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14/03/2015 Pessoas com deficiência e ficção científica | Momentum Saga
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você está em: início » ciência » ficção científica » representatividade » pessoas com deficiência e ficção científica
Escrito por Lady Sybylla 3 de março de 2015
Todo mundo que lê o blog sabe que eu considero a ficção
científica um gênero literário completo e de infinitas
possibilidades. É uma pena ver que tem muito escritorzinho por
aí que acha que o mundo é para apenas homens brancos
heteros e cisgêneros, como se o restante da humanidade não
fosse composta por outros seres humanos e reclama de quem
pede maior representatividade no cenário nacional. Seres
humanos vêm em várias cores, formas e possibilidades. É aqui
que a ficção científica entra para mostrar todas elas.
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First things first, por que "pessoas com deficiência" e não "pessoas com necessidades
especiais"? Com a palavra, Victor Caparica que, gentilmente, definiu e me explicou:
Dizemos "pessoa com deficiência", e não portador de necessidadesespeciais, por 2 motivos: 1, "portador" é terminologia médica, e o que temos não é doença, mas umacondição biológica;2, não temos necessidades especiais, precisamos de água, comida, sono,remédios e um pouco de amor às vezes ;);"Pessoa com deficiência" é mais correto porque, efetivamente, explica oque a pessoa realmente é.
Ou seja, se antes você falava errado, assim como eu, por desconhecimento ou por ignorância
mesmo, fica aí a dica. Mas e aí, as pessoas com deficiência têm espaço na ficção científica? E
como tem!
Começando por Star Trek, a série que mais se preocupou em mostrar pessoas com deficiência
como pessoas ativas na sociedade, lembrei de cara de três personagens: Geordi LaForge, Riva
e Melora Pazlar. Geordi é deficiente visual. Porém, com seu visor especial, ele era um membro
importantíssimo da Enterprise devido aos comprimentos de onda que o equipamento era capaz
de distinguir, algo muito além do olho humano comum. Com a tecnologia se refinando, ele
acabou ganhando olhos biônicos muito avançados e mais confortáveis que o visor.
Pessoas com deficiência e ficção científica
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Riva também é um personagem fascinante. Ele é um importante mediador de conflitos e é
chamado para tentar criar um tratado de paz entre dois povos que estão à beira da extinção se
não chegarem a um acordo. Riva não tem receptores auditivos no cérebro, portanto nenhum
implante funcionaria com ele. A solução: ele tinha um coro, com três sensitivos, que traduziam
as palavras dele, cada um ligado a uma determinada área do cérebro. Um para a razão, outro
para a libido, ou para a temperança.
Mas um atentado mata o coro especial de Riva e a tripulação da Enterprise se vê impotente,
buscando maneiras de se comunicar com ele. É justamente a surdez de Riva que servirá de
alicerce para o acordo de paz, pois enquanto os povos aprendem a conversar com ele,
aprenderão a conversar um com o outro. Genial!
Uma personagem fascinante de Deep Space 9 é Melora Pazlar. Nativa de um planeta cuja
gravidade é menor do que a padrão das outras espécies, ela é a primeira a sair de Elaysa na
esperança de inspirar outros a explorar o espaço. Melora sofre com várias limitações para se
locomover pela estação DS9. As passagens não foram feitas para a passagem de sua cadeira.
Ela precisa usar um aparato especial para não penalizar seus músculos e assim ajudála a se
locomover e exige ser tratada da mesma maneira que outros membros da Frota Estelar. Fico
pensando em quantas pessoas não se identificaram com ela quando sua cadeira não conseguiu
passar por um determinado corredor e ela foi ao chão.
Geordi LaForge e o embaixador Riva. Star Trek, A Nova Geração.
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Muitas vezes, olhamos para personagens pessoas com deficiência e nem nos ligamos que eles
as possuem. Ao olhar para John Vriess de Alien 4, logo notamos que ele está em uma cadeira
de rodas (tunada e cheia de armas), mas e quanto ao braço mecânico de Luke Skywalker? Ele
sofre uma amputação por um sabre de luz e recebe um braço biônico super avançado. Nem
nos damos conta que ele precisa daquele braço. Mas ele é uma pessoa com deficiência e um
grande herói de Star Wars. E seu pai, Darth Vader? Todo ele foi reconstruído, assim como o
Robocop, com o auxílio da tecnologia e praticamente se tornaram armas ambulantes.
Peeta Mellark, nos livros de Jogos Vorazes, tem uma perna mecânica depois do ferimento que
ele recebe nos jogos. Os filmes optaram por deixar isso oculto, mas até mesmo Katniss recebe
um implante auditivo. A cena de Julie Gelineau, de Extant, colocando suas pernas biônicas
depois do banho me impressionou, pois as próteses são extremamente reais.
O Soldado Invernal, da Marvel, sofreu uma amputação em um acidente de avião. Em uma
missão para capturar o Capitão América, uma tropa russa acabou encontrando Buchy
Melora Pazlar, Deep Space 9.
Julie Gelineau coloca suas pernas biônicas. Extant.
Maravilhoso!
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preservado no gelo. Ele, então, foi colocado em estase e depois reanimado em 1954, onde lhe
foi implantado um braço biônico fodão, adaptado e trocado ao longo do tempo por próteses
mais modernas. E quem assistiu a adaptação para o cinema de Eu, Robô deve lembrar que o
detetive Spooner tinha uma prótese bem parecida com a de Bucky.
E o que podemos dizer do querido professor Xavier? Um super herói poderoso de cadeira de
rodas e líder dos XMen? De Bárbara Gordon, em Batman? De Kent, cientista do filme
Contato, que era deficiente visual? A Ameaça Invisível, segundo livro da Trilogia Anômalos, de
Bárbara Morais, também tem um personagem deficiente visual. Temos O Demolidor
combatendo o crime, temos o homem de 6 milhões de dólares e a mulher biônica, temos N
personagens do mundo da ficção científica e dos quadrinhos, animes, séries de TV, mostrando
as infinitas possibilidades que pessoas com deficiência podem ter e como elas são produtivas.
Então, por que o mundo real ainda não aprendeu com a ficção? Por que eles continuam sendo
vistos como menos capazes por andarem de cadeiras de rodas ou por terem deficiência
auditiva? Para quem já está muito bem representado na ficção, que já possui seus heróis
preferidos, esse papo de representatividade é um saco. Cada vez que publico um post por aqui
sobre a importância da representatividade, sempre aparece um para chorar, dizendo que a
gente, ou "esse povo" ficam chorando de barriga cheia, que é "vitimismo". Bem, acho que
vitimismo é ir chorar num post sobre representatividade e não pedir por mais dela. Você, que
já está bem representado, não será prejudicado em nada.
Quantas pessoas fãs de quadrinhos não se sentiram representadas por Bárbara Gordon ou pelo
Professor Xavier em suas cadeiras de rodas, combatendo o mal? Quantos não desejam a
tecnologia de Extant que faz com que Julie, uma amputada, prossiga sua vida e produza como
todo mundo? É, isso é de tamanha importância que nem deveríamos ter que pedir por maior
representatividade, mas isso ainda é necessário, ainda é preciso ir à televisão mostrar o
descaso do poder público com um posto de saúde que não tem rampas para facilitar o acesso
dos pacientes.
Detetive Spooner reaplica pele artificial em seu braço. Soldado Invernal, da Marvel.
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Antes de fazer minha cirurgia de coluna, precisei andar de cadeira de rodas toda vez que saía
de casa. Foi por um curto período, para um problema que não era permanente, mas que me
deu a perspectiva de quem vive desta maneira. As pessoas são desumanizadas apenas porque
são pessoas com deficiência, quando a ficção científica tem mostrado que elas podem muito
bem viver integradas à sociedade utilizandose da tecnologia. Quantas vezes alguém parou
para pensar que Luke Skywalker é um "aleijado"? Nunca, certo? Então por que tem quem faça
isso na vida real?
Representatividade importa e importa muito. Ela empondera, ela educa e mostra as infinitas
possibilidades de convivência, de soluções de problemas, de tecnologia e genialidade. Isso
nunca deveria ficar de fora dos enredos porque maisdomesmo a gente tem de sobra.
Até mais!
Super obrigada à galera do Twitter que tanto contr ibuiu com este post!
10 heróis deficientes físicos
ciência, ficção científica, representatividade
Charles Xavier, XMen.
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Geógrafa, professora, feminista e blogueira. Fã do futuro e da ficção científica.Apaixonada pela literatura de ficção científica e fantástica, geografia e espaço.
Lady Sybylla
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Thiago Leite · Trabalha na empresa INCRAEsse é um tema que também me interessa muito e pessoalmente. Sou cego do olho direito e vejo poucocom o esquerdo. Geordi La Forge é um personagem fascinante para mim. Lembrei também de G'Kar, emBabylon 5, que teve um olho arrancado durante um processo de tortura e depois recebeu uma prótesebiônica.
Sempre que ando pelas ruas de Natal, fico estupefato com o descaso da cidade em relação àacessibilidade. Algumas calçadas são difíceis de ser transitadas por pessoas sem deficiência,impossíveis para quem se locomove por cadeira de rodas; os pisos táteis, que deveriam facilitar oscaminhos de deficientes visuais e pessoas cegas, são instalados de maneira totalmente errada. Eucheguei a ficar tão indignado que escrevi sobre isso uma vez, fugindo um pouco aos temas comuns domeu blog: http://teianeuronial.com/acessibilidadeemnataleumacul…/
Pessoas com deficiência é um tema que precisa ser muito discutido, seja na ficção, seja na teoria ou naprática e políticas sociais, se quisermos uma sociedade inclusiva.Responder · Curtir · · 3 de março às 09:361
Momentum SagaPoxa, bem lembrado do G'Kar! Lembro que a prótese dele funcionava fora do olho e elebisbilhotava os outros. rs
É descaso mesmo. A sociedade é tão centrada em um modelo apenas de indivíduo queaqueles que não se enquadram ficam de lado. E aí quando a gente pede representatividade"ain, vitimismo". Fácil dizer sobre algo quando não se sofre na pele.Responder · Curtir · 3 de março às 09:47
Leandro Mendes · Faculdades IESA DFAmando essa página cada dia mais!Responder · Curtir · · 11 de março às 18:171
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