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RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Licenciatura em Desporto
Jean-Philippe de Jesus Amarante
julho 1 2015
RELATÓRIO DE ESTÁGIO Licenciatura em Desporto
Jean-Philippe de Jesus Amarante | 5007740
julho | 2015
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM
DESPORTO
JEAN-PHILIPPE DE JESUS AMARANTE
julho | 2015
III
“Para jogar corretamente é necessário compreender, para compreender é necessário
saber, para compreender e saber é necessário definir princípios do jogo”
(Teissie, 1970)
IV
LISTA DE SIGLAS
AFG - Associação de Futebol da Guarda
ESECD- Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
GFUC – Guia de Funcionamento da Unidade Curricular
GUD – Guarda Unida Desportiva
IPG - Instituto Politécnico da Guarda
JDC – Jogos Desportivos Coletivos
UC – Unidade Curricular
V
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Diretor da ESECD: Professor Doutor Pedro José Arrifano Tadeu
Diretor do Curso: Professora Doutora Carolina Júlia Félix Vila-Chã
Coordenador de Estágio: Professor Jorge dos Santos Casanova
Identificação do Coordenador de Estágio
Nome: Jorge dos Santos Casanova
E-mail: [email protected]
Identificação do Aluno
Discente: Jean-Philippe de Jesus Amarante
Número do Aluno: 5007740
Grau de Obtenção: Licenciatura em Desporto
Local de Estágio
Instituição Acolhedora: Guarda Unida Desportiva
Endereço: Largo Mons. Joaquim Alves Brás, 6300-703 GUARDA
Telefone: 271311108; E-mail: [email protected]
Tutor de Estágio: António Gregório Pereira Lopes
Habilitações Académicas: Licenciatura
Cargo/Função: Treinador; Grau de Treinador: II nível; Nº Cédula: 58978
Duração do estágio: de 27 de setembro de 2014 a 27 de junho de 2015
Horas: 625 horas
VI
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho só se tornou possível devido a um conjunto de pessoas que,
direta ou indiretamente, me apoiaram ao longo de todo o percurso de formação e
crescimento académico. A estes gostaria de prestar o meu agradecimento:
Ao Professor Jorge Casanova, pela orientação, disponibilidade, apoio e transmissão de
conhecimentos ao longo de toda a minha formação académica e no desenvolvimento
deste trabalho.
À secção de Futebol do Guarda Unida Desportiva (GUD), por permitir que a realização
deste estágio fosse possível e me ter oferecido esta primeira experiência prática.
À minha família, por todo o apoio e acompanhamento, sem eles não me seria possível
crescer enquanto Homem e percorrer este percurso académico com tanta garra e
ambição.
Obrigado pelo incentivo, cuidado e apoios infindáveis de sempre.
À Andreia Maia, por ter sido os meus olhos, a minha consciência e o meu refúgio em
todos os momentos de dificuldade. Pela partilha e celebração de um amor perfeito. Por
todo o apoio, amizade e colaboração constante ao longo de todo o meu percurso
académico.
Aos amigos que, direta ou indiretamente, me apoiaram desde o início deste percurso
académico. Obrigado por todos os momentos de diversão, estudo, amizade e de família
que me proporcionaram.
Aos atletas da equipa de futebol 7 pela capacidade de trabalho, empenho e dedicação,
pela confiança ao longo da época desportiva. Por todas as situações que me fizeram
crescer, aprender e evoluir.
Por último, aos meus colegas do curso de Desporto em especial aos de Treino
Desportivo, por todas as vivências, por todas as experiências partilhadas.
VII
RESUMO
O meu estágio iniciou dia vinte sete de setembro de 2014, no Guarda Unida Desportiva
(GUD). Foi realizada uma reunião com o presidente do clube – Professor António
Pissarra – para acordarmos pormenores relativos ao horário, dias do treino e às
atividades a desenvolver, assim como, as áreas onde iria intervir, nomeadamente,
planeamento e operacionalização do treino de futebol de 7.
Foi acordado em termos de métodos de planeamento de estágio que iria apenas proceder
à orientação autónoma de uma equipa de infantis B, onde as idades eram compreendidas
entre os 10 e os 13 anos.
O plano foi transmitir aos atletas conhecimento futebolístico (conceitos teóricos),
transmitir valores e princípios com a prática do desporto (futebol) e ensinar os atletas a
realizarem diversos conteúdos práticos do futebol – Treino de Jovens.
Durante o estágio participei em atividades pontuais de final de época, nomeadamente
torneios de futebol de 7. Na parte final do meu estágio efetuei o transfer de futebol de 7
para futebol de 11 na preparação da próxima época desportiva do GUD do escalão de
iniciados.
Palavras-chave: Futebol de 7, Treino de Jovens,
VIII
ABSTRACT
My work as a trainee started the twenty September 7, 2014, at Guarda Unida Desportiva
(GUD). A meeting was held with the club president – Professor António Pissarra - to
discuss details of the time and days of training, activities to develop, as well as areas
where I would intervene, namely, planning and operation of 7 football training.
The plan was to transmit knowledge football athletes (theoretical concepts), transmit
values and principles to sport (football) and teach the athletes to perform various
practical football content - Youth training.
It was agreed in terms of stage of planning methods that would only make autonomous
guidance of a team of “infantis B”, where ages were between 10 and 13 years.
During the internship i took part of specific activities in the end of the season,
particularly 7 football tournaments . At the end of my internship i did 7 football transfer
to football 11 for a better preparation of the next sports season started at “iniciados
GUD”
Keywords: Football 7, Youth Training.
IX
ÍNDICE
Agradecimentos .............................................................................................................. VI
Resumo .......................................................................................................................... VII
Abstract ......................................................................................................................... VIII
Índice de Figuras ............................................................................................................ XI
Índice de Tabelas ............................................................................................................ XI
Introdução ......................................................................................................................... 1
PARTE I- Caracterização e Contextualização do Local de Estágio ................................. 5
Introdução ..................................................................................................................... 6
1. Cidade da Guarda .................................................................................................. 6
2. Guarda Unida Desportiva ...................................................................................... 7
2.1. Recursos Logísticos........................................................................................ 7
2.2. Recursos Materiais ......................................................................................... 9
2.3. Recursos Humanos ....................................................................................... 10
PARTE II – Objetivos de Estágio .................................................................................. 12
Introdução ................................................................................................................... 13
1. Objetivos ................................................................................................................ 13
1.1. Objetivos Gerais .............................................................................................. 13
1.2. Objetivos Específicos ....................................................................................... 13
1.3. Objetivos Pessoais ............................................................................................ 14
1.4. Objetivos da Instituição .................................................................................... 15
1.5. Etapas do estágio curricular ......................................................................... 15
2. Calendarização..................................................................................................... 16
2.1. Calendário Anual das Atividades ..................................................................... 16
2.2. Calendário Semanal de Atividades .................................................................. 16
X
Conclusão ................................................................................................................... 17
PARTE III – Atividades Desenvolvidas ......................................................................... 18
Introdução ................................................................................................................... 19
1. Fases de Intervenção ............................................................................................ 19
2. Etapas de Formação a Longo Prazo de um Jovem Atleta ................................... 20
2.1. As etapas do modelo LTAD (Long-Team Athlete Development) ................ 20
2.2. Fases Sensíveis ............................................................................................. 22
3. Planeamento Anual .............................................................................................. 22
3.1. Objetivos ...................................................................................................... 24
3.2. Cargas de treino ............................................................................................ 24
3.3. Complexidade............................................................................................... 26
4. Futebol de 7 ......................................................................................................... 26
5. Ideias de jogo/Modelo de jogo ............................................................................ 27
5.1. O ensino do Futebol / Principios de jogo ..................................................... 31
5.2. Resultados .................................................................................................... 38
6. Observação .......................................................................................................... 38
7. Avaliação e controlo do treino............................................................................. 39
8. Atividades Pontuais ............................................................................................. 39
8.1. Torneios de Futebol de 7 .............................................................................. 40
9. Outros .................................................................................................................. 41
Conclusão ................................................................................................................... 41
PARTE IV – Reflexão Final .......................................................................................... 42
Introdução ................................................................................................................... 43
1. Reflexão Final ..................................................................................................... 43
Conclusão ................................................................................................................... 47
Bibliografia ..................................................................................................................... 48
XI
Anexos ............................................................................................................................ 50
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Brasão representativo da cidade da Guarda ..................................................... 6
Figura 2 - Logotipo do GUD ............................................................................................ 7
Figura 3- Zona de prática (fonte própria) ......................................................................... 7
Figura 4- Zona dos vestuários (fonte própria) .................................................................. 8
Figura 5- Mini autocarro pertencente ao GUD (fonte própria) ........................................ 8
Figura 6- Categorização dos vários agentes no GUD ..................................................... 10
Figura 7- Discriminação do calendário anual de trabalho .............................................. 16
Figura 8- Discriminação do calendário semanal de trabalho ......................................... 16
Figura 9 - LTAD (Balyi,Cardinal, Higgs, Norris & Way (2010). .................................. 21
Figura 10 - Fases sensíveis da aprendizagem motora (Vasconcelos 2006). ................... 22
Figura 11 – Modelo Tschiene (1985) ............................................................................. 24
Figura 12 – Modelo Vasconcelos (2006) ....................................................................... 25
Figura 13 - Descrição tática do sistema (Gr+2+3+1) ..................................................... 27
Figura 14- Descrição tática do sistema (Gr+3+2+1) ...................................................... 29
Figura 15- Descrição tática do sistema (Gr+3+1+2) ...................................................... 30
Figura 16 – Combinações diretas e indiretas em triângulo ............................................ 32
Figura 17 – Defesa propriamente dita com basculação .................................................. 32
Figura 18 – Penetração e contenção ............................................................................... 33
Figura 20 - Operacionalização de um exercício de treino no contexto da tomada de
decisão ............................................................................................................................ 33
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Caracterização dos vários materiais do GUD................................................... 9
Tabela 2- Discriminação detalhada dos vários Atletas ................................................... 23
Tabela 3- Objetivos e meios de preparação do período preparatório ............................. 36
Tabela 4 - Objetivos e meios de preparação do período competitivo ............................ 36
XII
Tabela 5 - Objetivos e meios de preparação do período transitório ............................... 37
Tabela 6 - Competição/Atividades ................................................................................. 38
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 1
INTRODUÇÃO
Um relatório é um documento que descreve em detalhe um trabalho técnico, como uma
experiência científica ou a implementação de uma tecnologia. No contexto da disciplina
de Estágio, o relatório é escrito pelo aluno no final do semestre como uma síntese do
trabalho efetuado na instituição de acolhimento.
Segundo Vasconcelos (2009), um relatório não é uma obra artística, literária ou
biográfica, o texto deve ser conciso, claro e direto, com o mínimo de elementos
supérfluos, quer de conteúdo quer de estilo. Também não deve ser a coleção de toda a
informação recolhida ou a listagem completa dos programas desenvolvidos.
De acordo com Francisco e Pereira (2004) o estágio surge como um processo
fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a transição de
aluno/atleta para professor/técnico “aluno de tantos anos descobre-se no lugar de
professor”. Este é um momento da formação em que o graduando pode vivenciar
experiências, conhecendo melhor sua área de atuação. “O Estágio Supervisionado
consiste em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma
elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do educador. (apud, Sousa,
2007; apud, Bonela, 2007; apud, Paula, 2007)”.
Ao longo da nossa vida sonhamos e idealizamos determinados acontecimentos. Depois
de vários anos ligado ao Desporto, nomeadamente ao Futebol, decidi que estava na hora
de apostar noutra área. Derivado a esse propósito concorri aos maiores de 23 anos e
decidi dar um rumo à minha vida em busca de uma realização pessoal. Licenciar-me em
Desporto, especializando-me na área do Treino Desportivo, na Escola Superior de
Educação, Comunicação e Desporto (ESECD), no Instituto Politécnico da Guarda
(IPG).
Os maiores de 23 anos (M23) é uma via especial de acesso ao Ensino Superior, que se
destina aos estudantes que reúnam condições habilitacionais específicas, tratando-se de
uma forma de acesso autónoma, distinta do Concurso Nacional, dos Concursos
Institucionais e dos Regimes Especiais.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 2
Durante o meu percurso académico as dificuldades foram inúmeras, treinar e estudar ao
mesmo tempo nem sempre foi fácil, nomeadamente no 2º ano, onde tive de optar por
uma área, o menor de Treino Desportivo, devido à excessiva carga horária escolar foi
difícil conseguir conciliar as aulas com os treinos (4 por semana, na Associação
Desportiva do Manteigas) e respeitar os prazos de entrega dos trabalhos, ou mesmo
ajustar o tempo de estudo para as Frequências, contudo, com esforço e dedicação
consegui.
O futebol é uma paixão na minha vida. Desde muito jovem ambicionei ser um jogador
de futebol profissional. Embora não tenha alcançado esse estatuto, em algumas fases da
minha vida tive oportunidade de ser visto como um jogador “a sério”. O meu
curriculum futebolístico proporcionou-me vivências que jamais serão esquecidas e que
quero transmitir aos meus atletas e quem sabe poder proporcionar-lhes um futuro
risonho no desenvolvimento de capacidade e competências no mundo de futebol.
Na etapa final do meu percurso académico, surge uma unidade curricular (U.C.) -
estágio, onde o objetivo é mobilizar competências que correspondem às exigências da
realidade e refletir sobre elas. Estágio é o período de trabalho por tempo determinado
para formação e aprendizagem de uma prática profissional; aprendizagem profissional.
O Guarda Unida Desportiva foi o local por mim escolhido. Um clube pertencente à
cidade da Guarda, que engloba diferentes tipos de modalidades desportivas e com o
desejo de proporcionar aos Egitanienses, não só o futebol como prática desportiva, mas
uma panóplia de atividades físicas que possam satisfazê-los.
A escolha do GUD prendeu-se essencialmente por ser um clube em ascensão na Guarda,
por conhecer as infraestruturas, no entanto, também um fator preponderante foi o facto
de manter uma relação cordial com presidente do clube, professor António Pissarra e o
vice-presidente, Hugo Neves, também ele amigo.
No âmbito do estágio curricular, na área do Treino Desportivo, decidi incorporar o
papel de treinador dos infantis do Guarda Unida Desportiva, que milita na 1ª divisão
distrital da associação de futebol da Guarda (AFG), na série “D”. O meu estágio esteve
subjacente ao trabalho com jovens onde as idades são compreendidas entre os dez e os
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 3
doze anos. Nesta etapa de desenvolvimento, a criança possui uma maneira de pensar
mais concreta e específica. Embarcada numa procura ativa do “eu” e encontra-o em
conflito com o dos outro. Estas idades fazem parte do escalão de infantis no plano
futebolístico.
Durante o início do primeiro semestre de 2015, mais concretamente, no dia vinte e sete
de setembro, na sede do clube do Guarda Unida Desportiva, desenrolou-se uma reunião
entre presidente de clube, pais e atletas com a finalidade de apresentar o treinador aos
mesmos e de definir metas para a época desportiva que se avizinhava do escalão de
infantis B.
Junto do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e do Guarda Unida Desportiva(GUD)
foram apresentados os meus objetivos e ajustados entre entidades. De acordo com o
guia de funcionamento da unidade curricular (GFUC), um dos objetivos para os
licenciados para o curso do menor de treino desportivo é, “Intervir de forma qualificada
em contexto profissionalizante”. Quanto ao GUD, o objetivo da instituição passava
essencialmente por participar ativamente, procurando o êxito pessoal nas atividades
desenvolvidas. Por fim, o meu principal objetivo centrava-se em aplicar em contexto
real de trabalho os conhecimentos adquiridos nas várias unidades curriculares,
nomeadamente, futebol, planeamento de treino, psicologia do desporto, pedagogia entre
outras, que compõem o curso de desporto em treino desportivo assim como
consciencializar-me para o mercado de trabalho.
A partir destes objetivos foram delineados as fases de intervenção pelas quais iria passar
para que alcança-se o sucesso. A primeira fase seria de forma autónoma planear e
operacionalizar os treinos do escalão de infantis. A segunda fase seria avaliar e refletir
sobre o trabalho desenvolvido durante todo o processo de treino como é possível
consultar na convenção de estágio em anexo (Anexo 1).
O seguinte documento encontra-se estruturado por quatro partes, na primeira parte é
feita a caracterização das condições do estágio. Na segunda parte é apresentada uma
sequência de objetivos previamente estabelecidos no início da época. Na terceira parte
expomos as principais atividades desenvolvidas ao longo da época, ao mesmo tempo
que apresentamos a nossa reflexão acerca do processo de conceção, planeamento,
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 4
operacionalização e avaliação do treino, bem como um conjunto de tomadas de decisões
e a sua fundamentação, assim como experiências e aquisição de competências
necessárias ao desempenho de toda a função de treinador principal de uma equipa. Por
último, a quarta parte é caracterizado por uma reflexão final que tem como pressuposto
ser uma ponderação do que foi realizado ao longo deste ano letivo, na Unidade
Curricular (UC) de Estágio, assim como retirar as conclusões do que aconteceu ao longo
de toda a época desportiva bem como, na elaboração do nosso trabalho.
Em suma, pretendo que o relatório seja um documento de um ano de trabalho cheio de
profissionalismo, conhecimento adquirido e vivências diretas com a realidade onde o
objetivo é chegar ao topo no mundo de futebol como treinador.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 5
PARTE I- Caracterização e Contextualização do Local de Estágio
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 6
Introdução
Neste capítulo pretendo dar a conhecer a cidade na qual estagiei e o que a caracteriza,
bem como o meu local de estágio, apresentando a sua oferta formativa e o público-alvo
a quem se dirige.
1. Cidade da Guarda
A Guarda é uma cidade portuguesa situada na região centro de Portugal com 42 541
habitantes (CENSOS 2011). A cidade foi fundada polo segundo rei de Portugal, D.
Sancho I, no seculo XII, em 27 de Novembro de 1199.
Conhecida como a Cidade mais alta de Portugal (1053 metros), o distrito da Guarda tem
o pico máximo de Portugal continental, a Torre (1993
metros), onde encontramos a famosa estância de ski do
parque natural da Serra da Estrela.
As várias cidades, vilas e aldeias deste distrito são o
simbolismo da idade média, retratando a grandeza dos
seus castelos. Podemos, ainda viajar até Vila Nova de
Foz Côa, um local que abriga a maior coleção de
gravuras a céu aberto do Paleolítico de todo o mundo.
As localidades serranas de Manteigas e Seia fazem a
delícia dos visitantes em qualquer altura do ano com as
suas paisagens cobertas de neve, propício para à prática
dos desportos de inverno, ou durante o verão, desfrutando de caminhadas à beira do rio
Zêzere.
Figura 1 - Brasão representativo
da cidade da Guarda
Fonte:
http://portalnacional.com.pt/guar
da/guarda/
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 7
2. Guarda Unida Desportiva
Foi a 5 de Maio de 2008, por António Pereira de Andrade
Pissarra, que o Clube de Futebol Guarda Unida Desportiva
foi fundado.
O Guarda Unida Desportiva é uma realidade relativamente
recente. Um grupo de amigos que se foi alargando resolveu
juntar-se para criar uma coletividade diferente para a
Guarda onde, o desporto possa ser praticado por todos,
oferecendo diversidade nas práticas desportivas.
Figura 2 - Logotipo do GUD
2.1.Recursos Logísticos
As instalações do GUD durante esta época desportiva foram o campo do Mileu – terra
batida; o Estádio Municipal da Guarda e o campo de Futebol do Zâmbito, que tem como
piso relva sintética. Este espaço físico pertence à Câmara Municipal da Guarda e é
cedido ao clube para a realização de treinos e jogos de futebol. Sendo assim, as
instalações dividem-se em zonas ou setores:
a) Zona de prática – É constituída pelo um campo de futebol de 11, onde o
podemos dividir em dois campos de futebol de 7. As dimensões do campo são
de 103 m de comprimento e de 52 m de largura.
Figura 3- Zona de prática (fonte própria)
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 8
b) Zona dos vestuários – compreende os locais dos vestiários e sanitários para os
atletas, treinadores e árbitros, gabinete de primeiros socorros e locais de
arrecadação de material de treino.
Figura 4- Zona dos vestuários (fonte própria)
Ao clube pertence uma Carroper, mini autocarro, com lotação de trinta e cinco (35)
sujeitos e de dois (2) automóveis ligeiros de passageiros, Mercedes-Benz, de nove (9)
lugares.
Figura 5- Mini autocarro pertencente ao GUD (fonte própria)
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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2.2.Recursos Materiais
O Guarda Unida Desportiva, possui uma panóplia de materiais diversificados,
maioritariamente degradados e em escassas quantidades.
Tabela 1- Caracterização dos vários materiais do GUD
Tipos de Recursos Total Boa Conservação Má Conservação
Bolas 12 8 4
Cones 5 3 2
Sinalizadores 53 31 22
Sinalizadores Grandes 7 3 4
Coletes 7 2 5
Balizas Futebol 7 2 2 0
Barreiras 3 2 1
Escadas Coordenação 2 2 0
Balizas pequenas 2 1 1
Arcos 5 1 4
Cordas 2 1 1
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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2.3.Recursos Humanos
O Departamento de futebol do GUD é dirigido, em conjunto, pelo Carlos Monteiro
Chaves e pelo Carlos Martins Lopes. O primeiro teve como função, coordenar o futebol
competição, por sua vez o segundo estará incumbido a uma árdua tarefa – Futebol de
formação.
Os treinadores e os treinadores estagiários desta instituição completam o lote de sujeitos
que colaboram nas atividades das equipas inscritas na Associação de Futebol da Guarda
(AFG).
Figura 6- Categorização dos vários agentes no GUD
Conclusão
O Guarda Unida Desportiva tem uma vasta oferta desportiva para os seus habitantes,
explorando cada vez mais, diferentes formas de fazer chegar o exercício físico às
pessoas e combater o sedentarismo.
As atividades desenvolvidas ao longo do Estágio estiveram subjacentes sobre o
planeamento e a orientação da equipa de infantis “B” do GUD.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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As atividades regulares desenvolvidas durante o decorrer do meu estágio foram o
planeamento cuidado de todos os treinos e a administração dos próprios no decorrer de
toda a época desportiva.
A grande lacuna que me deparei ao longo de toda a época, foi o facto de não haver
material adequado à prática da modalidade e ao estado de degradação que havia no
existente.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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PARTE II – Objetivos de Estágio
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto - Instituto Politécnico da Guarda 13
Introdução
Neste capítulo apresentarei os objetivos gerais e específicos que foram acordados em
conformidade com o meu tutor de estágio. Estes objetivos visam contribuir para a
minha formação como futuro profissional de Desporto e, ser um contributo do meu
trabalho para com a instituição que me acolheu.
1. Objetivos
1.1. Objetivos Gerais
a) Mobilizar competências que respondam às exigências colocadas pela realidade
de intervenção na dimensão moral, ética, legal e deontológica;
b) Aprofundar competências que habilitem uma intervenção profissional
qualificada;
c) Atualizar o nível de conhecimento nos domínios da investigação, do
conhecimento científico, técnico, pedagógico e no domínio da utilização das
novas tecnologias;
d) Intervir de forma qualificada em contexto profissionalizante;
e) Refletir criticamente sobre a intervenção profissional e reajustar procedimentos
sempre que necessário.
1.2. Objetivos Específicos
Sociais:
a) Diagnosticar e caracterizar o clube/organização em termos da sua cultura,
estrutura, recursos, tecnologias, funcionamento;
b) Fomentar amizade entre atletas;
c) Criar laços de empatia entre pais atletas e treinador.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Competitivos:
a) Definir objetivos desportivos da equipa/organização;
b) Estruturar um plano de intervenção considerando objetivos comportamentais
bem como conteúdos, meios e métodos de treino em diferentes escalas
temporais;
c) Avaliar a intervenção no treino e/ou competição e reajustar procedimentos, se
necessário, objetivando uma maior qualificação da mesma;
d) Avaliar o desempenho da equipa/organização;
e) Organizar ou colaborar na organização de atividades promotoras da prática das
modalidades desportivas e da captação de novos praticantes.
1.3. Objetivos Pessoais
Este estágio curricular visou desenvolver os seguintes objetivos:
a) Ser assíduo e pontual;
b) Planear, prescrever e gerir treinos no âmbito do futebol;
c) Aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades curriculares do menor de
Treino Desportivo, bem como em outras unidades curriculares relacionadas com
a área do treino;
d) Dirigir o processo de avaliação da aptidão física, prescrevendo sessões de
exercício adequadas aos objetivos e necessidades de cada individuo e/ou grupo;
e) Respeitar, ajudar e desenvolver a criança, em relação, aos períodos críticos do
desenvolvimento motor;
f) Formar e educar jovens atletas através do desporto – Futebol;
g) Transmitir conhecimento específico sobre a modalidade, através das vivências
adquiridas pelo estagiário nesta área;
h) Consolidar conceitos teoricos do futebol.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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1.4. Objetivos da Instituição
A instituição de acolhimento tem como principais metas:
a) Criar uma coletividade diferente para a Guarda. Um clube que não se dedique só
ao futebol, mas possa proporcionar aos sócios e à população em geral outras
práticas desportivas, procurando criar o seu próprio espaço sem atropelar ou
estorvar ninguém;
b) Tentar unir o máximo de guardenses à volta desta ideia, sempre numa perspetiva
eclética.
1.5. Etapas do estágio curricular
i) Setembro: Planeamento anual das atividades a desenvolver no estágio;
Planeamento anual dos conteúdos técnico-táticos de treino; Elaboração do
modelo de jogo para a época 2014/2015;
ii) Outubro: Orientação autónoma das sessões de treino; Primeira observação
formativa dos atletas; Preparação da estrutura organizacional da equipa
(GR+2+3+1); Avaliação e controlo do treino (Medidas antropométricas);
iii) Novembro – Dezembro: Orientação autónoma das sessões de treino;
Elaboração de vídeos motivacionais; Observação, análise e tratamento de dados
filmados;
iv) Janeiro – Fevereiro: Orientação autónoma; Segunda observação formativa dos
atletas; elaboração de uma avaliação individual dos atletas a nível técnico ou
tático e consequentes soluções para resolver determinadas lacunas; Preparação
de nova estrutura organizacional da equipa (GR+3+2+1);
v) Março – Abril: Orientação autónoma das sessões de treino;
vi) Maio – Junho: Orientação autónoma; Terceira observação formativas dos
atletas; Observação e análise da performance através do método indireto;
Preparação de nova estrutura organizacional da equipa (GR+3+1+2).
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2. Calendarização
2.1. Calendário Anual das Atividades
O decorrer do estágio rege-se por um calendário anual de atividades de forma a facilitar
a organização de todos os inquiridos.
Durante todo o meu estágio orientei de forma autónoma as sessões de treino. No
primeiro mês fiz a observação das qualidades individuais e coletivas dos atletas, a fim
de planear quais os conteúdos programáticos a trabalhar durante a época desportiva.
Figura 7- Discriminação do calendário anual de trabalho
2.2. Calendário Semanal de Atividades
Após conceção do calendário de atividades anual, o calendário semanal tem como
objetivo facilitar a organização do discente e dos intervenientes. As horas semanais
serão distribuídas entre as aulas, treinos, jogos e planeamento das atividades a realizar
no estágio.
Figura 8- Discriminação do calendário semanal de trabalho
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Conclusão
Concluindo, neste capítulo foram apresentados aqueles que foram os pontos
orientadores durante o meu percurso enquanto estagiário. Estes pontos foram ao
encontro daqueles que eram os meus objetivos finais a que me propus a atingir e dos
interesses da Instituição.
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PARTE III – Atividades Desenvolvidas
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Introdução
O seguinte capítulo tem como objetivo de forma sucinta expor de uma forma
fundamentada o que foi desenvolvido ao longo da época desportiva 2014/2015.
O processo de estágio a que me propus esteve subjacente ao treino de jovens atletas e ao
aperfeiçoamento de questões pedagógicas que foram abordadas de forma a enriquecer o
desenvolvimento da criança e as vivências do treinador estagiário a nível temático.
1. Fases de Intervenção
Ao longo de um ano letivo de estágio tive a oportunidade de trabalhar e interagir com
jovens dos dez aos treze anos de idade, e a oportunidade de intervir de forma direta na
modalidade - Futebol.
Ao longo da época desportiva 2014/2015 as atividades propostas e desenvolvidas foram
numerosas e de diversas índoles.
No decorrer do estágio, cumprimos determinadas etapas pré-determinadas: a i) fase de
integração e planeamento onde procedemos à integração na organização, envolvendo
reuniões preparatórias; a avaliação dos potenciais domínios de intervenção; a
avaliação/diagnóstico da entidade (caracterização da estrutura organizacional, recursos
humanos, espaciais, materiais, logísticos e canais de comunicação); a definição de
domínios de intervenção e respetivos objetivos; assim como o planeamento e
calendarização das atividades a desenvolver; por último procedemos à elaboração e
apresentação do Plano Individual de Estágio.
A segunda fase ii) fase de intervenção, regeu-se pelo desenvolvimento e
implementação das atividades definidas no Plano Individual de Estágio. E todas as
tarefas que estavam subjacentes às tarefas do estagiário, descritas no Guia de
Funcionamento da Unidade Curricular (GFUC).
A orientação autónoma foi a primeira fase de intervenção do estágio. Segundo as
normas pedagógicas o aluno teria de passar por quatro fases de intervenção: i)
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Observação; ii) Coorientação; iii) Orientação autónoma e iv) Avaliação. Todavia, a falta
de recursos humanos qualificados, a falta de recursos monetários, a falta de recursos
humanos disponíveis para trabalhar com jovens atletas e a falta de recursos logísticos
foram fatores que ditaram alteração das normas a seguir pelos conteúdos programáticos
do GFUC da UC.
2. Etapas de Formação a Longo Prazo de um Jovem Atleta
Antunes (2005), afirma que o processo de formação desportiva, de crianças e
adolescentes não deve estar direcionado apenas para o alto rendimento, mas deverá ser
também um processo pedagógico de ensino-aprendizagem. A formação desportiva não
pode ser vista como uma formação puramente desportiva, mas também tem de ser
encarada como algo que contribui para a formação cívica do atleta para que este saiba
viver em sociedade desenvolvendo a sua personalidade e socialização através da
integração na sua equipa (grupo) e consequente aumento da sua auto - estima pelo facto
de sentir que faz parte do grupo
A formação desportiva é um processo muito importante para a vida de uma criança, e
deverá ser um processo de construção contínuo da criança até à sua idade adulta, logo
durante o meu estágio procurei atender as componentes físicas, social, emocional e
intelectual. Como treinador não podemos abdicar da vitória é certo, mas também não
podemos esquecer-nos do objetivo primordial da formação desportiva e evitar transmitir
para os jovens atletas excessivas responsabilidades. Com este pensamento constante dos
treinadores, a parte lúdica do treino deixa de existir, e principalmente as crianças menos
talentosos acabam por ter escassas oportunidades, podendo levar ao abandono precoce
da modalidade.
2.1. As etapas do modelo LTAD (Long-Team Athlete Development)
O modelo de formação desportiva a longo prazo (LTAD) centra-se no quadro geral de
desenvolvimento do atleta tendo em conta o crescimento, maturação e desenvolvimento,
e treinabilidade, tudo isto, num sistema desportivo abrangente e integrado (Balyi,
Cardinal, Higgs, Norris & Way (2010). Segundo estes autores, este modelo é de grande
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importância, especialmente para os treinadores, dirigentes desportivos e técnicos
administrativos e nele, o conceito de treino assume um papel de grande relevo.
Foi segundo Balyi et al. que comecei a planear a época desportiva do GUD 2014/2015.
Este modelo canadiano vem reforçar a ideia que nas idades compreendidas entre os dez
e os doze anos, existem etapas de crescimento e maturação que devem ser seguidas para
um desenvolvimento da criança durante a prática de uma modalidade. Para mais, este
modelo é de grande importância para os treinadores, pois durante o processo de treino
existem vários fatores que um treinador deve ter em atenção e jamais esquecer, pois
podemos estar a cometer erros graves tanto ao nível da formação, como a nível do
rendimento e com isso levar ao insucesso e à formação deficiente dos atletas podendo
levar a especialização precoce.
Analisemos agora os objetivos e características das diferentes etapas, segundo Balyi et
al (2010).
1 – Início Ativo (Active Start);
2 – Fundamentos
(FUNdamentals);
3 – Aprender a treinar (Learning
to train);
4 – Treinar para treinar (Training
to train),
5 – Treinar para competir
(Training to compete);
6 – Treinar para ganhar (Training to win);
7 – Ativo para a vida (Active for life);
Figura 9 - LTAD (Balyi,Cardinal, Higgs, Norris & Way
(2010).
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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2.2. Fases Sensíveis
Durante a preparação a longo prazo, tive em atenção as idades dos jogadores do GUD e
procurei desenvolver as capacidades condicionais propícias para aquela faixa etária.
Figura 10 - Fases sensíveis da aprendizagem motora (Vasconcelos 2006).
3. Planeamento Anual
Segundo Raposo (2006), planear é antecipar, prever uma sequência lógica e coerente do
desenrolar de tarefas que nos levem a atingir objetivos previamente definidos. O
planeamento é, pois, o processo que analisa, define e sistematiza as diferentes operações
necessárias para o desenvolvimento do desempenho competitivo. Trata-se de organizar
os diferentes procedimentos a fazer em função do pretendido, objetivos e previsões a
curto, médio ou a longo prazo, tornando possível a escolha das decisões que tornam o
processo de treino eficiente e funcional.
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A primeira fase intervenção e talvez a mais trabalhosa foi a de i) Planear toda uma
época desportiva (Anexo 2).
A duração e conteúdos de um plano de treino podem ser:
Plano a longo prazo – Etapas de formação desportivas; fases sensíveis;
Plano a médio prazo - Preparação para uma competição importante (e.g.
modalidades individuais);
Plano anual - Planear uma época de um ano minuciosamente.
Segundo Vasconcelos (2006), é necessário diagnosticar; ter objetivos; estabelecer
cargas e selecionar meio e métodos.
Diagnóstico – Saber qual a modalidade; quem são os atletas e quais as condições
de treino;
No estágio curricular a modalidade selecionada foi o futebol de 7 no escalão de infantis
“B”. Os atletas que fizeram parte desta equipa:
Tabela 2- Discriminação detalhada dos vários Atletas
Nome Idade Data de
Nascimento
Anos
de
prática
Pé
Dominante
Atleta1 12 03-01-2002 2 Direito
Atleta2 12 14-01-2002 0 Esquerdo
Atleta3 11 08-11-2003 2 Esquerdo
Atleta4 11 15-02-2003 4 Direito
Atleta5 11 22-02-2003 0 Direito
Atleta6 11 27-05-2003 3 Direito
Atleta7 11 06-05-2003 4 Direito
Atleta8 11 13-11-2003 1 Esquerdo
Atleta9 10 31-12-2003 4 Direito
Atleta10 11 16-09-2003 2 Direito
Relativamente às condições de treino o GUD usufruiu de três campos diferentes para
treinar: i) Campo do Zâmbito; Campo do Mileu e Estádio Municipal da Guarda. Todos
os campos tinham balneários para os atletas e treinadores. Os recursos materiais
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utilizados para os treinos foram: i) dez bolas; uma escada de coordenação e trinta e
cinco sinalizadores.
3.1. Objetivos
Os objetivos para a época desportiva foram sendo traçados gradualmente, uma vez que a
equipa era bastante jovem e o treinador (eu) não tinha grande conhecimento sobre os
atletas. Os objetivos lançados no início da época foram pedagógicos e competitivos. Os
pedagógicos passaram por: i) começar a época e acabar com o mesmo número de
jogadores, o que não veio acontecer por mau aproveitamento escolar e por falta de
motivação; ii) obtenção de sucesso escolar, o que veio a verificar-se em noventa por
cento (90%); iii) transmissão de valores para o dia-a-dia.
A nível competitivo o objetivo era ter o maior número de vitórias do que derrotas, o que
não veio a acontecer, por diversos motivos nomeadamente, escasso número de treinos
semanais, incumprimento dos atletas com o treino, número reduzido de jogadores na
equipa e a falta de empenhamento dos mesmos.
3.2. Cargas de treino
O modelo proposto por Tschiene (1985), defende a manutenção de um alto nível de
intensidade durante todo o processo de treino, utilizando fundamentalmente os
exercícios especiais de competição, realizando um grande número de competições,
tendo como objetivo o aumento da intensidade específica do treino.
Figura 11 –
Modelo Tschiene
(1985)
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Segundo o modelo cognitivista de Seirul’lo:
Foca na melhoria da capacidade de interpretar o desportista com base nas suas
necessidades;
Interesse nas condições específicas do indivíduo, após análise contextual;
Carga estruturada em sistemas gerais, dirigidos e especiais;
Ênfase nas componentes condicionais, coordenativas e cognitivas do processo
de treino.
Vasconcelos (2006), defende que para o treino de jovens atletas devemos utilizar o
modelo de periodização simples, onde devemos dar importância equilibrada à parte
geral e à parte específica do treino.
Figura 12 – Modelo Vasconcelos (2006)
O modelo de periodização de treino de Tschiene, Seirul’lo e Vasconcelos foram
adaptados por mim durante a época onde procuramos sempre trabalhar com níveis de
intensidade e volume elevados, recriando a realidade de um jogo de futebol, ou seja,
intensidade e volume altos. Ambos autores, defendem que devemos dar igual
importância à parte geral e à parte específica no treino do jovem atleta. Sendo assim,
durante a época desportiva do GUD a periodização do treino era simples dividida em
três momentos diferentes: i) período pré competitivo; período competitivo; período
transitório.
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3.3. Complexidade
Segundo Luís Vilar (2012), os treinadores devem simplificar o jogo e ampliar a
informação que suporta a ação.
A distinção entre um jogador perito e não perito é a capacidade em identificar a
informação que o meio lhe proporciona e a consequente reposta motora.
Os treinos do GUD permitiram ampliar a informação que suporta a ação do modelo de
jogo manipulando a dificuldade e complexidade da tarefa. As variáveis manipuladas
foram: i) espaço; ii) tempo iii) número de jogadores e iv) coordenação individual e
coletiva.
Seleção de meios e métodos de treino
ii) Quais os fatores de treino e como os aplicar. Estes foram os primeiros aspetos a
elaborar a fim de poder começar a prática da modalidade em conjunto com o atleta,
visto que o estágio visou a orientação autónoma do formando (eu) onde pude aplicar
todos os conhecimentos adquiridos pelas disciplinas que englobam o curso de
Desporto, mais concretamente, a UC de Futebol, Psicologia do Desporto e Planeamento
do Treino, no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e as minhas vivências como atleta
da modalidade Futebol com finalidade a atingir os objetivos definidos.
4. Futebol de 7
O futebol é uma modalidade dos designados Jogos Desportivos Coletivos (JDC),
caracterizado por situações de alta variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, nas
quais duas equipas se confrontam simultaneamente, num espaço comum, tendo cada
uma delas objetivos específicos, realizando ações coordenadas de ataque/defesa
baseadas em relações de oposição e cooperação (Garganta, 1997).
O futebol de 7 deve ser entendido como um conjunto de provas e de uma formação mais
enriquecedora, que permita dotar cada jogador de uma ampla série de conhecimentos
técnico-táticos e físico-psíquicos, que dificilmente vão alcançar no futebol 11. Durante a
época 2014/2015 o GUD procurou usufruir dos jogos para conseguir que os jogadores
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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aprendam a desenvolver-se em posições diferentes de forma a complementar a suas
carências de forma a compreender melhor as características de uma determinada
posição. É fundamental que os atletas percebam que o futebol é um jogo de conjunto,
em que todos os companheiros têm de saber o que fazer em cada momento do jogo,
defendendo, atacando, na transição defensiva e transição ofensiva.
5. Ideias de jogo/Modelo de jogo
Oliveira (2003), define modelo de jogo como "uma ideia / conjetura de jogo constituída
por princípios, subprincípios, subprincípios dos subprincípios..., representativos dos
diferentes momentos/fases do jogo, que se articulam entre si, manifestando uma
organização funcional própria, ou seja, uma identidade.
No início da época foi determinante criar desde início o modelo de jogo para a equipa
do GUD, modelo este, que esteve subjacente à equipa, durante toda a época desportiva.
O modelo de jogo foi elaborado segundo as ideias do treinador (eu) no âmbito de
procurar alcançar os objetivos competitivos propostos acima referidos (Anexo 3).
Muitos são os autores que evidenciam a importância do estabelecimento dos princípios
de jogo justificando para isso, um vasto leque de diferentes aspetos que consubstanciam
o melhoramento da funcionalidade da equipa tanto do ponto de vista operacional como
afetivo.
Segundo a escola de futebol do BragaFut existem diferentes sistemas táticos a utilizar
no Futebol de 7.
No decorrer da época optamos por utilizar diversos sistemas táticos, que como tal
continham vantagens e desvantagens.
No decorrer da época propriamente dita (no
campeonato) optamos por utilizar o sistema
(Gr+2+3+1);
Figura 13 - Descrição tática do sistema (Gr+2+3+1)
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Este sistema teve a sua origem no 1-3-2-1, ao adiantar um dos defesas para a linha de
meio campo. Tem também grandes afinidades com o futebol 11, especialmente em
equipas de características mais ofensivas, ou perante equipas contrárias muito inferiores.
Este sistema é uma boa aproximação para o 1-4-2-3-1 do futebol 11. Existe então, um
guarda-redes, dois defesas, três médios e um avançado.
Os defesas são dois centrais, com muitas capacidades para as coberturas, muito rápidos,
com qualidades técnicas para iniciar o jogo de ataque, fortes no jogo aéreo e eficazes
nos desarmes.
Os dois médios alas devem ser rápidos, com capacidades técnicas e com facilidades em
chegar à área contrária. O médio centro deverá ter todas as qualidades de um bom
organizador de jogo e bom posicionamento tático. O avançado deverá ser muito veloz,
com capacidade de desmarcação, com qualidades para segurar a bola e possibilidade de
fazer também trabalho defensivo.
Vantagens
Grande semelhança ofensiva ao funcionamento do futebol 11, permitindo
manter a posse de bola e fazer a progressão até à baliza contrária;
Maior agressividade defensiva pois permite pressionar com quatro jogadores o
início do ataque da equipa contrária;
Maiores possibilidades de conseguir golo ao recuperar um grande número de
bolas no campo contrário.
Desvantagens
Demasiado espaço livre entre os defesas e o guarda-redes;
Exige um nível elevado de concentração pois necessita de uma grande
intensidade de jogo;
Um erro na pressão pode proporcionar facilmente um contra-ataque da equipa
contrária com muitas possibilidades de golo, devido ao adiantamento das linhas
de jogo ao tentar recuperar a bola.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Enquanto, na fase final (do campeonato), num torneio complementar optamos por
utilizar o sistema (Gr+3+2+1);
Figura 14- Descrição tática do sistema (Gr+3+2+1)
Este sistema teve origem no 1-3-1-2, tendo como objetivo reforçar o meio campo,
melhorando a distribuição do espaço e dos elementos nesse espaço de jogo. Assim,
teremos um guarda-redes, três defesas, dois médios centros e um avançado. Existem
dois defesas laterais, podendo ter características ofensivas e defensivas, dependendo do
nível físico-técnico-tático dos alunos. O defesa central atua com grande sentido das
coberturas, e dando início ao jogo de ataque.
Dados que existem dois médios, um deles terá funções mais defensivas e o outro com
funções mais ofensivas, jogando um ao lado do outro.
O avançado deverá ter muita mobilidade, grande facilidade para desmarcações de apoio
e de rutura, bom nível para jogar de cabeça, boa velocidade e grande capacidade de
remate. Este sistema oferece uma maior solidez defensiva ao permitir que os elementos
estejam mais juntos no terreno de jogo. É mais semelhante com o futebol 11, com dois
laterais que se incorporam no ataque, dois médios centros com funções muito parecidas
ao futebol 11, e um avançado que joga mais isolado.
Vantagens
Maior semelhança com o funcionamento tático do futebol 11;
Melhor distribuição de espaços e elementos da equipa;
Melhora a eficácia defensiva;
Melhora a posse de bola pois não existem excessivas distâncias entre colegas;
Maior possibilidade de aproveitar espaços livres nos contra-ataques.
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Desvantagens
Em situação de ataque, podem existir poucas ajudas ao avançado se este sistema
de jogo não estiver bem automatizado;
Exige um maior trabalho tático para coordenar as ações coletivas;
Está mais vocacionado para utilizar em alunos de 10-11 anos pois exige uma
maior capacidade de assimilação de conceitos táticos.
Na última fase, entendia como um complemento, os torneios suplementares, decidimos
empregar o sistema (Gr+3+1+2);
Figura 15- Descrição tática do sistema (Gr+3+1+2)
Este sistema teve a sua origem no 1-3-3. O objetivo principal é repartir melhor o espaço,
atrasando a posição de um dos avançados até ao meio campo, equilibrando a linha
defensiva com a ofensiva.
Assim, temos três defesas, um médio centro e dois avançados. Existem dois defesas
laterais, podendo ter características ofensivas e defensivas, dependendo do nível físico
técnico-tático dos alunos. O defesa central atua com grande sentido das coberturas, e
dando início ao jogo de ataque.
Temos então, uma linha nova, ocupada pelo médio centro, com capacidade para gerar o
jogo ofensivo, bem posicionado, destacando-se por ser um bom distribuidor em curto ou
largo, bom remate, facilidade de chegar à área e espírito de sacrifício para defender. Os
dois avançados terão de possuir grande mobilidade, facilidade de desmarcação,
velocidade e alto nível de remate. Devem também colaborar no jogo defensivo de forma
a dificultar o início do ataque adversário através da pressão sobre a bola.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Vantagens
Distribuição mais racional do espaço de jogo, permitindo um melhor
escalonamento dos jogadores;
Redução das distâncias entre linhas de jogo e entre colegas de equipa.
Desvantagens
Jogo excessivo pelo centro do terreno pois não dispõe de laterais com sentido
ofensivo;
O médio centro tem demasiado terreno a ocupar;
Exige um trabalho tático maior para coordenar as ações coletivas, na
componente ofensiva e defensiva.
5.1. O ensino do Futebol / Principios de jogo
Durante um jogo surgem inúmeras situações cuja frequência, ordem
cronológica e complexidade não podem ser previstas, exigindo uma elevada
capacidade de adaptação e de resposta imediata por parte dos jogadores e
das equipas a partir das noções de oposição presentes em cada fase de jogo
(Garganta, 1997).
“A importância da exercitação das habilidades técnicas só tem sentido quando efetuada
para desenvolver a capacidade de jogo dos praticantes, isto é, a habilidade técnica
deverá ser inserida no jogo de forma a responder a uma necessidade dentro deste.”
(Vingada,1995, citado por Pacheco,2001)
Segundo Pacheco (2009), o atleta tem de passar por diferentes etapas do ensino de
futebol:
1ª Etapa – Construção do jogo a 3;
2º Etapa – Construção do jogo a 5;
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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3ª Etapa – Construção do jogo a 7;
4ª Etapa – Construção do jogo a 7 com fora de jogo;
5ª Etapa – Construção do jogo a 9;
6ª Etapa construção do jogo a 11;
No GUD, os objetivos formulados foram baseados na etapa três e na etapa quatro, onde
procuramos criar desiquilíbrios na defesa adversária através de combinações diretas e
indiretas; aperfeiçoar a desmarcação de rutura e apoio; criar espaço no momento
ofensivo; introduzir a defesa em bloco com basculação libertando o corredor oposto e
desenvolver os príncipios da penetração, contenção e cobertura.
As combinações diretas e indiretas foram trabalhadas em forma de triângulo como nos
apresenta a figura 16.
Figura 16 – Combinações diretas e indiretas em triângulo
Como exemplo de introdução à defesa em bloco e da basculação utilizamos um
exercício com balizas laterais, onde o objetivo da equipa que se encontrava a defender
não deixar a equipa em processo defensivo passar com a bola controlada pelas balizas.
Figura 17 – Defesa propriamente dita com basculação
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Ainda no ensinamento das etapas de futebol, procurei introduzir e consolidar alguns
princípios de jogo: i) penetração; ii) contenção e iii) cobertura defensiva.
Para operacionalizar estes princípios específicos de jogo realizamos o seguinte exercício
de treino:
Figura 18 – Penetração e contenção
A bola saí da linha de baliza, onde o atacante parte em penetração. Ao mesmo tempo, o
defesa faz uma corrida de aproximação à bola e contenção até à linha do meio campo.
Após ambos os jogadores passar o meio campo o avançado pode finalizar e o defesa
pode efetuar o desarme.
Define-se princípios táticos como um conjunto de normas sobre o jogo que
proporcionam aos jogadores a possibilidade de atingirem rapidamente soluções táticas
para os problemas advindos da situação que defrontam (Garganta e Pinto, 1994).
Foi através desta definição que procurei junto dos treinos do GUD, proporcionar-lhes
ferramentas para que durante o jogo, os jogadores, conseguissem solucionar
rapidamente as diferentes dificuldades que lhes são proporcionadas. Para tal,
recriávamos no treino situações similares ao contexto de jogo onde eles teriam de tomar
decisões rápidas em um curto espaço e tempo. Exemplo disso são as situações de
finalização de Gr+1x2 segundo Rui Pacheco (2009).
Operacionalização:
Figura 19 - Operacionalização de um exercício de
treino no contexto da tomada de decisão
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Os princípios gerais recebem essa denominação pelo facto de serem comuns as
diferentes fases do jogo e aos outros princípios (operacionais e fundamentais),
pautando-se em três conceitos advindos das relações espaciais e numéricas, entre os
jogadores da equipa e os adversários, nas zonas de disputa pela bola, a saber: (i) não
permitir a inferioridade numérica, (ii) evitar a igualdade numérica e (iii) procurar criar a
superioridade numérica (Queiroz, 1983 e Garganta e Pinto, 1994).
Na minha idealização e conceção do modelo de jogo, deparei-me com o facto dos meus
jogadores serem de nível biológico e maturacional menos desenvolvido do que as outras
equipas que iríamos defrontar. Devido a isso e sabendo à partida das dificuldades dos
jogadores, optei por adotar os princípios específicos de jogo de Queiroz (1983) e
Garganta e Pinto (1994), fazendo com que os jogadores se encontrem sempre próximos
uns dos outros, tanto a nível ofensivo e defensivo, para resolverem os problemas de
forma coletiva e não individual. A minha ideia de jogo a nível defensivo passou por
pressionar a equipa adversária sempre em superioridade numérica escolhendo zonas de
pressão táticas.
Por possuírem esse caráter, os princípios táticos precisam ser subentendidos e estar
presentes nos comportamentos dos jogadores durante um jogo, para que a sua aplicação
facilite atingir objetivos que conduzem à marcação de um golo ou ao seu impedimento.
Coletivamente, a aplicação dos princípios táticos auxilia a equipa num melhor controlo
do jogo, a manter a posse de bola, a realizar variações na sua circulação, a alterar o
ritmo de jogo, e a concretizar ações táticas visando romper o equilíbrio da equipa
adversária e, consequentemente, a alcançar mais facilmente o golo (Zerhouni 1980 e
Aboutoihi 2006).
Na elaboração do modelo de jogo ficou bem descrito qual a tarefa e missão de cada
jogador do GUD nos diferentes momentos do jogo de futebol. Um exemplo prático é
deixar sempre a equipa adversária sair a jogar para então recuperar a bola mais perto da
baliza adversária. Não deixando que numa primeira fase o GR arremesse a bola para a
frente.
Os princípios operacionais são, segundo Bayer (1994, p.145), “... as operações
necessárias para tratar uma ou várias categorias de situações”. Isto é, relacionam-se a
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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conceitos atitudinais para as duas fases do jogo, sendo na defesa: (i) anular as situações
de finalização, (ii) recuperar a bola, (iii) impedir a progressão do adversário, (iv)
proteger a baliza e (v) reduzir o espaço de jogo adversário; e no ataque: (i) conservar a
bola, (ii) construir ações ofensivas, (iii) progredir pelo campo de jogo adversário, (iv)
criar situações de finalização e (v) finalizar na baliza adversária.
A minha ideia em termos ofensivos sempre foi ensinar os atletas “a ter bola”, mesmo
que isso significa-se perigo para a nossa baliza e até acabarmos por sofrer um ou vários
golos. No entanto é nestas idades que os atletas têm de ganhar confiança na relação
jogador/bola. Senão é nesta idade, dez aos treze anos, que eles desfrutam do jogo em
que idades será? É nesta idade que eles tem de aprender com o erro para serem melhores
num futuro próximo e num processo de formação desportiva mais especializada e
competitiva.
No decorrer da época desportiva do GUD, utilizamos a metodologia de (Worthington,
1974; Hainaut e Benoit, 1979; Queiroz, 1983; Garganta e Pinto, 1994 e Castelo, 1999),
onde propõe quatro princípios para cada fase de jogo, sendo na defesa os princípios: (i)
da contenção, (ii) da cobertura defensiva, (iii) do equilíbrio e (iv) da concentração; e no
ataque os princípios: (i) da penetração, (ii) da mobilidade, (iii) da cobertura ofensiva e
do (iv) espaço.
Foi através desta citação que o nosso trabalho foi desenvolvido. Após várias consultas
bibliográficas, traçamos vários objetivos os atletas. Chegarem ao fim do ano sabendo,
em termos ofensivos: i) penetrar com bola; ii) mobilidade e espaço sempre que a equipa
tem bola. Por sua vez a nível defensivo: i) contenção e ii) cobertura constante ao
portador da bola. Todos estes conteúdos foram bastante trabalhados e consolidados
pelos atletas durante esta época desportiva, o que me deixa com motivos para sorrir.
Já os princípios fundamentais representam um conjunto de regras de base que orientam
as ações dos jogadores e da equipa nas duas fases do jogo (defesa e ataque), com
objetivo de criar desequilíbrios na organização da equipa adversária, estabilizar a
organização da própria equipa e propiciar aos jogadores uma intervenção ajustada no
“centro de jogo”.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Durante o ano tentamos que os atletas desenvolvessem outros conteúdos que levariam a
variação de centro de jogo e ao desequilíbrio da equipa adversária, mas tal não
aconteceu. As combinações diretas e indiretas e as desmarcações foram outros
indicadores que foram abordados com a finalidade de obter melhores resultados, mas
não foram adquiridos na integra. Os motivos para a falha destes objetivos são a falta de
empenho dos atletas, falta excessiva aos treinos e falta insuficiente de prática.
O período preparatório ou pré competitivo teve início no dia três (3) de outubro 2015
até trinta e um (31) de outubro de 2015, teve portanto a duração de quatro (4) semanas.
Tabela 3- Objetivos e meios de preparação do período preparatório
Comp. Física
Comp.
Técnica Comp. Tática
Comp.
Psicológica
Período
preparatório
- Força;
-Velocidade
reação;
-Capacidades
coordenativas
- Flexibilidade
passiva
- Condução de
bola
- Drible /finta
- Afirmação do
sistema de jogo
- Penetração
-Contenção
- Cobertura
- Integração
- Coesão de grupo
- Espirito de
equipa
Objetivo: Elevação funcional do organismo e desenvolvimento de
capacidades específicas do jogo de futebol de 7.
O período competitivo entre quatro (4) de novembro de 2014 até vinte e oito (28) de
maio de 2015.
Tabela 4 - Objetivos e meios de preparação do período competitivo
Comp. Física Comp. Técnica Comp. Tática
Comp.
Psicológica
Período
Competitivo
- Força;
-Velocidade
reação;
- Mudanças
de direção;
-Capacidades
coordenativas
- Remates;
-Passe
curto/médio;
-Receção
orientada;
-
Aperfeiçoamen
to do sistema
de jogo;
- Afirmação de
um sistema de
jogo
- Motivação;
-Visualização
mental;
- Autoconfiança;
- Unicidade.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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;
-
Flexibilidade
ativa/passiva
alternativo;
-
Movimentaçõe
s táticas
individuais e
coletivas;
- Exercícios de
competição
(ataque e
defesa);
Objetivo: Manutenção do estado forma ótimo e desenvolvimento de
conteúdos específicos do futebol.
Por fim, o período transitório teve início a dois (2) de junho até vinte e sete (27) de
junho. Com este período pretende-se que os atletas recuperem da fadiga psicológica e
física acumulada durante a época desportiva participando em torneios de caráter lúdico
e com uma carga de trabalho diminuindo progressivamente.
Tabela 5 - Objetivos e meios de preparação do período transitório
Comp. Física Comp. Técnica Comp. Tática Comp.
Psicológica
Período
transitório
-Velocidade
reação;
-Capacidades
coordenativas
-
Desenvolvimento
da técnica
individual
-
Desenvolvimento
de novo do
sistema de jogo
- Concentração
Objetivo: Controle da forma desportiva
Durante a época desportiva do GUD foi elaborado um macrociclo com os conteúdos de
treino ao longo do tempo em função das fases prévias do processo de planeamento.
Ainda no planeamento e periodização do treino foram elaborados microciclos com o
objetivo de: i) elevar a carga em função das capacidades individuais; ii) elevada
quantidade de estímulos; iii) repetição do estímulo em tempo útil (supercompensação);
iv) recuperação relativa e constante; v) ativação dos processos de recuperação e vi)
prevenção do sobretreino.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Os treinos eram realizados duas vezes por semana, terça-feira e quinta-feira, com
respetivo jogo ao fim de semana – sábado. Tendo jogo ao sábado os jogadores acabaria
por usufruir de dois dias de descanso, domingo e segunda, para no treino seguinte
encontrarem-se em ótimas condições físicas e psicológicas para iniciar uma nova
semana de trabalho. Em anexo (Anexo 4), esta retratado um microciclo semanal nos
diferentes períodos da época (período pré competitivo, período Competitivo, período
transitório).
5.2. Resultados
Durante a época desportiva 2014/2015 do GUD foram realizados setenta e oito (78)
treinos, trinta e sete (37) jogos e três (3) torneios de encerramento de época.
O objetivo de vencer o maior número de jogos do que derrotas não foi superado devido
à falta de jogadores; faltas constantes aos treinos; curta duração do treino e falta de
recursos logísticos.
No entanto vários conteúdos foram adquiridos pelos atletas o que os torna melhores
jogadores do que no início da época desportiva. Adquiriram princípios de jogo tais
como: i) contenção; ii) cobertura defensiva e iii) penetração.
Tabela 6 - Competição/Atividades
Nº Treinos 78
Nº Jogos realizados 37
Nº de Vitórias 10
Nº Empates 2
Nº Derrotas 25
Nº Torneios 3
6. Observação
Seguindo-se a segunda fase, a fase de observação foi feita simultaneamente com a fase
de orientação autónoma. Esta observação teve como objetivo registar o estado do atleta
e seguir a sua evolução ao longo do ano. Os indicadores a ter em conta foram: i)
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Conhecer os jovens atletas; ii) Reconhecer as suas lacunas em termos de processos
morfológicos; iii) Identificar quais os erros dos atletas a nível individual sobre os
conteúdos técnicos da modalidade; iv) Autenticar as debilidades da equipa em termos
táticos. Foi adaptada para o efeito uma grelha com indicadores técnicos, táticos, físicos
e psicológicos (Anexo 5).
7. Avaliação e controlo do treino
No processo de avaliação e controlo do treino foram avaliados dez atletas pertencentes
ao escalão de infantis “B” do GUD. As avaliações efetuadas foram antropométricas e
aptidão física (Anexo 6).
Foi efetuada uma avaliações no início do ano letivo. O intuito era realizar tres (3)
avaliações mas, derivado a falta de tempo; apenas podia permanecer no campo uma
hora, visto que o meu estágio era orientação autónoma e eu me encontrava sempre
sozinho no treino acabei por dar maior importância ao treino propriamente dito.
Ainda na avaliação e controlo de treino foram avaliados conteúdos específicos da
modalidade futebol: i) avaliação da técnica individual através de contabilizar o numero
de toques efetuados e ii) avaliação da condução de bola com mudanças de direção e
agilidade. Contudo, só realizamos uma avaliação derivado aos motivos mencionados
acima.
8. Atividades Pontuais
No que concerne à realização de ações de promoção do exercício físico na comunidade
e/ou promoção da entidade acolhedora, desenvolvemos um projeto denominado,
“Campus de Férias do GUD 2015”. Este projeto foi desenvolvido em consonância com
o departamento de formação do GUD, incluindo o meu tutor de estágio e o vice
presidente do clube.
O projeto “Campus de férias do GUD 20015” tinha como objetivo oferecer um campo
de férias para jovens, nos períodos de interrupção letiva, que proporcionasse
experiências diferentes, marcadas pelas vivências no distrito, favorecendo a
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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aprendizagem, espírito de equipa, animação, cultura ambiental e aventura da prática do
exercício físico, nomeadamente o futebol.
Nos dias que correm os jovens tornam se cada vez mais sedentários. Os jogos de vídeo,
a televisão, o computador são cada vez mais frequentes no nosso dia-a-dia, e são através
deles que a população jovem se torna cada vez mais obesa, pois troca uma vida rodeada
de lazer e natureza pelo comando da playstation. Há dados que nos indicam que
Portugal é o segundo pais com maior taxa de obesidade da união europeia. Contudo
estes resultados dão que pensar.
O Campus é precisamente destinado a contrariar esse facto e resultados. É fazer com
que a população jovem tenha bons hábitos desportivos e que tenha contacto com a
natureza e a respeite. Para além disso que conheça melhor o seu distrito a nível histórico
e social.
Por fim este evento também esteve destinado a uma vasta oferta de atividades, ao
convívio, ao fortalecimento de amizade e ao espírito de entre ajuda e camaradagem.
Contudo o projeto embora aprovado pela instituição acolhedora não foi possível realizar
devido à falta de recursos humanos e monetários. No entanto, o projeto encontra-se
arquivado pelo clube e num futuro próximo irá decorrer um campus de férias do GUD.
Tivemos ainda a oportunidade de participar em ações de formação e congressos
(Congresso de Pedagogia e do CIDESD), onde produzimos o respetivo relatório.
Além de todas as atividades pontuais realizadas ao longo do ano letivo, estiveram
também subjacentes reuniões periódicas com o coordenador e com o tutor de estágio,
onde produzimos as respetivas atas de reunião.
8.1. Torneios de Futebol de 7
O GUD, infantis “B”, participou em três torneios de encerramento de época: i) Chutalbi
– Castelo Branco; ii) Fontelo Cup – Viseu e iii) Mirtilo Cup – Sever de Vouga.
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Estes torneios tiveram como fundamento dar a conhecer aos atletas diferentes culturas
locais, conhecimento de diferentes tipos de jogadores, contacto com a realidade
futebolística de outros lugares do país entre outros.
Esta experiência foi bastante enriquecedora para o atleta devido ao grande número de
jogos efetuados por dia a um nível alto, devido ao excesso de jogos e ao cansaço
acumulado os jogadores tiveram de se superar em muitos dos jogos realizados e a nível
coletivo acabaram por se unir e trabalharem como um conjunto.
9. Outros
Além de todas as atividades Pontuais realizadas no decorrer do estágio, realizamos
também um vídeo motivacional para os atletas.
De forma a complementar as características individuais de cada atleta realizamos um
estudo com os atletas do GUD, “Estudo do Comportamento Tático Defensivo em
Função da Localização da Bola e dos Jogadores no Futebol de Formação”. Neste estudo
os jogadores conseguiram retratar comportamentos que correspondem aos princípios de
jogo da equipa, ou seja, conseguimos ver alguma congruência entre os processos da
equipa concebidos pelo treinador e o comportamento dos jogadores, em situação de
jogo, em relação a bola.
Por fim, e após um longo processo, é tempo de fazer uma reflexão sobre todo o trabalho
realizado durante o estágio curricular. Contudo, as reflexões não foram feitas somente
no fim, pois após cada treino, cada jogo, cada semana, cada mês foi momento de refletir
e restruturar o planeamento das atividades que estavam previamente programadas.
Conclusão
Concluindo, neste capítulo foram apresentados aqueles que foram os pontos
orientadores durante o meu percurso enquanto treinador de futebol 7. Toda a
organização tática, teve como base uma fundamentação sustentada, naquilo que achei
pertinente abordar ao longo da época desportiva. Onde realizei uma análise
aprofundada, no entanto resumida, enfatizando os pontos essenciais de cada sistema
tático e princípios de jogo, assim como as suas vantagens e desvantagens.
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PARTE IV – Reflexão Final
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Introdução
O seguinte capítulo tem como objetivo refletir sobre o que correu bem e o que correu
menos bem ao longo da época desportiva.
A UC de Estágio, foi uma preparação decisiva para o futuro, que teve como principal
objetivo aplicar conhecimentos que foram adquiridos ao longo de três anos de
licenciatura.
Permitiu-nos aplicar determinados conceitos que outrora não achamos pertinentes, mas
que revelaram-se determinantes para o sucesso de cada etapa. Aprendemos a gerir as
emoções e os sentimentos, aprendemos a geri-los da melhor forma possível em torno de
um comportamento cívico exemplar, não esquecendo os objetivos da disciplina, os
objetivos da instituição acolhedora e os meus objetivos pessoais.
1. Reflexão Final
Fazendo um balanço global de todo o percurso como aluno e estagiário do Curso de
Desporto e tendo a noção que toda a formação adquirida na instituição de ensino foi
essencial para o desempenho que tive no local de estágio, sinto-me na obrigação de
agradecer a todos os docentes pelos ensinamentos ao longo dos três anos de
Licenciatura, todas as áreas foram importantes, permitindo-me evoluir enquanto técnico
de Desporto.
Terminado o estágio é o momento de refletir sobre o que correu bem e o que correu
menos bem.
Ao longo do estágio, por vezes foi difícil levar a cabo a minha função, o meu dever,
infelizmente e pelos mais diversos motivos (falta de recursos monetários e humanos da
entidade acolhedora), não passei pelas mesmas experiências que os meus colegas, as
quatro fases de desenvolvimento, o que inicialmente foi complicado, lidar diretamente
com os pais e saber digerir de melhor forma pequenas questões, ter um apoio no treino,
ter alguém para me guiar, no entanto, consegui contornar e alcançar o respeito dos
encarregados de educação e desempenhar da melhor forma o meu trabalho.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Ao longo desta etapa as aprendizagens foram imensas. Foi importante e muito
gratificante trabalhar com este público-alvo, adquirindo assim uma experiência
enriquecedora. Não digo que tenha sido fácil, a integração foi algo difícil e que implicou
algum trabalho e paciência, não porque não fosse capaz, mas porque era vistos como
inexperiente e o dito novato.
É certo que o estágio, foi uma preparação decisiva para o futuro, que teve como grande
objetivo aplicar conhecimentos que foram adquiridos ao longo de três anos de
licenciatura. Contudo, não basta ter os fundamentos bem presentes, pois tive de saber
lidar com as relações interpessoais, e isso, ninguém consegue controlar.
Sem dúvida que as relações entre os seres humanos são algo de complexo. Todos nós
pensamos de maneira diferente, todos nós temos gostos diferentes, todos nós preferimos
diferentes tipos de personalidades nas pessoas. No entanto, parte da UC passou pela
convivência com diferentes indivíduos onde as emoções e sentimentos andaram à flor
da pele e tiveram de ser geridas da melhor forma possível em torno de um
comportamento cívico exemplar, não esquecendo os objetivos da disciplina, os
objetivos da instituição acolhedora e os meus objetivos pessoais.
O estágio foi uma UC que me proporcionou diversas experiências que serão úteis para o
meu caminho profissional como Técnico de Desporto. Para todas as profissões serem
bem-sucedidas, é necessário ter paixão na tarefa em que estamos inseridos. Se
juntarmos alguns valores, podemos tornar-nos profissionais de excelência: i) Trabalho;
ii) Empenho; iii) Disciplina e iv) Humildade, são valores que na minha opinião, terão de
estar sempre presente no dia-a-dia de jovens estudantes que entram para o mercado de
trabalho com vontade de vencer na vida. Estes valores são utilizados por pessoas de
sucesso pelo mundo fora, e tal como eles, quero tornar-me num profissional de
referência no mundo do desporto aplicando-os.
Tal como era esperado, as minhas expectativas foram inúmeras e praticamente todas
elas alcançadas, permitiram-me tirar partido de todas as situações, boas e más., e
sobretudo ganhar hábitos de trabalho e aproveitar esta oportunidade para conseguir
preparar-me para “o mundo lá fora”.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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Agora que esta etapa terminou, espero ser lembrado como alguém responsável, alguém
que se esforçou para atingir os objetivos delineados. Planear, prescrever e gerir treinos
no âmbito do futebol; Aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades curriculares do
menor de Treino Desportivo, bem como em outras unidades curriculares relacionadas
com a área do treino Formar e educar jovens atletas através do desporto – Futebol;
Transmitir conhecimento específico sobre a modalidade, através das vivências
adquiridas pelo estagiário nesta área e Consolidar conceitos teoricos do futebol
O estágio foi apenas um pequeno passo rumo ao futuro!
Comprovamos que aprendemos muito e desenvolvemos diversas competências. Esta
aprendizagem advém da aplicação e realização de todas as tarefas desempenhadas,
como treinador principal, durante a conceção, planeamento e realização desta época
desportiva, refletindo minuciosamente as várias tomadas de decisão e procurando
fundamentá-las cientificamente.
Com base nos resultados apresentados, entendemos que conseguimos efetivamente
planear, conceber e realizar uma época de bom desempenho desportivo com os infantis
“B” do GUD, com algumas dificuldades é certo. Ao longo da época desportiva
sensibilizámos os nossos atletas para o trabalho técnico, preparando-os para o treino
propriamente dito e para os jogos.
Contudo, durante toda a época nem sempre foi fácil levar a cabo o idealizado devido ao
facto de não existir material suficiente e em boas condições, o tempo de utilização dos
campos sempre foi reduzido, o que não permitiu trabalhar alguns conteúdos quando
necessário. A pouca adesão de jogadores na equipa também foi um fator preponderante.
Ao longo da época, foram muitos os treinos realizados com “meia dúzia” de jogadores o
que não facilitou de todo a evolução dos atletas.
As competências adquiridas são fruto de experiências técnicas que ocorreram ao longo
do estágio, de acordo com as funções que desempenhei. O trabalho e a dedicação não
dependem exclusivamente das circunstâncias ou experiências pessoais e profissionais de
cada um, mas sim do carácter que nos define enquanto pessoas.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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A humildade, a curiosidade, o interesse, o empreendedorismo, a dedicação e a ambição
são algumas das características que me parecem definidoras de um bom profissional, e
que me permitiram saber liderar sessões de treino com qualidade, no qual consegui
implementar e desenvolver o “meu estilo de jogo” a minha criatividade, comunicação, e
estilo de liderança.
Desde início, tive a sorte de poder colocar sem qualquer entrave a minha capacidade de
planificação e orientação. No contexto do conhecimento prático é fundamental aliar a
prática à teoria de forma a desenvolver o desempenho.
É pois neste modelo que apoia a formação onde ela é necessária, no âmbito prático no
qual me revejo, daí a curiosidade e vontade em aumentar o meu conhecimento na área
desportiva, mais precisamente na metodologia de treino sendo isto uma motivação para
continuar a minha formação profissional.
Em suma, estou certo que o estágio foi sem dúvida uma experiência profissional num
local diferente, com realidades diferentes daquelas de que estou habituado, no entanto,
não deixou de se tornar enriquecedora e que me faz continuar a querer trabalhar com
jovens e ensinar-lhes o que de melhor sei, o Futebol.
Por fim, treinar de forma autónoma uma equipa de futebol de 7 foi uma experiência
difícil mas, a qual não me arrependo e voltaria aceitar, pois consegui desenvolver
competências/conteúdos e incuti valores nos atletas que possam servir para o percurso
deles como atletas e cidadãos na sociedade. Sinto-me orgulhoso por saber que de
alguma forma acabei por marcar estes jovens atletas com a minha personalidade e
liderança para o futuro. Acabei por conseguir gerir as emoções que se viviam a cada
treino e jogo durante o desenrolar do ano, onde muitas foram as lágrimas derramadas
devido à constante procura do “eu”.
Esta etapa da minha vida chega ao fim mas, o caminho até alcançar o sucesso ainda é
longo…
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Conclusão
Concluindo, neste capítulo foram apresentados aqueles que foram os pontos decisivos
no decorrer do meu estágio.
Isto é, aquilo que determinou o meu sucesso, enquanto treinador, e um exemplo a seguir
por aqueles com quem privei ao longo de todos estes meses.
Nem tudo foi fácil, é certo, mas tornou-se recompensador, fazer parte de uma forma
ativa destes jovens, demonstrar o que estava certo e errado.
Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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BIBLIOGRAFIA
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Relatório de Estágio- Jean Amarante – 2014/2015
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ANEXOS
ANEXO 1
(Convenção de Estágio)
ANEXO 2
(Plano Anual)
ANEXO 3
(Ideias e Modelo de Jogo)
Padrões
Comportamentais
–
(Modelo de Jogo)
Infantis “B” – Guarda Unida Sport Clube
– 2014/2015
Instituto Politécnico da Guarda
Treinador Estagiário – Jean Amarante
Tutor – António Gregório
Futebol
_____________________________________________________________________________________________________
Organização estrutural
1:2:3:1
Organização estrutural alternativo 1
1:3:2:1
Organização estrutural alternativo 2
1:3:3
Momentos do jogo - Princípios dos padrões comportamentais
Momentos de jogo - Sub princípios dos padrões comportamentais
Organização ofensiva:
Objetivo – Marcar golo tentando desequilibrar a equipa adversária através da circulação de bola
1 – Construção das ações ofensivas
Precisão no passe
Equilíbrios ofensivos
Espaço
Manter a posse de bola
2 – Criação de situações de finalização
Penetração
Jogo entre linhas
Grande mobilidade (diagonais no ultimo terço)
Recurso ao 1x1 no último terço
3 – Finalização
Organização defensiva:
Objetivos – De maneira organizada, impedir a equipa adversária de criar situações de
finalização
1 – Impedir a construção das ações ofensivas
2 – Anular as situações de finalização
Recuperar a posse de bola
Equilíbrios
Cobertura defensiva
Contenção
3 – Defender a baliza
Evitar o remate a baliza
Posicionamento (jogador entre a baliza e a bola)
Transição ofensiva:
Objetivo – Aproveitar a desorganização adversária para criar o mais rapidamente possível
situações de finalização.
1 – Contra ataque
Identificar a melhor opção de passe (vertical ou diagonal)
Profundidade e amplitude ao jogo
Valorização do processo através dos MD e ME
2 – Ataque organizado
3 Fases de organização (fase de construção, fase de criação e fase de finalização)
Manter a posse de bola
Equilíbrios ofensivos
Precisão no passe
Espaço
Jogo entre linhas
Penetração
Grande mobilidade
Recurso ao 1x1 no último terço
Transição defensiva:
Objetivo – Evitar que o adversário aproveite a nossa desorganização para criar situações de
finalização.
1 – Equilíbrio defensivo
Manter jogadores de forma estratégica posicionados em campo
2 – Pressionar portador da bola
Pressão no portador da bola
Zona pressionante (zona especifica do campo)
3 – Recuperação defensiva
Mudança de atitude
Recuperar posicionamento defensivo
Equipa compacta
Missões táticas
Guarda - redes:
Adiantado para possíveis coberturas aos defesas
Deve orientar a linha defensiva e o resto da equipa a todo o momento.
No ataque deve acompanhar a saída da equipa.
Defesa Central
Os defesas centrais não devem jogar em linha
Um dos dois centrais deve ser um líder, a fim de coordenar os restantes colegas.
Manter distâncias nas basculações
Fundamental a sua ação na ajuda defensiva ao colega da mesma Linha e realizando
cobertura aos médios.
Medio Centro
Organizador de jogo da equipa, alternando o iogo curto e longo. Controlar o ritmo de
jogo da equipa.
Deve colaborar na fase de construção
Boa leitura de jogo. Deve perceber qual o momento de jogo e decidir - ataque
organizado ou contra-ataque.
No ataque deve estar atento as possíveis 2as bolas e cortar os contra-ataques com faltas
tácitas se for preciso.
Deve dar apoios constantes ao portador da bola.
Equilibrador o jogo defensivo
Deve ajudar os jogadores da mesma linha e da anterior, através de coberturas e
permutas.
Médios direito/esquerdo
Sem bola, deve fazer de lateral
Domínio na finalização e cruzamentos
Jogador forte no 1x1
Avançado
Grande mobilidade para dificultar marcação da defesa;
Criar, ocupar e utilizar espaços vazios com finalidade coletiva
Jogar entre linhas e de frente
Jogador tendencialmente egoísta
Será a primeira linha defensiva da equipa
Compreender diferentes momentos de jogo da equipa
Ações táticas
Contenção – É o primeiro principio especifico da defesa. O objetivo é retardar o adversário a
executar uma ação ofensivo que este possa realizar para que os seus companheiros possam
reorganizarem-se defensivamente.
Coberturas - A cobertura pode ser de carater ofensivo ou defensivo. Mas o seu objetivo, a nível
defensivo, é apoiar um companheiro de equipa que esta numa ação de contenção ao portador da
bola. Caso, o primeiro defesa seja ultrapassado, o segundo defesa executa uma ação de
cobertura, passando assumir uma posição de bloqueio ao portador da bola e o primeiro defesa
ocupa a posição do segundo defesa.
Permutas – A permuta é a troca posicional que acontece durante um jogo de futebol a fim de
manter o equilíbrio tático da equipa durante diferentes momentos de jogo
Esquemas táticos:
Canto 1
Canto 2
Canto 3
Livre Frontal
Livre lateral
Legenda:
- Condução de bola / drible
- Deslocamento
- Passe
- Remate
- Bola
- Guarda Unida
- Adversário
ANEXO 4
(Exemplo de Microciclo)
ANEXO 5
(Exemplo de Ficha de Observação)
ANEXO 6
(Avaliação de Aptidão Física e Medidas Antropométricas)
ANEXO 7
(Fotografias)
Campeonato Nacional de Infantis
Torneios Complementares