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Petrolo: nova fase da Lava Jato atinge o clube do bilhoEscndalo de corrupo na Petrobras leva cadeia representantes de oito das maiores empreiteiras do pas e mais um ex-diretor da estatal ligado ao PTRodrigo Rangel e Hugo Marques

CHEFE Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, preso na sexta-feira passada: o "capo" do cartel da Petrobras gostava de repetir que tinha um nico amigo no governo "o Lula" (Marcos Bezerra/Futura Press/Estado Contedo)Em um pas de instituies mais frgeis, a priso por suspeita de corrupo de altos executivos das maiores empresas nacionais no se efetivaria nunca ou produziria uma crise institucional profunda. Antes, portanto, de entrarmos nos detalhes dessa pescaria da Polcia Federal em guas sujas da elite empresarial, celebremos a maturidade institucional do Brasil a mesma que foi posta prova e passou com louvor quando o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou para a penitenciria a cpula do partido no poder responsvel pelo escndalo do mensalo.Esse senhor pesado, bem vestido, puxando uma maleta com algumas mudas de roupa e itens de higiene pessoal, no est se dirigindo a um hangar de jatos executivos para mais uma viagem de negcios. Ele est sendo conduzido por policiais para uma temporada na cadeia. A foto ao lado mostra o engenheiro Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, apontado por investigaes da Operao Lava-Jato como o chefe do clube. Um clube muito exclusivo, diga-se. Dele s podiam fazer parte grandes empresas que aceitassem as regras do jogo de corrupo na Petrobras. Por mais de uma dcada, os membros desse clube se associaram secretamente a diretores da estatal e a polticos da base aliada do governo para operar um dos maiores esquemas de corrupo j desvendados no Brasil e, por sua durao, volume de dinheiro e penetrao na mais alta hierarquia poltica do pas, talvez um dos maiores do mundo.Dono de uma holding que controla investimentos bilionrios nas reas industrial, imobiliria, de infraestrutura e de leo e gs, Pessoa foi trancafiado numa cela da carceragem da Polcia Federal. Ele e outros representantes de grandes empreiteiras que se juntaram para saquear a maior estatal brasileira e, com o dinheiro, sustentar uma milionria rede de propinas que abasteceu a campanha de deputados, senadores e governadores e, mais grave ainda, segundo declarao do doleiro Alberto Youssef Justia, tudo isso teria se passado sob o olhar complacente do ex-presidente Lula e de sua sucessora reeleita, Dilma Rousseff.Na ao policial de sexta-feira foram presos dirigentes de empresas que formam entre as maiores e politicamente mais influentes do Brasil: OAS, Camargo Corra, Mendes Jnior, Queiroz Galvo, UTC, Engevix, Iesa e Galvo Engenharia. Essas companhias so responsveis por quase todas as grandes obras do pas. Os policiais federais vasculharam as salas das empresas ocupadas pelos suspeitos presos e tambm suas casas. Embora tendo executivos seus citados por Youssef e Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras preso em maro, que est contribuindo nas investigaes, no foram alvos das investidas policiais da sexta-feira passada dirigentes de outros dois gigantes do ramo: a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. O juiz Sergio Moro recebeu pedido dos procuradores para emitir ordem de priso contra dois altos executivos da Odebrecht. Negou os dois, mas autorizou uma incurso na sede da empresa em busca de provas.Mrcia Poletto/Agncia o GloboO ELO Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, que cobrava 3% de propina para o PT: preso depois que a Polcia Federal descobriu que ele tinha contas secretas no exteriorHoje um dia republicano. No h rosto e bolso na Repblica, declarou o procurador Carlos Fernando Lima, integrante da fora-tarefa encarregada da Lava-Jato, a origem da investigao.No rol dos empreiteiros caados pela polcia estavam megaempresrios, como Srgio Mendes, da Mendes Jnior, Joo Auler e Eduardo Hermelino Leite, da Camargo Corra, Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide, da Queiroz Galvo, Lo Pinheiro, da OAS, e Gerson Almada, da Engevix. Uma parte dos alvos no havia sido localizada pela polcia at o fim da tarde de sexta. Alguns estavam em viagem no exterior e foram includos na lista de procurados da Interpol. O juiz Moro bloqueou 720 milhes de reais em bens dos investigados.O papel central de Ricardo Pessoa, da UTC, no esquema foi detectado logo no princpio das investigaes. No demorou muito para que os policiais e procuradores no tivessem mais dvida. Aos curiosos com sua prosperidade crescente nos ltimos anos, Ricardo Pessoa dava uma explicao que, at o estouro do escndalo, parecia apenas garganta: S tenho um amigo no governo: o Lula. Pessoa coordenava o cartel, do qual participavam treze empreiteiras. Esse grupo de privilegiados se encontrava para decidir o preo das obras na Petrobras, dividir as responsabilidades pela execuo de cada uma delas e, o principal, o valor da propina que deveria sobrar para abastecer os escales polticos. Tecnicamente, esse era o grupo dos corruptores. Os diretores da Petrobras participantes do esquema eram os corruptos. De cada contrato firmado com a Petrobras, os empresrios recolhiam 3% do valor, que se destinava a um caixa clandestino. O pagamento era feito de diversas maneiras: em dinheiro vivo e em depsitos no exterior ou no Brasil mesmo, em operaes maquiadas como prestao de servios, principalmente de consultoria um termo vazio de significado, mas que transmite um certo ar de austeridade e necessidade.As empreiteiras do esquema firmavam contratos de consultoria com empresas de fachada que embolsavam o dinheiro e davam notas fiscais para limpar as operaes, que pareciam protegidas por uma inexpugnvel confraria de amigos posicionados nos lugares certos em Braslia e na Petrobras. Os recursos desviados abasteciam o PT, o PMDB e o PP, os trs principais partidos da base de apoio do governo federal. A investigao mapeou o caminho da propina paga por vrias das integrantes do clube. Entre 2005 e 2014, o grupo OAS, por exemplo, repassou pelo menos 17 milhes em propinas apenas por meio do doleiro Alberto Youssef.Alm dos empreiteiros e de seus principais executivos, tambm foi preso o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, apontado como o homem que, no fatiamento da propina, cuidava da parte que cabia ao PT. Esse elo que a polcia comea a fechar entre o diretor corrupto e a empresa corruptora tem atormentado deputados, senadores petistas e altos dirigentes do governo. Funcionrio de carreira, Duque entrou na Petrobras em 1978 um ano depois de Paulo Roberto Costa por concurso. Galgou alguns postos ao longo de sua trajetria, mas sua nomeao como diretor, em 2003, surpreendeu a todos. Duque era, ento, chefe de setor, alguns nveis hierrquicos abaixo da diretoria. Nunca antes na histria da Petrobras um chefe de setor havia ascendido sem escalas cpula. A explicao logo se tornou pblica. Duque era o escolhido de Jos Dirceu, com quem tinha um relacionamento antigo. Discreto e de temperamento afvel, Duque procurava no ostentar. Entre 2003 e 2012, ele reinou absoluto na diretoria de Servios. Paulo Roberto Costa revelou Justia que, por l, 3% do valor dos contratos era repassado exclusivamente ao PT.VEJAEXPLOSO Fernando Baiano: o lobista, que est foragido, ameaa contar o que sabe e elaborou uma lista com beneficirios de propina ligados ao PMDBA polcia j descobriu onde esto as contas bancrias que receberam parte desses recursos. Elas foram identificadas por Julio Camargo, dirigente da Toyo, outra empreiteira envolvida no escndalo, que tambm fez acordo com a Justia para contar o que sabe. E ele sabe muito, principalmente sobre a distribuio de dinheiro ao partido que est no governo h doze anos e a alguns de seus altos dirigentes. Foi com base no depoimento de Julio que a polcia decidiu pedir a priso temporria de Duque e colocar outro funcionrio da Petrobras no radar: Pedro Jos Barusco, que atuou como gerente de engenharia. Barusco s no foi preso porque props um acordo de delao premiada. Os policiais tambm chegaram a uma personagem que leva o escndalo ao corao do PT: Marice Correa de Lima, cunhada de Joo Vaccari, tesoureiro do partido, outro investigado. Marice lidava com o que o doleiro Youssef chama de reais vivos. Em dezembro do ano passado, a cunhada do tesoureiro do PT recebeu no apartamento onde mora, em So Paulo, 110000 reais. Origem das cdulas: a construtora OAS. Marice tambm mais um elo a ligar o petrolo ao mensalo. A petista apareceu nas investigaes do grande escndalo do governo Lula como encarregada de pagamentos. Outro alvo da operao de sextafeira, o lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado como o arrecadador do PMDB na Petrobras. Baiano estava foragido. Sua priso vai ajudar a esclarecer outras frentes de corrupo na estatal entre elas, a rede de propinodutos instalada no negcio da compra da refinaria de Pasadena, no Texas. E os resultados da Operao Lava-Jato esto apenas comeando a aparecer.