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Este livro tem por objetivo discutir o planejamento em seus fundamentos e etapas, níveis e suas relações, fases de planejamento de ensino, objetivos educacionais, conteúdos, procedimento e recursos de ensino. Traz, ainda, a avaliação em suas diferentes nuances: conceitos, funções, modalidades, etapas, técnicas e instrumentos, além de título de avaliação. O leitor será convidado a entender as implicações filosóficas e psicológicas das didáticas em seus fundamentos, conceitos e divisões. Além disso, o livro conta ainda com a relação da didática da nova escola com as funções da aprendizagem, a motivação como fator da aprendizagem e os instrumentos metodológicos aplicados na educação infantil.
Citation preview
PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E DIDÁTICA
PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E DIDÁTICA
5Planejamento, avaliação e didáticaApresentação
Apresentação
Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva
a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga
o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que
foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e
conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,
com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,
associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e
a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-
des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-
tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-
-chaveemnegrito,oleitorserálevadoaoGlossário,parateracessoàdefinição
da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na
própria palavra-chave do Glossário, em negrito.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.
Boa leitura!
7Planejamento, avaliação e didáticaPrefácio
Prefácio
Prever e decidir o que pretendemos realizar é a essência do planejamento. O que
deve ser feito, de que forma, como deve ser analisada determinada situação a
fimdequesepossavislumbraroquesealmejaeoquejáfoialcançadosãoas
finalidadesdoplanejamento.
No âmbito da educação, quando se trata do ato de planejar o ensino ou a
ação didática, estamos na verdade prevendo as ações e os procedimentos que
o professor vai realizar com os alunos, e a organização de suas atividades e da
experiência de aprendizagem, visando atingir os objetivos educacionais estabe-
lecidos. Nesse sentido, o planejamento de ensino torna-se a operacionalização
do currículo escolar.
O estudo da matéria envolve, dessa forma, a abordagem de diversas questões
na pauta de um planejamento educacional. Para tanto, o material da disciplina
“Planejamento, avaliação e didática” vai tratar de importantes assuntos, essenciais
para a compreensão do tema.
Na Unidade 1, o conceito de planejamento é esboçado com a apresentação dos
níveis e etapas no contexto do aprendizado. Destacam-se também os tipos de
recursos didáticos e o estabelecimento de objetivos.
A Unidade 2 trata da avaliação, dos métodos e das etapas, bem como da aferição
de resultados.
Na Unidade 3 é abordada a questão da didática, seu conceito básico e seus
fundamentos, entre outros assuntos.
Finalmente, a Unidade 4 vai explorar a motivação como cerne do processo de
aprendizagem e as suas implicações didáticas.
Desejamos bons estudos a todos.
9Unidade 1 – Planejamento
UNIDADE 1PLANEJAMENTO
Capítulo 1 Fundamentos do planejamento, 10
Capítulo 2 Níveis de planejamento em Educação, 10
Capítulo 3 Etapas do planejamento de ensino, 14
Capítulo 4 Construção de objetivos educacionais, 16
Capítulo 5Definição,seleçãoemapeamentodeconteúdos,19
Capítulo 6 Procedimentos de ensino, 24
Capítulo 7 Recursos didáticos, 31
Glossário, 37
10 Planejamento, avaliação e didática
1. Fundamentos do planejamento
Você já reparou que o planejamento está presente em nosso dia a dia? Quem
nunca fez uma lista de compras antes de ir ao supermercado? Ou não juntou
dinheiroparacompraralgumprodutomuitodesejado?Ou,ainda,nãoverificou
na internet o caminho para chegar a algum lugar antes de decidir que rota traçar
para ir a uma festa ou a algum evento? Todas essas atividades estão relacionadas
ao planejamento.
Podemosdefinirplanejamentocomoaorganizaçãodospassosaseremseguidos
para atingir um objetivo. Planejar é pensar no futuro sabendo onde se está e aonde
se quer chegar.
Onde se está é o ponto de partida, ou seja, a situação atual, e aonde se quer chegar
são os objetivos que queremos atingir.
Nos exemplos citados, você pode perceber que, além de conhecer a situação pre-
sente e os objetivos a serem atingidos, é necessário considerar alguns aspectos:
• o tempo que será utilizado (carga horária);
• osrecursosnecessários(humanos,financeirosemateriais);
• as estratégias que serão utilizadas (metodologia); e
• se os objetivos foram atingidos (avaliação).
Paratanto,énecessárioanálise,reflexãoeprevisão.Umbomplanejamentodeveser:
• flexível–queseadaptedeacordocomanecessidadedeajusteoucasoalgo
não saia conforme o previsto;
• organizado – que possibilite qualquer pessoa entendê-lo e aplicá-lo;
• realista – que considere o tempo e os recursos disponíveis, tendo como critério
a relação entre as ideias e a prática; e
• preciso–queindiqueosobjetivosgeraiseespecíficos,bemcomoaavaliação
do alcance desses objetivos.
2. Níveis de planejamento em Educação
Em Educação, assim como em outras áreas, é muito importante planejar as
ações. O planejamento na Educação geralmente é dividido em plano educacional
e plano de ensino.
O plano educacional é mais abrangente e aborda questões políticas e filosófi-
cas do ato de ensinar. É o planejamento realizado para um país ou um estado,
por exemplo.
11Unidade 1 – Planejamento
Suasideiasedefiniçõesestãoregistradasemleis,emprojetoseemdocumentos
oficiais,comooPlanoNacionaldeEducação(PNE)aprovadopelaLein.13.005,de
25 de junho de 2014.
P ARA SABER MAIS! De acordo com o espaço no site do Ministério da Educação destinado ao Plano Nacional de Educação, “planejar é uma tarefa complexa e
desafiadora que implica assumir compromissos com o esforço contínuo de eliminação de desigualdades históricas no país. Desse modo é preciso adotar uma nova postura, construir formas de colaboração cada vez mais orgânicas entre os sistemas de ensino”. Entenda mais sobre o PNE no site <http://pne.mec.gov.br/> (acesso em: 28 abr. 2015).
O plano de ensino refere-se às atividades que o professor realizará em sala de
aula,afimdeatingirosobjetivospropostos.Eleéuminstrumentodetrabalhodo
professor. É o seu guia.
Existem três tipos de plano de
ensino:
• plano de curso;
• plano de unidade; e
• plano de aula.
O plano de curso é a organização
de objetivos, competências,
conteúdos, procedimentos de
ensino e formas de avaliação
de um curso.
No ensino regular, o plano
do curso geralmente é voltado
para um semestre ou para um
ano letivo.
Em geral, contém:
• objetivos do curso;
• conteúdos a serem trabalhados;
• procedimentos de ensino que serão adotados;
• recursos necessários;
• carga horária do curso;
• formas de avaliação; e
• referênciasbibliográficas.
12 Planejamento, avaliação e didática
A seguir é apresentado um modelo de plano de curso:
Tabela 1: Modelo de plano de curso
Curso:Carga horária total:Objetivo geral:
Aula Objetivo Conteúdo Estratégia Recursos Avaliação
1
2
3
4
(...)
ATENÇÃO! O plano de curso detalhado facilita a gestão pedagógica, auxiliando os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem no que se refere aos
objetivos que deverão ser alcançados e ao que será desenvolvido no período letivo.
O plano de unidade é organizado considerando que uma unidade é um conjunto
de aulas que abordam o mesmo conteúdo. Sendo assim, indica como as aulas de
determinado assunto serão realizadas. Uma unidade pode ser dividida em três
grandes blocos: apresentação, desenvolvimento e integração:
Apresentação Desenvolvimento Integração
Fase em que o professor apresenta a unidade, explicando
aos alunos a importância de seu estudo, bem como
contextualizando os conteúdos.
Esse é o momento, também, de
incentivar os alunos a participar ativamente
das aulas.
Fase em que o professor aplica a metodologia e
utiliza os recursos disponíveisafimde trabalhar os
conteúdos e realizar as atividades planejadas.
Fase em que os participantes aplicam
os conteúdos em atividades cotidianas,
integrando o que aprenderam com sua vida pessoal e
profissional.
13Unidade 1 – Planejamento
Sendoassim,oplanodeumaunidadecomquatroaulasficariadaseguinteforma:
Tabela 2: Modelo de plano de unidade com quatro aulas
Curso:Unidade:Carga horária:Objetivo geral:
Aula Objetivo Conteúdo Estratégias Recursos Avaliação
Apresentação 1
Desenvolvimento2
3
Integração 4
O plano de aula detalha as atividades de
cada aula, relacionando-as aos objetivos,
conteúdos, recursos e ao tempo de duração.
ATENÇÃO! O plano de aula é bastante útil em cursos que são ministrados por mais
de um professor, em que vários professores ficam responsáveis pela mesma aula, pois ga-rante que a condução da aula ocorra de forma padronizada, respeitando, é claro, as caracte-
rísticas pessoais e as particularidades de cada profissional.
Veja a seguir um modelo de plano de aula.
Tabela 3: Modelo de plano de aula
Curso:Unidade:Aula:Carga horária:Objetivo geral:
Objetivo Conteúdo Estratégias Recursos Avaliação Duração
14 Planejamento, avaliação e didática
Para que um plano de ensino seja bem-sucedido, ele precisa ter as seguintes
características:
• coerência e unidade – utilizando meios adequados para alcance dos objetivos
propostos;
• continuidade e sequência – ordenando as atividades de forma integrada e
correlacionada;
• flexibilidade–podendoserajustadoeadaptadoàssituaçõesnãoprevistas;
• objetividade e funcionalidade – adequando o plano ao tempo, aos recursos
e ao público-alvo, e mapeando os conteúdos de forma funcional, efetiva e
prática; e
• precisão e clareza – apresentando linguagem clara e simples.
ATENÇÃO! O plano de ensino não deve ser elaborado como uma simples formalidade para cumprir o que está sendo solicitado pela instituição. Ele deve ser utilizado
de forma ativa e dinâmica pelos professores, sendo visto e revisto a todo o momento.
3. Etapas do planejamento de ensino
O planejamento de ensino é uma tarefa docente que inclui a elaboração das
atividades tanto no que diz respeito a sua organização como a sua execução,
coordenação e avaliação, tendo como base os objetivos de ensino.
Por meio desse planejamento é possível racionalizar, organizar e coordenar a ação
docente, articulando a atividade escolar e as questões sociais.
Com o registro do planejamento de ensino é possível:
• cumprir as atividades propostas de forma mais organizada;
• saber o que será avaliado;
• organizar as ideias, as atividades e os conteúdos de forma sequencial; e
• explicitar as etapas para os alunos.
As etapas de um planejamento são:
DiagnósticoEstabele-
cimento de objetivos
Mapeamento dos
conteúdos
Definiçãodametodologia
e dos recursos
Estruturação da avaliação
15Unidade 1 – Planejamento
Diagnóstico
Essa etapa possibilita o conhecimento do ambiente e do público-alvo, respondendo
a questões como:
• Por que será desenvolvida a ação educacional?
• Oquejustificaarealizaçãodaaçãoeducacional?
• Em que espaço ela será aplicada?
• Quem serão os participantes e quais são suas características (faixa etária,
interesses, aspecto social, limitações, valores e outros)?
Odiagnósticoéopontodepartidaparaadefiniçãodetodasasdemaisetapas.
Estabelecimento de objetivos
Os objetivos são a manifestação clara e direta do que se deseja atingir com uma
ação educacional, que pode ser um curso ou uma aula.
Nessaetapa,odocentedevedefinirquaiscompetênciasserãodesenvolvidasdu-
rante a ação.
ATENÇÃO! Os objetivos devem servir de base para a definição dos conteúdos, e não o contrário. Ou seja, primeiro devem ser definidos os objetivos, e a partir deles
devem ser escolhidos os conteúdos.
16 Planejamento, avaliação e didática
Mapeamento dos conteúdos
Os conteúdos são os conhecimentos sistematizados que serão trabalhados durante
a ação educacional.
Além dos conteúdos, devem ser mapeadas também as habilidades a serem
desenvolvidas.
Definiçãodametodologiaedosrecursos
A metodologia consiste na forma como o curso ou a aula será ministrada e que tipo
de método de ensino será utilizado.
A escolha da metodologia deve levar em conta:
• a faixa etária dos participantes;
• os interesses pessoais e do grupo;
• o projeto pedagógico da instituição; e
• o ambiente.
ATENÇÃO! O professor deve se sentir à vontade para definir a metodologia.
Os recursos utilizados podem ser:
• materiais – objetos e espaços físicos;
• financeiros–dinheiroqueseráutilizado;e
• humanos–profissionaisnecessáriosparaexecutarasatividades.
Estruturação da avaliação
Nessa etapa é definida a forma de avaliar a aprendizagem, o desempenho do
professor e as atividades que foram planejadas – ou seja, o plano em si também é
avaliado.
4. Construção de objetivos educacionais
A prática educacional se orienta pelos objetivos a serem alcançados por meio de
açõesintencionaisesistemáticas.Sãodefinidososobjetivosgeraiseosobjetivos
específicosdasaçõeseducacionais.
Os objetivos gerais, mais amplos, são alcançados em longo prazo, enquanto
os objetivos específicos apontam para os resultados esperados das atividades
realizadas pelos alunos, sob a mediação e a orientação dos professores. Eles
indicam resultados não observáveis.
17Unidade 1 – Planejamento
Os objetivos específicos consistem no desdobramento e na operacionalização
dos objetivos gerais, e devem ser formulados como resultados a serem atingidos,
facilitando o processo de avaliação. Eles devem indicar comportamentos observáveis.
Sãoosobjetivosespecíficosquefornecemumaorientaçãoconcretaparaaseleção
das atividades de ensino-aprendizagem e para a avaliação. São eles que contribuem
para que o professor:
• definaosconteúdosaseremtrabalhados;
• estabeleça os procedimentos de ensino, as atividades e as experiências de
aprendizagem a serem vivenciadas pelos alunos;
• determine o que e como avaliar;
• definacritériosparaavaliarotrabalhodocente;e
• indique os propósitos de ensino aos alunos, aos pais e a outros educadores.
ATENÇÃO! Cuidado com a escolha das palavras ao redigir os objetivos. Termos ambíguos, por exemplo, tornam o objetivo vago e obscuro.
Os objetivos específicos devem expressar o comportamento a ser atingido pelo
aluno. Eles não se referem, portanto, ao comportamento do professor.
Observe, como exemplo, os dois objetivos a seguir.
Objetivo 1 Ensinar a adição de números com dois algarismos.
Objetivo 2 Somar números de dois algarismos.
Repare que os dois objetivos estão relacionados ao mesmo conteúdo de Matemática.
No entanto, o primeiro está se referindo à ação do professor, e o segundo, ao
comportamentodoalunonofinaldaaçãoeducacional.
Geralmente, os objetivos são redigidos como o segundo, ou seja, com base no
resultado que se almeja alcançar.
ATENÇÃO! Uma dica para redigir um objetivo é completar a frase “O aluno deverá ser capaz de...”. Alguns verbos muito utilizados ao definirmos um objetivo são:
identificar, definir, descrever, explicar, interpretar, demonstrar, desenvolver, analisar, comparar, elaborar, resolver, resumir.
Outro ponto importante ao redigir um objetivo é incluir apenas um resultado
de aprendizagem por vez, e não uma combinação de resultados. Sendo assim,
deve-se utilizar apenas um verbo. Por exemplo, em vez de escrever “somar e
18 Planejamento, avaliação e didática
subtrair números de dois algarismos”, deve-se escrever “somar números de dois
algarismos” e “subtrair números de dois algarismos”. Dessa forma, o professor
poderá estabelecer a metodologia de ensino de forma mais precisa, bem como a
avaliação a ser aplicada, determinando se o objetivo foi alcançado.
Mas, além dos objetivos,
muitas vezes um plano con-
templa o que chamamos de
competências.
Ou seja, indica as compe-
tências que os participantes
vão desenvolver ou aprimo-
rar ao atuar em uma ação
educacional.
Mas qual é a diferença en-
tre objetivos e competên-
cias? Os objetivos estão
mais focados em conteú-
dos, em conhecimentos, e
as competências, além de
conhecimentos, envolvem
habilidades e atitudes.
Ao desenvolver competências, a educação volta-se para a aplicação do conheci-
mento, para o “saber fazer”, e não apenas para o “conhecer”. De que adianta co-
nhecer muito bem o processo de fazer contas e expressões matemáticas se não
sabemos aplicá-las no nosso dia a dia?
A ideia é que a educação seja integradora, desenvolvendo competências cogniti-
vas, socioafetivas e psicomotoras, e não meramente uma reprodução de conteú-
dos.Eissoestápresentenadefiniçãodecompetências.
Veja o exemplo de uma das competências da área Linguagens e Códigos da matriz
do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio):
Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de
acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
Muitos planos de ensino utilizados na educação profissional são desenvolvidos
tomando como base as competências, que estão ligadas ao aprender fazendo.
Outro exemplo de competência é a redigida para um curso de técnico de cozinheiro,
segundo a qual deve-se produzir alimentos seguros conforme padrões higiênicos
sanitários e de segurança no trabalho, respeitando os regulamentos técnicos da
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
19Unidade 1 – Planejamento
ATENÇÃO! Tanto os objetivos quanto as competências devem ser redigidos tendo como base o participante do curso – ou seja, o aluno – e não o professor. Deve-se
ter em mente o que é esperado do aluno, e não o que o professor fará durante a aula.
Lembre-se: o foco é o aluno!
5.Definição,seleçãoemapeamentodeconteúdos
Uma das tarefas do professor é selecionar os conteúdos que serão trabalhados em
sala de aula de acordo com o nível de ensino e os objetivos de aprendizagem.
P ARA SABER MAIS! No Brasil, o Ministério da Educação fornece orientações em relação aos conteúdos que devem ser ministrados em cada nível de ensino. Essas
orientações estão publicadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que são referências para os ensinos Fundamental e Médio. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – os PNC traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Mais informações sobre os PCN no site do MEC, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/> (acesso em: 30 nov. 2015).
Essa seleção não deve simplesmente ser uma lista de conhecimentos a serem
transmitidos. Ela deve estar relacionada também às habilidades e às atitudes que
devem ser desenvolvidas, bem como à contextualização do que será trabalhado. Se
pensarmos em uma lista de conteúdos estática, estaremos acreditando em uma
educação na qual se valoriza a reprodução do conhecimento, a falta de pensamento
crítico,aformaçãodepessoaseprofissionaisvoltadaareproduziroqueestásendo
ensinado, transcrever o que está sendo escrito no quadro de giz, é aceitar o que
oprofessordizcomoverdadeabsoluta,semquestionamento,semreflexão. Isso
reduziria totalmente a aprendizagem humana a um processo de adestramento, de
reprodução daquilo que o outro apresenta.
A aprendizagem que queremos está relacionada à construção de novos modelos
mentais, à formação de sujeitos críticos e autônomos, que possam buscar novos
conhecimentos em diversos ambientes de aprendizagem, formais ou informais, a
qualquer tempo.
A construção dos novos modelos mentais possibilita o desenvolvimento de novos
conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes.
Vejamos a seguir um exemplo de conhecimento, habilidade e atitude relacionado
a uma das competências propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Fundamental sobre Meio Ambiente.
20 Planejamento, avaliação e didática
Conhecimento Conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente.
HabilidadePerceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos
e relações de causa-efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico)enotempo(histórico).
AtitudeAdotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente
sustentáveis.
Combasenadefiniçãodosobjetivosoudascompetênciasenoprogramaoficialda
instituição em que atua, descrito no seu Projeto Político Pedagógico, o professor
devedefinirosconteúdosqueserãotrabalhadosnoseucursoounasuadisciplina.
O Projeto Político Pedagógico de uma instituição apresenta o seu modelo pedagógico,
que é a referência constitucional da dinâmica necessária para atingir seus objetivos
educacionais. Nele estão explicitados os conteúdos que serão expostos em aula,
deacordocomopropostopeloMECecomascaracterísticasespecíficasdoseu
público-alvo e da cultura em que a instituição está inserida.
Essesconteúdosdevemser:válidos,úteis,significativos,viáveiseflexíveis.
VálidosConfiáveis,representativoseatualizados,condizendocomarealidade.
Úteis Aplicáveis, auxiliando o aluno em novas atividades.
Significativos Ligadosàrealidadedoaluno.Ouseja,comsignificadoparaele.
Flexíveis Passíveisdeseremmodificados,complementadoseadaptados.
ViáveisCapazes de serem compreendidos pelo aluno, em função do seu estágio cognitivo.
Sendo assim, os conteúdos não devem ser tratados como elementos lineares,
estáticos, mortos, cristalizados. Os conteúdos são vivos, são dinâmicos. Eles estão
em constante mutação e transformação.
Mas será que isso tudo cabe na lista que é organizada para cada matéria?
Cabe se essa lista não contiver apenas os conceitos a serem estudados. Os
conteúdos englobam também as ideias, os fatos, os processos, os princípios, as
21Unidade 1 – Planejamento
leiscientíficas,asregras,osmodosdeaplicação,osvalores,asatitudesetudoo
mais que for relevante para o processo de aprendizagem.
Eles devem retratar a experiência social da humanidade e estar sujeitos a
transformações pelos estudantes de acordo com suas vivências, seus valores e
suas exigências teóricas e práticas.
Os conteúdos atuam como objetos de mediação escolar. Eles são o elo entre o
professor e o aluno, pois é a partir deles que se torna possível alcançar os objetivos
propostos pela ação educacional.
Mas como o professor deve proceder ao definir os conteúdos que utilizará na
sua disciplina, no seu curso ou em qualquer evento educacional? Ou seja, que
conteúdos devem ser trabalhados para que educandos atinjam os objetivos
propostos e desenvolvam as competências mapeadas para aquela ação educacional,
estejam elas relacionadas ao exercício da cidadania, à realização de atividades
profissionais,àproduçãodenovosconhecimentos,àcriaçãodeobjetosculturais
oudearteouaoutrosfins?
Para realizar essa seleção, o professor utilizará três fontes:
• a programação oficial que determina os conteúdos de cada disciplina ou
matéria (estipulada pelo MEC, pelo projeto pedagógico da instituição e do
curso ou até mesmo no plano de um evento educacional);
• os conteúdos básicos das ciências, da técnica e da arte transformadas em
matérias de ensino;
• as exigências teóricas e práticas determinadas pelas necessidades práticas
dos aprendizes, levando em consideração a sociedade em que vivemos, o
mundo do trabalho e o exercício da cidadania.
O processo de seleção dos conteúdos está intimamente ligado ao processo de
organização destes. Ao selecioná-los, o professor deve estar atento à sequência
lógica de sua apresentação.
Nessesentido,denadaadianta,porexemplo,umalunodeumcursodepanificação
aprenderafazerumpãoseguindoumareceita(oufichatécnica,comoéonome
dado às receitas que usamos na nossa cozinha) se não entender o conceito de
fração.Eleprecisasaberoquesignifica½,quemuitasvezesaparecenalistade
ingredientes necessários de uma receita.
A sequência dos conteúdos é organizada em dois planos:
• Temporal, ou seja, com organização vertical ao longo dos anos e níveis de
ensino.
• Em uma mesma série, ou seja, estabelecendo-se uma relação horizontal entre
áreas ou disciplinas.
Este livro tem por objetivo discutir o planejamento em seus fundamentos e etapas, níveis e suas relações, fases de planejamento de ensino, objetivos educacionais, conteúdos, procedimento e recursos de ensino. Traz, ainda, a avaliação em suas diferentes nuances: conceitos, funções, modalidades, etapas, técnicas e instrumentos, além de título de avaliação.
O leitor será convidado a entender as implicações filosóficas e psicológicasdas didáticas em seus fundamentos, conceitos e divisões. Além disso, o livro conta ainda com a relação da didática da nova escola com as funções da aprendizagem, a motivação como fator da aprendizagem e os instrumentos metodológicos aplicados na educação infantil.
PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E
DIDÁTICA