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Planejamento de Experimentos - 2015/2 Aulas ter¸cas e quintas de 8 ` as 10h. Ter¸ cas na sala F2-007 e quintas no LIG. Livro-texto: Design and Analysis of Experi- ments, Motgomery, D. C., 2009, 7th Ed., John Wiley. Avalia¸ oes: P1: dia 17/11/15, ter¸ ca-feira, cap´ ıtulos 1 a 5 P2: dia 07/01/16, quinta-feira, cap´ ıtulos 6 a 8, 13 e 14. PF: dia 14/01/16, quinta-feira 2C: dia 19/01/16, ter¸ ca-feira 1

Planejamento de Experimentos - 2015/2 Livro-texto: Design and … · 2015. 9. 15. · da-se a leitura do livro "Uma senhora toma ch a: como a estat stica revolucionou o s eculo XX",

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  • Planejamento de Experimentos - 2015/2

    Aulas terças e quintas de 8 às 10h. Terças na

    sala F2-007 e quintas no LIG.

    Livro-texto: Design and Analysis of Experi-

    ments, Motgomery, D. C., 2009, 7th Ed., John

    Wiley.

    Avaliações:

    P1: dia 17/11/15, terça-feira, caṕıtulos 1 a 5

    P2: dia 07/01/16, quinta-feira, caṕıtulos 6 a

    8, 13 e 14.

    PF: dia 14/01/16, quinta-feira

    2C: dia 19/01/16, terça-feira

    1

  • 1. INTRODUÇÃO

    Um experimento é um teste ou uma série de

    testes!

    Experimentos são muito usados na área de En-

    genharia, especialmente na Indústria:

    em processos de caracterização e otimização;

    na avaliação de propriedades de material;

    no planejamento e desenvolvimento do pro-

    duto;

    na determinação de componentes e do sistema

    de tolerância.

    Todos os experimentos são planejados, alguns

    são pobremente planejados, alguns são bem

    planejados.

    2

  • EXEMPLO: Um engenheiro mecânico está in-

    teressado em estudar o efeito de dois proces-

    sos de endurecimento: esfriamento à óleo e

    esfriamento à água salgada sobre uma liga de

    aluḿınio.

    OBJETIVO: Identificar a solução que produz

    o endurecimento máximo para esta peça.

    PLANO: Submeter um número de peças a cada

    uma das soluções e medir o endurecimento das

    mesmas após o esfriamento. Usar a média das

    peças tratadas em cada solução para identi-

    ficar a melhor.

    3

  • QUESTÕES IMPORTANTES:

    1. Estas duas soluções são as únicas de inter-esse potencial?

    2. Existem outros fatores que podem afetar oendurecimento que deveriam ser investigadosou controlados neste experimento?

    3. Quantas peças devem ser testadas em cadasolução?

    4. Como devem ser designadas as peças àssoluções, e então, em que ordem os dados de-vem ser coletados?

    5. Que método de análise de dados deve serusado?

    6. Que diferença na média observada de en-durecimento entre as duas soluções será con-siderada importante?

    4

  • A experimentação é parte vital do método cien-

    t́ıfico.

    Modelos Emṕıricos: modelos de performance

    de um sistema resultantes de um experimento

    bem planejado.

    Um experimento bem planejado é fundamen-

    tal, pois os resultados e conclusões que po-

    dem ser extráıdos do experimento dependem

    da maneira na qual os dados foram coletados.

    Voltando ao nosso exemplo, suponha que o ex-

    perimento usou peças provenientes de dois pro-

    cessos de fabricação diferentes. Agora, quando

    a média de endurecimento é comparada, o en-

    genheiro é incapaz de dizer quanto da diferença

    observada é resultante do processo de esfria-

    mento e quanto é resultante do processo de

    fabricação.

    5

  • Objetivos de um experimento:

    1 - Que variáveis mais influenciam a resposta y?

    2 - Que valores das variáveis mais influentes (x’s) tornam o valorde y próximo de um valor nominal desejável?

    3 - Qual o conjunto de valores das variáveis influentes x’s quetornam a variabilidade de y pequena?

    4 - Que valores das variáveis influentes (x’s) minimizam os efeitosdas variáveis não-controláveis (z’s)?

    6

  • Os experimentos em geral envolvem vários fa-

    tores!

    O planejamento é fundamental para que seja

    posśıvel determinar a influência de cada fator.

    1.1 ESTRATÉGIAS DE EXPERIMENTAÇÃO:

    (1) o melhor palpite (best-guess approach): é

    muito usada, muitas vezes produz bons resul-

    tados, mas possui desvantagens. Suponha que

    o palpite não produza o resultado desejado.

    Então, será necessário um novo palpite envol-

    vendo a combinação dos ńıveis das variáveis

    influentes (fatores). Isso pode continuar por

    um bom peŕıodo, sem qualquer garantia de

    sucesso.

    7

  • Suponha agora que o primeiro palpite tenhaproduzido o resultado aceitável. O experimen-tador então tende a parar os testes, apesar denão haver nenhuma garantia de que a melhorsolução tenha sido encontrada.

    (2) Um fator de cada vez: é muito usada naprática. O método consiste em selecionar umponto de partida ou um conjunto de ńıveis debase de cada fator e, então, sucessivamente,variar cada fator sobre seu doḿınio de variaçãocom os outros fatores mantidos constantes nońıvel de base.

    A grande desvantagem desta abordagem é queela não é capaz de considerar qualquer interaçãoposśıvel entre os fatores.

    Interação entre dois fatores ocorre quando umdos fatores produz efeitos diferentes sobre aresposta para ńıveis diferentes do outro fator,mantidas fixas as demais configurações expe-rimentais.

    8

  • A abordagem correta para lidar com vários fa-

    tores é conduzir um

    (3) Experimento Fatorial.

    EXEMPLO: (Experimento do golfe) Suponha

    que deseja-se avaliar a performance de um jo-

    gador de golfe e que somente dois fatores são

    de interesse: tipo de bola (balata ou 3 peças)

    e tipo de “guia” (peso normal, sobrepeso).

    Duas observações são obtidas para cada com-

    binação dos ńıveis dos fatores, de modo que

    tem-se ao todo 8 observações. A figura a

    seguir ilustra esse experimento fatorial a dois

    fatores. O objetivo é investigar se os fatores

    influenciam a resposta e se existe alguma in-

    teração entre eles.

    9

  • 10

  • Efeito Guia

    [A] =92 + 94 + 91 + 93

    4︸ ︷︷ ︸(média escores guia R)

    −88 + 91 + 88 + 90

    4︸ ︷︷ ︸(média escores guia O)

    = 3,25

    Efeito Bola

    [B] =88 + 91 + 92 + 94

    4︸ ︷︷ ︸(média escores bola T)

    −88 + 90 + 93 + 91

    4︸ ︷︷ ︸(média escores bola B)

    = 0,75

    Efeito de interação Guia:Bola

    [AB] =92 + 94 + 88 + 90

    4︸ ︷︷ ︸(média escores diagonal sec.)

    −88 + 91 + 93 + 91

    4︸ ︷︷ ︸(média escores diagonal princ.)

    = 0,25

    11

  • Um aspecto muito importante do experimento

    fatorial torna-se claro a partir deste exemplo

    simples.

    Experimentos fatoriais tornam mais eficiente o

    uso de dados experimentais.

    Observe que este experimento incluiu 8 ob-

    servações e todas as 8 foram usadas para cal-

    cular os efeitos de guia [A], de bola [B] e de

    interação entre guia:bola [AB].

    Nenhuma outra estratégia de experimentação

    faz uso tão eficiente dos dados.

    É posśıvel estender o conceito de experimento

    fatorial para três ou mais fatores.

    12

  • Ilustração de um caso a três fatores: guia, bola e bebida.

    Ilustração de um caso a quatro fatores: modo de locomoção, guia,bola e bebida.

    13

  • Em geral, se k fatores são usados, cada umcom dois ńıveis, o experimento requer 2k ob-servações (corridas, realizações). É claro queisto rapidamente torna-se inviável.

    Se k = 4 são ao todo 16 observações semreplicações.

    Se k = 10, este número aumenta para 1024!

    Felizmente, se há 4, 5 ou mais fatores não seránecessário experimentar todas as combinaçõesposśıveis dos ńıveis dos fatores. Um experi-mento fatorial fracionário é uma variação doexperimento fatorial no qual somente um sub-conjunto (uma fração) de combinações é ob-servada.

    O experimento fatorial fracionário é muito usa-do em desenvolvimento e pesquisas industriaise melhoramento do processo. Trabalharemoscom este tipo de experimento no caṕıtulo 8 dolivro-texto (Montgomery, 2009).

    14

  • 1.2 Breve História do Planejamento de Expe-rimentos

    Montgomery (2009) resume a história do plane-jamento de experimentos até os dias de hojeem quatro peŕıodos.

    O primeiro peŕıodo é originado em atividadesligadas à agricultura no qual destacam-se:

    W.S. Gossett e o teste t (1908);

    R. A. Fisher e seus colaboradores;

    impacto profundo na agricultura;

    experimentos fatoriais e a ANOVA.

    Segundo Montgomery este peŕıodo vai de 1908’sa 1940.

    Para quem estiver mais interessado, recomen-da-se a leitura do livro ”Uma senhora tomachá: como a estat́ıstica revolucionou o séculoXX”, David Salsburg, Zahar.

    15

  • O segundo peŕıodo, que vai de 1951 até o fi-nal dos anos 70 do século XX, chamado deprimeira era industrial, destacam-se:

    Box & Wilson e as superf́ıcies de resposta;

    Aplicações em indústrias qúımicas e de proces-sos.

    O terceiro peŕıodo, que vai do final dos 1970’saté o ińıcio dos 1990’s, chamado de segundaera industrial, destacam-se:

    iniciativas no melhoramento da qualidade emmuitas companhias;

    Taguchi e o planejamento de parâmetro ro-busto, processos robustos.

    Finalmente o peŕıodo que vai dos 1990’s até osdias de hoje é denominado era moderna (Mont-gomery, 2009).

    16

  • 1.3 Prinćıpios Básicos do Planejamento de Ex-

    perimentos

    Quando o problema envolve dados sujeitos a

    erros experimentais, os métodos estat́ısticos

    são a única forma objetiva de análise. As-

    sim, os problemas experimentais envolvem dois

    aspectos fundamentais: o planejamento e a

    análise estat́ıstica dos dados. Estes dois as-

    pectos estão intimamente relacionados, pois

    o método de análise depende diretamente do

    tipo de planejamento usado.

    Desta forma, os prinćıpios básicos de qualquer

    problema envolvendo experimentação são:

    ALEATORIZAÇÃO

    REPLICAÇÃO

    BLOCAGEM17

  • Aleatorização

    É o alicerce do uso de métodos estat́ısticos em

    planejamento de experimentos.

    Tanto a alocação do material experimental,

    quanto a ordem na qual as realizações indi-

    viduais do experimento são feitas são aleatori-

    amente determinadas.

    Métodos estat́ısticos requerem que as observa-

    ções (ou erros) sejam variáveis aleatórias inde-

    pendentemente distribúıdas. A aleatorização

    geralmente torna essa exigência válida.

    Programas de computador são muito usados

    para auxiliar experimentadores na construção

    e seleção de planos experimentais.

    18

  • Algumas vezes a aleatorização de alguma ca-

    racteŕıstica do experimento é complicada.

    Por exemplo, suponha que num processo qúımi-

    co a temperatura seja uma variável que varia

    muito pouco. Assim, deseja-se alterar seus

    ńıveis com menor frequência do que os ńıveis

    dos outros fatores. Num experimento com esta

    restrição, a aleatorização completa seria dif́ıcil,

    porque adicionaria tempo e custo.

    Existem métodos estat́ısticos de planejamento

    para lidar com restrições sobre a aleatorização.

    Alguns destes métodos serão apresentados no

    caṕıtulo 14 do livro-texto (Montgomery, 2009).

    19

  • Replicação

    São repetições independentes de cada com-

    binação de fatores.

    Propriedades importantes associadas:

    (R1) Permite obter uma estimativa do erro ex-

    perimental.

    (R2) Se a média amostral é usada para estimar

    a verdadeira média da resposta para um dos

    ńıveis de um fator, a replicação permite obter

    uma estimativa mais precisa desse parâmetro.

    20

  • Replicação versus Medidas Repetidas

    Suponha que uma pastilha de siĺıcio seja grava-

    da por um processo de gravação a plasma e

    uma dimensão cŕıtica da pastilha é medida três

    vezes. Estas medidas não são replicações, elas

    são uma forma de medidas repetidas, e neste

    caso a variabilidade observada nas três medidas

    reflete diretamente a variabilidade do instru-

    mento de medição, e não a variabilidade que

    deseja-se estudar devida aos fatores do expe-

    rimento.

    21

  • Blocagem

    Técnica usada para melhorar a precisão com a

    qual comparações entre os fatores de interesse

    são feitas.

    Usada para reduzir ou eliminar a variabilidade

    devida aos fatores de rúıdo: fatores que podem

    influenciar a resposta, mas não são de interesse

    direto.

    Um bloco pode ser pensado como um con-

    junto de condições experimentais relativa-

    mente homogêneas.

    22

  • 1.4 Diretrizes do Planejamento de Experimen-tos

    i. Reconhecer e estabelecer claramente o pro-blema a ser resolvido.

    Geralmente é útil solicitar informações a todasas partes envolvidas: engenharia, garantia dequalidade, administração, cliente e “operário”- que geralmente tem muita experiência e, emgeral, não costuma ser consultado.

    Questões importantes a cerca do experimentodevem ser formuladas.

    Um enunciado claro do problema contribui subs-tancialmente para melhor compreender o fenô-meno em estudo e a sua solução final.

    Em geral, uma abordagem sequencial, empre-gando uma série de experimentos menores, ca-da um com um objetivo espećıfico tal comoseleção de fatores, é uma melhor estratégia.

    23

  • ii. Seleção da variável resposta

    Na seleção da variável resposta, o experimen-

    tador deve estar certo de que a variável esco-

    lhida de fato forneça informação útil sobre o

    processo em estudo.

    Frequentemente, a média ou o desvio-padrão

    (ou ambos) das medidas caracteŕısticas serão

    a resposta.

    Respostas multivariadas são comuns.

    24

  • iii. Escolha dos fatores, ńıveis e campos de

    variação

    Os fatores que podem influenciar um processo

    podem ser classificados tanto como fatores po-

    tenciais de planejamento como fatores de rúıdo.

    Os fatores potenciais de planejamento são a-

    queles que podem ser variados de forma con-

    trolada no experimento.

    Fatores de rúıdo, por outro lado, podem ter

    grandes efeitos que devem ser levados em conta,

    apesar de poder não se estar interessado neles

    no contexto do experimento.

    25

  • iv. Escolha do Plano Experimental

    As etapas 1, 2 e 3 podem ser consideradas

    como uma etapa pré-experimental. Se forem

    adequadamente realizadas, esse passo será sim-

    ples.

    A escolha do planejamento envolve considera-

    ções de tamanho da amostra (número de re-

    plicações), seleção de ordem das provas sobre

    as unidades experimentais, e determinação da

    necessidade ou não de blocagem ou restrições

    de aleatorização.

    26

  • v. Realização do experimento

    Quando o experimento está sendo realizado, é

    importante monitorar o processo para assegu-

    rar que tudo está sendo feito de acordo com o

    planejado.

    Erros no procedimento experimental nesse es-

    tágio geralmente destruirão a validade experi-

    mental.

    Experimentos pilotos poderão ser úteis.

    27

  • vi. Análise estat́ıstica dos dados

    Métodos estat́ısticos devem ser usados para

    analisar os dados para que os resultados e con-

    clusões tornem-se objetivos e não julgamentos

    in natura.

    Se o experimento é bem planejado e execu-

    tado, os métodos estat́ısticos requeridos serão

    simples.

    Métodos gráficos representam papel importante

    nessa etapa de análise e interpretação.

    Lembre que métodos estat́ısticos não podem

    provar que um fator (ou fatores) exerce(m) um

    particular efeito sobre a resposta. Eles apenas

    fornecem subśıdios para a confiabilidade e va-

    lidade dos resultados.

    28

  • vii. Conclusões e recomendações

    Depois de analisados os dados, o experimen-tador deve inferir conclusões práticas sobre osresultados e recomendar uma linha de ação.

    Métodos gráficos são muito usados nessa etapa,particularmente quando é necessário apresen-tar os resultados para outras pessoas.

    Repetições de realizações e testes de confirma-ção devem também ser realizados para validaras conclusões.

    A experimentação é uma parte importante doprocesso de aprendizagem, no qual formulamoshipóteses, e com base nos resultados, formu-lamos novas hipóteses.

    A experimentação é um processo iterativo. Éum grande erro planejar um experimento único,grande e complexo para começar um estudo.

    29

  • O conhecimento dos fatores importantes, seus

    campos de variação, quantos ńıveis usar e as

    unidades de medidas das variáveis é necessário

    para ter sucesso.

    Ao longo do processo é posśıvel deixar de lado

    um fator, incluir outro, mudar o campo de

    variação de um fator, adicionar outras respos-

    tas, etc.

    → Experimenta-se de forma sequencial!

    Montgomery (2009) recomenda usar no máxi-

    mo 25% dos recursos dispońıveis no primeiro

    experimento: isto assegurará que recursos su-

    ficientes estarão dispońıveis para novas rea-

    lizações de confirmação.

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