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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE Joane Almeida da Conceição Orientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa Coorientador: Prof. Dr. Herbet Conceição DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias São Cristóvão-SE 2014

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

    PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA

    PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE

    Joane Almeida da Conceição

    Orientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa

    Coorientador: Prof. Dr. Herbet Conceição

    DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

    Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias

    São Cristóvão-SE 2014

  •  

     

    Joane Almeida da Conceição

    PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA,

    SERGIPE

    São Cristóvão–SE 2014

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias da Universidade Federal de Sergipe, como requisito para obtenção do título de Mestre em Geociências.

    Orientadora: Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa Coorientador: Dr. Herbet Conceição

  •  

     

    PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA,

    SERGIPE

    por:

    Joane Almeida da Conceição (Geóloga, Universidade Federal de Sergipe – 2011)

    DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

    Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de:

    MESTRE EM GEOCIÊNCIAS

    Data Defesa: 27/02/2014

  •  

     

           

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    FICHA  CATALOGRÁFICA  ELABORADA  PELA  BIBLIOTECA  CENTRAL  

                                                         UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  SERGIPE  

                               

    Conceição, Joane Almeida da C744p Petrologia do stock granítico Glória Sul, Faixa Sergipana, setor

    sul da Província Borborema, Sergipe / Joane Almeida da Conceição ; orientadora Maria de Lourdes da Silva Rosa. – São Cristóvão, 2014. 123 f. : il. Dissertação (mestrado em Geociências e Análise de Bacias) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014.

    O 1. Geociências. 2. Stock granítico Glória Sul. 3. Petrografia.

    4. Geoquímica. 5. Sergipe (SE). I. Rosa, Maria de Lourdes da Silva, orient. II. Título.

    CDU: 550.4(813.7)

                                                                               

  •  

     

     

     

    A  minha   famí l ia   e  aos  meus  amigos .  

  • I  

     

     

     

    E  vi  um  novo  céu,  e  uma  nova  terra.    

    Porque  já  o  primeiro  céu  e  a  primeira  terra  passaram,    

    e  o  mar  já  não  existe.  

    Apocalipse  21:1  

     

  • II  

     

     

     

    AGRADECIMENTOS  

    ______________________________________________________________________

    A   concretização   desse   trabalho   só   foi   possível   graças   ao   empenho   e   dedicação   dos   professores   Herbet  

    Conceição  e  Maria  de  Lourdes  da  Silva  Rosa  a  frente  do  Projeto  Granitogênese  da  Faixa  de  Dobramentos  Sergipana.    

    A  CAPES  (Fundação  Coordenação  de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior)  pelo  apoio  financeiro  

    através  da  concessão  da  bolsa  sem  a  qual  não  poderia  me  dedicar  a  esta  pesquisa.  

    A  Universidade  Federal  de  Sergipe,  Programa  de  Pós-‐Graduação  em  Geociências  e  Análise  de  Bacias  e  ao  

    Departamento  de  Geologia  por  toda  infraestrutura  necessária  ao  desenvolvimento  deste  trabalho.  

    Aos  professores  Maria  de  Lourdes  da  Silva  Rosa  e  Herbet  Conceição  pelo  estímulo,  apoio  e  cuja  orientação  

    em  todas  as  fases  de  desenvolvimento  do  presente  trabalho,  foram  de  importância  primordial  para  a  elaboração  e  

    estabelecimento  das  ideias  agora  apresentadas.  

    A   CPRM   (Superintendência   Salvador)   pelo   acesso   aos   laboratórios   e   equipamentos   para   preparação   das  

    amostras,  nas  pessoas  de  Teobaldo  Rodrigues  de  Oliveira  Júnior,  Ivanaldo  Vieira  Gomes  da  Costa  e  em  especial  as  

    geólogas  Rita  Cunha  Leal  e  Cristina  Burgos.  

    A  SEPLAG/SE  por   fornecer   as   fotografias   aéreas   e   foto-‐índice  para   elaboração  dos  mapas  nas  pessoas  de  

    Edson  Magalhães  Bastos,  Simone  Soraia  Silva  Sardeiro  e  Márcio  dos  Reis  Santos.  

    Ao  Pronex/CNPq/Fapitec/UFS.  

    Aos  amigos  Carol,  Vinícius  e  Cleverton  que  conviveram  comigo  durante  a  pós-‐graduação,  agradeço  o  grande  

    apoio,   incentivo,   estímulo   e   discussões,   na   elaboração   dos   mapas,   nas   fotografias,   microfotografias.   Aos   amigos  

    Jailson  Alves  pelo  auxílio  na  contagem  modal  e  Adjanine  Pimenta  na  separação  das  fotografias  aéreas.  

    A  minha  família  pela  compreensão  e  apoio.  

    Meus  agradecimentos  a  todos  que  de  alguma  forma  colaboraram,  orientando,  apoiando  e  me  incentivaram  

    a  acreditar  e  lutar  pelos  objetivos  ao  longo  deste  trabalho.  

                                                                                                                                                                                                                                 Joane  Almeida  da  Conceição  

  • III  

     

     

     

    RESUMO

    Na Faixa Sergipana existe um grande volume de rochas graníticas, com expressividade

    no Domínio Macururé. Nesse domínio os corpos graníticos são classificados como Tipo

    Glória. O Stock Granítico Glória Sul intrudido no Domínio Macururé apresenta uma

    área de aproximadamente 41 km2, com geometria levemente arredondada, com rochas

    exibindo uma grande homogeneidade composicional e textural, sendo constituídas por

    granitos leucocráticos de coloração esbranquiçada na maior parte do stock, exibindo

    tipos de coloração acinzentada, textura equigranular. É evidente a presença de enclaves

    máficos microgranulares e por vezes percebe-se que as rochas exibem anisotropismo

    marcado pela orientação dos cristais de micas. Modalmente as rochas do stock são

    classificadas como granitos e seus enclaves como álcali-feldspato quartzo sienito. As

    rochas apresentam como mineralogia essencial constituída por quartzo, feldspato

    alcalino, plagioclásio (albita–oligoclásio), muscovita, biotita, diopsídio e hornblenda, e

    como minerais acessórios epídoto magmático, titanita, zircão, apatita, carbonato. A

    química de elementos maiores é caracterizada por teores de SiO2 entre 56,38–73,19%,

    Al2O3 entre 13,82–15,86%, TiO2 entre 0,07–0,98%, K2O entre 1,57–7,05%, Na2O entre

    2,48–4,67%, CaO entre 0,69–5,46%, Fe2O3 entre 0,64–5,76%, MgO entre 0,10–4,5%,

    MnO entre 0,01–0,12% e P2O5 entre 0,02–0,58%. Os valores dos elementos traços

    mostram-se bem diferenciados, evidenciando que os enclaves máficos microgranulares

    apresentam valores mais elevados em comparação aos granitos, com teores de Ba

    variação entre 319–1179 ppm, Rb variando entre 55,3–351 ppm, Sr variando entre

    183,6–693,5 ppm, Zr variando entre 54,2–224,2 ppm, Nb variando entre 3,4–20,8 ppm

    e Y variando entre 1,6–16,7 ppm. Estas rochas mostram valores de ETR (ΣETR 38,58–

    299,21 ppm), Lan/Ybn variando entre 12,57–137,22 ppm e Eu/Eu* variando entre 0,72–

    1,94 ppm. Para uma classificação do ambiente geotectônico o diagrama utilizando os

    parâmetros de Y+Nb versus Rb, as rochas estudadas posicionam-se no campo dos

    granitoides sin-colisionais com exceção dos granitos com granada.

    Palavras-chaves: Stock Granítico Glória Sul, Domínio Macururé, Faixa Sergipana

  • IV  

     

     

     

    ABSTRACT

    In Sergipana range exists a large volume of granitic rocks, with expression in the

    Macururé Domain. In this field the granitic bodies are classified as Type Gloria. The

    Stock Granitic Gloria Sul intruded into the Macururé Domain has an area of

    approximately 41 km2, with slightly rounded geometry, with rocks showing a large

    compositional and textural homogeneity, and consist of leucocratic granites whitish

    mostly stock, showing types of staining gray, equigranular texture. The presence of

    mafic microgranular enclaves and sometimes it is noticed that the rocks exhibit

    anisotropic behavior marked by the orientation of mica crystals is evident. Modally

    rocks of the stock are classified as granites and their enclaves as alkali-feldspar quartz

    syenite. The rocks have an essential mineralogy consists of quartz, alkali feldspar,

    plagioclase (albite-oligoclase), muscovite, biotite, diopside and hornblende and

    magmatic epidote as accessory minerals, sphene, zircon, apatite, carbonate. The

    chemistry of major elements is characterized by SiO2 contents between 56,38 to

    73,19%, Al2O3 from 13,82 to 15,86%, TiO2 from 0,07 to 0,98%, K2O from 1,57 to

    7,05%, Na2O between 2,48 to 4,67%, CaO from 0,69 to 5,46%, Fe2O3 from 0,64 to

    5,76%, MgO from 0,10 to 4,5%, MnO between 0,01 to 0,12% of P2O5, and 0,02 to

    0,58%. The values of the traces show up well differentiated, showing microgranular

    mafic enclaves that have higher values compared to granite, with levels of Ba variation

    between 319-1179 ppm, Rb ranging from 55,3 to 351 ppm, Sr ranging from 183,6 to

    693,5 ppm, Zr ranging from 54,2 to 224,2 ppm, Nb ranging from 3,4 to 20,8 ppm and Y

    ranging from 1,6 to 16,7 ppm. These rocks show ETR (ΣETR 38,58 to 299,21 ppm),

    Lan/Ybn ranging from 12,57 to 137,22 ppm and Eu/Eu* ranging from 0,72 to 1,94 ppm.

    For a classification of tectonic setting diagram using the parameters Y+Nb versus Rb,

    studied rocks are positioning themselves in the field of syn-collisional granitoids with

    the exception of granite with garnet.

    Keyswords: Stock Granitic Gloria Sul, Domain Macururé, Belt Sergipana

     

  • V  

     

     

     

    SUMÁRIO  

    AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II

    RESUMO ........................................................................................................................ III

    ABSTRACT ................................................................................................................... IV

    LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................ IX

    LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... X

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................. XIV

    LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS ............................................................................ XV

    CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................ 2

    I.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2

    I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................. 3

    I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ............................................................................. 3

    I.4. OBJETIVOS ........................................................................................................... 3

    I.5. MÉTODOS EMPREGADOS ................................................................................. 4

    I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo .................................................................................. 4

    I.5.2. Trabalhos de Campo ........................................................................................ 6

    I.5.3. Trabalhos de Laboratório ................................................................................. 6

    I.5.3.1. Petrografia ..................................................................................................... 6

    I.5.3.2. Geoquímica ................................................................................................... 7

    I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas ............................................................... 7

    A. Critério de cores em mapas geológicos ................................................................ 7

    B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias ................................... 8

  • VI  

     

     

     

    CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL ................................................................... 10

    II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA ............................................................................. 10

    II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA .................................. 12

    II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE ............................ 14

    II.2.1. Embasamento Gnáissico ............................................................................... 14

    II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias .... 17

    II.2.2. Faixa Sergipana ............................................................................................ 18

    II.2.2.1. Domínio Estância ...................................................................................... 20

    II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris ................................................................................. 21

    II.2.2.3. Domínio Macururé .................................................................................... 21

    II.2.2.4. Domínio Marancó ...................................................................................... 22

    II.2.2.5. Domínio Poço Redondo ............................................................................. 22

    II.2.2.6. Domínio Canindé ....................................................................................... 23

    II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana ................................................................. 23

    II.2.3. Bacias Sedimentares ..................................................................................... 25

    CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL ........................................................................ 27

    III.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 27

    III.2. Geologia do Stock Granítico Glória Sul ............................................................. 29

    III.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 31

    III.2.2. Fácies Muscovita Granito ............................................................................ 31

    III.2.3. Fácies Biotita Granito .................................................................................. 31

    III.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 31

    III.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 35

    III.3. Geologia das Rochas Encaixantes ..................................................................... 39

  • VII  

     

     

     

    CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA ................................................................................ 44

    IV.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 44

    IV.2. Classificação e Nomenclatura das Rochas ........................................................ 45

    IV.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 45

    IV.2.1.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 45

    IV.2.2. Fácies Muscovita Granito ........................................................................... 52

    IV.2.2.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 52

    IV.2.3. Fácies Biotita Granito ................................................................................. 55

    IV.2.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 58

    IV.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 63

    IV.2.4.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 66

    IV.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 70

    IV.2.5.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 70

    IV.2.6. Considerações Petrográficas ........................................................................... 73

    IV.2.6.1. Sequência de Cristalização ....................................................................... 76

    IV.2.6.2. Ocorrência de Epídoto Magmático .......................................................... 78

    IV.2.6.3. Texturas ....................................................................................................... 79

    IV.2.6.3.1. Geminação dos Feldspatos .................................................................... 79

    IV.2.6.3.2. Mirmequita ............................................................................................ 80

    IV.2.6.3.3. Pertita e Antipertita ............................................................................... 81

    IV.2.6.3.4. Extinção Ondulante ............................................................................... 82

    IV.3. Petrografia das Rochas Encaixantes .................................................................. 83

    IV.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos ..................................................... 83

    IV.3.1.1. Muscovita Biotita Granada Xisto ............................................................. 83

  • VIII  

     

     

     

    CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA ................................................................................... 87

    V.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 87

    V.2. Elementos Maiores .............................................................................................. 87

    V.3. Tipologia e Classificação .................................................................................... 90

    V.3.1. Diagrama Total Álcalis versus SiO2 ............................................................. 90

    V.3.2. Diagrama K2O versus SiO2 .......................................................................... 90

    V.3.3. Diagrama de Saturação em Alumina ............................................................ 92

    V.4. Diagramas Harker ............................................................................................... 92

    V.5. Composição Normativa CIPW ............................................................................ 96

    V.5.1. Diagrama Ternário Qz-Ab-Or ...................................................................... 98

    V.5.2. Elementos Traços ......................................................................................... 98

    V.6. Diagramas de Elementos Terras Raras ............................................................. 102

    V.7. Diagrama Multi-Elementar Expandido ............................................................. 105

    V.8. Diagrama para classificação em granitos Tipo-I e Tipo-S ................................ 107

    V.9. Diagrama Discriminante de Ambiente Geotectônico ....................................... 107

    V.10. Considerações Geoquímicas ........................................................................... 109

    CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ............................................................................... 114

    REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 117

  • IX  

     

     

     

    LISTA DE SIGLAS

    CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIPW Cross, Iddings, Pirsson e Washington CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DGeol Departamento de Geologia DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ETR Elementos Terras Raras ETRL Elementos Terras Raras Leves ETRP Elementos Terras Raras Pesadas FDS Faixa de Dobramentos Sergipana GPS Global Positioning System HFS High-Field Strenght ICP-MS Inductively Coupled Plasma Microespectrometry ICP-OES Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry IUGS International Union Geological Sciences LILE Large-Ion Lithophile Elements ORG Ocean Ridge Granites PB Província Borborema QAP Quartzo, Feldspato Alcalino e Plagioclásio Q(A+P)M Quartzo, (Feldspato Alcalino + Plagioclásio) e Minerais Opacos SEPLAG/SE Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão SGS Stock Granítico Glória Sul SHRIMP Sensitive High Resolution Ion Microprobe SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste TAS Total álcalis versus SiO2 UFS Universidade Federal de Sergipe UTM Universal Transversal Mercator

  • X  

       

     

     

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Localização geográfica do Estado de Sergipe (área em vermelho) no Brasil e contorno geográfico do Estado de Sergipe, apresentando a principal via de acesso à área em estudo demarcado no retângulo preto; a área tracejada corresponde à capital Aracaju [A]. Mapa de localização e acessos da região do estudo com as rodovias estaduais e drenagens [B]. ................................................................................................................... 5

    Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África. Fonte: Caby et al. (1991). ............................................................................................... 11

    Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da Província Borborema (Vauchez et al. 1995). ................................................................. 13

    Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977). .................................. 15

    Figura 5. Esboço tectono-estratigráfico do Estado de Sergipe ...................................... 16

    Figura 6. Mapa geológico da Faixa Sergipana e áreas adjacentes (D’el-Rey Silva 1992), dividida em seis domínios litotectônicos: Estância, Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé, separados por grandes sistemas de falhas que são: Falha de Itaporanga (FI), Falha de São Miguel do Aleixo (FSMA), Falha de Belo Monte-Jeremoabo (FBMJ) e Falha de Macururé (FMS). ........................................................... 19

    Figura 7. Mapa do Estado de Sergipe no contexto dos estados vizinhos com a localização do Domínio Macururé (área na cor cinza) (A). Esboço geológico do Domínio Macururé apresentando, em rosa, as intrusões de granito (B). A área em destaque, delimitada pelo retângulo preto corresponde ao corpo granítico objeto deste estudo.. ............................................................................................................................ 28

    Figura 8. Mapa faciológico e afloramentos estudados no Stock Granítico Glória Sul e encaixante.. ..................................................................................................................... 30

    Figura 9. Aspecto geral de um afloramento do Stock Granítico Glória Sul, apresentando-se comumente sob a forma de grandes lajedos. .............................................................. 32

    Figura 10. Textura geral característica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observar no canto superior direito da figura a presença de dois pequenos enclaves máficos microgranulares. ................................................................................................ 32

    Figura 11. Textura geral da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, observando-se no centro da figura a presença de enclave máfico microgranular estirado. ......................... 33

  • XI  

     

     

     

    Figura 12. Visão geral da Fácies Muscovita Granito, que ocorre sob a forma de lajedo. ........................................................................................................................................ 33

    Figura 13. Textura geral da Fácies Muscovita Granito. Notar o grande volume de cristais de muscovita (pontuações marrom claro), o que confere a rocha um sutil anisotropismo. ................................................................................................................. 34

    Figura 14. Lajedo da Fácies Muscovita Granito, representada por uma rocha de coloração clara e textura equigranular. ........................................................................... 34

    Figura 15. Textura característica da Fácies Biotita Granito em que se observa a presença de enclaves máficos microgranulares. Esta fácies é que apresenta a maior concentração de enclaves do stock. ...................................................................................................... 36

    Figura 16. Zona de contato da Fácies Granito com Granada com o embasamento, observando-se injeções graníticas (coloração bege clara) nos metassedimentos do Domínio Macururé. Observar que o contato entre o granito e a rocha encaixante assemelha-se a um material “amassado”. ....................................................................... 36

    Figura 17. Diversas formas dos Enclaves Máficos Microgranulares presentes no SGS. [A] Enclave máfico microgranular estirado; [B] Enclave máfico microgranular anguloso; [C] Enclave máfico microgranular anguloso; [D] Enclave máfico microgranular múltiplo e em formato de coração; [E] Enclave máfico microgranular aparentemente oval; [F] Enclave máfico microgranular arredondado múltiplo. ............ 37

    Figura 18. Esquema ilustrativo da interação entre o magma máfico e félsico durante a cristalização do magma félsico segundo Barbarin & Didier (1992). ............................. 38

    Figura 19. Enclave máfico microgranular arredondado localizado na Fácies Biotita Granito, exibindo uma borda mais escura em decorrência da acumulação de biotita e diopsídio. ........................................................................................................................ 38

    Figura 20. Textura típica do xisto do Domínio Macururé. Observar o grande volume dos cristais de muscovita (pontuações exibindo brilho) e de granada que ocorre como porfiroblastos (pontuações em coloração rosada). ......................................................... 40

    Figura 21. Injeções graníticas leucocráticas dobradas ocorrendo dentro do xisto (coloração cinza), no Domínio Macururé. ...................................................................... 40

    Figura 22. Afloramento nas margens do riacho da Lagoa. Notar que a rocha encaixante (coloração cinza) ocorre de forma fragmentada como brechas, em contato com o granito (coloração bege). ............................................................................................................ 41

    Figura 23. Dique de granito leucocrático cortando o xisto do Domínio Macururé. Notar diversas injeções graníticas leucocráticas, por vezes dobradas na rocha encaixante. .... 41

  • XII  

     

     

     

    Figura 24. Estrutura em “boudin” presente de forma pontual no xisto do Domínio Macururé. ........................................................................................................................ 42

    Figura 25. Metarenito presente no Domínio Macururé. É possível observar estrutura primária preservada (S0). ................................................................................................ 42

    Figura 26. Diagramas de nomenclatura. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita (5%An). ................................. 47

    Figura 27. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. As linhas tracejadas representam trends segundo Lameyre & Bowden (1982). T = Séries Toleiíticas, A = Séries Alcalinas, a = Cálcio-Alcalinas de baixo K (Cálcio-Alcalinas trondhjemíticas), b = Cálcio-Alcalinas de médio K (Cálcio-Alcalinas granodioríticas), c = Cálcio-Alcalinas de alto K (Cálcio-Alcalinas monzoníticas). ................................................................................................................. 75

    Figura 28. Sequência de cristalização proposta para as rochas do SGS. As letras representam a ordem cronológica de precipitação mineral. ........................................... 77

    Figura 29. Diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) para a classificação das rochas plutônicas segundo Middlemost (1985), aplicado às rochas do SGS. A curva tracejada divide o domínio das rochas alcalinas e sub-alcalina segundo Myashiro (1978). .......... 91

    Figura 30. Diagrama Na2O versus K2O de Peccerillo & Taylor (1976) com as amostras do SGS. As linhas A e B definidas por Corriveau & Gorton (1993) para o campo das rochas ultrapotássicas. .................................................................................................... 93

    Figura 31. Índices de Shand (1927), expressos em diagrama de Maniar & Piccoli (1989), usados para o grau de saturação em alumina das amostras do SGS. Legenda: A/CNK - Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), A/NK - Al2O3/(Na2O+K2O). ................................ 94

    Figura 32. Diagramas de Harker para as rochas estudadas. ........................................... 97

    Figura 33. Diagrama Albita (Ab) – Quartzo (Qz) – Ortoclásio (Or) com PH2O = 500, 3000 e 5000 bar, segundo Tuttle & Bowen (1958). ....................................................... 99

    Figura 34. Diagramas de Elementos Traços versus SiO2 para as rochas do SGS. ....... 101

    Figura 35. Padrão de elementos terras rara normalizados para o condrito (Evensen et al. 1978) para as rochas da área estudada.. ........................................................................ 104

    Figura 36. Diagramas multi-elementar com valores normalizados para o ORG (ocean ridge granites) de Pearce et al. 1984, para as rochas do SGS.. .................................... 106

  • XIII  

     

     

     

    Figura 37. Diagrama K2O versus Na2O segundo Chappell & White (1974), aplicado às rochas do Stock Granítico Glória Sul. .......................................................................... 108

    Figura 38. Diagrama discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) com as amostras do Stock Granítico Glória Sul. Legenda: sin-COLG – sin-colisional, VAG – granitos de arco vulcânico, WPG – granitos intra-placa, ORG – granitos de cadeias oceânicas. ...................................................................................................................... 110

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • XIV  

     

     

     

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998. ............. 24

    Tabela 2. Análises modais das rochas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul. Legenda: FMG - Fácies Muscovita Granito; FBG – Fácies Biotita Granito; FGMB – Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG – Fácies Granito com Granada; FE – Fácies Enclaves. Qz – Quartzo; Pl – Plagioclásio; Kfs – Feldspato Alcalino; Ms – Muscovita; Bt – Biotita; Hbl – Hornblenda; Di – Diopsídio; Grt – Granada; Ttn – Titanita; Ep – Epídoto; Ap – Apatita; Zrn – Zircão; Cb – Carbonato; Opq – Mineral opaco. .............................................................................................................................. 46

    Tabela 3. Análises geoquímicas para elementos maiores (em % de peso) e cálculo normativo CIPW para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita; FGG-Fácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. L.O.I.-Loss on Ignition (Perda ao fogo). Q-Quartzo; C-Coríndon; Or-Ortoclásio; Ab-Albita; An-Anortita; Di-Diopsídio; Hy-Hiperstênio; Ol-Olivina; Il-Ilmenita; Hm-Hematita; Tn-Titanita; Ru-Rutilo; Ap-Apatita. ........................................................................................................................................ 88

    Tabela 4. Análises geoquímicas para elementos traços (em ppm) para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG-Fácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. .................................................................................................................... 89

     

     

     

     

     

     

     

     

  • XV  

     

     

     

    LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS

    Fotomicrografia 1. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................. 48

    Fotomicrografia 2. Cristais de biotita em contato com muscovita e titanita da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. .................................................................................................................. 51

    Fotomicrografia 3. Foto-mosaico representativo da Fácies Muscovita Granito podendo-se observar a textura predominante hipidiomórfica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................... 53

    Fotomicrografia 4. Cristal de plagioclásio saussuritizado e cristais de muscovita, quartzo, feldspato alcalino, epídoto e mineral opaco (A). Cristal de biotita cloritizado (B). Cristais de biotita com inclusão de zircão (C). Cristais de carbonato, quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita, titanita e epídoto (D). Observação realizada com sistema em luz polarizada (A e D) e em luz natural (B e C). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. ............................................................... 56

    Fotomicrografia 5. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Biotita Granito. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma estrutura isotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .......... 57

    Fotomicrografia 6. Cristal de feldspato alcalino com textura pertita, quartzo, plagioclásio e biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. ................................................................................................................................ 59

    Fotomicrografia 7. Foto-mosaico apresentando plagioclásio com zonação múltipla característico da Fácies Biotita Granito. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. ................................................................................................ 60

    Fotomicrografia 8. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita, quartzo, plagioclásio e epídoto. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. ............ 62

    Fotomicrografia 9. Cristais de biotita, quartzo, epídoto e feldspato alcalino. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. .............................................. 62

    Fotomicrografia 10. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. ................................................... 64

  • XVI  

     

     

     

    Fotomicrografia 11. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 65

    Fotomicrografia 12. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. ........................................................................................................................................ 68

    Fotomicrografia 13. Cristais de biotita em contato com cristais de muscovita da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ........................................................................................................................................ 68

    Fotomicrografia 14. Foto-mosaico apresentando cristais de diopsídio, biotita e mineral opaco da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ..................................................................................................... 69

    Fotomicrografia 15. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita e granada da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ........................................................................................................................................ 69

    Fotomicrografia 16. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Enclave. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 71

    Fotomicrografia 17. Cristais de biotita em contato reto, titanita euédrica e apatita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 20X. ............................... 74

    Fotomicrografia 18. Cristais idiomórficos de apatita com presença de inclusões de minerais opacos. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 40X .... 74

    Fotomicrografia 19. Foto-mosaico apresentando a textura geral da rocha encaixante. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 84  

     

     

  •  

     

     

     

     

     

     

     

     

    CAPÍTULO   I  

    CONSIDERAÇÕES  GERAIS  

  •  

    Petrologia  do  Stock  Granítico  Glória  Sul,  Faixa  Sergipana...                                                                                                                            Conceição,  J.A.  (2014)  

    2  

     

    CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS

    I.1. INTRODUÇÃO

    As rochas graníticas são as mais abundantes na crosta continental e podem se

    originar a partir de fontes diversas, como manto, crosta, ou mistas, com contribuição em

    proporções variadas de crosta e manto (Barbarin 1990, 1999, Pitcher 1993, Pearce et al.

    1984, Pearce 1996, Frost et al. 2001, Vigneresse 2004).

    Na Faixa Sergipana existe um grande volume de granitos, com expressividade no

    Domínio Macururé que foram classificados inicialmente como Tipo Glória. Diversos

    trabalhos foram desenvolvidos nesses granitos com destaque para Fujimori (1989),

    Chaves (1991), Santos et al. (1998), Conceição et al. (2012), Lisboa et al. (2012),

    Oliveira et al. (2012) e Silva et al. (2013).

    A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre o Cráton do São Francisco, ao

    sul, e o Maciço Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito

    Neves 1984). A faixa compreende seis domínios litotectônicos: Domínio Estância,

    Domínio Vaza Barris, Domínio Macururé, Domínio Poço Redondo, Domínio Marancó

    e Domínio Canindé (Santos et al. 1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992).

    Uma das feições características da Faixa de Dobramentos Sergipana é a presença de um

    volumoso plutonismo granítico.

    Esta dissertação traz uma abordagem da geologia, petrografia e geoquímica do

    Stock Granítico Glória Sul, localizado no Domínio Macururé da Faixa Sergipana.

    Para esta pesquisa foram utilizadas diversas ferramentas que serão descritas a

    seguir. No capítulo 2 será apresentado uma síntese a respeito da geologia regional, com

    uma abordagem sobre a Província Borborema e a Faixa de Dobramentos Sergipana. Os

    dados de campo, petrografia e geoquímica serão apresentados e discutidos

    respectivamente nos capítulos 3, 4 e 5. Estes dados permitirão uma interação e

    caracterização da geologia local em estudo, bem como uma abordagem detalhada do

    ponto de vista textural, mineralógico e químico da área.

  •  

    Petrologia  do  Stock  Granítico  Glória  Sul,  Faixa  Sergipana...                                                                                                                            Conceição,  J.A.  (2014)  

    3  

     

    I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

    A área estudada está situada na porção nordeste do Estado de Sergipe, entre as

    coordenadas geográficas 10º12’ – 10º20’ de latitude sul e 37º50’ – 37º41’ de longitude

    oeste (Fig. 1). Ela aloca-se na folha topográfica Gracho Cardoso (SC.24-Z-B-I) da

    SUDENE (1971), elaborada para escala de 1:100.000, onde consta o município de

    Nossa Senhora da Glória.

    A região estudada dista aproximadamente 113 km da capital Aracaju. O acesso a

    ela, partindo-se de Aracaju, é feito através da BR-235 até a cidade Itabaiana, e de

    Itabaiana até o município de Nossa Senhora da Glória é feito pela rodovia estadual SE-

    175. A partir dessa cidade o acesso aos afloramentos é feito pelas estradas secundárias.

    I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

    O município de Nossa Senhora da Glória está inserido no Polígono das Secas. Ele

    apresenta clima do tipo Megatérmico Semi-Árido, com temperatura média anual de

    24,2º C, precipitação pluviométrica média de 702,4 mm e período chuvoso de março a

    agosto. O relevo é caracterizado por uma superfície pediplana e dissecada, com formas

    do tipo colina e tabuleiros, existindo aprofundamento em regiões de drenagem. Os solos

    são Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Litólicos Eutróficos e

    Planosol, com uma vegetação de capoeira, caatinga, campos limpos, campos sujos e

    com vestígios de mata (Bomfim et al. 2002).

    I.4. OBJETIVOS

    A ocorrência de corpos graníticos na Faixa Sergipana é consideravelmente

    expressiva e o Domínio Macururé apresenta um volume significativo deste

    magmatismo. Alguns estudos anteriores apresentaram dados sobre geologia regional,

    merecendo destaque para os trabalhos de Humphrey & Allard (1969), Silva Filho et al.

    (1979) e Santos et al. (1988, 1998). Chaves (1991) aborda uma temática local estudando

  •  

    Petrologia  do  Stock  Granítico  Glória  Sul,  Faixa  Sergipana...                                                                                                                            Conceição,  J.A.  (2014)  

    4  

     

    alguns corpos graníticos e individualizando-os e Conceição (2011) apresenta o Maciço

    Granítico Glória Sul presente no Domínio Macururé.

    A presente dissertação de mestrado aborda o estudo específico do Stock Granítico

    Glória Sul (SGS), tendo em vista os principais objetivos:

    ! Melhorar a cartografia geológica do SGS e definir sua faciologia e as relações com

    as rochas encaixantes;

    ! Caracterizar o SGS quanto aos seus aspectos petrográficos, determinando a

    composição modal de suas amostras, bem como atribuir-lhes os nomes utilizando-se

    dos parâmetros estabelecidos pela International Union Geological Sciences (IUGS);

    ! Interpretar os dados geoquímicos de elementos maiores, menores e traços.

    I.5. MÉTODOS EMPREGADOS

    As técnicas apresentadas neste trabalho envolveram a obtenção, análise e a

    interpretação dos dados obtidos. Para tanto, o trabalho constou de três etapas de

    atividades: i) trabalhos de pré-campo; ii) trabalhos de campo e iii) trabalhos de

    laboratório.

    I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo

    Inicialmente realizou-se uma seleção de material bibliográfico sobre a área e

    temas afins, como petrografia e geoquímica de rochas graníticas. Essa coleta envolveu a

    consulta a teses, dissertações, artigos científicos, projetos na área de interesse, resumos

    em anais de eventos, entre outros, permitindo reunir o acervo bibliográfico. Durante a

    pesquisa na rede da internet, destaca-se a utilização do Portal de Periódicos da CAPES

    (http://www.periodicos.capes.gov.br.ez20.periodicos.capes.gov.br).

  •  

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    6  

     

    Ainda nessa etapa selecionou-se as fotografias aéreas da região que recobrem o

    SGS. Elas foram escolhidas a partir do foto-índice 3 na escala de 1:70.000 da Força

    Aérea Brasileira (1984). As fotografias correspondem às faixas 10 (1058-1063; 1071-

    1075; 1088-1092) e 11 (1102-1105) cedidas pela SEPLAG/SE.

    I.5.2. Trabalhos de Campo

    O mapeamento detalhado foi realizado no SGS e nas suas encaixantes. A

    localização dos afloramentos visitados foi realizada utilizando-se o sistema de

    coordenadas Universal Transversal Mercator (UTM), determinadas por Global

    Positioning System (GPS) da marca Garmin, modelo GPSMAP, 62 stc.

    O mapeamento permitiu a aquisição de dados dos principais elementos estruturais

    das rochas da região e realização de amostragem sistemática para estudos posteriores

    em laboratório. Para tanto, utilizou-se das seguintes ferramentas: bússola tipo Brunton,

    lupa de bolso (20X), martelo de geólogo, marreta, máquina fotográfica digital, sacos

    plásticos para acondicionar as amostras, e fita adesiva.

    Foram realizadas um total de cinco missões a campo, totalizando 94 pontos

    visitados e 28 pontos amostrados.

    I.5.3. Trabalhos de Laboratório

    Os trabalhos de laboratório consistiram na descrição petrográfica e análises

    químicas e isotópicas das amostras representativas do stock. Os métodos empregados

    estão sumariados abaixo.

    I.5.3.1. Petrografia

    Os estudos petrográficos foram realizados a partir da descrição de amostras

    macroscópicas e de lâminas delgadas destas mesmas rochas.

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    Petrologia  do  Stock  Granítico  Glória  Sul,  Faixa  Sergipana...                                                                                                                            Conceição,  J.A.  (2014)  

    7  

     

    A descrição das 22 lâminas delgadas foi realizada em um microscópio

    petrográfico – XJP200 Kozo Optical. A contagem modal foi realizada com contador de

    pontos automático de marca SWIFT, modelo F acoplado em um microscópio

    petrográfico Leitz modelo Laborlux 12 Pol 15, contando cerca de 2.500 pontos por

    lâmina. Com isto, realizou-se uma classificação petrográfica, caracterizando os

    diferentes aspectos texturais nas rochas estudadas.

    A obtenção das imagens microscópicas deu-se através de um microscópio da

    marca Olympus BX 41 com uma câmera acoplada Olympus SC30, utilizando-se o

    software Cell^B Olympus (2008).   Todas as atividades petrográficas foram

    desenvolvidas Laboratório de Microscopia e Lupas do DGeol da UFS.

    I.5.3.2. Geoquímica

    As análises geoquímicas das rochas foram realizadas nos laboratórios do Acme

    Labs no Canadá num total de 17 amostras. As análises para os elementos maiores foram

    realizadas pelo método de Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry

    (ICP-OES) enquanto que os elementos menores e traços foram dosados por Inductively

    Coupled Plasma Microespectrometry (ICP-MS). As amostras foram preparadas no

    Laboratório de Geoquímica e Sedimentologia do DGeol. Os diagramas para as amostras

    analisadas foram elaborados com o auxílio do programa Geochemical Data Toolkit for

    Windows 2.3 (Janoušek et al. 2006) através de tabelas em Microsoft Office Excel® 2007

    contendo os dados analíticos.

    I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas

    A. Critério de cores em mapas geológicos

    Para a elaboração dos mapas geológicos apresentados neste trabalho, as cores

    utilizadas na confecção foram adotadas a partir das convenções geológicas da U.S.

    Geological Survey (2005) contidas na publicação “Selection of colors and patterns for

    geologic maps of the U.S. Geological Survey”.

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    B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias

    As abreviações dos nomes dos minerais nas fotomicrografias seguiram as

    recomendações de Whitney & Evans (2010).

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    CAPÍTULO   I I  

    GEOLOGIA  REGIONAL  

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    Petrologia  do  Stock  Granítico  Glória  Sul,  Faixa  Sergipana...                                                                                                                            Conceição,  J.A.  (2014)  

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    CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL

    II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA

    A Província Borborema (PB), como definida por Almeida et al. (1977), é uma

    unidade geotectônica essencialmente Brasiliana (550-700 Ma), compreende a parte

    central de uma larga faixa orogenética Pan-Africana-Brasiliana formada como

    consequência de convergência e colisão dos crátons São Luís-Oeste da África e São

    Francisco-Congo-Kasai durante o Neoproterozoico tardio (Fig. 2), envolvendo vários

    processos orogenéticos mais antigos, onde rifteamento e fragmentação há 1,0 Ga foi um

    importante evento de formação crustal (Van Schmus et al. 1995).

    A PB cobre uma área de cerca de 380.000 km2, que coincide com a Faixa de

    Dobramentos do Nordeste. É limitada pelas províncias São Francisco e Parnaíba, bem

    como pelas bacias costeiras e margem continental (Almeida et al. 1981). Ela estende-se

    por grande parte do Nordeste brasileiro, desde o estado de Sergipe até a parte oriental do

    Piauí.

    A Província Borborema do Nordeste do Brasil (Brito Neves et al. 2000) apresenta

    uma complexidade estratigráfica e geocronológica, sendo marcada por uma intensa

    atividade magmática e extensas zonas de cisalhamentos transcorrentes relacionadas ao

    evento Brasiliano. Os seus principais traços estruturais foram estabelecidos por Brito

    Neves (1975), que a definiu como um arcabouço tectônico constituído por sistemas ou

    faixas de dobramentos, maciços medianos e lineamentos.

    Autores, como Barbosa (1970) e Brito Neves (1975), distinguiram as faixas de

    dobramentos: Sergipana, Riacho do Pontal, Pajeú, Piancó-Alto Brígida, Seridó,

    Jaguaribe e Médio Coreaú, que são separadas pelos maciços Pernambuco-Alagoas, Rio

    Piranhas, Tróia e Granja, estes incluindo alguns núcleos de embasamento, bem como os

    lineamentos de Pernambuco, Patos, Senador Pompeu e Sobral Pedro II, entre outros.

    Brito Neves (1975), Jardim de Sá & Hackspacher (1980), Jardim de Sá (1984) e

    Santos et al. (1984), elaboraram diversos modelos de compartimentação tectônica para

    PB. Van Schmus et al. (1994, 1995) dividiram a Província Borborema em três

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    Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África. Fonte: Caby et al. (1991).

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    domínios geotectônicos distintos: o primeiro, localizado a norte do lineamento Patos, é

    constituído pelos maciços Rio Piranhas, Caldas Brandão e as supracrustais de idade

    supostamente Paleoproterozoica; o segundo, localizado a sul da PB, é constituído pelo

    embasamento Paleoproterozoico e Arqueano do Cráton São Francisco; o terceiro,

    central (sul do Lineamento Patos), é composto por blocos de embasamento

    Paleoproterozoico a Arqueano, alternados com faixas móveis de idade

    mesoproterozoica e neoproterozoica (Fig. 3).

    A PB trata-se de uma província estrutural da Plataforma Sul-Americana,

    caracterizada pela riqueza e diversidade do magmatismo granítico, o qual perfaz, em

    termos gerais, cerca de 30% de todo o conjunto territorial em apreço (Brito Neves et al.

    2003).

    II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA

    O magmatismo granítico é uma das feições mais expressivas da orogênese

    Brasiliana na Província da Borborema. Ele está representado por inúmeros corpos com

    dimensões e formas variadas. Estas manifestações graníticas se encontram permeando

    as faixas de supracrustais (Eo-Neoproterozoica/Cariris Velhos e Neoproterozoicas/

    Brasilianas), os fragmentos do embasamento paleoproterozoico retrabalhados

    (intrafaixas e interfaixas de supracrustais), e as zonas de cisalhamento que deram a

    forma final geométrico-estrutural da província (Brito Neves et al. 2003).

    Os trabalhos regionais foram realizados por Almeida et al. (1967), Brito Neves &

    Pessoa (1974) e Santos & Melo (1978).

    Almeida et al. (1967) identificaram quatro tipos de granitóides, os quais foram

    designados como tipos: Conceição (tonalitos a granodioritos), Itaporanga (granodioritos

    porfiríticos com megacristais de feldspato atingindo até 10 cm de comprimento),

    Itapetim (biotita granitos) e Catingueira (granitoides peralcalinos).

    Com base em dados geoquímicos e determinações geocronológicas U-Pb em

    zircão e dados isotópicos Sm-Nd de parte destes granitos, Guimarães et al. (1998)

    apresentaram uma classificação considerando composição mineralógica, afinidade

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    Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da Província Borborema (Vauchez et al. 1995). ZCCG: zona de cisalhamento Campina Grande; ZCPE: zona de cisalhamento Pernambuco Leste; ZCPW: zona de cisalhamento Pernambuco Oeste; ZCFN: zona de cisalhamento Fazenda Nova; ZCG: zona de cisalhamento Granja; ZCPO: zona de cisalhamento Portalegre; ZCPA: zona de cisalhamento Patos; ZCSP: zona de cisalhamento Senador Pompeu; ZCS: zona de cisalhamento Sobral; ZCT: zona de cisalhamento Tauá; ZCTT: zona de cisalhamento Tatajuba.

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    geoquímica, natureza das encaixantes e dos possíveis protólitos, principalmente no

    domínio central da província, a Zona Transversal. Estes autores subdividiram os

    granitoides em cinco grupos: 1. Cálcio-alcalinos Normais; 2. Cálcio-alcalinos de Alto

    Potássio (com afinidades shoshoníticas); 3. Sienogranitos, quartzo sienitos e sienitos

    com afinidades shoshoníticas; 4. Biotita granitos (transicionais entre alcalinos e

    shoshoníticos); 5. Biotita sienogranitos leucocráticos; biotita sienogranitos

    comagmáticos com basalto e dacitos (idades mais jovens).

    O grande volume de granitoides Brasilianos sincrônicos e tardi-tectônicos mostra

    que a Orogenia Brasiliana representa o mais intenso evento tectono-térmico na

    Província Borborema (Caby et al. 1991). A grande maioria dos plútons referidos fica

    localizada nos terrenos da Zona Transversal, com destaque especial para o terreno Alto

    Pajeú que concentra grande parte das intrusões, que são caracterizadas por batólitos

    compostos ou complexos batolíticos, muitas vezes associados a maciços migmatíticos.

    II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE

    O arcabouço geológico do Estado de Sergipe é caracterizado por pertencer a três

    províncias estruturais definidas por Almeida et al. 1977: Cráton do São Francisco,

    Província Borborema e a Província Costeira e Margem Continental (Fig. 4). Santos et

    al. (1998) expõe que as principais unidades geológicas do Estado de Sergipe são

    representadas pelo embasamento gnáissico, a Faixa de Dobramentos Sergipana e as

    Bacias Sedimentares e formações superficiais (Fig. 5).

    II.2.1. Embasamento Gnáissico

    O embasamento gnáissico no Estado de Sergipe compreende duas unidades

    distintas pertencentes ao Cráton do São Francisco: o complexo gnáissico-migmatítico e

    o complexo gnáissico-migmatítico do domo estrutural de Itabaiana e a janela tectônica

    em Simão Dias (Santos et al. 1998).

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    Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977).

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    O Cráton do São Francisco como as outras províncias geológicas brasilianas (~

    600 Ma), foi definido com o nome de plataforma do São Francisco por Almeida (1967,

    1969) é um bloco crustal consolidado durante o Paleoproterozoico Inferior, que tem os

    seus limites estruturados no Neoproterozoico. Do ponto de vista geotectônico, o Cráton

    do São Francisco, pode ser descrito como um mosaico de unidades estruturais, gerado

    por sucessivos mecanismos tectônicos que podem ser expressos por acresções crustais

    e/ou colisões continentais do final do Paleoproterozoico (Barbosa et al. 2003).

    II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias

    O Complexo Gnáissico-Migmatítico compreende duas faixas divergentes em

    direção ao norte, constituída por gnaisses, migmatitos e rochas granitoides que afloram

    na porção meridional do Estado de Sergipe, separadas pela cunha constituída pelo

    Complexo Granulítico, o qual compreende ortognaisses charnoenderbíticos a

    charnoquíticos, gnaisses kinzigíticos, rochas calcissilicáticas, metanoritos e biotita

    gnaisses migmatizados, além de níveis pouco espessos de quartzitos (Santos et al.

    1998).

    O Domo de Itabaiana é alongado na direção N50ºE, se expõe com um

    comprimento de cerca de 45 km e uma largura máxima de 30 km, aproximadamente. O

    núcleo da estrutura é constituído de gnaisse, ao qual se sobrepõem rochas

    metassedimentares miogeossinclinais que, por erosão da parte central, formam uma

    borda topográfica ao redor do gnaisse (Humphrey & Allard 1969).

    O Domo de Simão Dias é muito menor e continua para o leste ao longo de uma

    faixa muito estreita de gnaisses miloníticos (D’el-Rey Silva & McClay 1995). O gnaisse

    exposto no núcleo do domo estrutural e numa janela tectônica em Simão Dias é

    predominantemente um gnaisse quartzo-feldspático, que tem como minerais

    característicos mica e hornblenda, e é cortado por diques e/ou soleiras de rochas básicas.

    Estes dois corpos de gnaisse estão conectados por uma estreita faixa de gnaisse

    cisalhado e milonitizado, que inclui lentes de quartzito milonitizado. Esta faixa se acha

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    exposta, por causa de deslocamentos sofridos pelas rochas cavalgantes, por falhamento

    normal ao longo de zonas de cisalhamento mais antigas (Humphrey & Allard 1969).

    II.2.2. Faixa Sergipana

    A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre os granulitos e os gnaisses de

    grau anfibolito da parte norte do Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço

    Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito Neves 1984).

    A faixa exibe uma forma triangular e é seccionada por diversas falhas de empurrão e

    transcorrentes ESE-WNW (D’el-Rey Silva 1992), estendendo-se do litoral dos estados

    de Sergipe e Alagoas, onde alcança uma largura da ordem de 200 km, até o sul da

    cidade de Curaçá, no norte do Estado da Bahia (Brito Neves et al. 1977).

    O conhecimento geológico a cerca da Faixa Sergipana foi baseado em diversos

    trabalhos realizados por universidades, bem como por companhias federais e estaduais,

    como PETROBRÁS, CPRM entre outras.

    Humphrey & Allard (1969), em estudos iniciais descreveram sobre a

    Geossinclinal de Propriá, detalhando as principais unidades litoestratigráficas e

    estabeleceram os elementos básicos da geologia da área. Brito Neves et al. (1977)

    advogaram o Sistema de Dobramentos Sergipano como um choque de duas placas

    litosféricas rígidas, correspondentes ao Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço

    Pernambuco-Alagoas, ao norte, com uma zona de subducção dirigida para sul.

    Silva Filho et al. (1979) mapearam sistematicamente a “Geossinclinal Sergipana”,

    a qual consta do Supergrupo Canudos, que engloba os Grupos Inferior e Superior,

    correspondendo aos Grupos Miaba e Vaza Barris, respectivamente, e representando à

    fácies miogeossinclinal; o Grupo Macururé representa à fácies eugeossinclinal e

    apresenta ocorrência de granitoides tardi a pós-tectônicos.

    A Faixa Sergipana (Fig. 6) compreende seis domínios litotectônicos separados

    pelas falhas de Itaporanga, São Miguel do Aleixo, Belo Monte-Jeremoabo e Macururé

    (Davison & Santos 1989). O Domínio Estância é a parte sedimentar depositada sobre o

    cráton, o Domínio Vaza Barris é a parte meta (vulcano) sedimentar, o Domínio

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    Macururé é a parte (meta) vulcanossedimentar depositada em torno do domo de Jirau do

    Ponciano. Neste último domínio, além dos migmatitos de Poço Redondo, os domínios

    Marancó e Canindé são derivados principalmente de rochas ígneas, que formam a parte

    norte da faixa, que é limitada a sul pela falha de São Miguel do Aleixo (Santos et al.

    1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992).

    A compartimentação adotada para a Faixa Sergipana, nesta dissertação, segue a

    estabelecida por Santos et al. (1988) e complementada por Davison & Santos (1989),

    em que são reconhecidos domínios limitados por descontinuidades estruturais profundas

    e com feições geológicas distintas. Estes domínios foram denominados de Estância,

    Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé.

    Brito Neves & Cordani (1973) atribuem uma idade relativa de 673 ± 20 Ma. para

    a fase principal do metamorfismo regional que afetou a Faixa Sergipana, tendo sido

    perturbada pela ocorrência de corpos graníticos com idade máxima de 630 ± 23 Ma. e

    idade mínima de 590 ± 30 Ma., todos eles inseridos durante o Ciclo Brasiliano.

    II.2.2.1. Domínio Estância

    Inicialmente denominada de Formação Estância (Humphrey & Allard 1969)

    compreende os arenitos finos e siltitos não deformados que afloram abundantemente na

    área ao sul de Lagarto e Simão Dias, até Tobias Barreto, incluindo-se, também,

    afloramentos esparsos a leste de Itaporanga, Estância, e ao longo do Rio Real.

    O Grupo Estância é uma pilha de rochas sedimentares quase não deformadas, que

    foi depositada na borda do cráton. Essas rochas correspondem a típicos sedimentos de

    plataforma estável e estilo idiomórfico de dobramento (fraco e descontínuo) e é

    provavelmente de idade neoproterozoica, com base em algumas correlações regionais

    (Brito Neves 1998).

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    II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris

    O Domínio Vaza-Barris localiza-se na parte central do Estado de Sergipe,

    prolongando-se para oeste, além do limite estadual, e, para leste, até a Bacia de Sergipe

    (Santos et al. 1998). Humphrey & Allard (1969) descreveram o Grupo Vaza-Barris

    como sendo constituído de filitos, metagrauvacas e metagrauvacas seixosas,

    metacalcários e metadolomitos, metarenitos, metassiltitos e lentes finas e descontínuas

    de rochas metavulcânicas.

    D’el-Rey Silva (1999) descreveu o Domínio Vaza-Barris como uma cunha de 1-4

    km de espessura de metassedimentos siliciclásticos e carbonatos plataformais marinho

    raso (miogeoclinal) e pequenas ocorrências de rochas vulcânicas em torno dos domos

    do embasamento. É constituído principalmente de rochas sedimentares clásticas e

    químicas submetidas às condições da Fácies Xisto Verde.

    II.2.2.3. Domínio Macururé

    O Domínio Macururé é uma cunha com

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    II.2.2.4. Domínio Marancó

    Esse domínio ocorre apenas a leste da Bacia do Tucano. Ele é composto

    principalmente (80% por área) por lavas riolíticas e dacíticas com termos básicos

    anfibolitizados inter-bandados subordinados, pelitos, conglomerados de derivação

    vulcânica, quartzitos e carbonatos (Davison & Santos 1989). O domínio caracteriza-se

    pela presença de rochas do Complexo Marancó, de natureza vulcanossedimentar,

    imbricado tectonicamente com granitoides Tipo Serra Negra. Tanto o complexo como

    os granitoides Tipo Serra Negra mostram-se intensamente cisalhados, com foliações

    subverticais, subparalelas a zonas de cisalhamento dúctil contracionais oblíquas de alto

    ângulo, e com transcorrências rúpteis transversais superpostas (Santos et al. 1998). O

    metamorfismo é de Fácies Anfibolito.

    II.2.2.5. Domínio Poço Redondo

    O Domínio Poço Redondo ocupa a área delimitada na falha entre os municípios

    de Canindé e Poço Redondo e o limite com a Bacia de Tucano (D’el-Rey Silva 1992). A

    complexa sequência de ortognaisses e paragnaisses, migmatizados, e injetada por

    granitos e granodioritos sincrônicos e pós-tectônicos indicam que o nível de exposição

    crustal desta área é mais profundo do que o Domínio Macururé e o Domínio Marancó

    (Davison & Santos 1989).

    Carvalho (2005) descreve esse domínio sendo constituído por migmatitos, biotita

    gnaisses e várias intrusões graníticas, tais como Serra Negra, granodiorito Sítios Novos.

    Limita-se com o Domínio Macururé através da falha Belo Monte-Jeremoabo e o

    metamorfismo atinge a Fácies Anfibolito Alto (Santos et al. 1998).

    Esse domínio caracteriza-se pela presença de granitos diversos dos tipos Glória,

    Xingó e Serra do Catu. Observa-se a ocorrência de enclaves de anfibolitos bandados, e,

    por vezes, de rochas cálcio-silicáticas e de mármores, estes últimos mais frequentes na

    região de Paulo Afonso, na Bahia (Santos et al. 1998).

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    II.2.2.6. Domínio Canindé

    É o domínio mais setentrional da faixa, constituindo uma faixa de direção NW-

    SE, paralela ao Rio São Francisco (Santos et al. 1998). O Domínio Canindé consiste de

    gabros (Complexo Canindé), basaltos, xistos ultrabásicos, lavas félsicas, mármores,

    xistos pelíticos, acompanhados por intrusões graníticas (Silva Filho et al. 1981). Os

    gabros são intrusivos em metassedimentos e variam de leucogabro a composição

    ultrabásica, mas domina a presença de gabro isotrópico com clinopiroxênio,

    plagioclásio e raros fenocristais de ortopiroxênio (Davison & Santos 1989).

    Oliveira et al. (2010) descreveram que o Complexo Canindé Gabróico

    compreende camadas maciças de olivina-gabronorito, leucogabro, anortosito, troctolito

    e em menor volume tem-se gabro pegmatítico, norito e peridotito, onde estas unidades

    são atravessadas por granitos, granodioritos e granitos rapakivi. O metamorfismo varia

    da Fácies Xisto Verde até a Fácies Anfibolito. Desse modo, nas rochas supracrustais

    foram individualizadas as unidades Mulungu, Garrote, Novo Gosto e Gentileza,

    encaixantes do plutonismo gabróico denominado de Suíte Intrusiva Canindé (Santos et

    al. 1998).

    A Suíte Intrusiva Canindé apresenta grande variedade composicional, onde são

    identificados gabros normais, noritos, micrograbos, olivina gabros, leucogabros,

    anortositos, troctolitos e rochas ultramáficas, por vezes com texturas de cumulus e

    intercumulus, indicativas de processos de diferenciação magmática (Santos et al. 1998).

    O Domínio Canindé apresenta granitos dos tipos Garrote, Tipo Curralinho, Xingó e

    Serra do Catu (Santos et al. 1998).

    II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana

    A Faixa Sergipana apresenta ampla distribuição de corpos graníticos no Estado de

    Sergipe, tendo sido caracterizados e agrupados tomando-se como referência a época de

    colocação (em relação aos principais eventos tectônicos tangenciais) e suas

    características petrogenéticas (Santos et al. 1998).

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    Fujimori (1989) estudou granitoides Tipo Glória, tendo como principais corpos

    analisados Coronel João Sá, Itabi, Nossa Senhora da Glória e Propriá. Enquadrou essas

    rochas a uma origem possivelmente mantélica para sua colocação num ambiente de

    arcos vulcânicos.

    Santos et al. (1998) denominaram esses granitos como tipos Garrote, Serra Negra,

    Curralinho, Glória, Xingó, Serra do Catu e Propriá. Alguns tipos são comuns aos

    domínios Macururé, Poço Redondo, Canindé e Marancó, enquanto outros são restritos

    apenas a determinados domínios (Tab. 1). A distribuição geográfica mostra, grosso

    modo, que existe um zoneamento composicional, indicando que a alcalinidade cresce no

    sentido norte.

    Silva Filho et al. (1997) dividiram os granitos da Faixa Sergipana em quatro tipos:

    (i) granitoides cálcio-alcalinos normais caracterizados pelos granitos Coronel João Sá,

    Glória e Macururé, pertencentes ao Domínio Macururé; (ii) granitoides cálcio-alcalinos

    de alto K, representados pelo granito Sítios Novos, nos domínios Canindé, Marancó e

    Poço Redondo; (iii) granitoides de afinidade shoshonítica, localizados no Domínio

    Canindé-Marancó e Maciço Pernambuco-Alagoas, e representados pelos granitos

    Curituba e Serra do Catú; e (iv) leucogranitos que ocorrem na parte sudeste do granito

    Sítios Novos, no Maciço Pernambuco- Alagoas e no Domínio Macururé (granito

    Carira).

    Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998. Tipos de Granitoides Domínios Composição

    Garrote Canindé Granítica

    Serra Negra Marancó Granodiorítica a quartzo-monzonítica

    Curralinho Canindé Granítica a granodiorítica

    Glória Macururé, Poço Redondo

    e Marancó

    Granodiorítica, monzonítica, quartzo-

    monzodiorítica e granítica

    Xingó Marancó, Poço Redondo

    e Canindé

    Granítica

    Serra do Catu Marancó, Poço Redondo

    e Canindé

    Sienítica e Monzonítica

    Propriá Macururé Granítica

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    II.2.3. Bacias Sedimentares

    As bacias sedimentares do Estado de Sergipe estão situadas nas seguintes regiões:

    a leste do Estado, avançando sobre a plataforma continental (Bacia de Sergipe); e a

    noroeste e sudoeste do Estado, respectivamente nas regiões dos riachos Curituba e da

    Barra, e da cidade de Poço Verde, no limite com o Estado da Bahia (Bacia de Tucano

    Central e Norte). A sua origem está relacionada ao sistema de riftes precursores da

    separação entre a América do Sul e a África: o rifte de Tucano representando as fases

    iniciais da separação e o de Sergipe, a separação definitiva (Santos et al. 1998).

    Santos et al. (1998) descrevem que as formações superficiais cenozoicas que

    ocorrem no Estado de Sergipe abrangem o Grupo Barreiras, as coberturas tércio-

    quaternárias e as coberturas quaternárias (pleistocênicas e holocênicas).

    Os sedimentos do Grupo Barreiras estão distribuídos amplamente no leste do

    Estado de Sergipe separados da linha de costa pelas coberturas continentais

    pleistocênicas e holocênicas (Santos et al. 1998). O Grupo Barreiras é constituído por

    sedimentos terrígenos (cascalhos, conglomerados, areias finas e grossas e níveis de

    argila), pouco ou não consolidados, de cores variegadas e estratificação irregular,

    normalmente indistinta (Vilas Boas 1996).

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    CAPÍTULO   I I I  

    GEOLOGIA  LOCAL  

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    CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL

    III.1. INTRODUÇÃO

    No Domínio Macururé existem vários corpos graníticos (Fig. 7). Inicialmente os

    estudos de Humphrey & Allard (1969) reconheceram a presença de granitos presentes

    neste domínio, os quais foram reunidos sob a denominação de batólito de Glória.

    Nos trabalhos de Santos et al. (1988, 1998) foram descritos de granitoides Tipo

    Glória. Entretanto o trabalho abordou uma temática mais generalizada dos corpos.

    Até o momento, os granitos que ocorrem no Domínio Macururé só haviam sido

    estudados de forma generalizada, sem uma caracterização individualizada dos corpos

    sob o ponto de vista petrogenético e geoquímico. Chaves (1991) realizou um estudo

    detalhado do ponto de vista petrográfico e geoquímico dos maciços Cel. Coronel João

    Sá e Glória, e também descreveu de forma geral outros corpos pequenos, como por

    exemplo, Veneza, Boa Sorte, Monte Alegre de Sergipe, Carira, Santa Helena, Tanque

    Novo, Lagoa do Roçado e Lagoa Bonita.

    Estudos recentes ampliaram o conhecimento sobre algumas das intrusões

    graníticas do Tipo Glória presentes no Domínio Macururé. Conceição et al. (2012)

    descreveram o Maciço Granítico Glória Sul como sendo caracterizado por exibir

    texturas granular e inequigranular, coloração cinza claro e esbranquiçada, presença de

    enclaves máficos microgranulares e vários tipos petrográficos. Lisboa et al. (2012)

    estudaram o Maciço Glória Norte que apresenta formato circular, sendo constituído por

    granodioritos e monzonitos. Oliveira