCST, Núcleo de População (Nepo) da

Unicamp, IPT, USP e Unesp que

mapearam 407 áreas de risco na cidade

São Paulo e advertiu que o número de

dias com temporais e a expansão da

região metropolitana, que deverá dobrar

de tamanho em 2030, potencializam as

probabilidades de inundações e

deslizamentos, ameaçando sobretudo

áreas pobres. Somente na capital, 2,7

milhões (30%) dos 11 milhões de

habitantes vivem em favelas e outras

ocupações precárias.

Apesar de a Prefeitura da cidade

de São Paulo ter realizado investimentos

de R$ 38 milhões, em 2011, para

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remover famílias e concluir obras de redução do risco, apenas 15% da população que vivia

em áreas problemáticas saiu dessa situação. Em 2011, 115 mil pessoas viviam em áreas

sob alto risco de tragédia em razão de chuvas fortes.

"A situação ainda é bastante precária, mas o fato de a população em áreas de

risco estar diminuindo é relevante", afirma Renato Cymbalista, professor da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da USP. Segundo ele, nas décadas de 1980 e 1990, o número

[de moradores de áreas de risco na capital] só aumentava. Antes do mapeamento

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divulgado no ano passado, o último levantamento confiável da situação de áreas críticas a

capital era de 2003.

Como na cidade existem cerca de 1.600 favelas e nem metade chegou a ser

completamente esmiuçada pelo estudo do IPT, o problema pode se arrastar por várias

décadas, segundo os técnicos. "Nós avaliamos as áreas realmente mais problemáticas",

afirma Luciana Santos, geóloga da prefeitura e conhecedora das áreas de risco. "Não

devemos ter surpresas em locais não estudados."

Para Marcelino do INPE, as inundações representam cerca de 60% dos desastres

naturais ocorridos no Brasil no século XX. Deste total de desastres registrados no país,

40% ocorreram na região Sudeste.

O banco de dados Emergency Database - EM-DAT (OFDA/CRED, 2009), é uma

compilação de dados e informações sobre a ocorrência de desastres obtidos de diversas

fontes, como agências das Nações Unidas, organizações não governamentais,

companhias de seguros, institutos de pesquisa e agências de notícias. No EM-DAT, o

Brasil é classificado como um dos países do mundo mais afetados por inundações e

enchentes, com mais de 60 desastres cadastrados no período de 1974 a 2003.

A Tabela seguinte apresenta as estatísticas históricas de desastres causados por

inundações e enchentes cadastrados no Brasil, da década de 1940 até a atualidade.

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A Figura abaixo mostra a distribuição anual de mortes por deslizamentos de terra

no Brasil no período de 1988 a 2008, cujo total atingiu 1.861 óbitos.

Escorregamentos são movimentos rápidos, de porções de terrenos (solos e

rochas), com volumes definidos, deslocando-se sob ação da gravidade, para baixo e para

fora do talude ou da vertente.

Lídia Keiko Tominaga, no trabalho analisando o processo de ocupação no Maciço

da Tijuca (RJ), verificaram que cerca de 50% dos 242 escorregamentos existentes no

maciço ocorreram em favelas, que cobrem somente 4,6% da área total do maciço. Os

autores explicam que esta elevada frequência de escorregamentos está intimamente

relacionada ao aumento de intervenções com cortes para a construção de moradias

precárias em encostas íngremes situadas no sopé de afloramentos rochosos.

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Raios ocorrem predominantemente no verão, devido ao maior aquecimento solar.

Estima-se que, anualmente, cerca de 150 milhões de raios ocorrem no Brasil; destes, 50

milhões atingem o solo, representando aproximadamente seis raios por quilômetro

quadrado por ano, segundo informações da Rede Brasileira de Detecção de Descargas

Atmosféricas (BrasilDat) operada pelo ELAT/INPE.

O Brasil é o campeão mundial de incidência de raios, e São Paulo é o Estado que

registra o maior número de mortes por raios no país. Aproximadamente 30% do total de

casos de morte por raios registrados no país ocorreu no Estado de São Paulo, que tem a

combinação de muitos raios com muitas pessoas. No ano de 2008 foram 75 mortes no

Brasil, o maior número da década, e entre 300 e 400 pessoas feridas, além de prejuízos da

ordem de um bilhão de reais.

Dos casos de mortes registradas em 2008, 61% ocorreram no verão e 23% na

primavera. Do total, 83% foram ao ar livre e 63% na zona rural. A maioria dos atingidos por

raios sofreu o acidente enquanto exerciam trabalho agropecuário no campo (19%), ou

estavam dentro de casa (17%) ou em motos (17%). Também foram registrados os

primeiros casos no país de morte de pessoas falando ao celular dentro de casa com o

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aparelho ligado à rede elétrica (3 casos, 4%) e até mesmo de pessoa usando aparelho

para alisar cabelos durante o temporal.

Terada, citando Alcántara-Ayala (2002), sustenta que a ocorrência dos desastres

naturais está ligada não somente à susceptibilidade dos mesmos, devido às características

geoambientais, mas também à vulnerabilidade do sistema social sob impacto, isto é, o

sistema econômico-social-politico-cultural. Normalmente os países em desenvolvimento

não possuem boa infra-estrutura, sofrendo muito mais com os desastres do que os países

desenvolvidos, principalmente quando relacionado com o número de vítimas. A BBC

BRASIL (2003) relata que o Brasil é o país do continente americano com o maior número

de pessoas afetadas por desastres naturais.

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5. ANÁLISE

Cerca de 1/3 dos entrevistados cariocas já sofreu com algum tipo de acidente

climático. Definimos que desastre climático é um evento climático com vítimas e prejuízos

materiais. O acidente climático pode ser um evento como enchente, queda de raios,

deslizamentos de encostas, ventanias, etc.

A crescente urbanização no Brasil potencializa esses acidentes climáticos em

razão do micro-clima presente nos grandes centros urbanos.

O pânico causado pelas mudanças climáticas está presente em muitos lares dos

cariocas. Cerca de 45% deles reconhece que sofre ou conhece alguém próximo que sofre

com pânico.

A Região Norte da cidade do Rio de Janeiro concentra o maior número de pessoas

que já sofreram com acidentes climáticos. É a região mais populosa da cidade porém

assentada em áreas de várzeas que serviam de transbordo para os rios canalizados que

cortam a região em direção à Baixada Fluminense.

Em maioria quase absoluta, o carioca percebe que sua cidade não está preparada

para enfrentar desastres climáticos. Isso acontece no campo da prevenção com poucas

obras eficazes bem como nas respostas aos casos de emergência com muito improviso e

falta de coordenação das ações de resgate e reconstrução.

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6. PESQUISA

PESQUISA

1. Você ou algum familiar seu já sofreu dano de algum acidente climático?

SIM NÃO

2. O acidente climático ocorreu no mesmo bairro de sua moradia?

SIM NÃO

Se não, em qual bairro? __________________________________

3. Qual o acidente climático sofrido:

Enchente   Raios    Deslizamentos de encostas     Ventanias

Outros 

4. A cidade do Rio de Janeiro está preparada para enfrentar desastres climáticos?

SIM NÃO

5. Você conhece alguém que sofre de pânico de desastre climático?

SIM NÃO

BAIRRO/CIDADE:__________________

IDADE: ___________

SEXO: __________

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7. BIBLIOGRAFIA

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Rosangela do Amaral (orgs.) –. São Paulo : Instituto Geológico, 2009.

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Mendonça, Davis Anderson Moreno, Isabela Pena Viana de Oliveira Marcelino, Emerson

Vieira Marcelino, Edson Fossatti Gonçalves, Letícia Luiza Penteado Brazetti, Roberto

Fabris Goerl, Gustavo Souto Fontes Molleri, Frederico de Moraes Rudorff – Curitiba: Ed.

Organic Trading , 2006.