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PO LI FO NI AS Polifonias é uma publicação de Leitura e Produção de Texto da Unilab. A coletânea reúne tex- tos do gênero da informação de domínio jornalístico, produzidos pelos alunos ao longo da disci- plina. As melhores produções foram selecionadas e compõem esta obra. Boa leitura! DICAS CRÔNICAS ARTIGOS ENTREVISTA REPORTAGEM RESENHA POEMAS

PO - Unilab · entendemos que as habilidades de leitura e escrita integram um conceito maior: o de letramento. No projeto de letramento, o que se quer é ajudar o educando a compreender

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POLIFONIAS

Polifonias é uma publicação de Leitura e Produção de Texto da Unilab. A coletânea reúne tex-tos do gênero da informação de domínio jornalístico, produzidos pelos alunos ao longo da disci-plina. As melhores produções foram selecionadas e compõem esta obra. Boa leitura!

DICASCRÔNICAS

ARTIGOSENTREVISTA

REPORTAGEMRESENHA

POEMAS

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DICAS

A LEITURA E A ESCRITA COMO FORMAS DE AGIR SOBRE O MUNDO - PG.03

EDITORIAL

CRÔNICAS

COMO TRABALHAR EM EQUIPE? - PG.06

COMO CONSEGUIR BOA CONVIVÊNCIA EM RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS? - PG.08

NASCER NO MACIÇO DE BATURITÉ, SER PARTE DE UMA UNIVERSIDADE INTERNACIONAL. - PG.11

NASCER NO MACIÇO DE BATURITÉ: ANTES E DEPOIS DA UNILAB - PG.13

CULTURA AFRO-BRASILEIRA: JUNÇÃO, NÃO SOBREPOSIÇÃO - PG.14

ARTIGOSUNILAB: A “REDENÇÃO” DO MACIÇO DE BATURITÉ - PG.16

A PESQUISA CIENTÍFICA NA GRADUAÇÃO: O INÍCIO DE UM LONGO CAMINHO - PG.18

AULAS NO PERÍODO NOTURNO: VANTAGENS E DESVANTAGENS - PG.20

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS HUMANAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS - PG.22

SIM, EU APOIO A CORRUPÇÃO - PG.24

ENTREVISTABRUNO OKOUDOWA - PG.27

REPORTAGEMO DIÁLOGO COMO FORMA DE INTEGRAÇÃO ENTRE CULTURAS - PG.32

RESENHASEMPRE AMIGOS: POR UMA NOVA PROPOSTA PEDAGÓGICA - PG.35

POEMAHEI DE VOLTAR - PG.38

ÍND

ICE

AMBROSIA - PG.39

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A LEITURA E A ESCRITA COMO FORMAS DE AGIR SOBRE O MUNDOUM PRECEITO À CONCRETIZAÇÃO DA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO DA UNILAB

As reflexões sobre o trabalho com a leitura e a escrita no âmbito escolar tendem a diagnosticar que, ainda hoje, muito do trabalho realizado com a leitura e a produção textual ignora a própria razão de ser dessas duas práticas sociais, a saber: interagir. A prática de uma escrita destituída de valor interacional, sem autoria e sem interlocução, transforma a escola no lugar social no qual se escreve para exercitação, para que o professor conceda apenas uma nota. Por sua vez, a prática de leitura centrada em habilidades mecânicas de decodificação e desvinculada das funções sociais da leitura (busca de informação, fruição estética, realização de tarefas etc.) transforma o ato de ler em algo acrítico, desmotivado e passivo, o que inviabiliza a construção dos sentidos, razão de ser do pro-cesso de compreensão.

O que fazer para que, na universidade, não repitamos o equívoco da educação básica quanto ao trabalho com a leitura e a escrita? Como ajudar os alunos a atingir (aprimorar) a proficiência lei-tora e escrita, habilitando-os, assim, à produção de textos autorais, funcionalmente diversificados, para leitores reais, socialmente relevantes, em suporte real? Aqui destacamos que, embora esse trabalho com as linguagens seja tarefa, em primeira instância, destinada a professores de Língua, entendemos que as habilidades de leitura e escrita integram um conceito maior: o de letramento. No projeto de letramento, o que se quer é ajudar o educando a compreender que as linguagens (escrita, pictórica, sonora) são meios para chegar a determinados objetivos, que serão alcançados na interação entre indivíduos em dado contexto. Esse é um projeto, portanto, para todos os edu-cadores, que, conjuntamente, preparam alunos para o exercício da cidadania em sociedade letrada.

Entendemos que o componente curricular “Leitura e Produção de Texto I” é a porta de entrada da Unilab para o início desse projeto de letramento. Nesse espaço acadêmico, os professores da Área de Humanidades e Letras iniciam o trabalho de leitura crítica e escrita de gêneros textuais em cir-culação na sociedade, dos quais nossos alunos (se não ainda leitores proficientes de tais gêneros) devem valer-se para fins diversos.

No espaço de três meses, buscamos fomentar reflexão sobre as peculiaridades de gêneros tex-tuais como crônica, artigo de opinião, editorial, dicas, resenha de filme, entrevista, reportagem e, a partir dos interesses dos alunos, organizamos, como uma das atividades avaliativas do compo-nente curricular, a produção desses gêneros. Não apenas os gêneros foram escolhidos pelos alu-nos, conforme interesses e aptidões, mas as temáticas também foram decididas conjuntamente, levando em conta o leitor virtual – integrantes da comunidade Unilab.

Para a produção dos referidos gêneros, os alunos entrevistaram professores, gestores, servi-dores, leram projetos de pesquisa de professores da Unilab, estudaram exemplares dos gêneros

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Léia Cruz de Menezes e Valdinar Custódio Filho Professores da Área de Humanidades e Letras

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EDITORIAL - A leitura e a escrita como formas de agir sobre o mundo

que foram incumbidos de produzir... Isso viabilizou, entre outros aspectos, a integração entre dis-centes e docentes e entre discentes e projetos acadêmicos aos quais eles podem vir a se engajar no transcorrer dos estudos. Ao longo do trimestre, portanto, várias versões dos textos foram pro-duzidas, apresentadas aos professores, devolvidas aos alunos com correções sistemáticas... até chegarmos às versões finais.

Mas quem lerá esses textos? Em primeira instância, todos nós da Unilab e, como os textos estão em espaço virtual, todos que tiverem curiosidade em conhecer a Unilab. Nesse espaço do jornal da Universidade, convidamos toda a comunidade acadêmica a conhecer as reflexões produzidas por alguns de nossos alunos ao longo do trimestre 2012.2. Terminamos este início do percurso acadêmico com a certeza de que todos os nossos alunos, se aqui chegaram sentindo-se insegu-ros em relação à leitura e à escrita, assim não sairão, pois já descobriram que podem agir sobre o mundo – transformando-o para melhor – por meio da expressão responsável do que pensam, do que sentem, do que querem...

Boa leitura!

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Turma 03 do BHU Turma 04 do BHU

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DICAS

O gênero textual dicas caracteriza-se pela transmissão de informação que se pretende útil e prática, visando a ajudar o leitor. Além das dicas propriamente ditas, em geral, se-gue-se a ela uma justificativa de sua aplica-bilidade.

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COMO TRABALHAR EM EQUIPE?

As transformações sociais perceptivas nos últimos anos estão mudando o perfil profissional que o mercado procura. O termo “competência”, que antes era designado apenas como capacidade técnica de um setor profissional, evoluiu e agregou outros aspectos. Competência atualmente está vinculada às responsabilidades, dinamismo, disposição para solucionar problemas e principalmente uma boa relação em equipe, que ajuda e contribui com a melhoria do todo, ou seja, a empresa. Nesses aspectos profissionais, o trabalho em equipe é o que iremos tratar com mais cuidado.

COMO TRABALHAR EM EQUIPE SE O INDIVIDUALISMO É TÃO PRESENTE EM NOSSO MEIO?

É preciso saber que não há espaço para o individualismo no trabalho em grupo. A atividade deve ser desenvolvida pelo todo, em busca de resultados para a empresa. Trabalhar em grupo nunca foi fácil, pois exige mexer com o lado tímido e muitas vezes pessoal. Como deve ser?

DICA 1- Tenha paciência.Conciliar opiniões é algo difícil, principalmente se elas são diversas. Ter paciência é muito importante, pois ouvir a opinião divergente é olhar com criticidade um ponto de vista e agregá-lo para bons êxitos.

DICA 2- Aceite sempre as ideias opostas.Saber reconhecer ideias de outros é fundamental para buscar a realização do projeto.

DICA 3- Nunca critique colegas.Conflitos de ideias são inevitáveis, mas nunca leve adiante essa confusão. O caráter nesse momento se manifesta para manter a ordem da questão.

DICA 4 – Saiba dividir.Um dos principais métodos desse trabalho é a divisão de tarefas, nesse ponto os resultados começam a aparecer. Não se deve carregar alguém com muitas tarefas. MUITAS MÃOS, MAIS AÇÃO.

DICA 5 – Trabalhe e colabore.Não esqueça que ao trabalhar em grupo suas antigas responsabilidades ainda estão lhe esperando: suas responsabilidades com a família, sua vida social e seus trabalhos na empresa, que vão além de seu trabalho em grupo. Colabore com os outros, mas não se esqueça de si.

DICA 6 – Mantenha sempre o diálogo.Quando os conflitos aparecerem, use o dialogo, ele é à base de um bom resultado.

DICA 7 – Tenha uma postura participativa e solidária.Procure dar o seu melhor e ajudar os colegas, sempre que seja necessário. Da mesma forma, não se sinta constrangido quando precisar pedir ajuda a alguém da equipe.

DICA 8 – Realize planejamento.Quando existem várias pessoas trabalhando em conjunto, é natural que os assuntos se dispersem. O planejamento e a organização são fundamentais para que o trabalho em equipe seja eficiente, eficaz e com excelentes resultados.

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DICA 9 – Desenvolva a capacidade de ouvir as opiniões dos que estão fora do grupo.Ouvir o pensamento externo quando algo não vai bem a uma reunião. Não achar superiores as ideias que foram elaboradas anteriormente.

DICA 10 - Aproveite esse trabalho em equipe e relacione-se, faça novas parcerias.Esse momento não deve ser de intrigas e confusões. Aproveite o momento e contribua de maneira alegre e coerente com o bem estar da realização final do projeto que está sendo elaborado.

O trabalho em grupo é mais do que uma simples tarefa, é a construção de novas relações sócio - profissionais em favor de algo em comum.

BOA SORTE!

DICA 1 - Como Trabalhar em equipe?

Autores

Wilson Junior

Samara Araujo Pessoa

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COMO CONSEGUIR BOA CONVIVÊNCIAEM RESIDÊNCIASUNIVERSITÁRIAS?

A moradia em residências universitárias passa a ser uma realidade cada vez mais frequente na vida de estudantes brasileiros, pois a busca por melhores condições de ensino os leva a sair do seu local de origem e ir atrás de novas perspectivas. O trânsito para outras cidades os obriga, na maioria das vezes, a compartilhar casas com outros colegas conhecidos ou não, com isso surgem inúmeras dificuldades como as de adaptação, convivência, organização etc.

É baseado nesse pressuposto que apresentaremos algumas dicas que possam vir a diminuir essas e outras dificuldades:

DIVIDIR AS TAREFASReúnam-se para organizar a segmentação de tarefas entre os integrantes da residência, pois um fator é determinante: a organização. Portanto, quanto mais organizado melhor.

ECONOMIZAR É PRECISOTodos devem contribuir igualmente com os gastos gerais da casa, portanto o que você gastar em ex-cesso não sairá apenas do seu bolso, e sim de todos os residentes.

TER NOÇÃO DE COLETIVO E INDIVIDUALRespeite os bens pessoais de cada um. Se você não mexer nos objetos individuais dos outros mora-dores, não tocarão nos seus. E você, somente você, é responsável pala manutenção de tais bens.

EXERCER A TOLERÂNCIACompreenda os diferentes comportamentos e os limites de cada um.

RESPEITAR O AMBIENTE EM QUE VOCÊ MORAResidência universitária não é local adequado para receber visitas constantes de amigos, com ex-ceção a grupos de estudos.

EVITAR FESTAS E BADERNAS É ESSENCIALRespeite o horário de descanso do seu colega. Músicas altas, conversas barulhentas podem gerar transtornos.

EXERCER AUTOCONTROLENão desconte problemas pessoais em seus companheiros, ninguém tem culpa pela sua situação.

APRENDER A SE COMUNICARPara se ter melhor convívio nas novas relações, ser comunicativo auxilia no relacionamento.

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Jordana Marques SoutoFOTO

SER DISCRETONão propagar boatos, o que acontecer dentro de casa não deve ser espalhado para que não possa ser interpretado de forma distorcida por outras pessoas desconhecedoras da real situação.

CUMPRIR AS REGRAS PRÉ-ESTABELECIDASÉ bastante desagradável conviver com pessoas que não respeitam a forma como a casa se organiza, e não cumprem suas obrigações ligadas a esta.

Agora uma solução geral para todos os problemas, seja contratempos domésticos ou atémesmo dificuldades mais serias: é uma boa conversa sempre.

DICA 2 - Como Conseguir Boa Convivência em Residências Universitárias?

Autores

Larissa Karen Alves BarbosaFOTO

Renata Lima Oliveira

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CRÔNICAS

O gênero textual crônica narrativa carac-teriza-se pelo relato de fatos colhidos no no-ticiário jornalístico e no cotidiano; consiste em um texto curto e leve, que tem por obje-tivo divertir e/ou fazer refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos.

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NASCER NO MACIÇO DE BATURITÉ, SER PARTE DE UMA UNIVERSIDADEINTERNACIONAL.

Minha vida mudou radicalmente, coisa que eu jamais imaginei acontecer.

Desde que nasci, sempre morei na cidade de Candéia, no Maciço de Baturité, interior do Ceará. Com clima ameno, povo hospitaleiro e simples, uma localidade calma e tranquila. A rotina do cotidiano tor-nava minha vivência um tanto nostálgica, mas eu ia levando a vida, sem nenhuma perspectiva de fu-turo. Não porque eu não tivesse sonhos, mas pelas condições em que eu vivia.

Foi com muita dificuldade que concluí o ensino médio aos 17 anos, pois a única escola que tinha o ensino médio por lá ficava a 15km da minha casa, e eu tinha que fazer o mesmo trajeto todos os dias.

Um certo dia, eu estava sentada debaixo de uma árvore e comecei a observar meus pais na lavoura, cuidando da plantação e pensei: eles sim, não tiveram a oportunidade de estudar, mas mesmo assim não mediram esforços para que eu pudesse ter essa oportunidade.

Eles saiam todos os dias com hortaliças para vender na cidade, com o objetivo de ganhar dinheiro para comprar meu material escolar. Então comecei a refletir sobre minha vida e algumas interrogações surgiram: é esse o futuro que eu quero para mim?

Essa reflexão me fez abrir os olhos para a realidade, e que não seria minha condição humilde que iria impedir de buscar o crescimento profissional e a busca pelo conhecimento. Então me lembrei que, no final do terceiro ano do ensino médio, a professora havia falado de um exame, o “ENEM”, e que, a partir dele, se conseguiria ingressar em uma universidade federal, e me veio novamente a pergunta: como vou cursar um ensino superior, se não existe universidade por aqui?

A dúvida não me faz desistir. Um dia peguei o mesmo transporte (pau-de-arara) e fiz o mesmo tra-jeto até a escola em busca de informações. Minha ex-professora me informou que o Maciço de Batu-rité estava sendo contemplado com uma universidade, a Unilab.

Fiquei eufórica. Aproveitei a oportunidade para saber como fazer parte dessa história que estava começando a surgir. A única maneira seria através do ENEM que, para minha sorte, estava com as ins-crições abertas. Não perdi tempo, corri para fazer minha inscrição.

Voltei para casa estonteada de felicidade, sabia que agora só ia depender de mim. E a vontade de es-tudar crescia cada vez mais. Chegou o dia da prova, e eu estava muito nervosa, pois era a oportunidade de um futuro melhor.

Quando saiu o resultado, a lista de convocados para a Unilab, o meu nome estava lá, em primeiro lugar. Gritei , sorri, chorei de alegria. A oportunidade que estava surgindo para mim era única, de cur-sar o ensino superior em uma universidade internacional, com pessoas de culturas diversificadas, em interação uns com os outros, onde existe o respeito pela diversidade cultural.

A expectativa para o primeiro dia de aula me deixava um tanto ansiosa, pois estava começando uma nova etapa na minha vida: as descobertas e desafios.

O dia tão esperado chegou. Minha aula só começaria às 8h, mas resolvi sair cedo de casa e ir camin-

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hando em direção à universidade. Ao chegar em frente ao prédio, parei por um longo período, e as lágrimas molhavam o meu rosto. Em minha mente, passava o filme de toda minha vida. Meu passado e o meu presente estavam me sendo apresentado novamente. Hoje era uma alegria tão imensa que eu não conseguia contê-la dentro de mim, mas me esforcei e segurei-a.

Entrei. Ao colocar meus pés dentro da universidade, sabia que, a partir daquele momento, uma nova história da minha vida começava a ser escrita.

Hoje a Unilab é o meu espaço universitário, onde todos os dias deposito minhas expectativas, meus sonhos, meu futuro e boa parte do meu tempo; que tem me proporcionado novas experiências, novos amigos, e um novo modelo de vida, pois a integração com pessoas de várias culturas me abriu novos caminhos, pelos quais posso caminhar de mãos dadas com o conhecimento, e isso não seria possível, se não fosse meus professores que, com muita dedicação, têm se empenhado em meu aprendizado.

A Unilab é o meu presente, que me proporcionará um futuro próspero e bonito.

CRÔNICA 1 -Nascer no Maciço de Baturité, ser parte de uma Universidade Internacional.

Autoras

Sandra de Gois Bezerra

Antônia Flaiana Cabral da SilvaFOTO

Syrlyane de Castro Queirós PelúcioFOTO

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NASCER NO MACIÇO DE BATURITÉ: ANTES E DE-POIS DA UNILAB

Honestamente, nunca imaginei que em Redenção, algum dia, chegaria o progresso. Não que não tenha fé, até que sou bom cristão. Mas, pelo fato da minha cidade resguardar o cheirinho do interior, com suas matas o bucolismo e a solidariedade encontrados apenas nestes rincões do Brasil, e por ser até esquecida no mapa, confesso que duvidei da chegada da Unilab por estes lados. Mas que bom que estava equivocada, e que alguém, lá no Congresso Nacional, lembrou-se da minha pequena “Re-denção de açúcar”, como a chamo carinhosamente, pelo fato de ser uma cidade acolhedora e por sua história no cultivo de cana-de-açúcar no período colonial, onde muitos escravos trabalhavam nos en-genhos na produção de açúcar e cachaça.

Até pouco tempo atrás, nascer no maciço de Baturité era a certeza de estagnar no ensino médio, conseguir um emprego em uma loja da cidade e deixar os anos levarem seus sonhos dia após dia. Aos mais sortudos, oriundos de melhores condições e boas castas, destinava-se a viagem à capital, dei-xando seus familiares, indo em busca de estudos em nível superior, e, muitas vezes, ao terminar seus estudos, por lá ficavam, não contribuindo para o crescimento do município.

A realidade de Redenção e de seus munícipes agora é bem diferente,temos,em nossas portas, a chance de vencer na vida, de conseguir alçar novos voos,e,como tantos outros estudantes da Unilab, podemos ter orgulho de sermos filhos desta terra, que traz, em seu seio, a liberdade, a dignidade de não aceitar cativos, entre seus filhos.

Por isso, reafirmo aqui que nascer no Maciço de Baturité virou motivo de orgulho, vivemos na terra da Aurora, na cidade da liberdade, onde impera a felicidade, somos um povo que carrega na alma o doce sabor da quebra de correntes, e que, por mais distante que nos pareça, somos a cidade luz do Ceará, onde, ainda, teremos muitas histórias para contar.

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Autora

Rosely de Queiróz

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CULTURA AFRO-BRASILEIRA: JUNÇÃO, NÃO SOBREPOSIÇÃO

Jeremias perguntou-me, ironicamente, se eu sabia o que era cultura afro-brasileira, de que muitas vezes ele ouvira falar, porque o assunto sempre lhe causara motivo de espanto. Talvez fosse para mim motivo, mais do que suficiente, para que eu me afundasse num oceano de graças ou até mesmo em prantos.

Bom, a ironia leva-nos ao paraíso, mas, de casos irônicos que a história relata, e que chegaram até as minhas tampas auditivas, casos semelhantes tiveram passe direito para o andar de cima, não do lado bom de que todos almejam ficar, mas do lado mau, o lado do diabo luluzinho.

Entretanto, sem mais delongas, respondi dizendo-lhe que culturas afro-brasileiras seriam o con-junto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influências da cultura africana, desde os tempos que o Brasil fora chicoteado pelos nossos amigos portugueses até aos nossos dias, como na dança, música, culinária e religiosidade.

A cultura de África chegou ao Brasil, em sua maioria, trazida pelos negros africanos que, por muito tempo, pela ganância do homem, foram arrancados de suas terras, de suas famílias, maltratados, car-regados como mercadoria em condições animalescas, feito pano ou o tapete que nós pisamos quando entramos em nossas casas.

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Autor

Jorge Artur Avelino Cambinda

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ARTIGOS

O gênero textual artigo de opinião carac-teriza-se pela predominância da sequência textual argumentativa. São características desse gênero: posicionamento claro a res-peito de um determinado ponto de vista, ar-gumentos que corroborem o ponto de vista defendido, contra-argumentos e conclusão com retomada da tese inicial e possíveis sug-estões, quando convém.

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UNILAB: A “REDENÇÃO” DO MACIÇO DE BATURITÉ

Quais as implicações de uma universidade Federal no Maciço de Baturité? No dia 26 de maio de 2011, era inaugurada a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) em Redenção-Ce. A realização de um sonho que, se manifestado pouco tempo atrás, seria considerado um devaneio. Hoje temos a concretização de um projeto que visa como um de seus objetivos, revolu-cionar a região na qual está implantada: intelectual, social, política e economicamente.

Em primeira instância, temos que citar o avanço intelectual para a região do maciço de Baturité que uma instituição de alto nível como a Unilab se propõe a trazer. Porque, em curto prazo, capacita es-tudantes com uma formação competente técnica e crítica, ambas qualificações necessárias para suprir as necessidades de nossa sociedade contemporânea. Além disso, não podemos ignorar o ex-pansionismo de uma educação mais qualificada para a região, tendo em vista que, a longo prazo, os estudantes de hoje serão os professores de amanhã, que poderão ajudar a perpetuar uma “educação emancipatória”, aquela que é fundamentada em uma reflexão crítica e que oferece as ferramentas necessárias para o indivíduo se reapropriar de sua história, cultura e prática da língua.

Outra questão fundamental é a melhoria das condições sociais que a Unilab viabiliza. A mudança de padrão social de estudantes e das comunidades envolvidas é inerente à universidade. Um projeto como esse não visa beneficiar apenas os integrantes internos da universidade (discentes, docentes, servidores), mas a intenção é a de que a instituição tenha participação operante e direta na vida de cada indivíduo por meio de projetos sociais, pesquisas acadêmicas e programas de inclusão e de ex-tensão que buscam melhorar a qualidade de vida das comunidades.

Podemos falar também do alcance de uma maior consciência política por parte das comunidades, ajudando o indivíduo a construir o exercício da cidadania. Platão dizia que o “filósofo” seria o melhor governante de um povo, na sua concepção o homem só errava porque era ignorante, nessa perspec-tiva o sábio era o homem mais indicado para exercer um cargo de liderança. Sabemos que afirmações como essa transposta para o mundo contemporâneo exigem muitas ressalvas, como a da suposta relação entre sabedoria e moralidade. No entanto, é indiscutível que pessoas com um senso crítico mais apurado têm melhores condições de escolher o administrador mais bem preparado ou até mes-mo de exercer essa administração com competência.

Por último, podemos comentar a guinada que a economia do Maciço de Baturité está recebendo. Com a obtenção de uma mão de obra mais qualificada, visto que irá dispor de um maior número de profissionais capacitados e naturais da região, que podem suprir as necessidades locais, sem pre-cisar buscar esses profissionais em outros lugares, o que acaba impossibilitando o desenvolvimento econômico interno da região, e aumentando assim uma centralização dos recursos financeiros na Capital e perpetuando o que poderíamos chamar de “fuga do interior”.

Por outro lado, alguns apresentam objeções como: “Será que Redenção tem estrutura para receber e dar suporte a uma universidade federal?”. É notório que Redenção ainda tem muitas deficiências, como a falta do saneamento básico, poucos institutos que possam dialogar em parceria com a Unilab, entre outros problemas pontuais. Mas qual cidade está inteiramente preparada para uma proposta de

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tamanha dimensão como essa? Temos que entender que essa deve e está sendo uma construção conjunta de uma universidade que está apenas engatinhando e de uma cidade que encontra seu re-nascer de uma maneira que não poderia ser diferente: claro, através da educação.

Redenção é imortalizada historicamente como a cidade pioneira em pensar diferente e dar um passo gigantesco para libertar o Brasil das amarras da escravidão. Não poderia haver momento mais opor-tuno para o governo federal escolher Redenção como a cidade que vai ser a precursora de um movi-mento de integração internacional entre países que constituem os espaços lusófonos: nações que hoje se encontram e se identificam de maneira bem diferente, não mais em relações escravistas e de negação de diversidade cultural de séculos atrás, mas como países que têm muito a oferecer um ao outro. Lutando agora por outras formas de liberdade: a de ser e a de pensar, exercendo cidadania por um mundo melhor.

ARTIGO 1 -Unilab: A “redenção” do Maciço de Baturité

Autor

Isaac Bruno Oliveira Araújo

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PESQUISA CIENTÍFICA NA GRADUAÇÃO: O INÍCIO DE UM LONGO CAMINHO

As universidades têm um papel desafiador na construção e formação de profissionais competentes. Neste processo, existem muitos recursos que devem ser utilizados. A pesquisa científica deve ser encarada como uma ferramenta poderosa para formar indivíduos capazes de buscar conhecimento. Nesta perspectiva nos perguntamos: qual o momento certo para se iniciar a pesquisa cientifica? A graduação seria a etapa correta para viver essa experiência?

A ciência está em constante evolução, com isso surge uma necessidade em potencial de pessoas capacitadas para desenvolvê-la. As universidades são geradoras de matéria prima para a ciência e como tal devem incentivar os alunos vocacionados para a pesquisa.

A graduação é o primeiro contato do aluno com a universidade, é a porta de entrada de um longo caminho a trilhar. Nesta etapa surgem muitas descobertas, um novo mundo que se abre, e nesse mundo a inserção precoce na pesquisa científica é de extremo aproveitamento e estímulo para a for-mação de novos cientistas. Quanto mais cedo o aluno tiver contato com a atividade científica, melhor profissional ele será, pois isso só tende a desenvolver-se ao longo de sua vida acadêmica. E ainda, isso irá colaborar de maneira considerável para uma melhor chegada deste aluno na pós- graduação, quando este já estará familiarizado com a pesquisa.

O Brasil conta hoje com a ajuda de diversos órgãos que fornecem apoio às universidades no desen-volvimento da pesquisa científica na graduação. Temos o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Cientifico e Tecnológico), que oferece várias bolsas em nível de graduação. Temos ainda a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que disponibiliza vários programas de iniciação científica. Dentre eles, destacamos o Programa Jovens Talentos para a Ciência, que visa a introduzir precocemente alunos de graduação no meio científico.

Segundo dados da Capes e do CNPq, o Brasil é o 13º país com maior volume de produção científica do mundo. A taxa de crescimento na elaboração de trabalhos científicos média é de 8% ao ano, en-quanto a media mundial é de 2%. Estes dados só confirmam a certeza de que realmente é imprescin-dível a participação do aluno de graduação na pesquisa científica. Agindo assim, as universidades es-tarão descobrindo prematuramente talentos e poderão investir de forma precisa no desenvolvimento desses alunos no decorrer de sua formação.

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ARTIGO 2 - Pesquisa científica na graduação: o início de um longo caminho

Autores

Fayna Iamara da Silva Leite

Luzyanne Maria da Silva

Rosiane Lima de Oliveira

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AULAS NO PERÍODO NOTURNO: VANTAGENS E DESVANTAGENS

Nós, os seres humanos, temos a capacidade de nos adaptarmos a situações diversas, isso não sig-nifica que as dificuldades deixam de existir, mas, com força de vontade e perseverança, as transpomos.

Um exemplo típico dessa capacidade de adaptação é em relação ao estudo noturno, principalmente para homens e mulheres que trabalham durante o dia e, somando a isso, muitos são chefes de família. Essa sem dúvida é a grande vantagem de oferecer cursos à noite: dar oportunidade a essas pessoas de concluírem o seu ensino superior.

Um exemplo de superação é o da aluna Flaiana Cabral, do curso de bacharelado em Ciências Humanas da turma 03 da Unilab. Casada, mãe de uma menina de 02 anos de idade, além de assumir todas as res-ponsabilidades de uma dona de casa, ainda trabalha como caixa no período diurno (horário comercial), em uma loja de eletrodomésticos no centro de Redenção. Segundo Flaiana, tem sido difícil encaixar al-gum tempo para estudar.

Outro exemplo bem interessante é do aluno Francisco Regis, também do curso de bacharelado em Ciências Humanas da turma 03 da Unilab. Viúvo, pai de dois filhos, Ana Júlia, de 05 anos de idade, e de Antônio Valberto, de 13 anos de idade, Francisco tem se esforçado para cumprir o papel de pai e mãe com seus filhos, além do agravante de estar desempregado, contando apenas com o bolsa família de R$ 134,00, com o auxílio social da Unilab, que ainda não chegou às suas mãos, e com a contribuição de sua mãe. Não tendo internet em casa, Francisco se desloca todos os dias para a Universidade às 15h, tendo que encarar 30 km para chegar ao seu destino.

Essas pessoas ainda lutam em sala de aula contra o cansaço físico e mental, estes adquiridos na labu-ta diurna, diminuindo a capacidade de raciocínio. As Flaianas e os Franciscos estão por toda parte nos cursos superiores noturnos da vida, sobressaindo-se de uma forma heroica, semeando os seus fu-turos, certos de que não tardarão a colher.

A Unilab tem como um dos seus diferenciais um sistema de ensino trimestral, no qual os conteúdos, que poderiam ser ministrados em um semestre, são considerados nesses três meses, fazendo com que os alunos se empenhem ainda mais para dar conta dessa ofegante carga horária.

Segundo o depoimento de Flaiana e Francisco Regis, uma solução que amenizaria o peso dessa carga seria a diminuição do número de disciplinas de cinco para quatro por trimestre, o que geraria um con-forto maior para alunos dos cursos noturnos. Outra solução plausível seria a criação de salas de in-formática em regiões estratégicas do Maciço de Baturité para os alunos que não têm acesso à rede mundial, principalmente para os que moram na zona rural, onde o serviço é caro e de baixa qualidade. É possível a implantação desse projeto, afirma Francisco. No caso, a PAE entraria com os equipamentos (em média R$ 300,00 e com a mensalidade de aproximadamente R$ 80,00, para manter o serviço).

Com essas medidas, os alunos da zona rural, principalmente os chefes de família, estes não precisari-am se deslocar mais cedo para a Universidade para concluir seus trabalhos universitários, já que pode-riam pesquisar nas proximidades de casa nas horas livres.

Portanto, o que se espera das Universidades é um pouco mais de sensibilidade em relação aos alunos do período noturno, que tanto contribuem para com as instituições públicas de ensino.

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ARTIGO 3 - Aulas no período noturno: vantagens e desvantagens

Autores

Andrezza Karoline da Silva Moreira

Francisco Valberto Regis

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BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS HUMANAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Muitas dúvidas vêm surgindo acerca do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, portanto, nós, como representantes do curso, realizamos pesquisas para esclarecer algumas dessas dúvidas.

Dentre os desafios e questionamentos enfrentados pelos estudantes que optaram pelo curso, estão as dúvidas sobre em que área eles irão atuar, já que é um curso interdisciplinar que aborda várias áreas do conhecimento e que, em princípio, não enfatiza uma área específica.

De acordo com a nossa pesquisa, o profissional que optar pelo Bacharelado em Humanidades deverá se dedicar à análise do mundo das ideias, do conhecimento e das informações. Deve ter um pensamen-to crítico em relação ao senso comum, ou seja, ser capaz de opinar sobre as informações e justificar coerentemente tais opiniões.

Os estudos sobre o curso mostraram que o estudante poderá ter a possibilidade de se inser-ir no mercado de trabalho imediatamente após a conclusão do curso, atuando em repartições públi-cas, em órgãos governamentais e não governamentais voltados para ações junto às minorias, ou seja, ações voltadas para as áreas carentes da população. Poderão trabalhar também em arquivos, museus, patrimônios, empresas dedicadas à preservação da memória e história do seu povo.

Além das possibilidades citadas, o estudante também terá a oportunidade de dar continuidade aos estudos, especializando-se em uma das áreas afins: Sociologia, História, Antropologia e Pedagogia. Abre-se, assim, um leque de oportunidades para sua inserção no mercado de trabalho. Por isso, a dedi-cação aos estudos por parte dos estudantes deverá ser contínua para que ele possa ter conhecimento a ponto de conseguir identificar e analisar situações relacionando o contexto local com o global.

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ARTIGO 3 - Aulas no período noturno: vantagens e desvantagens

Autoras

Aminata Mendes

Ana Clara Batista Araújo

Renata Saraiva da Costa

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SIM, EU APOIO A CORRUPÇÃO

´´Vivemos em uma sociedade que apoia a corrupção, precisamos nos conscientizar e votar em quem trabalha, em quem tem compromisso e blá, blá, blá’’. Todo mundo usa esse discurso, todo mundo é con-tra a corrupção e se revolta com o mensalão e essa onda de corrupção que assola o Brasil pelo menos na teoria nossos cidadãos são conscientes .

Na prática, o sistema funciona de outro modo. Antes das eleições, vemos as pessoas discutindo e até brigando por política nas redes sociais, nas praças, nas ruas e em todo lugar. Muito bem, discutir política é importante, mas o problema e que as pessoas se ‘’apaixonam’’ por este ou aquele candidato, aí o que acontece é que simplesmente ignoram a proposta do candidato adversário, muitas vezes nem olham, e alguns nem sabem, quais são as propostas do candidato ao qual estão defendendo com unhas e dentes, e isso é em parte culpa do sistema de propaganda eleitoral que é usado atualmente. Em vez de os candidatos mostrarem aquilo que eles têm de bom para fazer pelo município, eles buscam mostrar o que o outro tem de ruim, ou seja, eles acusam uns aos outros de diversas formas e a política vira um verdadeiro vale-tudo.

Muito bem então, passam as eleições, o candidato x é eleito, e agora vamos comemorar a posse, fazer uma festa, pois agora tudo vai mudar: a cidade vai entrar nos eixos, aí ele assume: e agora? Bom, agora ele vai cumprir aquilo que prometeu, só que a memória de político é fraca ou talvez prometam tanto que esqueçam uma parte (uma parte bem significativa), então é nosso dever lembrar e cobrar aquilo que ele prometeu, mas lembrar o quê? Afinal o que foi mesmo que ele prometeu? Se ninguém lembra, ninguém cobra; se não há cobrança, fica tudo na mesma.

Quando um político realiza um bom mandato, faz muitas obras, ele é glorificado. Tudo bem, o cara merece aplausos. Mas ele está lá para isso, foi para isso que ele foi eleito, ninguém bate palmas para o gari porque a cidade está limpa, mas, quando o político x diz ‘’eu limpei as ruas’’, todo mundo aplaude, mas quem limpou a rua mesmo? Ah, foi o gari, que foi pago com o dinheiro dos nossos impostos, então nós o pagamos, aliás, nós pagamos tudo nesse país: pagamos até as férias da sogra dos nossos depu-tados, nós brasileiros somos tão generosos!

Volto a dizer ‘’eu apoio a corrupção’’ e não sou o único, já que há tantos corruptos no poder e não só no poder, mas também na sociedade. Quando falamos em corrupção, pensamos logo em política, des-vio de verbas, mensalão etc... mas nós também somos corruptos. Vejamos: quem nunca furou ou viu alguém furando a fila de um banco ou supermercado? Até mesmo coisas simples como o troco de 10 centavos que recebemos errado e consideramos lucro é corrupção!

Alguns dirão que estas atitudes não se comparam ao desvio de verbas milionárias ou ao atual uso de passagens por parentes e amigos de senadores e deputados, mas fato é que só não fazemos isso tam-bém porque não temos uma oportunidade. Eu apoio a corrupção também na minha omissão, porque, se estão roubando o Brasil e eu sei que estão fazendo e ainda assim me omito, por medo de confrontá-los sou corrupto e cúmplice desse crime. O que me conforta é que eu sou só mais um entre os milhões, esperando que alguém se manifeste para eu então me revoltar também.

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ARTIGO 3 - Aulas no período noturno: vantagens e desvantagens

Autor

Gerson dos Santos Alves

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ENTREVISTA

O gênero textual entrevista caracteriza-se pelo diálogo entre um entrevistador e um entrevistado. Deve ser produzido com base em alguns procedimentos: elaboração de perguntas de acordo com o tema, consi-deração das expectativas do entrevistador e dos futuros interlocutores, adequação das perguntas ao entrevistado etc.

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BRUNO OKOUDOWA

Grupo – Com quantos anos o senhor entrou na escola?

Prof. Bruno – 5 anos.

Grupo - O senhor estudou em escolas públicas?

Prof. Bruno - Sim, apenas em escolas públicas, só um ano estudei em escola particular.

Grupo – Como foi essa experiência no ensino público? Quais as principais dificuldades enfrentadas ao longo desta trajetória acadêmica?

Prof. Bruno - Eu teria que fazer talvez uma comparação, porque só conheci escolas públicas, mas de lugares diferentes. Eu comecei no interior, na cidade onde eu nasci. Aí faleceu minha mãe. Fui para o in-terior do interior, um lugar rural, um meio rural. Nesta transição eu fui da cidade para o campo. E depois do campo para a cidade, a capital. Já era maior. Foi uma difícil adaptação ao meio urbano, e aos poucos

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O professor Bruno Okoudowa, recém-chegado à Unilab, conta seus desafios ao longo da sua trajetória, da experiên-cia de se formar na Universidade de São Paulo, considera-da a melhor do país, e das expectativas quanto à Unilab.

O professor Bruno Okoudowa tomou posse dia 12 de se-tembro de 2012, como professor adjunto da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira. Natu-ral do Gabão, país do continente africano, formou-se em letras-francês na Universidade de São Paulo, onde posteri-ormente fez mestrado e doutorado em linguística, comple-mentando seus estudos na França, onde residiu por um ano.

Há 17 anos no Brasil, após superar as barreiras linguísticas, buscou adaptar-se às questões culturais de nosso país. A escolha de seguir a carreira de linguista é consequência do desejo de estudar a sua língua nativa.

A Unilab representa, na sua vida, a estruturação de um sonho. Um desafio que o estimula a construir algo novo, e a reinventar a sua didática em sala de aula. Movido pela ideia da integração, e pelo desejo de fazer parte de uma universi-dade internacional, vai “construindo uma ponte transatlânti-ca”, propagando o conhecimento entre os países lusófonos.

A TRAJETÓRIA – “O difícil foi sair de casa”

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ENTREVISTA - Bruno Okoudowa

a outras etnias. Agora, em termos de escola, foi uma adaptação a outra mentalidade, a outra visão. Que é a visão da cidade. No interior, por exemplo, podia falar minha língua materna, lembiana, minha língua nativa. Agora, na cidade, tinha que falar francês, mas como já era bilíngue não havia problema, o problema era o convívio com os outros.

Grupo – Quais os principais desafios encontrados ao longo de sua caminhada?

Prof. Bruno – O difícil foi sair de casa. Ver minha mãe indo embora e eu ficando sozinho naquele lugar, onde só havia crianças, com gente estranha. E foi complicado, mas depois a gente se adapta e vai indo.

Grupo – E os objetivos? Foram alcançados?

Prof. Bruno – Sim, consegui. Tô conseguindo.

Grupo – O que o levou a decidir seguir a carreira de professor da área de letras?

Prof. Bruno – Eu fui estudar uma matéria optativa, chamada tupi, a língua tupi, aí pensei comigo: se eles são capazes de estudar o tupi, eu também sou capaz de estudar o lembiama, minha língua materna, que é uma língua do grupo banta. Logo, achei que também era capaz de estudar minha língua materna.

Grupo – E que profissão seguiria se não a de professor?

Prof. Bruno – Médico. Queria salvar minha vó, de uma doença.

Grupo – Em que universidade estudou?

Prof. Bruno – Na Universidade de São Paulo, a melhor do país. Acho que sou um dos poucos africanos a ter feito a USP do início ao fim. Lá fiz toda a minha trajetória. Mas morei um ano na França.

Grupo – Como foi o processo de seleção para estudar no Brasil?

Prof. Bruno – Para chegar ao Brasil, havia um convênio entre o Brasil e o meu país, chamado PEC-G [Programa de Estudantes Convênio de Graduação]. A seleção foi feita pela embaixada do Brasil, baseada em uma seleção nacional, um exame do ensino médio para entrar na universidade. O que seria o vestibu-lar aqui, para nós é o bac. Bac é um exame para os países de língua francesa e da França, que é um exame e ao mesmo tempo um diploma que você tem que obter para entrar em qualquer instituição de ensino superior, qualquer universidade. Os melhores alunos vão para as melhores faculdades.

Grupo – Quais as diferenças encontradas entre o ensino aqui no Brasil e o do seu país de origem?

Prof. Bruno – Vim para o Brasil estudar na Universidade de São Paulo, tida como a melhor do país, en-tão já é uma grande diferença. Você já vê a pessoa que escreveu o livro dando aula pra você. Então difere da minha terra em termos de qualidade.

Grupo – O que o motivou a estudar no Brasil?

Prof. Bruno – Primeiro, não havia muitas escolas; ou eu vinha ou eu ficava [no Gabão]. A única oportu-nidade de sair do meu país foi essa. Agora, o Brasil era interessante, porque havia o ideal de um povo mis-turado, todas as etnias. Um país misturado, onde o branco e o negro se reuniam em nome do carnaval. A

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ENTREVISTA - Bruno Okoudowa

imagem do Pelé também, encontrar o país do futebol, do samba, do carnaval, isso fazia do Brasil o país ideal. E outra coisa também, que talvez ninguém perceba: a questão da ordem e progresso na bandeira. Eu queria ir a um país que tivesse ordem e progresso [risos].

Grupo – O senhor encontrou esta ordem e progresso no Brasil?

Prof. Bruno – A ordem você encontra sempre no banco, em qualquer fila. E o progresso na economia, então ainda tem, só que é restrito.

Grupo – Há quanto tempo o senhor está no Brasil?

Prof. Bruno – 17 anos

A TRAJETÓRIA – “O difícil foi sair de casa”

Grupo – Para estar hoje como professor da Unilab, como foi o processo de entrada?

Prof. Bruno – Via concurso público. A condição era ser doutor em linguística, e concorrer a duas vagas.

Grupo – O que o motivou a lecionar na Unilab?

Prof. Bruno – A ideia da integração e da lusofonia. Como no início a ideia era ajudar o Gabão, então eu não voltei, continuei aqui estudando, e hoje estou em um momento em que, em vez de ajudar só o Gabão, que é pequeno, estou podendo ajudar muitos países do continente africano, assim como todo o continente, e posso ajudar o Brasil, construindo assim uma ponte transatlântica. Então, acho que vale a pena ficar, vale a pena estar aqui num lugar como a Unilab, que é internacional.

Grupo – Quais as dificuldades enfrentadas, como um estrangeiro, e como professor aqui na Unilab?

Prof. Bruno – A questão linguística foi superada, mas a questão cultural é muito importante. A questão dos hábitos, dos comportamentos, do tratamento da coisa pública. Da questão de lidar com o poder de algumas instâncias. E a questão também de se adaptar a uma cidade pequena vindo de cidades maiores, como São Paulo. E em sala de aula, a dificuldade de lidar com alunos de diferentes níveis. Tenho que rever minha maneira de dar aula, tenho que conseguir uma nova didática.

Grupo - O Projeto da Unilab é inovador por ter como propósito a integração entre os países de língua portuguesa. O que pensa deste projeto ambicioso que é a Unilab?

Prof. Bruno – É um sonho, porém um desafio estimulante.

Grupo - Quais os fatores que ainda deixam a desejar na Unilab?

Prof. Bruno – A questão da integração. Falta de equipamentos (ex: cozinha). Interação entre todas as partes tanto na cidade como na universidade. Os alunos entre eles, os professores entre eles. E os “chefões” não sabem lidar com o poder, falta preparo. E a cidade não está preparada para receber uma universidade internacional.

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ENTREVISTA - Bruno Okoudowa

Grupo - Em sua opinião, o que pode ser melhorado em relação à área de humanidades?

Prof. Bruno – A área tá começando, vamos primeiro fazer um balanço deste início, ver onde deu certo, onde não deu certo. Por enquanto não tem como analisar. Em termos de seleção dos alunos, seria bom fazer um teste rigoroso, sobre a língua portuguesa para poder cursar letras.

Grupo – Como é lidar com alunos de diferentes culturas?

Prof. Bruno – Tá sendo muito enriquecedor, e muito desafiador também. É uma experiência total-mente nova, tanto para mim quanto para os alunos. A gente tá tentando construir algo novo, assim como todos os membros da Unilab, sejam eles alunos ou professores.

Autores

Carlos Manuel Ribeiro Santos

Geovana Lino de Menezes

Marciana Silva de Oliveira

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REPORTAGEM

O gênero textual reportagem caracte-riza-se pelo levantamento de um assunto conforme ângulo preestabelecido. Para a produção de uma reportagem, é preciso pes-quisar, apurar fatos, selecionar dados im-portantes e os interpretar, entrevistar pes-soas. A reportagem permite oportunidade de opinião e razoável grau de detalhamento.

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O DIÁLOGO COMO FORMA DE INTEGRAÇÃO ENTRE CULTURAS

Os projetos de pesquisas das universidades têm contribuído muito para a sociedade. Recentemente, professores da Unilab da área de Humanidades e Letras desenvolveram um projeto com a intenção de transformar críticas em argumentos para a melhor convivência de culturas distintas.

Em entrevista com o professor Doutor Ramon Souza Capelle de Andrade, um dos proponentes do projeto PET “Respeito á Diversidade Cultural: O papel da Lógica e da Retórica na Constituição do Eu Ci-dadão”, ele nos explica detalhadamente o que é, como funcionará, e de que maneira o PET contribuirá para a sociedade.

Quando indagado sobre o que é o projeto, diz que ele tem como base embutir o nosso pensamento em argumentos como forma de respeitar o outro, tendo a disposição para dialogar e avaliar critica-mente aquilo que o outro diz, o que será de fundamental importância para a Unilab, pois a proposta da Universidade é a integração de pessoas provenientes de culturas distintas. Então não havendo essa disposição para argumentar, ou seja, para estabelecer um diálogo efetivo, a idéia de integração da Uni-lab não poderá ocorrer.

O professor relata que se interessou por esta temática devido ao grande respeito pela opinião do ou-tro, que esteve sempre presente em sua vida, devido também ao seu vasto conhecimento nesta área, pois fez doutorado na UNICAMP em Lógica, que é uma teoria formal da argumentação, diz ainda que a Lógica é de fundamental importância na construção da sociedade.

Este projeto ajudará a sociedade quanto à percepção de que a argumentação é importante para a melhora no entendimento de uma cultura diversificada, ou seja, o respeito cultural via argumento. “Cada um tem sua opinião, cada um tem suas crenças, mas, com o diálogo, podemos chegar a um consen-so”. O projeto desenvolverá parcerias com as secretarias municipais e trabalhará com os professores da região do Maciço de Baturité, destacando a importância da argumentação na formação do cidadão, principalmente com os alunos do ensino médio, que poderão futuramente vir a estudar na UNILAB.

O projeto abrange de quatro a doze bolsistas em PET, mas, como ficou entre os melhores colocados no edital, podem haver doze; além desses, podem haver também voluntários, pois busca essa interação com a comunidade.

Há algo interessante a ressaltar que, desde a criação do projeto, houve uma integração de culturas di-versificadas, pois os docentes da área de Humanidades e Letras são de países, estados, e cidades dife-rentes. Todo esse processo teve um grande apoio da coordenadora de Humanidades e Letras, Monalisa Valente, e também o apoio da professora Andréia Linard, que é da Pró-Reitoria de Graduação. O fato de ser aprovado entre os primeiros lugares em um edital nacional é realmente um motivo de comemo-ração e orgulho, já que a Unilab está em um cenário na educação como uma universidade que está começando, e concorreu com universidades de grande porte e que já possuem uma grande influência na educação do país.

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EM

Projeto de pesquisa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), cujo objetivo é destacar o papel da Lógica e da Retórica num espaço multicultural, é aprovado com nota 95.60 entre os grupos PET selecionados no âmbito do edital nº11, de 2012 do Ministério da Educação.

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REPORTAGEM - O diálogo como forma de integração entre culturas

Autores

Bruna Soraia Ribeiro Maia

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Karilene Medeiros Lima

Francisco Walef Santos Feitosa

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RESENHA

O gênero textual resenha de filme combina a apresentação das características essenci-ais de uma obra da sétima arte com comen-tários e avaliações críticas sobre sua quali-dade. Trata-se, pois, de um resumo com juízo de valor.

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SEMPRE AMIGOS: POR UMA NOVA PROPOSTA PEDAGÓGICA

Sempre Amigos é um filme produzido nos Estados Unidos e exibido em 1998 com direção de Peter Chelson, produção de Jane Startz e Simon Fields, com Sharon Stone; Gena Rowlanas; Hrrydean Stan-ton; Kieran Culkin; Elden Helson e Gilian Anderson, e tem duração de 102 minutos.

O referido filme relata a parceria, a amizade e as dificuldades enfrentadas por dois garotos: Kevin (Ki-eren Culkin), um garoto que sofre de uma doença degenerativa, extremamente inteligente, mas isolado do convívio social por conta de seu problema, ele possui uma mãe dedicada e um ambiente familiar acolhedor, que o permitiram desenvolver aspectos relevantes como curiosidade e imaginação, mas so-fre com as limitações físicas de locomoção e curta expectativa de vida em decorrência da doença. O outro, Max, aos 13 anos, tenta superar traumas ocasionados pela violência doméstica e a dor da orfan-dade, bem como as características físicas que o tornam maior que os outros meninos da mesma idade e as dificuldades de aprendizado, desta maneira, ambos são rejeitados pelos colegas e sofrem o peso do preconceito de suas condições que fogem do tipo aluno “normal”. A mudança de Keven para a vizin-hança de Max une duas vidas e personalidades marcadas por traumas, preconceitos e doença.

A força desta amizade os encoraja a seguir em frente, equilibrando suas estimas de si mesmos e assim conquistando a aceitação dos colegas. O desenvolver da trama retrata o encontro desses dois mundos e o desenvolver de uma relação numa combinação perfeita de força e inteligência que os fazem superar suas limitações através da parceria. Desta forma, Max e Kevin, juntos, se ajudam: Kevin passa a ajudar Max no desenvolvimento escolar, por outro lado, Max passa a ajudar Kevin no seu deslocamento físico, proporcionando um ao outro a aceitação em suas diferenças e diversidade na infância.

Kevin passa a ser tutor de Max, ensinando literatura através dos contos folclóricos ingleses, como o do Rei Arthur, desafiando assim Max a vencer seus medos semelhante aos guerreiros míticos. Os mundos dos personagens se ampliam fazendo-nos refletir sobre a aceitação para lém dos “tipos” das pessoas, ou seja, é a partir da união que ambos se fortalecem, conquistando seu lugar no mundo, bem como o equilíbrio afetivo e social. Desta maneira, quando Kevin morre, a força proporcionada pela ami-zade permanece, fomentando em Max o desejo de aprender e buscar a felicidade.

Ressalta-se que a Literatura especializada evidencia que é no ambiente familiar que as crianças en-contram as bases edificadoras da estrutura de sua personalidade e comportamento, mas nem todas as crianças encontram um ambiente que lhes favoreçam. Desta forma, a vivência familiar influe no de-senvolvimento afetivo e social de uma maneira determinante, fato que está explícito nas dificuldades de Max, bem como na desenvoltura de Kevin. O Filme enfatiza o “crescer” fora dos padrões, bem como condições de ordem biológica, psicológica e social, como podem auxiliar ou dificultar o desenvolvimento em todas as dimensões. Aumenta a reflexão sobre o olhar das diferenças numa sociedade que cada vez mais busca a homogeneidade.

Enfim, o filme apresenta uma lição de fraternidade e solidariedade, mesmo que as pessoas mudem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, é só compartilhar as mesmas recordações, esta foi a lição aprendida por Max e deve ser estendida a todos nós.

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RESENHA - SEmpre amigos: por uma nova proposta pedagógica

Autores

Carlos Ronald Oliveira de Pinho

Israel de Assis Araújo.

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POEMA

Durante nossas aulas, alguns discentes começaram a nos mostrar poemas, soli- citando apreciações, correções, indicações de como aperfeiçoar o trabalho em verso que já realizavam. Dedicamos, pois, esta última sessão à arte em verso de João Do-mingos Tavares Semedo, o qual belamente nos fala da saudade que sente de sua terra, Cabo-Verde, e de Itálo Alves Vieira Carvalho, o qual nos fala dos sentimentos que nos con-stituem humanos.

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HEI DE VOLTAR

Hô, almaAlma de criança,Alma sem fim, Alma de esperançaAlma que nasce,Quando dia clareceAlma, me abrace almame leva daquiquero ir, mas vou ficarminha alma suporta tudosuportou inveja, venceu o ódiosó não caí, por não merecerhô almade ferro me curreisaudade procureidemorou mas encontreium dia há de voltarde onde nunca devia saire quando voltar estarei lá firme e forteabraçando a dor de uma revoltahô almamuito pequeipouco salveinada morrereitudo viverei!

PO

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Autor

João Domingos Tavares Semedo

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AMBROSIADeito-me no incontável e sintoUma brisa fácil de corrosão,E fixo no horizonte longínquo,De um azul preto-alcatrão,De mares, marés me solta,Preso em mar de revolta,Contando o punhado da mão.

Ainda ouço aquela voz,Fria e úmida. Inebriante,Que me abre uma ferida,Como lâmina de aço talhante,Que ecoa. Amarga verdade,De longe. Relativa bondade,Resta de mim um instante.

Aparta-te de mim, inferno de Dante,Pois em ti não há mais confiança,Para ti o céu está cinza,Não há nem mesmo esperança,Pra ti deixo em testamentoMentiras de um triste lamento,Repetições de uma antiga lembrança.

Murmúrios inaudíveis de multidãoSoam como o cantar de sereia,Irresistível ilusão onírica,Pleonasmo. Castelo de areia,Tu foste ambrosia para mim,Torre de Ébano e Marfim,Liberta-me da tua teia.

Mataste a ave que gorjeia,Que livre voava pelo céu,Em um dia lindo de sol,Cobriste-me com teu véu,Agora me arrasto pelo chãoVislumbrando a escuridão,Que vem de ti mausoléu.

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Atire em mim mais uma vez,Carrega com pólvora o canhão,Que do tinir de bala à inércia,E parte de ti. Em mim explosão,Dei-me uma ampola de morfina,Para que eu não veja a chacina,E para que eu não te faça oposição.

Parecia mesmo que tudoHavia desabado enfim,Pois nada vos presenteei,Para que fosse roubado de mim,Nem que fosse hoje o retorno,Augúrios de um céu frio e chão morno,Para que lá tu puseste um fim.

POEMA 2 - Ambrosia

Autor

Itálo Alves Vieira Carvalho

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