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Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária Planejamento e Gerenciamento de Programas de Voluntários - O Papel do Coordenador - Material produzido pelo Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária Organização do texto: Mónica Beatriz Galiano de Corullón Autores: Oscar García – Aída Blasco - Mónica B. G. de Corullón – Rogério Arns Neumann Colaboradores na concepção: Márcia Beatriz Costa – Maria Cecília Apostoloupoulos Assessoria de apoio e tradução: Alexandre Mac Dowell – Aurora C. de Lavinia Revisão estilística: Fábio Malavoglia

Planejamento e gerenciamento de programas de voluntários

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Planejamento e gerenciamento de programas de voluntários - o papel do coordenador.Material produzido pelo Programa Voluntários do Conselho daComunidade Solidária.

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    Planejamento e Gerenciamento

    de Programas de Voluntrios

    - O Papel do Coordenador - Material produzido pelo Programa Voluntrios do Conselho da Comunidade Solidria Organizao do texto: Mnica Beatriz Galiano de Corulln Autores: Oscar Garca Ada Blasco - Mnica B. G. de Corulln Rogrio Arns Neumann Colaboradores na concepo: Mrcia Beatriz Costa Maria Ceclia Apostoloupoulos Assessoria de apoio e traduo: Alexandre Mac Dowell Aurora C. de Lavinia Reviso estilstica: Fbio Malavoglia

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    FINALIDADES DESTE DOCUMENTO: 1. Gerais: Contribuir na formao de Coordenadores de Voluntrios, Aprofundar os conhecimentos sobre o tema, Ajudar a desenvolver as habilidades de: recrutar, selecionar, programar, organizar, capacitar, supervisionar e avaliar de forma ordenada grupos de voluntrios. 2. Especficas: que os leitores possam... Compreender a cultura do voluntariado (expectativas e potencialidades), Conhecer a situao atual do movimento voluntrio. Identificar as vrias dimenses da formao do voluntrio, Conhecer a lgica da ao voluntria, Habilitar-se a coordenar equipes de trabalho, Definir e relacionar as funes de um Coordenador de voluntrios, Treinar um Coordenador de voluntrios, Ter habilidade para capacitar os voluntrios a exercer suas funes

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    CAPTULO I

    A REALIDADE SOCIAL: AONDE NS ESTAMOS?

    1. Como entender e agir no mundo atual sem perder o rumo: Ao comentar a formao de Coordenadores de Voluntrios preciso falar da

    Realidade Social.

    Isso no fcil, porque o tema complexo. Mas sem um entendimento correto de aonde estamos ou de em qual situao nos encontramos, em termos gerais, vai ser impossvel aos Centros de Voluntrios elaborar diagnsticos corretos da doenas sociais que pretendem enfrentar. E sem um diagnstico correto, como ministrar o remdio correto ?

    NOTA: Vamos ver o que diz a respeito um grande especialista, Joaqun Garca Roca: o voluntariado precisa descobrir a complexidade dos processos sociais: uma idia aparentemente simples uma idia simplificada. Os problemas sociais so semelhantes a uma teia de aranha: entrelaados por inmeros fatores. Saber estar em uma sociedade complexa e dispor de uma boa informao uma qualidade essencial do voluntariado de hoje. Mas isso mais fcil de escrever do que de fazer. A Realidade Social parece to complicada...Como estar informado, como entend-la? E principalmente: como saber se o que ns estamos pensando corresponde de fato ao que real? Bem, para quem tem essas dvidas, a vai uma boa notcia. Os especialistas descobriram, h muito tempo, que tudo o que se pensa sobre a Realidade Social (mesmo o que os especialistas pensam) sempre uma CONSTRUO MENTAL SUBJETIVA. E o que isso quer dizer? Que no existe uma nica verdade (A verdade) a respeito da tal Realidade Social. Inevitavelmente, quer queiramos ou no, filtramos, por assim dizer, os dados da realidade conforme a nossa cultura, ideologia, educao, enfim, conforme a nossa cabea, ou seja, a nossa subjetividade! Mas isso no um mal! Embora jamais possamos abordar - de fato - a realidade objetiva (aquela que existe independentemente de ns), podemos agir na realidade percebida. Alis essa a nica realidade onde podemos mesmo agir, interferir, modificar. E o mais curioso: ao agirmos na realidade percebida ela se transforma. Em outras palavras: O MUNDO SER O QUE

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    PROJETARMOS E FIZERMOS NELE! SE PROJETARMOS E AGIRMOS POR UM MUNDO MELHOR, ELE SER

    MELHOR!

    NO PODEMOS NOS ESQUECER DISSO PARA QUE NOSSA ENORME QUANTIDADE DE INFORMAES

    NO NOS CONFUNDA E DESANIME!

    Na sociedade atual, o ser humano recebe inmeras e diferentes mensagens a cada dia, atravs de diversos meios, formas e suportes. Mas precisamos saber selecionar entre o que interessa e nos favorece (ou favorece sociedade) e o que confunde ou prejudica, a ns e a todos. Precisamos diferenciar um DADO de uma INFORMAO. E a diferena est no significado da mensagem para quem a recebe!. Por exemplo: durante um vo de Braslia para o Rio de Janeiro, a altitude do vo, a presso atmosfrica, a velocidade do vento e a rota area constituem informaes imprescindveis para o piloto. Para os passageiros, ao contrrio, so apenas dados que, embora possam at ser interessantes para alguns, no tem utilidade nem requerem ateno. J uma mudana de rota, caso o vo fosse desviado do Rio de Janeiro para So Paulo, se tornaria uma informao, no s para o piloto mas tambm para os passageiros, pois tal mudana poderia afetar diretamente suas atividades imediatas. Vamos dar um exemplo mais prximo: para quem trabalha com educao de crianas pobres, no Brasil, o dado que nossos ndices de escolarizao s so maiores que os do Haiti, em toda a Amrica Latina, vira uma informao legtima quando e se usado para argumentar a favor de maiores verbas para a Educao, ou se serve para estimular o trabalho que est sendo feito. Caso contrrio permanece como mero dado, podendo at ser usado para nos confundir quanto inutilidade da esperana de atingirmos patamares pedaggicos dignos. RESUMINDO: Os dados so registros pontuais (quantitativos ou qualitativos) sobre fatos, acontecimentos ou estados de situao. So teis apenas em funo daquele que os recebe, segundo quem e para o que sero usados. Somente quando um dado relevante para o destinatrio, ele se torna uma informao. Por outro lado, os meios de comunicao muitas vezes contribuem para confundir, colocando num mesmo patamar

    fatos, notcias e

    acontecimentos.

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    S que um fato algo que acontece e modifica o estado anterior de uma coisa, tanto no plano natural como no social. J a notcia representa o significado social de um ou vrios fatos, segundo o interesse de quem os comunica. E um acontecimento (que pode ser notcia ou no) um fato maior, que muda de maneira radical, substancial ou definitiva um estado anterior, percebido por aqueles que o vivem como uma mudana transcendental que no apenas afeta o presente, mas se projeta para o futuro. VAMOS ENTENDER POR QUE ESTAMOS FALANDO DE TUDO ISSO. Comeamos afirmando que podemos mudar o mundo conforme a nossa subjetividade. Dissemos que importante no se deixar confundir pelo excesso de mensagens, e pela confuso que muitas vezes as mdias favorecem. Agora chegamos ao ponto: possvel fazer alguma coisa em prol dos outros, j que nosso ambiente to complexo, cheio de dados e to globalizado, para usarmos esse conceito que assusta muita gente ? Enfim, seremos meros refns das rapidssimas mudanas pelas quais o nosso mundo est passando?

    NOSSAS RESPOSTAS SO: Sim, possvel agir NESTE mundo!

    No, no precisamos ser meros pacientes dos processos sociais!

    A tal globalizao surgiu como fenmeno financeiro, transformou-se em comunicacional/cultural e mais tarde, em econmico. As enormes mudanas tecnolgicas que aconteceram no mbito da informtica tornaram o mundo pequeno, criando relaes complexas, desiguais e cada vez mais estreitas entre lugares distantes e atravs de culturas muito diversas. Isso confundiu e assustou muita gente. Os dados da mdia ajudaram a difundir a idia de culpar a globalizao pelas diferenas do desenvolvimento no mundo, pelo desemprego, pelas quedas nas bolsas, pela concentrao da renda e outras maldades do processo econmico e social. No entanto, importante entender que a globalizao apenas modifica o

    cenrio. Os atores continuam sendo as pessoas, as naes, as comunidades, os membros da sociedade civil.

    Da poltica (adequada ou inadequada) que esses atores desenvolvam, pode surgir um drama, uma tragdia ou um final feliz. A recente Conferncia Regional para o Desenvolvimento Poltico e os Princpios Democrticos, promovida pela UNESCO em Braslia, chegou a um consenso: indispensvel governar a globalizao!

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    O motivo que, segundo seus prprios interesses, os mercados contribuem para aprofundar as desigualdades na ordem mundial e no interior dos pases. O desafio de controlar esse cenrio implica no apenas na cooperao internacional para resolver as questes globais, mas numa profunda ao a nvel comunitrio que promova a participao cidad na busca de solues para os problemas locais e contribua para consolidar instituies que tenham, entre outros, atributos, credibilidade, legitimidade e capacidade tcnica e gerencial. O contexto global afeta profundamente as comunidades e, no importa o que digam os jornais ou o que se entenda do que eles dizem, o movimento voluntrio pode contribuir para enfrentar esse desafio!

    2. Uma idia antiga: pense globalmente, aja localmente, ou o exemplo dos Conselhos Municipais. Nas ltimas dcadas a prtica da centralizao administrativa no Brasil foi continuamente reforada. O Governo Federal determinava desde a poltica externa da Nao at a operao de servios pblicos municipais. Tornou-se comum a expresso a soluo depende de Brasilia. Aos poucos as prprias comunidades foram sendo convencidas que as solues viriam de fora e que a participao popular resumia-se ao voto nas eleies. Mas este sistema faliu. A dimenso dos problemas, a complexidade e a variedade das demandas locais superaram largamente a capacidade de resoluo de alguns poucos tcnicos do poder central. O pas grande, a populao imensa, e os problemas sociais em particular ficaram inadministrveis no velho sistema. Surgiu ento a poltica da descentralizao territorial. O Governo Federal repassaria as verbas a estados e municpios e assim, em tese, a qualidade e quantidade dos servios pblicos oferecidos aumentariam. As vantagens seriam: a. mais rapidez nas decises; b. melhoria da administrao; e c. facilidade de manuteno. Estes benefcios seriam uma decorrncia direta da maior proximidade entre o problema e a instncia decisria. Entretanto, para que este novo sistema de fato funcione com mais eficcia, descobriu-se que trs pr-condies so necessrias: a. autonomia local;

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    b. participao da comunidade; e c. participao no local. Ou seja, as responsabilidades das trs esferas do Governo (municipal, estadual e federal) precisam ser revistas. A esfera mais prxima do problema - e da implementao das solues - precisa ter mais voz.

    Porm, para que este nvel tenha de fato maior peso nas decises essencial dispor de instrumentos para que a sociedade civil exera o controle social (sobre os destinos das verbas, as prioridades, etc).

    Alm disso preciso capacitar a sociedade civil, isto , as comunidades, de modo a oferecer oportunidades de experincia e formao adequadas, possibilitando que a gesto dos servios pblicos seja coerente com a realidade e coopere com as diretrizes estaduais e nacionais. Afinal, preciso lembrar que este processo no traz s vantagens: perde-se a economia de escala (que barateia grandes compras, por exemplo), e a burocracia local tende a aumentar. Alm disso a participao comunitria sempre pressupe, de cada participante, uma conscincia de seus direitos como cidado e dos Direitos Humanos em geral. Pois bem, alguns dos mais importantes instrumentos de participao e controle da sociedade civil, alm de serem espaos de aquisio de experincia e de defesa de direitos, so os Conselhos Municipais. Os Conselhos podem ser de sade, de assistncia social, de educao, dos direitos das crianas e adolescentes, dos idosos, do trabalho, entre muitas outras opes. O que importa que a eficincia social dos servios, ou seja, sua capacidade de atender com presteza e adequadamente necessidades e preferncias sociais, PASSA POR ESTES ESPAOS DE ARTICULAO . Nos Conselhos possvel debater as demandas sociais das comunidades, envolvendo-as e pressionando o poder pblico a criar polticas que garantam a qualidade de vida. Em outras palavras: OS PROBLEMAS QUE AFLIGEM AS COMUNIDADES, MESMO QUE TENHAM ORIGENS EXTERNAS (E AT GLOBAIS) S ENCONTRAM SOLUO ADEQUADA COM A PARTICIPAO LOCAL! Ora, quando falamos em participao local estamos nos referindo a uma participao que essencialmente voluntria!

    voluntariamente que membros da sociedade civil de uma comunidade qualquer dispem-se a participar de um Conselho Municipal. Com o detalhe que tais conselhos, onde sociedade e governo so paritrios, tem poder

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    deliberativo real, garantido pela Constituio, por leis federais e em muitos casos pelas leis estaduais e municipais. Chamamos a ateno sobre esta instncia local porque o voluntariado, em geral, mobiliza-se em face de problemas que esto prximos, que afetam diretamente s comunidades e que muitas vezes esto, por assim dizer, vista. Portanto, Conselhos Municipais e Centros de Voluntrios tem pontos em comum e muito a trocar. Nos Conselhos so debatidas e decididas, democraticamente, as polticas sociais que sero implantadas nas comunidades. Nos Centros temos a mobilizao efetiva dessas comunidades. Portanto ambos se complementam. Mas muito mais que isso: os Conselhos so um exemplo concreto de como o engajamento voluntrio dos cidados pode afetar a vida das comunidades e de fato modificar situaes estabelecidas mesmo que - repetimos - as causas sejam externas ou tenham origens distantes. Este exemplo ressalta a importncia do voluntariado que - importante dizer - pode tambm ser exercido de muitas outras formas, igualmente vlidas. Mas importante notar como aes aparentemente pequenas, ou de mbito restrito, podem alcanar uma esfera de influncia muito maior. Nessa articulao do micro com o macro reside um dos segredos do sucesso do voluntariado.

    3. Diagnstico da realidade. Vimos que necessrio conhecer a Realidade Social, j que a viso que temos dela influi nas instituies e nos Centros de Voluntrios. Para consolidar esse nosso conhecimento precisamos fazer um bom diagnstico. Isso muito importante para o planejamento de qualquer projeto de interveno social.

    Qual o objetivo de um diagnstico? Resumidamente elencar os elementos fundamentais que explicam uma realidade determinada, para poder programar, a seguir, uma ao transformadora coerente e mais eficiente.

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    Eis o que podemos saber com um bom diagnstico:

    as caractersticas da comunidade, tanto na sua dimenso interna quanto na sua relao externa;

    quais so os principais problemas e como se interrelacionam; a hierarquia dos problemas, quais os mais importantes, etc; quais so os recursos existentes para possveis solues. Freqentemente, ao realizar um diagnstico, por detrs dos dados, das explicaes, das entrevistas, dos indicadores, tentamos encontrar certezas. Aquelas certezas que nos permitam vencer o medo de agir erradamente ao implantar nossos projetos. Porm os diagnsticos no podem nos dar essas certezas. Dissemos isso no comeo deste captulo, ao falar dos conceitos: nossa viso - sempre - necessariamente filtrada.

    Ento para que fazer diagnsticos? O que podemos obter com eles?

    A resposta que eles permitem aproximaes sucessivamente melhores da realidade. Este precisamente seu valor. Podemos dizer ento que um diagnstico nunca definitivo. um processo de enriquecimento e mudanas constantes, no qual no apenas a nossa percepo da realidade muda mas tambm nossa ideologia, nossos valores ao escolher os instrumentos e os mtodos com os quais tentamos retratar a realidade. Essa aproximao da realidade acontece de vrios modos ao mesmo tempo. Em geral captamos as informaes como uma coisa s, simultaneamente. Mas se analisarmos esse processo de conhecimento veremos que, na verdade, ele composto por cinco momentos:

    A. Descrio Numa realidade preciso saber o que ela possui, o que j existe e aquilo com o que conta. preciso tambm, conhecer o que lhe falta, quais so as suas necessidades. Trata-se de fazer uma descrio seca, por assim dizer. Esse momento descritivo desenvolve-se de duas maneiras: a) Descrio do que existe: reconstruo da realidade, dos elementos que a

    configuram, dos recursos dessa realidade. Quando se estuda um bairro, por exemplo, deve-se centralizar a ateno sobre as pessoas, agrupamentos informais, associaes, infra-estrutura existente, fonte de riquezas, comunicaes, programas e aes em andamento.

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    b) Descrio do que no existe: quando uma comunidade se questiona sobre o que no tem, o que no , e aquilo que lhe falta, comea a projetar o seu futuro. Esta segunda fase aponta mais diretamente as necessidades e as carncias, os problemas e dificuldades de uma realidade. Toma-se conscincia de uma realidade incompleta e a partir dela comea a ao.

    B. Percepo social um passo adiante no processo da descrio. No se trata de saber o que existe ou no existe mas o que as pessoas pensam desse fato. Isto , conhecer o valor e as possibilidades que a comunidade d a essa realidade. Ou seja, o significado dessa realidade.

    C. Explicao, interpretao O grupo questiona agora o porqu a realidade analisada da forma que . Trata-se de investigar as causas, os condicionamentos, as estruturas da realidade. Estabelecem-se relaes de causa e efeito entre os diferentes fenmenos observados. Pode ser utilizada uma tcnica muito simples: recolher afirmaes e questionar o porqu.

    D. Alternativas Uma vez realizada a investigao dos problemas, das necessidades e carncias e levantadas as possveis explicaes, conhece-se o que se tem e o que faz falta. Resta ento definir aquilo que se deseja. Ou seja, preciso perguntar: Que aspectos podem ser mudados? Em que reas possvel progredir? A realidade incompleta ou insatisfatria devido a erros estruturais, por dificuldades e condicionamentos histricos, etc. Talvez, at, porque se acreditou que no era possvel mudar ou, simplesmente, por no ter surgido antes a idia da mudana ou mesmo porque no existiam possibilidades necessrias para essa mudana.

    E. Ajustes Esta ltima etapa do diagnstico consiste em ordenar as informaes recolhidas segundo o estudo da realidade. Trata-se ento de: Ordenar as necessidades, priorizando-as segundo a sua ordem de

    importncia, sua urgncia e as expectativas de xito para sua soluo. Ordenar as possibilidades, atendendo aos recursos disponveis, ao nvel de

    conscincia coletiva, dificuldade das tarefas, entre outras.

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    PARA FAZER ESTE DIAGNSTICO... os grupos de voluntrios podem comear a analisar a realidade a partir de qualquer um dos momentos acima citados e incorporando os demais, conforme for melhor para o trabalho que desejem desenvolver. Pode-se comear analisando o que as pessoas pensam para completar e confrontar com os dados que a descrio recolheu. Pode ser desenhada a realidade qual se aspira para depois confront-la com a realidade que existe, e mais tarde, planejar os ajustes e aprimorar os planos. Ou comear realizando aes de choque que permitam observar a resposta das pessoas.

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    CAPTULO II

    FILOSOFIA DA AO VOLUNTRIA

    1. Algumas definies do Trabalho Voluntrio

    QUATRO DEFINIES DO TRABALHO VOLUNTRIO SEGUNDO... ...as Naes Unidas: O voluntrio o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu esprito cvico, dedica parte de seu tempo, sem remunerao alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou no, de bem estar social ou outros campos... ...a Associao Internacional de Esforos Voluntrios (International Association for Volunteer Efforts - IAVE): Trata-se de um servio comprometido com a sociedade e alicerado na liberdade de escolha. O voluntariado promove um mundo melhor e torna-se um valor para todas as sociedades. ...a Fundao Abrinq pelos Direitos da Criana (So Paulo, abril de 1996): O voluntrio, como ator social e agente de transformao, presta servios no remunerados em benefcio da comunidade; doando seu tempo e seus conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidrio, atendendo tanto s necessidades do prximo ou aos imperativos de uma causa, como s suas prprias motivaes pessoais, sejam estas de carter religioso, cultural, filosfico, poltico ou emocional. ...o Programa Voluntrios, do Conselho da Comunidade Solidria: O voluntrio o cidado que, motivado pelos valores de participao e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontnea e no remunerada, para causas de interesse social e comunitrio.

    A Declarao Mundial do Voluntariado

    Em setembro de 1990 em Paris, a IAVE redigiu uma declarao inspirada na Declarao Mundial dos Direitos Humanos, de 1948, e na Conveno dos Direitos da Criana, de 1989. Os voluntrios reunidos para essa iniciativa da IAVE declararam a sua f na ao voluntria como uma fora criativa que: respeita a dignidade de todas as pessoas e a sua disposio para melhorar

    as suas vidas e exercer os seus direitos como cidados; ajuda a resolver problemas sociais e ambientais; e constri um mundo mais humano e justo, promovendo a cooperao

    internacional.

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    Os voluntrios reunidos pela IAVE convidaram ento, os governos, as organizaes internacionais, as empresas e os meios de comunicao a se unirem a eles na criao de um ambiente universal que promova e mantenha um voluntariado efetivo no mundo, como um sinal de solidariedade entre as naes e entre todos os seres humanos.

    2. Quais so os Princpios Bsicos do voluntariado? Segundo a motivao pessoal e a livre escolha, os princpios bsicos do voluntrio so: Reconhecer e respeitar a dignidade e a cultura de cada ser humano; Reconhecer o direito de cada homem, mulher e criana de associar-se

    livremente, sem distino de raa, religio, condio fsica, social, econmica ou outra;

    Oferecer seus servios aos demais, sem qualquer remunerao, individualmente ou atravs do esforo conjunto;

    Detectar as necessidades e estimular a participao da comunidade na resoluo dos prprios problemas;

    Promover a responsabilidade social, a participao cidad, a comunidade, a solidariedade internacional;

    Melhorar a qualidade de vida, fornecendo respostas aos grandes desafios do mundo de hoje;

    importante lembrar que: O trabalho voluntrio promove o crescimento pessoal e propicia a aquisio de habilidades e conhecimentos, ajudando no desenvolvimento do potencial pessoal e da auto-estima, capacitando-a a participar ativamente na resoluo de seus problemas.

    3. Quais so as Motivaes do voluntrio? Ao falar da filosofia da ao voluntria surge uma pergunta simples mas bsica: o que leva uma pessoa a ser voluntria? Ao desenhar uma resposta possvel associar essa pergunta apenas a uma palavra: solidariedade. Ao analisar a natureza humana descobre-se na solidariedade a capacidade inata de agir em benefcio dos outros. Essa capacidade traduz-se em: grandes doses de respeito, capacidade para viver no presente, valorizao da prpria liberdade e da liberdade alheia, renuncia s aspiraes egostas, fora diante dos riscos e vontade de compartilhar xitos.

    Desse ponto de vista, a motivao surge no voluntariado como genuna aspirao humana.

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    POR ISSO DIFCIL definir e esgotar as motivaes que podem levar uma pessoa a exercer a sua solidariedade atravs de uma ao voluntria. O voluntariado deve ser entendido como uma atitude de vida expressa mediante um servio ao prximo, sem fins lucrativos, baseada na solidariedade e desenvolvida como compromisso. impossvel resumir das mltiplas nuanas de seu desempenho cotidiano, os valores que comunica, a sua enorme influncia na sustentao da democracia, a quase infinita variedade de seus campos de ao e, sobretudo, o impacto profundo, a transformao que opera naqueles que o praticam. O voluntariado sustenta boa parte da sociedade, principalmente aquela que congrega a maioria dos necessitados, atravs de uma viso de esperana, um verdadeiro lastro tico em tempos de individualismo e medo. Exercer o voluntariado uma escola de vida, uma materializao da sensibilidade e uma excelente alternativa para motivar jovens e adolescentes a um maior compromisso com a comunidade. um campo frtil para desenvolver os anseios e valores que brotam nessa etapa da vida do indivduo: solidariedade, justia e a percepo de fazer parte da uma comunidade. O voluntrio est disposto a dar mediante a sua livre deciso o melhor de si mesmo. O que determina e influencia uma pessoa na deciso de doar seu tempo e energia, so foras internas, conhecidas como foras motivacionais. As mais comuns so:

    o meu dever ajudar preciso fazer alguma coisa

    Eles gostam e precisam de mim S tero xito se eu os ajudar

    preciso divulgar o trabalho desta entidade e eu quero contribuir para isso Desejo explorar essa rea para ver se me agrada

    Pode ser divertido e interessante

    Cada uma destas idias diferente e originada por diferentes foras. possvel salientar que alguns voluntrios enfatizam as possibilidades de auto-atualizao atravs do voluntariado, enquanto outros do maior importncia ao servio, ao dever e retribuio pelos benefcios recebidos. Outra importante caracterstica sustenta-se na identificao dos voluntrios com a sua comunidade, suas atividades sociais e necessidades mais significativas que podero conhecer atravs do prprio trabalho voluntrio. O critrio do significado social e a relevncia da comunidade um fator importante para a seleo de sua atividade voluntria.

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    Outros orientam-se principalmente pelo significado interpessoal e a participao dentro de um grupo. Nesse caso a deciso de realizar um trabalho voluntrio depender em grande parte da imagem das pessoas com quem o interessado dever desenvolver o seu trabalho, do tipo de apoio interpessoal que ir receber e do significado que tal atividade ter para os seus amigos, a sua famlia e para o grupo do qual faz parte, j que seu mundo muito concreto e interpessoal.

    4. Motivando o Voluntrio Um fator de grande motivao para os voluntrios o fato de poder intervir na soluo ou na busca de solues de problemas e na tomada de decises importantes. Para encontrar um lugar adequado a um voluntrio que deseja trabalhar deve-se conciliar o tipo de trabalho para o qual est apto com seus interesses e necessidades. Para incrementar a motivao importante que o voluntariado perceba que atravs de seu trabalho ter a oportunidade de aprender, crescer e contribuir para melhorar e aliviar os problemas sociais. O compromisso entre os voluntrios e a organizao deve ser flexvel em relao ao grau de participao a ser estabelecido quanto a tempo, energia e interesses dos voluntrios. 5. A Identidade do Voluntrio: declogo de uma busca (extrado do livro SOLIDARIEDADE E VOLUNTARIADO, de Joaqun Garca Roca). I. O Voluntariado deve descobrir a complexidade dos processos sociais: uma idia aparentemente simples apenas uma idia simplificada. Os problemas sociais tm a forma de uma teia de aranha: esto entrelaados por inmeros fatores. Saber estar em uma sociedade complexa e bem informado uma qualidade essencial do voluntariado hoje. II. O voluntariado tem sentido apenas, quando se considera o horizonte da emancipao. preciso dar afeto a um doente terminal ou acolher uma pessoa que luta contra a dependncia qumica, mais isso somente vlido se for um passo a mais na remoo das causas da marginalidade e do sofrimento desnecessrio.

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    III. A ao voluntria tem qualidade tica apenas quando uma opo livre de um sujeito no interior de uma tripla aspirao: a sua auto-estima, a solidariedade com o prximo e o compromisso com a construo de uma sociedade justa. IV. O voluntariado no um plano para diminuir os compromissos do Estado. Se, em algum momento, sua presena um pretexto para afastar e restringir os esforos governamentais, o voluntariado entra numa zona de risco. V. A ao voluntria como uma orquestra: o importante que ela soe bem e no o fato de a flauta ser de madeira ou de metal ou a quem ela pertence. Da orquestra devemos exigir coordenao, coerncia e concentrao de foras. O voluntrio sempre um co-equiper. A fragmentao no leva a nada e numa equipe cada um joga em sua prpria posio colaborando com o resto em funo da partida. VI. A ao voluntria deve ter competncia humana e qualidade tcnica. O amor no suficiente. Se, por ignorncia ou incompetncia, fazemos sofrer uma pessoa frgil, embora tenhamos a melhor das intenes, conseguiramos, apenas aumentar a sua impotncia e a sua marginalidade. VII. O voluntariado deve ganhar espaos entre as classes populares. No pode ser uma instituio que interesse apenas classe mdia, nem queles que tm tempo disponvel, mas responde ao exerccio da cidadania que responsvel pelos assuntos que a todos afetam. VIII. O voluntariado aprecia o profissional da ao social e busca sempre a complementaridade mas, justamente por isso, no se transforma em auxiliar nem em corrente de transmisso, mas defende o espao de liberdade que lhe prprio. IX. O voluntariado precisa, hoje, disciplinar a sua ao. As melhores iniciativas se perdem pela incapacidade de submet-las a um programa, a objetivos, a um mtodo, a certos prazos, a uma dedicao sria, a uma avaliao. A boa inteno um caminho vivel desde que haja disciplina; se ela no existe, um fracasso. O voluntrio evita palavras fteis para se aproximar dos gestos eficazes. X. A ao voluntria requer reciprocidade: no orientada simplesmente assistncia do outro, mas ao crescimento de ambos, embora as suas contribuies sejam diferentes. A estima do outro no exige apenas a acolhida, mas espera tambm uma resposta anloga.

    6. Abordagem Histrica do Voluntariado Somos como enanos instalados en las espaldas de gigantes;

    podemos ver ms y ms lejos que los antiguos, gracias no a la

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    agudeza de nuestra vista o a la magnitud de nuestro cuerpo, sino porque estamos sostenidos y elevados sobre ellos como sobre

    gigantes. (Juan de Salisbury). O Voluntariado um produto histrico em permanente evoluo. Esteve e est permeado pela generosidade e a vontade de justia, unidas a um sentimento de responsabilidade pessoal sobre seu esforo ideolgico e comunitrio. Podemos constatar isso numa breve sntese da ao voluntria atravs do tempo. Quatro momentos bem definidos na evoluo do pensamento e da ao voluntria podem ser destacados: A. A benemerncia

    O nascimento formal do voluntariado em sentido moderno, no incio do sculo XX (desconsiderando as manifestaes caridosas de origem religiosa que sempre existiram) teve origem na idia de benemerncia do sculo XIX. Na poca, os problemas sociais eram entendidos como desvios da ordem dominante e atribudos a indivduos em desgraa. Entendia-se que esses destitudos no tinham tido, por um motivo qualquer, a oportunidade de reintegrar-se sociedade e necessitavam da caridade organizada a fim de mudar a sua situao. Assim, as boas intenes das famlias mais abastadas e livres das preocupaes cotidianas de subsistncia, eram concretizadas distribuindo seus excedentes entre os necessitados. S que isso era feito conforme convices e aes que, enquanto aliviavam o rigor da situao, salientavam as vantagens da integrao plena dentro do modelo de vida normal. Nesse contexto social paternalista, rigoroso, excludente, o voluntariado da beneficncia era incipiente, ilustrado, moralizador, feminino e baseado em slidos, porm rgidos valores morais, imutveis diante da passagem do tempo.

    B. O estado de bem-estar

    O estado de bem-estar (o welfare state) do ps-guerra pregou a soluo total das questes sociais pelo estado, atravs de polticas de assistncia pblica completas, financiadas pela contribuio dos setores produtivos. Esses recursos eram redistribudos entre os necessitados. Foi uma resposta previdenciria insegurana dos trabalhadores. Alm disso era uma opo de controle social, j que esperava-se impedir ou esvaziar possveis protestos, que poderiam assumir dimenses

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    incontrolveis numa sociedade que tinha acabado de sair de uma terrvel experincia blica. Embora desenvolvesse polticas muito interessantes, ainda hoje estudadas do ponto de vista do voluntariado, o welfare state favoreceu o individualismo em prejuzo das iniciativas voluntrias ou associativas. De fato, pensavam muitos, se o estado tinha boas polticas sociais, quando e para que recorrer solidariedade da sociedade civil? A queda do welfare state, no incio dos anos 70, gerou o retorno da insegurana. Foram anos conhecidos como a era da incerteza, na famosa expresso de Galbraith. A vulnerabilidade social dos setores excludos do estado de bem estar aumentou. Foi duro, para o voluntariado, vencer a inrcia que se espalhara e reagir ao novo cenrio.

    C. O voluntariado combativo e a transformao da sociedade

    A dcada de 60 tinha detonado irreversveis transformaes de comportamento, politizando e polemizando todas as relaes ao extremo, inclusive as pessoais. Com a queda do welfare state, nos anos 70, o movimento voluntrio viu-se questionado politicamente e sem direo clara. Foi natural portanto que as parcelas mais ativas do movimento se identificassem com a crescente atividade poltico-partidria daqueles anos de debate ideolgico entre os dois grandes modelos de pensamento poltico. Foi o modo de abrir espao para canalizar sua potencialidade. O movimento voluntrio foi ento influenciado por uma corrente contestatria e libertria, presente em quase todos os movimentos sociais de origem popular da poca. Surgiu assim, um voluntariado combativo e comprometido com a transformao radical da comunidade. Porm, esse anseio de transformao radical fez os voluntrios distanciarem-se muitas vezes de seus ideais mais bsicos. O movimento parecia desorientado, espontneo, preferencialmente jovem, e sem perspectivas de uma consolidao institucional que pudesse lhe devolver sua identidade. Era um voluntariado autogestionrio que no concordava em aliar-se ao setor pblico ou ao privado. A sua ao baseava-se no pressuposto de uma mudana da ordem social e situava-se, muitas vezes, no mbito do protesto.

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    D. O modelo dos anos 80...

    Na metade da dcada de 80, com a redemocratizao da Amrica Latina e dos pases do chamado Terceiro Mundo, o neoliberalismo surgiu como concepo poltico-econmica-cultural no Ocidente. Os estados enxugaram os seus governos, ajustaram seus oramentos e diminuram lentamente os financiamentos de assistncia social, transferidos para os empreendimentos privados ou para as mos dos antigos beneficiados. Ocorreu uma descentralizao. Derivou-se para instncias de menor jurisdio poltica, de obrigaes e nem sempre de recursos. A resposta foi o nascimento de um voluntariado que veio preencher os espaos deixados pelo estado e que se esforou em diminuir as necessidades daqueles que ficaram de fora do sistema, mas sem se questionar essa conseqncia natural da economia do mercado. Foi um voluntariado de muitas conquistas concretas, de muitas aes assistenciais de ateno primria, que agiu para diminuir os efeitos emergenciais mas esqueceu de combater as causas.

    5. A caminho de um novo modelo...

    A retrospectiva do voluntariado ajuda a elaborar um novo modelo de ao voluntria. A dcada de 90 abre as portas para um novo milnio e para a possibilidade de pensar outra forma de entender a ao voluntria, um novo modelo de voluntariado que ultrapasse o anterior e considere o voluntrio como um cidado que, motivado por valores de participao e solidariedade, doa o seu tempo, trabalho e talento de maneira espontnea e no remunerada em prol de causas de interesse social e comunitrio. Esse novo modelo baseia-se e pratica o princpio de aproximao vital: quanto mais prximos de um problema estiverem a instituio, os recursos humanos e os servios, mais adequada ser a soluo e maior a participao das pessoas na busca de solues. Hoje no possvel conceber uma ao social eficiente sem o envolvimento da comunidade. No haver solues a longo prazo sem a participao das pessoas. Dentro dessa realidade, o voluntariado assume e assumir no futuro um papel decisivo, pois participar significa ter a capacidade de assumir responsabilidades e investir tempo, trabalho e dedicao na soluo de problemas e nas exigncias comunitrias e solidrias.

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    oportuno lembrar novamente algumas das citaes de Garca Roca, O voluntrio somente tem sentido quando no esquece o horizonte da emancipao (...) O voluntariado no um libi para diminuir os compromissos do estado, mas para exigi-los. (...) A ao voluntria requer reciprocidade: no orientada simplesmente para a assistncia do outro, mas para o crescimento de ambos, embora as suas contribuies sejam diferentes.

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    CAPTULO III

    PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE VOLUNTRIOS

    1. Introduo Um programa de voluntrios uma iniciativa solidria de um grupo de indivduos para ajudar outros grupos a melhorar a qualidade de vida de seus integrantes.

    O programa leva necessariamente a: uma srie de ajustes entre diversos fatores: necessidades, atitudes, critrios

    de racionalidade, interesses, valores e expectativas diferenciadas e uma coordenao, condicionada pelo conjunto das restries e

    vulnerabilidades, que sempre existem. Um projeto deste tipo possui um componente solidrio, parte integrante da sua essncia. A viso dos desequilbrios sociais como problema tico e a atitude solidria de enfrent-los, so parte dos valores, interesses e expectativas comuns aos envolvidos em projetos sociais. Se esse espao comum no existisse, sustentado em slidas bases solidrias, os projetos sociais se transformariam em cenrios de conflitos de interesses, e ambies individuais. IMPORTANTE LEMBRAR QUE muitos projetos fracassam em alcanar os resultados propostos pela incapacidade de a) reconhecer os valores sociais e de b) ver as pessoas como seres que contribuem para o prprio desenvolvimento.

    PARA SEREM EFICAZES os programas de voluntrios devem ser bem organizados.

    Precisam de cuidadoso planejamento e de boas prticas de gerncia, assim como todas as outras reas das organizaes sem fins lucrativos.

    Eis os pontos que uma entidade ou Centro deve examinar antes de recrutar voluntrios para atender uma necessidade social:

    O trabalho que os voluntrios realizaro relevante? Envolver voluntrios vai aumentar ou melhorar os servios prestados ao

    pblico beneficirio?

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    Os voluntrios complementaro o trabalho das equipes remuneradas, sem substituir postos de trabalho?

    As tarefas propostas so adequadas para os voluntrios e sero satisfatrias para cada indivduo?

    O primeiro passo para que o programa tenha sucesso assumir um compromisso claro. Tanto a direo de uma instituio quanto o pessoal remunerado de uma instituio devem comprometer-se a agir de modo que os voluntrios se sintam sempre parte integrante da organizao e da equipe. Outros pontos bsicos para coordenar este trabalho esto resumidos a seguir. Descrio clara do trabalho a realizar

    O que precisamos fazer? Por qu este trabalho importante? Como se encaixa esta tarefa na nossa estrutura?

    Compromisso e envolvimento das equipes remuneradas (se houverem)

    As equipes devem colaborar no desenho do programa e das tarefas. Esclarecer sempre dvidas e temores de concorrncia.

    Recrutamento de voluntrios bem planejado Determinar o tipo de talentos especficos que se quer recrutar. Faixa etria. Profisso. Habilidades. Preferncias.

    Seleo criteriosa Entrevistas pessoais. Questionrios, fichas de inscrio. Termo de adeso. Compromisso e responsabilidades.

    Perodo de Adaptao e Treinamento adequados O voluntrio precisar de informaes detalhadas sobre a tarefa, ... de orientao e treinamento. ... de experincias prticas com voluntrios antigos. ... de tempo para absorver a cultura local.

    Superviso do trabalho Estar sempre disponvel para responder perguntas. Diretrizes claras. Mostrar apreo e reconhecimento.

    Registro das aes Arquivo das entrevistas, termos de adeso. Registro das horas trabalhadas. Avaliaes de desempenho.

    Reconhecimento e valorizao dos voluntrios Agradecer sempre. Reconhecer mritos. Prmios ou eventos especiais.

    Avaliao sistemtica Confiabilidade. Relaes interpessoais.

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    Qualidades pessoais e habilidades especficas. Se o programa de voluntrios seguir esses passos e for bem estruturado ele trar muitos benefcios. Eis os principais:

    Os programas e servios j existentes so fortalecidos Os servios so estendidos para novos pblicos Programas novos ou especiais podem ser agregados So introduzidas novas habilidades, talentos e conhecimentos Os trabalhos remunerados podem ser complementados Os fundos e recursos podem ser aumentados Cresce a ateno e o reconhecimento do pblico As equipes remuneradas so liberadas para tarefas mais ligadas s

    suas especialidades

    2. Estrutura e Alcance dos Programas de Voluntrios Quando se prope um programa de voluntariado, fundamental analisar a sua estrutura e o seu alcance.

    Estrutura:

    O programa de voluntrios deve ser criado como algo articulado com a estrutura organizacional da instituio e dos projetos que ele realiza. O conceito de articulao sugere movimento e complemento. O movimento entendido como oportuno, inteligente, compartilhado, funcional. A complementaridade entendida como um processo enriquecedor, dinmico, alternativo. Uma estrutura de programa de voluntrios deve ser slida mas flexvel, inovadora mas adequada realidade, simples mas operativa, autnoma mas ligada viso e misso da instituio.

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    Alcance: Que significa o alcance de um programa? a medida em que o programa modifica, transforma e se insere na dinmica, na cultura e na estrutura organizacional da instituio. Ao desenhar um programa de voluntrios fundamental definir se dentro da instituio os voluntrios sero executores, participantes ou autores de seus projetos. O alcance de cada programa dentro de uma instituio de Voluntrios ou de uma instituio depende de muitos fatores, mas sempre uma deciso institucional de grande importncia que, como tal, deve ser clara, explcita e executvel.

    Alguns dos fatores que podem definir o alcance de um programa de voluntrios dentro de uma instituio so:

    A situao atual da instituio As caractersticas do programa de voluntrios As caractersticas dos projetos desenvolvidos pela instituio A histria das experincias vividas anteriormente com programas de

    voluntrios dentro da instituio 3. O que participar No resta dvida que falar do alcance do programa de voluntrios numa insituio leva questo de definir o que e quais os nveis de participao. Se vemos a participao como o direito de toda pessoa de se envolver no prprio destino e no destino da comunidade, desejvel que todos participem na maior quantidade de reas possveis e no mais alto grau. Porm participar no algo espontneo: uma necessidade cultural, fruto da maturidade. O compromisso precisa ser assumido conscientemente, com plena compreenso das responsabilidades por parte do voluntrio. A sim poderemos ter, de fato, participao, e no meras declaraes de participao da populao, bastante comuns hoje em dia mas infelizmente, em geral, irreais. Participar portanto pode significar:

    a) fazer parte, no sentido de pertencer, ser integrante;

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    b) ter parte, isto , desempenhar ou responder por uma parcela das aes; c) tomar parte, entendido como exercer influncia, ter voto, decidir.

    Alm disso, ao falar de participao preciso diferenciar entre ao individual e ao coletiva. Nesta ltima, a ao simultnea de vrias pessoas implica em influncias mtuas. Por isso, para haver participao necessita-se de organizao e orientao a partir de decises coletivas. A ao coletiva supe dois elementos:

    a) normas que determinem a participao no processo de deciso; e b) uma forma de compor ou combinar decises individuais (por exemplo, por votao de maioria simples) que visa a formao da vontade coletiva.

    Existem, como vimos mais acima, trs instncias de participao, numa escala que vai dos mais restritos aos mais amplos. Esses estgios tem relao com o grau de envolvimento dos participantes numa ao voluntria. Esses graus so:

    a) grau de informao: quando os participantes, embora sem decidir ou opinar sobre os rumos da ao voluntria, esto suficientemente informados para participar dela. Esse nvel pressupe que os voluntrios esto aptos a avaliar essa informao. Por exemplo: numa ao emergencial para alimentar desabrigados de enchentes onde no h o que opinar ou decidir - questo de aceitar ou no a tarefa a partir das informaes sobre o sofrimento da populao; b) grau de opinio: corresponde a um nvel mais profundo de participao: ocorre nos processos em que os voluntrios expressam o seu parecer. Supe um limite mais amplo de informao. A opinio pode modificar decises e aes. As opinies subsidiam os que tem a responsabilidade de decidir e permitem a avaliao dos riscos (sempre presentes). Em nosso exemplo seria a participao voluntria num Conselho formado depois da enchente para sugerir ao poder pblico, ou seja, instncia de deciso, que aes preventivas realizar antes, etc. c) grau de tomada de decises: os voluntrios agem a partir de suas prprias decises. Isso supe uma adequada e oportuna informao, o reconhecimento de acordos, diferenas, ou mecanismos adequados de tomada de decises. Em nosso exemplo, teramos um mutiro de limpeza voluntrio ps-enchente, decidido e realizado pela prpria populao. Esse grau de envolvimento, evidentemente, o que gera o maior nvel de compromisso e de participao.

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    Destacamos portanto que, embora o grau de participao tolerado ou permitido por uma instituio, seja uma deciso prpria, alcana-se maior riqueza quando, como resultado de um processo participativo cuidadoso, graduado e respeitoso das diferenas entre as pessoas, atinge-se maior participao na tomada de decises. Esse nvel (o nvel c da tabela anterior) corresponde a um voluntariado concebido como agente de transformao social.

    4. Desenhando o Programa de Voluntrios na instituio. Como j vimos, programas de voluntrios bem planejados trazem inmeros benefcios. Entretanto como realizar este bom planejamento? preciso realizar brainstormings (reunies de criao) peridicos; promover dinmicas de reflexo, informao e deliberao; alm de longas discusses at chegar ao consenso na elaborao do projeto. As Diretrizes para o Campo do Voluntariado, publicadas pela Association of Volunteer Bureaus, em 1978, so um bom ponto de partida. Elas recomendam: Elaborar planos lgicos, de acordo com os objetivos e metas da instituio; Estabelecer objetivos a curto e longo prazo, rev-los e revis-los com

    frequncia; Incentivar o comprometimento da comunidade com o programa ou servio; Considerar a viabilidade da implantao dos servios propostos; Abranger no desenho todo o futuro desenvolvimento, o que inclui: recrutamento,

    seleo, encaminhamento/colocao, treinamento, superviso, avaliao e reconhecimento, alm de manuteno da motivao;

    Definir as habilidades especficas requeridas; Estimular um plano de aes pblicas. No planejamento preciso que cada proposta leve em conta:

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    o simples e o complexo; o global e o especfico; as exigncias bsicas pessoais e do grupo; o respeito para com as possibilidades concretas de cada pessoa, partindo da

    heterogeneidade ou homogeneidade do grupo (conforme o caso); a adequao das atividades e tcnicas s possibilidades de cada integrante

    do grupo; a margem de liberdade para que cada participante possa se desenvolver

    segundo suas possibilidades individuais; a inteno de captar e canalizar as expectativas e inquietaes do grupo,

    incorporando-as concretamente no planejamento; proporcionar elementos de motivao que permitam satisfazer s expectativas. Ao desenhar os programas de voluntrios bom lembrar tambm de: Incluir objetivos claros que contribuam para o xito do programa em questo e

    da misso da instituio; Colocar em igualdade de condies o trabalho voluntrio e o trabalho

    remunerado, uma vez que ambos tm importncia significativa no xito da misso e portanto devem ser bem planejados;

    Considerar as motivaes, necessidades, interesses e habilidades dos voluntrios;

    Oferecer aos voluntrios a oportunidade de ser produtivos e de usufruir do respeito das pessoas com as quais trabalham;

    Conhecer as reas de ao da instituio; Prever delegao de responsabilidades; Complementar e enriquecer o trabalho do pessoal remunerado, porm, nunca substitu-lo. 5. Funes do Coordenador Para implantar um Programa de Voluntrios recomendvel contratar um Coordenador ou Diretor do Departamento. Em alguns casos, pode se aproveitar a disponibilidade de um voluntrio com muita experincia, mas somente quando possa se dedicar em tempo integral a essa funo, para no comprometer a continuidade e qualidade do processo. As funes gerenciais tradicionais incluem planejamento, organizao, direo e controle. Algumas responsabilidades essenciais da funo so:

    Planejamento: Diagnstico, misso, problemas e necessidades

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    Objetivos, programas Desenho de tarefas voluntrias Direo e Coordenao: Recrutamento Seleo e encaminhamento Capacitao Superviso Reconhecimento Monitoramento: Avaliao Retroalimentao (feedback) e manuteno do compromisso.

    6. Caractersticas do Coordenador Dependendo do tamanho e estrutura da instituio, e sobretudo o nmero de voluntrios sob sua responsabilidade, o Coordenador de Voluntrios precisar ter vrias habilidades especficas. Numa situao ideal, este profissional dever possuir...

    Capacidade para perceber as necessidades do contexto social; Habilidade para ouvir e envolver o outro; Capacidade para estabelecer uma comunicao efetiva; Disposio para integrar-se a grupos e trabalhar em equipe; Habilidade para planejar, organizar, delegar e supervisionar

    projetos; Capacidade para refletir acerca de sua prtica e conceitualizar sobre

    a ao; Capacidade para gerar mudanas e para motivar tais mudanas; Habilidade para avaliar a tarefa; Habilidade para estabelecer uma comunicao intra e inter-

    institucional; Habilidade para o recrutamento e motivao de futuros

    voluntrios; Envolvimento consciente e comprometido com os projetos; Capacidade para coordenar grupos, habilidade para assumir

    liderana democrtica e de ser um facilitador da tarefa grupal; Conhecimento das tcnicas grupais; Habilidade na negociao e resoluo de conflitos; Capacidade de deciso; Capacidade de facilitar os vnculos com outras instituies.

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    7. Objetivos dos programas Os programas de voluntrios devem formular objetivos suplementares que se aplicam organizao,aos clientes, aos voluntrios e comunidade. Em geral, todos os programas pretendem implantar, melhorar ou ampliar servios atravs do envolvimento de voluntrios. Alm disso querem, em geral, desenvolver servios especficos de voluntariado para atingir necessidades especficas dos beneficiados. Porm preciso formular objetivos especficos, mensurveis, concretos e realistas. Podem ser descritos brevemente, com um verbo no infinitivo, especificando a ao necessria, situando-a no tempo e se possvel, com resultados quantitativos previstos.

    Exemplos: Recrutar 10 motoristas voluntrios, em abril de 1998, para realizarem 20

    viagens de clientes por ms; ou Implementar um programa de visitas para 20 idosos da vizinhana com o auxlio de 10 voluntrios, em setembro de 1997.

    Estabelecendo com preciso cada objetivo especfico poderemos conhecer o nmero e o perfil dos voluntrios que necessitamos, a quantidade de horas de trabalho totais e individuais, e assim preparar as descries escritas das tarefas a realizar.

    8. Descrio das tarefas As relaes com os voluntrios devem ser CLARAS. O voluntrio deve conhecer de maneira precisa e concreta o trabalho que tem de executar a fim de assumir conscientemente seu compromisso. O Coordenador deve planejar os trabalhos voluntrios, descrevendo as tarefas, sempre antes do recrutamento, baseado na informao obtida no planejamento do programa e entregar ao voluntrio uma cpia.

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    A descrio de tarefas uma ferramenta essencial tanto para recrutar como para avaliar o trabalho. Documentadas por escrito, evitaro sempre mal-entendidos.

    Um pequeno exerccio para ajudar: Pea aos funcionrios remunerados que faam uma lista do que teriam gostado de realizar na semana anterior mas no puderam fazer por falta de tempo. Pea tambm para mencionar os projetos ou atividades que gostariam de comear se tivessem mais tempo. Analise a lista para verificar quais destas tarefas poderiam ser realizadas por voluntrios (tenha presente que os voluntrios podem doar apenas de 2 a 3 horas semanais, em mdia).

    Tpicos INDISPENSVEIS na Descrio de Tarefas do Trabalho Voluntrio:

    Nome, endereo e telefones da Organizao; Identificao do Servio/Departamento de Voluntariado; Identificao do programa voluntrio; Nome do trabalho Voluntrio; Objetivo; Nome do supervisor imediato; Tarefas detalhadas do Voluntrio; Requisitos (perfil da pessoa): aptides, capacidades, destrezas,

    habilidades, experincias; Local de Trabalho; Horrios; Benefcios oferecidos (capacitao, alimentao, despesas de transporte,

    uniforme etc). _______________________________________________________________________

    RESUMINDO...

    Antes de planejar um programa de voluntrios, precisamos saber... Por que se realiza o trabalho? (Diagnstico da realidade)

    O que deve ser feito? (Objetivos)

    Como deve ser feito? (Estratgias)

    Onde ser feito? (Lugar)

    De que forma ser feito? (Mtodo)

    Com que recursos se conta para a sua execuo?

    (Recursos)

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    Quando ser feito? (Tempos de realizao/Etapas)

    Com quem ser feito? (Equipe)

    Para quem ser feito? (Beneficirios) _______________________________________________________________________

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    9. Um Diagnstico da instituio: Questionrio

    Adaptao do instrumento usado pela primeira vez por Marlene Wilson em The Effective Management of Volunteer Programs, 1976, que por sua vez, fez uma adaptao de um instrumento desenvolvido por Rensis Likert para sua aplicao na esfera empresarial.

    Para cada ponto indique a resposta que melhor se adapta sua organizao, conforme a sua realidade, hoje. 1. A equipe tm confiana nos voluntrios? a) Muito pouco b) Um pouco c) Bastante d) Muita 2. Os voluntrios tm confiana na equipe? a) Muito pouca b) Um pouco c) Bastante d) Muita 3. Quem se sente responsvel por alcanar as metas? a) Alta Gerncia b) Alta Gerncia e voluntrios membros dos Conselhos c) Quase a maioria dos que trabalham aqui. d) Todos: administrao, pessoal remunerado e voluntrios 4. Existe cooperao entre a equipe na realizao do trabalho? a) Muito pouca b) Relativamente pouca c) Bastante d) Muita 5. Existe cooperao entre a equipe e os voluntrios para a realizao do trabalho? a) Muito pouca b) Relativamente pouca c) Bastante d) Muita 6. Segundo a sua opinio: os voluntrios esto satisfeitos com seu trabalho? a) Muito pouco b) Um pouco c) Bastante d) Muito

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    7. Quanto conquista das metas: qual a importncia que se d interao e comunicao? a) Muito pouca b) Algo c) Bastante d) Muita 6. Qual o critrio habitual do fluxo da informao? a) Para baixo b) Principalmente para baixo c) Para baixo e para cima d) Para baixo, para cima e para os lados 9. Como qualificaria a comunicao entre a equipe e os voluntrios? a) Inadequada b) Regular c) Satisfatria c) Muito boa 10. At que ponto voc se sente livre para falar com sua chefia imediata sobre seu trabalho? a) No muito livre b) Algo livre c) Bastante c) Muito livre 11. Que qualificao voc daria s comunicaes gerais entre o coordenador de voluntrios e os voluntrios ativos? a) Insuficientes b) Regulares c) Satisfatrias d) Muito boas 12. Em que instancia so tomadas as decises? a) Principalmente nas mais altas b) As decises de polticas, na alta esfera, com certa delegao c) Diretrizes gerais, na alta esfera, com um melhor nvel de delegao. d) So tomadas em todos os nveis da organizao 13. Os voluntrios esto envolvidos no processo da tomada de decises? a) Raramente b) Superficialmente, porm no em questes srias c) So envolvidos adequadamente d) Procura-se envolv-los em todas as esferas de tomada de decises.

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    14. A equipe est envolvida nas decises relacionadas com o seu trabalho? a) Quase nunca b) s vezes consultada c) quase sempre consultada c) Est totalmente envolvida 15. Os voluntrios participam nas decises relacionadas com seu trabalho? a) Quase nunca b) So s vezes consultados c) So quase sempre consultados d) Esto totalmente envolvidos 16. Os voluntrios tm a oportunidade de fixar as metas de seu trabalho? a) Nunca b) Raramente c ) s vezes d) Habitualmente 17. Os objetivos da organizao so do conhecimento do pessoal (voluntrio e no voluntrio)? a) Quase nenhum conhecimento b) Conhecimento impreciso c) Adequadamente informados c) Muito bem informados 18. Considerando seus contatos pessoais, que resposta tem a comunidade a respeito da imagem da instituio? a) Negativa b) Desinteressada c) Ambgua d) Positiva 19. O pessoal da instituio (voluntrio e no voluntrio), sente-se motivado atravs do reconhecimento de suas conquistas? a) Muito pouco b) Algo c) Bastante d) Muito 20. Segundo a sua opinio, qual o grau de compromisso que a instituio tem com a criao de um programa efetivo de voluntariado? a) Nenhum b) Algo, mas no est disposta a comprometer recursos c) Afirma estar disposto, mas as aes que toma no so definidas d) Muito

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    Agora, revise e conte o nmero de respostas de cada categoria; Respostas a) .... Respostas b) .... Respostas c) .... Respostas d) .... Este questionrio nos permite conhecer aspectos organizacionais diretamente relacionados com a implantao de um programa de voluntrios. Atravs dele so consideradas situaes de liderana, motivao, comunicao, tomada de decises e formulao de metas, entre outras. Avaliao das respostas: Se a sua instituio encontra-se majoritariamente na categoria a), est muito longe de estar pronto para lanar um programa de voluntariado e, alm disso, tem problemas mais profundos de liderana e administrao que devero ser resolvidos em primeiro lugar. Se encontra-se majoritariamente na categoria b), precisa fortalecer-se em diversas reas antes de empreender o esforo de criar ou ampliar o trabalho voluntrio. Se est principalmente na categoria c), est bem encaminhado e quase pronto para comear. Precisa, primeiro, identificar as reas especficas que devero ser melhoradas e trabalhadas. E se encontra-se, na maioria das respostas, na categoria d), est pronto para comear! Revise novamente as respostas com baixas qualificaes e identifique as aes corretivas que dever tomar ou pr em prtica.

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    Resumindo...

    Critrios bsicos para desenvolver programas de voluntrios: 1. O projeto previsto e a participao dos voluntrios uma ao objetiva com real

    chance de sucesso? 2. Os voluntrios podem compreend-lo de modo bem definido e concreto? 3. As aes voluntrias podem ser executadas eficientemente no tempo parcial que

    os voluntrios podem oferecer? 4. O tempo requerido para treinamento e acompanhamento est proporcional ao

    tempo aplicado pelos voluntrios nas atividades previstas? 5. H possibilidade de apoio para o trabalho dos voluntrios por parte de

    funcionrios assalariados? 6. O trabalho normal da equipe pode ser adaptado (redirecionado) se as

    prioridades dos voluntrios assim o exigirem? 7. O planejamento do trabalho considera os interesses e habilidades dos

    voluntrios, bem como as suas relaes com a comunidade? 8. H possibilidades de realizao pessoal e desenvolvimento para os voluntrios? 9. H possibilidade de recrutamento adequado de voluntrios, considerando-se seu

    nmero e qualificao? 10. As pessoas da comunidade realmente interessadas e habilitadas a desenvolver determinadas atividades esto sendo convidadas?

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    CAPTULO IV

    GERENCIAMENTO 1. Introduo: lembretes para os profissionais que trabalham com voluntrios. A funo do Coordenador no realizar a sua tarefa individualmente ou ditar normas sobre o que os outros devem fazer. Conforme uma viso mais ampla e atual, sua misso inspirar e orientar. Nesse sentido o Coordenador um facilitador. A grande responsabilidade dos Coordenadores de hoje promover o desenvolvimento dos recursos humanos voluntrios. Os voluntrios no so propriedade do Coordenador, nem sua mo de obra barata e muito menos seus empregados. O lder profissional aquele que sabe congregar e orientar a todos em uma mesma direo: um objetivo. Ele deve estar apto a ajudar cada indivduo a desenvolver e aprimorar suas melhores aptides e virtudes. Os voluntrios quando engajados e motivados corretamente tornam-se advogados, defensores da causa, uma vez que se identificam claramente com ela. Muitas vezes, inspiram outras pessoas a aproximar-se, acrescentando energia, credibilidade e novas idias causa comum. O papel do Coordenador organizar e planejar para melhorar e facilitar as coisas. O conhecimento profissional, a capacitao adquirida em livros, cursos ou atravs da experincia dos colegas, alicera os voluntrios e representa uma ajuda para que possam atingir a sua performance. Por outro lado, o talento e as habilidades especiais de muitos voluntrios podem enriquecer o trabalho do Coordenador. Ele deve prover sistemas de apoio e de servios, deve coordenar, antecipar problemas e ser proativo na busca de solues possveis.

    2. Implantando o Programa... Uma vez elaborado o Programa de Voluntrios da instituio, seus diferentes projetos e reas de atuao e definido o profissional que coordenar as aes, hora de colocar tudo em prtica.

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    Podemos definir trs etapas do processo de implantao: A. a incorporao dos voluntrios, B. o desempenho das aes e C. a avaliao do impacto e do desempenho das equipes. Atuando nestas trs etapas, precisamos tambm manter o compromisso e a motivao dos voluntrios envolvidos durante todo o tempo de sua atividade.

    Etapa 1: Incorporao O primeiro contato do voluntrio com a instituio pode se dar atravs de visitas mesma (open house ou casa aberta), um dia em que a organizao abre suas portas para receber os interessados em conhecer suas atividades e estrutura. o momento ideal para a apresentao da misso, seus objetivos, o Programa de Voluntrios e seus diferentes projetos e possibilidades. Seguem-se ento as fases de orientao, seleo, treinamento e encaminhamento.

    3. Orientao Antes dos voluntrios comearem suas atividades, devem receber orientao e treinamento apropriado. A orientao proporciona ao voluntrio informaes sobre a organizao junto qual vai trabalhar, e esclarece sobre habilidades, atitudes e comportamentos necessrios para o desenvolvimento de atividades voluntrias. muito indicada a elaborao de um guia do voluntrio e/ou um manual de treinamento para ser entregue ao voluntrio no momento de seu recrutamento. Uma sesso de orientao pode ser bastante til como ferramenta de esclarecimento. Isso pode ajudar a pessoa a perceber que o trabalho voluntrio no exatamente aquilo que ela espera e assim, dar-lhe a oportunidade de desistir sem que haja muito tempo investido. Incluir sempre pessoal do quadro de funcionrios nas orientaes, bem como membros da diretoria e outros voluntrios, reservando uma ou duas horas para esta sesso. O formato abaixo pode ser utilizado tanto para o Guia/Manual, quanto para a sesso de orientao inicial: A importncia do servio voluntrio para a instituio Filosofia, propsito e histrico da instituio Perfis dos pblicos-alvo beneficiados pela ao da instituio

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    Estrutura da instituio - organograma de recursos humanos e projetos Relao do Programa de Voluntrios com o programa geral da instituio Polticas e procedimentos, normas e regulamentos Listagem dos conselhos e funcionrios Informaes sobre seguro, despesas realizadas pelos voluntrios,

    reembolsos e outros assuntos relativos aos voluntrios Mais importante ainda que, na fase de Orientao, o coordenador passe aos voluntrios de forma clara quais os VALORES e ATITUDES essenciais do voluntariado. OS VALORES fundamentais da filosofia do voluntariado social do significado e transcendncia ao voluntria e representam o ideal de uma motivao consciente. De acordo com a FIPAN (Centro Nacional de Voluntrios da Venezuela), eles so: Igualdade entre os homens. Respeito dignidade humana. Justia social: direito a um vida digna.. Solidariedade humana e ajuda recproca. Democracia como forma de convivncia social, direito de todos participao e

    possibilidade de tomar decises. Ajudar os outros para enfrentar suas necessidades e problemas. Enfrentar o pessimismo e as crises de valores Ter f em si mesmo e nas prprias potencialidades Adquirir responsabilidade pessoal. Acreditar no compromisso AS ATITUDES (no sentido de viver de fato os valores), so: Perceber e apreciar a cultura, os valores dos outros. Estabelecer comunicao, dilogo. Ser persistente, responsvel e disciplinado. Ter entusiasmo, iniciativa, otimismo. Cooperar, trabalhar em equipe. Receber e dar. Aprender e ensinar. Adquirir a formao e o treinamento necessrios. Estar disposto ao crescimento pessoal. tambm aconselhvel que na sesso de orientao sejam apresentados alguns direitos e responsabilidades dos voluntrios.

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    Todo voluntrio tem DIREITO a: Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio para ampliar e

    desenvolver habilidades. Receber apoio no trabalho que desempenha (capacitao, superviso e

    avaliao tcnica). Ter a possibilidade da integrao como voluntrio na instituio na qual presta

    servios, ter as mesmas informaes que o pessoal remunerado e descries claras de tarefas e responsabilidades.

    Participar das decises. Contar com os recursos indispensveis para o trabalho voluntrio. Respeito aos termos acordados quanto sua dedicao, tempo doado, e no ser

    desrespeitado na disponibilidade assumida. Receber reconhecimento e estmulo. Ter oportunidades para o melhor aproveitamento de suas capacidades

    recebendo tarefas e responsabilidades de acordo com os seus conhecimentos, experincia e interesse.

    Ambiente de trabalho favorvel por parte do pessoal remunerado da instituio. Todo voluntrio tem a RESPONSABILIDADE de: Conhecer a instituio e/ou a comunidade onde presta servios (a fim de

    trabalhar levando em conta essa realidade social) e as tarefas que lhe foram atribudas.

    Escolher cuidadosamente a rea onde deseja atuar conforme seus interesses, objetivos e habilidades pessoais, garantindo um trabalho eficiente.

    Ser responsvel no cumprimento dos compromissos contrados livremente como voluntrio. S se comprometer com o que de fato puder fazer.

    Respeitar valores e crenas das pessoas com as quais trabalha. Aproveitar as capacitaes oferecidas de forma aberta e flexvel. Trabalhar de maneira integrada e coordenada com a entidade onde presta

    servio. Manter os assuntos confidenciais em absoluto sigilo. Acolher de forma receptiva a coordenao e a superviso de seu trabalho. Usar de bom senso para resolver imprevistos, alm de informar os responsveis. 4. Recrutamento, ou como fazer uma boa planificao para conquistar pessoas: Sempre existiram voluntrios dedicados a servios comunitrios, causas religiosas, assistncia sanitria, escolas, atividades para jovens, atividades sociais, entre outras.

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    No so poucos os que se dispem a dedicar parte de seu tempo para prestar um servio voluntrio. Porm difcil saber onde e como encontrar essas pessoas para convid-las a participar. Por outro lado, os voluntrios desejam encontrar trabalhos atravs dos quais possam ter a oportunidade de dar parte de seu tempo livre e conseguir uma autntica satisfao. Alm das donas de casa, fonte tradicional do voluntariado, existem outros que querem ser teis: aposentados, pessoas que esto em uma fase de transio em suas vidas, pessoas que esto mudando de profisso, membros de diversas igrejas, grupos de auto-ajuda, das associaes de

    bairro, pessoas em recuperao de uma doena, dependncia qumica ou trauma

    emocional, pais que desejam participar das atividades de seus filhos, adultos que desejam estar em contato com crianas, pessoas que desejam praticar um hobby ou interesse particular. Todos eles constituem uma fonte de voluntrios. imprescindvel saber a quem se dirigem os programas que desejam trabalhar com voluntrios, e conhecer os objetivos dessas pessoas. Os mtodos de atrao so determinados em funo dos objetivos e expectativas das pessoas visadas. Identificar os objetivos do grupo-alvo e mostrar - por meio do material de recrutamento - o grau de satisfao que o programa poder proporcionar, um caminho eficaz. Isso pode parecer mero marketing mas, se queremos que o voluntariado possa competir com outros usos do tempo disponvel, precisamos saber quem queremos atrair. S assim saberemos onde encontrar essas pessoas e que mtodos usar. Existem muitas tcnicas de atrao e conveniente usar as mais adequadas. preciso lanar mo de todos os instrumentos da comunicao. Vale fazer: propaganda nos jornais, seja paga (se houver verbas) seja espao conquistado (por releases, assessoria de imprensa); folhetos informativos enviando-os a associaes e entidades, pblicas ou privadas, posters e materiais visuais chamativos, anncios nos servios pblicos de rdio e televiso faixas de propaganda e o prprio boca a boca. SEMPRE deve ser destacado:

    1. O ttulo do Programa de Voluntrios, sua misso e compromissos.

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    2. Algumas frases sobre o trabalho da instituio. 3. O nmero de telefone e o contato para mais informaes.

    Outro modo de captar voluntrios organizar palestras abertas ao pblico sobre o trabalho desenvolvido. Quando divulgadas e realizadas competentemente do aos participantes uma informao til e podem ser usadas como sesses de pr-formao dos possveis voluntrios. Pode-se falar do programa de voluntariado e no final fazer entrevista com os candidatos. O recrutamento de voluntrios atravs do prprios voluntrios um dos melhores mtodos. o chamado boca a boca. Se os voluntrios esto realmente comprometidos e motivados falaro com seus amigos de um modo persuasivo e sincero. Os Centros de Voluntrios podem tambm formar voluntrios comunicadores identificando profissionais de diferentes reas (educao, meio ambiente, sade), que conhecem os problemas sociais da sua comunidade, e que atuam junto ao pblico (nas escolas, nas empresas, e demais instituies). Esses comunicadores podem convidar os pblicos a que tem acesso a se atualizar sobre a importncia do voluntariado para a soluo de problemas. Sero assim multiplicadores da filosofia do Centro de Voluntrios e eficazes recrutadores de candidatos interessados. 5. Perfil dos Voluntrios Para conseguir mxima efetividade dos voluntrios necessrio detalhar exaustivamente as atividades e tarefas. Esta informao permitir definir a quantidade e principalmente o tipo de pessoas requeridas para o trabalho. O perfil do voluntrio deve ser definido antes de iniciar o recrutamento.. PARA ISSO PRECISO DEFINIR as caractersticas DESEJADAS do voluntrio para realizar as tarefas e atividades que sero atribudas, dentre as quais se destacam: habilidades, destrezas, aptides, capacidades, experincias, idade, sexo, preferncias, gostos,

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    interesses. Ou seja, o perfil do voluntrio visa reunir as caractersticas fundamentais da ao voluntria baseadas nos valores e atitudes. Definido o perfil podemos usar o elenco de perguntas a seguir para saber se o candidato encaixa-se ou no no perfil desejado: 1. Por que est interessado neste programa? 2. Qual a sua experincia pessoal na rea (combate ao uso de drogas, auxlio a

    pessoas deficientes) do programa? 3. Que expectativas voc tem quanto ao trabalho como voluntrio? 4. Como imagina que pode contribuir com seu trabalho? 5. Quais so seus hobbies ou interesses? 6. Voc pode assumir um compromisso de trabalho durante seis meses ou um

    ano? 7. Que mais deseja saber sobre o nosso trabalho e organizao, seus beneficirios

    e sobre a ao voluntria? 8. compatvel a ao voluntria com a sua atual situao de vida?

    6. Seleo Uma das tarefas mais difceis do trabalho do Coordenador do Programa de Voluntariado encaminhar e conseguir uma boa colocao dos voluntrios nas tarefas para as quais esto capacitados. muito importante no recomendar tarefas para as quais o voluntrio no esteja habilitado. A tarefa de seleo bem realizada deve... lembrar que para cooptar voluntrios so necessrias certas qualidades e

    motivaes apropriadas. No podemos selecionar apenas pessoas amveis ou agradveis (segundo nosso critrio), ou somente aqueles que tm vontade de trabalhar;

    contar com a habilidade dos coordenadores de voluntariado nas entrevistas, evitando uma seleo deficiente;

    ser um exerccio de pacincia no momento da seleo.

    Um processo de seleo deficiente pode prejudicar outros voluntrios ou causar problemas ao trabalho das eventuais equipes profissionais e at aos beneficirios.

    Ao se elaborar e definir com clareza as tarefas que os voluntrios devem realizar possvel que eles mesmos desistam no momento da seleo, o que resultar num ganho de tempo e energia.

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    Para que tudo d certo preciso cuidar de uma importante etapa da seleo: a entrevista. Ao entrevistar o potencial voluntrio aconselhvel perguntar-lhe: por que est interessado em desenvolver um determinado trabalho, averiguar o que ele pode oferecer ao programa e quais habilidades fsicas ou intelectuais gostaria de desempenhar. bom conhecer os hobbies e interesses do candidato, sua famlia e trabalho. Uma boa maneira de comear uma entrevista falar sobre os dados fornecidos pelo prprio voluntrio ao preencher a ficha cadastral. Comear falando de um hobby pouco comum, de alguma afinidade que o entrevistador e a pessoa tm em comum, de uma experincia anterior, uma forma de quebrar o gelo que se instala na entrevista. A ficha cadastral proporciona tambm um documento escrito para o arquivo. aconselhvel cultivar a pacincia. Os Coordenadores de Programas de Voluntrios costumam ser to entusiastas da sua organizao, ou to vidos na busca de voluntrios que acabam fazendo uma propaganda excessiva durante a entrevista. Lembre-se: no favor nenhum associao ou aos demais voluntrios selecionar gente inadequada. Se o voluntrio necessrio no aparecer melhor esperar. Quando devemos dizer NO a um potencial voluntrio devemos ser honestos sem demonstrar pessoa que ela no se ajusta s necessidades. Por exemplo, se dizemos a uma pessoa que no tem a capacitao especfica suficiente para determinado trabalho tambm especfico, fornecemos um dado objetivo que ser menos doloroso que uma negativa subjetiva. Dizer NO uma tarefa difcil e devemos usar de muita sensibilidade e cuidado. No final deste captulo h algumas recomendaes para uma boa entrevista.

    7. A documentao do acordo entre o voluntrio e as organizaes, etc. Um aspecto a considerar o contrato do voluntrio. H programas que utilizam contratos para especificar exatamente quais as responsabilidades da organizao e dos voluntrios. O contrato preenchido e assinado pelo voluntrio e um membro da organizao. Os contratos podem parecer muito formais para este tipo de trabalho mas mostram-se muito eficientes se o voluntrio quer documentar seu trabalho como currculo e quando o trabalho um projeto especial com metas especficas e uma data de finalizao definida.

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    Apesar de no apresentarem valor legal em caso de demandas judiciais indevidas, (alegando vnculo empregatcio), servem como prova de m f do demandante j que podem comprovar que ele aderiu instituio como voluntrio por livre e espontnea vontade. recomendvel que seja assinado tambm por duas testemunhas da organizao.

    8. Encaminhamento Uma das melhores maneiras de encaminhar os voluntrios para desempenhar tarefas adequadas s suas aptides, respeitar as motivaes que o trouxeram at a instituio. As pessoas podem estar motivadas por emoo, por desejo de realizao pessoal e at mesmo pela oportunidade do exerccio de um poder. O questionrio que figura no final do captulo pode ser aplicado para conhecer melhor o candidato a voluntrio. As respostas (a) relacionam-se com poder, as respostas (b) com emoo e afeio e as respostas (c) com realizao pessoal. Aps anlise das respostas, o Coordenador pode usar a lista de idias no final deste captulo para fazer suas escolhas.

    Etapa 2: Desempenho das aes

    9. Treinamento A formao dos voluntrios fundamental: os voluntrios tm o direito de receber a capacitao necessria para desenvolver a tarefa que foi encomendada. Essa formao inclui diversos passos: informao sobre a organizao, treinamento no trabalho especfico, superviso e auxlio no incio do trabalho, continuidade na formao.

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    Uma apresentao do trabalho j realizado, dos tipos de beneficirios, da estrutura da organizao e fontes financeiras, do papel na comunidade pode ser feita na sesso introdutria de orientao. Se possvel, seria bom criar um manual com: a histria e misso da organizao, as funes dos profissionais, os recursos financeiros, os perfis dos beneficirios, os objetivos e fundamentos dos voluntrios e outras informaes importantes. No momento da entrega do manual recomenda-se visitar as instalaes da organizao e apresentar os membros presentes. A formao ou treinamento deve ter uma durao mxima de oito semanas com sesses de trs horas por semana. A formao inclui aspectos tericos e prticos. Uma esquema interessante composto de uma sesso de uma hora e meia de palestras ou outra apresentao informativa e uma hora e meia de jogos de papis ou outro exerccio prtico intercalando uma pausa para integrao do grupo. Em toda sesso deve se reservar um tempo para ouvir perguntas, promover discusses e avaliar as reaes e experincias. Para o esclarecimento de atitudes, os questionrios so ferramentas teis uma vez que os interessados podem aprender mais sobre si mesmos no momento em que escrevem as suas respostas. Alm da informao e experincia dos novos voluntrios, um treinamento adequado ajuda a criar sinergia de trabalho entre os voluntrios e a equipe da instituio. Aqueles que ao trmino da formao continuam querendo ser voluntrios no apenas estaro preparados para o trabalho, mas tero passado pela primeira prova e estaro prontos para fazer parte da equipe voluntria que atende os beneficirios. No final desta orientao inicial, os voluntrios precisam de um treinamento especfico no prprio local de trabalho, ministrado por profissionais da organizao ou por voluntrios com experincia. So comuns queixas dos Coordenadores de Programas de Voluntrios a respeito da resistncia dos voluntrios quanto a participar de sesses de formao continuada. importante dar ao voluntrio a oportunidade de formular sugestes e fazer comentrios construtivos.

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    Conferncias, debates, utilizao de mtodos audiovisuais, jogos de papis, estudo de casos, dinmicas de grupo, simulaes, so formas de enriquecer e variar os mtodos de treinamento. Vale lembrar que : receber formao numa rea particular do conhecimento ou uma habilidade uma das razes pelas quais algumas pessoas querem ser voluntrias. Caractersticas do mtodo a implantar na rea de formao dos voluntrios:

    Flexibilidade (determinar um marco conceitual para a ao do capacitador) Continuidade (fazer de cada sesso de aprendizado um elo da corrente que

    integre os conhecimentos j adquiridos). Unidade das diversas instncias que integram o treinamento (atividades, tcnicas

    de ensino e monitoramento, modos de avaliao, contedos e recursos). Relao com a realidade (todas as etapas, aps um diagnstico pertinente,

    devem ser adequadas s caractersticas dos indivduos e do grupo, atividade que ser realizada, instituio que gera o programa)

    Diferenas entre orientao inicial e capacitao ou treinamento As diferenas entre orientao e capacitao podem ser esquematizadas assim:

    Orientao Capacitao

    QUE Informao necessria para entrar na organizao.

    Desenvolvimento de habilidades especficas para realizar tarefas com qualidade.

    POR QUE,

    PARA QUE

    Aliviar a ansiedade, dividir a informao necessria, acolher as pessoas no grupo.

    Desenvolver as habilidades especficas de cada tipo de tarefa.

    PARA QUEM Para todos os interessados Obrigatrio para alguns, disponvel para todos.

    QUEM FAZ Coordenador de voluntrios e funcionrios

    Funcionrios supervisores das tarefas, consultores especialistas

    QUANDO Antes de comear os trabalhos

    Antes de comear a tarefa especfica designada

    COMO Geralmente em grupos, participativo, aberto para perguntas

    Quase sempre no prprio trabalho, individualmente ou em pequenos grupos, cursos e oficinas prticas.

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    10. Plano de treinamento de voluntrios A capacitao visa fortalecer a identidade cultural e social. preciso adequar a comunicao aprendida e apropriada, especialmente a que foi arbitrariamente imposta. O desenho metodolgico inclui quatro nveis... o global ou macrodidtico; o que corresponde a cada rea da conhecimento (comunitria, tcnica,

    educativa, cultural, etc.); o que corresponde ao perfil especfico dos beneficirios; o que corresponde a cada atividade em particular.

    Pontos que devem ser previstos no plano do treinamento de voluntrios:

    Identificar as tarefas especficas a serem assumidas pelos voluntrios; Listar as habilidades necessrias para a realizao dessas tarefas; Listar as atitudes e comportamentos especficos que sero necessrios para a

    realizao adequada das tarefas; Determinar quais habilidades, atitudes e comportamentos o voluntrio precisar

    aps rever sua experincia; Desenhar um programa de treinamento que capacite os voluntrios a alcanarem

    as habilidades/atitudes necessrias; Desenvolver um formulrio de avaliao do programa de treinamento; Decidir qual o contedo bsico necessrio para o ensinamento das habilidades e

    atitudes. Estimar o perodo de tempo necessrio para o programa de treinamento; Decidir se o treinamento deve ser conduzido antes do servio, durante o servio,

    ou uma combinao de ambos. Depois do programa de treinamento, necessrio avaliar os voluntrios com base nos objetivos preestabelecidos de aprendizagem e a eficcia do programa. O Coordenador de Voluntrios deve considerar um aspecto muito importante para o bom desempenho do programa: a dinmica do trabalho em equipe. No final do captulo, como Anexo, figuram alguns conceitos e ferramentas teis para esta prtica.

    11. Relaes com as equipes profissionalizadas

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    Quando no existe o envolvimento das equipes remuneradas das organizaes, no planejamento e na organizao do programa de voluntrios, necessria uma orientao especfica para elas. A orientao sobre o Programa tambm deve ser dada aos novos funcionrios. Esta orientao pode ser dada por um grupo misto (funcionrios j envolvidos e voluntrios antigos) Com o propsito de preparar adequadamente os profissionais a aceitarem e trabalharem com os voluntrios, os seguintes pontos (que tambm podem ser mencionados no manual do funcionrio) devem ser includos: Os benefcios da participao voluntria para os clientes, para a organizao, e

    para a comunidade; Como os trabalhos voluntrios so desenvolvidos; Como conduzido o recrutamento de voluntrios; Processo de seleo de voluntrios e seus procedimentos; Treinamento de voluntrios; Superviso e avaliao de voluntrios; A administrao e o financiamento do programa de voluntrios.

    Alguns meios para diminuir a resistncia do pessoal remunerado e formar uma equipe com os Voluntrios:

    Concentrar a ateno na misso da organizao e nos objetivos; Fazer da formao de equipes uma prioridade estabelecida; Envolver o pessoal remunerado e voluntrio em todos os aspectos do

    planejamento, gerncia e soluo de problemas da comunidade; Criar um clima organizacional que valorize tanto os voluntrios quanto o pessoal

    remunerado; Definir claramente as responsabilidades; Conhecer a avaliao dos funcionrios sobre o programa do voluntariado; Manter um contato permanente com os profissionais que trabalham com

    voluntrios. A motivao do pessoal remunerado de uma organizao para trabalhar com voluntrios pode ser mantida se o Coordenador do Voluntariado reafirma e refora constantemente a importncia do trabalho do voluntrio e fomenta a interrelao e a participao entre o pessoal remunerado e os voluntrios. Os profissionais devem ter a oportunidade de discutir abertamente com seus companheiros sobre a importncia de trabalhar com voluntrios, as tcnicas empregadas para esse fim e a possibilidade real de desenvolver, em conjunto,

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    objetivos, planos e responsabilidades. Para a manuteno da motivao preciso promover trabalhos de grupo, incluindo neles o pessoal remunerado e os voluntrios da organizao.

    12. Superviso Toda pessoa que trabalha numa organizao, remunerada ou no, precisa ser dirigida. s vezes ocorre que voluntrios so recrutados, selecionados e formados, mas no momento da realizao de seu trabalho sentem-se ss. Tal fato pode acarretar problemas no apenas para os beneficirios, mas para a organizao, e ainda ser interpretado como se o trabalho dos voluntrios no fosse importante e no merecesse ateno. Os voluntrios precisam ter bem claras as linhas de superviso e suporte. A superviso tem de ser um processo de mo dupla que envolve a construo de uma relao positiva e consistente entre o Coordenador e o voluntrio. Isto pode assegurar uma boa performance no trabalho e uma experincia gratificante para ambos.

    As funes de Superviso junto aos voluntrios so:

    Ensinar - compartilhar conhecimentos e habilidades com o voluntrio para que a atividade possa ser desenvolvida com competncia;

    Gerenciar - planejar e organizar o trabalho com o voluntrio e direcion-lo apropriadamente;

    Avaliar - fazer avaliao crtica da performance do trabalho do voluntrio para que ele possa aprender com a sua prpria experincia;

    Fazer as ligaes - conectar o voluntrio com os vrios elemento