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Disciplina: Ética Empresarial e Responsabilidade Social PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres. PLANO DE AULA 1 - IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA DISCIPLINA: Ética Empresarial e Responsabilidade Social CURSO: Programa Trainee Canopus 2010 CARGA HORÁRIA: 20 HORAS DATA DO CURS: 27, 28 e 29 de janeiro de 2011 PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres. 2 - EMENTA A ética e a moral: moral social e ética empresarial. A importância da ética na tomada de decisões. O Código de Ética como reflexo da Cultura Organizacional: MISSÃO, VALORES e VISÃO. Análise de Código de Ética da Empresa: características e aplicabilidade. Responsabilidade Social nos negócios: conceito e abrangência. A visão estratégica da Responsabilidade Social (Instituto Canopus). O papel do Gestor de Pessoas na relação entre Ética e Responsabilidade Social. 3 - JUSTIFICATIVA DA DISCIPLINA A sociedade brasileira vive nas últimas décadas um surto de preocupação com a ética. Nos anos 90, houve maior demanda da ética por parte da sociedade, devido ao aguçamento de velhas questões, a exemplo do descrédito do povo quanto ao padrão ético dos aparelhos do Estado e à falta de cumprimento das leis, culminando com o impeachment de um Presidente da República, em 1992. Essa onda de atos e fatos ilegais e/ou imorais tem atingido também as empresas e instituições públicas. Em que situação elas se encontram quanto à questão? Que valores estão orientando sua prática? Que benefícios uma instituição ética agrega? Pode-se confiar na responsabilidade social que muitas afirmam estar praticando? Que lugar é concedido ao ser humano dentro de uma instituição? Essas e muitas outras questões serão abordadas neste curso, que se insere no contexto de tudo o que se discute no mundo atual. Até porque a sociedade hoje está mais atenta e cobra o fim da impunidade. Seus conceitos podem ser discutidos tanto no meio acadêmico, como no próprio seio familiar, nas organizações

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Disciplina: Ética Empresarial e Responsabilidade Social

PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

PLANO DE AULA

1 - IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA

DISCIPLINA: Ética Empresarial e Responsabilidade Social

CURSO: Programa Trainee Canopus 2010

CARGA HORÁRIA: 20 HORAS

DATA DO CURS: 27, 28 e 29 de janeiro de 2011

PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

2 - EMENTA

A ética e a moral: moral social e ética empresarial. A importância da ética na tomada de decisões. O

Código de Ética como reflexo da Cultura Organizacional: MISSÃO, VALORES e VISÃO. Análise

de Código de Ética da Empresa: características e aplicabilidade. Responsabilidade Social nos

negócios: conceito e abrangência. A visão estratégica da Responsabilidade Social (Instituto

Canopus). O papel do Gestor de Pessoas na relação entre Ética e Responsabilidade Social.

3 - JUSTIFICATIVA DA DISCIPLINA

A sociedade brasileira vive nas últimas décadas um surto de preocupação com a ética. Nos

anos 90, houve maior demanda da ética por parte da sociedade, devido ao aguçamento de velhas

questões, a exemplo do descrédito do povo quanto ao padrão ético dos aparelhos do Estado e à falta

de cumprimento das leis, culminando com o impeachment de um Presidente da República, em

1992. Essa onda de atos e fatos ilegais e/ou imorais tem atingido também as empresas e instituições

públicas.

Em que situação elas se encontram quanto à questão? Que valores estão orientando sua

prática?

Que benefícios uma instituição ética agrega? Pode-se confiar na responsabilidade social que

muitas afirmam estar praticando? Que lugar é concedido ao ser humano dentro de uma instituição?

Essas e muitas outras questões serão abordadas neste curso, que se insere no contexto de tudo o que

se discute no mundo atual.

Até porque a sociedade hoje está mais atenta e cobra o fim da impunidade. Seus conceitos

podem ser discutidos tanto no meio acadêmico, como no próprio seio familiar, nas organizações

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públicas, de segurança ou administrativas, nas empresas e onde quer que pessoas estejam em

contexto de grupo.

4 - OBJETIVO DA DISCIPLINA

Possibilitar aos profissionais da área de Administração, o conhecimento sobre as

questões relacionadas à ética empresarial, cidadania e trabalho, relacionadas a

filosofia e a Responsabilidade Social;

Reconstituir o processo histórico de construção do conceito de ética e cidadania no

entendimento da diferença cultural pela sociedade brasileira;

Desmistificar posicionamentos radicalmente críticos e perguntar o que cada um está fazendo

para mudar este estado de coisas;

5 – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Analisar a definição do campo epistemológico da ética e cidadania, ética religiosa e racional, a

ética moral, ética e corrupção, origem da ética, cidadania e a lei, falta de ética e corrupção,

subornos e negociações, como defender a ética, porque não esquecer a ética e a cidadania, éticas

nas organizações, instituições éticas, ética e cidadania como instrumento para tomadas de

decisões, tendência da ética profissional, o ser humano nas suas organizações, ética e cidadania

no trabalho e responsabilidade social.

6 - PROPOSTA METODOLÓGICA

A superação do trabalho pedagógico exige o assumir de uma opção metodológica que ajude na

construção da interação das estratégias educativas que possibilitem a intercomunicação e os

diálogos como procedimentos de interlocução do processo ensino e aprendizagem. Nessa

perspectiva, serão utilizadas técnicas pedagógicas variadas, tais como: exposição dialogada,

pesquisa bibliográficas, discussões circulares, estudo dirigido, uso de mídia e dinâmicas de ensino-

aprendizagem.

7 - PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM

Na dialeticidade do saber e fazer pedagógico serão realizadas as funções diagnóstica,

formativas e somativa da avaliação, sempre na perspectiva do julgamento valorativo provisório.

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O que se pretende com a avaliação é que o aluno gradativamente adquira conhecimentos,

atitudes e habilidades necessárias para a formação do profissional – cidadão competente.

Para tanto, serão utilizados diferentes instrumentos avaliativos, como: trabalhos escritos,

resoluções de exercícios escritos discursivos e objetivos, produção de texto, sendo: 50% por

avaliação individual (sexta-feira) e 50% por meio de organização e apresentação discursivas e

através de diálogos e apresentações em grupo (sábado).

08 - FONTES DE ESTUDO E PESQUISA:

08.1 – REFERÊNCIAS

ASHLEY, P. Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2003

BIGNOTfO, Newton. Ética. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura,

Companhia das Letras, 1994.

BLANCHARD, Kenneth. O Poder da administração ética. Rio de Janeiro:

Makron Books, 1988.

COLBARI, Antonia L. Ética no trabalho: a vida familiar na construção da

identidade familiar. São Paulo: Letras & Letras, 1995.

FRANKENA, William K. Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

KREMER, Angele. A ética. Campinas: Papiros, 1989.

NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 1993.

OS PENSADORES (dos pré-socráticos até Veblen I -XL). São Paulo: Editora

Abril, 1973.

SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

STUKART, Herbert Lowe. Ética e Corrupção. São Paulo: Nobel, 2003.

TEIXElRA, Nelson Gomes. A ética no mundo da empresa. São Paulo:

Pioneira, 1991.

VAZQUES, Adolfo S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992.

VIERA, L e BREDARIOL, C. Cidadania e Política Ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2001

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08.2 - COMPLEMENTAR

LIONS, David. As regras morais e a ética. São Paulo: Papiros, 1984.

RUSSEL, Bertrand. Ética e política na sociedade humana. Rio de Janeiro:

Zahar, 1977.

VALLS, Alvaro L. M. O que é ética. São Paulo: Editora Brasiliense, 2001.

MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional

ao estratégico. 4 ed. São Paulo: Futura, 2001.

Responsabilidade: Prof. MSc. Bergas

Doutorando em Metodologia do Ensino Superior pelo WIU-Winsconsin International

University-USA;

Doutorando em História Social, Instituições, Direito e Poder pela UnB - Brasília;

Mestre em Agricultura Tropical pela FAMEV/UFMT;

Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior e Metodologia da Pesquisa na FGV –

Fundação Getúlio Vargas – RJ;

Graduado em Direito pela Fafi;

Graduado em Geografia e Ciências Sociais habilitação em História, OSPB, Sociologia,

Ciência Política e Geografia - FAFIPA/PR;

Orientador de Monografia, Projetos e Metodologia Científica no Curso de Graduação de

Direito da UNIC - Cuiabá-MT;

Orientador de Monografia, Projetos e Metodologia Científica no Curso de Pós-

Graduação de UFMT/ FAEC - Faculdade de Administração – Cuiabá-MT;

Orientador de Monografia, Projetos e Metodologia Científica no Curso de Pós-

Graduação do ICE/IMP – Cuiabá-MT;

Professor de Ciência Política e Sociologia Jurídica da Faculdade de Direito da UNIC -

Cuiabá-MT;

Professor de Ciência Política, Metodologia Científica e Ciência Política no CFO - Curso

de Formação de Oficiais – APMCV-MT;

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PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

Professor de Pós-graduação em Metodologia Científica no Curso de Direito da UNIC -

Cuiabá-MT;

Professor de Ciências Sociais na Faculdade de Administração da UNIC/Pantanal e FGV

– Fundação Getúlio Vargas - Cuiabá-MT;

Professor de Ciência Política, Metodologia Científica e Sociologia do Crime e da

Violência no CFO - Curso de Formação de Oficiais – APMCV-MT;

Professor de Ciência Política, Política Pública de Segurança e Metodologia Científica no

CAO - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais – PM-MT;

Professor de Ciência Política, Política Pública de Segurança e Metodologia Científica no

CSP - Curso Superior de Polícia – PM-MT;

Professor de Pós-graduação em Metodologia Científica no Curso de Direito da UNIC -

Cuiabá-MT;

Professor de Pós-graduação no IMP/ICE - Cuiabá-MT;

Professor de Pós-graduação na UFMT/FAEC Faculdade de Administração Ciências

Econômicas e Contáveis – Cuiabá-MT;

Professor de Pós-graduação no INPG - Instituto Nacional de Pós-Graduação - SP;

Consultor em Tecnologia Educacional;

Gestor em Educação a Distância e membro fundador da ABED – Associação Brasileira

de Ensino a Distância – Brasil - USP;

Professor do Curso de Mestrado e Doutorado do INSET - Instituto Superior de

Educação e Teologia em Itanhaém – SP.

Professor MSc. Bergas

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ÉTICA EMPRESARIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

1 - Ética e moral

Não podemos negar a endógena e instintiva inclinação do ser humano para a agressão. A

agressividade foi, durante milênios, uma virtude do homem. A vida é uma "luta" e ainda hoje

falamos em "atacar" um problema, e louvamos o vendedor agressivo.

Antigamente, o impulso agressivo era absorvido pelo sistema muscular através do trabalho

físico pesado no campo.

Na era das máquinas e dos escritórios, esses impulsos, não podendo ser transformados em

movimentos corporais, manifestam-se em forma de agressividade, irritabilidade e alergias.

A ética parece manter o equilíbrio entre as forças que separam e as forças que unem. Mais

que em qualquer outra época do passado, precisamos de ética.

Ética e moral - definições e conceitos

A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Os

romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer

costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um

tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como

se fosse um instinto, mas que é adquirido ou conquistado por hábito. Portanto, ética e moral, pela

própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a

partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

Geralmente, consideramos ética sinônimo de moral. Alguns filósofos, no entanto, pensam

que a palavra ética vem do grego ethos, que significa estudo de juízos referentes à conduta humana.

A ética não analisa o que o homem faz como a psicologia e a sociologia, mas o que ele

deveria fazer. É um juízo de valores, como virtude, justiça, felicidade, e não um julgamento da

realidade.

Minha definição é: a ética é uma ciência cujo objetivo é o exame teórico das ações humanas

para conseguir uma vida satisfatória e a perfeição integral do homem e é nisso que consiste a

felicidade.

A ética é a ciência da moral.

A moral é o conjunto de costumes, normas e regras de uma sociedade. A palavra vem do

latim (mores), tendo surgido na Idade Média juntamente com as noções de pecado, céu e inferno.

Se um padre diz que a moral do nosso tempo deixa a desejar, ele deve estar pensando em

sexo. Moral certamente não se refere apenas a sexo, engloba aspectos muito mais importantes,

como liberdade, consciência, o bem e o mal, que são problemas gerais e fundamentais. A moral,

que é o relato da própria realização do comportamento humano, pode ser normativa ou descritiva.

A ética é o princípio que rege aplicações específicas nos diferentes campos, como

profissional, público e privado. A ética social preocupa-se, por exemplo, com questões como

definição e garantia de liberdade, dignidade, solidariedade, sexo, tolerância, equidade e justiça em

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uma sociedade. A ética ecológica aborda a questão de nossa responsabilidade para com o meio

ambiente; a dos jornalistas, o que é a verdade para esses profissionais.

A ética tem dezenas de aplicações como, por exemplo, definir dentro do campo da medicina

o que é certo em relação a aborto, eutanásia, manipulação de genes, clonagem, experiências com

seres humanos, aparelhos médicos para manter a vida, obrigação de dar informações, etc.

A ética também engloba outros aspectos como, por exemplo, suborno. Este seria um

problema ético ou econômico? Ou ambos?

A moral então é a regra para um comportamento adequado, conforme os costumes que a

ética deve definir em relação ao que é bom. A distinção entre o bem e o mal é uma das

características definidoras da humanidade, que nos separa dos outros seres VIVOS.

Quando não falamos de ética, chamamos qualquer coisa de boa ou má; por exemplo: um

carro é bom se é seguro, se tem freios eficientes, direção hidráulica, se é econômico, etc. Ou seja, se

é bom andar nele.

Na ética, os gregos já definiram o bem: "É a meta que todos querem alcançar" (Platão e

Aristóteles).

Só o cristianismo definiu o mal como negação. Mas cada indivíduo tem a liberdade de

escolher entre o bem e o mal.

"A priori, é necessário criar o bem maior pela liberdade da vontade... O Bem, feito pela

nossa vontade, inclui virtude e felicidade" (Kant).

O sumo Bem reúne: felicidade, liberdade e o bem que são os grandes temas da ética.

Origem da ética

Na religião

Todas as religiões, desde a que segue Jesus Cristo, Moisés, Buda, Maomé, Confúcio, entre

outras, pregam um código de ética prescrito por Deus. Até filósofos desvinculados de qualquer

religião professam uma ética divina. Por exemplo, segundo o filósofo grego Zenon, no universo

reina o fogos. A polis (cidade, comunidade), como a cosmápolis, precisa de um nomos (lei) que a

mantenha unida. Esse nomos não é um regulamento humano, mas a própria justiça do logos divino.

O grego Crisipo acrescentou: "O logos é o rei sobre todas as coisas. divinas e humanas.

Determina o que é realmente belo ou feio; é o guia de todos os seres que, por natureza, tendem a

formar comunidades."

No Dicionário filosófico de François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, lê-se:

"A ética vem de Deus, assim como a luz".

Emanuel Levinas, professor de filosofia da Sorbonne, pensa a moral para os tempos

modernos e, baseado em Heidegger e e Sartre, diz em sua obra Ethique et infini: "A meta física se

encontra nas relações éticas. (...) A ética não prepara para a vida religiosa, ela já é essa vida."

Nos países ocidentais, onde prevalece o cristianismo, o padrão ético tem como base a Bíblia,

mais especificamente os dez mandamentos. A principal regra da moral cristã pode ser considerada:

"Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração". E também: "Ama o teu próximo como a ti

mesmo." (Mateus 22, 37,39).

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Como podemos observar, as raízes e os estilos da moral podem ser diversos, mas os códigos

de ética são muito similares no mundo. "A moral é a mesma entre todos os homens que usam a

razão", já disse Voltaire.

Na reciprocidade

Algumas teorias atribuem o nascimento da ética, assim como o da linguagem, às

necessidades de se regular a vida em comum.

Os direitos dos outros precisaram ser respeitados para que as pessoas se ajudassem em lugar

de lutarem entre si. Os roubos e as mentiras foram julgados como ruins porque prejudicavam o

grupo. A palavra de um homem era aceita como confiável e ele colaborava com outros em esforços

comuns.

Talvez o código de ética do homem primitivo tenha se firmado sob a forma de tabus. A um

ato interditado pelo tabu seguia-se um castigo severo, muitas vezes a morte.

Tabus existem até hoje. Por exemplo, os hindus estremecem perante a idéia de comer carne

de vaca ou tocar em qualquer pessoa da casta dos que lidam com cadáveres.

Supõe-se que as sociedades tenham criado códigos de ética mais evoluídos; não só para

poder sobreviver, mas também para proporcionar uma vida harmoniosa entre os indivíduos. Um

código de ética é, então, desenvolvido pela reciprocidade, pelo intercâmbio e até pelo utilitarismo.

O imperador Hamurabi, da Babilônia, decretou como passível de morte o indivíduo

responsável pela construção de uma casa cujo desmoronamento causasse a morte do dono. Caso a

vítima fosse o filho do dono, matar-se-ia o filho do construtor.

A Bíblia também estabelece a reciprocidade: "Felizes os que têm misericórdia, pois Deus

terá misericórdia deles também" (Mateus 5,7).

Levi Strauss, em sua Antropologia estrutural, anuncia: "A teoria da reciprocidade tem uma

base tão sólida quanto a teoria da gravidade".

Há 2500 anos perguntou-se a Confúcio se o caminho da verdade e da moral poderia ser

resumido em uma única palavra. Confúcio respondeu: "Reciprocidade. Não faça aos outros o que

não quer que lhe façam".

Voltaire, em seu Tratado da Meta física, profere um axioma semelhante: '~ única medida da

boa ou má moral é o bem da sociedade". A conduta certa é a conduta útil, é um meio para se atingir

o bem.

Evidentemente, a investigação marxista-leninista da moral sóciolaborial também adotou essa

doutrina, como se pode observar nos textos de Arjanguelski, J árchev, Konoválova, Gulovká,

Kvásov e Sogomóv.

Na intuição

Achamos intuitivamente que sabemos o que é certo, honroso, bom ou mau; geralmente com

base nas leis naturais. "No nosso íntimo está colocada a semente da virtude, nossa consciência”,

disse Cícero.

Por exemplo, as crianças falam instintiva e naturalmente a verdade. Infelizmente, nós,

adultos, muitas vezes as ensinamos a mentir por conveniência.

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Kant estabeleceu o imperativo categórico, isto é, aquele que, independentemente das

condições, "age de tal modo que a máxima dos seus atos passa a ser uma lei universal".

Voltaire declara: "Deus nos deu um instinto, e existem leis naturais às quais todos os

homens devem obedecer". Rousseau também seguia essa escola. Kant doutrinava: "Em cima, o céu

estrelado e dentro de nós, a lei moral".

Veja o quadro, mostrando a evolução da ética, feito pelo professor Petrick da Universidade

de Ohio.

Estágios da evolução da ética

Robert Solomon indicou vários estilos éticos:

obediência absoluta às regras;

avaliação da utilidade das conseqüências;

lealdade à empresa, que vem em primeiro lugar;

prudência, avaliação das conseqüências a longo prazo;

virtude, avaliação do reflexo de cada ato sobre a reputação;

intuição, decisões espontâneas;

empatia, colocar-se no lugar do outro.

Ética religiosa e racional

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Existe a ética religiosa ou teológica, e a ética racional ou filosófica. Uma influenciou a outra

e até se misturaram com freqüência. As instruções certas e absolutas sobre o nosso comportamento

são dadas pela nossa religião, pela ética teológica.

Geralmente provêm de Deus, mas são reveladas por um profeta e por livros sagrados como o

Tal mude, a Bílblia ou o Alcorão. Certamente todas as religiões cçntribuíram muito para a ética,

mas existe um lado negativo: impediram a adaptação ao progresso. Isso provoca a pergunta: não

pode existir ética sem religião?

Não há dúvida que tanto a ética teológica quanto a filosófica já trouxeram muitos benefícios

para a humanidade como, por exemplo, as constituições democráticas, o estado de direito, o

progresso social, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de

1948 pelas Nações Unidas e assinada por quase todos os países do mundo. É bom recordar três dos

primeiros trinta artigos:

Artigo 1: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados

de razão e consciência, devem agir uns com os outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2: Todos os seres humanos têm a capacidade de gozar os direitos e as liberdades

estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, de cor, de sexo, de

língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de

nascimento, ou de qualquer outra situação.

Artigo 3: Todos os seres humanos têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

A Cese -Coordenadoria Ecumênica de Serviços -, uma associação de diversas igrejas cristãs,

queria provar que os princípios desta declaração já foram citados na Bíblia e editou um texto

indicando as passagens que correspondiam a cada artigo.

Para o artigo 1 citaram, por exemplo, Levítico 25,10: “Proclamareis a liberdade na terra a

todos os seus moradores” também Atos 7, 26: "Homens, sois irmãos. Por que vos ofendeis uns aos

outros?", e mais dezesseis citações.

Ética com ou sem religião

O direito de escolher uma religião dá, implicitamente, o direito de não escolher nenhuma.

Devemos ter respeito por qualquer fé e também por aqueles que não a têm. Mas o perigo de um

vácuo de valores e normas ameaça ateístas e agnósticos.

A perda das tradições de orientação,' assim como das hierarquias dessa tradição, provoca

uma crise que a ética filosófica deveria poder resolver.

A ética, nos últimos séculos, se separou da religião e tornou-se uma parte da filosofia que os

gregos já praticavam. Mas devido à multiplicidade de opiniões filosóficas sobre ética em diversos

países e épocas, não existe um breviário absolutamente certo e universal para o comportamento

correto do homem.

A ética é um produto cultural sujeito às alterações da cultura.

Essa falta de segurança obriga os homens a refletirem sempre sobre sua relação com o

próximo e com Deus. De fato não podemos avaliar com absoluta confiabilidade o que é bom e

verdadeiro, mas podemos determinar com mais facilidade o que é mau e o que é mentiroso,

conforme discorre

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Adorno em sua Dialética negativa.

Se não escolhemos uma ética religiosa, temos a liberdade de decidir nosso comportamento

ético. A liberdade nos dá responsabilidade. Sem liberdade, seremos fatalistas.

Parece até desejável que cada família, sociedade e Estado tenham suas instruções éticas

adaptadas ao seu comportamento específico Jean Paul Sartre escreveu: "Um aluno consultou toda a

literatura filosófica sobre ética sem encontrar instruções detalhadas. Ele foi obrigado a inventá-las".

A ideologia moderna enfatiza o progresso e o crescimento sem limites. A norma é produzir

maior quantidade, com melhor qualidade, em menos tempo. Ninguém pode colocar-se contra o

progresso, mas ele não pode ser o deus de tudo e de todos. As árvores não alcançam o céu. Ciência

e técnica devem ser ajustadas ao homem e não o contrário.

Essa ideologia moderna cria problemas de tráfego, poluição do meio ambiente, escassez de

matérias-primas, destruição das florestas, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, chuvas ácidas,

alterações climáticas, problemas com o lixo {sobretudo atômico), explosão da população, alto

índice de desemprego, falta de governabilidade, crises de endividamento, etc.

Os maiores triunfos da ciência são, muitas vezes, acompanhados das maiores catástrofes. As

extraordinárias façanhas técnicas da humanidade, como a energia atômica e a manipulação genética,

levam a um real progresso humano ou a um regresso à barbárie? Com guerras atômicas, nossa

sociedade tem a capacidade de se destruir.

Einstein teria dito: "Não sei que armas vão usar na terceira guerra mundial, mas na quarta

usarão novamente paus".

A ética deveria frear esta autodestruição. A tendência moderna é completar a ética com uma

filosofia racional. A liberdade nos permite escolher, após uma análise lúcida (razão) baseada na

tradição (religião), a ética mais adequada.

Pessoas diferentes têm maneiras diferentes de fazer acertadamente as coisas. Mas, nesta

análise deveríamos apreciar os riscos de sermos pouco éticos. O princípio deveria ser: "O que não

quer que façam a você, não faça aos outros", o que vale também para gerações futuras. Nessa

avaliação do risco, seria bom considerar os seguintes itens:

- responsabilidade pelos eventuais prejuízos

- resistência (um sistema econômico ou social pode sucumbir)

- agradabilidade (deve-se pensar no bem-estar dos homens e animais)

- direitos humanos (não podem ser reduzidos)

- urgências (interesses existenciais devem ter prioridade)

- regeneração (materiais não-renováveis têm prioridade sobre os renováveis)

- intervenção mínima na natureza

- economia (soluções mais econômicas devem ter prioridade)

- estética (deve ser respeitada).

A consciência moral depende da capacidade humana e esta depende da educação. Mas a

moralidade é frequentemente mais assimilada do que ensinada; a televisão, o rádio, as revistas têm

uma influência desproporcional sobre a ética.

A ética tem necessidade de sanções ou castigos, sem isso suas noções permanecerão

palavras vazias.

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Moral absoluta e relativa

Voltaire escreveu: "Há somente uma moral, assim como há somente uma geometria".

Aparentemente, a moral abrange, de modo absoluto, conceitos éticos primordiais, objetivos e

prescritivos, válidos para todos, e está baseada em preceitos religiosos ou em leis naturais. A meu

ver, os dez mandamentos têm valor absoluto e universal. quaisquer outros preceitos eu chamaria de

secundários, conforme os costumes de determinado grupo.

Não há dúvida de que a densidade do ouro é 19,3 (20°C) e seu ponto de fusão é 1.063°C,

válidos em qualquer parte do mundo e em qualquer tempo. A ética universal também funciona

assim.

O valor e a utilidade do ouro podem variar conforme a época, o local e o grupo que o utiliza,

sendo diferente para financistas, joalheiros, fabricantes de produtos eletrônicos, etc.

Também os conceitos relativos, válidos para determinado grupo, podem variar conforme a

posição geográfica ou a época. Como grupo podemos entender uma família, uma tribo, uma

associação, uma empresa ou uma nação.

Voltaire, em seu Tratado da Meta física, define que "acolá é permitido ao homem ter tantas

mulheres quantas puder alimentar, aqui tem que se contentar com uma (...) acolá os pais suplicam

ao visitante para que este durma com sua filha, aqui a moça que se entregar a um estranho será

desonrada". Encontramos variações conforme a época na Bíblia: “Quando um homem tomar a

mulher de um irmão, imundície é", (Levítico 20,21); e também "A mulher do defunto não se casará

com homem estranho, ser cunhado irá até ela e a tomará por esposa", (Deuteronômio 25,5).

Provavelmente, muitas viúvas ficaram sem arrimo, o que determinou a mudança dentro desse

grupo.

A variação dos códigos de ética, com raízes e estilos diferentes através dos tempos ou de

acordo com os grupos, não deve suscitar dúvidas quanto ao $eu valor. Essas mudanças foram

sempre orientadas para o bem de um grupo.

A moral estabelece os comportamentos lícitos e ilícitos em determinada época e ponto da

terra, e defende a convivência e a sobrevivência. A moral desempenha a função de preservação do

grupo, que não pode sobreviver sem um código de ética. Por exemplo, entre alpinistas que se

aventuram na escalada de uma montanha, cada componente precisa ser responsável e corajoso,

segurar a corda na qual está preso seu companheiro, ser prestativo, dividir com justiça o alimento e

a água, caso contrário, não será um bom alpinista e estará colocando em risco a sobrevivência de

todos, que poderão perecer na montanha.

Até os criminosos têm um código para preservar seu grupo. O presídio do Carandiru tinha

um bastante complexo, conforme relatos da imprensa. Eram consideradas ofensas de maior

gravidade bater no rosto de um companheiro, ofender sua mãe ou chamá-lo de pilantra (ou coisa

parecida). Era proibido passar de camisa aberta diante das marmitas, ou entrar na cela de um

companheiro sem pedir licença. O calote não era admitido, sendo o acerto feito às segundas-feiras,

após as visitas de domingo, com cigarros, a moeda principal na cadeia. Prisioneiros não podiam

beber no copo de um travesti. Delatores eram mortos.

O não cumprimento de qualquer norma era punido com surras, exílio em galeria isolada ou

morte.

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Os problemas éticos também ocuparam um lugar considerável nas antigas filosofias da

China, Índia e, sobretudo, da Grécia.

Religiões asiáticas e monoteístas

A maioria das religiões considera que no além há uma espécie de julgamento do homem

conforme seu comportamento na terra, que o conduziria ao céu ou ao inferno. No antigo Egito

acreditava-se que o morto precisava provar diante de um tribunal, presidido pelo deus Os íris, que

não praticara os quarenta e dois pecados possíveis.

Nas religiões que não aceitam o além, o homem passa por várias reencarnações para

encontrar a bem-aventurança, como o Nirvana.

As religiões asiáticas são muitas e têm códigos de ética bem definidos.

Hinduísmo

Originou-se aproximadamente em 1500 a.C., é a mais antiga religião ainda praticada na

Índia.

O hinduísmo é considerado a religião eterna, que dá à humanidade a verdade na forma

correspondente à época. Não há dogmas nem fundador, autoridade ou hierarquia, céu ou inferno.

Acredita em Brahma, princípio absoluto e único, lei que rege o mundo, Shiva e Vishnu, a

trindade hindu. Os Vedas, livros sagrados, ensinam que toda existência é sofrimento e conforme

nossa atitude, pelo ciclo do renascimento, podemos finalmente alcançar o Brahma. Para isso

precisamos de pureza, autocontrole, serenidade, não-violência, misericórdia e ascetismo.

Conforme a ética, nosso carma (destino) será renascer sob a forma de um animal, como a

serpente ou a vaca, ou na casta dos sacerdotes, dos guerreiros, dos comerciantes, dos agricultores ou

dos párias. Cada pessoa permanece a vida inteira na casta na qual nasce, sem poder mudar.

Os dez mandamentos de Manu, autor dos Vedas, são: força da alma, paciência, autocontrole,

respeito pela propriedade alheia, pureza, domínio dos sentidos, inteligência compreensiva,

sabedoria, verdade e controle da raiva.

Budismo

Foi fundado por Siddharta Gautama, o Buda (o iluminado), por volta do ano 500 a.C., e!é

uma religião sem Deus. A vida é sofrimento, a causa do sofrimento é o desejo, a eliminação do

desejo acaba com ó sofrimento e assim a pessoa alcança o Nirvana, libertando-se do ciclo perpétuo

do nascimento, sofrimento, morte e renascimento.

O caminho óctuplo para o Nirvana, conforme o Sermão de Benares {similar ao Sermão da

Montanha, Mateus 5), é: observação, pensamentos, palavras, ações, vivência, esforços, intenções e

meditações corretas.

Os monges se vestem de amarelo-vivo. O carma exige força moral para que o praticante

alcance o Nirvana e pare de renascer para o sofrimento.

Buda deixou cinco mandamentos:

- Não mate nenhum ser vivo.

- Não pegue o que não lhe deram.

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- Não minta.

- Não tome bebidas que embriagam.

- Seja casto.

O budismo tem grande capacidade para se adaptar às crenças locais, e assume diferentes

formas, como hinduísmo, taoísmo, xintoísmo, lamaísmo, zen-budismo.

Confucíonísmo

Foi fundado por Kung-Fu Tse, nome latinizado para Confúcio, aproximadamente em 500

a.C.

O confucionismo teve mais adeptos do que o taoísmo porque combinou melhor com a índole

chinesa do que a metafísica taoísta. Além disso, foi a religião do Estado durante o reinado do

imperador Han Wusi, no século II a.C.

A ética do confucionismo, o Jen, não promete recompensas ou punições, mas tenta persuadir

através do exemplo do príncipe e de outros líderes sobre o bom senso e a justiça. A ética é de

interesse próprio e da coletividade. Existe um respeito exagerado pela tradição e reverência aos pais

mesmo depois da morte.

Em primeiro, lugar, o bem é a felicidade dos homens, no contexto da família, da sociedade e

do Estado. "Se não sabemos como servir aos homens, como saberemos servir aos espíritos? Nós

nada sabemos sobre a vida, então como podemos entender a morte?" (Confúcio.)

O ideal ético não é o ascetismo, mas a sabedoria da pessoa que conhece o mundo e os

homens, e acata tudo com a dose adequada (média áurea) de fé, humanidade, benevolência,

bondade e amor. O exemplo é considerado mais eficaz do que leis e sanções.

"O que não queres que te façam, não faças aos outros." (Confúcio).

Mosaísmo

Fundado por Moisés no ano 1200 a.C., foi a primeira religião a adotar um deus único do

qual dependia toda a vida, bem diferente do politeísmo reinante na época. Enquanto os gregos

tinham uma moral naturalista, o Antigo Testamento não se identificava com a natureza, mas com o

que Deus ordenava. A unicidade de Deus reflete-se no homem, que deve viver de acordo com os

mandamentos Dele. Não há separação entre o sacro e o profano.

Os dez mandamentos são a base ética:

(conforme Êxodo, 20, 3-17)

1° Amar a Deus sobre todas as coisas.

2° Não falar Seu Santo nome em vão.

3° Guardar os dias santificados.

4° Honrar pai e mãe.

5° Não matar.

6° Não cometer adultério.

7º Não furtar.

8° Não levantar falso testemunho.

9° Não desejar a mulher do próximo.

10° Não cobiçar as coisas alheias.

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"Se queres entrar na vida (eterna), guarde os mandamentos." (Mateus 19, 17.)

Existem os cinco primeiros livros bíblicos, chamados de Pentatêuco, que fazem parte do

Antigo Testamento, além da Torá e do Tal mude, que dão instruções até sobre a preparação da

comida, lavagem das mãos, doação de esmolas, etc.

Os dez mandamentos são ainda hoje a base da moral na cultura ocidental.

Alguns pronunciamentos de Moisés: "Sem lei não há vida.” “Se não agora, quando então?”

“Se começaste... acaba.” "Deves amar o próximo como a ti".

Cristianismo

Teve início com Jesus Cristo e deu origem ao nosso calendário. Baseado nas leis

promulgadas por Moisés, enfatiza, além do amor a Deus, o amor ao próximo. Nesse caso, como na

filosofia grega, não se trata da cognição do bem, mas da exigência de seguir-se a Cristo. É uma

ética do amor que levou os pensamentos filosóficos para novos rumos.

Jesus aceitou o Antigo Testamento, mas o aperfeiçoou com o mandamento do amor. O amor

perfeito devia ser procurado, mesmo se difícil de alcançar.

Todos são iguais perante Deus. Escravos e ignorantes vão alcançar a justiça num mundo

sobrenatural. A felicidade suprema, o êxtase místico, só podem ser alcançados no outro mundo.

Sem o cumprimentos dos dez mandamentos não há salvação.

O imperador romano Constantino teve, conforme a lenda, uma visão. Ele viu uma cruz e

embaixo dela estava escrito In hoc signo vinces (com este símbolo vencerás) e declarou, em 313

d.C. (Edito de Milão), a liberdade religiosa, acabando com a perseguição aos cristãos.

É interessante também constatar que no século III o cristão ortodoxo era o fiel à tradição e o

herético, aquele que queria acrescentar dogmas.

Até os tempos modernos, todo o pensamento ético baseou-se no cristianismo e na filosofia

grega. Apenas no século XIX, Kant, Nietzsche e Kierkegaard começaram a desfazer a união entre

religião e filosofia.

Islamismo

Foi fundado por Maomé no ano 600 de nossa era. O profeta teve uma visão do arcanjo

Gabriel e começou a denunciar a idolatria, pregando um único deus, Alá. Os cinco deveres básicos

do muçulmano são: preces, abluções, esmola, jejum no ramadã e peregrinação a Meca uma vez na

vida.

Se o islamita segue todas as exigências do Alcorão, ele acredita que no dia do juízo final

entrará nos magníficos jardins do paraíso, vestido com roupas de seda, jóias de ouro e pérolas.

Os que vivem da usura levantarão com cãibra, como que possuídos por satã. ~em continuar

a tomar juros sobre juros arderá no fogo do inferno.

A ética é baseada nos dez mandamentos, todavia permite até quatro esposas, e ao ladrão

corta-se o braço. O Deus de Abraão é o mesmo Deus dos judeus, cristãos e muçulmanos.

As três religiões mais importantes da Terra têm fé num só deus, com uma proclamação

profética e ética similar.

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O filósofo Levi Strauss, da Universidade de Sorbonne, escreveu: "Os homens fizeram três

grandes tentativas religiosas para se libertarem da perseguição dos mortos, da maldade do além e

das imposições da magia; mas nem sempre foram bem sucedidos.

A meu ver, não há dúvida sobre a existência de Deus, seja da prova da sua existência

histórica, seja com base em provas morais, cosmológicas, ontológicas, teológicas, acidentalistas e

muitas outras.

Seguindo o princípio de Voltaire -"combater todos os argumentos da oposição, mas lutar

pela liberdade de expor as idéias" -, fui a uma convenção de ateus.

Inicialmente, o orador tentou argumentar contra todos os raciocínios apologéticos sobre a

existência de Deus. Depois pontificou que não havia dúvida de que Deus não existe e de que tudo se

formou por acaso, transformando-se lentamente no que hoje conhecemos.

De fato, as teorias evolucionistas apresentadas por Charles Darwin são hoje aceitas pela

maioria. Mas eu não poderia, de maneira alguma, concordar com a teoria acidentalista. Como o

ferro, o ouro e outros materiais submetidos a diversas pressões, movimentos, temperaturas e

radiações, mesmo durante milhões de anos, resultam por acaso em um relógio Rolex?

E o cosmos, bem mais complicado do que um relógio, teria se formado por acidente? Deve

haver uma força superior a tudo o que conhecemos que criou o cosmos. A esta força chamamos

Deus.

Para acontecer um acidente, seria preciso existir a matéria e alguém deveria tê-la criado. A

este criador chamamos Deus.

Voltaire declarou: "Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo".

Mas as igrejas, representantes de Deus na terra, são constituídas por homens como nós, com

paixões e desejos de poder, e muitas vezes estabeleceram, em lugar do reino de Deus, o reino do

clero.

Os rituais substituíram o viver virtuoso e "com extravagâncias pias podemos obter as mercês

do céu". Em vez de se ligarem pela religião, dividiram-se em dezenas de seitas que digladiam entre

si. Vergonha!

Muitas instruções sobre sexo e assuntos similares não correspondem à nossa ética inata. E os

escândalos nas igrejas provocam até uma certa antipatia "Com macho não te deitarás como se fosse

mulher; abominação é." (Levítico 18,22).

Mas as falhas dos homens não podem, nem devem, perturbar nossa relação com Deus, a

mais importante na nossa vida.

A Igreja e o mundo sofreram três humilhações por parte de:

- Copérnico: "Não somos o centro do mundo".

- Darwin: "Organicamente, evoluímos do macaco".

- Freud: "Não somos donos absolutos de nós mesmos.

Dependemos muitas vezes do nosso subconsciente".

O choque se deu porque a Bíblia foi interpretada conforme as palavras, às vezes mal

traduzidas, em vez de ter suas parábolas decifradas.

Espinosa explica: “A Bíblia é metafórica, alegórica e apresenta parábolas, e nessa premissa

não contém nada contrário à razão. Mas interpretada literalmente, mostra erros e contradições.”

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Filósofos gregos e modernos e pensadores

cristãos -desde o século XVI

Filósofos gregos

Nossa ética foi influenciada pelo pensamento de vários filósofos desde a AntigUidade. Mas,

em geral, seus escritos expõem com tanta monotonia e moderação as suas idéias que são

considerados complexos e quase incompreensíveis. Até as obras do filósofo Kant (que deu ao

mundo o célebre imperativo categórico) foram julgadas complicadas demais e dificilmente

inteligíveis por outros filósofos.

Se não tiver grande curiosidade, pule o que ainda vai ser dito neste capítulo. De qualquer

maneira, o texto não é para ser lido, mas estudado e ponderado.

É surpreendente que os filósofos gregos já falavam de um deus. Confira, ao final de cada

bloco.

- Sócrates (470-399 a.C.) não deixou nenhum livro. Todos os seus diálogos foram

eternizados por seu aluno Platão. Ele achava que a sabedoria era uma virtude e o mal, a ignorância.

Seus provérbios "Conhece-te a ti mesmo" e "Sei que nada sei" são célebres. Pregou que não

devemos lesar ninguém, manter nossas promessas, alicerçar a conduta moral na plena consciência

responsável e respeitar nossos pais e mestres.

O saber é fundamental. O vício, a ignorância do bem.

O homem age certo quando conhece o bem. Aspirando ao bem, sente-se feliz.

Alguns pensam que sua mulher, Xantipa, tornou sua casa incômoda para que ele pudesse

ficar nas ruas de Atenas dialogando com os homens, criando assim a famosa dialética. Acusado de

impiedoso para com os deuses e de corrompedor da juventude, foi condenado a tomar cicuta, uma

planta altamente venenosa que o levou à morte.

Sócrates acreditava que Deus é um ente uno, imenso, eterno, presente no mundo como a

alma está presente no corpo.

- Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, analisou os

tradicionais mandamentos da ética pontificando a respeito deles: "Idéias existem apenas quando são

percebidas pela razão".

Um círculo feito a lápis pode ser apagado com borracha, mas a idéia do círculo perdura para

sempre. Preso numa caverna, o homem só observa as sombras que passam pela abertura. Existe um

mundo espiritual de idéias.

A idéia do bem é a forma suprema. O bem é um imperativo moral para todos. Três coisas

são valiosas: justiça, beleza e verdade. As virtudes são sabedoria, coragem, prudência, esperança e

justiça.

Para ensinar, Sócrates usou o diálogo, e criou a Academia, precursora do que chamamos

hoje de universidade, na qual se ensinava, sobretudo, matemática e filosofia especulativa, e nela se

faziam estudos e pesquisas.

Uma observação interessante de Platão: “Os bons não querem governar porque não querem

aceitar um salário para serem chamados de empregados, nem secretamente adquirir bens para serem

chamados de ladrões. As pessoas boas precisam ser forçadas a governar. O governo é uma tarefa da

alma”

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Sócrates criou uma nova lógica. Para os filósofos gregos, o mal era somente uma falta, uma

ausência do bem.

Platão conta que o oráculo de Delfos proclamou Sócrates o homem mais sábio de Atenas,

mas Sócrates declarou: “Eu sei que nada sei.”

O rei Dionísio de Siracusa pediu a Platão que instalasse na Sicília a utopia do filósofo sobre

a organização dos Estados. Mas quando Dionísio soube que o plano exigia que ele abdicasse do

trono e se tornasse filósofo, abandonou a idéia. Nesse projeto, as duas classes superiores (filósofos e

sacerdotes) não teriam propriedade privada.

As obras mais conhecidas de Platão são O banquete, sobre a teoria da alma e os problemas

de amor; Diálogos, contendo conversas com Sócrates; República, sobre ética, meta física,

psicologia, estadismo, arte, controle da natalidade, comunismo e socialismo, e Fedro, sobre a

imortalidade da alma. Um oriental disse naquela época:,"Queimem-se as bibliotecas porque nesses

livros está tudo".

Para mim o ensinamento mais valioso de Platão é o de que devemos sempre escolher o

centro (meio), evitar os excessos e as insuficiências de cada lado extremo, porque assim o homem

se torna mais feliz. .

Com diálogos vívidos e um humor que não caracteriza os filósofos modernos, conseguiu,

pela primeira vez, seguidores para suas idéias filosóficas.

Para Platão, Deus é a idéia do bem, a idéia mais alta a que todas as outras se subordinam

como meios.

- Aristóteles (384-322 a.C.) foi 'aluno de Platão e preceptor de Alexandre, o Grande. Fundou

o liceu no qual ensinava sobre tudo biologia e ciências naturais, que foi apelidado de liceu dos

peripatéticos porque os alunos andavam durante as aulas.

Aristóteles foi o primeiro a criar uma profunda lógica e uma sistemática ética orientada para

a razão, diferentemente da de Platão, orientada para o bem.

Aristóteles criou o silogismo, que é o conjunto de três proposições nas quais a terceira é uma

conclusão verdadeira desde que a primeira e a segunda sejam também verdadeiras. Por exemplo:

1. Ricardo é um jogador de futebol.

2. Todos os jogadores de futebol são seres humanos.

3. Logo, Ricardo é um ser humano.

A razão deveria dominar as funções secundárias e os impulsos, e também auxiliar no

aperfeiçoamento da própria razão.

.A essência da ética é ficar na média áurea, isto é, sem excessos e sem deficiências.

Quem se precipita nos gozos e prazeres tornam-se inconsistente, e quem evita todos os

gozos e prazeres torna-se um pequeno-burguês.

Média Áurea

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Aristóteles formulou algumas hipóteses:

- Um extremo passa facilmente a outro extremo, e vice-versa, por excesso de correção. A

história contemporânea, por exemplo, em que a Alemanha Oriental antes da guerra era nazista

(1939), para depois se tornar comunista (1945) e capitalista (1989).

- Pólos extremos opostos consideram a média áurea como defeito.

Para esta segunda hipótese podemos observar, por exemplo, que os radicais classificam os

liberais de reacionários, e os reacionários julgam os liberais como radicais.

No Templo de ApoIo, em Delfos, está esculpido Meden agan (nada em excesso).

A grande e gloriosa obra-prima do homem é saber como viver com um propósito na média

áurea.

Evidentemente, a média áurea não se aplica para o que é negativo, como alegria maliciosa,

falta de vergonha, inveja, ou no caso de ações como adultério, roubo e assassinato.

O bem absoluto é a felicidade, não é o prazer nem a riqueza. Quem age com ética é

retribuído pelos deuses com o bem, porque quem ama o bem acima de tudo está mais perto dos

deuses.

Não fazemos filosofia para conhecer a verdade ética, mas para que nos tornemos pessoas

melhores. A ética para os gregos era um hábito e os legisladores queriam melhorar os cidadãos

através de leis éticas.

As obras mais conhecidas de Aristóteles são: Ética a Nicômaco, Democracia e aristocracia,

Comunismo e conservantismo, Casamento e educação.

Dante chamava Aristóteles de "mestre dos que sabem".

Para o próprio Aristóteles, Deus é o primeiro motor imóvel, a forma mais alta eo fim mais

elevado que move todas as coisas.

Filósofos modernos -a partir do século XVI

- Thomas Hobbes (1588-1679) filósofo e político inglês, acreditava que, entre a anarquia e o

despotismo, a monarquia era a melhor organização do Estado. Escreveu: "As abelhas têm uma

sociedade natural e suas atitudes são regulamentadas pelo instinto. Elas não competem, não têm

inveja nem desejo de honrarias, não agem em proveito próprio nem em detrimento alheio".

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A obra principal de Hobbes é Leviatã. Na obra De cive (1642} apresenta uma série de

direitos naturais, como, por exemplo: que se cumpram os contratos e não se falte com a palavra, que

se leve em consideração a igualdade natural de cada um, que os direitos que cada um exige para si

sejam outorgados igualmente ao outro. Esses eram todos ideais avançados para a época.

Hobbes pontificou: "O método dedutivo com premissas verdadeiras leva a conclusões

indiscutíveis, o método indutivo só dá probabilidades".

- Renné Descartes (1596-1650} foi o fundador do racionalismo francês. Conciliou religião e

ciência, tendo cunhado o mote Cogito, ergo sum (penso, logo existo}. Era matemático e físico, e

para ele a ciência devia se basear na evidência e na dedução daí decorrente.

Sua principal obra, Discurso do método, definiu quatro regras aplicáveis também às

pesquisas sobre ética e outros aspectos:

1. Jamais acolher alguma coisa como verdadeira, que não se conheça como tal. Os

matemáticos puderam encontrar demonstrações com razões certas e evidentes.

2. Dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis e

necessárias para melhor resolvê-las.

3. Conduzir os pensamentos por ordem, começando pelos objetos mais simples para, aos

poucos, atingir os objetos mais complexos.

4. Fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais aponto de se ter a

certeza de nada omitir. Também são obras de Descartes Meditações e Tratado do mundo.

- Baruch de Spinoza (1632-1677) foi um judeu holandês de origem portuguesa, com fome

nórdica pela verdade e ânsia mediterrânea pela beleza.

A Congregação Sefardita o expulsou como ateu, porque considerava Deus e a Natureza, a

mesma realidade. De fato, uma idéia um tanto panteísta.

Tudo está em Deus, tudo vive e se move em Deus. Uma paixão sem razão é cega, e uma

razão sem paixão é morta, acreditava ele.

O maior dos bens é o conhecimento da união do espírito com a natureza inteira. São obras de

Spinoza: Ética em forma de geometria e Princípios da filosofia de Descartes.

- Voltaire (1694-1778), cujo verdadeiro nome era François Marie Arouet, pertenceu ao

movimento iluminista e era muito liberal. Foi o ideólogo da Revolução Francesa, tendo contribuído

na mudança da aristocracia feudal para a soberania da classe média.

Introduziu a mecânica de Newton e a psicologia de Locke, dando início ao iluminismo.

Transformou os opacos pensamentos dos escolásticos em radiantes ideais, fazendo com que o

mundo todo os assimilasse.

Recebeu a proposta de ser nomeado cardeal se parasse de criticar o clero. Na ocasião ele

indagou: "Quando dois concílios anatemizaram um ao outro, qual é o infalível?"

Luís XVI disse na prisão: "Esse homem destruiu a França", referindo-se aí ao despotismo

dos Bourbon. As obras mais conhecidas de Voltaire são: Cândido (na qual ele ridicularizou "o

melhor dos mundos", com seu Pangloss), Tancredo (Cândido e Tancredo são contoS dirigidos

contra os aproveitadores), A morte de César, O século de Luís XIV Ensaio sobre costumes e o

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espírito dos povos, Zadig. Escreveu 99 volumes e erigiu uma capela em Farney, de acordo com sua

fé em uma divindade: Deus.

- Emanuel Kant (1724-1804) nasceu em Kônigsberg, Prússia. Superando o empirismo e

racionalismo, estudou a razão independente da metafísica. Foi ele o primeiro a separar a fé da

ciência, exaltando a razão em si mesma. Seu pensamento é o começo da filosofia moderna. Na sua

obra Crítica da razão pura constata os limites da razão, que não pode conhecer Deus, a imortalidade

da alma e a finalidade do mundo.

Na obra Crítica da razão prática Kant criou o célebre imperativo categórico, antigamente

chamado de consciência: "Sempre aja para que a sua ação possa ser o princípio de uma legislação

universal".

Seus escritos sobre a razão são difíceis de ler e compreender. "Só podemos conhecer a

matéria pelo pensamento e pelos sentidos. A matéria é uma forma do espírito. Tudo, matéria,

natureza, são construções do espírito. A primazia do espírito restaura as bases religiosas. Viver com

base na fé".

O século XIX não apoiou a teoria de um senso moral absoluto e inato. Contudo, talvez, uma

civilização que esteja desmoronando acolherá com entusiasmo o apelo kantiano ao cumprimento do

dever.

Na sua Crítica da razão prática, o filósofo reviveu as idéias religiosas de Deus, da

imortalidade e liberdade. A priori, o bem maior deve ser criado pelo nosso livre-arbítrio. Nossa

vontade é o bem, que necessariamente está ligado à virtude e à felicidade. No maior bem se juntam

felicidade e liberdade, mas é preciso boa vontade, porque a vontade pode levar a pessoa a querer o

mal.

- John Stuart Mill (1806-1873) acreditava que a ética deveria se harmonizar com a liberdade

de cada um. A influência que as ações exercem sobre a felicidade é o que constitui o princípio

fundamental da moral e da responsabilidade ética.

- Saren Kierkegaard (1813-1855) foi um filósofo dinamarquês bastante cético, de idéias

abstratas e teóricas. Foi ele quem deu início à moderna filosofia existencialista e pensava que medo

e solidão faziam parte da religião.

Foi ele quem afirmou: "Fazer o bem pelo próprio bem e não por orgulho, recompensa ou

premiação".

Suas obras: O diário de um sedutor, Temor e tremor e O desespero humano - doença até a

morte.

- Friedrich Nietzsche (1844-1900) escreveu incansavelmente sobre a imoralidade. Achava

absurdo que pudéssemos saber o que é bom e o que é mau. O mundo é "a vontade do poder". Ele

rejeitou Sócrates, mas apreciou o sufista grego Trasimaco, que defendia "a justiça é o direito do

mais forte". Nietzsche insistiu sobre a visão dupla da natureza, personificada por ApoIo (razão) e

Dionísio (emoção, instinto). Considerava o cristianismo a religião dos fracos e sua moralidade, dos

escravos. Defendia a existência do super-homem, livre de convenções do bem e do mal, mas

criativo.

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Nietzsche, filósofo dos nazistas, levantou a tese de que "aos opressores pertence o mundo".

Tempos após a morte de Nietzsche os atos imorais de Hitler foram justificados como normais e até

heróicos. As conseqüências dessa antiética e corrupção dos costumes resultaram na destruição da

sociedade durante a Segunda Guerra Mundial.

Não há dúvida - e isso é confirmado com os exemplos históricos da Grécia, do Império

Romano, de cidades italianas da Renascença e do Vietnã do Sul -, de que a sociedade que não

observa um código de ética e tolera a corrupção fatalmente desmorona.

As obras mais conhecidas de Nietzsche são: Nascimento da tragédia, Vontade do poder,

Zaratustra, Ecce homo.

- Jean Paul Sartre (1905-1980) foi um ateísta francês e o principal escritor existencialista.

Sua tentativa foi a de inculcar nos homens um novo humanismo, sem Deus. A humanidade está

livre e só pode decidir livremente. A liberdade é a única fonte de valor. Cada um deve criar

livremente suas normas de comportamento. Sartre preconizou o individualismo radical e as

doutrinas libertárias.

Para ele, o homem inicialmente só existe biologicamente e só pela convivência adquire a

essência humana. Os impulsos o orientam para certo tipo de existência.

Sartre criou o existencialismo, que se manteve por 15-20 anos sendo superado pelo

estruturalismo e a seguir pelo pós-modernismo.

Obras de Sartre: As moscas, Entre quatro paredes, As mãos sujas, Os caminhos da

liberdade, Comediante e mártir, O ser e o nada.

Pensadores cristãos

- Santo Agostinho (354-430) estudou a fé cristã, os filósofos gregos e a religião dos persas.

Achava que a existência humana pende para o mal, mas que o homem procura sempre o bem.

Graças à salvação de Cristo na cruz, podemos dominar o mal e, pela imitação de Jesus, perseguir o

bem.

A ética de santo Agostinho é a do amor, do seguimento de Cristo com contemplação e

oração. Ele escreveu: "Nosso Pai sabe o que precisamos, antes que peçamos". Suas obras foram

Confissões e De civitate.

Para ele, Deus é a unidade absoluta, a verdade que tudo envolve, o Ser Supremo, o Supremo

Bem.

- São Tomás de Aquino (1225-1274) foi talvez o maior filósofo da Idade Média. Ensinou em

Nápoles, Paris e Roma.

Suas virtudes eram similares às defendidas por Platão: sabedoria, coragem, moderação e

justiça. Acreditava que são necessárias três coisas para a salvação do homem: saber em quem

acreditar, saber o que desejar e saber o que fazer. Mas a ordem material é transformada pelo pecado

e necessita-se de misericórdia e revelação para se alcançar o bem, o verdadeiro e o belo. Isto,

porém, só por meio de Cristo e das virtudes cristãs de fé, esperança e amor.

Ele unificou o conhecimento e a fé, enfocou os problemas da vida e da morte e pontificou

que a razão e a fé são compatíveis. A maior obra de são Tomás é a Suma teológica, ainda hoje

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estudada em todos os seminários cristãos, dividida em duas partes: "Culto de Deus e religião" e

"Discussão sobre a verdade".

São Tomás é chamado de doutor Angélico e sua filosofia constitui o sistema oficial da Igreja

Católica. Para ele, Deus é eterno, imóvel, simples, uno, infinito, perfeito, inteligente, com vontade,

incorruptível, imutável e verdadeiro.

- Marco Aurélio (121-180) era imperador romano, durante a decadência do império. Não era

cristão, mas seguia uma linha cristã. Pensava que a ética devia ser aceita como tal diante da

determinação racional do universo.

Acreditava que no mundo só acontece o que Deus quer (fatalismo) e o homem precisa

aceitar seu destino. Uma vida racional é uma vida natural, e o homem precisa viver em harmonia

com a natureza.

Se a alma se libertar das paixões, atingirá o máximo de virtude. Marco Aurélio fez duas

exigências sociais: justiça e amor ao próximo, incluindo escravos e bárbaros. A escola de estóicos

que seguia, destacava os indivíduos serenos e impassíveis, que desejavam a felicidade pela

indiferença.

Epicleto, um escravo liberto, defendeu as mesmas idéias do imperador: “Se alguém te irrita,

saiba que o teu julgamento é que te irritou, por conseguinte, desde o início, não te deixa influenciar

por tua representação.”

Filósofos contemporâneos

Bergson, Croce, Russell, Santayana, J ames, Dewey, Adorno, Sartre, Bloch, Stirner e Veblen

marcaram a filosofia do século XX.

Não existe um compêndio que reúna a ética atual. Na Antiguidade, a meta física forneceu

uma boa base para a ética. Na Idade Média, a base foi a teologia. Com a teoria da cognição, a

pergunta "o que é 0 bem e 0 mal?" tornou-se moderna. Reformulada, ela é feita assim: "Como

podemos reconhecer o bem e o mal?" Os empíricos acham que podemos reconhecer o bem através

da experiência; os racionalistas acreditam que a prova está na razão; os intuitivistas pensam que o

homem tem uma consciência.

Os utilitaristas apresentam vantagens para muitos, mas fica difícil, com sua teoria, explicar

como úteis, mas éticos, os ladrões, as bombas atômicas, etc.

Já os deterministas dizem que a liberdade é uma ilusão. Pragmáticos querem resultados

práticos. Evidentemente, a filosofia ética, após duas guerras mundiais, o holocausto, My Lay, 11 de

setembro de 2001, nos Estados Unidos, não teve a força devida para evitar tais desastres e está em

crise.

A moral existe para o nosso bem-estar.

Uma ação antiética é sempre autodestrutiva e gera outra ação antiética até você cair no

abismo. O verdadeiro desafio é ser ético e obter o que se quer, o que quase sempre pode ser feito.

A ética e a lei

O direito e a ética regulamentam as relações dos homens por meio de normas. Uma conduta

igual em diversos grupos não é imperativa.

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Direito e ética mudam com a evolução da cultura. As normas éticas são cumpridas de acordo

com a convicção dos indivíduos, mas as normas jurídicas precisam ser cumpridas mesmo que o

indivíduo considere a lei injusta.

O direito impõe a observância da lei. Se esta não for observada, haverá sanções. Já a ética

não pode ser imposta nos termos da liberdade de escolha. O campo da ética é mais amplo que o da

lei, que é formal e coercitiva.

Existem defensores da lei natural que dizem que a lei está sujeita a uma avaliação do ponto

de vista da moral natural, mas os legalistas positivistas querem a separação entre a lei e a moral.

Austin, um filósofo americano, por exemplo, diz que as leis podem ser feitas pelos mais

fortes e tornarem-se injustas, porque facilitam os interesses dos mais fortes. Podem ser até um

instrumento de opressão.

São Tomás de Aquino acreditava que: "A lei é uma ordem da razão para o bem comum".

Uma lei social não pode ser moralmente falível. Os padrões morais são freqüentemente mais

extremos e exigentes do que os da lei. Não podemos perder o sentido da responsabilidade dado por

nossa consciência, o filtro do pensamento racional do homem.

Muitas vezes a ética só começa onde acaba alei.

O célebre novelista russo Aleksandr Soljenitsyn (autor de Agosto 1914 e No interesse da

causa) disse em seu discurso de recepção em Harvard: "Os povos ocidentais adquiriram

considerável habilidade de interpretar e manipular a lei. Todos operam nos extremos limites desses

quadros legais. Uma sociedade baseada na letra da lei nunca vai além dela, não avança para os altos

níveis das possibilidades humanas."

A letra da lei é fria e formal demais para ter uma influência benéfica. Sempre que a vida é

definida por relações legalistas, o ambiente é de ética medíocre, e paralisa os mais nobres impulsos

do homem.

2 – Falta de ética e corrupção

Corrupção, a meu ver, é a violação do padrão ético de uma comunidade. Ela é constatada

quando as intenções e as ações egoístas prejudicam alguém. Não podemos escrever a história da

corrupção, mas somente a história da descoberta de corruptos. A meu ver, Dante deu a melhor

definição de corrupção: "Situação em que o não se torna sim por dinheiro".

Benedito Ferri de Barros em A nova riqueza das nações declara: "O terceiro mundo se

caracteriza, antes de mais nada, por um sistema político onde predominam os poderes autoritários e

as castas políticas manipulam as palavras e as instituições... 0 que determina se uma nação pertence

ao terceiro mundo é a corrupção pública".

Peter Bauer, um economista inglês, segue a mesma linha: "Subdesenvolvidos são os países

cujo regime político é a cleptocracia, o roubo do público pela classe política".

Mas se a falta de ética sempre destrói, ainda que lentamente, o suborno pode matar um

grupo, imediatamente. Um exemplo: na noite de 31 de dezembro de 1988, o barco Bateau Mouche

IV foi proibido de sair da Baía da Guanabara, Rio de Janeiro, porque o mar estava muito agitado.

Com uma propina de US$ 120, o barco acabou saindo para o mar aberto e naufragou.

Resultado: 55 mortos.

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Oferendas

Na antiguidade pagã era comum uma pessoa fazer uma oferenda para obter um favor das

divindades, como chuva ou fertilidade. Estava implícita na oferta uma certa reciprocidade.

Os primeiros juízes, geralmente sacerdotes, acostumaram-se a receber presentes dos

litigantes, chamados shohadh em hebraico e munus em latim.

Antes que eu fizesse meu último exame para a formatura na Universidade, minha avó

comprou uma vela enorme e a acendeu numa igreja. Será que com isso a boa senhora tentava

subornar o bom Deus para que eu passasse no exame com distinção? Alinha divisória entre

oferenda e suborno, muitas vezes, pode ser tênue.

A Bíblia mudou o conceito de oferenda:

"Eis que obedecer, é melhor que sacrificar (fazer oferendas)" (1 Samuel 15, 22).

"Nenhum homem ou mulher faça obra alguma para ofertar ao santuário. Assim, o povo foi

proibido de levar mais" (Êxodo 36,6).

"Pois o Senhor Vosso Deus não aceita suborno" (Deuteronômio 10,17).

Parece que sÓ em 1535, Coverdale, na tradução da Bíblia, usou o termo bribe (suborno)

para coisas roubadas. O rei Jaime I da Inglaterra solicitou a todos aqueles que soubessem de

subornos de seus ministros que fizessem uma acusação pública.

Infelizmente, há corrupção em todo o mundo, assim como são comuns os crimes como furto,

estelionato, calúnia, assassinato, etc.

Diariamente podemos ler nos jornais sobre casos de corrupção. Conheço muitos livros sobre

o assunto, que cito na bibliografia. No Brasil, todavia, é raro que haja punição.

Corrupção planejada

A corrupção planejada existe, sobretudo, em regimes autoritários, com o intuito de

domesticar uma elite relativamente pequena, que se distancia de uma grande massa pobre e inculta.

O dinheiro público é utilizado sem restrições e com desperdício, estimulando a cobiça das

elites, que se mostra tão grande quanto a ignorância das massas.

Por exemplo: no Egito, em meados do século XX, o Ministro da Habitação era proprietário

da maior construtora; o Ministro da Educação, dono da maior editora de livros escolares. Além

disso, um dos ministérios contava com trezentas pessoas na lista dos remunerados, sem que elas

trabalhassem no ministério.

Não há dúvida de que privilégios e mordomias moralmente injustificados também são uma

forma de suborno.

Há também empresários e dirigentes de grandes empresas, sobretudo públicas, que mantêm

seus diretores e subordinados domesticados e submissos pela prática da corrupção planejada.

Assim a confiança desmorona. A autoridade não é respeitada e a lealdade é questionada. O

que é certo é que não pode existir corrupção sem indivíduos corruptos, da mesma forma que a

decadência de um país ou de uma empresa é conseqüência do declínio de sua moral.

Exemplos de corrupção

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Nos estados comunistas, que apresentavam um código de ética altamente moral, também

existia suborno. Toda pessoa era empregada do governo e não havia qualquer trabalho para motivá-

la.

Sabe-se que na União Soviética pagava-se 1 rublo pela obtenção de carne, 300 rublos pela

instalação de um telefone e 3.000 rublos pela obtenção de um apartamento. Sem falar das comissões

pagas para uma economia ilegal.

É fato que, quanto mais pobre e subdesenvolvido é um país, tanto maior é a corrupção.

Em seu livro sobre corrupção, Paul Noack nos informa sobre os vários tipos de corrupção

encontrados no Zaire:

Utilizar indevidamente papéis e carimbos oficiais

Obter cartas de recomendação sem fundamento

Conseguir empregos e licenças para o comércio

Usufruir de mordomias proibidas

Conseguir viagens (desnecessárias) ao estrangeiro

Figurar entre os remunerados, sem trabalhar

Emitir faturas falsas

Sonegar impostos

Conseguir divisas no estrangeiro, com importação e exportação feitas só no papel

Tirar, fraudulentamente e das maneiras mais diversas, dinheiro do Estado.

O ditador Mobutu, que governou o Zaire durante 32 anos, desviou US$ 1 bilhão do Estado

para o seu bolso.

Na Nigéria, o ministro de FinanÇas relatou: "Nós gastamos US$ 4 bilhões para construir a

fábrica de aço Ajaokata", quantia que, na Alemanha ou na Rússia, seria suficiente para construir

três fábricas.

O Brasil visto por estrangeiros

Participei de congressos internacionais e fui convidado a

proferir palestras em Haia, Paris, Munique, Zurique, St. Gallen,

Viena e Budapeste. Após a palestra, um participante, talvez para

desmoralizar o Brasil ou quem sabe fosse um concorrente da

Klabin, disse: "Não comprem papel do Brasil. Vocês não ajudam

aquele povo, mas somente os 'tubarões' antiéticos que destroem

indiscriminadamente as florestas, verdadeiros criminosos

ecológicos."

(Em Paris, haviam me dado um folheto com alegações

similares sobre madeiras tropicais, reproduzido ao lado).

Eu respondi: "Nós não provocamos as chuvas ácidas que

matam as florestas. Só a Klabin, reflorestou 174 mil hectares com

pinho e eucalipto, no Paraná, e preserva uma reserva ecológica de

75 mil hectares. Certamente também cometemos erros ecológicos

na Amazônia, que iremos corrigir. Estamos cansados de ser o bode

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expiatório do mundo."

Em Munique, insinuaram que os brasileiros não são éticos, e sim caloteiros. Lembrei-lhes a

dívida externa alemã, imposta pelo Tratado de Versalhes, que estudei na Fundação Getúlio Vargas.

As obrigações acima dos recursos da Alemanha, naquele tempo, criaram desespero e a emissão de

534 quintilhões de marcos, o que provocou a hiperinflação de 1923.

No caso brasileiro, os corruptores e corruptos já ficaram, segundo um jornal inglês, com

30% dos empréstimos do exterior, e os financiadores já impuseram spreads altos e juros que

chegaram a 21,6% ao ano, o que pode ser classificado como agiotagem.

Perguntei, então: "Vocês, alemães, se consideravam antiéticos em 1923 por não pagarem

suas dívidas? Ou os princípios básicos da ética variam conforme a época e o local geográfico?"

Voltaire dizia: "Há somente uma ética, como há somente uma geometria.”.

Há algum tempo recebi a visita de um ex-colega que comigo participou de um seminário

sobre administração de materiais na Universidade de Zurique e hoje é conselheiro econômico de um

grande banco suíço.

Seu intuito era discutir comigo a situação econômica brasileira. Ao final da conversa, ele

comentou o seguinte sobre ética: "Veja bem, quando se fala em corrupção, alguns europeus já

colocam o Brasil no mesmo nível que a Nigéria. Se vocês acabassem com a corrupção moral, como

dizia Bocage, certamente baixariam a inflação e o desemprego".

Então ele fez as seguintes considerações sobre esse assunto: “Conforme revistas norte-

americanas e inglesas, cerca de US$ 30 bilhões da dívida externa brasileira foram desviados do

patrimônio da nação e estão em bancos americanos e suíços. Isso significa roubo de valor igual ao

custo total de uma Itaipu.”

Esse dinheiro poderia reduzir a dívida e os juros internos, bem como a taxa inflacionária.

.Só dois casos (Coroa-Brastel e Delfim-BNH), conforme fontes brasileiras, custaram ao

Tesouro um pouco mais de US$ 1 bilhão. Isto equivaleria a dar emprego, durante um ano, pelo

salário mínimo pleno, a 1,5 milhão de trabalhadores no nordeste, por exemplo.

.Sem citar a corrupção nos escândalos (citou perto de dez), as fraudes na Previdência Social,

no IBC, no IAA e na Embratur, as mordomias" ilícitas, os peculatos, os estoques de impressos para

600 anos em certas repartições, que também foram noticiados em jornais europus devem somar

centenas de milhões de dólares de prejuízo para o povo, o que aumenta a inflação.

.Mas deixemos de lado a corrupção em altos escalões, para analisar somente o comércio

comum. Eliminando a corrupção:

Os preços aos artigos manufaturados poderiam baixar de 2% a 10%, sobretudo nas indústrias

gráficas, alimentícias, de plásticos e da construção civil. Com o mesmo orçamento, poder-se-iam

construir de 10% a 20% mais estradas, escolas, hospitais, etc.

O lucro dos acionistas, sobretudo. de empresas de capital aberto, aumentaria, permitindo

novos investimentos e empregos.

O número de sonegadores do Imposto de Renda diminuiria.

A conversa me deixou bastante melindrado.

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Por acaso, eu tinha comigo um jornal europeu com a seguinte reportagem: "Dois

compradores da Chemie-Linz subornados com dois automóveis de luxo". "E isto na Europa" –frisei

eu, com ironia.

"Você tem razão" -respondeu meu colega suíço. -"Há corrupção, assassinatos e roubos em

todas as partes do mundo. A única diferença é que no Brasil não existe punição. Continue a ler o

artigo que me mostrou.”

De fato, no caso da Chemie-Linz, lia-se mais abaixo: "Os dois compradores foram demitidos

e o juiz devolveu os dois automÓveis à empresa que os havia pago indiretamente, punindo ainda os

faltosos com três anos de prisão".

Será que o suíço tinha razão? Se eliminássemos a corrupção, conseguiríamos amenizar o

problema da inflação e do desemprego?

Será que a impunidade no Brasil faz crescer tanto assim a corrupção?

A antiética no Brasil vista por nós

O representante de uma fábrica de equipamentos médicos do Rio de Janeiro vendeu o artigo

S-20 por R$ 300,00 a dúzia.

Outro representante, entretanto, vendeu o mesmo produto a dois hospitais em São Paulo por

R$ 2.000,00 a dúzia.

O fabricante estranhou essa diferença e mandou uma auditoria internacional inspecionar seu

representante em São Paulo, que constatou que fora preciso pagar 10% ao deputado em cuja zona

de influência estava o hospital, 10% ao diretor do hospital e 10% ao comprador, ou este dificultaria

a emissão do pedido; 10% à caixinha dos médicos, que, em caso negativo, não recomenda riam o

equipamento; 5% ao pagador, que, caso contrário, poderia atrasar o pagamento; 5% ao almoxarife,

senão este diria que o material não existia em estoque, e 30% seria o custo da nota fria para

justificar esses subornos perante o Fisco.

Comentou-se ainda que as enfermeiras não integradas nesse maravilhoso "propinoduto", e

seguindo o exemplo de seus superiores, aplicavam as injeções com uma única seringa de vidro e

vendiam as muitas descartáveis para uma farmácia.

O hospital pagou quase sete vezes mais do que seria o preço justo.

Esse não é um argumento para demonstrar as nefastas conseqüências da corrupção, além de

explicar nossa inflação e o péssimo e caríssimo serviço de saúde ao qual é submetido nosso povo?

No caso das seringas, criou-se ainda um risco de transmissão de hepatite, aids e outras doenças. A

corrupção pode ser fatal.

Isso, para não comentarmos um artigo no Jornal do Brasil, citando que o INAMPS (atual

SUS) pagou a um mesmo fornecedor, por um enxerto arterial para cirurgias cardíacas, 287 vezes

mais no Rio Grande do Sul que em Minas Gerais, o que é o cúmulo da corrupção.

No passado, o Brasil construiu usinas elétricas onde existiam as maiores quedas d'água, com

imensos lagos e muitas turbinas. Constatou-se, todavia, que esses pontos eram muito distantes dos

centros de consumo de energia, a rede de transmissão teve um custo altíssimo e as perdas na

transmissão foram e são consideráveis. Quando havia alguma falha, Estados inteiros ficaram sem

energia. Assim veio a moda de fazer usinas menores próximas dos centros de consumo.

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Certo governador quis fazer uma usina hidrelétrica e pediu orçamentos para a construção.

Um fornecedor de grandes turbinas apresentou seu orçamento. O governador disse: "Você esqueceu

um ponto importante! precisa acrescentar 30% para mim". O diretor da fornecedora disse que seria

necessário uma autorização da sua matriz estrangeira, e deixou claro que aquela empresa era a única

fabricante de turbinas daquele tamanho no Brasil e que o governador não iria querer importá-las.

Também não adiantaria consultar a matriz porque as normas da sede não permitiam subornos.

Passados alguns dias, o diretor da empresa interessada no fornecimento voltou para o

governador e disse: "Nossa matriz convida o senhor e toda sua família a visitarem durante quinze

dias nossas fábricas, além de três cidades importantes. Mas infelizmente não podemos acrescentar

30% ao nosso orçamento".

O governador respondeu: "Vou esperar exatamente uma semana para vocês providenciarem

os 30%, senão não faremos negocio”

O diretor voltou para sua empresa e lá se concluiu que o governador só poderia comprar as

turbinas daquela empresa e de mais ninguém. Passado um mês, o diretor voltou a procurar, o

governador e este já estava com a resposta pronta: "Eu disse a vocês que aguardaria sete dias. Se

você quer saber, em vez de uma hidrelétrica decidi construir uma estrada que passará perto da

fazenda de um senador, meu amigo. E a título confidencial, o empreiteiro vai me pagar 42%".

Na década de 1940 era exigida uma fatura consular para importar antibióticos. Ela deveria

indicar, entre outros, o país de origem e o país de procedência.

A alíquota alfandegária para produtos químicos, em geral, era de 25%, mas aumentava para

33% se a procedência fosse desconhecida.

Fiquei muito orgulhoso naquela época porque descobri um fornecedor de estreptomicina, na

Suécia, de qualidade acima da norma internacional, quando todos os concorrentes importavam dos

Estados Unidos. A diferença de custo deu maior competitividade à empresa na qual eu trabalhava, a

Sarsa.

Quando chegou o primeiro lote encomendado, valendo cerca de US$ 250 mil, fui procurado

por um fiscal da alfândega.

Ele me informou que, infelizmente, na fatura consular não constava o país de procedência e

por isso iríamos ter de pagar 33% de imposto em vez de 25%, ou seja, US$ 20 mil a mais.

Expliquei que a origem constante na fatura era a Suécia e a mercadoria fora embarcada em

Estocolmo, conforme era do conhecimento da companhia aérea sueca SAS. Por conseguinte, não

poderia haver nenhuma dúvida quanto ao país de origem.

Das não consta a fatura, retrucou o fiscal. “E mais. Daqui a oito dias vocês vão começar a

pagar a armazenagem. E a conservação do produto em geladeira custa caro."

Na verdade ele estava ali para eliminar todos esses inconvenientes, desde que recebesse US$

10 mil, isto é, metade do que pagaríamos a mais só em alíquotas alfandegárias. Em resumo, uma

pechincha.

Meu código de ética fez com que eu me revoltasse. Contratei o melhor advogado do Rio de

Janeiro, que conseguiu retirar a estreptomicina, depositando em juízo um valor, em cruzeiros,

correspondente a US$ 20 mil. O processo passou por três instâncias e, finalmente, decorridos seis

anos, ganhamos! Mais dois anos se passaram, isto é, após oito anos, recebemos de volta os cruzeiros

depositados, só que então eles só valiam US$ 1.740 devido à desvalorização, em vez de US$ 20

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mil. Em resumo, pagamos US$ 6 mil ao advogado, perdemos US$ 18.260 no câmbio, além dos

juros sobre os US$ 20 mil durante oito anos, sem falar na perda de tempo com burocracia.

Não ceder ao suborno custou à minha empresa mais de US$ 30 mil em vez dos US$ 10 mil

que o fiscal pedira.

Será que por razões éticas podemos prejudicar a lucratividade das nossas empresas? Fizemos

um esforço especial para seguir as instruções alfandegárias nos mínimos detalhes, e

responsabilizamos os importadores, por qualquer falha, explicando as minúcias que eram

desconhecidas nos países industrializados.

Casualmente, encontrei-me com um colega de um laboratório similar ao nosso, também

importador de antibióticos. Ele contou que não tinha nenhuma dificuldade na alfândega porque

pagava propinas da ordem de US$ 3 mil por mês.

Em síntese, feitas todas as contas, comparando o nosso custo com o do concorrente,

economizamos, talvez, nos oito anos, cerca de US$ 250 mil.

Conclusão: a atitude ética pode ser difícil no momento mas paga dividendos altos a médio e

longo prazos.

No jornal O Estado de S. Paulo apareceu o quadro reproduzido a seguir.

O crescimento de antiética provoca:

- Perda da autoridade de políticos, religiosos e do poder judiciário;

- Perda da credibilidade no governo, na polícia, na igreja e na escola;

- Desemprego;

- Maior rotatividade nas empresas, diminuindo a fidelização.

Colonizadores e corrupção

Alguns argumentam que a corrupção nos foi trazida pelos colonizadores portugueses.

A carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel teria sido encaminhada para, além das

novidades a respeito do descobrimento do Brasil, pedir um emprego, ou seja, teria sido o primeiro

caso de nepotismo no Brasil.

O padre Antonio Vieira, no seu célebre sermão do bom ladrão, disse entre outras coisas: "No

Brasil conjuga-se, por todos os modos, o verbo 'rapinar', porque furtam por todos os modos da arte,

não falando de novos e esquisitos (...) Perde-se o Brasil porque alguns ministros de Sua Majestade

não vêm cá buscar nosso bem, vêm cá buscar nossos bens (...) O Rei manda-os tomar Pernambuco,

eles se contentam com tomar... Toma nessa terra o ministro da justiça? Sim, toma. Toma nessa terra

o ministro da fazenda? Sim, toma. Toma nessa terra o ministro de estado? Sim, toma. Sangrando

por outra parte os tributos em todas as veias, milagre é que não tenha expirado (o Brasil)".

O sermão é a primeira informação sobre a pilhagem no Brasil.

D. João VI consultou o padre Vieira sobre a conveniência de dividir as terras do Maranhão e

do Pará em dois governos. O padre respondeu que deixasse as coisas como estavam porque "um

ladrão num cargo público é um mal menor que dois".

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Também se relatam as seguintes falcatruas: "Podia-se obter dispensa do serviço militar com

falsas avaliações médicas e um suborno. Existiam soldados fantasmas, sobretudo os que foram

enviados de ultramar. O coronel ficava com os soldos de todos".

O atraso dos soldos foi um desvio proverbial dos suboficiais. Na Paraíba, em 1727, os

soldados deixaram de ser pagos por quatro anos.

No Brasil colonial viam-se com freqüência soldados esmolando nas ruas. Quando recebiam

um par de botas, corriam para vendê-las, e o comprador, geralmente o fabricante, as revendia de

novo ao exército.

Lisboa não conseguia organizar uma burocracia eficiente, e a confusão favorecia roubos e

negociatas. Todos os enviados ao Brasil aproveitavam a falta de controle da coroa e enriqueciam

poucos anos após a chegada ao novo mundo.

Mas, a meu ver, desde a Independência do Brasil, em 1822, 'não podemos mais

responsabilizar Lisboa pela corrupção reinante hoje em dia.

Moral social e ética empresarial e a corrupção nos dias atuais

Hoje no Brasil só 45,8% das empresas preocupam-se com ética e 49,7% acham que o

suborno é um hábito nacional, conforme uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas feita com

seiscentas firmas e publicada na revista Exame.

Marcos Fernandes Gonçalves, da FGV afirma: "Quanto maior a corrupção, maior a

dificuldade para o crescimento do país. O Brasil melhorou, mas continua no grupo de risco para o

capital externo. A corrupção gera instabilidade econômica e política que sempre espanta um

investidor".

A corrupção floresce em sociedades em que há:

- Excesso de regulamentação;

- Impunidade e ausência de risco em relação ao crime;

- Uma baixa moral combinada com a alta tolerância.

Gonçalves é sócio e fundador da Transparência Brasil, empresa que vai estudar os montantes

envolvidos na corrupção, os setores da economia e as áreas do governo mais atingidos e os

mecanismos utilizados nas irregularidades. A pesquisa será feita com 3.500 executivos de bancos,

seguradoras, advogados, etc.

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Disciplina: Ética Empresarial e Responsabilidade Social

PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

Estes dados são muito esperados por todos que desejam ética no país.

Pesquisa IBOPE -1993

Na corrupção o vendedor vende o que não deveria vender e perde sua liberdade. O

comprador compra o que não deveria comprar e também perde sua independência.

Os papéis de fato se invertem. O vendedor corruptor suborna comprando o comprador, e o

comprador corrompido vende sua ética. Os corruptos não têm medo de discursos inflamados nem

de cruzadas. O conhecimento do mecanismo da corrupção os inquieta de fato. Quanto mais

conhecemos a estrutura da criação do caixa 2, tanto melhor para o combate aos corruptos.

Faz-se necessário uma vontade política para lutar contra a corrupção, mas é melhor esquecer

o passado do que deixar uma sociedade corrompida para nossos filhos.

É preciso prevenir a corrupção com uma luta sem fraqueza, mas também sem ingenuidade.

A lei não resolve nem por prevenção nem por repressão. A corrupção é como um verme dentro de

uma maçã.

Nosso voto dá aos políticos um mandato de poder e autoridade. Do sistema de educação

depende a competência e o valor ético dos nossos políticos que constituem uma elite da nação que

deve ser exemplar por seus méritos.

John T. Noonan Jr., formado em Harvard,juiz do Tribunal Federal de Recursos na

Califórnia, autor do livro Bribes (subornos), o mais completo estudo sobre o assunto, com 918

páginas, declarou numa entrevista:

"Tenho certeza de que nossa sociedade não é pior do que outras sociedades, mas é

impossível quantificar subornos. Eu perguntei a dois ex-vice-secretários do Tesouro americano, um

democrata e um republicano, quanto suborno existe nos Estados Unidos. Os dois disseram que

ninguém sabe e que um eventual cálculo do Tesouro seria baseado em pura adivinhação.

"Penso que os Estados Unidos são mais conscientes da existência da corrupção e talvez mais

inclinados a processar infratores. Mas não creio que corrupção tenha raízes em ideologia.

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"A única correlação que pode ser feita, na minha opinião, é que quanto mais educada for

uma sociedade, maior a sua tendência em fazer as coisas com mais objetividade e com um desejo

mais acentuado de distanciar-se da corrupção.

Mas mesmo assim há exceções. Eu sempre achei que na indústria espacial e de aviação, por

exemplo, onde temos nossa tecnologia mais avançada, subornos seriam coisas do passado. Na

realidade, é essa indústria que oferece mais subornos a funcionários do governo.

"O trauma do suborno é maior do que o trauma do roubo.

"Existem muito menos mulheres do que homens na história do suborno. Mas isso é porque

mulheres não ocuparam tradicionalmente as mesmas posições poderosas ocupadas pelos homens.

"O suborno, na minha opinião, é irracional e por isso chego a concluir que uma sociedade

mais racional tende a eliminá-lo, enquanto numa sociedade mais primitiva o costume está mais

arraigado.

"É difícil estabelecer o custo econômico. 0 mais lógico seria comparar o custo para uma

sociedade de funcionários públicos subornáveis com o custo de uma burocracia ineficiente.

"Também é difícil determinar qual é o pior. O fundamental é o custo psicológico, pois um

governo corrupto perde a confiança do povo e deixa o país cínico. 0 fato de o povo ser enganado é

muito mais importante do que a questão do valor. Um dia o suborno vai acabar.

"Creio que subornos vão seguir ;1 trilha da escravidão, tornando-se obsoletos, um costume

primitivo. Não há dúvida de que o suborno é irracional e não pode sobreviver para sempre.

"Para mim, suborno é qualquer coisa que sai do normal para induzir alguém a facilitar um

serviço que deveria ser feito gratuitamente.

"Em sociedades primitivas, por exemplo, seria inconcebível ir à procura de um favor de

alguém mais importante com as mãos vazias. Sem presentes não há negócio. Em sociedades mais

evoluídas, foi preciso um ideal muito forte que foi encontrado em Deus.

"Deus cria um ideal que é deixado à conta da consciência de cada juízo.

"No centro da reforma está a Igreja e na periferia, os governos seculares. O principal aspecto

é a eliminação da compra de favores e o ideal começa a ser cumprido. Na Divina comédia, de

Dante, 10% do inferno é reservado aos corruptos."

O subornador ainda fala que é vítima de extorsão, apesar de 700/0 dos subornos serem

iniciados por um subornador. AcusaçÕes de suborno muitas vezes decidiram eleições.

Nos Estados Unidos nos últimos vinte anos sete membros do Congresso foram acusados de

receberem suborno e quatro governadores foram condenados à prisão pelo mesmo motivo.

Um suborno é "imundo", segundo alei romana; o dinheiro do suborno é "sujo" e quem aceita

suborno "mancha as mãos".

Evaristo de Moraes, renomado jurista carioca, escreveu:

“A impunidade virou uma rotina.

“A certeza de impunidade é a melhor explicação que encontro para a corrupção. Acho que se

acentuou a tendência de se obter vantagem a qualquer custo, além da idéia de que fortuna é

sinônimo de êxito na vida.

"Essa verdadeira mania nacional de levar vantagem em tudo distorceu as coisas. Há uma

tendência generalizada no sentido de se conferir mais valor ao dinheiro do que aos aspectos morais

ou éticos das profissões. No Brasil, é mais fácil ganhar dinheiro com a especulação do que com a

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produção. O autor do escândalo é socialmente aceito, não recebe o repúdio da coletividade em que

atua. Isso gera um estímulo à própria delinqüência patrimonial violenta.

"Ninguém mais acredita que uma pessoa possa ter interesse legítimo em servir a um

governo. Todos acham que alguém só vai para o governo para se arrumar."

Mário Henrique Simonsen escreveu:

"Há duas maneiras de interpretar a atual maré de escândalos que inunda a política brasileira.

Uma delas, altamente otimista e amplamente sublinhada pela imprensa, exalta a nossa democracia

pela capacidade que vem revelando em identificar corruptos e defenestrá-los. (...) Uma outra leitura,

insidiosa, mas não menos lógica, é que uma democracia que produz tantos casos de corrupção e que

só aumentou a inflação e a recessão é um projeto fracassado."

Pelé disse ao Jornal do Brasil:

"Não podemos continuar conformados com a corrupção. Tenho vergonha do Brasil."

Luiz Fernando Veríssimo escreveu:

"Uma epidemia moral."

Itamar Franco escreveu:

"Crise de corrupção endêmica."

Maquiavel escreveu:

"Uma sociedade corrompida é aquela em que os homens não mais sabem exercitar a

liberdade.

"O corrupto tem pouca aptidão para saborear a liberdade, mas é, necessariamente, a fonte de

uma extrema desigualdade."

Aristóteles opõe a geração à corrupção. A primeira é o nascimento e o crescimento, e a

segunda é a degradação e a morte.

O custo monetário da corrupção é nada, mas quantas crianças morreram, quanto o País

deixou de crescer, quanto deixou de set: aplicado em programas sociais?

Marcos Ferreira Gonçalves da Silva diz:

"A redução de 10% no desvio de recursos públicos geraria um acréscimo de US$ 3.600

anuais per capita. Mesmo se for um pouco exagerado é estarrecedor."

O jornal O Estado de S.Paulo informou que, em menos de quatro meses, tinha publicado 63

casos de roubo, escândalos, negociatas, imoralidades e falcatruas variadas. Mas nem um único

criminoso fora para a cadeia.

A revista Imprensa publicou um número especial, "Guia de Corrupção no Brasil", no qual

indica as corrupções específicas, num total de 73, nos seguintes ramos do mercado: administração

pública, economia, política e justiça, imprensa, propaganda, rádio e televisão e esporte.

A revista Time publicou:

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"O custo da corrupção atingiu a proporção de um grande tremor de terra, exigindo um

trabalho hercúleo para limpar essa imundície. Mac Farlane pelo menos mostrou responsabilidade,

remorso, arrependimento e vergonha. Ele disse que sabe que agiu errado e merece punição."

Mas atualmente a responsabilidade desapareceu dos discursos públicos.

Com "Foi um erro", o presidente Reagan explicou o evento Irã Contra,* no qual agiu contra

o espírito da lei. Ele não assumiu a mínima responsabilidade pelo caos ético.

Um professor da Universidade do MIT declarou: "Estou muitíssimo aflito com o

comportamento ético que quer fazer crer que mentir sobre o governo é natural."

A mentira, aliás, é um dos comportamentos antiéticos mais comuns. Não falo das chamadas

boas mentiras, como do jogador de pôquer que blefa sobre as cartas que tem na mão ou do médico

que pratica a "mentira caridosa".

Na política, muitas vezes, a mentira é perdoada pela alegação de que os fins justificam os

meios.

O padre Vieira já dizia que "a verdade é filha legítima da justiça, porque a justiça dá a cada

um o que é seu".

Aristóteles condenou a mentira como "vil e repreensível".

Santo Agostinho julgou-a "um aniquilamento da dignidade humana". Kant pontificou que

"ser honesto é um sagrado mandamento da razão".

A mentira pode conter fatos inventados, sugeridos, manipulados, ocultados, desalojados ou

falsificados, mas ainda existe a mentira "organizada", geralmente feita por grandes grupos, não só

ocasionalmente, mas durante longo tempo. Por exemplo: O comunismo prometeu o império da

liberdade, mas adotou o regime da coerção.

Muitas das grandes empresas aprovam e propagam publicamente a superioridade da

"economia do mercado", mas de fato tentam cartéis, conluios de preços, concentração de capital,

etc.

Na década de 1960, a General Motors argumentou que o carro grande era o mais bem

adaptado às estradas e à vida norte-americana, apesar de o público desejar carros menores, isso sem

contar com a piora da balança comercial com importação de desses carros. A GM Management

internamente defendeu que "com carros grandes teremos mais lucros".

Em agosto de 1939, Hitler, em desacordo com sua permanente propaganda anticomunista,

fez um pacto de não agressão à União Soviética.

Poucos certamente se lembrarão dos escândalos Coroa Brastel, Capemi, Delfim, Haspa,

Continental, Sul Brasileira, Sunamam, lAA, IBC, BNCC, Polonetas, INAMPS, CNP, DNUCS,

Ferrovia Norte-Sul, Baumgarten, Laureano, Ricardo Bueno, Halles, Audi, Banco União Comercial,

Wilson Campos, José Cortes Pereira, Garcia Netto, Christiano Dias Lopes Filho, Lume, Decred,

Atalla, Lutfalla, Vale, Depac, Banco Regional de São Paulo, São Luiz Tieppo, PC Farias, Banco

Nacional, Banco Econômico, Bamerindus, Mercantil, máfia do orçamento, do futebol e centenas de

outros. Mas certamente você ainda se recorda de grandes e conceituadas empresas norte-americanas

que recentemente chocaram a opinião pública com suspeitas de corrupção e fraude contábil em seus

balanços. Enron, o gigante da energia, Wordcom, das telecomunicações, ambas com balanços

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auditados pela Arthur Anderson, esta, até então, uma empresa respeitadíssima. Na esteria vieram a

Vivende Universal, da mídia, a Merck farmacêutica, entre outras.

A antiética dessas empresap causou uma crise na economia dos Estados Unidos, com perdas

na bolsa de valores quase equivalentes às quedas de 1929. A falta de controle e punição provocou

incalculáveis desastres. ..

A confiança, um dos atributos de empresas e pessoas éticas, desabou e repercutiu até no.

Brasil, onde a bolsa também despencou. Alan Greenspan, presidente do Banco Central do Estados

Unidos (FED) criticou os empresários antiéticos pela sua "ganância infecciosa".

A maioria dos golpes acabou em pizza. Punição é uma palavra inútil que morre por si

mesma. Quem poupa o lobo, condena as ovelhas.

A responsabilidade do homem não existe só para seus contemporâneos e o ambiente, mas

também para com a posteridade. O homem precisa desenvolver-se para ser mais humano.

Dinheiro, capital, trabalho, ciência, técnica, indústria são só meios para o homem, o qual

deve ser sempre a meta de tudo e não o inverso.

A corrupção no tempo do Brasil colonial foi grande, no Império houve melhora para piorar

novamente na República.

Na década de 1980, o Brasil ficou nos últimos cinco lugares nas avaliações éticas

internacionais, ao lado da Nigéria. No ano de 1997, o Brasil estava em 36" lugar e em 2000 desceu

para o 49" lugar, de acordo com o índice de percepção da corrupção. Na verdade melhorou o índice,

de 3,56 em 1997 para 3,9 em 2000, numa escala de 0 a 10, mas os outros países melhoraram mais.

Um brasileiro graúdo visitou um amigo na Bolívia. Admirado com o luxo da construção do

amigo, com muitos quadros valiosos, tapetes persas, perguntou-lhe quanto ganhava.

"US$ 5 mil por mês" -, disse-lhe o boliviano. "E com isso conseguiu este sítio tão luxuoso?"

- quis saber o brasileiro.

O anfitrião respondeu: "Você vê aquela estrada de ferro? Tudo saiu dali. Vinte por cento do

custo estão no meu bolso".

Após algum tempo, o boliviano retribuiu a visita ao brasileiro. Encontrou-o instalado numa

fazenda muito mais luxuosa.

Cavalos árabes, baixelas banhadas a ouro, etc.

Extasiado, o boliviano perguntou quanto o amigo ganhava.

"US$ 5 mil por mês, porque não posso ganhar mais que o presidente".

O boliviano então retrucou: "E com isso conseguiu esta fazenda das Mil e Uma Noites?".

O brasileiro respondeu: "Está vendo aquela estrada de ferro lá longe, que vai de Norte a Sul,

com mais de 1.700 quilômetros.

"Não, não estou vendo nada”, respondeu o boliviano.

"De fato, não foi feita, mas o dinheiro da construção está aqui no meu bolso."

3 – Ética e suborno nas empresas

A ética e os negócios não são contraditórios, mas costumam ficar distantes. A ética

geralmente é deixada aos cuidados da consciência de cada gerente. As decisões empresariais podem

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provocar efeitos nos acionistas, gerentes, gestores e empregados quanto à parte interna; e nos

clientes, fornecedores, autoridades, bancos, concorrentes e mídia quanto à parte externa.

Diversas organizações, como a mídia e os órgãos de defesa do consumidor, podem forçar os

dirigentes da empresa a agir de forma responsável, ou seja, eticamente.

O guru da administração, Peter Drucker, disse: "O lucro não é uma meta, mas um resultado.”

Os computadores existem 'para o homem e não o inverso.

Não são as máquinas que fazem inovações, mas sim os homens. Para o nosso mundo

sobreviver, é preciso existir a ética, não só de cada um, mas da coletividade. Eu diria até que o

mercado mundial precisa de uma ética mundial, o que atualmente é apenas uma esperança utópica.

Uma ética mundial, a meu ver, só poderá ser conseguida depois que as religiões se tornarem

pacificadoras.

As religiões monoteístas servem ao mesmo e único Deus, mas os representantes terrestres

brigam entre si, o que me parece a coisa mais vergonhosa e desprezível deste mundo. O ideal

ecumênico progride muito pouco.

Também uma empresa não pode sobreviver sem ética. A Manville, por exemplo, perdeu

80% das suas ações para pessoas que a processaram. Ela sabia dos efeitos danosos da aspiração de

asbesto e não fez nada para evitá-los. Escondeu a informação dos seus empregados e clientes.

O Continental Illinois Bank, nono banco dos Estados Unidos, e as brasileiras Coroa-Brastel,

Delfin, Capemi, Halles, Brasilinvest e diversas corretoras, como a Nahas, desmoronaram por falta

de procedimentos éticos.

A Botica ao Veado d'Ouro, laboratório fundado em 1858, .produziu inócuos comprimidos

contra o câncer de próstata, que nada mais eram que placebos. Depois do escândalo, as lojas da

empresa foram forçadas a fechar.

Temos também exemplos encorajadores. A Readers Digest parou de aceitar anúncios de

cigarros quando um cirurgião dos Estados Unidos comunicou que cigarros podem provocar diversas

doenças. A publicidade de cigarros era a mais lucrativa.

A Johnson retirou de todas as prateleiras dos Estados Unidos o produto Tylenol, apesar de o

chantagista que envenenara o produto ser de Chicago.

Também no Brasil acontecem honrosas exceções. Na véspera de Natal, um caminhão

estacionou em frente ao edifício da subsidiária brasileira da Xerox e dele foram descarregados

videocassetes para cada um dos doze diretores. Os presentes eram oferecidos por um fornecedor

que procurava demonstrar sua gratidão por ter sido incluído na seleta lista de fornecedores. O

fornecedor desconhecia o rígido código de conduta da Xerox, que proíbe os seus funcionários, do

presidente ao porteiro, de aceitar presentes.

A seguir, o código de ética da Johnson, chamado de "Credo", e o código de ética do Banco

Itaú.

Empresas excelentes são, sobretudo, éticas. A Exxon fez uma pesquisa durante dois anos

sobre "performance versus ética" e concluiu: "Uma sólida base ética ajuda a empresa a sobreviver

melhor a mudanças externas abruptas e complicadas. A ética aumenta a produtividade e reduz

problemas trabalhistas".

A ética muda às vezes o vestuário, mas como todas as damas de uma certa classe social nada

muda sob a nova roupagem.

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De fato, uma atividade profissional precisa de algo mais que lucro, apesar de ele ter suma

importância. Esse algo mais que nos motiva e nos dá a sensação de realização é a ética.

Ela está no coração de cada um. Mas como os critérios secundários da ética podem variar de

grupo para grupo, de sociedade para sociedade, penso que numa empresa os critérios éticos devem

ser claramente definidos.

Keneth Blanchard cita 5 pontos para o poder ético numa empresa (5pês): Propósito,

pundonor (brio, decoro), paciência, persistência e perspectiva.]

Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Illinois nos mostra como 635 empresas

consultadas nos Estados Unidos agem em relação à divulgação de normas. éticas.

- 95% das maiores empresas têm um código de ética já escrito.

- 47% têm programas de treinamento sobre ética.

- 28% têm um comitê ou consultor de ética (GM, American Express, Bank of América, etc.).

Os consultores procuram antecipar os problemas e sugerem à diretoria políticas que evitem

conflitos posteriores. O principal desafio é descobrir quanto de certo e errado existe em cada

situação.

Uma empresa precisa ter responsabilidade ética em relação à justiça social, proteção do meio

ambiente, segurança do produto, tipo de marketing, subornos, etc.

A empresa deve ter a mesma ética que seus funcionários, ser responsável por ações passadas

e pelo cumprimento de leis e normas. Todas as decisões, na empresa, contam com uma parte de

decisões éticas.

Helmut Maucher, um executivo da Nestlé, declarou:

"... Deixem o lero-lero da moda ética e social. Nós precisamos de um espírito combativo no

dia-a-dia do executivo".

A revista Harvard Business Review, no artigo "Can a corporation have a conscience?" (Uma

empresa pode ter uma consciência), argumenta contra nove objeções e chega a uma conclusão: uma

empresa deve ter uma consciência ética.

Tanto Milton Friedman quanto John K. Galbraith, ambos de opiniões diversas, rejeitam que,

além de uma decisão comercial, seja preciso um julgamento ético independente, mas concordam

que a moral deve ser incluída em todas as decisões comerciais.

Por conseguinte, uma ação antiética pode ser atribuída à empresa, que deve agir conforme as

leis, com ética e responsabilidade.

As empresas podem e devem, por meio do seu exemplo e presença política, dar sua

colaboração à ética.

Uma encíclica papal de 1991 define a ética como a chave para a economia de mercado.

A Universidade de Ohio fez um estudo para verificar quanto custam os negócios antiéticos e

chegou à conclusão de que o custo financeiro é de 1,84% sobre"o PIE, algo entre três e cinco mil

dólares por pessoa ao ano.

Outros agravantes da falta de ética são a desconfiança, o trabalho em equipe dificultado,

pouca satisfação no trabalho, e falta de estímulo e comprometimento.

A mentalidade que predomina com a falta de ética é "como posso me proteger contra a

empresa", e não "o que posso fazer pela empresa". A revista Exame publicou um artigo intitulado

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"A ética ajuda a ser mais competitivo". Uma pesquisa da Catho, com 263 executivos, concluiu que

dois terços deles consideram-se éticos.

É preciso irradiar credibilidade e ética para convencer o outro, sobretudo nos tempos atuais,

quando uma declaração pode ser desmascarada no dia seguinte e considerada mentira. Por isso, a

ética ocupa um lugar de destaque em nossas negociações.

A comunicação verbal que você usa deve estar de acordo com sua atitude ética. Sentimos se

alguém está comprometido com a ética e acredita no que diz. Também a linguagem do corpo, muito

mais antiga que a falada, deve transmitir, mesmo inconscientemente, que você é sincero e confiável.

A ética gera credibilidade e confiabilidade, alicerces de bons negócios, hoje e amanhã.

O economista Eduardo Gianetti da Fonseca declarou:ética incorpora elementos vitais para a

eficiência como motivação, pontualidade, lealdade, espírito de equipe, confiabilidade e empenho,

que não podem ser comprados com dinheiro".

Executivo Jeckyll e Hyde

Um diretor pode mostrar uma ética no escritório e outra fora da empresa? Uns argumentam

que o direito da liberdade permite a cada um ter uma vida privativa a seu gosto sem que a empresa

tenha algo com isso. Mas o comportamento antiético de um executivo fora da empresa pode chegar

aos ouvidos de colegas, chefes, presidente, pessoas da sociedade e até da imprensa.

Isso cria comentários e mexericos pouco vantajosos para o indivíduo e para a empresa.

Alguém antiético fora da empresa pode ser sempre ético dentro dela? Até um ministro na

Inglaterra, que mantinha relações antiéticas com mulheres, foi demitido!

Alguém duas vezes divorciado pode ser sempre estável na empresa?

Quanto mais alto na hierarquia, tanto mais ético deve ser um executivo. O presidente é um.

exemplo para toda a companhia, e sua ética deverá estar acima de qualquer suspeita para não

arranhar sua reputação. A consistência do comportamento ético parece ser muito importante.

Falhas éticas acabam com uma carreira mais rápido que qualquer outra falha de julgamento,

porque nada é mais perigoso para os negócios que uma má imagem e reputação.

Um professor que, de acordo com normas da escola, proibia seus alunos de fumar, foi visto

fumando em público. O diretor o repreendeu e ele respondeu ironicamente: "Você já viu um poste

com letreiros de itinerários andar no caminho que indica?".

Peter Druker insiste: "Há apenas uma ética, um código de comportamento individual, em

que as mesmas regras se aplicam igualmente a todos".

Ética nas compras

De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Minnesota, 90% dos subornos

numa empresa acontecem no setor de compras.

A revista Harvard Business Review, no artigo " Ethical Problems of Purchasing Managers"

(Problemas éticos de gerentes de compras), cita respostas de vários gerentes de compras.

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Devo confessar que, quando em atividade profissional, não dei a meus compradores os

problemas de números 4 a 10. Aliás, os últimos seis são considerados pela Harvard Business

Review como pouco relevantes.

A seguir o código de ética da Associação Internacional de Compras e Administração de

Material traduzido:

A Associação Brasileira de Administração de Material, que lamentavelmente não existe

mais, publicou há alguns anos um folheto discriminando o "Padrão de Ética do Profissional da

Administração de Material".

Verifica-se, todavia, que sete das nove normas tratam direta ou indiretamente de suborno:

- considerar primeiramente os interesses da empresa em que trabalha (de fato, sua empresa

paga comissão a mais, que deveria ser abatida do preço como desconto);

- manter respeito e dignidade;

- obter a maximização da relação custo-benefício;

- denunciar todas as formas e manifestações de suborno;

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- manter-se receptivo a todos aqueles que o procurarem em missão legítima (evidentemente,

você dá ao subornador um pedido em detrimento de outro, talvez mais competitivo);

- observar suas obrigações;

- evitar e reprimir negócios escusos.

Por que tanta ênfase à corrupção? Talvez porque se tome por base as declarações de Júlio de

Mesquita Neto: "A mais grave crise do Brasil atual é oriunda da corrupção institucionalizada.

Não há dúvida de que a falta de moral é a raiz das crises econômicas e políticas.

Vejamos alguns exemplos de códigos de ética de compras no exterior.

Os dez mandamentos da alemã Bundesverband Material-wirtschaft und Einkauf- BME são

similares aos da Associação Brasileira de Administração de Material -ABAM.

A Purchasing Manegment Association of Canada - PMAC submete os casos de membros

acusados de terem violado seu código de ética a um comitê disciplinar designado pela diretoria.

Q.\1ando um caso é comprovado, o membro faltoso pode, dependendo das circunstâncias e da

gravidade da acusação, ser repreendid!:>, suspenso ou expulso da associação. Os detalhes dos casos

em que membros são descobertos violando o código de ética podem ser divulgados da maneira que

a diretoria julgar conveniente.

A National Association of Purchasing Manegment - NAPM dos Estados Unidos define que:

- Em nenhuma transação comercial deve-se aceitar suborno em forma de dinheiro ou outra

qualquer. Deve-se denunciar qualquer aliciamento, para se manter na vida comercial o máximo de

ética.

- Não se podem aceitar presentes dados com a intenção de conceder vantagem ao donatário

em detrimento de seu concorrente.

A Compagnie des Dirigeants d' Approvisionnements et Acheteurs de France -CDAF

considera que um cidadão infringe a honra profissional se é acusado de:

- Desvio ou tentativa de desvio das obrigações do profissional da administração de material.

- Recebimento de vantagens pela solicitação ou aceitação de dinheiro ou espécie.

O acusado deverá responder a um tribunal de honra.

A Associação Portuguesa de Compras e Aprovisionamento -APCA também exige que o

associado preste contas a um tribunal de honra, se for acusado de receber vantagens diretas ou

indiretas, solicitadas ou aceitas.

A Klabin, em seu livreto "Ao nosso amigo fornecedor", indica sua política de compras

referente à ética e à lealdade.

Suborno nas compras

A palavra suborno tem muitos sinônimos: peita, aliciamento, corrompimento, bola.

Em outras línguas suborno é bribe, palm-tickling, payola, Bestechung, corruption, venalité,

subornation, baksheesh, guandao, dash, chai, zawadi, etc.

Corruptores e corrompidos

Os corruptores, geralmente, são:

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PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

- O vendedor que enfrenta grande competição, sofre ociosidade na fábrica, está obtendo

poucos pedidos. Essa intenção de corromper é potencializada nos vendedores que ganham

comissão;

- o comprador de produtos escassos ou em falta no mercado, ou ainda sujeitos a cotas.

O próprio corruptor, após subornar com charme e um sorriso, considera o pagamento de

comissões supérfluo e passa a desprezar o venal prevaricador, que ganha rapidamente fama de

bolero no metier.

Só podemos sentir pena dos filhos desses desmoralizados, pois terão de carregar pelo resto

de suas vidas o nome que o pai sujou.

Os corrompidos são desonestos e gananciosos, gente mal paga ou em dificuldades

financeiras.

Pode ser alguém da cúpula da empresa que tenha autoridade sobre o departamento de

compras, o engenheiro ou o usuário do artigo a comprar, que faz uma guerra de atrito contra o

comprador, pedindo dados técnicos e fornecendo informações, capciosas, exaurindo e

desencorajando outras fontes até deixar apenas o fornecedor indicado por ele como viável para a

compra.

O comprador pode ser desonesto, muitas vezes mal remunerado, sentindo-se sem status ou

apreciação devida, por conseguinte sob uma forte tentação.

Um vendedor que pode aumentar uma cota ou conseguir o fornecimento de um artigo

tabelado, escasso ou em falta, ou ainda dizer que entregará o suborno ao comprador, mas ficar com

o dinheiro.

Pode ser o pagador, que somente libera o dinheiro já disponível mediante um suborno.

Os corruptos não têm orgulho pessoal, independência, honra profissional, ética.

O suborno, conforme estatísticas, é iniciado em 70% dos casos pelos corruptores.

O suborno consiste em:

- dinheiro vivo;

- cheque ao portador;

- crédito à firma fantasma, da qual o corrompido participa;

- leasing de carros em nome do corrompido. Geralmente, o contrato de leasing tem o mesmo

prazo do contrato feito com o corrompido;

- títulos e mensalidades de clubes caros;

- pagamento de viagens, eventualmente transoceânicas;

- pagamento de hotéis e férias;

- presentes de valores consideráveis, como automóveis, televisores, etc.

O suborno costuma ser insinuado de diversas formas.

A abordagem pode ser direta, sem comentários, com alegações às vezes hilariantes ou

argumentos pseudofilosóficos.

Mesmo em salas abertas, o vendedor consegue fazer alusões, algumas até engraçadas, como:

"Fizemos um sorteio entre nossos clientes mais simpáticos e você ganhou um título do Iate Clube,

que, aliás, também é freqüentado pelos nossos diretores."

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PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

Não há dúvida de que a aceitação de comissões, cheques ou dinheiro é corrupção. O povo

diz que esse dinheiro é sujo e quem o aceita mancha as mãos. "Se não forem honestos com o que é

dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?" (Lucas 16, 12).

Não temos estatísticas brasileiras, 'mas uma alemã e outra americana esclarecem um pouco o

caso. Na Alemanha, segundo a European Business School, os diretores mandam os seguintes

presentes:

O Instituto de Tecnologia de Il1inois (ITI) fez uma pesquisa entre 1.200 compradores norte-

americanos. Os entrevistados tinham as seguintes funções:

Dos entrevistados, 4% tomaram providências especiais em relação às firmas estrangeiras, e

25% nunca discutiram assuntos éticos.

Alguns departamentos de compras juntam todos os presentes recebidos e os distribuem

através de um jogo, como bingo, eliminando assim uma eventual influência.

Nos Estados Unidos, assim como na Alemanha, existem leis fiscais determinando o limite

legal para presentes publicitários, para evitar uma competição desleal, o que é uma boa orientação

para o valor das atenções aceitáveis.

Nos Estados Unidos esse valor é de US$ 20, na Alemanha de 25 euros. Os critérios, todavia,

são muito variados e cada empresa deve estabelecer os mais adequados para a sua cultura.

No entanto, deve existir apenas um padrão ético sem nenhuma ambigüidade. O vendedor

não pode distribuir DVD’s aos seus principais clientes, se o comprador somente puder aceitar

presentes como calendários.

De outro lado, a nossa meta deve ser a de transformar os fornecedores em amigos. Por

conseguinte, além dos contratos comerciais, encontros sociais são desejáveis.

Convites para almoços, jantares, visitas a fábricas são costumeiros e aceitáveis dentro dos

padrões que a empresa do comprador pode e deve retribuir.

Lembranças de pequeno valor, como brindes publicitários com o nome do fornecedor

impresso, como agendas, calendários, canetas, podem ser aceitas, assim como bebidas, desde que

consumíveis em pouco tempo.

O bom senso nos diz que nada deve ser aceito se causar uma situação em que nos sintamos

influenciados na tomada de uma decisão comercial, ou que leve outros a pensarem assim.

Não se aceitam presentes ,de fornecedores com os quais ainda não foram feitos negócios!

Exemplo, um fornecedor enviou-me uma televisão como brinde de Natal. Certamente, esse presente

não poderia influenciar qualquer decisão comercial, que normalmente era negociada pelo meu

gerente, mas como compradores ficamos numa situação delicada que poderia suscitar fofocas.

Dessa forma, sem melindrar o fornecedor, doei o aparelho à APAE de Telêmaco Borba, PR,

comunicando o fato ao fornecedor.

Prejuízos gerados pela corrupção

Se não tivermos os controles preconizados, quais os prejuízos que poderão advir para nossa

empresa? Um estudo da UCLA relata os custos adicionais de compras, gerados pela falta de

controle na pior situação imaginável nos Estados Unidos.

Por falta de sistemas internos de controle e auditoria, podemos prever, segundo o professor

Albert Haves, da Universidade da Calfórnia:

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Desvios e roubos de materiais e peças até 5%

Propinas e comissões de 3 a 8%

Devemos dizer claramente que as comissões no Brasil são, conforme vários exemplos, bem

mais altas. Uma fonte americana {Business International) indica: "Uma redução do desvio-padrão

do índice de corrupção provoca um aumento dos investimentos de 5% sobre o PIB e a elevação de

0,5% da taxa anual do crescimento do PIB per capita.

Mas tomemos a repercussão das compras na indústria de transformação nas seguintes bases:

- Média Brasil (Anuário IBGE pág. 311)

- Participação nas vendas do material 60% (59,07% arredondado)

- 500 Maiores-Exame

- Média últimos anos

- Lucro sobre vendas 3% (2.92% arredondados)

1. Situação base, conforme média-Brasil (faturamento sem ICM).

2. Aumento de 10% na produção e nas vendas, aumento de 33% no lucro (de 3 para 4).

3. Economia de 10% nas compras, aumento de 200% no lucro (de 3 para 9).

4. Aumento de 10% nas compras por suborno, diminuição de 6% no lucro (3 + 3) e de 3%

de prejuízo. Evidentemente o cálculo do interesse do leitor deveria serfeito com os números da sua

empresa. O que acontece se a norma ética é violada, segundo o Instituto de Tecnologia de lllinois?

58% = Demissão

8% = Suspensão, sçm pagamento

17% = Devolução do presente

17% = Admoestação

Nos Estados Unidos, a vergonha de aceitar subornos, se não for publicada por jornalistas

interessados, será veiculada pela firma prejudicada, em jornal especializado.

Conforme revista Purchasing: "O agente de compras, Kenneth J. Bryza, da International

Harvester Co., foi demitido e condenado à devolução do suborno de US$ 30 mil, mais multa de

US$ 5 mil, mais 17 dias de prisão e 2,5 anos de liberdade condicional."

0 comprador venal, George P. Antoon, da Sears Roebuck, (setor bicicletas), foi condenado a 2

anos de prisão, além da devolução do suborno (US$ 45 mil).

Concluindo

No nosso dia-a-dia não fazemos distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como

sinônimos. Mas os estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras. Assim, a

moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam

o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa. Enquanto a ética é

definida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar,

compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade. A ética é filosófica e

científica.

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“Nenhum homem é uma ilha”. Esta famosa frase do filósofo inglês Thomas Morus, ajuda-

nos a compreender que a vida humana é convívio. Para o ser humano viver é conviver. É justamente

na convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e se realiza enquanto

um ser moral e ético. É na relação com o outro que surgem os problemas e as indagações morais: o

que devo fazer? Como agir em determinada situação? Como comportar-me perante o outro? Diante

da corrupção e das injustiças, o que fazer?

Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações que nos colocam

problemas morais. São problemas práticos e concretos da nossa vida em sociedade, ou seja,

problemas que dizem respeito às nossas decisões, escolhas, ações e comportamentos - os quais

exigem uma avaliação, um julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado

bom ou mau, justo ou injusto, certo ou errado, pela moral vigente.

O problema é que não costumamos refletir e buscar os “porquês” de nossas escolhas, dos

comportamentos, dos valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e da tradição, tendendo à

naturalizar a realidade social, política, econômica e cultural. Com isto, perdemos nossa capacidade

critica diante da realidade. Em outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a

crítica, nem buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.

No Brasil, encontramos vários exemplos para o que afirmamos acima. Historicamente

marcada pelas injustiças sócio-econômicas, pelo preconceito racial e sexual, pela exploração da

mão-de-obra infantil, pelo “jeitinho” e a “lei de Gerson”, etc, etc. A realidade brasileira nos coloca

diante de problemas éticos bastante sérios. Contudo, já estamos por demais acostumados com

nossas misérias de toda ordem.

Naturalizamos a injustiça e consideramos normal conviver lado a lado as mançôes e os

barracos, as crianças e os mendigos nas ruas; achamos inteligente e esperto levar e os mendigos nas

ruas; achamos inteligente e esperto levar vantagem em tudo e tendemos a considerar como sendo

etário quem procura ser honesto. Na vida pública, exemplos é o que não faltam na nossa história

recente: «anões do orçamento”, impeachment de presidente por corrupção, compras de

parlamentares para a reeleição, os medicamentos "b o", máfia do crime organizado, desvio do

Fundef, etc. etc.

Não sem motivos fala-se numa crise ética, já que tal realidade não pode ser reduzida tão

somente ao campo político-econômico. Envolve questões de valor, de convivência, de consciência,

de justiça. Envolve vidas humanas. Onde há vida humana em jogo, impõem-se necessariamente um

problema ético. O homem, enquanto ser ético, enxerga o seu semelhante, não lhe é indiferente. O

apelo que o outro me lança é de ser tratado como gente e não como coisa ou bicho. Neste sentido, a

Ética vem denunciar toda realidade onde o ser humano é coisificado e animalizado, ou seja, onde o

ser humano concreto é desrespeitado na sua condição humana.

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Referência:

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1992,1994.

BLANCHARD, Kenneth. O Poder da administração ética. Rio de Janeiro, 1988.

ENCICLOPÉDIA DIGITAL DIREITOS HUMANOS. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/

direitos/ codetica/textos/oque_e_etica.html. Acessado em: 14 de fev. de 2007.

FRANKENA, William K. Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

KREMER, Angele. A ética. Campinas: Papiros, 1989.

LIONS, David. As regras morais e a ética. São Paulo: Papiros, 1984.

NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 1993.

OS PENSADORES (dos pré-socráticos até Veblen I -XL). São Paulo: Editora Abril, 1973.

RUSSEL, Bertrand. Ética e política na sociedade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

STUKART, Herbert Lowe. Ética e Corrupção. São Paulo: Nobel, 2003.

TEIXElRA, Nelson Gomes. A ética no mundo da empresa. São Paulo: Pioneira,1991.

VALLS, Alvaro L. M. O que é ética. São Paulo: Editora Brasiliense, 2001.

VAZQUES, Adolfo S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1992.

É ÓBVIA A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES NO TRABALHO?

Por Elizabeth Zamerul

Tem-se falado muito da importância da competência em relacionamento interpessoal na

organização para a liderança ética, motivadora, eficaz e sobre equipes sinérgicas. Tudo isso para

melhorar os resultados da organização e torná-la mais competitiva.

O discurso parece lógico e geralmente vem alicerçado por inúmeros argumentos

aparentemente irrefutáveis. Portanto, a expectativa seria de que os livros editados na área, os

treinamentos, as discussões acaloradas em congressos, os seminários e inúmeras outras ações nesse

sentido seriam elementos provocadores de mudanças culturais e sociais significativas. Mas, isso não

é o que se vê na prática da maioria das organizações.

Há poucos dias, eu conversava sobre esse tema e alguém perguntou: “o que ocorre com os

relacionamentos organizacionais, que pouco evoluem para serem saudáveis e maduros?” Essa

pergunta gerou algumas reflexões as quais quero partilhar com você.

Das empresas que não respeitam as leis básicas da responsabilidade social no seu ambiente

interno, boa parte continua muito lucrativa e entre as melhores do setor que representa. Por que os

executivos e líderes dessas empresas se esforçariam para mudar comportamentos, se os resultados

finais estão bons? Nada conscientiza e provoca mais mudanças do que a experiência, isto é, a

prática não assusta, portanto, não gera reflexão ou alarme.

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Pode ser que os mais atentos, aqui ou ali, percebam sinais de que esta falta de atenção para

com os relacionamentos indique riscos futuros, mas “o time está ganhando”, e embora isso não seja

sinal de que continuará nesse sentido, o ditado que afirma que “em time que está ganhando não se

mexe” ainda é uma crença profundamente enraizada nas mentes empresariais.

Outra questão relevante é levantada pela Dra. Betania Tanure, no seu livro Estratégia e

Gestão Empresarial, quando afirma que os mais altos líderes das organizações não têm o devido

senso de urgência da necessidade de mudar estas relações, por isso não estão convictos e

apaixonados pelas mudanças. Então, não podem liderá-las em suas organizações.

Neste contexto de resultados aparentemente razoáveis ela explica que o baixo desempenho

da empresa acaba se tornando satisfatório, mesmo que tantos estudiosos afirmem que os resultados

poderiam melhorar muito, se certas mudanças ocorressem.

Outro fator importante nesta análise é a forte tendência cultural ao imediatismo em que

vivemos. A maioria das pessoas parece entender o conceito de visão sistêmica como a “capacidade

de ver a floresta, além das árvores”, ou seja, as conexões atuais do sistema. Mas, esta percepção é

apenas parte do conceito.

Outro aspecto fundamental é a capacidade de perceber esta complexidade também no tempo,

por meio da análise de causas, ações atuais e suas conseqüências para um futuro próximo e distante.

Analisando os relacionamentos na empresa sob o prisma do imediatismo, geralmente se esquece de

observar o caminho evolutivo percorrido.

Dessa forma, não há porque se preocupar. Porém, um olhar mais sistêmico notará que a

evolução da percepção que o indivíduo tem do seu próprio poder e do seu grupo e suas decorrentes

exigências vêm crescendo em progressão geométrica. Vale a pena fazer um passeio histórico e

lembrar as mudanças ocorridas nas várias camadas sociais no último século, como o surgimento dos

sindicatos, as greves, as nações que se tornaram independentes, as mudanças no universo feminino,

as ações crescentes dos consumidores, ou, como informou o jornal Folha de São Paulo de

02/07/2006, referindo-se à Cia. Chubb de Seguros.

Segundo a matéria, nos seis primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período em

2005, houve um aumento de 21% sobre as indenizações por assédio moral dos executivos.

Uma outra situação que corrobora a dificuldade de melhorar os relacionamentos

interpessoais é o fato de que isso depende de autoconhecimento e autogerenciamento, ou do que

Peter Senge chamou, há pelo menos 16 anos, de Domínio Pessoal, como sendo a disciplina do

crescimento e aprendizado pessoais para criar os resultados desejados na vida.

Quantos líderes e executivos estão ocupados em desenvolver esta competência? Quantos

têm noção clara de seus modelos mentais e conseguem mudá-los, quando importante? Quantos,

diante de realidades estressantes, se mostram mais criativos do que reativos?

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Outra questão é que, sem dúvida, mudar dá trabalho. Quem já se propôs a mudar hábitos

notou que há inimigos ocultos e fortes, quase imbatíveis. O dia-a-dia pleno de demandas urgentes e

exigências de resultados, as forças inconscientes, com condicionamentos anteriores, ávidos por lhe

protegerem contra riscos e quem sabe de outros fantasmas... Tudo isso parece atuar, às vezes, com

muito mais convicção do que possui aquele que se esforça para alcançar novos níveis de

autodesenvolvimento. E, quando alguém mal percebe, já se passaram mais alguns meses ou anos,

sem que nenhuma mudança tenha acontecido.

Propósitos são facilmente esquecidos; a conscientização se esvai como a areia corre com o

vento; não se sabe porque, tudo continua como antes. É bom esclarecer que mudar exige

planejamento, administração do tempo e de outros recursos, ações que reforcem a intenção

continuamente e um nível de atenção maior, muito mais constante do que as pessoas costumam usar

para as tarefas habituais.

Nesta análise, algo me parece da maior importância: os que se sentem lesados nos

relacionamentos organizacionais devem se conscientizar de que eles próprios são coniventes, ou

seja, contribuem ativamente ou por omissão, para este processo. No nosso contexto cultural, boa

parte das pessoas ainda não “exige” ser bem tratada, com igualdade, justiça, respeito e qualidade de

atenção adequada.

Muitas pessoas justificam e ainda acham “normal” ser destratadas ou desqualificadas por um

chefe, um colega, pelas instituições, ou receberem um nível de atenção irrisório e continuar fazendo

a sua parte, ou seja, se esforçando para gerar os melhores resultados para a empresa. Estas pessoas

não percebem que esta base de comportamento, de uma parte e da outra, gera um “contrato de

relacionamento”. Conseqüentemente, a evolução desta relação, diante do estresse ou de situações

mais críticas, leva a mais hostilidade e desqualificação. Assim se constroem relacionamentos

disfuncionais, com a participação dos dois lados.

E, como se não bastassem estas causas, na nossa cultura infelizmente ainda existe o hábito

de, primeiramente sofrer a perda, para depois pensar na prevenção.

Não pretendo, com estas reflexões, esgotar os motivos de não se dar à devida importância à

construção de mais relações saudáveis no trabalho. Contudo, acredito que vale a pena esforçar-se

para compreender este tema em maior profundidade, porque é um desejo de muitos e um direito que

pode ser conquistado por todos os que compreendem realmente os inúmeros benefícios que trazem

à organização como um todo. Além disso, mantenho a esperança de que as organizações e seus

profissionais despertem logo deste “subdesempenho satisfatório” para a excelência.

* Artigo da Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra, escritora, consultora em RH,

especialista em Coaching Empresarial e Relações Organizacionais.

ZAMERUL, Elizabeth. É óbvia a importância das relações no trabalho? Disponível

em:http://www.artigos.com. Acessado em: 14 de fev. de 2007.

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A ÉTICA COMO PREMISSA PARA NEGÓCIOS DURADOUROS

Autor: Carolina Sanchez Miranda

Empresas se conscientizam da importância da adoção de boas condutas. O cenário político torna oportuna a discussão

sobre ética nas empresas. Afinal, foram instituições privadas que viabilizaram o esquema de corrupção envolvendo o

governo. Mas a discussão não é nova. Algumas companhias já compreenderam que a ética é a base para a construção de

relações duradouras e adotaram o conceito de "empresa válida", desenvolvido pela Escola de Marketing Industrial há 16

anos. Nesse sentido, uma iniciativa que também vem sendo adotada é a criação de códigos de ética.

"É da iniciativa privada que deve partir a tentativa de mudar esse estado de coisas", afirma Nelson Moschetti, advogado

sociólogo e diretor de RH da RCS Auditoria e Consultoria. "Devemos entender a ética como uma extensão das relações

entre empregadores, empregados e colaboradores. De nada adianta ao empresário estabelecer o compromisso de

responsabilidade social e ambiental para o mercado se no seu próprio umbigo a ética não é aplicada", continua

Moschetti.

Mas colocar em prática o conceito de ética nas relações corporativas não é uma tarefa simples. Moschetti ilustra a

situação usando como exemplo a simulação de um comitê de ética promovido pela Dow Brasil na América Latina. "A

iniciativa envolveu 250 pessoas que tiveram de responder sigilosamente a questões definidas como dilemas éticos",

conta.

O estudo apontou que: 36% dos pesquisados fechariam contrato com um amigo do gerente que ofereceu um preço

menor por meio de concorrência desleal, 33% não agiriam se vissem um funcionário ser favorecido por uma relação

afetiva mais próxima com seu supervisor e, 90%, liberariam uma informação confidencial a um amigo para protegê-lo

ou beneficiá-lo.

Se há dificuldade em se exigir um comportamento ético por parte dos funcionários, isso é ainda mais difícil de ser

incorporado pelas organizações, principalmente para aquelas que têm como missão a obtenção de lucro. "O lucro deve

ser a premissa de um negócio, não seu objetivo. É como o oxigênio para nós. Precisamos dele para viver, mas respirar

não é nosso objetivo de vida", ilustra José Carlos Teixeira Moreira, o presidente da Escola de Marketing Industrial.

"A ética, assim como o lucro, deve ser uma premissa para as organizações porque tem como compromisso o progresso",

complementa. É essa idéia que norteia o conceito de empresa válida, desenvolvido a partir da observação do modelo de

gestão usado pelas empresas mais admiradas no mundo. A empresa válida não atua apenas como um agente econômico,

mas como um agente do desenvolvimento social e criação de riquezas. Isto significa preservar o patrimônio interno e

externo, estar continuamente preocupada em criar utilidades para a satisfação de seus clientes; manter e desenvolver

seus patrimônios humano, cultural, tecnológico, econômico e material.

Além disso, a empresa válida constrói uma cadeia de valor, faz coisas genuínas e autênticas, cria prosperidade entre

todos os agentes da cadeia produtiva e estabelece relações significativas. Isto tudo corresponde à responsabilidade

social da empresa, para a qual isto é uma decorrência natural da sua atividade econômica.

"Exemplos patentes de escândalos corporativos ocorridos recentemente comprovam que uma atitude ética é

fundamental para a vida e a continuação das empresas, independente de seu tamanho e de sua posição no mercado", diz

Geraldo Barbosa, presidente da Becton, Dickinson and Company (BD) para o Brasil e para a América do Sul.

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"Além disso, a sociedade espera um comportamento ético das companhias. Honestidade, confiança e integridade trazem

a lealdade dos clientes", complementa. A empresa possui um código de ética em todos os países nos quais atua tanto

para orientar a conduta dos funcionários no relacionamento com as equipes, quanto com os fornecedores e outros

associados.

"Cada decisão de negócio contém um componente ético. Por isso, todos, independentemente da posição que ocupam,

devem saber o que é esperado deles no que diz respeito à ética", explica Barbosa. Ele conta que, para consolidar a

incorporação do código, a companhia também promove workshops.

Outra empresa que implementou um código de ética em nível mundial foi a Sandvik. Segundo Francisco Dannibale,

gerente de recursos humanos da empresa, os gestores e funcionários adquiriram maior consciência em relação ao

comportamento ético adotado diariamente dentro ou fora da companhia. "Eles desenvolveram uma visão mais apurada

sobre preconceitos, direitos, meio ambiente, etc."

A adoção de códigos de ética, no entanto, é criticada quando imposta. Maria Cecília Coutinho de Arruda, coordenadora

do Centro de Estudo de Ética nas Organizações da FGV-EASP afirma que algumas empresas elaboram e implementam

códigos de ética sem consultar os funcionários. "Mas defendemos que toda organização seja envolvida no processo",

ressalta. A instituição oferece cursos "in company" e consultoria para companhias que desejam incentivar condutas

éticas. Além disso, lança, este mês, um curso de curta duração no programa GVpec sobre "Ética Empresarial".

Quem coordena o programa é a própria Maria Cecília. "Apesar de ter sido lançado em um momento em que o cenário

político coloca o assunto em pauta, o curso é fruto de uma demanda de anos", explica. O objetivo é auxiliar

profissionais em nível gerencial a compreender o conceito de ética empresarial, em dois dias, 21 e 22 de outubro.

"A partir da compreensão do conceito, o aluno será levado a refletir sobre como construir um clima ético na empresa e

receberá orientações sobre como elaborar um código de ética ou outro documento formal para apoiar a adoção de uma

nova conduta", explica Maria Cecília. De acordo com a professora, a aplicação de comportamentos éticos também será

analisada no contexto da governança corporativa.

"Muitas vezes a meta imposta pela direção da empresa impede que os executivos ajam eticamente", esclarece. O lobby

também entrará em pauta na sala de aula. "Vamos falar sobre o uso ético desse recurso", diz. Outra assunto em

discussão será o uso indevido de ferramentas e informações da empresa.

COMO DIRIGIR UMA EMPRESA VÁLIDA

São oito os princípios e conceitos aos quais um executivo deve estar atento.

1) Criar produtos de valor (utilidades).

2) Criar e manter clientes satisfeitos.

3) Promover a capacidade de evolução deliberada.

4) Atrair, desenvolver e manter talentos.

5) Construir e manter relações significativas.

6) Usar os recursos produtivamente.

7) Praticar princípios de conduta aceitos pela sociedade.

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8) Obter um lucro admirável e merecido perante a sociedade.

GAZETA MERCANTIL. Disponível em: http://www.sebrae-sc.com.br/newart/?materia=10438. Acessado

em: 15 de out. de 2010.

COMO ESTÁ A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES?

Muito se fala sobre ética em nossos tempos, especialmente no campo organizacional,

mas de fato se observa que muitas das vezes, funciona mais como um jargão do que uma prática

realística.

O que nós assistimos, agora, no mundo inteiro e também no Brasil, é um anseio popular

de mudanças e renovações de certos valores ditos como éticos e morais, diante de atitudes e

comportamentos em todas as áreas da vida pública e privada, como a violência, a corrupção, a

competição desleal, a dominação de uma nação pela outra, e mais, a falta de respeito às leis da

natureza.

Com as atribulações sociais e um relacionamento baseado em interesses, é difícil

viabilizar, no dia-a-dia, a verdadeira dimensão da ética, que pode libertar os homens das amarras de

suas repressões e recalques inconscientes sem prejudicar os outros.

O comportamento humano é reflexo dos valores que lhe foram transmitidos e nem

sempre coincidem com os seus próprios juízos de valores, na hora de praticar um ato, de tomar

decisões, ou até na forma de pensar.

A consciência moral inata serve como filtradora e orientadora de nossas ações; ter essa

consciência nas implicações das pulsões e desejos de um lado, usar a sua própria vontade para

tomar decisões, é o ponto de equilíbrio da ética.

Como está a ética nas organizações?

Há ética nos negócios? O capitalismo, ao produzir riquezas, também produz

desonestidade e corrupção?

Essas são perguntas que se faz?

A busca pelo interesse próprio move os homens desde os primórdios das civilizações.

Os americanos descobriram que alguns dos melhores executivos já formados na História cresceram

envolvidos em fraudes. No passado, o jogo do dinheiro era coisa de magnatas. Hoje, com a

globalização, há milhares de pequenos investidores interessados em defender interesses próprios.

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A partir da fraude da Enron, a famosa escola de negócios, Harvard Business School,

introduziu um questionário de ética na seleção de candidatos ao curso MBA. Após a aprovação, o

estudante aprovado deve ser entrevistado individualmente. Essa é uma significativa mudança em

critérios de seleção adotada por uma das mais conceituadas universidades de nosso planeta, que

acredita que o respeito ético, mais que isso, a consciência ética é tão importante que não possa ser

desconsiderada.

É preciso resgatar posturas que dêem possibilidades ao desenvolvimento de relações

éticas. Uma organização somente pode se considerar ética a partir do momento que adotar

comportamentos éticos em todos os tipos de relacionamentos que mantém: sócios, cliente,

fornecedor, equipe de trabalho, etc. Mas não é só isso; a ética deve estar presente também na

estratégia dos negócios, nos valores adotados e, em um segmento mais amplo, na responsabilidade

pública e social, no respeito à sociedade, à cidadania e ao país. Movimentos deste tipo fazem com

que a sociedade como um todo se veja beneficiada e caminhe para um mundo melhor.

O primeiro e mais importante passo a ser dado para que se obtenha o resgate almejado

da ética nas organizações é investir na educação. É preciso investir continuamente no

desenvolvimento dos colaboradores nas empresas. Incentivar o desenvolvimento de mecanismos

que possibilitem maior motivação e satisfação dos funcionários com seus empregos.

A excelência na gestão terá de primar por um teor de translucidez. A vitória da

transparência sobre a manipulação é mais uma exigência, dentre outras, a ser administrada pelo

executivo ético.

Estudos demonstram que quando as pessoas trabalham em uma instituição em que a

fidelidade se faz presente em seu dia-a-dia, que a justiça reveste sua rotina de trabalho, que há

valores fortes presente, tais pessoas trabalham em um nível mais elevado. Uma falha ética faz com

que o empreendedor perca o cliente, perca sua boa reputação no mercado, e mais, perca a

credibilidade de seus recursos humanos.

O cliente deseja empatia, unicidade, confiabilidade, atenção, cortesia e ética para

melhorar seu índice de fidelidade. São coisas óbvias e ululantes, porém ainda existem pessoas que

fazem questão de não segui-la!

O ser humano possui sabedoria necessária para usar a sua capacidade interna,

empreender e realizar tudo aquilo que engrandece o homem. Discutir, com coragem e sem

hesitação, os valores éticos e morais existentes e depois de sua avaliação honesta, e com

discernimento em prol das mudanças favoráveis da renovação é muito salutar e relevante.

O mercado tem sido cada vez mais exigente quanto às atitudes empresariais adotadas. O

êxito de uma empresa ou seu insucesso está diretamente lincado às práticas éticas.

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Disciplina: Ética Empresarial e Responsabilidade Social

PROFESSOR: MSc. BERGAS, Orivaldo Peres.

Concluindo, os verdadeiros princípios da vida, o conhecimento e a sabedoria

conscientizados provocarão, no ser humano, um crescimento ético, moral, psíquico e espiritual e o

levarão a realizar, com satisfação e alegria, a sua missão!

Roberto Guimarães Alfieri Disponível

em:http://www.anefac.com.br/m5.asp?cod_noticia=375&cod_pagina=898. Acessado em: 23 de out.

de 2010.

ÉTICA EMPRESARIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Francisco Gomes de Matos

Consultor de Estratégia Empresarial

É certo ligar o sucesso ou fracasso de uma organização ao seu comportamento ético?

Tenho convicção de que sim! Ser ético, hoje, não é mais uma opção. Para pessoas e organizações,

é questão de sobrevivência. Com a velocidade com que se processam as transformações, há

necessidade de valores internalizados para que haja alinhamento no momento das decisões, que

exigem rapidez. Hoje não se pode avaliar uma empresa com os padrões tangíveis de ontem, pois

referenciais intangíveis, como marca, imagem, prestígio e confiabilidade, decidem a preferência e

garantem a continuidade.

A ética ganha respeitabilidade como forte diferencial de qualidade e conceito público,

mas será que já se formou a consciência ética no comando das organizações?

Algumas questões básicas precisam ser devidamente equacionadas para um melhor

entendimento sobre a eficácia da ética nos negócios. A ética é determinada pela cultura?

Numa tribo de canibais, é ético comer o semelhante. Por ser lei, é ético? Por ser

costume, é ético? Justifica-se uma "ética de conveniência"?

O discurso ético e a prática das organizações fazem lembrar o axioma popular: de

boas intenções o inferno está cheio.

No entanto, julgo estarmos vivendo um momento importante de renascimento moral,

no esboçar de uma nova conscientização. Nesse sentido, as boas intenções são válidas como

início de processo.

A conscientização tem esse mérito: provoca desconforto com relação às situações

negativas vigentes. É imprescindível, todavia, que existam alternativas concretas, atitudes e

comportamentos que denotem mudanças significativas. Surge daí o compromisso das lideranças.

Como caracterizar a consciência ética?

Impossível a vida em sociedade e a continuidade de um grupo sem estrutura ética, ou

seja, de valores, princípios, limites, respeito à pessoa, sentido de bem comum.

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Para tanto, é preciso distinguir:

Predisposição Ética que se refere a sensibilidade social, a percepção de valor, a

relevância do bem moral e a

Consciência Ética que corresponde a capacidade de avaliar e julgar.

A falta de predisposição ética está na indiferença e no fastio quanto ao

comprometimento dos preceitos morais e as restrições que afrontam os bons costumes.

Hoje, as empresas em ritmo crescente introduzem programas de responsabilidade

social. Houve acréscimo real na predisposição ética?

E quanto à conscientização ética, que é o passo além, referente à compreensão e

decisão em Ser Ético?

Exemplo de insensibilidade ética está no descomprometimento e desconscientização

da mídia televisiva promovendo programas totalmente deseducativos, verdadeiros lixos morais,

como:

exploração patológica do grotesco e do monstruoso

exploração da criança em entrevistas e exibições maliciosas

vocabulário chulo e pornográfico

exibição de anormalidades sexuais e licenciosidades de todo tipo.

Tudo é permitido e bem patrocinado por empresas, cujo critério é o nível de

audiência. Será que o poder econômico está isento da ética?

Traços Culturais

Há traços culturais em nossa realidade organizacional que exigem substancial revisão:

Autoritarismo - concentração do poder, a dominação, a tendência à fragmentação [ilhas

de poder nas organizações]

Paternalismo - corrupção do poder, privilégios, assistencialismo opressor.

Individualismo - competição predatória, egoísmo, falta de visão social.

Consumismo - possessividade, canibalismo social, a ânsia de possuir sempre mais.

Subjacente a essas manifestações egocêntricas está a desvalorização humana,

justificando manipulações tecnocráticas, tipo senhor/escravo, casa grande e senzala, que hoje

ganham colorações novas, mas que intrinsecamente revelam uma mesma realidade. Daí a

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mudança ética tem que ser organizacional, passando pela revisão dos valores culturais. O foco

deve ser o homem, em dignidade e oportunidades. O homem em equipes inteligentes, integrado e

interagindo.

A consciência ética resulta dessa sinergia. O homem não subsiste sozinho. Sem a

equipe, sem o outro, torna-se uma abstração social, manipulável e excluído.

É a ética da solidariedade que dá sustentação a uma equipe e a torna indestrutível.

Não há vida social autêntica sem fundamentação ética.

Todo trabalho de conversão pessoal precisa estar apoiado por uma estrutura cultural

adequada, sem o que as "recaídas" serão fatais. Vale aqui, como ilustração, o fato histórico

envolvendo o Padre Anchieta e o terrível chefe canibal Cunhambeibe, que se tornara o maior

desafio ao santo evangelizador. Afinal, depois de várias tentativas, o extraordinário jesuíta

imaginou ter conseguido seu intento: converter a tribo ao cristianismo. Mas só por algum tempo,

pois, não tendo internalizado nos indígenas o valor da abstinência de carne humana, logo a

antropofagia ressurgiu com toda a força.

Trabalhar a cultura das organizações é fundamental para que as pessoas possam se

converter autenticamente. O treinamento convencional, ministrado nas empresas, sem que a

cultura se transforme, significa "rios de dinheiro" jogados fora. Com a agravante de reforçarem o

sentimento de frustração e negativismo. Criam a convicção: "é muito bonito, mas não funciona".

A ética pressupõe:

Liberdade - numa "cultura de escravos", não há ética que resista.

Dignidade/Responsabilidade - sem que se valorize o homem, abrindo espaços à sua

participação criativa, é inútil pensar na ética.

Igualdade de Oportunidades - o estabelecimento de privilégios, decorrentes de

indefinições políticas e preferências, inviabiliza qualquer intenção ética.

Direitos Humanos - sem que se regulem, com precisão e clareza, direitos e obrigações,

que consultem o bem comum, ser ético torna-se um milagre que, graças a Deus, ainda

existe.

Ser competente envolve ser ético. Você quer, para sua empresa ou relacionamento

pessoal, um indivíduo extremamente competente, mas sem ética? Profissionais competentes e

aéticos freqüentemente ganham negócios... e perdem a empresa. É o oportunismo -

aventureirismo - que mata a oportunidade. Realizam o "feito memorável", que não resiste ao

desafio seguinte, pois não se respaldam em credibilidade.

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A visão imediatista é anti-ética, pois não respeita valores. Vale tudo para obter

resultados: o concorrente tem que ser eliminado,. o cliente tem que ser "encantado " a qualquer

preço. Esses valores estão fortemente expressos no inconsciente do marketing massificado. Daí os

apelos publicitários que se veiculam na mídia e as concessões à popularidade, na subversão dos

valores transmitidos em novelas e programas sensacionalistas. Embarca-se na onda do ganho fácil

até o naufrágio inevitável. Que ocorre, sem que se aprenda, por inconsciência ética.

A educação ética - certamente um pleonasmo, pois ambas são intrínsecas, senão

tornam-se excludentes - é condição imprescindível ao processo de renovação e de continuidade

civilizatória.

Ética do Lucro

É condição à perpetuidade da empresa a ética do lucro, para que não viva as

contradições que atormentam seu espírito e a levam a toda sorte de equívocos operacionais.

O lucro - fator de sobrevivência na dinâmica do modelo capitalista - é, em geral, um

valor mal resolvido, pois não claramente equacionado sob o ponto de vista ético.

A Ética do Lucro importa em que se contemplem quatro condições essenciais:

Empresa - reinvestimentos que assegurem a sobrevivência e o seu desenvolvimento

[Renovação Contínua].

Capital - justa remuneração aos investidores, que bancaram o risco[Retribuição

Societária].

Trabalho - remuneração, com justiça, aos agentes produtivos[Salário Justo].

Comunidade - retribuição à sociedade pelo sucesso do empreendimento [Solidariedade

Social].

A visão sobre a Ética do Lucro significa limpar a consciência empresarial da confusão

de conceitos e práticas distorcidas, responsáveis pelo fracasso em seus posicionamentos. O

conceito público tende a se deteriorar quando não há convicção firme sobre a missão da empresa.

E o lucro é a parte sensível do iceberg organizacional.

A função da empresa, seu objetivo essencial, não é o lucro, mas prestar serviços.

Existe empresa, pois existe demanda: clientes que têm necessidades a serem satisfeitas.

Para isso surge a empresa e a qualidade em servir é a sua responsabilidade básica.

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O lucro é objetivo dos negócios, que a empresa desenvolve para realizar sua missão

de servir ao cliente. O lucro é exatamente isso: remuneração pelos serviços prestados.

É importante que essa distinção seja clara, pois suas distorções são evidentes no

mercado. Muitos são os empresários que praticam o discurso radical: "o objetivo de nossa

empresa é lucrar". Com isso induzem ao "vale tudo pelo lucro" Este conceito introduz-se no

espírito do empregado e torna-se princípio de cultura, e a ética vai para o arquivo morto,

desenterrada em momentos de festa, em arroubos oratórios. Mas os tempos estão mudando.

Ética dá lucro?

Afirmo que sim, pois o bom conceito traduz-se em confiabilidade, e esta é

fundamental para efetivar negócios.

Vou querer trabalhar com pessoas e produtos não confiáveis?

Vou me arriscar a estabelecer vínculos com empreendimentos duvidosos?

- Certamente não, se tenho bom senso.

O lucro, em geral, ganha força e significado puramente financeira. Essa é uma visão

estreita que não contempla a riqueza social e psicológica do resultado positivo, como indicador de

saúde institucional.

O lucro, em sentido maior, referenda o projeto coletivo vitorioso, compartilhado,

mutuamente usufruído como bem comum. É a realização pessoal, onde está embutida a auto-

realização. Não estou falando de uma ideologia política meramente socializante, mas de

humanismo e cristianização da sociedade empresarial.

A obsessão pelo lucro acaba por gerar o não-lucro, pois desgasta parceiros e inibe

clientes, donde dificilmente a Ética sai imune.

O lucro é motivação para o empregado?

O lucro, imprescindível para a continuidade da empresa, não é necessariamente um

motivador forte para o empregado, mesmo quando ele participa formalmente dos resultados. Fica

sempre, no inconsciente das pessoas, a suspeita de que os verdadeiros beneficiários são "eles" e

não "nós"

Mesmo porque há um sentido utilitarista desenvolvido que condicionou as pessoas a

pensar: - "o que eu ganho com isso?"

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Quando a perspectiva de retribuição é dinheiro, sua aceitação é sempre restritiva.

Jamais alguém vai achar que está sendo remunerado à altura, fica sempre o sentimento de que se é

explorado.

O que motiva as pessoas é saber que estão comprometidas com um projeto de vida. O

que engaja vontades e inteligências são valores, sentimentos e idéias. Preservados esses, o ganho

financeiro faz sentido como estímulo positivo. Não é mais a "compensação à vamperização" a

que se sujeitam, na percepção distorcida do trabalho como "meio de morte", compelidas a

empenhar a saúde e a alma na conquista da remuneração. A materialidade dessa constatação é

frequentemente camuflada pela teatralidade das mordomias e dos altos ganhos.

Assisti um empresário afirmar para um alto executivo: -"você, aqui, vai ganhar muito

dinheiro, mas terá que deixar seu sangue" e eu pensei: sua alma, também.

Ética Aplicada

A prática da ética nas organizações vem se caracterizando por manifestações

concretas, dentre as quais destacamos:

Filosofia Empresarial - clara conceituação de missão, princípios e orientações.

Comitê de Ética - grupo definidor e de controle de políticas e estratégias.

Credos - divulgação das crenças institucionais para funcionários e clientes.

Códigos - coletânea de preceitos sobre comportamentos.

Ombudsman - ouvidores ao alcance dos clientes para atenderem aos seus reclamos .

Auditorias Éticas - avaliações periódicas sobre condutas empresariais.

Linhas Diretas - circuito aberto à críticas, reclamações e sugestões.

Programas Educacionais - aproximação da empresa com seus públicos através de

iniciativas que eduquem.

Balanço Social - divulgação dos investimentos da empresa em benefício do público

interno e da comunidade.

Para que essas práticas tenham um sentido verdadeiramente ético e co-

responsabilizador é vital que se apóiem na atitude dos dirigentes. Se as lideranças não

confirmarem a lógica da atitude, a lógica formal não garante a necessária credibilidade.

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Ser ético, como atitude na gestão, significa, em essência: reconhecer necessidades,

reconhecer o desempenho funcional, propiciar participação nos resultados, estimular o

compromisso social e favorecer a educação continuada.

Ser ético no comportamento de gestor significa: dar a informação relevante,

avaliar e fornecer feedback, abrir espaço à contribuição criativa, institucionalizar canais de

comunicação, delegar, delegar e delegar (pois além de instrumento eficaz de gestão, implica

dignificação do homem, pelo poder decisório), comemorar o sucesso e recompensar.

Tais práticas irão transformar a ambiência de trabalho numa cultura ética, na qual se

realiza a comunidade vivencial de aprendizagem, em que todos realizam função educativa, num

intercâmbio enriquecedor em que a solidariedade torna-se valor espontâneo. Aí há equipe, pois

exercita-se a liderança integrada.

Os desafios da era tecnológica exigem essa postura de liderança: todos são

potencialmente líderes, a serem motivados ao aprendizado contínuo.

Só assim a empresa responderá com eficácia aos múltiplos compromissos que fazem

de cada empregado um agente vivo da organização. Qualquer empregado, ao decidir, está

comprometendo a empresa como um todo. Caso não tenha consciência ética, está agravando o

conceito empresarial. E pondo a perder conquistas importantes.

A ética na era tecnológica é a estratégia para tolher males que vêm minando as

organizações, como:

Robotização social - a tecnologia condicionando o comportamento humano.

Sociedade estressada - pela velocidade acachapante, é exigido esforço redobrado

para acompanhar as exigências de rapidez nas decisões.

Desemprego e violência - o ganho obsessivo como meta sacrifica valores humanos e

gera o comportamento violento.

Empresa infeliz - o ambiente de insegurança e injustiças induz à competição

predatória e à cultura egocêntrica.

Infelicidade social - o caos reinante, quando falta a consciência ética, enfraquece o

espírito.

Tais indicadores negativos mostram a importância vital das empresas investirem em

seu conceito público, através de manifestações concretas de responsabilidade social.

Responsabilidade Social/ Voluntariado

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A Responsabilidade Social é uma exigência básica à atitude e ao comportamento

ético, através de práticas que demonstrem que a empresa possui uma alma, cuja preservação

implica solidariedade e compromisso social.

A imagem institucional é um bem que significa para a empresa a aceitação pública de

sua atuação e propostas. São seus ativos intangíveis, a força que garante sua perpetuidade.

Uma das linhas de ação empresariais mais significativas, nesse sentido, vem sendo o

Voluntariado, ou seja, a disposição dos empregados em se disponibilizarem à acões solidárias de

assistência.

Vem crescendo o apoio efetivo das empresas ao engajamento de suas equipes em

projetos e obras sociais. Isso é excelente, mas requer organização para que não se percam

esforços e motivações.

Recomendamos, para tanto, a formação de Clubes de Cidadania nas Empresas.

O Clube de Cidadania consiste em criar uma espécie de " ong interna"- grupo que se

organiza para o esforço integrado e coordenador das ações sociais. O Clube do Cidadão,

preservado em sua autonomia, deve ser estimulado e apoiado pela empresa.

Cabe ao Clube de Cidadania:

Estabelecer estratégias e programações sociais na empresa

Promover Campanhas Motivacionais ao Voluntariado

Cadastrar as adesões, planejar ações e as escalas de atendimento

Selecionar as obras sociais

Debater idéias, buscar soluções criativas

Avaliar resultados

Treinar voluntários

O Clube de Cidadania é um esforço concentrado e uma inteligente estratégia de

criação do espírito solidário na empresa, que certamente influenciará concretamente no trabalho

empresarial, em reforço ao sentido de equipe e a produtividade.

Concluindo

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Ética empresarial não é assunto para as horas vagas, é filosofia e prática de empresa.

Significa não ao individualismo e aos seus subprodutos: egocentrismo e corporativismo. Não ao

autoritarismo e suas subdivisões: o totalitarismo político, com a centralização do poder; o

totalitarismo organizacional, com o comportamento burocrático; o totalitarismo emocional, com o

paternalismo.

Ética é vida! Sem princípios éticos é inviável a organização social.

Ética Empresarial é a alma do negócio. È o que garante o conceito púbico e a

perpetuidade.

* Francisco Gomes de Matos é consultor de estratégia empresarial e vice-presidente

do Conselho Empresarial de Ética e Responsabilidade Social da Associação Comercial do Rio de

Janeiro

CERIS - Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais. Disponível em:

http://www.ceris.org.br/rse/_eticaempr.asp. Acessado em: 23 de out. de 2010.