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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática O ENSINO DE CONCEITOS DE ELETROMAGNETISMO: simulações interativas em Easy Java Simulations Luciano Soares Pedroso BELO HORIZONTE 2008

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · esperanças sobre o Ensino de Física, e pela amizade e o carinho demonstrados. ... teorias de aprendizagem mais recentes

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática

O ENSINO DE CONCEITOS DE ELETROMAGNETISMO:

simulações interativas em Easy Java Simulations

Luciano Soares Pedroso

BELO HORIZONTE

2008

Luciano Soares Pedroso

O ENSINO DE CONCEITOS DE ELETROMAGNETISMO:

simulações interativas em Easy Java Simulations

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,

como requisito parcial para obtenção de título de

Mestre em Ensino de Física.

Orientadora: Dra. Maria Inês Martins

Belo Horizonte

2008

A todos que acreditam na capacidade humana inimitável de aprender sempre.

AGRADECIMENTOS

À Deus que, com a sua infinita misericórdia e amor tem sempre mostrado os caminhos de

minha vida.

À Professora Dra. Maria Inês Martins, pela orientação segura e competente, valorizando meu

trabalho, mostrando-se, muitas vezes, mais amiga do que mestre, e acima de tudo, por

acreditar na importância de se adequar as pesquisas em Ensino de Física aos avanços

tecnológicos.

À minha esposa Silvania e aos meus filhos João Felipe e Ana Laura pelo amor, compreensão

e cumplicidade, transmitindo-me sempre sabedoria, amor e muito apoio em todos os

momentos de minha vida.

Ao colega Evandro pelo incentivo, diálogo e reflexões sobre o Ensino de Física, e mais

especificamente, sobre esta pesquisa, impelindo-me a novas buscas e descobertas.

Aos amigos e professores do Mestrado pelas reflexões sobre as nossas ansiedades e

esperanças sobre o Ensino de Física, e pela amizade e o carinho demonstrados.

RESUMO

Neste trabalho desenvolvemos um hiperdocumento construído com software livre com a

finalidade de apoiar o ensino e a aprendizagem de conceitos de eletromagnetismo em escolas

de Ensino Médio. A pesquisa envolveu a elaboração, produção e validação de um

hiperdocumento que contém simulações interativas produzidas com o software EASY JAVA

SIMULATIONS fundamentadas nas concepções de aprendizagem significativa de Ausubel.

Foram considerados também os princípios fundamentais que caracterizam a hipermídia

enquanto linguagem que permite o acesso não-linear à informação e a apresentação desta com

a utilização dos recursos gráficos, sonoros, interativos e de animação do computador, e ainda

suas implicações para as práticas de ensino. Esse recurso didático foi avaliado por

alunos/professores do programa do Mestrado Profissional em Ensino da PUC Minas o que

permitiu o aprimoramento do Hiperdocumento de Eletromagnetismo que foi aplicado aos

alunos da terceira série do Ensino Médio. Encontramos evidências de que a diversidade de

elementos de mídia auxiliou-os na compreensão dos conceitos, fixação do conteúdo e

interpretação dos fenômenos. Observamos ainda que o hiperdocumento estruturado nas

concepções de aprendizagem significativa de Ausubel ajudou no desenvolvimento de

subsunçores para apoiar a aprendizagem, tornando esses alunos participantes ativos na

aquisição de informações e construção de conhecimento.

Palavras-chave: Hiperdocumento. Simulações interativas. Software EJS. Ensino de

eletromagnetismo.

ABSTRACT

In this research we developed a hyper document built with free software in order to support

the teaching and learning of electro magnetism concepts at High School. The research

involved the preparation, production and validation of a hyper document which contains

interactive simulations made with the EASY JAVA SIMULATIONS software substantiated at

the conceptions of Ausubel‟s significant learning.

It was also regarded the fundamental principles which characterize the hyper media as a

language that allows the non-linear access to the information and its presentation through the

use of graphic resources, sounds, interactive and animation from a computer, and yet its

implications to the teaching practice. This educational resource was evaluated by the

students/teachers of the Professional Master‟s Program in Education at PUC Minas which

allowed the improvement of the Hyper document of Electromagnetism that was applied to the

students from the third grade in High School. We found evidences that the diversity of media

elements helped them understand the concepts, fix the topic and interpret the phenomena. We

observed that the hyper document substantiated at the conceptions of Ausubel‟s meaningful

learning helped the development of subsumer to support the learning, making these students

active participants in the information acquisition and knowledge construction.

Key words: Hyper document. Interactive simulations. EJS softwares. Teaching of electro

magnetism.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9

1.1 Delimitação do conteúdo e proposta pedagógica ........................................................... 13

2.TECNOLOGIA NO ENSINO DE FÍSICA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA . 20

2.1 Predisposição para aprendizagem significativa ............................................................. 21

2.2 Ocorrência de conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do aluno (subsunçores) ...... 23

2.3 A tecnologia da informaçao e da comunicação no ensino ............................................. 25

3 MATERIAL INSTRUCIONAL ......................................................................................... 26

3.1 Hipermídia ........................................................................................................................ 27

3.2 Aplicativos (applets) .........................................................................................................29

3.3 Vídeos ................................................................................................................................. 31

3.4 Software livre .................................................................................................................... 34

3.5 O software Easy Java Simulation como recurso pedagógico ....................................... 35

4. HIPERDOCUMENTO DE ELETROMAGNETISMO .................................................. 43

4.1 Ambiente ........................................................................................................................... 43

4.2 Processo de construção e a física do HE ......................................................................... 43

4.3 Processo de aplicação do HE .......................................................................................... 50

5. ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 52

5.1 Análise dos gráficos com respostas dos alunos .............................................................. 54

5.2 Adequação do HE feita pelos alunos-professores .......................................................... 71

6. ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR SOBRE O USO DO HE..............................74

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 90

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 94

ANEXO A ................................................................................................................................ 98

ANEXO B .............................................................................................................................. 104

ANEXO C .............................................................................................................................. 110

9

1 INTRODUÇÃO

Nosso interesse pelo tema da presente dissertação surgiu em função de dificuldades

verificadas em nossa experiência de mais de 10 (dez) anos como professor de Física do

Ensino Médio de escolas públicas e privadas em relação ao processo de ensino-aprendizagem

dessa disciplina. Ainda enfrentamos no ensino de Física várias dificuldades de aprendizagem

e pouco interesse por parte de nossos alunos em relação a essa disciplina, talvez por a

abordarmos com uma dimensão fortemente conteudista, com o seu conhecimento teórico

descrito em seus diversos eixos temáticos, em quantidades enormes de conteúdos

necessitando de uma enorme carga horária. Nessa perspectiva, observamos desarticulação

transversal entre disciplinas, bem como uma desarticulação de conteúdos dentro da própria

Física, muitas vezes sem relação clara entre conceitos. O texto abaixo, de Levine (1994),

reflete um pouco essa realidade:

Um jornal é melhor que uma revista. Um cume ou encosta é melhor que uma

rua. No início parece que é melhor correr do que andar. É preciso

experimentar várias vezes. Prega várias partidas, mas é fácil de aprender.

Mesmo as crianças podem achá-lo divertido. Uma vez com sucesso, as

complicações são minimizadas. Os pássaros raramente se aproximam.

Muitas pessoas, às vezes, fazem ao mesmo tempo, contudo isso pode causar

problemas. É preciso muito espaço. É necessário ter cuidado com a chuva,

pois destrói tudo. Se não houver complicações, pode ser muito agradável.

Uma pedra pode servir de âncora. Se alguma coisa se partir, perdemo-lo e

não teremos uma segunda chance. (LEVINE, 1994, p.14).

Cada frase parece fazer sentido, mas o todo do texto não. Estamos falando de que? Ao

fazermos uma releitura sabendo que o referido texto trata-se de papagaios de papel,

conseguimos perceber a diferença, fazemos com que o texto tenha significado. Agora é

possível visualizar mentalmente tudo o que é dito no texto sendo que essa visualização é

quase sempre sinônimo de entendimento. Na verdade quando sabemos do que se trata, temos

conhecimento prévio sobre o assunto e compreendemos o significado de determinado

conceito, fica muito mais fácil compreender e assim contribuir para uma melhor motivação

sobre o assunto.

Assim, ao planejar o ensino de Física, enfatizando uma lista de tópicos de textos

didáticos que privilegiam questões de processos seletivos sem considerar as idéias

espontâneas e o cotidiano dos alunos reproduziremos ensino centrado nos conteúdos.

Defendemos o ensino de Física que possibilite alcançar as mudanças conceituais, valorizando

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aprendizagens anteriores dos alunos, ajudando-os a reinterpretar conhecimentos prévios,

criando estímulos para o crescimento individual e social, condições fundamentais para uma

aprendizagem significativa. Sobre esse aspecto, Fiolhais & Trindade (2003) afirmam que:

São conhecidas as dificuldades que muitos alunos apresentam na

compreensão dos fenômenos físicos. Entre as razões do insucesso na

aprendizagem de física são apontados métodos de ensino desajustados das

teorias de aprendizagem mais recentes assim como falta de meios

pedagógicos modernos. A necessidade de diversificarem métodos para

combater os insucessos escolares, que é particularmente nítido nas ciências

exatas, conduziu ao uso crescente e diversificado do computador no ensino

de física. O computador oferece atualmente várias possibilidades para ajudar

a resolver os problemas de insucesso das ciências em geral e da física em

particular. (FIOLHAIS & TRINDADE, 2003, p. 259).

Percebemos nos últimos anos o surgimento de novas tecnologias e a democratização

da informação através da Internet, provocando uma reviravolta nos métodos utilizados na

transmissão e construção do conhecimento. O ensino consubstanciado na mera transmissão de

conceitos, bem como a aprendizagem entendida apenas como o acúmulo de informações, não

subsistem mais. O novo desafio imposto está associado ao desenvolvimento de mecanismos

capazes de transformar as aulas em processos contínuos de informação, comunicação e

pesquisa, em que professores e alunos participem ativamente.

Dessa forma, nosso trabalho procura integrar a tecnologia da informação e

comunicação aos processos de ensino e aprendizagem de tópicos de conteúdos específicos da

Física através de simulações, vídeos, textos, imagens animadas e sons.

O número substancial de publicações nas últimas décadas demonstra a importância da

utilização da informática no ensino presencial ou à distância. Verificamos, entretanto, poucas

investigações, a serem abordadas posteriormente, analisam efetivamente o uso dos

computadores para a promoção do conhecimento e a geração de novos tipos de

aprendizagens. Nessa perspectiva, optamos por produzir um material de apoio ao professor,

potencialmente adequado a promover aprendizagem significativa na concepção de Ausubel

(1980) de conceitos de física, sobretudo de eletromagnetismo. Nessa abordagem os conceitos

foram apresentados em situações problemas implementadas com simulações interativas por

meio do software EASY JAVA SIMULATIONS.

Em nossa proposta, desenvolvemos applets envolvendo conceitos de

eletromagnetismo que podem ser utilizados em sala de aula como complementação

pedagógica à prática do professor visando proporcionar uma aprendizagem significativa.

Diante desse pressuposto, nos colocamos a pergunta: Quais as características que uma

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simulação interativa (Applets) desenvolvida em linguagem JAVA deve ter, para proporcionar

uma aprendizagem significativa?

Com essas questões em mente, nos deparamos com uma outra pergunta: simulações

computacionais produzidas com software livre e implementadas com textos hipermídia

podem proporcionar uma aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo?

Procuramos desenvolver o material proposto considerando essas perguntas que serão

retomadas reiteradamente nesse trabalho. A nossa experiência e interesse no desenvolvimento

de applets e softwares esteve sempre voltada aos produtos comerciais, entretanto o convívio

no mestrado alterou, substancialmente nosso percurso. Inicialmente não considerávamos

possível realizar a montagem do hiperdocumento utilizando simulações interativas com

software livre pois estes, em sua maioria, não possuem uma interface amigável,

impossibilitando a criação de banco de dados adequada ao seu bom funcionamento, mas a

exigência do mestrado profissional de disponibilização do produto aos professores do ensino

médio nos fez procurar soluções de softwares disponíveis a todos. Fomos surpreendidos com

a riqueza de possibilidades disponíveis na web e começamos a participar de grupos que

usavam a linguagem de programação JAVA como por exemplo o PYTHON1.

Como sabemos, os avanços da tecnologia da informação, da comunicação e da

imagem têm provocado um amplo debate sobre sua inserção e uso em pesquisas nas diversas

áreas de conhecimento, tanto na agilização quanto na construção de processos no cotidiano.

Nessa perspectiva, consideramos pertinente a ampliação desse debate para o contexto

educacional, no qual são questionados os modos de inserção desse ferramental nos processos

de ensino e aprendizagem em diversas áreas, principalmente na educação básica.

Procuramos compreender a teoria de aprendizagem significativa segundo Ausubel

(1980), bem como os trabalhos produzidos sob esse aporte teórico com a utilização de

recursos tecnológicos sobretudo aqueles relacionados ao ensino de Física. Após esse estudo,

propusemos como alternativa e/ou complementaridade ao ensino de eletromagnetismo no

Ensino Médio, a exploração de aplicativos, sons, simuladores e vídeos gerados e obtidos

através de câmeras digitais, software livre (EASY JAVA SIMULATIONS), Macromedia

1 Python é uma linguagem de programação interpretada, interativa, dinamicamente tipada, orientada a objetos. O

desenvolvimento do Python começou em 1990, no CWI (Instituto de Matemática e Ciência da Computação), em

Amsterdã, na Holanda, por Guido Van Rossum, e foi depois continuado pela Python Software Foundation (PSF).

Existe uma grande comunidade dedicada ao desenvolvimento e aprimoramento dessa linguagem

(http://www.python.org, http://www.pythonbrasil.com.br) que é amplamente utilizada nos meios acadêmicos,

software livre, pesquisa (Google, NASA), jogos (Disney) dentre outros.

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Flash MX e Microsoft FrontPage compondo assim o material interativo (Hiperdocumento de

Eletromagnetismo) em CD-ROM.

A estrutura da dissertação foi proposta em 7 capítulos, sendo que o primeiro deles

representa essa introdução. No capítulo 2 descrevemos os referenciais teóricos utilizados na

dissertação. No capítulo 3 apresentamos uma análise de alguns métodos usados para o

desenvolvimento de hiperdocumento como hipermídia, aplicativos, vídeos, software livre e

aspectos sobre o software EASY JAVA SIMULATIONS. No capítulo 4 descrevemos o

ambiente do hiperdocumento, seu processo de construção e a aplicação. No capítulo 5

fazemos a análise dos dados e a verificação da aprendizagem significativa, no capítulo 6

apresentamos algumas orientações ao professor na utilização do HE em sala de aula e no

capítulo 7 apresentamos as considerações finais e possíveis melhorias para trabalhos futuros.

Como produto de nosso trabalho elaboramos um hipertexto chamado de

Hiperdocumento de Eletromagnetismo (HE) que será disponibilizado na página do programa

(www.pucminas.br) e também em CD-ROM, acompanhando a presente dissertação.

A estrutura hierárquica do produto (hiperdocumento) é apresentada em seguida na

formatação de mapa conceitual2 contendo basicamente os conceitos de eletromagnetismo e

suas relações a serem exploradas durante a navegação e exploração do HE.

2 Os mapas conceituais são utilizados para auxiliar na organização e distribuição dos conceitos relacionados aos

conteúdos a serem desenvolvidos. Essa estrutura é composta de diferenciações progressivas, reconciliações

integradoras e ligações proposicionais. Para um aprofundamento sobre o assunto recomendamos Novak (2000) e

Tavares (2005).

Figura 1: Mapa conceitual do Hiperdocumento de Eletromagnetismo.

Fonte: Dados da pesquisa

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1.1 Delimitação do conteúdo e proposta pedagógica

Para o desenvolvimento do hiperdocumento, escolhemos como conteúdo os

conceitos básicos de eletromagnetismo no tratamento adequado ao Ensino Médio com uma

abordagem qualitativa focada no cotidiano do aprendiz.

A opção pelo eletromagnetismo surgiu pela importância dos conceitos dessa área de

conhecimento, diretamente conectados ao dia-a-dia e aos avanços tecnológicos do homem

contemporâneo. Como exemplos, envolvendo o magnetismo, apresentamos as figuras 2 e 3. A

figura 2 mostra aparelhos eletro-eletrônicos utilizados no dia-a-dia e a figura 3 considera a

levitação do Maglev por repulsão magnética baseando-se na utilização de bobinas

supercondutoras capazes de criar fortes campos magnéticos. Estas bobinas localizadas no

interior do trem (tendo uma refrigeração especial) induzem nas bobinas encontradas nos

trilhos uma corrente elétrica, que por sua vez geram um campo magnético induzido e

contrário ao que lhe foi aplicado, proporcionando assim a levitação do trem pela força de

repulsão magnética, entre o trilho e a bobina supercondutora.

Figura 2: Aparelhos eletro-eletrônicos usados no dia-a-dia.

Fonte: Apostila de Física – Rede Pitágoras (2007, p. 41).

Figura 3: Tela do tópico "Propulsão e MAGLEV."

Fonte: Apostila de Física – Rede Pitágoras (2007, p. 45).

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Com relação à abordagem que toma como base a teoria da aprendizagem de

Ausubel (1980), acreditamos que esta visão possibilite o estabelecimento de uma ponte

entre o saber do aprendiz e o saber almejado, permitindo que o material desenvolvido

funcione como um organizador avançado no processo de ensino aprendizagem.

Sobre a ponte pretendida entre os saberes (do aprendiz e o almejado) Pierson &

Hosoume (1997) consideram a relação da Física com tecnologia como muito estreita, e

[...] neste sentindo a Física já está incorporada na vida de qualquer indivíduo

que vive numa sociedade altamente tecnológica como a nossa. Não a Física

das fórmulas, mas a incorporada nos aparelhos e instrumentos com as quais

convivem cotidianamente. (PIERSON & HOSOUME,1997, p. 86).

Essa relação estreita entre a física e a tecnologia encontra-se também explicada

nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Brasil, 2002). De acordo

com as competências e habilidades previstas nos PCNs, o aprendiz deve ser capaz de

“interpretar notícias científicas”, “compreender a Física presente no mundo vivencial e

nos equipamentos e procedimentos tecnológicos”, “reconhecer o papel da Física no

sistema produtivo, compreendendo a evolução dos meios tecnológicos e sua relação

dinâmica com a evolução do conhecimento científico”, entre outras.

Durante a busca de material para apoiar a preparação dos textos do HE,

percebemos nos livros didáticos, de uma maneira geral, a apresentação de um discurso

revelador de uma preocupação com a Física como uma ciência que permite compreender

uma imensidade de fenômenos físicos naturais, indispensáveis para a formação cidadã,

profissional, ou ainda como subsídio para o acesso ao Ensino Superior auxiliando os

alunos na compreensão e interpretação do mundo. Notamos entretanto, na maioria dos

livros, que sua ênfase recai sobre os aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos

e conceituais, privilegiando a resolução de “Problemas de Física” que, quase sempre, se

traduzem em exercícios matemáticos com respostas prontas.

Como nossa preocupação é estruturar um material de apoio ao ensino de Física

na educação básica, com o conteúdo disponibilizado aos alunos de maneira desafiadora,

significativa e principalmente fazendo com que percorram múltiplos caminhos até

alcançar o aprendizado, buscamos em Salém (1996) o apoio teórico necessário para a

escolha do livro didático a ser utilizado na construção dos textos do HE.

[...] é necessário um processo de reconstrução para que o estudante adquira o

conhecimento em extensão da teoria, para que seja capaz de especializá-la

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em sua mente. Para tanto ele precisa transcender o caminho linear das aulas

e dos livros, percorrer os muitos caminhos entre as suas partes, ir e vir de um

ponto a outro, de modo que a estrutura da teoria seja apreendida. (SALÉM,

1996, p. 134).

Para apoiar a preparação do conteúdo previsto foi utilizado o material

desenvolvido pelo GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física) denominado

Leituras de Física – Eletromagnetismo (GREF, 1998), que visa o questionamento e

investigação dos fenômenos físicos sempre partindo de situações vivenciadas no dia-a-dia.

Tendo como referência a proposta pedagógica do GREF (HOSOUME,

TOSCANO e MARTINS, 1997), o conteúdo de eletromagnetismo previsto para o ensino

médio foi dividido em cinco grandes partes: magnetismo e introdução ao

eletromagnetismo, carga elétrica em campos elétricos e magnéticos, força eletromotriz

induzida, geradores de corrente alternada e eletrostática e corrente elétrica (como parte

opcional).

A opção pelos textos do livro do GREF fundamenta-se na estrutura de análise

desse livro didático que pressupõe um aprendizado científico significativo mesmo para

alunos cujo futuro profissional não dependa diretamente da Física. Após análise desse

livro didático, constatamos que sua estrutura curricular está em consonância com o que

afirma Salém (1996) e para justificarmos nossa escolha analisamos o livro sob vários

aspéctos:

I. Ênfase Curricular:

Ênfase na ciência do cotidiano: a proposta do GREF parte do cotidiano do aluno, das

coisas e objetos que fazem parte do nosso dia a dia, para a construção do conhecimento

científico. A partir do cotidiano é possível aplicar os princípios e generalizações da ciência

física na compreensão e controle destas “coisas e objetos”.

O caráter prático-transformador e o caráter teórico-universalista da física não

são traços antagônicos mas, isto sim, dinamicamente complementares.

Compreender este enfoque permitiu evitar tanto o tratamento “tecnicista”

como o tratamento “formalista” e, procurando partir sempre que possível de

elementos vivenciais e mesmo cotidianos, formulam-se os princípios gerais

da física com a consistência garantida pela percepção de sua utilidade e

universalidade. (GREF, 2005, p.19).

II. Linguagem

Os textos são de uma leitura agradável, em que a linguagem coloquial é usada mas os

termos técnicos são adicionados a partir da interpretação de situações do cotidiano.

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Caminha-se, portanto, de um vocabulário mais simples para um vocabulário mais

específico.

[...] esses movimentos acontecem devido a uma ação à distância entre eles.

Da mesma forma que a agulha da bússola se move quando "sente" o campo

magnético de um ímã, o eixo do motor também se move quando um dos seus

circuitos que está com corrente "sente" o campo magnético criado pela parte

fixa do motor. (GREF, 1998, p.59).

III. Recursos Visuais

A editoração dos textos e imagens torna a leitura agradável e as ilustrações, além de

estarem de acordo com o conteúdo, auxiliam o entendimento do texto e são muito

parecidas com o tipo de desenho feito pelos alunos. O aluno tende a gostar deste tipo de

ilustração e a se identificar melhor com o material.

Figura 4 - Proposta de explicação do funcionamento do motor de liquidificador

Fonte: Leituras de Física – GREF – Eletromagnetismo – p. 67.

IV. Tratamento Matemático

O material dá uma ênfase maior na compreensão do fenômeno físico em situações do

cotidiano do que no uso e aplicação de fórmulas matemáticas. Mesmo sim as fórmulas

estão presentes e associadas ao desenvolvimento qualitativo das idéias a elas relacionadas.

A física, instrumento para compreensão do mundo em que vivemos, possui

também uma beleza conceitual ou teórica, que por si só poderia tornar seu

aprendizado agradável. Esta beleza, no entanto, é comprometida pelos

tropeços num instrumental matemático com o qual a física é constantemente

confundida [...] (GREF, 2005, p.19).

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V. Aspectos Experimentais

Os experimentos propostos no GREF, inspiradores dos vídeos do HE3, são parte

integrante do texto e não constituem um mero “texto suplementar” auxiliar na

compreensão dos fenômenos. Por não requererem um material especializado de laboratório

podem ser realizados com material doméstico, visando uma melhor compreensão dos

fenômenos físicos e não o desenvolvimento de habilidades de medição e coleta de dados .

Coloque o ímã sobre uma folha de papel e aproxime a bússola até que sua

ação se faça sentir. Anote o posicionamento da agulha, desenhando sobre o

papel no local da bússola. Repita para várias posições. (GREF, 1998, p.58).

VI. Relação com o Desenvolvimento Tecnológico

O material procura construir o conhecimento científico a partir do cotidiano do

aluno, articulando fortemente o que se estuda com as tecnologias relacionadas.

A fita magnética é uma tira de plástico recoberta por um material

magnetizável (como, por exemplo, pequenas partículas de ferro). Esse

material, conforme já discutimos, é influenciado pela presença de um campo

magnético da mesma forma que a agulha de uma bússola é influenciada pela

presença de um ímã. (GREF, 2005, p.258).

VII. Abordagem da Física Moderna

Diferentemente de outros livros didáticos, sobretudo daqueles anteriores ao

PNLEM4, a física moderna aparece naturalmente para explicar alguns fenômenos que são

discutidos no texto.

O campo magnético criado pelos ímãs, ainda que possa parecer estranho,

também se deve às correntes elétricas existentes no seu interior ao nível

atômico. Elas estão associadas aos movimentos dos elétrons no interior dos

átomos. Apesar de estarem presentes em todos os materiais, nos ímãs o

efeito global dessas correntes atômicas não é zero e corresponde a uma

corrente sobre a sua superfície, conforme ilustra a figura. (GREF, 1998,

p.71).

3 Os vídeos do HE foram produzidos partindo de uma bancada de eletromagnetismo que tomou como base os

experimentos propostos pelo GREF. 4 O Programa Nacional do Livro do Ensino Médio – PNLEM foi instituído em 2003 e prevê a distribuição de

livros didáticos para os alunos do ensino médio público de todo o País.

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Em função da análise realizada sobre o livro do GREF (1998) em relação aos

itens de I a VII, optamos pela sua utilização exaustiva como modelo inspirador de

proposta de ensino-aprendizagem complementada com recursos pedagógicos alternativos.

Os recursos de texto e simulações disponibilizados no HE foram inspirados no

livro do aluno sobre Eletromagnetismo (GREF – Leituras de Física – páginas 53 a 76)

conforme ilustrados no quadro apresentado a seguir:

FIGURAS DO GREF SIMULAÇÕES DO HE

19

FIGURAS DO GREF SIMULAÇÕES DO HE

Quadro 1: Figuras do GREF inspiradoras das simulações do HE

Fonte: Dados da pesquisa

20

2 TECNOLOGIA NO ENSINO DE FÍSICA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

O uso da tecnologia da informação e da comunicação (TIC) para fins educacionais

tem sido tema de diversas pesquisas nos últimos anos, como podemos perceber em Abbey,

(2000); Araujo, (1999); Mendelsohn (1999); Mucchielli, (1988) e Rocha (2000).

De maneira geral todos esses autores consideram que as TICs baseadas na internet se

aplicam a diversos segmentos do ensino, apresentando resultados de experiências que

contribuem para o uso eficiente dessa ferramenta de estudo e comunicação.

Araujo (1999), toma a tecnologia hipermídia como elemento principal de um

ambiente de TIC baseado na internet, que em linhas gerais, se caracteriza pela utilização de

conteúdos multimídia, organizados sob uma estrutura de hiperdocumento, difundida a partir

dos primeiros hipertextos.

Para Rocha (2000) a modelagem e desenvolvimento do conteúdo multimídia devem

utilizar-se de recursos tecnológicos diversos, pois seu uso inadequado torna o conteúdo

modelado pobre em qualidade. Além disso, o autor considera que a utilização da TIC na

educação, baseada na internet, deve incorporar estratégias e abordagens metodológicas

(aporte teórico) adequadas para cada conteúdo disponibilizado aos alunos.

Desse modo, o desenvolvimento dos conteúdos digitais para o ensino/aprendizagem,

torna-se uma tarefa que envolve várias dimensões como conteúdo, estratégias específicas,

metodologia e tecnologia.

Para a confecção de nosso trabalho utilizamos como aporte teórico, a teoria de

aprendizagem significativa de Ausubel (1980) que tem sido referenciada em muitos trabalhos

que consideram a tecnologia da informação e comunicação (TIC) no ensino e aprendizagem,

sobretudo no ensino de Física. Essa teoria é compreendida por vários autores entre as teorias

construtivistas cognitivistas. Moreira (1999), por exemplo, considera que Ausubel é:

[...] um representante do cognitivismo e, como tal, propõe uma explicação

teórica do processo de aprendizagem, segundo o ponto de vista cognitivo,

embora reconheça a importância da experiência afetiva. Para ele,

aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura

cognitiva. Como outros teóricos do cognitivismo, ele se baseia na premissa

de que existe uma estrutura na qual essa organização e integração se

processam. (Moreira, 1999, p. 152).

De fato, para Ausubel (1980) o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem

21

passa pelo seu papel ativo, sua motivação para a investigação, exploração e compartilhamento

de suas descobertas, procurando assim a construção significativa de seu conhecimento.

Portanto, para o autor, aprendizagem significativa é um processo no qual uma nova

informação é entrelaçada a um ponto relevante na estrutura cognitiva do aluno.

A estrutura cognitiva para Ausubel (1980) é o conteúdo informacional organizado e

armazenado por um aluno. Nesse sentido podemos supor que um certo conteúdo previamente

armazenado sobre o conceito de eletromagnetismo a ser trabalhado, representará uma forte

influência no processo de aprendizagem de um aluno, sendo necessárias três condições, para

objetivação da aprendizagem significativa, apresentadas em seguida:

a. A predisposição do aprendiz para o relacionamento entre o conteúdo

apresentado e o previamente armazenado. É nesse ponto que cabe ao

professor buscar novas alternativas ao seu método de ensino, levando para

sala de aula exercícios a avaliações que contemplem habilidades e

competências interligadas ao mundo real.

b. A ocorrência de um conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do aluno. Nesse

caso, o professor deve identificar os organizadores prévios faltantes para a

compreensão de determinado assunto e disponibilizá-los, para que o aluno

consiga fazer todas as relações necessárias ao entendimento do conteúdo.

c. O material a ser utilizado deve ser potencialmente significativo. Aqui, cabe

ao professor, organizar o material a torná-lo significativo e incluir materiais e

informações anteriores que sirvam de organizadores prévios.

2.1 Predisposição para aprendizagem significativa

A aprendizagem significativa pressupõe a predisposição do aluno para estabelecer

uma relação entre novos conceitos e os conceitos relevantes de sua estrutura cognitiva. A

aprendizagem significativa pode ocorrer por descoberta ou por recepção. Na aprendizagem

por descoberta o aluno deve buscar sozinho princípios, leis e relações de um determinado

fenômeno resolvendo algum tipo de problema, enquanto que na aprendizagem por recepção o

estudante recebe a informação pronta, devendo atuar ativamente sobre esse material

relacionando-o a idéias relevantes em sua estrutura cognitiva.

Ausubel (1980) ainda considera três formas de aprendizagem significativa:

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Aprendizagem por subordinação

Acontece quando a nova idéia é um exemplo de algo que já se sabe. Esse tipo de

aprendizagem pode ocorrer de maneira derivativa quando a nova informação a ser assimilada

pela estrutura cognitiva representa um exemplo mais específico do elemento relevante dessa

estrutura, ou por representar uma aplicação deste ou uma ilustração de um elemento

subsunçor mais geral.

Como exemplo, podemos citar o caso investigado nesse trabalho sobre o conceito de

força elétrica e as relações que podem ser feitas a fim de melhor conceituar e classificar esta

grandeza física. Supondo que, inicialmente, o aluno perceba que sua idéia sobre força seja

basicamente expressa por situações de contato entre corpos (em geral de esforço físico) e que

concorde vincular a grandeza ao termo interação entre corpos. Pode-se, levá-lo a refletir, por

exemplo, sobre a causa fenomenológica da queda dos corpos e o significado físico do termo

peso dos corpos, comumente utilizado nessas situações.

Dessa maneira, o aluno pode vir a perceber que seu conceito de força (de contato)

precisa ser ampliado, pois neste caso (da queda de corpos) justifica-se a definição de interação

entre corpos, mas não mais de contato e sim à distância. Um conceito novo (emergente) a ser

assimilado seria o de gravitação (ou força da gravidade) como “sinônimo” do termo peso e o

reconhecimento desta grandeza (peso), como um tipo de força, mas de característica diferente

daquela que se fazia presente nos exemplos de contato entre corpos (puxão, empurrão,...). O

significado fenomenológico de força como a existência de interação entre corpos não deixa de

existir, mas se amplia para a duplicidade de (inter)ação: por contato e à distância.

Aprendizagem por superordenação

É aquela em que a ocorrência de uma pequena idéia leva a generalizações. Como

exemplo, uma vez que o aluno tenha feito um estudo de magnetismo, tendo como estáveis e

relacionados os conceitos de campo magnético e força magnética, facilmente poderá

identificar a pertinência de interação com as características do campo magnético e do campo

elétrico podendo reuni-las a um novo termo como o de Campo Eletromagnético e que as

interações magnéticas, implicam também em interações elétricas.

23

Aprendizagem combinatória

Este tipo de aprendizagem acontece quando a nova idéia não está hierarquicamente

acima nem abaixo da idéia já existente na estrutura cognitiva à qual se relacionou de forma

não-arbitrária e lógica. Ou seja, a nova idéia não é exemplo nem generalização daquilo que se

usou como sua âncora na estrutura cognitiva do aluno. Essa âncora, no entanto, é necessária

para o estabelecimento de uma aprendizagem de fato significativa.

Um exemplo deste tipo de aprendizagem é o caso da metáfora que se faz de um

sistema elétrico com um hidráulico. Nesse caso, usam-se conceitos dominados pelo aluno

com relação aos sistemas de águas, para ensinar conceitos novos que guardam alguma relação

com os antigos que serviram como âncora. Mas os sistemas elétricos não são uma

generalização nem um exemplo de sistemas hidráulicos, e vice-versa. No entanto, é muito

mais fácil para a maioria dos alunos começar a lidar com os novos conceitos da eletricidade, a

partir de conceitos com os quais já estão acostumados, relativos à hidráulica. É imprescindível

que, nessas situações, as semelhanças e diferenças entre a idéia nova e a antiga que lhe serviu

como âncora sejam progressivamente explicitadas, a fim de que o aluno não misture,

confunda ou reduza os conceitos relativos de uma idéia aos da outra.

2.2 Existência de conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do aluno (subsunçores)

Para Ausubel (1980) é necessário que o aluno tenha conhecimento prévio sobre o

assunto a ser trabalhado. O autor considera como subsunçor a idéia ou conjunto de idéias mais

amplas, que formam uma âncora, no qual novas idéias irão se fixar para formar novas

proposições mais significativas. A aprendizagem significativa ocorre quando a nova

informação ancora-se em conceitos relevantes, existentes na estrutura cognitiva do aluno, com

os subsunçores organizados nessa estrutura principalmente por duas maneiras:

Por diferenciação progressiva

A organização dos subsunçores por diferenciação progressiva, estabelece que o

conteúdo deve ser programado de maneira que as idéias mais gerais e inclusivas venham em

primeiro plano, diferenciando-se principalmente pelos detalhes e suas especificidades. A

24

teoria de Ausubel considera ser mais fácil para o aluno compreender as partes de um todo

mais amplo do que aprender a partir de partes sem relações, para chegar a um conceito mais

geral.

Por reconciliação integradora

Esta organização caracteriza-se pelo fato de que, em função de novas

informações adquiridas, os subsunçores já existentes, se reorganizem e adquiram novos

significados. O material a ser disponibilizado aos alunos deve ser estruturado a facilitar esta

organização de subsunçores, demonstrando de que maneira as novas idéias são interligadas às

antigas.

A figura 5 mostra a relação entre diferenciação progressiva e reconciliação

integradora demonstrando que, quando uma nova idéia é assimilada à estrutura cognitiva de

um aluno, isto é feito através do estabelecimento de relações entre si e idéias pré-existentes

(cano e resistência). Como esta relação modifica tanto uma quanto outra, e como a estrutura

cognitiva é uma verdadeira teia de relações entre conceitos e idéias, a inserção de algo novo

pode provocar a modificação destes, mesmo não estando diretamente relacionados (circuito

elétrico e resistência).

Ou seja, a estrutura cognitiva é algo dinâmico, em constante modificação em função

das diversas experiências e aprendizados de cada aluno. Mas esse processo não é

“automático”, ou seja, não basta uma nova idéia para mudar toda a estrutura cognitiva do

aluno. É preciso trabalho ativo do aluno para que esta mudança possa “se processar”.

Figura 5 – relação entre diferenciação progressiva e reconciliação integradora.

Fonte: Adaptado de Moreira (1999, p. 96).

25

A diferenciação progressiva e a reconciliação integradora são, portanto, processos

que resultam e ocorrem simultaneamente com a Aprendizagem Significativa, bem

caracterizando a dinamicidade da teoria de Ausubel. Estes detalhes foram pontos chave para a

preparação do nosso objeto de aprendizagem5(HE) não ficando alheio à idéia das “hierarquias

conceituais”. Desta forma, objetivando promover a Aprendizagem Significativa, por parte dos

alunos, dos conteúdos que foram estudados, norteamos a estrutura do nosso Hiperdocumento,

para que os conceitos pudessem ser adquiridos por diferenciação progressiva e/ou

reconciliação integradora.

2.3 A tecnologia da Informação e da Comunicação no ensino

É inegável o alcance e a presença da tecnologia da informação e da comunicação na

sociedade contemporânea. Em relação ao seu uso na educação, inúmeras pesquisas e

pesquisadores indicam que os seus recursos estimulam os estudantes a desenvolverem

habilidades intelectuais, além de funcionarem como elementos motivadores do aprendizado

do aluno.

Na visão de Moran (2000) as tecnologias nos permitem realmente ampliar o conceito

de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, ajudando no estabelecimento de

novas pontes entre o presencial e o virtual. De fato percebemos que nossos alunos

confrontam-se no espaço virtual com textos, imagens estáticas, gráficos, vídeos, em uma

mesma tela, na televisão ou no computador, as quais também estão conectadas com outras

telas multimídia, e por isso devemos começar a pensar em formas alternativas de também

explorar estes meios na área educacional.

[...] Cada vez são mais difundidas as formas de informação multimídica ou

hipertextual e menos lógica-seqüencial. As crianças e os jovens estão

totalmente sintonizados com a multimídia e quando lidam com texto fazem-

no mais facilmente com o texto conectado através de links, de palavras-

chave, o hipertexto. Por isso o livro se torna uma opção menos atraente; está

competindo com outras mais próximas da sensibilidade deles, das suas

formas mais imediatas de compreensão. (MORAN, 2000, p. 21).

5 As características chave de um objeto de aprendizagem (oa) são reusabilidade e granulidade.

26

3 MATERIAL INSTRUCIONAL

Ao considerarmos um material instrucional adequado para promover a aprendizagem

significativa, uma preocupação fundamental diz respeito à forma como as informações se

relacionam e se apresentam aos alunos. Nesse sentido, estivemos atentos aos seguintes

cuidados propostos por Moreira (1999) na preparação do material:

1. Evitar que o uso de palavras distintas para representar conceitos

equivalentes gere confusão no aluno, motivando-o a aprender de forma

mecânica. Como exemplo podemos citar, no HE, o tópico sobre

eletrostática. Ao manipulá-lo, o aluno é levado aos conhecimentos prévios

sobre campo elétrico e corrente elétrica, necessários ao entendimento de

campo magnético gerado por ímãs e bobinas.

2. Deixar claro ao aluno as relações entre os tópicos de um mesmo material.

A seqüência didática disponibilizada no HE possibilita uma relação entre

os tópicos de eletromagnetismo, pois consideramos que as simulações, as

imagens, as figuras ilustrativas e os textos explicativos, complementam e

preenchem as lacunas existentes entre aquilo que o aluno conhece e o que

precisa saber para poder aprender significativamente os conteúdos

propostos ao longo do material.

3. Evidenciar as diferenças entre conceitos aparentemente semelhantes, para

que não sejam vistos (retidos) como idênticos. Como exemplo, podemos

citar a representação de campo elétrico e campo magnético em que, no

HE, o aluno pode interagir com simulações representativas desses

campos, bem como alterar o valor das cargas geradoras de campo elétrico

e ou mover uma bússola ao longo de uma plataforma para comprovação

das linhas de campo magnético, podendo assim diferenciar campo elétrico

de campo magnético.

A reconciliação integradora assume, portanto, duplo papel no contexto da

aprendizagem significativa, evidenciando as possíveis relações entre as diversas idéias que

estão sendo trabalhadas dentro de um mesmo material e ajudando o aluno a perceber as suas

diferenças e particularidades.

27

3.1 Hipermídia

Passamos a esclarecer a nossa opção pela hipermídia como material instrucional

adequado para promover a aprendizagem significativa em acordo com as concepções

discutidas anteriormente.

A hipermídia, desenvolvida com o advento da informática é, segundo Hede (2002),

um sistema para a representação do conhecimento no qual as informações são examinadas de

modo não-linear, ou seja, na ordem desejada pelo aluno. A essência da hipermídia está nas

relações entre os nós em que as informações são representadas. Esses sistemas são compostos

por uma rede de nós interligados mediante relações chamadas links, permitindo ao aluno

navegar de um lugar a outro, conectando as informações contidas em um banco de dados,

apresentados em formato multimídia.

Babbitt & Usnick (1993), consideram a hipermídia como o ambiente ideal para

auxiliar os alunos a estabelecerem conexões entre conceitos, definições, representações e

aplicações relacionadas, ampliadas pela adição de sons, interatividade, movimento e gráficos.

Os autores destacam que o aprendizado tende a tornar-se mais significativo quando apoiado

na hipermídia do que quando obtido com apresentações tradicionais.

Trotter (1989) entende que a hipermídia apresenta duas características fundamentais

para a aprendizagem:

I. Mantém o aluno no controle da busca do conhecimento, solicitando-lhe que

realize escolhas constantemente permitindo abordar qualquer tópico

utilizando diversos tipos de mídia. Quando o aluno tem opções de escolha,

diminui-se significativamente a probabilidade dele sentir-se entediado.

II. A utilização de diversos tipos de mídia amplia as oportunidades para uma

aprendizagem significativa, porque textos, gráficos e sons reforçam-se uns

aos outros.

Marchionini (1988) observa, de modo semelhante, três características dos

sistemas hipermídia com potencial significativo para as atividades educacionais:

I. Possibilitam reunir uma grande quantidade de material em uma variedade de

meios e em um volume extremamente reduzido, com acesso fácil e rápido.

Esses materiais podem ser relacionados por meio de links que sugerem

caminhos para a informação e conecta o aluno a materiais de suporte.

II. Oferecem altos níveis de controle por parte do aluno, que pode optar por

28

seguir caminhos já marcados ou abrir caminhos por novas trilhas .

III. Apresentam potencial para alterar os papéis de alunos e professores e as

suas interações. A hipermídia permite que os alunos criem associações e

interpretações únicas da informação em um hiperdocumento, as quais podem

ser gravadas, modificadas e compartilhadas com outros estudantes e entre estes

e seus professores, proporcionando experiências ricas, desafiadoras e

estimulantes.

Na hipermídia, as informações podem ser apresentadas por meio de outras

linguagens além da verbal, utilizando-se recursos gráficos, sonoros, interativos e de animação

do computador para facilitar o entendimento da teoria e dos exemplos, ilustrar e enriquecer o

conteúdo, motivar a aprendizagem e tornar mais estimulante a resolução de problemas.

Um sistema hipermídia pode ser estruturado de forma que, por exemplo, a partir

de uma tela contendo as leis físicas fundamentais para a compreensão de determinado

fenômeno, possam ser acessadas, na ordem desejada, outras telas, com aplicações

tecnológicas relacionadas a esses princípios e suas repercussões na sociedade, biografias de

cientistas colaboradores no desenvolvimento dessas idéias, a evolução histórica dos conceitos,

resultados recentes da pesquisa científica envolvendo os conceitos ou ainda questões e

problemas estimuladores da reflexão que favoreçam a compreensão aprofundada das idéias,

ilustrados com figuras, vídeos, aplicativos e sons.

A nossa proposta de sistema hipermídia, representada na figura 6, se alicerça nas

considerações de Marchionini (1988), acrescentando as seguintes características:

I. Troca de informações entre o professor-aluno durante a visita nas trilhas do HE;

II. Simulações com alto grau de interatividade produzidas com o software Easy Java

Simulations;

III. Vídeos produzidos a partir de experimentos realizados na bancada de

eletromagnetismo;

IV. Resolução de problemas conceituais sobre eletromagnetismo;

V. Sonorização das páginas inspiradas nos textos retirados dos livros do GREF(1999).

29

Figura 6: Mapa conceitual da nossa proposta de Hipermídia

Fonte: Dados da pesquisa.

A estrutura hierárquica proporcionada pelo mapa conceitual da figura anterior

(figura 6) permite a identificação dos pré-requisitos e dos conteúdos associados. Desta forma,

identificamos as necessidades metodológicas (estratégias e táticas de ensino para exploração

do conteúdo) e orientações sobre a navegação dirigida em função de objetivos educacionais

explorados no HE.

O uso do mapa conceitual além de contribuir para a modelagem do conhecimento,

também contribuiu para a organização dos diretórios em que foram armazenadas as mídias

utilizadas na construção do HE. A adoção desta estratégia facilitou a organização e

manutenção das mídias, bastante volumosa e diversificada, em nosso caso.

3.2 Aplicativos (applets)

O sistema de hipermídia proposto utiliza, entre outros recursos, applets configurados

como pequenas aplicações escritas em linguagem Java inseridas em um arquivo HTML

(acrônimo para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa linguagem de

Marcação de Hipertexto) e executadas através de um navegador contendo o Java Virtual

Machine instalado.

30

A possibilidade de criar animações interativas em um ambiente gráfico está entre as

aplicações dos applets eficazes na confecção de simulações de fenômenos físicos com

finalidade pedagógica, permitindo desde a incorporação de figuras até mecanismos de entrada

de dados e geração de gráficos.

Com o avanço e melhoramento de computadores após os anos 1990, os applets

começam a ser disponibilizados em quantidades significativas. Principalmente com o avanço

da Internet e os recursos da informática voltados à linguagem de objetos, é possível a criação

de animações interativas para auxiliar o ensino/aprendizagem das ciências e em especial da

Física. Em pesquisas sobre o uso de animações interativas como Veit & Teodoro, (2002) e

Silva, (2004), são evidenciados o grande potencial auxiliar para as aulas de Física.

No entanto, criar uma simulação requer, além da compreensão do fenômeno e do

processo de ensino/aprendizagem em foco, um conhecimento técnico para expressar o

fenômeno em uma linguagem de programação. Concordamos com Figueira (2005) ao analisar

a pertinência do uso da linguagem JAVA no ensino:

Apesar das inúmeras vantagens relacionadas ao uso desta linguagem (Java),

a sua utilização exige um longo tempo de dedicação e mesmo a construção

de um simples Applet é uma tarefa relativamente complexa para muitos.

(FIGUEIRA, 2005, p. 613).

Para resolver esse problema, optamos pelo software livre Easy Java Simulations

(EJS), desenvolvido por Francisco Esquembre Martínez6 para ensinar a criar simulações

computacionais científicas em linguagem Java de uma forma simples e rápida. O autor citado

por Figueira (2005) relata as vantagens do EJS:

Ejs ha sido diseñado para permitir a una persona que quiere crear una

simulación, concentrar la mayor parte de su tiempo en escribir y refinar los

algoritmos del modelo científico de interes (que es em lo que realmente es

experto/a) y dedicar el menor tiempo posible a las técnicas de programación.

Y, aún así, obtener un produto final independiente, de altas prestaciones y

preparado para su uso em Internet. (apud FIGUEIRA, 2005, p. 614).

6 Francisco Esquembre Martínez é professor da Universidade de Múrcia na Espanha. Sua página pessoal bem

como suas publicações voltadas ao ensino de física estão disponíveis em <http://fem.um.es/fem/>

31

3.3 Vídeos

Os vídeos têm sido utilizados como recurso adicional ao ensino de Física e

várias pesquisas7 apontam vantagens educativas no trabalho com a construção do próprio

material audiovisual de apoio. Em nosso HE o uso de vídeos possibilita uma analogia

entre a simulação virtual e a sua representação real através de múltiplas imagens.

Na figura 7, por exemplo, podemos observar a simulação que representa um

modelo esquemático do gerador de corrente alternada. Uma espira retangular gira (movida

pela manivela) dentro de um campo magnético transformando energia mecânica em

energia elétrica. Podemos observar, também, a atuação da força magnética sobre a espira.

A opção que aparece no canto superior direito da simulação permite observar a geração de

eletricidade com comutador (geração de corrente contínua) e sem comutador (geração de

corrente alternada) podendo inverter o sentido de giro da espira, alterar sua velocidade de

rotação e controlar as grandezas que devem aparecer no simulador.

Na mesma figura observamos a imagem capturada do vídeo sobre o gerador de

corrente alternada construído com a bancada de experimentos. Esse vídeo não possui a

interatividade demonstrada na simulação, mas, por outro lado, ao representar uma

experiência real, apresenta um maior grau de iconicidade8.

Já na figura 8, a simulação possui um maior grau de iconicidade. Nessa figura,

observamos a simulação em que o aluno pode, com o mouse, manipular o ímã na direção

da bobina e verificar a indicação do voltímetro. Ainda na figura 8, uma imagem capturada

7 Entre as pesquisas citamos Araujo, 2003; Ferreira, 1978; Figueiredo, 1998 e Ramos, 1990.

8 O grau de iconicidade pode ser compreendido como uma variável que pode influenciar no resultado visual ou

no uso de uma imagem. Vários trabalhos em Física tratam da importância do grau de iconicidade para a

escolha de uma imagem, dentre os quais destacamos Cassiano (2002) e Silva (2008).

Figura 7: Paralelo entre simulação e vídeo produzido com experimento real

Fonte: Dados da pesquisa

32

de vídeo, o professor oscila o ímã nas proximidades da bobina e o voltímetro indica o

valor da tensão durante essa oscilação.

Dessa maneira, estamos procurando considerar, como afirma Medeiros &

Medeiros (2002), que

[...] qualquer simulação está baseada em um modelo de uma situação real,

modelo este matematizado e processado pelo computador a fim de fornecer

animações de uma realidade virtual. A construção, portanto, de uma

simulação computacional pressupõe, necessariamente, a existência de um

modelo que lhe dá suporte e que lhe confere significado. As simulações

podem ser vistas como representações ou modelagens de objetos específicos

reais ou imaginários, de sistemas ou fenômenos. (MEDEIROS &

MEDEIROS, 2002, p.79).

Pensando nesse significado, os vídeos presentes no HE foram construídos para

verificar a função didática da imagem como “função catalisadora de experiência” 9. Como

nossos vídeos não são auto-suficientes, ou seja, não procuram “passar o recado” sobre o

assunto apenas com sua visualização, estando entremeados a outras mídias, recorremos

novamente a Medeiros & Medeiros (2002) ao afirmarem:

[...] é primordial notar-se que um sistema real é freqüentemente muito

complexo e as simulações que o descrevem são sempre baseadas em

modelos que contém, necessariamente, simplificações e aproximações da

realidade. Existe uma diferença significativa entre o ato de experienciar-se

um fenômeno através de um experimento real a de uma simulação

9 Quando uma imagem procura uma organização da realidade que facilita a verbalização de um aspecto de um

concreto, ou seja, a sua compreensão, análise e relação.

Figura 8: Simulação com auto grau de iconicidade e imagem de

vídeo demonstrando a relação entre o virtual e o real.

Fonte: Dados da pesquisa

33

computacional. (MEDEIROS & MEDEIROS, 2002, p.80).

Os vídeos disponibilizados no HE foram produzidos com o auxílio de uma

WEBCam e editados com o Windows Movie Maker disponível na plataforma do Windows

XP. Para a produção dos vídeos construímos uma bancada de experimentos (figura 9) de

eletromagnetismo, alicerçados em diferentes pesquisas citadas anteriormente, que

apontam para a importância da experimentação no ensino, principalmente naquelas em

que o professor participa diretamente do processo de construção do experimento.

As figuras 10 e 11 foram capturadas de vídeos disponíveis no HE produzidos

com o auxílio da bancada de experimentos de eletromagnetismo, desenvolvida a partir de

experimentações propostos no livro do GREF.

Figura 9: Bancada de experimentos de eletromagnetismo

Fonte: Arquivo do autor.

Figura 10: Motor didático proposto pelo GREF e imagem de vídeo com motor

didático

Fonte: Leituras de Física – GREF (1998) – Eletromagnetismo – p. 56.

34

3.4 Software livre

O propósito de disponibilização do nosso Hiperdocumento em Eletromagnetismo

para alunos e professores do Ensino Médio nos conduziu à utilização de software livre ao

invés de software comercial. Entendemos software livre na perspectiva de Barahona10

(2006):

um software é considerado como livre quando atende aos quatro tipos de liberdade para os

usuários do software definidas pela Free Software Foundation:

A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0).

A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas

necessidades (liberdade nº 1). Acesso ao código fonte é um pré-requisito para esta

liberdade.

A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo

(liberdade nº 2).

A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo

que toda a comunidade se beneficie (liberdade nº 3). Acesso ao código fonte é um pré-

requisito para esta liberdade.

A liberdade de executar o programa significa a liberdade para qualquer tipo de

pessoa física ou jurídica na utilização do software em qualquer tipo de sistema computacional,

10 O autor também denomina o software livre pelo acrônimo FLOSS, do inglês Free/Libre Open Source

Software.

Figura 11: Galvanômetro didático proposto pelo GREF e imagem de vídeo com galvanômetro

didático.

Fonte: Leituras de Física – GREF (1998) – Eletromagnetismo – p. 63.

35

para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário atender a alguma

restrição imposta pelo fornecedor. A liberdade de redistribuir deve incluir a possibilidade de

se repassar os códigos fonte bem como, quando possível, os arquivos binários gerados da

compilação desses códigos, seja em sua versão original ou modificada. Não é necessária a

autorização do autor ou do distribuidor do software para que possa ser redistribuído, pois as

licenças de software livre assim o permitem.

A maioria dos softwares livres é licenciada através de uma licença de software livre,

chamada GNU11

, a mais conhecida.

3.5 O software Easy Java Simulation como recurso pedagógico

O Ensino de Física no Ensino Médio vem sofrendo mudanças significativas e ganhou

um novo sentido desde a publicação, pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de

Educação Média e Tecnológica, das novas diretrizes apresentadas nos Parâmetros

Curriculares Nacionais conhecido pela sigla PCNs. Esse documento (Brasil, 2002) faz um

levantamento das habilidades básicas, competências específicas, valores e atitudes gerais

que se espera que sejam desenvolvidos pelos alunos nas disciplinas de Física, Matemática,

Biologia e Química e ainda apresenta propostas de temas para projetos interdisciplinares

para integrar o núcleo comum.

Segundo o documento oficial dos PCNs disponibilizado na Internet no endereço:

http://www.mec.gov.br/seb/pdf/CienciasNatureza.pdf, essa proposta trata de construir uma

visão da Física voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante e solidário,

com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade. Nesse sentido,

mesmo os alunos que, após a conclusão do ensino médio não venham a ter mais qualquer

contato acadêmico com o conhecimento de Física, em outras instâncias profissionais ou

universitárias, ainda assim terão adquirido a formação necessária para compreender e

participar do mundo em que vivem.

11 Projeto GNU em computação, é um projeto iniciado por Richard Stallman em 1984, com o objetivo de criar

um sistema operacional totalmente livre, que qualquer pessoa teria direito de usar, modificar e redistribuir o

programa e seu código fonte, desde que garantido para todos os mesmos direitos. Stallman escolheu o nome

GNU porque , além do significado original do mamífero Gnu (símbolo do projeto), é um acrônimo recursivo de:

GNU is Not Unix (em português: GNU não é Unix).

36

Dentre os objetivos listados nos PCNs o sentido do aprendizado de Ciência e

Tecnologia é apresentado de forma a envolver o desenvolvimento de conhecimentos

práticos, procurando responder às necessidades da vida contemporânea, e o

desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos, compreendendo uma cultura

geral e uma visão de mundo mais ampla.

O aprendizado de Física, além de contribuir para o conhecimento técnico, deverá,

portanto, contribuir para uma cultura mais ampla, que permita ao aluno interpretar fatos

naturais, compreender procedimentos e equipamentos do seu cotidiano, assim como articular

uma visão do mundo natural e social.

Nesse sentido, os objetos de aprendizagem podem contribuir como matéria-prima para

a efetiva implementação de atividades que envolvam o aluno contextualizando os saberes.

A Física faz parte da cultura dos alunos e também do aparato social e tecnológico da

atualidade, em que as TVs, os fornos de microondas, antenas parabólicas e telefones celulares

alcançaram todas as comunidades. Assim conhecimentos físicos se tornam um instrumento

necessário para a compreensão da sociedade em que vivemos, da sociedade no passado e da

sociedade do futuro.

Percebemos, então, que durante a construção do HE devemos ficar atentos,

como afirma Ausubel (1980) em sua Teoria da Aprendizagem Cognitiva, partindo da

premissa fundamental da existência e importância dos conhecimentos prévios na aquisição de

novos conhecimentos ao afirmar:

Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um só princípio, diria

o seguinte: o fato isolado mais importante influenciando a aprendizagem é

aquilo que o aprendiz já sabe. Determine isso e ensine-o de acordo.

(AUSUBEL, 1980, p.76).

Portanto, o fator determinante na aprendizagem considera aquilo que o aluno

sabe como ancoradouro, conforme explica Moreira (1999).

Para Ausubel, novas idéias e informações podem ser apreendidas e retidas na

medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente

claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e sirvam, dessa

forma, de ancoradouro a novas idéias e conceitos. Quando novas

informações adquirem significados para o indivíduo através da interação

com esses conceitos, sendo por eles assimilados e contribuindo para a sua

diferenciação, elaboração e estabilidade, a aprendizagem é dita significativa.

(MOREIRA, 1999, p.15).

37

Esse referencial teórico acerca dos mecanismos de aprendizagem tem subsidiado

muitas pesquisas sobre a prática da utilização de recursos da informática (como no caso dos

softwares educacionais) para promoção da melhoria da qualidade do processo ensino-

aprendizagem. Entre esses trabalhos destacamos a tese de doutorado de Gaddis (2000) que fez

um amplo levantamento das principais justificativas apontadas, reforçando o papel fascinante

que muitas vezes, os recursos da informática provocam com todas suas ferramentas e recursos

de mídia e simulação.

Entretanto, outras pesquisas12

criticam a utilização desses recursos no ensino sob

alegação de afastar o professor de seu papel crucial – o de ensinar – sendo substituído por

uma máquina que, em princípio traz tudo “pronto” com recursos atraentes que “enchem os

olhos” do aluno.

Em relação a essa controvérsia, entendemos que de um lado, dependendo da forma

ou metodologia operacionalizada, é indiscutível seu potencial como facilitador e dinamizador

quando simula, de maneira rápida e prática, ocorrências da nossa realidade, permitindo uma

melhor compreensão da mesma. Por outro lado, nem sempre são destacadas as limitações

intrínsecas ao software, implementados para reproduzir modelos originalmente elaborados por

parâmetros e equações matemáticas nem sempre capazes de traduzir a realidade em todos seus

aspectos ou variáveis.

A consciência dessa limitação, no entanto, pode ser tratada em benefício do

aprendizado do aluno, sendo possível através do uso das simulações discutir a dificuldade de

isolamento de um fenômeno ou experiência sem a influência de variáveis externas. Pode-se

fazer da análise crítica do software (quanto às suas limitações nos recursos de simulação, de

cálculo e, enfim, de retratar a realidade de maneira fiel) uma condição fundamental para o

processo de aprendizagem via computador, como forma de contribuir para reconhecimento,

pelo aluno, do contexto de trabalho, incentivando-o a refletir sobre o campo de validade dos

resultados obtidos.

A análise crítica das limitações do software também se torna fator determinante para

o trabalho investigativo do professor, pois permite a avaliação coerente do potencial da

ferramenta computacional na construção e transformação de conceitos. Não pretendemos, no

entanto, aprofundar um debate sobre essas questões (da importância do uso da informática no

ensino), considerando que qualquer recurso, experimental ou não, concreto ou virtual, ao

12 Entre essas pesquisas citamos Medeiros & Medeiros, 2002; Wilson & Redish, 1988; Mucchielli, 1989 e Plomp

& Voogt, 1995.

38

permitir a interatividade, promover a reflexão e a construção de significados, quando

metodologicamente pensado e devidamente trabalhado poderá contribuir na promoção de

aprendizagem.

Pelo exposto, compreendemos que a simples visualização de representações

dinâmicas (simulações) por si só não são suficientes para assegurar que a realidade do evento

esteja sendo compreendida. De fato essa perspectiva se amplia ao considerarmos variáveis

que interferem na obtenção de resultados e na construção de novos conceitos e conclusões,

tais como: as limitações do software em retratar a realidade em todos os seus aspectos; o

reconhecimento do software representando modelos da realidade, sendo necessário avaliar a

abrangência dos recursos disponíveis e a verificação do grau de interatividade oferecida pelo

software.

No contexto, compreendemos que o software interativo deve ser concebido e

utilizado como ferramenta potencial para contribuir em, praticamente, todos os aspectos de

uma ação educacional: o ato de ensinar (ou metodologia usada), o processo de aprendizagem

(ou comportamento cognitivo do aprendiz), o contexto ou meio utilizado (a situação-problema

e o próprio software), o currículo ou programa (o conteúdo) e, finalmente, a avaliação

passando por todos estes aspectos anteriores. Afinal, em um processo educacional, o ensino,

enquanto veiculação, tratamento e construção do conhecimento, só se completa com o ato da

avaliação, retro-alimentando o processo e permitindo seu aprimoramento. Entendemos,

inclusive, estes aspectos como necessariamente, interdependentes e complementares, mesmo

que em uma ação de pesquisa seja enfatizado um ou dois destes aspectos.

Em nossa proposta, destacamos que o fundamental na utilização de um software

reside não tanto em seu uso como recurso tecnológico, mas na maneira de sua utilização.

Apenas desse modo é possível realçar o seu papel como ferramenta facilitadora da

aprendizagem significativa, através de sua utilização em certos momentos de forma

independente pelo aluno, complementada pelo uso do software por meio de integração e

compartilhamento de idéias entre alunos e aluno/professor.

Nesse sentido pretendemos verificar algumas das possibilidades metodológicas

otimizadas dos recursos que o software livre (EASY JAVA SIMULATIONS) EJS nos oferece

em prol de um objetivo operacional embasado na Teoria de Aprendizagem de Ausubel.

Como dito anteriormente, o EJS é um software desenvolvido especificamente para

ensinar a criar simulações interativas em linguagem Java. A escolha dessa linguagem se

fundamenta em sua grande aceitação pela comunidade internacional ligada a Internet e pelo

suporte das diferentes plataformas de softwares como Windows e Linux. Isto significa que o

39

EJS e as simulações nele criadas podem ser usados como programas independentes em

diferentes sistemas operativos além de serem distribuídas pela Internet e executadas em

páginas da Web por qualquer navegador, como nos assegura Figueira (2005).

A linguagem de programação Java tornou-se uma importante ferramenta

para as propostas de ensino que se utilizam de ambientes virtuais. Na área

das ciências, ela está por detrás dos ''Laboratórios Virtuais'', ambientes que

simulam determinado fenômeno físico e rodam em pequenos programas,

conhecidos como Applets (programas executados dentro de uma página

html). (FIGUEIRA, 2005, p. 613).

As simulações interativas geradas no EJS são pequenos programas de computador

que reproduzem, com finalidade pedagógica e científica, um fenômeno natural através dos

seus diversos estados de apresentação. Cada uma desses estados é descrito por um conjunto de

variáveis que se relacionam num determinado tempo devido a interações de certos algoritmos

de programação. A figura 12 apresenta a tela de abertura do software EJS em que é possível

criar uma página em linguagem HTML para acompanhar as simulações.

Com opções de instalação em espanhol e inglês, a interface gráfica disponibiliza

um conjunto de componentes, sendo possível configurar uma simulação, utilizando apenas o

Figura 12: Tela de abertura do software EJS

Fonte: Dados da pesquisa

40

mouse. O software gera o resultado final em uma página HTML, utilizando o pacote kit de

desenvolvimento Java, JDK13

.

O console do software EJS está representado na figura 13. Nesse controle

configura-se a linguagem utilizada na construção das simulações, e também se verifica a

qualidade da instalação do kit de desenvolvimento JAVA.

O EJS possibilita facilmente ao usuário a modelagem de problemas físicos

envolvendo superfícies tridimensionais, a construção de curvas e a adição de gráficos de duas

e três dimensões. O software também dispõe de facilidades para a solução numérica de

equações diferenciais de primeira ordem, permitindo escrever equações de forma direta com

várias opções de métodos. A Figura 14 ilustra uma simulação de astronomia que descreve a

trajetória da Lua em torno da Terra juntamente com a janela de plotagem da simulação. A

Figura 15 mostra uma simulação com mais recursos interativos porém com menos

iconicidade14

sobre conceitos de eletromagnetismo, descrevendo o campo gravitacional em

torno da Terra e na sua proximidade por meio de uma bússola manipulável pelo usuário para

13 Java Development Kit (JDK) significa Kit de Desenvolvimento Java, e é um conjunto de utilitários que

permitem criar sistemas de software para a plataforma Java. É composto por compilador e bibliotecas. 14

Um tratamento sobre iconicidade pode ser encontrado em Medeiros & Medeiros (2001), Otero, et al. (2008),

Silva & Colares Filho (2004), Cassiano (2002) e Silva (2008).

Figura 13: Tela do Console do software EJS

Fonte: Dados da pesquisa

41

verificação das linhas desse campo magnético. Ambas as simulações usam recursos de

programação em código Java.

O software EJS foi utilizado na versão 3.46 BETA, atualizado em 30 de setembro de

2007, sendo que o seu download pode ser feito gratuitamente da página

<http://www.um.es/fem/Ejs/Ejs_es/Download.html>. Esse software é parte do projeto Open-

Source Physics Education15

, e portanto utiliza um conjunto de bibliotecas com código aberto.

Diversos projetos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de integrar um conjunto

15 <http://www.opensourcephysics.org/modeling/tpt_modeling.html> Acesso em: 12 de dez. 2007. Este projeto

visa criar e distribuir gratuitamente material curricular computacional para o ensino de física para todos os

níveis.

Figura 14: Tela da simulação Terra e Lua

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 15: Tela da simulação sobre o modelo Magnético Terrestre

Fonte: Dados da pesquisa

42

de bibliotecas usando Open-Source. Dentre esses projetos destacam-se os trabalhos do

pesquisador Wolfgang Christian16

destinados à melhoria da qualidade do ensino de ciências.

Além do seu livro “Creación de Simulaciones Interactivas em Java: Aplicación a La

Enseñanza de La Física”17

disponível em livrarias virtuais, encontra-se um curso online

gratuito intitulado “Virtual-lab Implementation With EJS - Application in Education, and

System Design & Analysis”18

, oferecido pelo Departamento de Informática e Automática

(UNED) da Universidade de Madrid, na Espanha.

16 Alguns de seus trabalhos dedicados ao ensino de ciências podem ser encontrados em

<http://www.webphysics.davidson.edu/Faculty/wc/Welcome.htm> Acesso em: 12 de dez. 2007. 17

Esquembre, Francisco Martínez, 1a edição – Madrid – Espanha - Editora Pearson Educación, 2004.

18 <http://www.euclides.dia.uned.es/simulab-fp/curso_online/cursoOnline_content_overview.htm> Acesso em

12 de dez. de 2007.

43

4. HIPERDOCUMENTO DE ELETROMAGNETISMO

4.1 Ambiente

Uma vez motivados pelas potencialidades oferecidas pela informática e auxiliados

pela teoria cognitivista de AUSUBEL, desenvolvemos o material interativo hipermídico na

área de eletromagnetismo, disponibilizado em CD-ROM, como uma ferramenta auxiliar no

ensino de física, destinada sobretudo aos alunos de Ensino Médio. No CD, que acompanha

esta dissertação e também na página do programa de Mestrado em Ensino de Ciências e

Matemática da PUC Minas encontra-se à disposição dos interessados o material didático de

apoio desenvolvido durante essa pesquisa. Esse material contém vídeos, figuras animadas,

biografias, simulações e textos destinados aos alunos do Ensino Médio. O acesso ao material

é feito através do CD-ROM que possui sistema de abertura automático.

Executamos a organização do material do Hiperdocumento em linguagem HTML,

auxiliados pelas ferramentas FLASH MX e EJS, podendo portanto, ser rodado em rede de

intranet ou internet.

Para a hipermídia proposta neste trabalho desenvolvemos 36 (trinta e seis)

simulações utilizando o software EJS, 9 (nove) animações sonorizadas utilizando o software

Flash MX, 14 (quatorze) vídeos utilizando WebCam, 10 (dez) imagens animadas construídas

com o software Flash MX e 25 (vinte e cinco) questões conceituais.

4.2 Processo de construção e a Física do HE

O desenvolvimento do material englobou as seguintes fases:

1. Seleção dos tópicos de eletromagnetismos significativos e importantes para

os alunos do ensino médio, segundo o GREF;

2. Desenvolvimento de simulações que utilizasse as potencialidades do software

EJS (e estivessem de acordo com a teoria de aprendizagem significativa)

conforme especificações;

44

3. Criação e adequação de textos teóricos e explicativos sonorizados;

4. Construção da bancada de experimentos para a produção dos vídeos;

5. Adequação dos vídeos no HE;

6. Desenvolvimento de exercícios, atividades e questões para cada tópico;

7. Organização do material em um sistema hipermídia usando a linguagem

HTML.

Na introdução do Hiperdocumento focalizamos o magnetismo e o

eletromagnetismo através de tópicos como atração magnética, domínios magnéticos,

campo magnético terrestre, dentre outros, apresentados por meio de animações, vídeos,

simulações interativas e páginas sonorizadas.

Os conteúdos do HE previsto para o Ensino Médio, como citado anteriormente,

seguiram a seqüência lógica do GREF dividido nos seguintes cinco grandes tópicos:

1. Magnetismo e Introdução ao Eletromagnetismo:

Nesse tópico é possível iniciar o estudo de magnetismo e eletromagnetismo.

Sub-tópicos como atração magnética, domínios magnéticos, entre outros, são apresentados

por meio de animações. Simuladores permitem visualizar e interagir com campo

magnético em duas dimensões, como na figura 16, podendo ser explicado através do

correspondente, inspirado no GREF, conforme mencionamos na página 16. Além disso, é

possível realizar experimentos simulados relacionando eletricidade e magnetismo. Por

fim, disponibilizamos uma série de explicações ilustrando aplicações tecnológicas do

eletromagnetismo como a lanterna de indução e Maglev19

.

19 MAGLEV é o nome dado aos trens que utilizam a levitação magnética como recurso para seu deslocamento.

Figura 16: Magnetismo e Introdução ao eletromagnetismo.

Fonte: Dados da pesquisa

45

A figura 16 apresenta uma imagem do planeta Terra, os pólos Norte e Sul geográfico e

os pólos Norte e Sul magnéticos com suas linhas do campo magnético. O aluno pode

mover uma bússola ao longo das linhas do campo magnético verificando o sentido e a

direção desse campo.

2. Geradores de Corrente Alternada:

Nesse tópico, incluímos uma interação, representando o modelo esquemático de

gerador de uma usina hidrelétrica (figura 17). Uma espira retangular gira

permanentemente em um campo magnético responsável pela geração de eletricidade.

Além dessas simulações, discutido o efeito magnético da corrente elétrica através de duas

leis básicas do eletromagnetismo: a de Ampère e a de Gauss magnética, além da força de

Lorentz.

3. Força Eletromotriz Induzida:

Neste item, os alunos encontram simulações que exploram a lei de indução de

Faraday e a lei de Lenz. Propomos trabalhar a lei de Faraday (a força eletromotriz

induzida, em uma espira, depende da variação do fluxo magnético ao longo do tempo)

através de uma simulação em que o aluno pode modificar o sentido do campo magnético

(entrando ou saindo da página), bem como observar o efeito no sentido da corrente e do

movimento da barra móvel dependendo do sentido escolhido do campo magnético.

Figura 17: Gerador de corrente alternada.

Fonte: Dados da pesquisa

46

4. Carga Elétrica em Campo Elétrico e Magnético:

Neste tópico, ampliamos os recursos de hipermídia para, de forma dinâmica,

apresentarmos a carga elétrica em campos elétrico e magnético incluindo movimentos em

duas dimensões, 2D, e, em três dimensões, 3D; um vídeo sobre a Aurora Boreal, a

biografia de Hendrik Antoon Lorentz e a explicação de funcionamento do cabo coaxial.

Nesta simulação (figura 19), o aluno pode modificar a intensidade dos campos elétrico

e magnético ao longo dos eixos X, Y e Z, variar a velocidade inicial da carga colocada

nesses campos e manipular os eixos para uma visualização da trajetória da carga em

três dimensões.

Figura 18: Força Eletromotriz Induzida.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 19: Seqüência de imagens de uma carga elétrica em

campo elétrico e magnético em 3D.

Fonte: Dados da pesquisa

47

5. Eletrostática (opcional):

Nesse tópico, simuladores possibilitam a interação e visualização do campo

elétrico. Há informações (inclusive na forma de gráficos) sobre carga elétrica e Lei de

Coulomb, Campo Elétrico e Potencial Elétrico.

Nesta simulação (figura 20), o aluno pode modificar a intensidade e o sinal da

carga elétrica colocada no vácuo, visualizar seu potencial elétrico, verificar a força

aplicada em outra carga com características diferentes da anterior e também comprovar a

lei de Coulomb.

Por considerarmos, como fez o GREF, a corrente elétrica um primeiro conceito

no eletromagnetismo, esta foi apresentada de forma destacada, porém como opcional, de

modo a detalhar alguns conceitos como potencial elétrico, campo elétrico e indução

eletrostática que fossem importantes para o entendimento do modelo de corrente elétrica.

Ao inserir o CD no drive do computador, é apresentada aos alunos a seguinte

tela com o menu principal do HE (figura 21).

Figura 20: Eletrostática.

Fonte: Dados da pesquisa

48

O acesso às informações dos diferentes conteúdos é alcançado clicando com o mouse

sobre o conteúdo desejado, disponibilizado no menu principal conforme mostramos na figura

21, que revela os conteúdos e ordem de organização dos mesmos.

Na figura 21, mostramos que os tópicos disponibilizados no material referem-se aos

conteúdos: magnetismo e introdução ao eletromagnetismo, geradores de corrente alternada,

força eletromotriz induzida, cargas elétricas em campos elétricos e magnéticos, eletrostática

(conteúdo opcional podendo ser omitido), exercícios conceituais sobre esses conteúdos e uma

página contendo ferramentas (softwares) para a visualização dos itens do CD.

Quando o aluno escolhe um tópico do menu principal, acessa uma tela com os

diferentes conteúdos disponibilizados dentro de cada tópico, (figura 22) podendo escolher sua

opção de estudo.

Figura 21: Abertura do Hiperdocumento de Eletromagnetismo (HE).

Fonte: Dados da pesquisa

49

Na introdução do capítulo Magnetismo e Eletromagnetismo, figura 23, o aluno

depara-se com explicações sonorizadas e animadas sobre atração magnética (pólos que se

atraem e se repelem, não podendo ser isolados), a causa da bússola apontar para o norte

geográfico, os domínios magnéticos, além de isógonas e isóclinas.

Figura 22: Tela de abertura da unidade sobre magnetismo e

eletromagnetismo.

Fonte: Dados da pesquisa

50

Propiciamos acesso a diferentes informações envolvendo assuntos de

eletromagnetismo, expostos em material hipermídia (CD-ROM), conscientes de que o simples

acesso a estas informações não é garantia de aprendizado. A exploração adequada do HE

depende da orientação do professor. Propomos lidar com essas informações com a supervisão

docente, sempre que solicitado, sobre o aprofundamento, análise, decodificação, buscando e

estabelecendo relações entre diferentes grandezas, identificando regularidades, associando

fenômenos que ocorrem em situações semelhantes, utilizando as leis que expressam essas

regularidades na análise e previsões de situações do dia-a-dia e elaborando modelos

simplificados de determinadas situações a partir dos quais seja possível levantar hipóteses e

fazer previsões.

4.3 Processo de aplicação do HE

Após desenvolvermos a primeira versão do hiperdocumento para o ensino de

eletromagnetismo, apresentamos esse material aos alunos do programa de Mestrado

Profissional em Ciências e Matemática da PUC Minas20

. Esses alunos-professores

manipularam o hiperdocumento a nosso pedido, visando o seu aprimoramento. Essa atividade

foi intermediada por uma discussão em grupo e por um questionário, disponível no anexo C.

20 Esses alunos-professores compõem a terceira turma do Mestrado em Ensino de Física da PUC Minas com um

total de 12 (doze) alunos (dez homens e duas mulheres), todos professores da educação básica e superior, com

experiência no ensino público e privado.

Figura 23: Introdução do capítulo sobre Magnetismo e Eletromagnetismo.

Fonte: Dados da pesquisa

51

Várias sugestões apresentadas pelos alunos-professores foram incorporadas no HE e serão

mencionadas no capítulo 5 ao discutirmos a análise de dados. O HE foi aplicado aos alunos da

terceira série do Ensino Médio do Colégio Paula Frassinetti, objetivando analisar a capacidade

do instrumento em facilitar a aprendizagem significativa de eletromagnetismo. Nessa

oportunidade também foram coletadas críticas e sugestões para possíveis melhorias do HE.

Os alunos tiveram acesso ao material do HE durante quatro semanas, num total de 16

(dezesseis) horas de trabalho, no laboratório de informática da escola. A carga horária de

Física nesta turma do ensino médio é de 4 (quatro) aulas semanais. O Colégio Paula

Frassinetti da cidade de São Sebastião do Paraíso - MG é uma instituição com mais de oito

décadas de tradição que há mais de dez anos é conveniada à rede Pitágoras de ensino. A

escola oferece desde a educação infantil até o ensino médio, tendo em sua missão os valores

católicos alicerçados nos referenciais religiosos da sua fundadora, Santa Paula Frassinetti.

A turma possui 22 (vinte e dois) alunos que podem ser considerados de poder

aquisitivo médio, possuindo acesso ao computador e à internet em suas residências, não

apresentando, portanto, dificuldades no uso do equipamento. O próprio Colégio disponibiliza

acesso à internet em seu laboratório de informática que possui 40 (quarenta) máquinas com

requisitos de software adequados ao bom funcionamento do HE.

52

5. ANÁLISE DE DADOS

Na apresentação dos resultados, faremos uma análise comparativa dos levantamentos

conceituais, realizados antes e depois da manipulação do HE pelo aluno, procurando articular

os resultados com o referencial teórico.

Embora nosso trabalho de pesquisa não se restrinja à investigação quantitativa da

aprendizagem, considera os resultados dos escores para perceber se o HE produzido com o

software EJS possibilitou uma evolução conceitual de eletromagnetismo segundo os preceitos

da Aprendizagem Significativa de Ausubel. Para tal propósito, procuramos na Análise de

Conteúdo de Bardin (2000) a fundamentação teórica necessária.

Em Bardin (2000), encontramos a descrição em que a definição de análise de

conteúdo surge no final dos anos 40-50, com Berelson, auxiliado por Lazarsfeld afirmando

que esse método é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva,

sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação.

Segundo a autora, a análise de conteúdo é definida como:

[...] um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que utiliza

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a

inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens. (BARDIN,

2000. p. 21)

Ainda, segundo a autora, a análise de conteúdo de mensagens aplicável a todas as

formas de comunicação possui duas funções que podem ou não se dissociar quando colocadas

em práticas. A primeira diz respeito à função heurística, ou seja, a análise de conteúdo

enriquece a tentativa exploratória e aumenta a propensão à descoberta. A segunda se refere à

administração da prova, em que hipóteses, sob a forma de questões ou de afirmações

provisórias servem de diretrizes apelando para o método de análise de uma confirmação.

A análise de conteúdo sofreu as influências da busca da cientificidade e da

objetividade recorrendo a um enfoque quantitativo que lhe atribuía um alcance meramente

descritivo, como afirma Godoy (2005):

A análise das mensagens neste intuito se fazia pelo cálculo de

freqüências. Essa deficiência cedeu lugar à análise qualitativa dentro

dessa técnica, possibilitando a interpretação dos dados, pela qual o

53

pesquisador passou a compreender características, estruturas e/ou

modelos que estão por trás das mensagens levadas em consideração

(GODOY, 1995, p. 23).

Diante do elucidado pode-se afirmar que a análise de conteúdo é um método que

pode ser aplicado tanto na pesquisa quantitativa como na investigação qualitativa, mas com

aplicações diferentes, sendo que na primeira, o que serve de informação é a freqüência com

que surgem certas características do conteúdo, enquanto na segunda é a presença ou a

ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num

determinado fragmento de mensagem que é levado em consideração.

Em Bardin (2000), há três etapas básicas nos trabalho com a análise de conteúdo:

1 - A pré-análise: a organização do material, quer dizer de todos os materiais que serão

utilizados para a coleta dos dados, assim como também outros materiais que podem ajudar a

entender melhor o fenômeno e fixar o que a autora define como corpus da investigação, que

seria a especificação do campo que o pesquisador deve centrar a atenção.

2 - A descrição analítica: nesta etapa o material reunido que constitui o corpus da pesquisa é

mais bem aprofundado, sendo orientado em princípio pelas hipóteses e pelo referencial

teórico, surgindo desta análise quadros de referências, buscando sínteses coincidentes e

divergentes de idéias.

3 - Interpretação referencial: é a fase de análise propriamente dita. A reflexão, a intuição, com

embasamento em materiais empíricos, estabelecem relações com a realidade aprofundando as

conexões das idéias, chegando se possível à proposta básica de transformações nos limites das

estruturas específicas e gerais. É onde o pesquisador apoiado nos resultados brutos procura

torná-los significativos e válidos.

De posse desse referencial, nosso trabalho iniciou-se com a realização de um

primeiro levantamento, chamado de L1 (ANEXO A) de sondagem conceitual visando

conhecer, ainda que de modo preliminar os conceitos de eletromagnetismo presentes na

estrutura cognitiva do aluno. Após a aplicação do levantamento 1, os alunos exploraram de

forma orientada as telas do HE totalizando quatro semanas (16 horas-aula). Ao final dessa

etapa de manipulação do HE, procedemos a um segundo levantamento, chamado de L2

(ANEXO B), contendo além das questões do L1, duas questões relacionadas à avaliação do

HE.

As respostas dos alunos foram agrupadas em categorias de síntese sendo que a

identificação “L1Q2A3” significa a resposta do aluno 3 à questão 2 no levantamento 1 e

“L1Q2P3” significa a resposta do professor 3 à questão 2 no levantamento 1.

54

5.1 Análise dos gráficos com respostas dos alunos

Questão 1: Exemplifique situações do seu cotidiano em que o termo magnetismo foi

mencionado.

Figura 24: O termo Magnetismo usado em situações do cotidiano

Fonte: Dados da pesquisa

Analisando o gráfico, podemos observar que após a utilização do HE os alunos

abordaram com maior freqüência o assunto em livros didáticos, manipularam bússolas,

verificaram a existência de campo magnético em nosso planeta. Destacamos, ainda o aumento

de incidência de respostas envolvendo sistemas de comunicação e informação, demonstrando

maior interesse pelo assunto.

Apresentamos, como exemplo, a resposta de um aluno nos dois levantamentos bem

como uma das figuras do HE manipuladas durante a sua aplicação.

Nas aulas de física, quando eu estava folheando a minha apostila e encontrei

o capítulo que falava sobre magnetismo, quando eu mexia com ímãs, etc.

(L1Q1A17)

Em cartões magnéticos, ímãs, há campo magnético no nosso planeta.

(L2Q1A17)

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Aparelhos eletrodomésticos

Aproximação ímã/metal

Conteúdo Escolar Documentários Livro texto Afetivo sexual Bússola Magnetismo terrestre

Sistema de comunicação e

informação

Termo "Magnetismo" em Situações do Cotidiano

L1

L2

55

Figura 25: Terra com linhas de indução do campo magnético.

Fonte: Dados da pesquisa

Questão 2: Você já fez alguma experiência (ou brincadeira) com ímãs. Descreva o que você

fez. Pode desenhar se considerar esclarecedor.

Figura 26: Contato experimental com material magnético.

Fonte: Dados da pesquisa

Como podemos observar, no L2 surgiram alguns itens que não apareciam no L1.

Acreditamos que isso ocorreu devido a uma aprendizagem significativa de novos conceitos

como por exemplo verificação do não monopólo em um ímã.

Apresentamos, como exemplo, a resposta de um aluno no levantamento 2 bem como

uma das figuras do HE manipuladas durante a sua aplicação.

Ao quebrar um ímã com a intenção de verificar se ele fica com polaridade

norte e sul, o que comprovamos que o ímã não fica monopólo, ficando

sempre com as duas polaridades, mesmo quebrado. (L2Q2A4)

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Atração e repulsão

Verificação de campo

magnético

Atração e repulsão entre pólos positivos

e negativos

Verificação de campo

magnético com limalha de ferro

Verificação de monopólo

Verificação de Magnetismo

terrestre

Imantação de material ferro-

magnético

Interação entre campo

magnético e elétrico

Contato Experimental

L1

L2

56

Questão 3: Dentre os equipamentos que conhece, quais deles funcionam levando em conta o

magnetismo?

Figura 28: Aparelhos eletromagnéticos.

Fonte: Dados da pesquisa

A percepção ampliada dos alunos sobre aparelhos eletrodomésticos e sobre os meios

de comunicação que utilizam o magnetismo como princípio de funcionamento foi

influenciada pelo texto e manipulação do HE em que experimentaram virtualmente o medidor

de consumo de energia elétrica, eletroímãs, motores e auto-falantes.

A resposta de um aluno nos dois levantamentos demonstra essa percepção:

Bússolas. (L1Q3A7)

Bússolas, medidor de energia e Maglev. (L2Q3A7)

No tópico Força Eletromotriz Induzida, um dos links aborda o funcionamento do

medidor de energia elétrica, demonstrando os conceitos físicos envolvidos e, ainda auxilia o

aluno no calculo do consumo de energia elétrica em sua residência. Ao usar um aparelho

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Eletrodomésticos (motores)

Ap. eletrônicos (som e ou imagem)

Bússola Meios de transporte

Ímã Elementos de comunicação e

informação

Medidor/Gerador de energia

Diagnóstico (Medicina)

Eletroímã

Eletromagnéticos

L1

L2

Figura 27: Ímã quebrado, demonstrando o não monopólo.

Fonte: Dados da pesquisa

57

conhecido pelo aluno, utilizar uma abordagem qualitativa, como propõe o GREF (2005),

possibilita uma aprendizagem significativa de conceitos das leis de Faraday e Lenz.

Aparelhos de som e televisão. (L1Q3A10)

Aparelhos de som, televisores, instrumentos musicais eletrônicos, lanternas

de indução, aparelhos de telefone, computadores e geradores de energia.

(L2Q3A10)

Celular e TV. (L1Q3A21)

Lanterna de indução eletromagnética, cartão magnético, cooler de

computador, motor do ventilador, porta da geladeira e drive de disquete.

(L2Q3A21)

Questão 4: Pares de imãs em forma de barra são dispostos conforme indicam as figuras a

seguir:

Situação a)

Figura 30: Ímãs: situação A.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 29: Medidor de consumo de energia elétrica residencial.

Fonte: Dados da pesquisa.

58

Situação b)

Figura 31: Ímãs: situação B.

Fonte: Dados da pesquisa

Situação c)

Figura 32: Ímãs: situação C.

Fonte: Dados da pesquisa

A letra N indica o pólo Norte e a letra S o pólo Sul de cada uma das barras imantadas. O que

ocorrerá entre os imãs de cada uma das situações propostas (a), (b) e (c)? Utilize o espaço ao

lado de cada uma das figuras para explicar o que acontecerá com os imãs.

Figura 33: Relação entre atração e repulsão magnética.

Fonte: Dados da pesquisa

Percebemos que os alunos conheciam os conceitos relacionados à atração e repulsão

magnética, talvez por terem trabalhado anteriormente com atração e repulsão entre cargas

elétrica em eletrostática. Mesmo assim, constatamos uma pequena melhora no número de

alunos que relacionam corretamente atração e repulsão magnética passando de 77,3% no L1

para 84,6% no L2.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Totalmente correto Parcialmente correto (pólos magnéticos) Totalmente incorreto (carga elétrica)

Relaciona corretamente atração e repulsão magnética

L1

L2

59

Apresentamos, como exemplo, a resposta de um aluno nos dois levantamentos bem

como duas figuras do HE manipuladas durante a sua aplicação.

Não acontecerá nada com as barras. (L1Q4A11)

Atração, repulsão e repulsão. (L2Q4A11)

Questão 5: Um ímã permanente retilíneo, cujos extremos N e S são os pólos norte e sul,

respectivamente, encontra-se representado na figura (1). Suponha que a barra ímã seja

dividida em três partes, segundo mostra a figura (2). Por fim, os segmentos das extremidades

são colocados lado a lado, como na figura (3). O que ocorrerá com os pedaços na figura (3)?

Figura 36: Não monopólo.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 34: Verificação de atração e repulsão entre ímãs.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 35: Atração de material ferromagnético.

Fonte: Dados da pesquisa

60

Figura 37: Inexistência de monopólos magnéticos no ímã.

Fonte: Dados da pesquisa

Ao analisarmos o gráfico, percebemos que 59,1% dos alunos compreenderam

corretamente a inseparabilidade dos pólos do ímã, pois durante o L1 apenas 22,8% sabiam

explicar o ocorrido com as partes do ímã em questão. Percebemos uma aprendizagem

significativa quanto ao conceito de monopólo provavelmente porque os aplicativos

relacionados ao tema apresentados no HE são sonorizados, tendo atraído mais a atenção dos

alunos.

Percebemos uma maior qualidade na resposta do aluno A12 na aplicação do L2,

como podemos observar abaixo:

Os pedaços de ímãs irão se atrair pois um fica carregado positivamente e o

outro negativamente. (L1Q5A12)

(1) o ímã tem pólo norte e sul

(2) todas as três partes terão pólos norte e sul.

(3) X e Y irão se repelir pois terão pólos N e S. (L2Q5A12)

A figura 38 demonstra o aplicativo manipulado pelos alunos no HE.

Figura 38: Aplicativo sonorizado, demonstrando o não monopólo.

Fonte: Dados da pesquisa

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Atração (explicando a inseparabilidade)

Atração (apenas) Repulsão (explicando a inseparabilidade)

Repulsão (apenas) Nada ocorrerá

Inexistência de monopólo

L1

L2

61

Questão 6: Um imã foi fixado em uma folha de papel sobre uma mesa conforme mostra a

figura a seguir. Imagine que foi solicitado que você aproximasse uma bússola apoiada na

folha de papel em várias posições em torno do imã, tracejadas na figura. Desenhe a agulha da

bússola nas várias posições indicadas na figura.

Figura 40: Direção e sentido do campo magnético criado ao redor de um ímã.

Fonte: Dados da pesquisa

Observamos na figura do L2Q6A8 que o aluno, para responder a questão, traçou as

linhas de campo magnético do ímã e depois posicionou corretamente a bússola. A melhora

significativa quanto a essa resposta deve-se ao número de aplicativos distribuídos ao longo do

HE que tratava essa situação.

As figuras 41 e 42 representam o desenho de um aluno nos dois levantamentos bem

como uma figura do HE manipulada durante a sua aplicação. Observa-se claramente que o

aluno desenhou, em L1, considerando o conceito de campo elétrico e que em L2 passou a

observar o campo magnético!

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Carga Campo Campo (parcialmente correto)

Direção e sentido do campo magnético

L1

L2

Figura 39: Questão proposta pelo GREF.

Fonte: GREF: Eletromagnetismo. (2005, p. 158)

62

Na simulação representada pela figura 43, o aluno pode manipular virtualmente uma bússola

nas proximidades do ímã, verificando o sentido e a direção do campo magnético.

Questão 7: Na experiência montada a seguir, o fio de um circuito passa sobre a agulha de uma

bússola. Com a chave C aberta, a agulha alinha-se como mostra a figura 1. Fechando-se a

chave C, a agulha da bússola assume nova posição (figura 2).

Figura 44: Fio e bússola.

Fonte: Dados da pesquisa

Como você explicaria esse movimento da agulha da bússola a partir da corrente elétrica

estabelecida no circuito?

Figura 42: L2Q6A8

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 43: Demonstração das linhas de indução do ímã.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 41: L1Q6A8

Fonte: Dados da pesquisa

63

Figura 45: Corrente elétrica gerando campo magnético.

Fonte: Dados da pesquisa

Podemos inferir, de acordo com as respostas dos alunos, que a utilização das

simulações trouxe benefícios para o entendimento sobre a descoberta de Oersted. Ao serem

empregados para melhorar a atenção, apoiar o raciocínio e auxiliar a visualização e

interpretação de fenômenos, os elementos desse tipo de mídia colaboram para a ocorrência de

aprendizagem significativa por tenderem a estimular o estabelecimento de relações

intencionais entre os conceitos a serem assimilados e a estrutura cognitiva, além de facilitar a

criação de subsunçores.

Quando a chave C está aberta passa por ela uma corrente elétrica onde os

elétrons se alinham, já com a chave fechada os e- (elétrons) vão se

movimentar. (L1Q7A12)

A agulha se movimenta por que com a chave C fechada haverá uma

passagem de corrente elétrica gerando um campo magnético e a agulha

ficará de acordo com os vetores desse campo. (L2Q7A12)

A agulha se movimenta de acordo com o campo magnético quando se fecha

a chave. (L2Q7A13)

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Corrente elétrica afeta campo magnético

Corrente elétrica afeta corrente elétrica

Resistência elétrica afeta campo magnético

Corrente gerando campo magnético

L1

L2

Figura 46: Simulação da primeira experiência de Oersted.

Fonte: Dados da pesquisa

64

A simulação representada pela figura 46 possui um alto grau de iconicidade e

possibilita a verificação do sentido do campo magnético gerado ao redor do fio. Ao inverter o

sentido da corrente gerada pela pilha, o aluno observa a bússola indicando a inversão do

sentido do campo magnético.

A qualidade das respostas dadas a essa questão, no L2, demonstra que a iconicidade

e a interatividade possibilitam a criação de subsunçores e criam condições para uma

aprendizagem significativa.

Questão 8: Um dispositivo usado para medir velocidade de bicicletas é composto por um

pequeno ímã preso a um dos raios da roda e uma bobina fixa no garfo. A bobina é ligada por

fios condutores a um mostrador preso ao guidom, conforme representado na figura a seguir. A

cada giro da roda, o ímã passa próximo à bobina, gerando um pulso de corrente que é

detectado e processado pelo mostrador. Como você explicaria esse fato?

Figura 48: Campo magnético gerando corrente elétrica

Fonte: Dados da pesquisa

O depoimento feito pelo aluno 21 a essa questão, no L2, indica que a utilização da

diferenciação progressiva, da organização seqüencial e da reconciliação integradora na

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Variação do campo magnético na bobina Variação do campo elétrico na bobina

Campo magnético gerando corrente elétrica

L1

L2

Figura 47: Velocímetro digital.

Fonte: Dados da pesquisa

65

estruturação do HE orientadoras na redação dos textos, na configuração dos links e nas

escolhas das trilhas do hiperdocumento, teve um efeito benéfico para sua aprendizagem.

O ímã interage com os elétrons que estão no fio da bobina e esses vão

movimentar-se gerando um pulso de corrente. (L2Q8A21)

A qualidade das respostas dos alunos no L2, quando comparadas às respostas no L1,

indicam que o HE auxiliou no desenvolvimento de subsunçores apropriados para a

assimilação da indução eletromagnética. O estabelecimento de relações relevantes pelos

alunos entre as idéias estudadas podem ser entendidas como evidência de ocorrência de

aprendizagem significativa.

O ímã quando passar pela bobina fornecerá energia para ela e esta passa

pelos fios até chegar ao mostrador. (L1Q8A14)

O ímã perto da bobina faz com que seus elétrons entrem em movimento...

(L2Q8A14)

A bobina percebe a existência de um objeto carregado com carga oposta a

que ela é. (L1Q8A15)

Os elétrons livres vão entrar em movimento porque há um campo magnético

aproximando-se da bobina. (L2Q8A15)

Na simulação, representada pela figura 49, o aluno observa o sentido do campo

magnético gerado pelo ímã e o sentido da corrente elétrica induzida na espira do gerador.

Figura 49: Gerador.

Fonte: Dados da pesquisa

66

Durante a manipulação virtual dessa simulação o aluno pode comprovar a lei de Lenz,

responsável por ajudá-lo na resposta da questão 8.

Questão 9: Na figura abaixo você observa a distorção na imagem provocada por um ímã nas

proximidades da tela de um monitor. Explique como isso ocorreu.

Figura 51: Campo magnético interagindo com carga elétrica em movimento.

Fonte: Dados da pesquisa

Conforme se observa nos relatos apresentados no gráfico da questão 11, figura 54, os

alunos consideraram, de maneira geral, que os textos extensos eram uma dificuldade. Apesar

disso, a extensão desses textos não impossibilitou o entendimento do assunto. Um exemplo

deste fato pode ser percebido na conclusão do aluno 12 diante da questão 9 no levantamento 2

demonstrando que durante a manipulação virtual do HE foram desenvolvidos conceitos

subsunçores capazes de auxiliar a aprendizagem subseqüente, passando de 50,0% no L1 para

63,6% no L2.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Campo magnético afeta o movimento da

carga elétrica

Campo magnético afeta campo elétrico

Campo magnético afeta campo magnético

Não respondeu Campo magnético afeta as cores

Campo magnético atrai material ferro-

magnético (linhas da tela)

Campo magnético interagindo com carga elétrica em movimento

L1

L2

Figura 50: Ímã próximo à tela do monitor.

Fonte: Dados da pesquisa

67

O ímã, com seu campo magnético, ao passar próximo da tela faz com que os

elétrons interajam com o campo distorcendo a imagem. (L2P9A12)

O campo magnético altera o campo elétrico da tela que será distorcida.”

(L2Q9A1)

O ímã mexe com os elétrons do monitor... (L2Q9A5)

O campo magnético do imã interage com os elétrons da tela do monitor,

atraindo-os. (L2Q9A7)

No monitor do computador há elétrons, eles se concentram onde o ímã foi

colocado, distorcendo a tela. (L2P9A10)

Na simulação da figura 52, uma partícula carregada penetra em um campo

magnético, quando essa partícula interage com esse campo, o aluno percebe que uma força

elétrica passa a atuar desviando-a de sua trajetória retilínea. Essa comprovação é importante

para o aluno descrever o que ocorre com a tela do monitor quando aproximamos dele um ímã.

Figura 52: Campo magnético interagindo com cargas elétricas em movimento.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 53: Ímã desviando cargas elétricas.

Fonte: Dados da pesquisa

68

Nas simulações da figura 53, o aluno pode manipular os ímãs e verificar o que ocorre

com a trajetória das cargas elétricas. Ao compararmos as simulações das figuras 52 e 53,

percebemos o ganho conceitual dos alunos nessa questão, demonstrando a ocorrência de

reconciliação integradora.

Questão 10: Descreva o que você mais gostou no HE.

Figura 54: O que mais gostou no HE.

Fonte: Dados da pesquisa

Descrevemos no quadro 1 alguns posicionamentos dos alunos sobre o que mais

gostaram no HE. Como pontos positivos do material desenvolvido e sobre a interatividade

proporcionada pelo HE no entendimento do conteúdo de eletromagnetismo, destacamos: a

linguagem usada na descrição dos fenômenos, os vídeos produzido a partir da bancada de

experimentos, a sonorização dos aplicativos, a praticidade de acesso ao conteúdo e a

dedicação do professor.

Percebemos que a dedicação e orientação do professor foi necessária para otimizar a

utilização do HE, através do esclarecimento dos pontos mais difíceis, da proposição de

atividades para explicar as concepções dos alunos e da introdução de organizadores prévios,

adequando-os a cada aluno, direcionando apropriadamente as etapas futuras da aprendizagem.

O valor atribuído pelos alunos aos exercícios são indicações que tiveram efeito

benéfico na assimilação e consolidação dos conceitos de eletromagnetismo propostos pelo

HE.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Linguagem Vídeos Aplicativos sonorizados

Aplicativos com gráficos

Atenção e dedicação do

professor

Facilidade de manuseio

Exercícios "Como as coisas funcionam"

O que mais gostou no HE

L2

69

Aluno O que mais gostou no HE

A1

O hiperdocumento foi muito bem elaborado, com uma linguagem de fácil

compreensão e com os vídeos esse esclarecimento foi ainda maior. Mas o que

mais me agradou foi poder observar os vídeos e os aplicativos ouvindo as

explicações.

A6 Da objetividade e clareza dos aplicativos, da facilidade de manuseio e da

abordagem dos exercícios.

A7

O CD é super interessante e completo, mais os vídeos e as figuras com a

explicação falada ajuda muito no entendimento e compreensão do material,

pois não fica uma coisa monótona, só lendo e sim uma aula diversificada.

A13 Descoberta de novos horizontes do campo magnético, o CD do aplicativo é

bem convincente e completo.

A14

Achei muito bom os aplicativos que simulavam cada conteúdo e aqueles que

tinham sons; as explicações foram bem precisas. Assim consegui entender

muito bem com este hiperdocumento.

A19 ... foi o modo diferente de aprender física fazendo aulas com o CD tendo os

experimentos explicados através de som.

A20 Dos vídeos, simulações, ...

A22 Adorei ver que o magnetismo e eletromagnetismo estão em várias coisas do

nosso cotidiano e às vezes nem percebemos ou sabemos.

Quadro 1: O que mais gostou no HE.

Além de apontarem características do conteúdo capazes de motivá-los (A14), esses

depoimentos constituem indícios de que o HE os auxiliou na percepção das relações entre

ciência, tecnologia e cotidiano. Os temas científicos atuais, com ênfase na tecnologia,

possuindo elementos mais próximos da realidade dos alunos, parecem ter favorecido a

aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo, pois foram bastante

mencionados nos relatos dos alunos, como podemos observar no gráfico da figura 54.

Esses comentários sugerem que o uso do HE possibilitou a criação de um ambiente

agradável de aprendizagem, no qual os diferentes elementos de mídia e os recursos de

hipertexto apoiaram a exploração da informação e a assimilação dos conceitos, levando a uma

aprendizagem significativa.

70

Questão 11: Descreva o que você menos gostou no HE.

Figura 55: O que menos gostou no HE.

Fonte: Dados da pesquisa

No quadro 2 apresentamos o que os alunos menos gostaram no HE em relação ao

conteúdo e ao material disponibilizado. Essas considerações nos mostram quais cuidados

devem ser considerados na elaboração de futuros materiais, entre outros aspectos.

Alunos O que menos gostou no HE

A18 Do curto período de estudos.

A19 Das biografias pois estavam muito extensas.

A1 ...foi de alguns textos que mesmo resumidos apresentava grandes extensões.

A22 Acho que além do HE, poderíamos ter espaço para anotações.

Quadro 2: O que menos gostou no HE.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Biografias Textos (extensos) Didática Força eletromotriz Distribuição do conteúdo

Carga horária (reduzida)

O que menos gostou no HE

L2

71

5.2 Adequação do HE feita pelos alunos-professores

Figura 56: Adequação do HE.

Fonte: Dados da pesquisa

No quadro 3 descrevemos as respostas dos alunos-professores do programa de

Mestrado Profissional em Ciências e Matemática da PUC Minas, ao analisarem o HE como

ferramenta adequada para a ampliação dos conceitos fundamentais de eletromagnetismo.

Questão/Professor Adequação do HE

Q1P3 Sim, no sentido de contextualização do conteúdo de física, mas

percebi que o caráter interdisciplinar não foi tratado.

Q1P4 Os princípios fundamentais são abordados nos exercícios de forma

coerente.

Q1P7 Apresentam clareza e são adequados ao ensino médio.

Q1P8 Não percebo grandes saltos, vejo que há uma seqüência.

Q1P9 ...inclusive sugere uma seqüência tranqüila de desenvolvimento das

unidades temáticas.

Q2P2 Para mim a contextualização está clara o aluno pode ligar os

conteúdos com seu dia-a-dia.

Q2P4 O HE incorpora a experiência prévia dos alunos em especial no

comportamento dos ímãs que provavelmente eles já manipularam.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Conteúdo Raciocínio/Relação conteúdo com cotidiano, preconcepções e

generalizações

Layout/ Apresentação/ Linguagem/ Feedback

Usabilidade/ Interação Competências e Habilidades

Adequação do Hiperdocumento de Eletromagnetismo

72

Questão/Professor Adequação do HE

Q2P6

Alguns conteúdos são abstratos, mas não pelo fato de má

abordagem, mas sim pelo fato de não fazerem parte do cotidiano do

aluno, especificamente.

Q2P8 Acho que, como o conteúdo é específico da área, alguns alunos terão

dificuldade pois seu entendimento ta num nível mais superficial.

Q3P4 O uso desses recursos, em especial dos vídeos, incorpora ao

conteúdo abordado o efeito dinâmico ausente nos livros didáticos.

Q3P7 Gostei do sistema de retorno ao estudante.

Q4P1 Os usuários a que se destina têm grandes habilidades para usar

computadores.

Q4P2 O HE usa recursos audiovisuais que deixam os alunos instigados.

Q4P6 O HE é uma ferramenta no intuito de motivar os alunos para o

estudo da física.

Q4P7

O HE estimula efetivamente a criatividade dos alunos

principalmente quando estes interagem com os aplicativos fazendo

analogias.

Q4P8

Os professores poderiam utilizar o HE em suas escolas facilmente

pois é um trabalho muito bem embasado e que serve ao seu

propósito como instrumento complementar ao ensino.

Q5P6

Acredito que o HE é uma alternativa metodológica permitindo o

desenvolvimento de competências e habilidades de representação e

comunicação nas leituras, interpretação de dados e gráficos.

Q5P7

O HE é uma alternativa metodológica que possibilita o

desenvolvimento de habilidades e competências voltadas à

investigação e compreensão pois possui estratégias para enfrentar

situações- problema, identificar fenômenos naturais e grandezas, os

modelos são explicativos e representativos além de ajudar a

interpretar fenômenos e teorias.

Quadro 3 – Aceitação positiva do HE.

73

Questão/Professor Sugestões de melhorias no HE

Q1P5 Talvez algumas gravuras deveriam ser maiores. As fontes dos textos

deveriam ser maiores

Q2P5 Talvez em alguns vídeos (Maglev e supercondutividade) um áudio

seria interessante.

Q3P3 Colocaria algumas questões abertas e sugestões de práticas.

Q2P8 Se houvessem mais questões interdisciplinares ajudaria nas

generalizações.

Quadro 4 – Sugestões de melhorias no HE.

Em relação aos itens do instrumento de pesquisa, a maior parte dos alunos-

professores considerou que o HE atende plena ou parcialmente aos critérios de avaliação

englobando conteúdo, aspecto teórico-metodológico, linguagem, interatividade e

competências e habilidades. Desse modo, apesar dos pontos a serem melhorados, apontados

diretamente no quadro 4, o HE apresenta na visão dos avaliadores, características capazes de

contribuir para o processo de ensino e aprendizagem de eletromagnetismo e, potencializando

uma aprendizagem significativa. Essa posição é reforçada a partir das considerações

realizadas nas questões 4 e 5, e pelo posicionamento favorável ao uso do HE pela quase

totalidade dos avaliadores, explicitado na questão 3.

74

6 ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR SOBRE O USO DO HE

Caro professor, colocamos à sua disposição um hiperdocumento que pode auxiliá-lo

na fundamentação de conceitos de eletromagnetismo. Sabemos que numa era de tecnologia, é

fundamental que os alunos se familiarizem com o computador para aprofundar mais a sua

aprendizagem de conceitos de Física. Neste intuito o Hiperdocumento de Eletromagnetismo

(HE) mostrará como o emprego da hipermídia e das simulações computacionais podem ser

um meio de promover o aprendizado de forma significativa, auxiliando o aluno do Ensino

Médio ou Superior na busca de uma melhor compreensão dos conceitos de eletromagnetismo.

Esse hiperdocumento foi produzido como um produto de minha dissertação de

mestrado em ensino de Física disponibilizando ao aluno um conjunto de mídias com

finalidades educacionais, fundamentadas nos princípios de aprendizagem significativa de

David Paul Ausubel21

.

Objetivos a serem alcançados na utilização do HE

Aprender interagindo é o objetivo do HE. Nele os conceitos de eletromagnetismo

serão construídos conforme as atividades são desenvolvidas pelos alunos. O HE prioriza a

construção do conhecimento pela interação e pensar do aluno, com o objetivo de auxiliá-lo na

produção de significados, no qual o papel do professor é mais de orientador e facilitador. É

necessária a mediação do professor para que durante a navegação das trilhas do HE, o aluno

seja instigando a refletir, a investigar e a descobrir.

De maneira geral o HE tem os seguintes objetivos:

Estudo de conceitos relacionados ao magnetismo e eletromagnetismo;

Uso de variadas mídias para construir o conhecimento desses conceitos;

Desenvolvimento da capacidade de resolver problemas por meio de alguns modelos;

Promoção da aprendizagem significativa de conceitos de magnetismo e

eletromagnetismo.

21 A teoria da assimilação de David Paul Ausubel, ou teoria da aprendizagem significativa, é uma teoria

cognitivista e procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente humana com relação ao

aprendizado e à estruturação do conhecimento.

75

Conhecimento prévio necessário ao aluno para início do trabalho com o HE

Para desenvolver essa atividade, o aluno precisará ter algum conhecimento sobre

carga elétrica, corrente elétrica, campo e potencial elétrico. Por esse motivo o HE traz uma

trilha relacionada a esses assuntos.

Tempo previsto para concretizar o trabalho com o HE

Para que o aluno percorra nas trilhas, cada unidade proposta, é necessário

aproximadamente 16 horas-aula de atividade. Sugerimos que o trabalho inicie-se na sala de

aula.

O trabalho com o HE no ambiente de sala de aula

Antes de iniciar as atividades no laboratório de informática, sugerimos que o

professor comente um pouco sobre a história do magnetismo, apresentando alguns fatos e

propriedades curiosas que despertarão o interesse do aluno, motivando-o ao estudo sobre o

assunto.

Situar o aluno diante do assunto proposto é muito importante, pois mostra que a

Física possui um caráter prático-transformador e é um instrumento para compreendermos o

mundo em que vivemos. Além do mais é uma ciência viva que está em construção.

Para melhores informações sobre a história do eletromagnetismo sugerimos os sites:

http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_sem1_

2003/992558ViniciusIsola-RMartins_F809_RF09_0.pdf (acesso em: 31 de jul. 2008).

http://www.fsc.ufsc.br/ccef/port/21-2/artpdf/a4.pdf (acesso em: 31 de jul. 2008).

http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/1884/11761/1/Cristiano_Final_26_09

_2007.pdf (acesso em: 31 de jul. 2008).

O trabalho com o HE no laboratório de informática

Sugerimos que, alguns dias antes do trabalho no laboratório de informática, o

professor verifique quais máquinas estão funcionando e se optar por trabalhar sem internet

76

(off-line) instale as ferramentas disponíveis no link “Suporte”, presente na página inicial do

HE, em todos os computadores.

Para melhor resultado da aula propomos que divida os alunos em duplas ou trios para

estimular o trabalho em grupo, pois assim eles terão a oportunidade de criarem e planejarem a

melhor solução, sempre trabalhando cooperativamente e com ética, respeitando as

características individuais.

Material necessário

É necessário que o aluno disponha de papel, lápis e borracha para anotações, livro

didático para possível feedback do conteúdo abordado pelo HE, fones de ouvido para

acompanhar as narrações presente nas trilhas e, para o professor, um quadro (lousa) à

disposição para uma eventual necessidade.

Requerimento técnico necessário ao bom funcionamento do HE

Para a realização das atividades serão necessário plug-ins para Flash MX, de

qualquer versão superior ou igual ao flash 5.0. Também para evitar problemas sugerimos que

os computadores tenham ativado o Java Web Start e seus plug-ins. Os softwares Java e plug-

ins do Flash podem ser obtidos gratuitamente nos sites dos fabricantes, que são

www.macromedia.com.br e www.sun.com.br ou no link “Suporte” presente na tela inicial do

HE.

Optamos por utilizar o Internet Explorer 7 (IP7) por possuir uma variada biblioteca

de plug-ins necessária ao perfeito funcionamento do HE. O IP7 está disponível no link

“Suporte” na página inicial do HE.

Procedimentos necessários ao professor no decorrer das atividades com o HE

Destacamos alguns procedimentos que poderão auxiliá-lo em seu trabalho.

Ao iniciar o trabalho com o HE, o professor deve estar consciente de que seu aluno

possui uma base conceitual individual, de origens históricas e étnicas, que orienta seus

modelos explicativos. Cabe ao professor levá-lo a analisar a coerência interna dos conceitos e

explicações, e sua aplicabilidade, expondo-o a situações-problema, que gradativamente

tornem necessária a retificação, ampliação e generalização de suas descrições e explicações

77

dos fenômenos magnéticos e eletromagnéticos. Nesse processo, o aluno torna-se capaz de

trabalhar com conceitos, hipóteses, pressupostos, variáveis, dentro dos modelos específicos do

conteúdo e também compreende o domínio de validade e os limites de aplicabilidade de seus

conhecimentos prévios. A competência pedagógica do HE inclui a organização lógica de

conteúdos e a postura dialógica do professor que assume o papel de mediador entre o

conhecimento prévio e o conhecimento científico desejado. Assim a construção de modelos

mais abrangentes ocorre pela problematização e participação ativa do aluno.

Para a abordagem em sala de aula dos conceitos principais de eletromagnetismo

contidos no HE, poderá ser utilizada uma seqüência didática incluindo as seguintes atividades:

1. Problematização inicial em que o professor incentiva os alunos a exporem suas idéias

relativas ao magnetismo e eletromagnetismo, realizando-se uma discussão em pequenos

grupos e, em seguida, com a turma toda.

2. Indicação pelo professor de uma trilha do HE, ou seja, de uma série de telas com diferentes

tópicos inter-relacionados, contendo informações teóricas e exercícios, explorados por duplas

de participantes. Os participantes podem ser estimulados a acessar links que lhes despertem

interesse particular, a fim de favorecer a ocorrência de aprendizagem incidental.

3. Discussão das idéias acessadas entre os componentes de cada dupla, com participação do

professor.

4. Exposição dos conceitos explorados em cada trilha, realizada pelas duplas de participantes,

e discussão com a turma, com participação do professor.

5. Indicação de novas trilhas para favorecer a compreensão e realização de novas discussões,

em duplas e com a turma, quando necessário.

6. Entrega de problemas e questões respondidos, de resumos das principais idéias estudadas e

de esquemas com as relações estabelecidas entre os diversos conceitos estudados.

7. Avaliação dos alunos e discussão dos resultados.

8. Apresentação de nova situação-problema, reiniciando a seqüência didática.

A fim de ilustrar os critérios utilizados para o desenvolvimento do software, expõe-

se, a seguir, um exemplo de seqüência didática estruturada em cinco unidades, incluindo as

competências e habilidades associadas e a justificativa para sua escolha e ordenação:

Unidade 1: Eletrostática (opcional)

Nesta unidade, sugerimos que seja feita uma explanação sobre as forças básicas da

natureza, comentando sobre a importância e os campos de aplicação de cada uma. A interação

78

elétrica surge como uma necessidade natural para se entender o comportamento íntimo da

matéria, e a carga elétrica como uma propriedade dessa matéria.

Chamamos a atenção para o fato de que a conservação dessa nova grandeza, a carga

elétrica, será um dos destaques constantes em todas as unidades. Assim, nos processos de

eletrização, essa conservação deve ser bem enfocada.

Com qual velocidade se propaga a “força elétrica” entre duas cargas? Essa é a

pergunta básica que gera toda a necessidade do estudo do campo elétrico. Sugerimos que seja

feita uma introdução com detalhes da idéia de campo de uma forma geral, para, em seguida,

ser desenvolvida a noção de campo elétrico. O tópico sobre campo elétrico é de grande

importância para o estudo da eletricidade, pois o campo elétrico é o responsável por

transmitir, a força aos elétrons livres de um condutor metálico, quando este é conectado aos

terminais de uma pilha. Contudo, o conceito de campo elétrico, bem como o de diferença de

potencial (d.d.p.), é bastante abstrato, por isso é aconselhável que se trabalhe esse conceito.

Torna-se muito útil o paralelismo entre o conceito de campo gravitacional e elétrico

uma vez que o aluno já está muito acostumado com os efeitos e características da força e

energia gravitacional. A idéia das linhas de força aparece, também, como uma representação

automática da região de influência de uma dada carga elétrica, de um conjunto de cargas

puntuais ou de placas condutoras carregadas. O potencial elétrico deve surgir como uma outra

forma de descrever as interações elétricas, salientando o seu caráter escalar, e com uma

propriedade nova associada aos campos elétricos que é o trabalho realizado para se deslocar

uma carga elétrica por unidade de carga, ou a energia gasta ou recebida por unidade de carga.

Competências e habilidades:

Representar graficamente campo elétrico e potencial elétrico, interpretando suas linhas

de força e superfícies equipotenciais.

Relacionar os conceitos e as unidades de carga, corrente, campo, potencial e força.

Conceituar diferença de potencial elétrico.

Compreender como se define, operacionalmente, a diferença de potencial elétrico.

Reconhecer a força elétrica como uma força conservativa, compreendendo e

relacionando as suas principais propriedades.

Reconhecer e descrever as relações entre o campo elétrico e o potencial elétrico.

Compreender como se calcula a diferença de potencial elétrico numa região de campo

elétrico uniforme.

79

Compreender como se calcula a diferença de potencial elétrico no campo elétrico de

uma carga puntual.

Identificar as propriedades das superfícies equipotenciais.

Trilha 1: Eletrostática

Conteúdo Estratégia

O campo elétrico

Campos elétricos

gerados por cargas

puntuais.

Campo elétrico

devido a várias

cargas puntuais.

Campo elétrico

externo criado por

uma esfera

eletrizada.

Campo elétrico

interno em uma

esfera condutora em

equilíbrio

eletrostático.

Conceituar superfícies

equipotenciais.

Conceituar campo elétrico.

Demonstrar a lei de Coulomb.

Figura 57: Tela introdutória da trilha 1: Eletrostática.

Fonte: Dados da pesquisa

80

Conteúdo Estratégia

Linhas de força do

campo elétrico

Como se comportam

os condutores

eletrizados.

O eletronVolt.

Unidade 2: Magnetismo e Introdução ao Eletromagnetismo

Nessa unidade, outra forma de interação da matéria aparece sob a forma do

magnetismo. A história da descoberta de como a eletricidade e o magnetismo se relacionaram

no experimento de Oersted, assim como as implicações são muito importantes. Os campos

magnéticos criados por ímãs e correntes elétricas trarão aplicações das forças sobre

condutores percorridos por correntes e nos motores e medidores elétricos. A conservação da

energia em meio às suas várias transformações deve ser retomada.

Competências e habilidades:

Compreender as propriedades e conceitos gerais associados aos estudos do

magnetismo, tais como pólos magnéticos, ímãs, forças de atração e repulsão.

Descrever a experiência de Oersted e compreender a sua importância histórica.

Representar o vetor campo magnético.

Determinar, quantitativa, semiquantativa e qualitativamente, o campo magnético

relacionado a fios condutores, espiras, bobinas e solenóides.

Quadro 5: Eletrostática: Conteúdo e Estratégia.

81

Figura 58: Tela introdutória da trilha 2: Magnetismo e Introdução ao Eletromagnetismo.

Fonte: Dados da pesquisa

Trilha 2: Magnetismo e Introdução ao Eletromagnetismo:

Conteúdo Estratégia

O ímã e suas

propriedades;

Campo magnético da

Terra;

Campo magnético

criado por correntes

Descrever as propriedades

gerais dos ímãs, das forças de

atração e repulsão, pólos

magnéticos, indivisibilidade

dos pólos magnéticos e

resolução da atividade 1 e 2.

Enfatizar os ímãs elementares

constituídos pelos átomos.

Demonstrar imantação de

objetos ferro-magnéticos.

82

Conteúdo Estratégia

elétricas;

Campo magnético de

uma espira circular;

Campo magnético de

um solenóide.

Apresentar aos alunos a vida

de Oersted.

Apresentar conceitos de campo

gravitacional, magnético e do

vetor campo magnético

(direção e sentido), bem como

suas unidades e valores típicos

da intensidade de campo

magnético.

Enfatizar a importância da

experiência de Oersted e sua

relação com a origem dos

fenômenos magnéticos no

átomo.

Realizar a atividade 3 e pedir a

resolução dos exercícios 1, 2 e

5.

Estudo da força entre dois

condutores retilíneos e

paralelos percorridos por uma

corrente i.

Utilizar a simulação “campo

magnético gerado ao redor de

um condutor retilíneo” para

mostrar que a força que atua

em um condutor é uma

extensão natural do estudo das

forças magnéticas que atuam

em cargas elétricas em

movimento.

Apresentar como são as linhas

de indução magnética

83

Conteúdo Estratégia

próximas de um fio e os

fatores que determinam o valor

do campo magnético próximo.

Treinar muito com o aluno a

simbologia dos vetores

“entrando e saindo” do plano

do papel.

Demonstrar a regra de

Ampère.

Resolver os exercícios 6, 7 e 8.

Unidade 3: Força Eletromotriz Induzida

A Lei de Faraday e Lenz leva-nos de volta à conservação da energia.

Vale ressaltar, nessa unidade, a importância de exemplificarmos os vários tipos de

forças existentes na Natureza, como elétrica, magnética, gravitacional, etc, e não realçar

apenas as forças de contato usualmente trabalhadas na 1.ª série. Como exemplo, podemos

citar a televisão (desvio de elétrons através de forças magnéticas).

O processo gerador das ondas eletromagnéticas tem sido muito abordado nos dias

atuais e constitui, embora seja abstrato, um tema bastante curioso para os alunos.

Competências e habilidades:

Identificar situações em que uma carga elétrica fica sujeita a uma força de origem

magnética e determinar o seu valor.

Identificar situações em que uma corrente elétrica fica sujeita a uma força de origem

magnética e determinar o seu valor.

Identificar situações em que aparecem correntes elétricas induzidas.

Identificar e compreender as variáveis que determinam o fluxo magnético.

Descrever, de maneira sucinta, o funcionamento da lanterna de indução

eletromagnética.

Reconhecer como é feita a medida do consumo de energia elétrica residencial.

Quadro 6: Magnetismo e Introdução ao Eletromagnetismo: Conteúdo e Estratégia.

84

Trilha 3: Força Eletromotriz Induzida

Conteúdo Estratégia

F.e.m. induzida

A Lei de Faraday e a

“produção” da

energia elétrica

Outros exemplos de

indução

eletromagnética

Apresentar exemplos de f.e.m.

induzida, através do

movimento relativo da espira e

do ímã.

Elaborar o conceito de fluxo

magnético.

Apresentar a Lei de Faraday.

Apresentar situações em que

ocorra o aparecimento de uma

f.e.m. induzida, como o

descrito em “vídeos e

aplicativos”, ressaltando que

algumas situações podem ser

explicadas pela força

magnética que atua em cargas

em movimento, enquanto, em

Figura 59: Tela introdutória da trilha 3: Força Eletromotriz Induzida.

Fonte: Dados da pesquisa

85

Conteúdo Estratégia

outros exemplos, essa análise

não é possível.

Demonstrar como é medido o

consumo de energia elétrica

em nossas residências.

Apresentar a Lei de Lenz com

muito cuidado, explicando

passo a passo as questões

relativas à variação do fluxo

indutor e ao aparecimento do

fluxo induzido.

Resolver os exercícios 3, 17,

22, 24 e 25

Unidade 4: Gerador Elétrico

O próprio título já nos dá o tema da questão introdutória da unidade que, certamente,

culminará com as aplicações da geração da força eletromotriz induzida. A Lei de Faraday e

Lenz coloca-nos de volta à conservação da energia.

No encerramento dessa unidade, seria bastante conveniente fazer uma retrospectiva

dos principais conceitos estudados no eletromagnetismo, salientando-se as conservações de

energia e carga.

Competências e habilidades:

Compreender o funcionamento de um gerador de usina hidrelétrica.

Descrever o funcionamento do galvanômetro.

Compreender a relação fluxo magnético e campo elétrico na geração de eletricidade.

Compreender motores e geradores como conversores de corrente elétrica em trabalho

e vice-versa, sabendo descrever seus componentes essenciais

Relatar as diferenças e semelhanças entre o motor elétrico e o gerador elétrico.

Quadro 7: Força Eletromotriz Induzida: Conteúdo e Estratégia.

86

Trilha 4: Gerador de Corrente Alternada

Conteúdo Estratégia

A Lei de Faraday e a

“produção” da

energia elétrica

Explicar as formas de

produção de energia elétrica

em larga escala, mostrando as

principais partes de um

gerador elétrico (hidrelétrica

ou termelétrica).

Terminar a explicação,

mostrando a variação da ddp

ao longo do processo e

apresentando o dispositivo que

faz esta operação (comutador).

Demonstrar o funcionamento

do motor elétrico.

Resolver os exercícios 9, 14 e

15.

Figura 60: Tela introdutória da trilha 4: Gerador de Corrente Alternada.

Fonte: Dados da pesquisa

Quadro 8: Gerador Elétrico: Conteúdo e Estratégia.

87

Unidade 5: Carga Elétrica em Campos Elétrico e Magnético

Consideramos que esse capítulo mereça uma atenção especial, pois nele os alunos

encontrarão aplicações importantíssimas no mundo atual, como os motores, eletroímãs,

aceleradores de partículas, televisão (mecanismo defletor de elétrons), etc. Aprender qual é a

base de funcionamento desses aparelhos pode determinar o início do encantamento de alguns

alunos com a Física ou Engenharia. Ao estudar a regra da mão direita, procure utilizar as

simulações que facilitem o entendimento do aluno sobre essa situação, como as sugeridas com

o aparelho de TV. As atividades propostas nessa unidade têm por objetivo mostrar,

experimentalmente, as aplicações tecnológicas do conteúdo a ser estudado: as forças

magnéticas em portadores de carga elétrica. A simulação da televisão e do ímã deve ser feita

em um momento especial da aula, para que os alunos possam visualizar o desvio do elétron na

tela, bem como perceber o princípio de formação da imagem por esse processo. É interessante

lembrar o rápido processo de troca de tecnologia na formação de imagens nas televisões. O

site <http://www.howstuffworks.com> (como as coisas funcionam) traz uma breve descrição

das televisões de plasma e LCD.

Competências e habilidades:

Compreender a lei de Faraday, relacionando com a produção de energia elétrica em

larga escala.

Encontrar o sentido da corrente elétrica induzida (Lei de Lenz).

Identificar situações em que uma corrente elétrica fica sujeita a uma força de origem

magnética e determinar o seu valor.

Relacionar a força de Lorentz com a formação da Aurora Boreal.

Figura 61: Tela introdutória da trilha 5: Carga Elétrica em Campo Elétrico e

Magnético.

Fonte: Dados da pesquisa

88

Trilha 5: Cargas Elétricas em Campo Elétrico e Magnético

Conteúdo Estratégia

Estudo das forças

magnéticas;

Forças magnéticas

sobre cargas

elétricas;

Força magnética em

um condutor

retilíneo.

Demonstrar da relação entre a

força magnética em uma carga

elétrica e o seu movimento

relativo ao campo magnético.

Descrever a regra do “tapa”

em várias situações, para que

os alunos possam assimilá-la.

Problematizar e descrever o

funcionamento de uma

televisão.

Comentar o vídeo sobre a

Aurora Boreal.

Caracterizar o funcionamento

do cabo coaxial.

Propor uma pesquisa sobre o

tubo de Crookes e os raios

catódicos.

Demonstrar o funcionamento

do Espectrômetro de Massas.

Resolver os exercícios 4, 10,

11, 12, 13, 16, 18, 19, 20, 21 e

23.

Para saber mais sobre o assunto

Como referências bibliográficas, destacamos em seguida, além da coleção didática

do GREF, alguns trabalhos que podem auxiliar aos interessados no aprofundamento de

temáticas, tais como aprendizagem significativa e uso da informática no ensino de Física.

Quadro 9: Carga Elétrica em Campo Elétrico e Magnético: Conteúdo e Estratégia.

89

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Psicologia Educacional. 2. ed. Rio de

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FIOLHAIS, C.; TRINDADE, J. Física no computador: o computador como uma ferramenta

no ensino e na aprendizagem das ciências físicas. Revista Brasileira de Ensino de Física,

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GREF. Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Física 3: Eletromagnetismo. 5. ed. São

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TAVARES, R. Animação interativa e mapas conceituais. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE

ENSINO DE FÍSICA, 16. Rio de Janeiro. 2005. Atas... São Paulo: SBF, 2005.

Coloco-me à disposição para qualquer informação em relação ao meu trabalho de

investigação através do e-mail [email protected].

90

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a construção do HE, procuramos nos fundamentar na teoria da

aprendizagem significativa de Ausubel ao levar em conta que o armazenamento de

informações ocorre a partir da organização dos conceitos de forma hierárquica, com relações

formadas entre os elementos mais genéricos e os mais específicos. O processo de ensino

programado no HE relacionou os temas de forma hierárquica, com estrutura lógica, tornando

explícitas as relações entre as idéias, ressaltando similaridades e elementos comuns,

considerando o conhecimento prévio do aluno.

Dois conceitos de grande importância na teoria de aprendizagem significativa de

Ausubel, e de extrema relevância foram abordados no HE: a Diferenciação Progressiva e a

Reconciliação Integradora.

Para Ausubel, a Diferenciação Progressiva se dá quando a aprendizagem

significativa interage com conceitos novos e antigos, e os frutos dessa interação fazem com

que se modifiquem, adquirindo assim novos significados e diferenciando-se

progressivamente. Ao produzirmos o HE, seguindo o princípio da diferenciação progressiva,

apresentamos primeiro os conceitos ou idéias mais gerais sobre o eletromagnetismo e depois,

progressivamente, diferenciamos os conceitos deixando para o final aqueles mais específicos.

Tomando como exemplo o conceito de atração e repulsão entre cargas elétricas e de

atração e repulsão magnética, podemos descrever como ocorre sua diferenciação progressiva:

enquanto o aluno aprende significativamente o conceito de atração e repulsão elétrica e

magnética, os subsunçores atração e repulsão ficam cada vez mais elaborados, e

diferenciados; tornando-se capazes de serem utilizados como âncora, sendo atribuídos novos

significados a novos conhecimentos.

Para Ausubel a Reconciliação Integradora ocorre enquanto se dá a aprendizagem

significativa e se estabelecem relações entre conceitos, idéias e proposições já consolidadas na

estrutura cognitiva, ou seja, relações entre subsunçores. A estabilidade e a clareza de

elementos existentes na estrutura cognitiva são relacionadas aos novos elementos, adquirindo

novos significados e reorganizando essa estrutura.

Como exemplo destacamos o momento em que o aluno adquire os conceitos de

campo elétrico e campo magnético claros e bem estabelecidos na sua estrutura cognitiva,

passando a observar a estreita relação entre ambos e reorganizando seus significados de modo

a perceber que se trata de uma manifestação de um conceito mais abrangente, o campo

91

eletromagnético. A Reconciliação Integradora se dá quando a reorganização cognitiva e a

recombinação de elementos acontecem.

A construção do HE explorou explicitamente a relação entre proposições e conceitos,

chamando a atenção para as diferenças e similaridades importantes e reconciliando

inconsistências reais ou aparentes. Esta abordagem é exatamente o oposto do que a maioria

dos livros traz, nos quais os tópicos e idéias são separados em capítulos e sub-capítulos

impedindo dessa maneira que idéias de capítulos distintos possam ser contrastadas em busca

das diferenças e similaridades. Para conseguirmos uma abordagem desejada, nos inspiramos

no livro do GREF que em sua estrutura evita o uso de palavras distintas representando

conceitos equivalentes, gerando confusão no aluno, motivando-o a aprender de forma

mecânica. O livro adotado como referência também explicita eventuais relações existentes

entre conceitos, favorecendo a aprendizagem a ser alcançada de fato se estas relações forem

percebidas; evidencia as diferenças existentes entre conceitos aparentemente semelhantes, a

fim de que não sejam retidos como se fossem idênticos; esclarece eventuais diferenças entre

as idéias estabelecidas e aquelas em aprendizagem, a fim de que, em caso de alguma analogia,

isso não leve os alunos a reduzirem uma a outra ou a confundirem ambas. O texto evidencia

eventuais contradições (aparentes ou reais) entre os conceitos em aprendizagem e aqueles

conhecidos, evitando que o aluno recuse o novo aprendizado, ou que o retenha como algo

isolado do anterior. Sobretudo, utilizamos os experimentos propostos pelo GREF na

montagem da bancada de experimentos de eletromagnetismo utilizada para a produção dos

vídeos do HE.

Em nosso trabalho nos preocupamos em verificar estratégias que possibilitassem a

utilização de um software livre como ferramenta possível para a promoção da aprendizagem

significativa de conceitos de eletromagnetismo.

Considerando os Parâmetros Curriculares Nacionais ao reconhecerem a Informática

como ferramenta para novas estratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma

significativa para o processo de construção do conhecimento, nos diversos tópicos, aplicamos

um conjunto de simulações produzidas com o software livre EJS, entremeadas a outras mídias

para a promoção de uma aprendizagem significativa de conceitos de eletromagnetismo.

Confirmamos o que a literatura defende em relação à importância dos conceitos

prévios do aluno para a realização do processo ensino-aprendizagem de forma significativa, a

partir de conjunto de situações-problema exploradas via simulação de modelos, ambientados

no HE. A utilização das simulações com alto grau de interatividade entremeadas a outras

mídias e ambientadas em arquivo HTML mostrou-se como um viés metodológico adequado

92

para operacionalização das atividades de sondagem, investigação e construção de conceitos.

As simulações sonorizadas repercutiram positivamente no processo de motivação

inicial e incitação à investigação pelos alunos de seus próprios conceitos, a partir de um

processo de auto-reconhecimento da amplitude de conceitos presentes em sua estrutura

cognitiva e da tomada de consciência da consistência e coerência conceitual mediante cada

situação proposta. Justifica-se o exposto anteriormente devido às atividades terem

demonstrado serem excelentes cenários para a sondagem de conceitos prévios, uma vez que,

os alunos foram solicitados a levantar hipóteses acerca de cada conceito, antes de executarem

as simulações.

Ao manipularem as simulações, os alunos procuravam justificar suas hipóteses,

adequando-as ao observado, ou ainda quando manifestavam seus conhecimentos prévios ao

tentarem explicar uma determinada situação que ocorria na tela do computador. Neste aspecto

faz-se necessário e importante destacar o papel dos recursos gráficos e sonorizados das

simulações, que auxiliam na verificação e constatação de resultados, modificação de

ambientes e manipulação de variáveis de maneira fácil e rápida.

Os limites apresentados pelo software EJS na execução ou representação de

determinadas situações foram, sobretudo a partir da observação dos professores, tratados de

forma crítica, coerente com as condições necessárias de obtenção de dados oriundos de

situações reais, que nem sempre oferecem condições de entendimento conforme sua

complexidade.

Nas condições de realização de nossa pesquisa percebemos que o domínio conceitual

e capacidade de aplicação ou abstração dos conceitos em situações diversas não coexistem no

mesmo nível cognitivo, sendo complementares, pois diante da constatação dos índices dos

escores obtidos nos dois levantamentos, estes tendem a refletir um baixo ganho conceitual dos

alunos quando o aspecto focado é o percentual de “respostas certas” no L2 em relação ao L1.

Contudo, ao focalizarmos a comparação qualitativa dos domínios conceituais expressos pelas

qualidades das respostas antes e depois da manipulação do HE passa-se a notar uma melhora

relativa mais significativa, isto é, mais facilmente percebida. É provável que esses aspectos se

justifiquem pelos tipos de habilidades (raciocínio, análise, síntese,...) e nível de exigências das

mesmas em cada categoria de análise.

Como o foco da nossa investigação concentrou-se na avaliação das simulações

interativas geradas com o software EJS e das possibilidades que oferecem para o processo de

ensino e aprendizagem de eletromagnetismo no Ensino Médio, podemos afirmar, que os

alunos-professores do Mestrado em Ensino de Física da PUC Minas e os alunos do Ensino

93

Médio envolvidos na pesquisa avaliaram positivamente o HE quanto a seus aspectos técnicos

e pedagógicos. Constatamos ainda que as simulações geradas com o software EJS apresentam

potencial para o desenvolvimento de atividades na área educacional, podendo tornar a

aprendizagem mais motivadora e significativa, mediante os recursos audiovisuais e a

capacidade de propiciar o estabelecimento de conexões entre conceitos de modo rápido e

eficiente criados através da hipermídia.

Neste sentido, consideramos a seguir as principais contribuições dessa pesquisa para

o ensino: a avaliação das simulações geradas a partir do software livre EJS no processo de

ensino e aprendizagem de Física no ensino médio, evidenciando alguns dos potenciais,

possibilidades e dificuldades que essa tecnologia oferece, a partir de uma experiência concreta

desenvolvida em sala de aula; a elaboração de um aplicativo em hipermídia para o ensino de

eletromagnetismo que, pela abordagem pedagógica utilizada, pode contribuir para a

ampliação do entendimento da Física enquanto Ciência e de suas relações com a Tecnologia,

a Sociedade e a História.

Lembramos que, além de sua utilização no Ensino Médio, o HE pode também

contribuir para o ensino no primeiro ano de cursos do Ensino Superior de Ciências Exatas ou

ainda nos cursos de licenciatura em Física, com o devido acompanhamento docente para cada

caso, trazendo benefícios para o entendimento de conceitos e métodos da Ciência e da

educação para os professores em formação.

Para finalizar ressaltamos que não compreendemos o HE como um produto acabado.

Ao longo do seu desenvolvimento e implantação, observamos vários aspectos que precisam

ainda ser aprimorados. Nesta perspectiva deixamos como um desafio de trabalho futuro, por

exemplo, a extensão de alguns textos, uma maior diversificação de atividades e a inclusão de

um sistema de navegação.

Essas e outras melhorias no Hiperdocumento estão substanciadas na utilização de

novas tecnologias de ensino em aulas de física como uma ferramenta auxiliar, um recurso a

mais no processo de ensino/aprendizagem, devendo ser aliada aos demais recursos existentes.

Ao propormos aos professores as orientações sobre o uso do HE, certificamos que

cabe a ele a responsabilidade de dosar o tempo de uso de cada recurso e a criação de um

ambiente que possibilite ao aluno perguntar, refletir, debater, pesquisar, tornando-se sujeito de

seu processo de aprendizagem.

94

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98

ANEXO A - Questionário aplicado aos alunos: Levantamento 1

99

Utilização de um Hiperdocumento de Eletromagnetismo (HE)

Levantamento de concepções de magnetismo (1º momento)

1) Exemplifique situações do seu cotidiano em que o termo magnetismo foi mencionado.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2) Você já fez alguma experiência (ou brincadeira) com imãs. Descreva o que você fez. Pode

desenhar se considerar esclarecedor.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3) Dentre os equipamentos que você conhece quais deles você acredita que funcionam

levando em conta o magnetismo?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Este questionário faz parte da minha pesquisa de mestrado sobre a efetividade do uso de

um Hiperdocumento de Eletromagnetismo, desenvolvida no Mestrado em Ensino da

PUC Minas.

Vocês foram escolhidos para participar de várias etapas da pesquisa. De início, solicito a

sua colaboração neste levantamento que tem como finalidade investigar sobre os

conhecimentos que vocês já possuem em relação ao magnetismo.

Desde já agradeço a sua disponibilidade e interesse em colaborar e me coloco à

disposição de vocês para qualquer informação em relação ao meu trabalho de

investigação.

Obrigado, Luciano Soares Pedroso.

100

4) Pares de imãs em forma de barra são dispostos conforme indicam as figuras a seguir:

Situação a)

________________________________________________________________________

Situação b)

________________________________________________________________________

Situação c)

________________________________________________________________________

A letra N indica o pólo Norte e a letra S o pólo Sul de cada uma das barras imantadas. O que

ocorrerá entre os imãs de cada uma das situações propostas (a), (b) e (c)? Utilize o espaço ao

lado de cada uma das figuras para explicar o que acontecerá com os imãs.

101

5) Um ímã permanente retilíneo, cujos extremos N e S são os pólos norte e sul,

respectivamente, encontra-se representado na figura (1). Suponha que a barra ímã seja

dividida em três partes, segundo mostra a figura (2). Por fim, os segmentos das extremidades

são colocados lado a lado, como na figura (3). O que ocorrerá com os pedaços na figura (3)?

6) Um imã foi fixado em uma folha de papel sobre uma mesa conforme mostra a figura a

seguir. Imagine que foi solicitado que você aproximasse uma bússola apoiada na folha de

papel em várias posições em torno do imã, tracejadas na figura. Desenhe a agulha da bússola

nas várias posições indicadas na figura.

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Fonte: GREF: Eletromagnetismo - Física 3, p. 158.

102

7) Na experiência montada a seguir, o fio de um circuito passa sobre a agulha de uma bússola.

Com a chave C aberta, a agulha alinha-se como mostra a figura 1. Fechando-se a chave C, a

agulha da bússola assume nova posição ( figura 2).

Como você explicaria esse movimento da agulha da bússola a partir da corrente elétrica

estabelecida no circuito?

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8) Um dispositivo usado para medir velocidade de bicicletas é composto por um pequeno ímã

preso a um dos raios da roda e uma bobina fixa no garfo. A bobina é ligada por fios

condutores a um mostrador preso ao guidom, conforme representado na figura a seguir. A

cada giro da roda, o ímã passa próximo à bobina, gerando um pulso de corrente que é

detectado e processado pelo mostrador. Como você explicaria esse fato?

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103

9) Na figura abaixo você observa a distorção na imagem provocada por um ímã nas

proximidades da tela de um monitor. Explique como isso ocorreu.

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104

ANEXO B - Questionário aplicado aos alunos: Levantamento 2

105

Utilização de um Hiperdocumento de Eletromagnetismo (HE)

Levantamento de concepções de magnetismo (2º momento)

1) Exemplifique situações do seu cotidiano em que o termo magnetismo foi mencionado.

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2) Você já fez alguma experiência (ou brincadeira) com imãs. Descreva o que você fez. Pode

desenhar se considerar esclarecedor.

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3) Dentre os equipamentos que você conhece quais deles você acredita que funcionam

levando em conta o magnetismo?

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Este questionário faz parte da minha pesquisa de mestrado sobre a efetividade do uso de

um Hiperdocumento de Eletromagnetismo, desenvolvida no Mestrado em Ensino da

PUC Minas.

Vocês foram escolhidos para participar de várias etapas da pesquisa. Solicito a sua

colaboração neste levantamento que tem como finalidade investigar sobre os

conhecimentos que vocês adquiriram em relação ao magnetismo.

Desde já agradeço a sua disponibilidade e interesse em colaborar e me coloco à

disposição de vocês para qualquer informação em relação ao meu trabalho de

investigação.

Obrigado, Luciano Soares Pedroso.

106

4) Pares de imãs em forma de barra são dispostos conforme indicam as figuras a seguir:

Situação a)

________________________________________________________________________

Situação b)

________________________________________________________________________

Situação c)

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A letra N indica o pólo Norte e a letra S o pólo Sul de cada uma das barras imantadas. O que

ocorrerá entre os imãs de cada uma das situações propostas (a), (b) e (c)? Utilize o espaço ao

lado de cada uma das figuras para explicar o que acontecerá com os imãs.

107

5) Um ímã permanente retilíneo, cujos extremos N e S são os pólos norte e sul,

respectivamente, encontra-se representado na figura (1). Suponha que a barra ímã seja

dividida em três partes, segundo mostra a figura (2). Por fim, os segmentos das extremidades

são colocados lado a lado, como na figura (3). O que ocorrerá com os pedaços na figura (3)?

6) Um imã foi fixado em uma folha de papel sobre uma mesa conforme mostra a figura a

seguir. Imagine que foi solicitado que você aproximasse uma bússola apoiada na folha de

papel em várias posições em torno do imã, tracejadas na figura. Desenhe a agulha da bússola

nas várias posições indicadas na figura.

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GREF: Eletromagnetismo - Física 3, p. 158.

108

7) Na experiência montada a seguir, o fio de um circuito passa sobre a agulha de uma bússola.

Com a chave C aberta, a agulha alinha-se como mostra a figura 1. Fechando-se a chave C, a

agulha da bússola assume nova posição ( figura 2).

Como você explicaria esse movimento da agulha da bússola a partir da corrente elétrica

estabelecida no circuito?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

8) Um dispositivo usado para medir velocidade de bicicletas é composto por um pequeno ímã

preso a um dos raios da roda e uma bobina fixa no garfo. A bobina é ligada por fios

condutores a um mostrador preso ao guidom, conforme representado na figura a seguir. A

cada giro da roda, o ímã passa próximo à bobina, gerando um pulso de corrente que é

detectado e processado pelo mostrador. Como você explicaria esse fato?

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109

9) Na figura abaixo você observa a distorção na imagem provocada por um ímã nas

proximidades da tela de um monitor. Explique como isso ocorreu.

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10) Descreva o que você mais gostou no HE.

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11) Descreva o que você menos gostou no HE.

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110

ANEXO C - Questionário aplicado aos alunos-professores do Mestrado em Ensino de Física

111

PERCEPÇÃO CRÍTICA DO HE I – Conteúdo

a) Em relação à fundamentação do conteúdo, você observou erros conceituais? De que

natureza? Favor exemplificar se for o caso.

b) A apresentação do HE está em acordo com a proposta curricular para o ensino médio?

c) Você considera que o seqüenciamento / navegação do HE está apresentado de forma

lógica e clara?

d) Os exercícios disponibilizados no HE apresentam clareza e adequação ao nível dos alunos

do ensino médio?

e) Você considera que as simulações disponibilizadas no HE auxiliam, de maneira geral, os

alunos na compreensão do conteúdo? Você observou problemas em algum (ns) caso (s)?

II – Raciocínio / Relação conteúdo com cotidiano, preconcepções, generalizações

a) No seu ponto de vista a forma pela qual o conteúdo é disponibilizado do HE estimula o

raciocínio do estudante?

Caro colega Professor:

Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre a efetividade do uso de um Hiperdocumento de

Eletromagnetismo que chamarei simplesmente de HE.

Solicito sua participação e desde já agradeço a sua disponibilidade e interesse em colaborar.

Estou à sua disposição para qualquer informação em relação ao meu trabalho de investigação.

Obrigado,

Luciano Soares Pedroso

112

b) O HE facilita, no seu ponto de vista, a percepção de relações entre vários assuntos

abordados? Em que assuntos você percebeu / não percebeu esse fato?

c) Você considera que o HE incorpora a experiência previa do estudante em relação aos

conteúdos abordados?

d) Você considera que o aprendizado através do HE permite a generalização para situações

equivalentes do cotidiano do aluno?

e) No HE é possível perceber uma aproximação entre o contexto do estudo e a realidade

vivencial dos alunos?

III – Layout / Apresentação / Linguagem / Feedback

a) Você considera que as imagens, animações, cores, vídeos e sons foram usados

adequadamente tendo em vista o conteúdo abordado?

b) O projeto gráfico e de som do HE possibilita um ambiente adequado ao usuário?

c) Na sua visão, os textos e ilustrações no HE foram distribuídos nas paginas de forma

adequada e equilibrada?

d) A linguagem utilizada no HE é compatível com nível dos estudantes de ensino médio?

Seria também adequada ao ensino fundamental?

14 – O feedback para as respostas do estudante é empregado eficazmente?

IV – Usabilidade / Interação

113

a) Você considera que o nível de dificuldade (em relação ao uso do HE) é apropriado para os

usuários a que se destina?

b) Você considera que o HE poderá ser utilizado facilmente de modo autônomo pelos

alunos? E pelos professores?

c) Na sua perspectiva, professores poderiam utilizar facilmente o HE em suas escolas?

d) Você considera que as ferramentas para a “navegação” pelo HE são adequadas e

facilitadoras do aprendizado dos alunos?

e) Você acredita que uma pessoa pode motivar os alunos para o estudo de Física?

f) Você acredita que essa proposta do HE estimula efetivamente a criatividade do estudante?

Como?

V – Competências e Habilidades

a) Você acredita que o HE em foco é uma alternativa metodológica que permite o

desenvolvimento de competências e habilidades para o ensino de física (PCN, PCN+):

a1) de Representação e de comunicação? Quais?

a2) investigação e compreensão? Quais?

a3) contextualização sócio-cultural? Quais?