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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAS MARIA LUZIA ROSÂNGELA DA SILVA UM ESTUDO SOBRE O CLIMA ORGANIZACIONAL NOS DEPARTAMENTOS DE CONTABILIDADE DE EMPRESAS DE GRANDE PORTE SÃO PAULO 2010

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – … Luzia... · 3.2 Características e perfil do Contabilista do Século XXI.....47 3.3 Visão da Profissão Contábil no Cenário

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAS

MARIA LUZIA ROSÂNGELA DA SILVA

UM ESTUDO SOBRE O CLIMA ORGANIZACIONAL NOS DEPARTAMENTOS DE CONTABILIDADE

DE EMPRESAS DE GRANDE PORTE

SÃO PAULO 2010

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP Setor de Pós-Gradução

MARIA LUZIA ROSÂNGELA DA SILVA

UM ESTUDO SOBRE O CLIMA ORGANIZACIONAL NOS DEPARTAMENTOS DE CONTABILIDADE

DE EMPRESAS DE GRANDE PORTE

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuarias sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Bastos F. Santos.

SÃO PAULO

2010

“Porque desde a Antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera.” Isaias 64:4

DEDICATÓRIA

“Ao Senhor Jesus, o que Era, o que É e o que Há de vir, aos meus pais Lourdes e Rosalvo pelo princípio e ao meu filho Filipe pela continuidade .”

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me sustentado e me capacitado com sua destra

fiel. Sou grata, Senhor, por tudo que tenho e sou.

Agradeço a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Bastos Fernandes

dos Santos, pela confiança depositada em mim, pela generosidade e paciência com

que me orientou, pelo dinamismo e paixão com que conduz o trabalho acadêmico.

Obrigada, Professora Neusa, sem a senhora este sonho não seria possível.

Os meus sinceros agradecimentos ao Prof. Dr. José Carlos Marion e Prof.

Dr. Haroldo Giacometti, membros da minha banca de qualificação, pelas sugestões

e orientações que tanto contribuíram para esta dissertação.

Ao Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos e a todos os demais professores

doutores do Programa de Mestrado da PUC/SP, vocês são fonte de inspiração.

Ao Prof. Reinaldo Putvinskis, professor de estatística da FECAP, ao Prof.

José Geraldo Danelon e a bibliotecária Kátia dos Milagres sem as suas contribuições

este trabalho não poderia ter sido realizado, muito obrigada.

Agradeço aos meus pais Lourdes e Rosalvo, in memoriam, pelo

ensinamento de vida, mesmo na simplicidade, me ensinaram valores inestimáveis,

principalmente ao meu pai por evidenciar a importância de estudar, ainda quando eu

era criança, e me mostrar que quando temos um sonho é necessário trabalhar para

que ele se realize.

Ao meu filho Filipe por ter compreendido a minha ausência e pelo

companheirismo. Lembro-me de que, ainda no meu ventre, você já ia à faculdade de

Economia comigo e até hoje você tem sido o meu maior companheiro, filho muito

obrigada.

A minha irmã Rosana, meu cunhado Rogério e meu sobrinho Leonardo pelo

carinho, vocês são meu porto seguro.

Aos meus avós Tereza e Benedito, in memoriam, vocês foram as colunas

fortes, nos tempos em que nada se tinha, jamais me esquecerei

iii

Às minhas amigas Marcia e Rosana pela ajuda e incentivo nos momentos

difíceis, por acreditarem em mim, vocês foram às amigas de fé, minhas irmãs

camaradas.

Ao Paulo, por me mostrar a necessidade de concluir.

iv

BANCA EXAMINADORA

Presidente

Titular

Titular

v

RESUMO À luz de que a Contabilidade não é constituída apenas por técnicas, mas de que os aspectos comportamentais de seus profissionais influenciam em sua eficácia, o diagnóstico e o acompanhamento do clima organizacional é um instrumento para que a relação contabilista-organização resulte em melhores níveis motivacionais. A presente dissertação foi delineada com o objetivo de conhecer a percepção dos contabilistas em relação ao clima organizacional e os aspectos que podem influenciar em sua motivação. Para isto, a pesquisa bibliográfica buscou revisar teses, dissertações, artigos e livros nas áreas de contabilidade, administração, sociologia e psicologia em bancos de dados nacionais e internacionais. A pesquisa de campo utilizou-se de um questionário autopreenchível, com 28 questões desenvolvidas com base na Escala de Kolb (1978), que é constituída pelos fatores de conformidade, apoio e calor humano, liderança, recompensas, padrões, clareza e responsabilidade. A amostra foi constituída por 50 respondentes contabilistas, distribuídos nos departamentos de contabilidade de 50 empresas de grande porte do Estado de São Paulo. Os dados receberam tratamento estatístico para as hipóteses testadas de ramo de atividade, nível de escolaridade, gênero, experiência e cargo, que propiciou os resultados da análise dos 7 fatores da Escala de Kolb (1978), associados aos motivos de realização poder e afiliação da Teoria de McClelland (1972). Conclui-se que o gênero influencia na percepção do clima principalmente para os fatores de conformidade, liderança e responsabilidade, o contabilista homem percebe melhor todos os fatores de clima, com exceção a conformidade, que é melhor evidenciado pela mulher. Existe diferença na percepção do clima para o nível de escolaridade principalmente para os fatores de conformidade, liderança, padrões, recompensa, clareza e responsabilidade. Os contabilistas graduados apresentam melhor percepção dos fatores de clima. A experiência influencia na percepção do clima de forma mais significativa para os fatores de conformidade, liderança, recompensa e responsabilidade. A faixa de experiência que evidencia mais favoravelmente o clima é de 15 a 25 anos. Existe diferença de percepção de clima para o cargo, principalmente para os fatores de apoio, conformidade, liderança, recompensa e responsabilidade. Os cargos mais altos evidenciam melhor os fatores de liderança, responsabilidade, recompensa e padrões. A pesquisa inferiu que o fator liderança é o mais desejado pelos contabilistas, enquanto que a conformidade é o fator com maior aceitação. Com base nestes resultados recomenda-se que novas pesquisas comportamentais sejam realizadas para a análise das necessidades sociotécnicas da Contabilidade. Palavras-chave: clima organizacional, cultura, contabilista, motivação, atributos, organização.

vi

ABSTRACT

In view of the fact that Accounting does not just consist of techniques and that the behavioral aspects of the accounting professionals do influence its efficiency, the diagnosis and the follow-up of the organizational environment is an instrument for the accountant-organization relationship to result in higher levels of motivation. This dissertation aims at getting to know the accountants’ perception of the organizational environment and the aspects that can be influential on their motivation. For that purpose, the literature research process comprised reviewing national and international data banks for thesis, dissertations, articles, and books in the fields of accounting, business administration, sociology and psychology. The field research used a self-administered survey, with 28 questions based on the Kolb Scale (1978), which consists of conformity, support and human warmth, leadership, rewards, patterns, transparency, and accountability elements. The sample included 50 accountant respondents across the accounting departments from 50 large-sized companies in the State of São Paulo. The information was dealt with statistically for the hypotheses tested on field of activity, level of schooling, gender, experience and position, which provided the results for the analysis of the 7 Kolb Scale (1978) factors, associated with the needs for achievement, power, and affiliation under the McClelland Theory (1972). It was concluded that gender exerts influence on the perception of the environment, particularly regarding the conformity, leadership and accountability factors; the male accountant perceives all of the environmental factors better, with the exception of conformity, which is better portrayed by women. There is a difference in the perception of the environment for schooling level, especially for the conformity, leadership, patterns, rewards, transparency, and accountability factors. The accountants holding graduate degrees show a better perception of the environmental factors. Experience influences the perception of the environment more significantly for the conformity, leadership, reward, and accountability factors. The experience range that most favorably portrays the environment is from 15 to 25 years old. There is a difference in perception of the environment for job position, mainly regarding the support, conformity, leadership, reward, and accountability factors. The highest positions better portray the leadership, accountability, reward, and patterns factors. The research inferred that the leadership factor is the most desired by the accountants, while conformity is the factor with greatest acceptance. Based on these results, it is recommended that new behavioral research be conducted for the analysis of the social-technical needs of Accounting. Key words: organizational environment, culture, accountant, motivation, attributes, organization.

vii

SUMÁRIO

Resumo........................................................................................................................v

Abstract........................................................................................................................vi

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO..................................................................................18�

1.1� Situação do Problema ....................................................................................22�

1.2� Justificativa para Realização da Pesquisa......................................................23�

1.3� Relevância ......................................................................................................24�

1.4� Objetivos.........................................................................................................25�

1.5� Hipóteses da Pesquisa ...................................................................................26�

1.6� Apresentação dos Capítulos...........................................................................27�

CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA...........................................................28�

2.1� Aspectos históricos de Clima Organizacional .................................................28�

2.2� Conceitos de Clima Organizacional................................................................29�

2.3� Clima Organizacional x Cultura Organizacional .............................................34�

2.4� Tipos de Clima Organizacional .......................................................................40�

2.5� Gestão do Clima Organizacional ....................................................................42�

2.6� Fatores que influenciam o Clima Organizacional ...........................................44�

CAPÍTULO III O CLIMA ORGANIZACIONAL E O CONTABILISTA ....................46�

3.1� O Papel do Contabilista no Contexto Organizacional .....................................46�

3.2� Características e perfil do Contabilista do Século XXI....................................47�

3.3� Visão da Profissão Contábil no Cenário Internacional....................................52�

CAPÍTULO IV SATISFAÇÃO E MOTIVAÇÃO NO TRABALHO...........................57�

4.1� Contexto Histórico e Definição .......................................................................57�

4.1.1� A Hierarquia das Necessidades de Maslow ...................................................58�

4.1.2� A Teoria de Dois Fatores de Herzberg ...........................................................60

viii

4.1.3� A Teoria de Aldefer.........................................................................................62�

4.1.4� A Teoria das Necessidades Tríade de Realização – Poder – Afiliação, de

McClelland.................................................................................................................64�

4.1.5� A Teoria do Estabelecimento de Metas ..........................................................66�

4.1.6� A Teoria da Expectativa..................................................................................67�

4.1.7� A Teoria da Equidade .....................................................................................68�

4.2� Motivação no Ambiente de Trabalho ..............................................................69�

4.3� Motivação e Clima Organizacional .................................................................73�

CAPÍTULO V ASPECTOS METODOLÓGICOS...................................................76�

5.1� Delineamento de Pesquisa Quanto aos Objetivos, Procedimentos e

Abordagem................................................................................................................76�

5.2� A Elaboração do Instrumento de Pesquisa.....................................................77�

5.3� Definições .......................................................................................................84�

5.4� Hipóteses........................................................................................................87�

CAPÍTULO VI ANÁLISE E RESULTADOS...........................................................88�

6.1� Análise dos Dados referente ao Perfil do Respondente .................................88�

6.1.1� Faixa Etária ....................................................................................................89�

6.1.2� Gênero............................................................................................................90�

6.1.3� Regionalidade.................................................................................................91�

6.1.4� Etnia ...............................................................................................................93�

6.1.5� Nível de Escolaridade.....................................................................................94�

6.1.6� Experiência Profissional .................................................................................99�

6.1.7� Cargo............................................................................................................100�

6.1.8� Religião.........................................................................................................102�

6.1.9� Estado Civil...................................................................................................103�

6.1.10�Número de Filhos .........................................................................................104�

6.1.11�Tempo de Empresa ......................................................................................104�

6.2� Análise Referente aos Testes de Hipóteses.................................................105�

6.2.1� Análise da Percepção do Clima Conforme o Ramo de Atividade .................109�

6.2.2� Análise da Percepção do Clima Conforme o Nivel de Escolaridade ............111�

6.2.3� Análise da Percepção do Clima Conforme o Gênero ...................................113

ix

6.2.4� Análise da Percepção do Clima Conforme a Experiência Profissional .........115

6.2.5� Análise da Percepção do Clima Conforme o Cargo .....................................117�

6.3� Análise dos Motivos Percebidos pelos Indicadores de Clima...................... 120

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................126�

REFERÊNCIAS.......................................................................................................131�

x

RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1. Pesquisa de Clima e Cultura ..................................................................40

Figura 2. Etapas para gestão de Clima Organizacional .......................................43

Figura 3. Dimensões do Clima Organizacional.....................................................44

Figura 4. Formação das Competências.................................................................48

Figura 5. Mudanças no Perfil Contabilista ............................................................49

Figura 6. Motivos Determinantes do Comportamento .........................................57

Figura 7. Escala de Níveis Hierárquicos de Maslow ............................................59

Figura 8. Comparação dos Modelos de Motivação ..............................................63

Figura 9. Etapas da realização da Pesquisa .........................................................83

Figura 10. Distribuição de contadores e contadoras por região.........................92

xi

RELAÇÃO DE QUADROS

Quadro 1. Universo Simbólico ...............................................................................38

Quadro 2. Tipos de Clima Organizacional.............................................................41

Quadro 3. Visão Geral da Profissão Contábil .......................................................50

Quadro 4. Principais Características das Competências dos Contabilistas......51

Quadro 5. Fatores Higiênicos e Motivacionais de Herzberg ...............................61

Quadro 6. Práticas de Motivação Resultantes das Teorias de Motivação .........69

Quadro 7. Práticas Administrativas que Geram Motivação.................................71

Quadro 8. Fatores de Satisfação e Insatisfação no Trabalho..............................72

Quadro 9. Indicadores de Clima Organizacional relacionados a Motivação......75

Quadro 10. Questões Contidas nos Fatores de Kolb...........................................78

Quadro 11. Quantidades de Questionários Enviados e Recebidos....................80

Quadro 12. Envio de Questionários por Ramo de Atividade...............................81

Quadro 13. Frequência por Natureza Jurídica/Ramo de Atividade.....................88

Quadro 14. Principais Disciplinas na Matriz Curricular do Curso de Ciências

Contábeis .................................................................................................................98

Quadro 15. Quadro geral de verificação de Hipóteses de Pesquisa ................106

Quadro 16. Níveis descritivos, em Porcentagem dos Testes de Igualdade de

Médias das Variáveis de Estudo. .........................................................................107

Quadro 17. Quadro de “Níveis A” ........................................................................109

Quadro 18. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional

Real e o Ideal por Ramo de Atividade .................................................................110

xii

Quadro 19. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional

Real e o Ideal por Nível de Escolaridade.............................................................112

Quadro 20. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional

Real e o Ideal por Gênero .....................................................................................114

Quadro 21. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional

Real e o Ideal por Experiência Profissional ........................................................116

Quadro 22. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional

Real e o Ideal por Cargo .......................................................................................118

Quadro 23. Fatores de clima para as hipóteses testadas ao nível de

significância de 0,71% .........................................................................................119

Quadro 24. Comparação entre as variáveis das hipóteses testadas em relação

aos fatores de clima..............................................................................................119

Quadro 25. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Ramo de

Atividade ................................................................................................................121

Quadro 26. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Nível de

Escolaridade..........................................................................................................122

Quadro 27. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Gênero

................................................................................................................................123

Quadro 28. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por

Experiência ............................................................................................................123

Quadro 29. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Cargos

................................................................................................................................124

Quadro 30. Resumo dos motivos das hipóteses testadas ................................125

xiii

RELAÇÃO DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantidade de Questionários por Ramo de Atividade .....................82

Gráfico 2 – Faixa Etária...........................................................................................90

Gráfico 3 – Gênero ..................................................................................................91

Gráfico 4 – Regionalidade ......................................................................................93

Gráfico 5 – Etnia ......................................................................................................94

Gráfico 6 – Comparativo de Grau de Escolaridade ..............................................99

Gráfico 7 – Experiência Profissional ...................................................................100

Gráfico 8 – Cargo Profissional .............................................................................101

Gráfico 9 – Religião...............................................................................................102

Gráfico 10 – Estado Civil ......................................................................................103

Gráfico 11 – Número de Filhos.............................................................................104

Gráfico 12 – Tempo de Empresa..........................................................................105

Gráfico 13 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme

Ramo de Atividade ................................................................................................111

Gráfico 14 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Nível

de Escolaridade.....................................................................................................112

Gráfico 15 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme

Gênero....................................................................................................................115

Gráfico 16 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme

Experiência ............................................................................................................117

Gráfico 17 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme

Cargo......................................................................................................................118

xiv

RELAÇÃO DE ANEXOS

Anexo 1 – Questionário para Análise do Clima nos Departamentos de

Contabilidade de Empresas de Grande Porte Faixa Etária................................138

18

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

A realização de estudos sobre clima organizacional nas empresas de grande

porte no Brasil tem se tornado uma prática constante. Conhecer qual o clima

organizacional que as empresas apresentam se tornou uma ferramenta muito

utilizada pelos departamentos de Recursos Humanos dentro de uma avaliação

corporativa ou institucional. No que se refere a uma avaliação setorial, ouvir o que

pensa cada integrante de sua equipe é uma responsabilidade de cada chefe.

Uma das definições de clima organizacional, conforme Schneider (1972), é o

estudo que permite avaliar a percepção que os indivíduos possuem da organização

em que trabalham.

Luz (2003) comenta que a percepção dos indivíduos é influenciada por um

conjunto de fatores psíquicos e sociais de cada um, as experiências pessoais, a

formação cultural, a educação, o sexo e a nacionalidade, que interferem no modo

como cada um avalia o clima organizacional.

Com base na definição de que o clima organizacional é a percepção

individual e que esta pode ser alterada com base nas características pessoais de

cada um, inicia-se com a consideração de que as organizações são formadas por

departamentos, que reúnem um conjunto de indivíduos com aptidões e

características similares e que por isso podem ter uma visão variada do clima

organizacional.

A finalidade deste trabalho é conhecer a percepção que os integrantes do

departamento de contabilidade possuem do clima organizacional e avaliar se este

pode influenciar na motivação do contabilista.

Para tanto Santos (1997) afirma que estudos sobre clima organizacional são

importantes, pois ajudam a entender melhor a dinâmica da relação entre individuo e

organização.

A contabilidade e o contabilista como são conhecidos hoje têm origem desde

a época dos guarda-livros, de acordo com Coelho (2000: 26), nome pelo quais os

antigos contabilistas eram conhecidos, que tinham como principal atribuição a

prestação de contas de certos eventos de natureza contábil.

19

Conforme Marion (2008:28), atualmente o profissional contábil denomina-se

Técnico em contabilidade, aquele que cursou Contabilidade em nível técnico ou

Contador para os que são bacharéis em Ciências Contábeis, tanto o Técnico em

Contabilidade, como o Contador podem ser chamados de Contabilistas,

nomenclatura adotada nesta dissertação.

O século XX marca a especialização e a profissão da área contábil. Com a

quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, chega o impulso definitivo que a

profissão contábil precisava para se consolidar junto à sociedade. Muitos órgãos

regulamentadores são criados com o objetivo de emitir normas contábeis para

controlar o mercado.

A profissão contábil deu um salto nas últimas décadas. A chegada da nova

tecnologia e a globalização da economia impulsionou os contabilistas, agora o

mundo empresarial passou a exigir outras qualidades do contabilista, além de bom

cálculo e domínio das técnicas contábeis, começou a exigir um profissional com uma

visão empreendedora e multidepartamental, como bem afirma Lopes Sá (2001: 2):

Diante do panorama atual, de uma nova realidade internacional, também a

realidade brasileira alterou-se. O contador de nossos dias deve ter formação

humanística bem forte e uma cultura volvida a pensar. O perfil do

profissional de nossos dias exige que o ensino prepare um intelectual que

tenha condições de orientar as empresas para a prosperidade, para a

eficácia da riqueza. Como a informação ficou absorvida, em quase sua

totalidade, pelos recursos dos computadores, a valorização do contador

está em saber explicar os informes e em oferecer modelos e

comportamentos aos empresários e gestores de riquezas públicas. Saber

analisar, conhecer a razão do porque ocorrem os fatos, indicar caminhos

para o uso racional da riqueza as células sociais é a missão do profissional

da atualidade.

Na era da globalização a contabilidade não é restrita apenas ao

departamento de contabilidade nas grandes empresas, os sistemas integrados

fizeram que a contabilidade integrasse o dia a dia de todos.

É irrefutável a revolução tecnológica que a contabilidade vivenciou nas

últimas décadas, o avanço de sistemas informatizados contábeis quebrou diversos

20

paradigmas de como os departamentos de contabilidade trabalhavam e se

comportavam diante das informações contábeis.

A tecnologia da informação está presente no ambiente empresarial não

apenas para o desenvolvimento de novas pesquisas e produtos, ela tem influenciado

a gestão de empresas, as formas como são realizadas as transações e os

fechamentos de negócios, a forma como cada departamento da empresa trabalha,

as relações entre os usuários da informação.

Conforme Gil (2002, p.13) a sociedade mundial cada vez mais depende da

tecnologia, necessita da qualidade do trabalho do ser humano, considerado

por seu talento intelectual, para continuidade da caminhada com foco na

melhoria dos negócios.

É interessante que as mudanças trazidas pelo avanço da tecnologia

implicam constantes atualizações pelos profissionais ligados à gestão das

organizações, especificamente quando se fala dos contabilistas, uma vez que a

tecnologia vem sendo usada para ajudar seus gestores na tomada de decisões e na

elaboração de plano estratégicos.

Desde a década de 90 as organizações no Brasil têm vivido grandes

transformações na área da tecnologia da informação. Grandes organizações tinham

departamentos de contabilidade com inúmeros contabilistas com a responsabilidade

de classificar, conciliar, analisar, datilografar, digitar lançamentos etc. Com os

avanços dos sistemas contábeis, especificamente dos sistemas integrados ERP

(Enterprise Resource Planinning), observam-se departamentos contábeis cada vez

menores com funções eminentemente ligadas a análises e gerenciamento de dados

para tomada de decisões, como comenta Silva (2001, p. 48):

Outro fato que mudou o perfil de todas as profissões e inclusive a do

contador foi a alta tecnologia, que intensificou os processos de trabalho de

tal maneira que a maioria das rotinas físicas, burocráticas e intelectuais

foram absorvidas por ela, dando espaço para um trabalho tipicamente

mental e intelectual.

21

Trabalhos que antes levavam dias — como o de controle de estoques,

apuração de custos, controle do ativo fixo e de suas depreciações, conversões de

balanços em moeda forte, orçamentos etc. — são feitos através dos novos sistemas

contábeis ERPs de forma rápida e precisa evitando a perda de tempo com trabalhos

repetitivos, conforme Antunes (2000: 60).

É claro que as parametrizações destes sistemas são extremamente

importantes e deve ser feita de forma criteriosa e cautelosa, hoje as empresas de

auditorias incluem em seus trabalhos a auditoria de sistemas, com o objetivo de

analisar e verificar se a base de dados dos sistemas e as informações extraídas

deles são confiáveis.

Contudo, para os novos contabilistas está o desafio de não apenas extrair as

informações de forma rápida e eficaz dos sistemas contábeis, está o desafio de

apresentar uma contabilidade mais gerencial.

Antunes (2000: 60) comenta que os sistemas contábeis são limitados e a

sua maior função está na guarda e no registro das informações, cabe ao contabilista

o desafio proposto por Iudícibus (1998: 7)

Normalmente, o Sistema de Informação Contábil está enraizado com

relação ao passado e não focalizado no futuro. Para esta última hipótese

ocorrer, temos que não ter receio de lidar com o julgamento, com o

potencial e com o que é intangível, em lugar do que é verificável, realizável

e tangível.

O que deve ter em mente o novo contabilista é que não pode haver apenas

o sistema, tem que haver o cunho intelectual deste profissional em extrair da base

de dados a melhor oportunidade para se realizar uma contabilidade mais próxima do

interesse do usuário, uma vez que:

... o mundo mudou e continuará em constante mudança. O que hoje é bom,

amanhã deixará de sê-lo. O que hoje é rápido, amanhã se torna lento. O

que hoje é certo, amanhã é errado. As verdades de hoje não são

necessariamente, verdades amanhã. O tempo de vida útil das novas

tecnologias é muito curto e, o que ontem era tecnologia de ponta, hoje já é

obsoleto. (PADOVESE; ROMANINI; COPATTO, 2004, p. 34).

22

Verifica-se que a nova Lei da Contabilidade, a Lei 11.638/2007, foi

introduzida para que haja uma contabilidade mais próxima dos padrões

internacionais e com informações mais gerenciais para seus usuários, cabendo aos

contabilistas o desafio de fazer com que os benefícios da mensuração da

combinação dos vários ativos intangíveis, a que vem se atribuindo o nome de Capital

Intelectual, conforme Antunes (2000: 70), sejam evidenciados.

E que o foco da contabilidade se estenda além dos âmbitos fiscais, seja

ampliado pela visão de gestão tornando o contabilista muito além de fornecedor de

informações históricas e de fatos ocorridos, para um profissional que participa

ativamente do planejamento da empresa a fim de gerar riqueza.

1.1 Situação do Problema

Como afirmado anteriormente, o estudo do clima organizacional está bem

disseminado nas organizações, hoje em dia os recursos humanos das organizações

estão preocupados em conhecer não só o clima organizacional das empresas, mas

qual é a cultura organizacional evidenciada pelo clima.

Sabe-se que uma das definições de clima organizacional é o sentimento que

os indivíduos possuem da organização, conforme definição de Luz (2003), no

entanto como já abordado os departamentos de contabilidade nas organizações no

Brasil têm sofrido grandes mudanças.

A globalização que o mundo viveu nas últimas décadas, a reestruturação do

sistema econômico no Brasil, desde a implantação do Plano Real que colocou a

inflação do país em um nível aceitável, os avanços tecnológicos com os

desenvolvimentos de sistemas contábeis integrados, as mudanças legais e a própria

reestruturação das matrizes curriculares das faculdades são mudanças profundas na

profissão contábil, que consequentemente interferem na visão individual de cada

integrante do departamento de contabilidade das organizações no país.

O mundo tem mudado em uma velocidade nunca vista anteriormente.

Algumas causas como a internalização dos mercados, a informatização dos

processos, o avanço das tecnologias e da ciência, a facilidade de acesso à

comunicação, a competitividade cada vez mais acirrada, e muitas vezes

23

desleal, obrigaram as empresas a adaptarem-se a uma nova realidade.

(Brussolo, 2002, p. 18)

Um contabilista com aproximadamente 45 anos terá cerca de 20 anos de

profissão, ou seja, duas décadas com vivência em departamentos de contabilidade

de empresas sentindo as mudanças citadas, que aliadas a outros fatores ligados a

formação, cultura, religiosidade interferem na sua visão, ou seja, na sua percepção

do clima organizacional.

Dessa forma o presente trabalho, muito provavelmente de forma empírica no

Brasil, quer conhecer: Qual é o clima organizacional apresentado pelos

departamentos de contabilidade nas empresas de grande porte e qual é a

percepção que o contabilista tem do clima da organização? Como este clima

reflete na sua motivação?

Cada vez mais as organizações esperam que o contabilista esteja mais

preparado para auxiliar os gestores na tomada de decisões, mas conhecer qual a

visão que o contabilista possui da organização, do departamento em que atua, é

essencial para avaliar o quanto este profissional está motivado para atender as

expectativas da organização e da sociedade como todo

1.2 Justificativa para Realização da Pesquisa

As principais organizações no país possuem departamentos de

contabilidade, mas não se observou estudos sobre o clima organizacional deste

departamento, o que torna justificável a necessidade de se desenvolver um estudo

sobre qual a visão que os profissionais contábeis têm das organizações e do

departamento em que atuam.

Verificam-se vários estudos técnicos relacionados à contabilidade, porém

poucos relacionados à Sociologia e a comportamento, dentro de uma concepção

sociotécnica, que para (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 181) ―... a organização

eficiente precisa levar em conta tanto as importações do subsistema social fazem do

ambiente, isto é valores e aspirações, como também o que faz do subsistema

24

técnico, ou seja, matérias primas e equipamentos‖. E inquestionável a necessidade

do desenvolvimento de estudos e pesquisas que possam também avaliar e

mensurar quesitos comportamentais relacionados à profissão contábil.

Conhecer como é o clima dos departamentos de contabilidade e qual é a

percepção que o contabilista possui do clima organizacional contribuirá para a

análise motivacional deste profissional, a fim de que cada vez mais os contabilistas

possam atender as expectativas dos usuários da contabilidade.

Além de ser uma contribuição para as instituições de ensino, no que se

refere à formulação de suas matrizes curriculares, é também uma contribuição para

os sindicatos e entidades de classe, a fim de que o contabilista seja cada vez mais

um profissional preparado e motivado a assessorar seus clientes internos e

externos.

O currículo de Ciências Contábeis deve ser estruturado com o objetivo

principal de proporcionar ao estudante uma formação adequada às

exigências do ambiente onde ele atuará como profissional, da

Contabilidade. Portanto, dentro da atual flexibilidade conferida aos cursos

de graduação, espera-se que os cursos de Ciências Contábeis estruturem

seus currículos visando formar profissionais de Contabilidade conforme

requerido pelo mercado de trabalho e outros segmentos da sociedade.

(Cheibub, 2003, p.19)

A presente dissertação não pretende esgotar o assunto, muitos estudos

ainda precisam ser feitos, a fim de complementar as pesquisas aqui iniciadas, porém

conhecer as percepções do contabilista é muito importante para que cada vez mais

este profissional seja valorizado e reconhecido.

1.3 Relevância

Conhecer o conceito de clima organizacional é um tema relevante, uma vez

que as organizações evidenciam tais conceitos através de seus atributos, que muitas

25

vezes são instituídos pela alta administração e percebidos pelos indivíduos que

fazem parte delas.

O estudo do clima pode permitir um maior conhecimento da área e a partir

deste conhecimento obter maior eficácia, no que se refere à gestão.

A contabilidade sofreu mudanças ao longo dos anos e tem sido uma das

principais ferramentas de gestão. Estudar como o clima organizacional afeta o

departamento de contabilidade e conhecer a percepção que os profissionais deste

departamento possuem do clima da organização é imprescindível para melhor

entender a motivação dos contabilistas.

1.4 Objetivos

O objetivo geral desta dissertação é diagnosticar o clima organizacional,

através dos fatores de Kolb (1978), associando aos motivos de McClelland (1972),

através da percepção dos contabilistas.

Os objetivos específicos desta dissertação são:

1. Identificar qual é o clima organizacional evidenciado nos

departamentos de contabilidade de empresas de grande porte no

Estado de São Paulo;

2. Verificar a percepção que os contabilistas possuem das variáveis

estudadas do Clima Organizacional em relação aos fatores de

conformidade, responsabilidade, padrões, recompensas, clareza,

apoio e calor humano e liderança, propostos por Kolb (1978);

3. Diagnosticar através dos fatores enumerados acima a motivação dos

contabilistas, utilizando a Teoria dos Motivos de McClelland (1972);

4. Propor possíveis ações que possam contribuir para melhorar a

motivação do contabilista.

26

1.5 Hipóteses da Pesquisa

Antes de se demostrarem as hipóteses aos problemas de pesquisas são

apresentadas as colocações a seguir.

O contabilista possuiu uma visão diferenciada dos demais integrantes da

organização pelos contextos já apresentados de educação, cultura, mudanças

tecnológicas etc.

Até então nunca foi desenvolvido nenhum trabalho científico que avaliasse

se o clima organizacional influencia na motivação do contabilista. Entretanto verifica-

se, através da revisão da literatura apresentada no Capítulo II, que o clima

organizacional evidencia como é a cultura das organizações.

Com base nessas colocações e dentro de uma situação hipotética para a

resolução do problema de pesquisa, foram estudadas as hipóteses abaixo:

Hipótese 1: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos de sexo diferente no departamento de contabilidade.

Hipótese 2: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

pessoas que ocupam cargos diferentes dentro do departamento de contabilidade.

Hipótese 3: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que possuem mais experiência profissional no departamento de

contabilidade .

Hipótese 4: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que trabalham em departamento de contabilidade de organizações que

atuam em ramos de atividade diferente.

Hipótese 5: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que possuem escolaridade diferente e trabalham no departamento de

contabilidade.

A escolha destas hipóteses é decorrente do fato de que já existem estudos

relacionados, sendo possível a apresentação do referencial teórico dentro deste

trabalho científico.

27

1.6 Apresentação dos Capítulos

A dissertação está organizada em sete capítulos, sendo o primeiro a

Introdução.

No Capítulo II, Revisão da Literatura, são comentados os conceitos de clima

organizacional, a questão entre clima x cultura organizacional, os tipos de clima

organizacional e a forma de gestão, bem como os fatores que influenciam o clima

organizacional.

No Capítulo III, O Clima Oganizacional e o Contabilista, são apresentados o

papel do Contabilista no contexto organizacional, quais são as características deste

profissional e qual é a visão do Contabilista dentro do cenário internacional e

nacional, buscando fazer uma correlação entre o contabilista e o clima

organizacional.

O Capítulo IV, Satisfação e Motivação no Trabalho, demonstra o contexto

histórico e as definições de motivação, como a motivação influencia no ambiente de

trabalho e por fim como em estudos de clima organizacional identificam-se questões

de motivação.

No Capítulo V, Aspectos Metodológicos, apresenta-se a metodologia da

pesquisa, como foi elaborado o questionário de clima organizacional para os

departamentos de contabilidade, a quem foi dirigido, quais fatores, segundo a

metodologia de Kolb (1978), foram testados no questionário.

No Capítulo VI, Análise e Resultados, apresentam-se os resultados das

respostas ao questionário de Clima Organizacional, as variáveis e os critérios

utilizados para sua determinação e o resultado dos testes, as hipóteses estudadas.

Apresentam-se também, através dos fatores de clima organizacional, indicadores de

motivação para as hipóteses testadas.

No Capítulo VII, Conclusões e Recomendações, apresenta-se uma síntese

dos resultados da pesquisa e tecem-se algumas considerações sobre as hipóteses

testadas e outras de ordem acadêmica.

28

CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Aspectos históricos de Clima Organizacional

Com o presente estudo científico procura-se fazer uma análise histórica dos

estudos já apresentados sobre clima organizacional, com o objetivo de conceituar o

entendimento de diversos autores sobre tema.

Conforme Vázquez (1996), as primeiras pesquisas consideradas científicas

a respeito de clima organizacional remontam à década de 1930, com as obras

apresentadas por Kurt Lewin neste período.

Contudo, os trabalhos realizados com Lippitt e White sobre estilos de

liderança grupal introduziram o ―clima‖ como vínculo entre a pessoa e o ambiente e

de que forma ele se refere às distintas situações que se originam como

consequência da utilização dos tipos de liderança, de acordo com Vázquez (1996).

As teorias de Lewin e possivelmente a teoria de personalidade proposta por

Murray, em 1938, possibilitaram a partir dos anos 60 o desenvolvimento do estudo

do clima organizacional, ainda para Vázquez (1996)

Em 1958 Argyris demonstra as relações interpessoais como fatores que

determinam o clima na organização, o indivíduo estará em contínuo conflito com a

organização em razão de suas necessidades contrapostas. Em 1963 o trabalho de

Halpin e Croft intitulado ―O Clima Organizacional nas Escolas‖ torna-se um marco

para os estudos nesta área. A década de 1980 é marcada por vários pesquisadores

preocupados com esta problemática, a vasta literatura é um indicador das

controvérsias sobre o conceito de clima.

Campbell (1970) afirma que o clima é formado por percepções individuais

das variáveis objetivas e dos processos organizacionais, entretanto os estudos não

conseguem definir uma uniformidade para o tema clima, o que leva a uma série de

críticas e incredulidade sobre sua utilidade, principalmente na década de 80. De

acordo com Payne, Fineman e Wall, em 1976, o clima se parece mais com uma

variação de satisfação.

29

A opinião formada por Vázquez (1996) em 1981 é que o conceito de clima

deve estar afastado de afeto, entretanto as percepções do ser humano são geradas

por experiências e emoções, atitudes e comportamentos que influenciam sua

interpretação da situação.

Vázquez (1996) aborda as questões levantadas por Erickson em 1987, o

qual relata em que medida a cultura prevalece ou influi sobre o clima ou se a cultura

é outro termo para designar clima, uma vez que estudos sobre cultura organizacional

apresentam uma nova questão para os estudiosos em avaliar se clima e cultura são

conceitos que se complementam ou são diferentes.

Nos dias atuais esta questão encontra-se bastante definida pelos estudiosos

ao entender que os conceitos de clima e cultura se complementam, apesar de serem

conceitos diferentes, conforme Luz (2003).

2.2 Conceitos de Clima Organizacional

Para Forehand e Gilmer (1964),

... o conjunto de característica que descrevem uma organização e que: a)

distingue uma organização da outra; b) mantém-se de certa forma

permanente e c) influencia o comportamento dos indivíduos na organização.

Note-se que, pelo conceito acima, o clima organizacional pode apresentar

características diferentes e estas são justamente o que difere uma organização de

outra, principalmente por estas características serem de certa forma permanente.

Tagiuri (1968) define clima como:

Uma qualidade relativamente permanente do ambiente interno da

organização que: a) é percebido pelos seus membros; b) influencia seu

comportamento e c) pode ser descrito em termos de valores de um conjunto

de característica (ou atributos) da organização.

30

Conforme Tagiuri (1969), o conjunto de valores da organização externado

através do clima pode ser interpretado de forma diferente pelos seus membros. Esta

percepção individual, em relação aos aspectos de clima organizacional, é

relativamente permanente e pode influenciar o comportamento dos membros da

organização

O conjunto de características ou atributos da organização, segundo o autor,

influencia o comportamento dos seus membros. Ele enfatiza a ideia de que o

indivíduo pode se comportar de forma diferente dependendo do clima organizacional

que cada organização apresenta, porém a percepção do seu membro é fundamental

para que estes comportamentos sejam readequados e o membro apresente atitudes

esperadas pelos demais.

Litwin e Stringer (1968) referem-se ao conceito como sendo:

Um conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho,

percebidas direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham

neste ambiente e que influencia a motivação e o comportamento dessas

pessoas.

Um termo não citado pelos demais autores é que estas características,

qualidades ou propriedades devem ser mensuráveis, de alguma forma devem ser

medidas, quando percebidas direta ou indiretamente pelos indivíduos poderão não

somente influenciar no comportamento, mas na motivação.

Pritchard e Karasick (1973) define clima organizacional interpretando-o

como:

É uma qualidade relativamente permanente do ambiente interno de uma

organização, que distingue uma organização da outra: a) é resultante do

comportamento e política dos membros da organização, especialmente da

alta administração; b) é percebido pelos membros da organização; c) serve

como base para interpretar a situação; e d) atua como fonte de pressão

para direcionar a atividade.

Sobre esta definição verifica-se que o clima organizacional também é uma

ferramenta para interpretar situações e o comportamento dos seus membros. Este é

31

um aspecto interessante para as organizações, apesar de como mencionados pelos

autores a alta administração especialmente ser responsável pelas características

relativamente permanentes da organização, o comportamento pelo quais os seus

membros evidenciam estas características é um instrumento para a avaliação de

determinadas situações ou fases que a organização está atravessando.

Para Katz e Kahn (1978), o conceito de clima organizacional se apresenta

da seguinte forma:

Toda organização cria sua própria cultura ou clima, com seus próprios

tabus, costumes e usanças. O clima ou cultura do sistema reflete tanto as

normas e valores do sistema formal como sua reinterpretação no sistema

informal. O clima organizacional também reflete a história das porfias

internas e externas, dos tipos de pessoas que a organização atrai, e de

seus processos de trabalho e layout físico, das modalidades de

comunicação e da autoridade do sistema.

Nesse conceito considera-se o clima como um atributo organizacional cuja

existência independe das percepções de seus indivíduos.

Para Campbell et al (1970) clima organizacional é visto como:

Um conjunto de atributos específicos de uma organização em particular, que

pode ser influenciado pela forma como está organização lida com seus

membros e seu ambiente. Para cada indivíduo dentro da organização, o

clima assume a forma de um conjunto de atitudes e expectativas que

descrevem a organização em termos tanto de características estáticas (tal

como o grau de autonomia), como variáveis comportamentais de resultado

ou eventos de saída.

Santos (1999) considera interessante a definição, uma vez que enquanto

outros autores interpretam como elementos críticos do clima organizacional as

percepções do indivíduo em relação à organização para este autor é tido como uma

variável situacional ou organizacional de efeito principal.

32

Para este autor o clima organizacional é uma descrição da situação

organizacional evidenciado através de um conjunto de atitudes e expectativas entre

os grupos.

O trabalho de James e Jones (1974) propõe uma separação de

terminologias, nesta proposta o termo clima organizacional seria utilizado para

enfocar atributos organizacionais e clima psicológico para os atributos individuais.

Desde a obra de Guion (1973) há esta preocupação em se analisar se o clima é um

atributo da organização ou dos indivíduos desta organização.

Vários trabalhos realizados na década de 70 por pesquisadores como

Scheineide, Barlett e Snyder para medir o clima organizacional declaradamente

assumem que a unidade de pesquisa é o indivíduo e não a organização. A definição

de Schneider (1972) para clima organizacional é uma percepção generalizada que o

indivíduo forma da organização e que resulta de experiências vividas por ele neste

ambiente.

Conforme Santos (1999), como evidenciado em trabalhos futuros dos

autores Scheineider e Snyder, o clima organizacional é percebido como um atributo

individual, sendo assim como o indivíduo percebe o seu ambiente de trabalho e não

como outros podem descrever,

Um interessante trabalho de campo aplicado por Johnston (1976), apud

Santos (1999) indica que o clima é um atributo tanto do indivíduo como da

organização, porém Scheider fez severas críticas ao trabalho ao apresentar

limitações por falta de instrumentos de medidas, definições e dimensões de clima.

Em trabalho realizado no Brasil por Souza (1978) a autora define clima

como:

Um fenômeno resultante da interação da cultura. É a decorrência do peso

de cada um dos seus elementos culturais e seu efeito sobre os outros dois.

E como cada um dos três elementos culturais é formado de diversos

componentes, são inúmeras as combinações possíveis entre eles, criando-

se climas de maior ou menor rigidez, realização ou emocionalidade.

33

Em outro trabalho realizado por esta autora ela evidencia a importância do

estudo de clima nas organizações e também afirma que:

Estudos de clima organizacional são particularmente úteis, porque fornecem

um diagnóstico geral da empresa, bem como indicações de áreas carentes

de uma atenção especial. Não basta ―sentir‖ que o clima está mau, é preciso

identificar onde, porque e como agir para melhorá-lo. (Souza: 1982, p.14).

Davis apud Champion (1979) retrata clima como:

O Clima para uma organização é mais ou menos como a personalidade

para uma pessoa. As percepções que as pessoas têm de tal clima

produzem sua imagem em suas mentes. Algumas organizações são

alvoroçadas e eficientes, ao passo que outras seguem com calma. Algumas

são bastante humanas, enquanto outras são duras e frias. Lentamente elas

se modificam, sendo influenciadas por seus líderes e ambiente.

Um posicionamento abordado por Santos (1999) é que o clima

organizacional é percebido de forma diferente entre os membros do grupo, desta

forma um ambiente de trabalho, que pode ser bom para um indivíduo,

necessariamente não o é para outro, o que leva a considerar que a análise nem

sempre deve ser do ponto de vista organizacional, mas do indivíduo.

Para Litwin (1968):

Um conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho,

percebidas direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham

neste ambiente, e que influencia a motivação e o comportamento dessas

pessoas.

Através desse conceito verifica-se que o autor considera o clima

organizacional como fator determinante para o comportamento do indivíduo na

organização.

34

2.3 Clima Organizacional x Cultura Organizacional

Para que haja uma melhor compreensão do assunto faz-se necessário

conhecer um pouco sobre Cultura Organizacional, até porque os temas Clima e

Cultura Organizacional podem se confundir, por este motivo verifica-se a importância

de se incluir este assunto neste estudo.

O termo cultura organizacional é um dos mais controvertidos entre os

teóricos da organização. Como pode ser observado por Santos (1992), existem

vários conhecimentos científicos de áreas da psicologia, antropologia e sociologia

que trouxeram contribuição ao tema, que hoje é trabalhado por cientistas

comportamentais, porém há precedentes com mais de meio século que se

propuseram ao estudo da Cultura, como pode ser observado por Elliot Jaques

(1952) em sua obra The Changing Culture of a Factory, ao estudar a cultura da

fábrica, sua obra identificou elementos da cultura organizacional, tais como: atitudes,

hábitos, valores etc.

A cultura da fábrica é a maneira costumeira e tradicional de pensar e fazer

as coisas, que é compartilhada para um grau maior ou menor por todos os

seus membros e cujos novos membros devem aprender e, pelo menos

aceitar parcialmente, para serem aceitos no serviço na empresa. Cultura

neste sentido cobre uma ampla faixa de comportamentos: os métodos de

produção; habilidades de trabalho e conhecimento técnico; atitudes voltadas

para disciplina e punição, os costumes e hábitos do comportamento

gerencial, os objetivos a alcançar; sua maneira de realizar negócios; os

métodos de pagamento; os valores estabelecidos em diferentes tipos de

trabalho; convicções na vida democrática e consulta ao grupo; e

convenções e tabus menos conscientes. (p. 251)

A seguir outras definições que foram propostas na década de 80.

...padrão de crenças e expectativas compartilhadas pelos membros da

organização. Essas crenças e expectativas produzem normas que

poderosamente moldam o comportamento dos indivíduos e grupos na

organização. (Schwartz e Davis, 1981: 33)

35

... cultura organizacional consiste em um conjunto de símbolos, cerimônias

e mitos que comunicam valores e crenças subjacentes da organização aos

seus empregados. Estes rituais concretizam aquilo que, do contrário, seriam

ideias esparsas e abstratas, dando-lhes vida de modo a que tenham

significado e impacto para um novo empregado. (Ouchi, 1981: 35)

... cultura organizacional tipicamente é definida como um complexo conjunto

de valores, crenças, pressupostos e símbolos que definem a maneira pela

qual a firma conduz o negócio. Neste sentido, a cultura tem efeitos que

permeiam a organização porque não somente definem quem são seus

empregados, clientes fornecedores e concorrentes relevantes, mas também

define como a empresa interferirá com estes elementos chaves. (Barney,

1986: 657)

Partindo da definição acima e conforme Luz (2003), cultura organizacional

pode ser definida como um conjunto de crenças, valores, costumes, rituais, slogans,

mitos, tabus, tradições, sentimentos e comportamentos compartilhados pelos

membros de uma organização. Sobre este conceito evidenciam-se estas

considerações:

Valores – balizamento que a organização segue para atingir seus objetivos;

Ritos – cerimônias típicas de cada organização;

Mitos – figuras imaginárias para reforçar crenças organizacionais;

Tabus – questões cuja discussão é proibida.

Conforme Santos (2000) falta consenso e precisão entre os autores para se

definir e conceituar cultura organizacional, todavia podem ser observados pontos de

concordâncias, que são:

a cultura organizacional existe e é um poderoso instrumento para tentar

explicar ou predizer o comportamento das organizações e de seus membros;

a cultura de cada organização é como a personalidade de cada indivíduo:

única e singular;

36

reprimindo, aprovando ou estimulando certas ações comportamentais, a

cultura organizacional também acaba funcionando como um mecanismo de

controle organizacional.

Assim também pode se definir cultura organizacional

...valores e crenças compartilhados pelos membros de uma organização, a

qual funciona como um mecanismo de controle organizacional,

informalmente aprovando ou proibindo comportamentos e que dá

significado, direção e mobilização para os membros da organização.

(Santos, 1992)

Fica latente o sentimento que se tem de quando um novo elemento é

introduzido dentro da organização. A disposição dos móveis, a cor das paredes, os

detalhes das obras de arte, também conhecidos como artefatos, que revelam muito

mais que a decoração da organização, revelam a sua cultura, conforme Luz (2003)

Ainda para Luz (2003), a forma como os demais elementos já assimilados

com a cultura da organização recepcionam a nova pessoa, a educação, a

cordialidade, os mitos, juízos e normas revelam muito mais do que pessoas que

trabalham em uma mesma organização, revelam a cultura desta organização. Diante

deste turbilhão de percepções, que ao mesmo tempo são tão iguais, uma vez que

todos falam a mesma língua, moram no mesmo país, até mesmo na mesma cidade,

ao mesmo tempo demonstram tantas diferenças, a ponto de atribuir que o sucesso

deste novo elemento consiste em identificar o mais rapidamente a cultura desta

organização, assimilar e inserir-se nela.

Conforme Srour (2002) cada cultura organizacional forma um objeto

decifrável, mesmo que através de representações e símbolos imaginários

entranhados nas práticas cotidianas, que necessitam de observações criteriosas

para serem reveladas. As manifestações da cultura organizacional possuem formas

variadas, como mencionada por Srour (2002) em sua obra Poder, Cultura e Ética

nas Organizações:

37

...Suas manifestações assumem formas variadas: princípios, valores e

códigos; conhecimentos, técnicas e expressões estéticas; tabus, crenças e

pré-noções; estilos, juízos e normas morais; tradições, usos e costumes;

convenções sociais, protocolos e regras de etiqueta; estereótipos, clichês e

motes; preconceitos, dogmas e axiomas; imagens, mitos e lendas; dogmas,

superstições e fetiches. Em suma, as representações mentais refletem

convicções sociais ou saberes. (p. 168 e 169)

Ainda para Srour (2002) as culturas organizacionais são recortadas por

quatro esferas analíticas ou ―campo de saber‖ sendo:

Saber ideológico – compõe de evidências doutrinárias, mensagens ou

discursos que não formulam problemas, mas apenas enunciam soluções ou

respostas prontas;

Saber científico – remete a um conjunto de conhecimentos sobre as

realidades natural, social e psicológica. Faz uso ou não da matemática,

estabelece um sistema ordenado e coerente de proposições que descrevem

explicam os fenômenos;

Saber artístico - fruto da inspiração e da imaginação, e suas finalidades são a

contemplação, o devaneio e a ilusão;

Saber técnico – constitui um conjunto de processos que procuram adequar

meios a fins e forma um corpo de regras operatórias ou de procedimentos.

Diz respeito a ―saber fazer as coisas‖.

A seguir um quadro do universo simbólico.

38

Quadro 1. Universo Simbólico

SABERES BENS SIMBÓLICOS

Ideológicos Evidências doutrinárias não

demonstráveis, retóricas

Científicos Evidências explicativas,

demonstráveis, know-why

Artísticos Expressões estéticas

Técnicos Procedimentos, regras operatórios,

know-how.

Fonte: Srour (2002: 173)

Com base nas definições e conceitos de cultura organizacional verifica-se

que enquanto o clima organizacional é influenciado por fatores como educação,

saúde, lazer, religião, sexo, regiões demográficas, talvez o maior fator de influência

seja a cultura.

Para Luz (2003), cultura é a causa, o clima é a consequência, cultura são

praticas recorrentes estabelecidas a um determinado tempo, clima é um algo

temporal. Todavia, tanto cultura como clima são fenômenos intangíveis, apesar de

se manifestarem de forma concreta e de ambos se completarem.

Conforme Santos (2000: 41), é possível traçar algumas considerações que

parecem ser comuns às diferentes abordagens:

1. O clima organizacional influencia o comportamento dos membros

da organização, podendo afetar os seus níveis de motivação e

satisfação do trabalho.

2. É um conceito abrangente e global por ser uma forma de retratar

numerosas percepções através de um número limitado de

dimensões.

3. É operacionalizável por meio de medidas objetivas ou subjetivas.

39

4. Evidencia-se geralmente como atributo da organização, porém na

percepção de seus participantes.

5. O conceito de clima difere do de cultura organizacional embora

ambos estejam relacionados.

6. O clima organizacional é a expressão ou manifestação da cultura.

Com base nas considerações acima verifica que o clima organizacional é

uma situação momentânea, porém é uma ferramenta utilizada para medir a cultura

das organizações, além de ser um instrumento poderoso para medir e determinar a

motivação dos empregados, dentro de uma situação operacionalizável, através de

medidas objetivas ou subjetivas, mas que consegue mensurar itens como:

Clareza de informações – como as informações são realizadas na

organização, se através de veículos transparentes e acessíveis ou com

ruídos;

Satisfação salarial – os funcionários entendem que para os trabalhos que

desempenham o salário é condizente comparando com o mercado de

trabalho;

Oportunidades profissionais – Através da pesquisa de clima organizacional é

possível mensurar se a organização oferece aos seus funcionários

oportunidades de crescimento profissional e promoções dentro da empresa;

Objetivo – Todos têm visão de quais são os objetivos da empresa, onde ela

está e para onde ela está indo, traduzindo estes objetivos a todas as áreas e

todas as funções.

Uma vez que, através da pesquisa de clima organizacional, estes itens são

identificados, possíveis fontes de insatisfação dos funcionários são corrigidas e os

níveis motivacionais aumentam melhorando o desempenho individual.

Por outro lado a cultura organizacional retrata as culturas, crenças e

expectativas dos funcionários na organização que acabam por influenciar o

comportamento dos indivíduos dentro da organização.

40

Conforme Santos (2000: 42),

As pesquisas de cultura organizacional estão centradas nas crenças,

valores e pressupostos básicos compartilhados, enquanto as pesquisas de

clima procuram retratar mais os atributos específicos ou fatores do ambiente

interno organizacional.

Figura 1. Pesquisa de Clima e Cultura

Fonte: Santos (2000: 43)

2.4 Tipos de Clima Organizacional

De acordo com Luz (2003), o clima organizacional de uma empresa pode ser

qualificado como: bom, prejudicado ou ruim conforme especificado no Quadro a

seguir:

Pesquisa Pesquisa

de de Cultura Clima

Valores crenças e pressupostos

Condições Organizacionais

Padrões de Comportamento

41

Quadro 2. Tipos de Clima Organizacional

Tipos de

Clima

Características

Consequências

Bom

Existe uma tônica favorável

Orgulho de se trabalhar na

empresa

Comprometimento com a empresa

Baixo turnover

Motivação

Dedicação

Satisfação

Prejudicado

ou ruim

Variáveis organizacionais

afetam de forma negativa e

duradoura o ânimo da maioria

dos funcionários

Clima de tensão, rivalidade e

conflitos.

Ruído nas comunicações

Alto índice de turnover

Desaprovação dos funcionários

Desinteresse pelo cumprimento das

tarefas

Discórdia

Fonte: Luz, R.S. Gestão do Clima Organizacional, 2003.

Segundo o mesmo autor existem outras expressões que denominam os

tipos de clima, entretanto mais importante que a denominação é a ideia que se deve

ter sobre o clima das empresas se ele é favorável, desfavorável ou neutro em

relação às organizações e às pessoas.

O clima organizacional afeta diretamente a qualidade dos serviços prestados

e oferecidos pelos funcionários e consequentemente o trabalho realizado por eles.

De nada adianta investir em treinamentos se o clima observado não for favorável.

Para Luz (2003), o clima é resultado da cultura das organizações, de seus

aspectos positivos e negativos, bem como seus conflitos. Sendo assim influencia e é

influenciado pelo comportamento dos indivíduos na organização.

42

Um dos maiores desafios é avaliar se o clima é ruim ou não dentro da

organização e cabe aos gestores essa responsabilidade, independente do seu cargo

ou nível hierárquico, todos têm o compromisso de monitorar e avaliar o clima de sua

unidade e intervir sempre que fizer necessário.

Luz (2003) destaca ―que os conflitos interpessoais e interdepartamentais

representam a forma mais evidente do clima de uma empresa‖, determinando dessa

maneira se o clima é tenso ou agradável, dependendo da intensidade desses

conflitos.

Portanto, antes mesmo de avaliar é preciso identificar as diversas etapas do

clima organizacional permitindo, assim, melhor gerenciamento e desenvolvimento

das condições de trabalho dentro da organização.

2.5 Gestão do Clima Organizacional

Para Bedani (2008) o clima organizacional fornece diversos indicadores

sobre diversas variáveis, permitindo uma visão global da organização. Constitui-se

numa importante ferramenta a ser considerada no gerenciamento de pessoas e

desenvolvimento de organizações, permitindo ações de melhorias das condições do

ambiente de trabalho.

Contudo, o gerenciamento do clima organizacional inclui diversas etapas,

conforme apresentado na Figura 2.

43

Figura 2. Etapas para gestão de Clima Organizacional

Fonte: Bedani, M. 2008.

Bedani (2008) descreve as seguintes etapas propostas para o

gerenciamento do clima:

1. Investigação: define o instrumento de pesquisa a ser utilizado junto aos

membros da organização;

2. Diagnóstico: tabulação dos dados coletados, analisando e identificando

os focos de satisfação e insatisfação presentes na organização;

3. Intervenção: elaboração de planos de ação visando à melhoria dos

aspectos desfavoráveis e otimizando os pontos positivos diagnosticados;

4. Comunicação: divulgação, para todos os membros da organização, de

todos os dados da pesquisa e das ações que serão implantadas,

objetivando a melhoria da qualidade do clima organizacional;

5. Implementação: aplicação do plano de ações no ambiente organizacional;

6. Monitoramento: acompanhamento e re(avaliação) contínua das ações

implementadas em decorrência de resultados atingidos.

44

A implantação de um programa bem sucedido de gestão baseia-se na

qualidade das informações fornecidas traduzindo da forma mais realista possível os

diversos aspectos do ambiente organizacional identificado e avaliado pelas pessoas

que nela trabalham.

Desta forma, o programa permite identificar os pontos que necessitam de

intervenção e se as ações implantadas produziram as mudanças esperadas no

ambiente organizacional.

2.6 Fatores que influenciam o Clima Organizacional

Litwin e Stinger (1968) postularam a existência de nove dimensões que

explicariam o Clima Organizacional existente numa organização, especificados na

Figura 3 e descritos a seguir:

Figura 3. Dimensões do Clima Organizacional

Fonte: Adaptado de Cruzeiro, A., 2007.

Estrutura

Responsabili- dade

Recompensa

Desafio

Relaciona-mento

Cooperação

Padrões

Identidade

Conflito

Clima

Organizacional

45

Estrutura: compreende a percepção dos membros da organização sobre as

restrições, regulamentos, regras e formas administrativas enfrentadas no

desenvolver do trabalho.

Responsabilidade: representa autonomia na tomada de decisões

relacionadas ao trabalho. Significa não ter dependências quando

desempenha suas funções.

Recompensa: sentimento de ser recompensado por um trabalho bem feito,

ênfase em elogios e não em punições, justa política de remuneração e

promoções.

Desafio: compreende o sentimento de risco na tomada de decisões assim

como no desempenho de suas funções.

Relacionamento: significa boas relações sociais com seus pares, superiores

e subordinados.

Cooperação: compreende a percepção de espírito de ajuda mútua tanto de

gestores quanto subordinados.

Padrões: processo por meio do qual a empresa enfatiza normas e processos.

Conflito: é o sentimento dos membros da organização, em todos os níveis,

sobre as opiniões divergentes e a forma mediadora utilizada para as soluções

desses problemas.

Identidade: sentimento de fazer parte da organização, sensação de

compartilhar objetivos pessoais com os objetivos organizacionais.

Estimular a descontração, a participação, a criatividade individual e o

envolvimento com os resultados desejáveis podem ter grande influência no processo

motivacional de uma organização, proporcionando um melhor ambiente de trabalho

e assim um melhor clima para a realização do trabalho.

46

CAPÍTULO III O CLIMA ORGANIZACIONAL E O CONTABILISTA

Uma vez expostas definições, tipos e gestão do clima organizacional nas

instituições, entende-se como necessário para a continuidade desta dissertação

analisar o profissional contábil, o contabilista. Como já exposto, o clima

organizacional é a percepção que os indivíduos possuem da organização.

O Departamento de Contabilidade em uma organização é formado por um

grupo de indivíduos, que acabam tendo, além da formação, outras habilidades e

conhecimentos comuns. Faz-se necessário conhecer um pouco mais do profissional

contábil, o contabilista, para que se possa avaliar se tais características podem

diferenciar a percepção deste grupo de indivíduos em relação aos demais

profissionais da empresa.

3.1 O PAPEL DO CONTABILISTA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

Iudícibus (1998: 7) diz que:

Para seu benefício profissional e como cidadão, o Contador dever manter-

se atualizado não apenas com as novidades de sua profissão, mas de

forma mais ampla, interessar-se pelos assuntos econômicos, sociais e

políticos que tanto influem no Cenário em que se desenrola a profissão.

Boarin (1999: 12):

A aldeia global, em que a terra se transformou, exige uma linguagem e

metodologia uniforme no tratamento das informações relativas à empresa e

seus negócios, e é nesse universo que o contabilista irá exercer suas

atividades e para o qual terá de se preparar. Terá que ser capaz de assistir

os empresários na tomada de decisões rápidas e eficazes, sem perder de

vista o conjunto harmonioso das atividades desenvolvidas em equipe, ao

mesmo tempo em que, de mero intermediário de registro e controle de

47

fenômenos contábeis, deverá passar a agente ativo da agregação de

valores na geração de produtos e serviços.

A responsabilidade de um departamento contábil é assegurar que os

sistemas de informações gerenciais e econômico-financeiras reflitam a situação da

empresa e sob esta ótica está o contabilista, com inúmeras responsabilidades

perante as instituições, perante o Fisco e perante a sociedade.

No passado a imagem do contabilista era meramente a de um profissional

que guardava os livros, um profissional extremamente focado em regras e técnicas,

sem muita capacidade analítica e gerencial. Com os anos esta imagem vem

mudando e hoje o profissional contábil tem se tornado cada vez mais respeitado,

pelos seus conhecimentos e por suas aptidões generalistas é um novo profissional,

com um novo perfil, como pode ser observado a seguir.

3.2 Características e perfil do Contabilista do Século XXI

O mercado atual requer modernidade, criatividade, novas

tecnologias, novos conhecimento e mudança urgentes na visão

através dos paradigmas, impondo, com isso, um desafio: o de

continuar competindo. (Silva, 2000: 26)

O atual ambiente operacional exige uma evolução de conceitos das

empresas, neste contexto os contabilistas também devem estar preparados para

desenvolverem atividades de valor dentro da organização, bem como estar aptos

para bem cumprir sua missão no âmbito dessas novas exigências que se fazem à

contabilidade.

Os conhecimentos aliados às atitudes e à capacidade de manusear as

habilidades caracterizam os contabilistas e suas competências na atualidade. A

Figura 4 ilustra esse entrelaçamento.

48

Figura 4. Formação das Competências

Fonte: Ramirez, 2000.

Para Evangelista (2005, p. 28), o contabilista moderno é um profissional de

valor que precisa acumular muitos conhecimentos. Esses profissionais têm que ser

tecnicamente inteligentes e ter capacidade criativa, ser proativo, ter alta integridade,

ter boa capacidade de comunicação, compreender a sistemática econômico-

financeira, política e social, em nível local, regional ou mesmo internacional,

entender dos aspectos técnicos do negócio e para isso têm que estar sempre

atualizados e procurar estudar a situação da empresa para qual irá prestar

assessoria ou consultoria. Sem essas concepções e consciência, o desenvolvimento

profissional fica bastante prejudicado.

O perfil do profissional de contabilidade se modificou, assim como o conceito

de emprego passa por uma profunda e irreversível transformação, que traz consigo

novos padrões comportamentais, de qualificação e de desempenho.

Atualmente o perfil desejado do contabilista, segundo Brussolo (2002), pode

ser observado na Figura 5:

49

Figura 5. Mudanças no Perfil Contabilista

Fonte: Brussolo, F. (2002: 33)

Exigem-se novas competências e habilidades do contabilista. Este

profissional poderá focar mais o aspecto gerencial do que propriamente o

operacional, que em grande parte será automatizado.

Para Meira Neto (2003: 96), a visão atual do contabilista é:

Espera-se do profissional contábil mais que relatórios e entrega de

declarações ao fisco. Esperam que este profissional possa assessorá-los

nas tomada de decisões que afetarão as empresas que dirigem, levando ao

sucesso a continuidade das mesmas.

Para tanto, ele deve incorporar novas habilidades pessoais, desenvolver a

capacidade de entendimento do negócio, adotando uma política mais

empreendedora no processo de gestão.

A profissão contábil é uma das poucas profissões que oferecem um leque

tão amplo de opções para atuação profissional, conforme se observa no Quadro 3.

CONTADOR

TRADICIONAL

NOVO PERFIL PROFISSIONAL DO

CONTADOR

* GLOBALIZAÇÃO * NOVAS TECNOLOGIAS * PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO

* OUTROS EVENTOS

50

Quadro 3. Visão Geral da Profissão Contábil

Fonte: Adaptado de Marion (2003).

Para Silva (2003):

O profissional contábil precisa ser visto como um comunicador de

informações essenciais a tomada de decisões, pois a habilidade em avaliar

fatos passados, perceber os presentes e predizer eventos futuros pode ser

compreendido como fator preponderante ao sucesso empresarial.

Conforme a citação acima, o contabilista deve ter as responsabilidades

típicas ao cargo, alinhadas às estratégias empresariais, em seus pilares devem estar

as competências técnicas e comportamentais, isto é, os conhecimentos, habilidades

e atitudes, que são necessárias para que o contabilista possa se desenvolver no

cargo.

Contador

Na Empresa

Independente (Autônomo)

No Ensino

Órgão

Público

Planejador

Tributário

Contador Geral

Analista Financeiro

Auditor

interno

Contador de

Custos

Contador

Gerencial

Atuário

Cargo Administra-

tivo

Auditor Indepen-

dente

Empresário

Contábil

Consultor

Perito Contábil

Investigador

De Fraude

Professor

Parecista

Pesquisador

Conferencista

Escritor

Contador

Publico

Diversos Concursos Públicos

Agente Fisc. de Renda

Tribunal de

Contas

Oficial

Contador

Analista Fiscal

Contador de normas

Internacionais

51

Quadro 4. Principais Características das Competências dos Contabilistas

Competências Características

Conhecimentos

Geral: Comunicar-se e pensar de maneira eficaz, base para

conduzir consulta, execução de análise crítica

Organizacional e empresarial: amplo conhecimento de negócios e

organizações

Tecnologia da Informação: capacidade para avaliar e fornecer

dados, desenvolver e gerenciar sistemas de informações

Contabilidade e áreas correlacionadas: engloba conhecimentos

sobre economia, métodos quantitativos, marketing e negócios

internacionais

Habilidades

Intelectual: capacidade de identificação e solução de problemas e

de tomar decisões. Compreende pesquisa, raciocínio indutivo e

dedutivo

Interpessoal: capacidade de interação com outras pessoas e

trabalhar em equipe

Comunicação: capacidade de receber e transmitir informações de

forma escrita e oral e tomar decisões

Atitudes

Envolvem aspectos e atitudes que identificam os profissionais tais

como integridade, ética e responsabilidade social

Fonte: Adaptado de Needles (2001).

Para Ramires (2000), a competência decorre de requisitos que permitam

identificar uma profissão e que possam ser adquiridos no sistema educacional e na

formação decorrente da atuação profissional do indivíduo.

Os conhecimentos aliados às atitudes e habilidade de manusear os

instrumentos e técnicas profissionais redundam nas competências, caracterizando,

assim, os profissionais da atualidade.

52

3.3 Visão da Profissão Contábil no Cenário Internacional

Conforme Carvalho (2006), um dos aspectos mais importantes e que nunca

deve ser perdido é a competência do contabilista que elabora os demonstrativos

financeiros e que todo o preparo para esta capacitação deve estar aliado à

motivação.

Segundo Kounrouzan (2002), mundialmente a profissão contábil tem

recebido atenção por parte dos órgãos competentes, a fim de que possa estar em

linha com as necessidades geradas pelo usuário da informação contábil na tomada

de decisão.

Sob este aspecto percebe-se que os Estados Unidos, através de entidades

que controlam e ditam as normas profissionais de contabilidade — o American

Institute of Certified Public Acoountants (AICPA), de que participam mais de 250.000

contabilistas; o Institute of Management Accountants (IMA); e o American Accounting

Association (AAA) —, se preocupam para que o ensino contábil gere

empregabilidade.

Conforme Carvalho (2006), diferentemente do cenário latino-americano no

qual o Brasil está inserido, os governantes americanos não impuseram regras a

partir de deliberações de órgãos oficiais, mas sim comissionaram o setor privado,

através daquelas entidades, com a finalidade de normatização contábil.

Entre outros órgãos estão o FASB - Financial Accounting Standards Board,

órgão independente, e o SEC - Securities and Exchange Commmission, órgão que

regulamenta o mercado americano de capitais e aperfeiçoa procedimentos e normas

contábeis.

Em 2000 é criado sem fins lucrativos o International Accounting Standards

Board (IASB), que é assim mencionado, em tradução livre de Carvalho (2006, p. 16):

―O IASB acredita que maior harmonização pode ser objetivada focando-se nas

demonstrações financeiras que são preparadas para o propósito de prover

informações úteis na tomada de decisões econômicas‖.

O AECC - Accounting Education Changing Comission, órgão que manifesta

interesses acadêmicos, e o AICPA, que evidenciam interesses dos auditores

53

independentes, segundo Kounrouzan (2002) aliaram-se em busca de

aperfeiçoamento da profissão contábil, preparando os profissionais para estarem

capacitados a ocuparem suas funções em 2011.

Em pesquisas verifica-se um declínio da procura pela profissão contábil

motivado por diversos fatores, entre os quais se destaca a insatisfação dos

empregadores com as competências dos formandos e a constatação de que os

cursos de contábeis nos Estados Unidos não estão acompanhando o avanço da

ciência, segundo Kounrouzan (2002).

Preocupados com esta pesquisa, o AICPA preparou um conjuntos de três

componentes, a fim de melhor preparar os formandos de 2011, que são, ainda

segundo Kounrouzan (2002).

a) Definir de competências necessárias para exercer a profissão contábil;

b) Melhorar as práticas de ensino;

c) Avaliar continuamente os currículos de ensino.

De forma similar aos Estados Unidos, a Irlanda e a Austrália no trabalho

apresentado por Kounrouzan (2002) evidenciam preocupações com a formação dos

novos contabilistas, haja vista as mudanças sofridas nos últimos anos em nível de

tecnologia e globalização.

Em estudo elaborado na Irlanda por Meagher, apud Kounrouzan (2002), o

problema de pesquisa de seu artigo aponta a relevância da educação e do

treinamento dos contabilistas em relação aos trabalhos executados no presente e no

futuro do século XXI. Em tal estudo são demonstradas as mudanças na profissão

contábil nos últimos cinco a dez anos e que continuarão ocorrendo ao longo do

tempo.

Verifica-se na Irlanda, através deste artigo em que foram entrevistados

1.000 profissionais da área contábil, que as atividades tradicionais ainda ocupam

grande parte do seu tempo. Porém em resposta aos entrevistados, cada vez mais a

coleta e entrada de dados vêm sendo substituídas pela análise, interpretação e

demonstração delas.

54

À medida que o contabilista adquire mais experiência na área, a pesquisa

demonstrou que maiores são as oportunidades para ocuparem atividades

estratégicas na empresa, bem como de consultoria interna.

Talvez uma das maiores mudanças apontadas pela pesquisa é que agora

contabilistas são membros integrantes de equipes interligadas e que cada vez mais

habilidades de comunicação, empatia e relacionamentos interpessoais são

necessárias aos contabilistas, caindo por terra o velho tabu de que contabilista não

precisa ter tais habilidades.

O estudo conclui que na Irlanda os contabilistas passaram a ser membros de

equipes interligadas, gerenciam pessoas, influenciam em opiniões e são educadores

organizacionais.

Segundo Kounrouzan (2002), neste artigo foram constatadas cinco

habilidades:

Tecnologia de informações;

Tecnologia de comunicação;

Competências técnicas de análise e interpretação;

Habilidades interpessoais;

Qualidades pessoais.

Já na Austrália com a mesma preocupação o CPA Austrália`s National

Council, apresenta matéria escrita por Mark Coughlin, ―O membro integrante do

futuro‖, com o problema: ―Os contadores conseguiram acompanhar as mudanças

ocorridas e adaptar-se a elas?‖

Com o desenvolvimento da tecnologia cada vez mais tem se exigido do

contabilista um conhecimento mais completo, o sucesso destes profissionais está

em quão flexível são para as mudanças e o quanto agregam de valor e

conhecimentos gerais.

Cada vez mais são exigidas destes profissionais competências e habilidades

pessoais e interpessoais objetivando a tomada de decisão. Assim, espera-se deste

profissional poder de argumentação e convencimento, fundamentais para a

sobrevivência no mercado de trabalho, segundo Kounrouzan (2002).

55

A conclusão que se tem deste artigo é que o contabilista deverá se adaptar

cada vez mais às mudanças impostas pelos avanços tecnológicos, pela globalização

e pelos CPAs.

No Brasil as entidades de classe estão cada vez mais preocupadas com o

desenvolvimento do contabilista, pode-se afirmar que existem condições favoráveis

para o desenvolvimento da profissão no país.

Conforme Kounrouzan (2002), as principais entidades da classe contábil no

Brasil apresentam interesse e ações para o desenvolvimento da profissão no país,

sendo elas: O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), os Conselhos Regionais

de Contabilidade (CRCs), o Sindicato das Empresas de Serviços de

Assessoramento, Perícia, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo

(Sescon-SP), a Federação das Empresas de Serviços Contábeis e de

Assessoramento, Perícias e Pesquisas (Fenacon).

Em entrevista à Revista Brasileira de Contabilidade, edição n.º 167 de

setembro/outubro 2007, o professor Luiz Nelson de Carvalho declara que: ―O CFC

está se tornando um dos grandes avalistas da inserção do Brasil no primeiro mundo

da contabilidade‖.

Desde agosto de 2006 com a criação do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis – CPC há um trabalho intenso na análise e proposição de

pronunciamentos contábeis alinhados às normas internacionais editadas pelo IASB

por meio de um processo participativo, que inclui grandes empresas e entidades

regulamentadores, conforme observa Edson Arisa, naquela mesma revista.

Enfim, todas estas entidades vêm desenvolvendo um papel fundamental no

que se refere à regulamentação, fiscalização e exercício na atividade contábil no

Brasil e no preparo dos contabilistas para o mercado de trabalho.

Dentre as inúmeras atividades desenvolvidas por estas entidades pode-se

citar:

Programas de educação continuada;

Projeto para Exame de Competência;

Programa para formação de mestres e doutores;

Exame Nacional de Cursos (Provão);

56

Exame de Suficiência;

Projeto de incentivo ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal

(LRF);

Debates sobre novos rumos da contabilidade;

Celebração de convênios junto ao Governo;

Bienais;

Revistas científicas;

Preocupação com a harmonização das normas e princípios contábeis;

Luta pela melhoria do ensino contábil.

Verifica-se desta forma que estas entidades, aliado à promulgação da Lei

11.638/07, estão cada vez mais engajadas a contribuírem para que o contabilista

esteja inserido no contexto social atual, bem como aumente sua consciência de

responsabilidade social atendendo aos anseios da sociedade como um todo de

forma eficaz.

Carlos Roberto Matavelli, em entrevista à edição 175 da Revista Brasileira

de Contabilidade, declara:

A edição da Lei 11.638/07 promoveu um momento de ruptura na

contabilidade brasileira. Este ―big bang‖ contábil implica uma profunda

mudança de postura dos profissionais, pois passaremos a ter balanços

publicados não mais unicamente de acordo com regras estabelecidas,

principalmente as tributárias para atender o fisco.

57

CAPÍTULO IV SATISFAÇÃO E MOTIVAÇÃO NO TRABALHO

Diante do exposto sobre a importância do clima organizacional dentro da

organização e como a motivação é um princípio norteador desse tema faz-se

necessário um capítulo a ela, enfatizando suas definições e características.

4.1 CONTEXTO HISTÓRICO E DEFINIÇÃO

A motivação organizacional prioriza o máximo rendimento profissional e

estuda as maneiras de se estimularem os indivíduos no seu local de trabalho.

De um modo geral, define-se motivação como tudo aquilo que leva o

indivíduo a agir de determinada forma, dando origem a um comportamento

específico. Esses motivos podem ser caracterizados como necessidades, desejos ou

impulsos e tanto podem ser conscientes ou subconscientes.

Em seu trabalho, Aguilar (1999) define motivo como as razões subjacentes

ao comportamento. Sendo assim, o motivo mais intenso em determinado momento é

o que leva à atividade, conforme ilustra a figura 6.

Figura 6. Motivos Determinantes do Comportamento

A B C D ... N

MOTIVOS

Fonte: Adaptado de Aguilar, M. (1999: 14).

58

A motivação é um processo que induz uma pessoa ou grupo, cada qual com

suas necessidades distintas, a atingir seus objetivos pessoais.

... a motivação para o trabalho, aparece como um fenômeno complexo, que

não se pode analisar sem levar em consideração o conjunto da situação,

quer dizer, o indivíduo (suas características e experiências), o trabalho (sua

natureza e restrições) e a organização com suas regras, os seus objetivos e

o clima que lhe é próprio. Bergamini (2008: 30)

O conceito de motivação organizacional surgiu da necessidade de se

motivar o ser humano em diferentes momentos da vida e um desses momentos seria

relacionado ao trabalho.

Na década de 1930 Hawthorne, apud Bergamini (2008) pesquisou o efeito

das condições ambientais sobre a produtividade nas pessoas. As principais

conclusões deste estudo foram:

O trabalho consiste em uma atividade essencialmente grupal;

O indivíduo não reage como indivíduo isolado;

A tarefa da alta administração é formar líderes capazes de

compreender, comunicar e persuadir;

O indivíduo é motivado essencialmente pela necessidade do trabalho

em equipe.

4.1.1 A Hierarquia das Necessidades de Maslow

Maslow (1954), com sua Teoria da Hierarquia de Necessidades, identificou

as principais necessidades do ser humano e classificou-as de acordo com uma

escala ascendente de sete níveis de hierarquização que após várias revisões

reduziram-se a cinco, conforme Figura 7.

Para Maslow, o próprio indivíduo promove estímulos, denominados por ele

de ―forças internas‖, para levá-lo a satisfazer suas necessidades, ou seja, o conjunto

de necessidades do indivíduo é o norteador que levam as pessoas a agirem para a

59

realização deste próprio conjunto, quando o mesmo é satisfeito ocorre a

autorrealização do indivíduo.

Segundo ainda o mesmo autor, cada tipo de necessidade deve ser satisfeito

suficientemente antes dos outros níveis mais altos da escala proposta. Quando as

necessidades do nível hierárquico inferior vão sendo satisfeitas, surgem como

predominantes as de categoria superior, passando, assim, a motivar mais

intensamente o comportamento.

Figura 7. Escala de Níveis Hierárquicos de Maslow

Fonte: Adaptado de Davis, K. Newstron, J. (1992).

Maslow define deste modo essas necessidades:

Necessidades Fisiológicas: estão ligadas a questões como alimentação,

moradia, vestuário etc., sendo sua satisfação indispensável à sobrevivência do

indivíduo.

Necessidades de Segurança: correspondem à proteção, garantia e

ausência de perigo, estabilidade econômica, preferência por um emprego estável e

algum tipo de religião que fortaleça a fé e a crença.

Necessidades Secundárias

(Alto Nível)

Necessidades Primárias

(Baixo Nível)

60

Necessidades Sociais: Esta escala refere-se à aceitação, a fazer parte do

grupo, de dar e receber afeto e amizade.

Necessidades de Estima: Traduzem a necessidade tanto de fortalecer a

autoestima quanto de receber a estima dos outros:

a) autoestima: correspondem ao desejo de realização, competência,

confiança, independência etc.;

b) estima dos outros: desejo de reputação e prestígio, reconhecimento. A

satisfação dessas necessidades leva ao desenvolvimento de

sentimentos de autoconfiança, capacidade de ser útil e necessário para

os outros.

Necessidades de Autorrealização: Implicam realizar suas potencialidades,

desejo de crescimento psicológico, de aprimoramento das capacidades profissionais

e da plenitude do ser.

A hierarquia de Maslow teve um forte impacto na administração e trouxe

ideias úteis para nortear os administradores a respeito da motivação de seus

empregados.

Segundo Bergamini (2008), essa teoria teve irrestrita aceitação e é uma das

teorias sobre motivação mais citadas dentro do referencial sobre comportamento

organizacional.

4.1.2 A Teoria de Dois Fatores de Herzberg

Em 1969, surge a teoria de Frederick Herzberg, segundo a qual a motivação

é influenciada por dois tipos de fatores: fatores motivacionais e fatores higiênicos.

Esse modelo, de acordo com Bergamini (2008), reduz de forma drástica o

impacto motivacional que o salário, status e relacionamento com as pessoas

produzem, uma vez que estes são delimitados como fatores de manutenção.

61

Segundo Herzberg apud Victor (1997), os fatores que levam à satisfação no

trabalho são denominados higiênicos e estes estão relacionados às condições em

que o trabalho é realizado. Já os fatores motivacionais estão diretamente

relacionados com a tarefa ou trabalho realizado, influenciando, assim, a

produtividade dos indivíduos (Quadro 5).

Quadro 5. Fatores Higiênicos e Motivacionais de Herzberg

FATORES MOTIVACIONAIS

(Satisfacientes)

FATORES HIGIÊNICOS

(Insatisfacientes)

CONTEÚDO DO CARGO

Como o indivíduo se sente em relação ao

CARGO

CONTEXTO DO CARGO

Como o indivíduo se sente em relação à

EMPRESA

1. Trabalho em si

2. Realização

3. Reconhecimento

4. Progresso profissional

5. Responsabilidade

1. Condições de trabalho

2. Administração da empresa

3. Salário

4. Relações com o supervisor

5. Benefícios e serviços sociais

Fonte: Adaptado de Silva (2007)

Herzberg apud Victor (1997) diz que os fatores higiênicos não são

suficientes para promover a motivação dos membros da organização, mas a

melhoria desses fatores servirá para remover as barreiras quanto à formação de

atitudes positivas em relação ao trabalho.

Em relação aos fatores motivacionais, Herzberg apud Victor (1997) identifica

como aqueles ligados diretamente à tarefa e à execução dela e são inerentes ao

trabalho. A realização profissional, o reconhecimento, o próprio trabalho, a

responsabilidade, a liberdade de criar e inovar são fatores que constituem o

fundamento da capacidade técnico-profissional de seus indivíduos. O próprio

indivíduo assume o controle do comportamento e a produtividade é medida

avaliativa do membro da organização.

62

Os estudos feitos por Herzberg apud Victor (1997) mostram que os fatores

capazes de produzir motivação no trabalho são independentes e distintos dos

fatores que conduzem à insatisfação no trabalho.

A análise de Herzberg apud Victor (1997) prioriza principalmente a natureza

dos cargos, que inicialmente é definida como a única preocupação de atender aos

princípios de eficiência e economia, o que leva a um esvaziamento dos

componentes de desafio e de oportunidade. Assim, as tarefas passam a provocar

um efeito de desmotivação. Os fatores de higiene podem evitar que o trabalhador se

queixe, mas não farão com que ele trabalhe de maneira mais eficiente. São efeitos

temporários.

4.1.3 A Teoria de Aldefer.

Clayton Alderfer em 1979 propõe uma teoria motivacional muito semelhante

ao modelo de Maslow. A teoria E.R.G (Existence, Relationship e Growing) sugere

uma hierarquia modificada com três níveis:

necessidades de existência;

necessidades de relacionamento;

necessidades de crescimento.

Para ele, inicialmente os empregados estão interessados em satisfazer as

necessidades de existência, as quais combinam fatores fisiológicos e de segurança.

No nível seguinte estariam as necessidades de relacionamento, que

envolvem ser compreendido e aceito por pessoas tanto no trabalho quanto

socialmente.

Por fim, as necessidades de crescimento envolvem tanto o desejo de

autorrealização quanto de autoestima.

Esse modelo consiste em que os três níveis estejam ativos a qualquer

momento e que uma pessoa insatisfeita em qualquer um dos dois níveis mais altos

pode retornar e concentra-se em um nível mais baixo.

63

Os três modelos são bem semelhantes entre si, no entanto com importantes

contrastes. Maslow e Alderfer preocuparam-se com as necessidades internas do

empregado, enquanto Herzberg diferenciou as condições do cargo que podem ser

promovidas para a satisfação das necessidades, conforme Figura 8.

Figura 8. Comparação dos Modelos de Motivação

APP o Fatores de LIZAÇÃO

Fonte: Davis, K. Wewstron, J. (1992).

Auto- realização e satisfação

Auto-estima e reconhecimento

Proteção e Segurança

Pertencer ao grupo e necessidades sociais

Necessidades físicas

Trabalho em si Realização Possibilidade de crescimento

Salário

Políticas administrativas da companhia Segurança no trabalho Condições de trabalho

Relacionamento com supervisores Relacionamento com colegas Relacionamentos com subordinados Qualidade do supervisor

Processo Reconhecimento Status

Crescimento

Relacionamento

Existência

Modelo da hierarquia de

Maslow

Modelo de motivação-manutenção de

Herzberg

O modelo de E.R.G de

Alderfer

64

Para Bergamini (2008), nenhum desses modelos tentou explicar por que e

como, nem desvendar a dinâmica que caracteriza os processos motivacionais.

Bergamini salienta:

É imprescindível que se conheça o maior número possível de explicações

para que se tenham meios de compreender o comportamento humano

dentro de uma gama maior de circunstancias de vida. Isto quer dizer que a

motivação enquanto faceta típica dos comportamentos individuais precisa

ser examinada da forma mais ampla possível, evitando pretender que um só

tipo de explicação esgote a sua própria natureza. (Bergamini, 2008: 77).

Davis (1992) diz que modelos de motivação são baseados no pensamento e

sentimento, por isso são conhecidos também como teorias cognitivas (ou de

conteúdo).

A maior dificuldade desses modelos de motivação consiste no fato de que as

necessidades das pessoas não podem ser diretamente observadas pelos

administradores ou medidas com precisão para facilitar o direcionamento das ações.

4.1.4 A Teoria das Necessidades Tríade de Realização – Poder – Afiliação, de McClelland

Dentro das teorias de motivação contemporâneas está a teoria Tríade

Realização-Poder-Afiliação, de MecClelland,(1972) bastante aplicada ao estudo do

clima organizacional, o que justifica uma análise mais acurada dentro desta

dissertação.

DuBrin (2006: 115) destaca que, conforme MecClelland e seus associados,

os indivíduos aprendem ou adquirem certas necessidades baseados em sua cultura,

que é fortemente influenciada por fatores como família, religião, grupos de colegas e

até mesmo televisão. Quando uma necessidade é verdadeiramente forte, os

indivíduos se engajam para realizá-la.

DuBrim (2006: 116) assim define as três necessidades-chave realização,

poder e afiliação:

65

a) A Necessidade de Realização

É a necessidade e o desejo de conseguir algo difícil por seus próprios

méritos. As pessoas que possuem a necessidade de realização procuram se

destacar em seus cargos e veem a questão de recompensas financeiras apenas

como um retorno da sua capacidade e uma demonstração de como estão se saindo

bem em seu desenvolvimento profissional.

Conforme Robbins (2004: 50), McClelland descobriu que as pessoas com a

necessidade de realização se diferenciam pelo desejo de fazer melhor as coisas.

Procuram situações de responsabilidade para encontrar soluções rápidas dos

problemas, com o objetivo de receberem feedbacks de seu desempenho.

Preferem enfrentar desafios e assumir riscos, mesmo que sejam de

fracassos, o resultado será por conta da sorte ou da ação de outras pessoas,

gostam de trabalhar com a probabilidade de 50% de sucesso e fracasso, não

gostam de trabalhar quando o fracasso é iminente, mas também não se interessam

por situações controladas, com alta probabilidade de sucesso, o fácil não desafia,

conforme Robbins (2004: 50).

De modo geral, gostam de desenvolver negócios, atividades e programas.

b) A Necessidade de Poder

Conforme DuBrim (2006: 116), baseado na teoria de McClelland, é a

necessidade que as pessoas têm de controlar outras pessoas, o desejo de ser

responsável por elas e de influenciar em seus comportamentos.

Gostam de prestígio e de estar no comando, a situação de status pode ser

maior que o despenho eficaz Robbins (2004: 50), no entanto é um motivador básico

dos executivos de sucesso.

De acordo com McClelland, apud Hitt (2007: 168), existem dois tipos de

necessidade de poder: o que é direcionado para o bem da organização (poder

institucional) e o que é direcionado para si próprio (poder pessoal). Pessoas com alta

necessidade de poder institucional são altruístas, preocupam-se com o

funcionamento da organização, enquanto que as têm necessidade de poder pessoal

pensam em influenciar as pessoas para o seu bem próprio.

66

Hitt (2007: 168) diz que curiosamente o poder institucional é mais importante

para o sucesso gerencial que a necessidade de realização, pessoas com alto nível

de poder de realização possuem dificuldade de delegar e exigem contrapartidas de

curto prazo.

c) A Necessidade de Afiliação

DuBrim (2006: 116), ainda baseado na teoria de McClelland, estabelece que

a necessidade afiliação é o desejo de estabelecer e manter um relacionamento

amigável e caloroso com os outros, as pessoas motivadas por esta necessidade

preocupam-se em restabelecer relacionamentos rompidos, amenizar ressentimentos

e procuram relacionamentos mais íntimos. Gerentes de sucesso têm pequenas

necessidades de afiliação, gerentes com necessidades extremamente básicas de

afiliação podem não demonstrar uma preocupação adequada com os outros.

Ainda segundo DuBrim (2006: 116), a teoria da necessidade adquirida tem

contribuído para identificar o desempenho gerencial. Muitos estudos têm

demonstrado que executivos bem sucedidos têm forte necessidade de poder,

empreendedores demonstram uma maior necessidade de realização.

4.1.5 A Teoria do Estabelecimento de Metas

DuBrim (2006: 118) comenta que o estabelecimento de metas é um

processo básico e faz parte direta ou indiretamente de todas as teorias, é uma forma

de melhorar e manter o desempenho.

Através de estudos, aponta DuBrim (2006: 118) que indivíduos a quem são

dadas metas difíceis têm um desempenho melhor do que aqueles a quem são

atribuídas metas fáceis, porém é necessário que para todos os indivíduos em que

foram apresentadas as metas tenham habilidades de aceitar e receber feedback.

Ainda para DuBrim (2006: 118), a premissa básica para esta teoria é que o

comportamento é regulado pelos valores e metas. Por metas entende-se o que uma

pessoa tenta realizar.

67

Seguem algumas descobertas, segundo DuBrim (2006: 118), sobre a Teoria

das Metas ou objetivos:

1. Metas específicas levam a um melhor desempenho do que metas

generalizas;

2. O desempenho geralmente aumenta na proporção direta da

dificuldade da meta;

3. Para que as metas melhorem o desempenho, é necessário que o

empregado as aceite;

4. As metas são mais eficazes quando usadas para avaliar o

desempenho;

5. As metas deveriam estar vinculadas a feedback e recompensas;

6. O estabelecimento de metas grupais é tão importante quanto o

estabelecimento de metas individual;

7. Uma orientação de metas de aprendizagem melhora mais o

desempenho do que a orientação de metas de desempenho.

4.1.6 A Teoria da Expectativa

Conforme Hitt (2007: 170), a Teoria das expectativas, proposta por Victor

Vroon, foi a primeira no reconhecimento dos efeitos de múltiplas fontes de

motivação. Segundo esta teoria, as pessoas consideram três fatores ao decidirem se

devem exercer esforço em direção às ações.

1. Expectativa – a probabilidade subjetiva de que o esforço acarretará

desempenho;

2. Instrumentalidade – a probabilidade subjetiva de que um determinado

nível desempenho acarretará certos resultados;

3. Valência – a satisfação esperada por um indivíduo, associada a cada

produto resultante do desempenho.

68

4.1.7 A Teoria da Equidade

Conforme Hitt (2007: 172):

Teoria da motivação que sustenta que a motivação é baseada na avaliação

feita por uma pessoa sobre a proporção de resultados ou recompensas

(pagamento, status) que ela recebe por sua contribuição no trabalho

(esforço, competência) comparada com a mesma proporção referente a

uma outra pessoa utilizada como paradigma.

Com base na definição acima, esta teoria de J. Stacey Adams é baseada na

avaliação que uma pessoa faz sobre a proporção entre remuneração ou as

recompensas, após as comparações as pessoas formam percepções de equidades

e fazem as escolhas sobre as ações a serem tomadas.

Ainda para Hitt (2007: 173), se as pessoas percebem algum tipo de

desigualdade procuram reduzi-las:

1. Aumentando ou diminuindo esforços;

2. Modificando a recompensa para seu trabalho;

3. Distorcendo as percepções sobre seus esforços e sua recompensa;

4. Distorcendo os esforços ou as recompensas da outra pessoa que

está sendo objeto de comparação;

5. Trocando as pessoas com quem estão se comparando;

6. Deixando a organização.

Um fator interessante levantado por Hitt (2007: 174) é que as percepções de

desigualdade nem sempre são desfavoráveis ou levam a uma menor motivação se o

indivíduo perceber que houve imparcialidade nos processos, ou seja, justiça nos

procedimentos, que é o grau que as pessoas acreditam que os procedimentos de

recompensas são imparciais, as pessoas se mostram menos propensas a

apresentar reações negativas.

69

Quadro 6. Práticas de Motivação Resultantes das Teorias de Motivação

Teoria da Motivação

PRÁTICAS MOTIVACIONAIS

Encontrar Recompensas

Individuais Significativas

Vincular Recompensas

ao Desempenho

Remodelar o Trabalho

Fornecer Contrapartidas

Esclarecer Expectativas e Objetivos

Hierarquia das

necessidades Maslow Alderfer

X

X

X

Necessidades de

MecClelland

X

X

X

X

X

Teoria dos dois fatores de Herzberg

X

Teoria da Expectativa

X X X X

Teoria da Equidade

X X X X

Teoria da Fixação dos

Objetivos

X

X

X

Fonte: Hitt (2007: 178)

4.2 Motivação no Ambiente de Trabalho

A motivação no contexto organizacional envolve diretamente o

relacionamento entre líderes e seguidores Aguilar (1999).

Atualmente, de acordo com Coda:

... a motivação, na prática, continua sendo enfocada com simplicidade e

muito maior atenção esse assunto recebe quando se identifica que as

pessoas estão desmotivadas em seu trabalho. Fala-se até mesmo que as

motivações estão em ―crise‖ e isto tem levado à busca quase desesperada

de receitas, fórmulas ou novas técnicas para manter os indivíduos

motivados no exercício de suas atividades que acabam transformando-se,

na melhor das hipóteses, em modismo. Coda (1997, p. 94-95).

70

Estudos realizados a respeito de liderança apontam que a grande maioria

dos chefes conhecidos como autoritários não conseguem um ambiente de trabalho

em que as pessoas se sintam propensas a criar, impedindo, assim, a descoberta de

maneiras inéditas e melhorias contínuas da realização dos trabalhos, assim como

resolver os mais variados tipos de problemas.

Para Bergamini (1990):

A grande preocupação não deve ser a de buscar aquilo que dever ser feito

para motivar as pessoas, mas deve estar particularmente orientada no

sentido da busca de estratégias que visam desmotivar aqueles que

chegaram motivados para o primeiro dia de trabalho. (Bergamini, 1990: 37)

Deve-se levar em consideração a existência das diferenças individuais e

culturais entre as pessoas quando se fala em motivação. Esse diferencial afeta

significativamente a interpretação de um desejo e o entendimento de como as

pessoas agem na busca de seus objetivos.

Segundo Drucker (1991), uma das maneiras de obter motivação no trabalho

é criar objetivos e metas tangíveis, verificáveis e mensuráveis, sendo todas

perfeitamente compreendidas pelos funcionários.

Alguns processos podem ser desenvolvidos para que a motivação interna na

empresa venha a contribuir para a melhoria dos resultados:

a) metas: criar mecanismos de premiação do funcionário que supera as

metas estipuladas, desde que essas não sejam inatingíveis;

b) premiações: premiar os funcionários como mérito de seus esforços,

sendo esta, não necessariamente em dinheiro, mas viagens,

eletrodomésticos, um dia de folga etc.;

c) feedback: serve como instrumento que pode mostrar em que o

funcionário pode melhorar. No processo de desenvolvimento da

competência interpessoal representa um agente para mudanças de

comportamento;

71

d) sistemas de recompensa: a maioria das teorias sobre motivação

demonstra que as pessoas são motivadas por necessidades/objetivos

específicos. As recompensas pela satisfação delas são as mais variadas

possíveis, dependendo das necessidades a serem satisfeitas.

Em termos organizacionais, os sistemas de recompensas podem servir ao

propósito de atrair, motivar e reter pessoas.

Segundo Herzberg apud Victor (1997), as práticas que geram motivação na

empresa são observadas no quadro ilustrativo a seguir:

Quadro 7. Práticas Administrativas que Geram Motivação

PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS FATOR MOTIVADOR

Eliminar alguns controles, mas manter a

obrigatoriedade de prestar contas.

Responsabilidade e realização pessoal.

Aumentar a obrigatoriedade de cada empregado,

prestar contas de seu próprio trabalho.

Responsabilidade e reconhecimento.

Dar a uma pessoa uma unidade natural completa

de trabalho (módulo, divisão, área).

Responsabilidade, realização e

reconhecimento.

Conceder mais autoridade a um empregado em

sua atividade; liberdade no cargo.

Responsabilidade, realização e

reconhecimento.

Fornecer relatórios periódicos diretamente ao

empregado e não ao supervisor.

Reconhecimento interno.

Acrescentar tarefas novas e mais difíceis, não

executadas anteriormente. Atribuir tarefas

específicas ou especializadas a cada um dos

empregados, permitindo-lhes que se tornem

especialistas.

Desenvolvimento e aprendizagem.

Responsabilidade, desenvolvimento e

progresso.

Fonte: Herzberg (1975: 61).

O sucesso dessas práticas dependerá das particularidades de cada

organização e das pessoas que fizerem parte integrante dela.

72

Na atualidade, um dos maiores desafios das organizações consiste em

saber como lidar com as pessoas, individualmente ou em grupos, de forma a extrair

delas o melhor desempenho com o mínimo de desgastes possível.

Herzberg apud Victor (1997) chegou à conclusão de que os fatores

responsáveis pela satisfação profissional são totalmente desligados e distintos dos

fatores pela satisfação profissional: o oposto de satisfação profissional não seria

insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional; e da mesma maneira, o

oposto de insatisfação profissional seria nenhuma insatisfação profissional e não

satisfação, conforme Quadro 8.

Quadro 8. Fatores de Satisfação e Insatisfação no Trabalho

Fonte: Adaptado de Silva (2007)

Os fatores motivacionais influenciam diretamente no comportamento do

indivíduo e consequentemente no seu desempenho dentro da organização alterando

assim o clima organizacional.

FATORES HIGIÊNICOS

FATORES MOTIVACIONAIS

Nenhuma Satisfação

Maior

Insatisfação

Nenhuma

Insatisfação

Maior

Satisfação

Quando Precários

Quando Excelentes

73

4.3 Motivação e Clima Organizacional

Motivar pessoas a atingir elevados padrões de desempenho organizacional

é hoje uma questão de sobrevivência das organizações em um mundo de negócios

altamente mutável e competitivo, conforme Coda (1997).

Ainda para Coda (1997), a conquista da motivação deve ser diária, pois o

resultado será consequência da forma como as pessoas foram vistas ou tratadas. É

nesse ponto que as organizações devem atuar, buscando, através de suas técnicas,

traçar estratégias de interação entre todos os setores, elaborar análises

comportamentais, acompanhar descritivos de atividades etc. Somente o indivíduo

motivado está disposto a se comprometer com os objetivos da empresa.

Nesse sentido, a motivação constitui uma das preocupações de gestores e

lideres de uma organização. Quando há elevada motivação entre os indivíduos, o

clima organizacional tende a ser alto e proporciona relações de satisfação, de

animação, de interesse e de colaboração entre os participantes. Todavia, quando há

baixa motivação entre os membros, seja por frustração ou por barreiras à satisfação

das necessidades individuais, o clima organizacional tende a baixar.

Conforme Coda (1997), o clima organizacional atinge o colaborador

diretamente no que diz respeito à percepção que ele tem da empresa, induzindo a

um determinado comportamento. É o reflexo da cultura da organização como um

todo.

Sendo assim, para Coda (1997), a pesquisa de clima organizacional se torna

primordial nos dias atuais e deve sempre estar coerente com o planejamento

estratégico da organização e contemplar questões de diferentes variáveis

organizacionais e motivacionais tais como:

O trabalho em si - procura-se conhecer a percepção e a atitude das pessoas

em relação ao trabalho, horário, distribuição, suficiência de pessoal etc.

Integração setorial e interpessoal - avalia o grau de cooperação e o

relacionamento existente entre os funcionários e os diversos departamentos

da empresa.

74

Salário - analisa a existência de eventuais distorções entre os salários

internos e eventuais descontentamentos em relação aos salários pagos por

outras empresas.

Estilo gerencial - aponta o grau de satisfação do funcionário com a sua

chefia, analisando a Qualidade de supervisão em termos de competência,

feedback, organização, relacionamento etc.

Comunicação - buscar o conhecimento que os funcionários têm sobre os

fatos relevantes da empresa, seus canais de comunicação etc.

Desenvolvimento profissional - avalia as oportunidades de treinamento e as

possibilidades de promoções e carreira que a empresa oferece.

Imagem da empresa - procura conhecer o sentimento das pessoas em

relação à empresa.

Processo decisório - esta variável revela uma faceta da supervisão, relativa

à centralização ou descentralização de suas decisões.

Benefícios - apura o grau de satisfação com relação aos diferentes

benefícios oferecidos pela empresa.

Condições físicas do trabalho - verifica a Qualidade das condições físicas

de trabalho, as condições de conforto, instalações em geral, riscos de

acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Trabalho em equipe - mede algumas formas de participação na gestão da

empresa.

Orientação para resultados - verifica até que ponto a empresa estimula ou

exige que seus funcionários se responsabilizem efetivamente pela

consecução de resultados.

Dessa forma Coda salienta:

O clima organizacional reflete, então, uma tendência ou inclinação a

respeito de que até que ponto as necessidades da organização e das

pessoas que dela fazem parte estariam efetivamente sendo atendidas,

sendo esse aspecto um dos indicadores da eficácia organizacional. A

Pesquisa de Clima Organizacional é o instrumento pelo qual é possível

75

atender mais de perto às da organização e do quadro de funcionários a sua

disposição, à medida que caracteriza tendências de satisfação ou de

insatisfação, tomando por base a consulta generalizada aos diferentes

colaboradores da empresa. Caso surjam necessidades criticas em termos

de atendimento, um Programa de Ação pode ser delineado para dar inicio a

medidas que, nesse caso, apresentariam um forte cunho estratégico, por

tentar considerar as variáveis comportamentais relevantes a situação,

(Coda, 1997: 99).

Portanto, a importância do estudo do clima nas organizações justifica-se

pela própria eficácia organizacional que pode ser aumentada pela criação de um

clima organizacional que satisfaça as necessidades de seus membros, canalizando

esse comportamento motivador na direção dos objetivos organizacionais, criando

assim um clima de realização.

Dentro da visão de clima organizacional, Litwin (1968), mais tarde

aperfeiçoado por Kolb (1978), foi proposta uma análise de clima organizacional

baseado nos fatores motivacionais de McClelland (1972). O quadro a seguir propõe

os fatores de clima organizacional propostos por Kolb (1978), relacionados com as

necessidades de motivação de McClelland (1972).

Quadro 9. Indicadores de Clima Organizacional relacionados a Motivação

MOTIVAÇÃO INDICADOR DE CLIMA

Poder Conformismo

Liderança

Realização

Responsabilidade

Padrões

Clareza

Afiliação Recompensas e Calor Humano

76

CAPÍTULO V ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo tem por finalidade a descrição da pesquisa realizada, no que

se refere à metodologia aplicada e à descrição do instrumento utilizado para a coleta

de dados, considerando a questão de pesquisa:

“Qual é o clima organizacional apresentado pelos departamentos de

contabilidade nas empresas de grande porte e qual é a percepção que o

contabilista tem do clima da organização? Como este clima reflete na sua

motivação?”

O desenvolvimento da metodologia de pesquisa abrangeu:

A) Os objetivos estabelecidos no trabalho científico;

B) Os procedimentos para análises;

C) A abordagem do problema.

Estes fatores serão comentados a seguir.

5.1 DELINEAMENTO DE PESQUISA QUANTO AOS OBJETIVOS, PROCEDIMENTOS E

ABORDAGEM

Em função dos objetivos desta dissertação, a pesquisa é de natureza

descritiva, baseada em pesquisa bibliográfica, com coleta de dados através de

questionários, visando um diagnóstico da questão de pesquisa. Entretanto, tendo em

vista que a área de investigação é algo novo e vago e que houve a necessidade de

exploração para saber mais sobre o problema de pesquisa e assim compreendê-lo,

conforme Cooper e Schindler (2003, p. 131) a metodologia também pode ser

exploratória. Enfim, a metodologia de pesquisa deste trabalho foi descritiva e

exploratória.

Quanto aos procedimentos adotados inicialmente foi desenvolvida uma

pesquisa bibliográfica em materiais já elaborados, principalmente Teses,

Dissertações, além de livros relacionados ao tema em base de dados nacionais e

internacionais.

77

Foi elaborado um questionário, utilizando método de Kolb (apud Gomes,

2002), que se refere a clima e motivação. Kolb (1978) propõe que para a escolha de

uma estrutura organizacional deve ser considerada a interação entre as seguintes

variáveis:

Pessoas dentro da organização, suas capacidades e seus motivos;

Tarefas organizacionais e os tipos de comportamento necessários para a

realização dessas tarefas;

Ambiente externo à organização;

Clima organizacional determinados pelos estímulos de liderança e pela

estrutura das organizações.

A escala de Kolb (1978) mede o tipo de clima dominante numa organização,

através de um questionário que abrange as seguintes dimensões: conformidade com

as normas, responsabilidade, padrões de desempenho, recompensas, clareza dos

objetivos organizacionais, calor humano, apoio e por fim liderança.

Em se tratando de abordagem do problema, o presente trabalho demanda a

abordagem quantitativa, no aspecto que os dados e informações foram traduzidos

para números ou quantidades e as relações e paralelos obedecem às regras da

matemática e estatística, com ênfase no qualitativo sobre o quantitativo.

5.2 A Elaboração do Instrumento de Pesquisa

O questionário, um dos instrumentos utilizado na pesquisa, foi dividido em

três tópicos: o primeiro trata dos Dados da Instituição, cuja identificação é opcional;

este tópico tenta identificar a natureza e o ramo de atividade em que o respondente

trabalha; o segundo tópico identifica o perfil do respondente, ou seja, do profissional

contábil; o terceiro e último para identifica a percepção do respondente, quanto às

características do clima organizacional.

De acordo com Santos (1998) os pontos fortes da utilização do questionário

é que abrange uma população bem maior, envolvendo custos e tempo menores.

78

Como dito anteriormente, para a construção do questionário foi utilizada a

metodologia de Kolb (1978), abrangendo os sete fatores de clima organizacional. O

método de Kolb (1978) foi utilizado devido ao fato de já ter sido utilizado em

pesquisas científicas no Brasil e ter se revelado um instrumento válido para retratar o

clima motivacional dos participantes e das organizações.

Com base nos sete fatores da Escala de Kolb (1978) apresentados na tabela

a seguir, foram desenvolvidas 28 questões distribuídas aleatoriamente, para não

influenciar nas respostas e para melhor analisar itens motivacionais e de lideranças,

os fatores de conformidade, responsabilidade e liderança receberam um maior

número de questões. A seguir verifica-se uma tabela com a distribuição das

questões aplicadas no questionário.

Quadro 10. Questões Contidas nos Fatores de Kolb

FATORES QUESTÕES

Conformidade 1, 8,14, 23, 25

Responsabilidade 12, 2, 21, 27

Padrões 3, 9, 15,

Recompensas 4, 10, 16

Clareza 11, 5, 17

Apoio e Calor Humano 6, 18, 19

Liderança 7, 13, 20, 22, 24, 26, 28

Fonte: Adaptado de Santos (2000).

Foi proposta uma escala de quatro pontos ao respondente para que ele

tivesse a liberdade de optar por aquela que melhor se enquadrasse ao contexto que

vivencia dentro do Departamento de contabilidade e a sua opinião pode ser

mensurada como segue:

a. Nunca ocorre

79

b. Raramente ocorre

c. Frequentemente ocorre

d. Sempre ocorre

As respostas foram tabuladas atribuindo-se indicadores de grau de

satisfação em que cada questão pode variar de {-3 a 3} ; os resultados estatísticos

serão analisados no próximo capítulo.

Ainda quanto ao procedimento, os dados foram coletados por meio de

questionários enviados por endereço eletrônico para os departamentos de

contabilidade de 50 empresas de grande porte estabelecidas no Estado de São

Paulo. Essas empresas foram selecionadas através da carteira de clientes de uma

empresa multinacional, com sede na Suíça, presente em mais de 60 países, líder em

seu segmento na gestão de mão de obra.

Nas empresas selecionadas o departamento de contabilidade possui em

média cinco pessoas, cujos cargos geralmente são:

Controller;

Gerente ou Supervisor Contábil;

Analista Contábil Sênior;

Analista Contábil Pleno;

Analista Contábil Jr.;

Estagiário em Ciências Contábeis.

Foram encaminhados por endereço eletrônico cerca de 250 questionários

aos contabilistas que trabalham em departamento de contabilidade das empresas

selecionadas, compondo assim o total da amostra desta pesquisa.

O uso do questionário é um instrumento que se enquadra dentro do estudo

de campo, que conforme Santos (1999) possui potencialidades tais como:

Realismos e significância;

Flexibilidade em considerar hipóteses alternativas;

Proximidades com os fenômenos sociais e organizacionais;

Riqueza de informações para testes.

80

Porém apresenta fraquezas como:

Não consideração de fatores condicionantes;

Mensurações aproximadas e consequentemente imprecisas;

Redução de profundidade das mensurações e do tamanho da

amostra;

Forte dependência da cooperação de pessoas (respondente)

Em nenhum momento era preciso se identificar para responder ao

questionário, nem mesmo a empresa a que pertencia, porém a maior dificuldade da

pesquisa foi obter as respostas ao questionário. Apenas 50 pessoas responderam a

ele, a representatividade das respostas é de aproximadamente 20% da amostra

levantada, o que a torna válida.

O Quadro 11 demonstra o ramo de atividade das empresas selecionadas, a

quantidade de questionários enviados e recebidos.

Quadro 11. Quantidades de Questionários Enviados e Recebidos

N.º Ramo Porte Enviadas Recebidas

1 indústria de diversos produtos Grande 5 0

2 automação industrial Grande 7 0

3 comércio de máquinas Grande 7 2

4 tecnologia industrial Grande 2 0

5 fertilizantes orgânicos Grande 6 0

6 gases industriais Grande 5 0

7 soluções tecnológicas em energia solar Grande 8 2

8 transporte de veículos Grande 3 1

9 Cosméticos Grande 8 1

10 indústria farmacêutica Grande 6 1

11 tecnologia Grande 9 0

12 Engenharia Grande 5 0

13 consultoria, tecnologia e outsourcing Grande 5 2

14 tecnologia (informática) Grande 6 2

15 comércio de tecnologia Grande 4 2

16 instituição financeira Grande 10 4

17 indústria química Grande 3 0

18 outsourcing de TI Grande 9 4

19 alimentícia Grande 2 0

20 serviços e equipamentos de geração de energia Grande 8 2

81

21 alimentícia Grande 4 0

22 hotelaria Grande 5 2

23 produção e comercialização de caminhões e ônibus Grande 6 2

24 leasing operacional de veículos Grande 3 1

25 soluções e inovações tecnológicas Grande 5 0

26 engarrafadora e distribuidora de gás Grande 5 0

27 editora e distribuidora de livros Grande 3 0

28 resseguradora Grande 4 2

29 seguradora Grande 3 1

30 petróleo e derivados Grande 2 0

31 provedor de soluções em comunicação empresarial Grande 4 2

32 cosméticos Grande 6 1

33 fabricação de produtos para higiene pessoal Grande 6 1

34 logística e transporte para indústria farmacêutica Grande 3 1

35 construtora e incorporadora Grande 3 1

36 gerenciamento de informações Grande 4 2

37 soluções de engenharia Grande 3 2

38 automotiva Grande 5 0

39 indústria de produtos de higiene e saúde Grande 7 0

40 produtos metalúrgicos Grande 5 0

41 energia e petroquímico Grande 6 0

42 pesquisa de mercado Grande 7 4

43 desenvolvimento de tecnologia Grande 6 2

44 fabricação de meios de corte a laser Grande 3 0

45 indústria alimentícia, higiene pessoal e limpeza Grande 4 0

46 máquinas e equipamentos para petróleo e produção de gás Grande 5 0

47 produção de papel e celulose Grande 2 0

48 gases industriais e medicinais Grande 4 0

49 alimentícia Grande 3 0

50 seguradora Grande 6 3

No Quadro 12, as empresas foram classificadas pelo ramo de atividade,

conforme respostas dos respondentes, está informação também é permitida, através

do Gráfico 1.

Quadro 12. Envio de Questionários por Ramo de Atividade

Quantidade Ramo Enviados Recebidos

31 Indústria 161 10

16 Prestação de Serviços 68 30

2 Comércio 11 4

1 Instituição Financeira 10 6

Total 250 50

82

Gráfico 1 – Quantidade de Questionários por Ramo de Atividade

Após o envio dos questionários pelos respondentes, também por endereço

eletrônico, os dados foram tabulados e serão apresentados no próximo capítulo.

A Figura 9 elucida melhor o procedimento da realização de pesquisa e as

etapas já mencionadas.

83

Figura 9. Etapas da realização da Pesquisa

A análise do clima organizacional dos departamentos contábeis, a

percepção que o contabilista possui do clima organizacional da empresa e se este

influencia em sua motivação, foi realizada através dos questionários respondidos e

analisados.

Para Luz (2003), a pesquisa de clima organizacional é a maneira mais eficaz

de avaliar e identificar o clima organizacional de uma organização. Ora, não seria

diferente para verificar se o mesmo pode sofrer variações isolando apenas um

departamento, qual seja, o departamento de contabilidade da empresa.

Através do questionário procurou-se conhecer mais que o clima

organizacional da empresa, e sim o clima organizacional de um departamento

específico, o Departamento de Contabilidade, composto por pessoas com a mesma

formação acadêmica e que realizam trabalhos afins. Todavia, o questionário buscou,

através de perguntas específicas, conhecer qual a percepção que os contabilistas

têm do clima da organização e assim verificar se isto pode influenciar em sua

Motivação.

3. Tabulação dos

dados

4. Apresentação dos resultados obtidos

através dos

questionários

1. Formulação do

questionário

2. Envio do

questionário aos departamentos de

contabilidade

84

Dentro desse contexto o questionário, segundo Ferreira (1998), é o método

mais aceito para diagnosticar o clima organizacional e mais que isto diagnosticar

respostas aos problemas de pesquisas como exposto acima, as perguntas são

direcionadas para produzirem respostas curtas, otimizando a coleta de informações.

Antes da aplicação do questionário utilizado neste trabalho foi elaborado um

pré-teste, que foi direcionado basicamente para a mesma população do questionário

efetivo, dos quais houve a resposta de 17 pessoas dos departamentos de

contabilidade pesquisados.

A realização do pré-teste teve o objetivo de verificar a aceitação da amostra

às perguntas do questionário, a clareza das informações e se os fatores de Kolb

(1978) teriam aderência para a mensuração e análise da problemática de pesquisa.

Constatou-se em análise posterior que várias correções deveriam ser feitas,

principalmente na estruturação das questões do questionário aos fatores de Kolb

(1978). Para a correção do questionário contou-se com os amplos conhecimentos da

Doutora Neusa Maria Bastos F. Santos, orientadora deste trabalho, que ajudou na

adequação das questões. Outro aspecto de correção refere-se a não colocar o

respondente em situações consideradas pessoais, ameaçadoras e de ego, conforme

Copper e Schindler (2003: 292).

Foram novamente contatadas as empresas selecionadas para explicar a

necessidade do envio de um novo questionário, agora em versão final, cuja análise

dos dados será comentada no próximo capítulo.

5.3 Definições

É importante esclarecer que para atender os objetivos do trabalho —

conhecer o clima organizacional do departamento de contabilidade — e saber mais

do contabilista existem objetivos restritos que são o de avaliar a influência de

algumas variáveis de estudo na percepção do clima do contabilista e da sua

motivação. Para isto foram estudas as variáveis abaixo com breves definições:

1. Gênero masculino e feminino;

2. Cargo ocupado:

85

o Controller – O cargo de controller reúne as atribuições de administrar,

gerir e controlar os departamentos financeiros e administrativos das

empresas tais como: contas a pagar e receber, contabilidade, custos,

fiscal etc.

o Gerente ou Supervisor Contábil – corresponde geralmente às

atribuições mais amplas envolvendo sempre os trabalhos de

supervisão e coordenação;

o Analista Contábil Sênior – É o profissional que já possui larga

experiência na área contábil e desenvolve com senioridade todos os

trabalhos do departamento inclusive assessorando os demais

membros do departamento;

o Analista Contábil Pleno – Possui conhecimento pleno das atividades

desenvolvidas, porém não da totalidade das atribuições do

departamento;

o Analista Contábil Júnior – Geralmente são profissionais em início de

carreira que, por isso, possuem pouca experiência na área, devendo

ser coordenados para execução de seus trabalhos.

o Estagiário contábil – É o estudante de contabilidade que dentro do

departamento de contabilidade encontra o ambiente propício para

desenvolver na prática os conhecimentos contábeis que está

estudando na faculdade.

3. Experiência Profissional – É a quantidade de anos em que o contabilista

atua na profissão, não apenas na empresa atual.

4. Ramo de Atividade da empresa em que o respondente está atualmente –

No questionário foi informado indústria, instituição financeira, comércio e

prestação de serviço.

5. Nível de Escolaridade – É a formação acadêmica do contabilista, o

objetivo é saber se ele está cursando a gradução em contábeis, se é

graduado, cursando pós-graduação ou se já possui pós-graduação.

86

Mesmo sabendo que as definições de clima organizacional já foram

amplamente estudadas, é importante ressaltar mais uma vez uma das definições de

clima organizacional.

De acordo com Ferreira et al. (1998: 310)

―O conceito de clima organizacional é algo instável no tempo; hoje, um

indivíduo pode interpretar de determinada maneira o seu ambiente de

trabalho e, amanhã, alterar essa interpretação. Não uniforme numa

organização, departamento ou nível hierárquico: o clima percebido pelos

quadros pode ser diferente do percebido pelos operários, o clima percebido

pelo departamento de vendas‖.

Para um melhor entendimento, algumas definições, conforme Santos (1997)

devem ser consideradas:

a) Clima Organizacional Atual ou Real: é a opinião que o individuo tem de

como se manifesta na organização o conjunto de fatores, definidos pela

escala de Clima Organizacional aplicada no instante que o questionário

está sendo respondido.

b) Clima Organizacional Desejado ou Ideal: o individuo manifesta sua

opinião de como ele gostaria que se manifestasse na organização o

clima organizacional definidos pela escala de fatores definidos, no

momento em que ele responde o questionário.

c) Insatisfação: o grau de insatisfação é medido pela diferença entre os

escores obtidos com o clima atual e o ideal. Quanto menor a diferença

entre eles, menor o grau de insatisfação com o clima.

87

5.4 Hipóteses

Para elucidação do problema de pesquisa foram propostas as hipóteses

relacionadas a seguir, que também foram apresentadas na introdução deste

trabalho:

Hipótese 1: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos de sexo diferente no departamento de contabilidade.

Hipótese 2: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

pessoas que ocupam cargos diferentes dentro do departamento de contabilidade.

Hipótese 3: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que possuem mais experiência profissional no departamento de

contabilidade.

Hipótese 4: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que trabalham em departamento de contabilidade de organizações que

atuam em ramos de atividade diferente.

Hipótese 5: Existe diferença na percepção das variáveis de clima entre

indivíduos que possuem escolaridade diferente e trabalham no departamento de

contabilidade.

A justificativa para a escolha inicialmente destas hipóteses está elencada a

seguir:

1. As hipóteses 1, 2, 3 e 5 são hipóteses já testadas em outros trabalhos

realizados de clima organizacional, inclusive no trabalho elaborado

por Santos (2000: 142);

2. A hipótese 4, apesar de não ter evidência de ter sido testada em

outros trabalhos, é uma hipótese relevante, uma vez que toda

empresa possuiu um ramo de atividade;

3. As hipóteses testadas quando submetidas ao modelo estatístico

apresentado no item 6.2, a um nível de significância de 5%, foram as

hipóteses que mais confirmaram terem efeito na percepção do clima,

com base na amostra estudada.

88

CAPÍTULO VI ANÁLISE E RESULTADOS

Este capítulo trata da análise apresentação dos resultados obtidos através

da pesquisa realizada junto aos departamentos de contabilidade em empresas de

grande porte.

As respostas do questionário, instrumento utilizado na pesquisa, serão

analisadas sobre três aspectos: inicialmente quanto ao perfil do respondente;

posteriormente quanto aos testes de hipóteses descritas no capítulo anterior; por

último quanto à motivação.

Entretanto, antes de iniciar as análises sobre os aspectos apresentados é

importante informar que o questionário foi direcionado a empresas privadas e

públicas, com 96% e 4%, respectivamente dos respondentes pertencentes a estas

naturezas jurídicas. Quanto ao ramo de atividade, 60% dos respondentes pertencem

a empresas de prestação de serviço, 20% à indústria, 12% a instituições financeiras

e 8% a comércio, como pode ser observado no Quadro 13.

Quadro 13. Frequência por Natureza Jurídica/Ramo de Atividade

Natureza Jurídica / Ramo de Atividade

Frequências por Natureza Jurídica

Frequências Totais Particular Pública

Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa

Prestação de Serviço 28 56% 2 4% 30 60%

Indústria 10 20% 0 0% 10 20%

Instituição Financeira 6 12% 0 0% 6 12%

Comércio 4 8% 0 0% 4 8%

Totais 48 96% 2 4% 50 100%

6.1 ANÁLISE DOS DADOS REFERENTE AO PERFIL DO RESPONDENTE

Quanto à análise do perfil do respondente os resultados a seguir referem-se

à faixa etária, gênero, regionalidade, etnia, nível de escolaridade, tempo de

experiência profissional, cargo ocupado, tempo de casa e religião.

89

Os resultados são apresentados através de gráficos e correspondem ao

percentual de questionários respondidos.

6.1.1 Faixa Etária

Como pode ser observado no Gráfico 2, 42% dos entrevistados estão na

faixa de 36 a 45 anos, 38% entre 26 e 35 anos, 16% entre 18 e 25 anos e apenas

4% acima de 45 anos. Pela amostra percebe-se que os departamentos de

contabilidade são formados por profissionais jovens, o que afasta o mito de que este

departamento é composto por profissionais de mais idade.

Outro fator interessante é que na faixa de 26 a 45 anos, como pode ser visto

no item que trata sobre formação, são profissionais que já concluíram a faculdade,

fato este que revela que os departamentos contábeis destas empresas possuem

grande preocupação com a capacitação técnica de seus componentes.

O fato de o questionário ser direcionado às empresas de grande porte

demonstra que realmente tais empresas se preocupam com a qualificação de seus

colaboradores, o que não poderia ser diferente, haja vista as grandes mudanças que

a contabilidade tem vivenciado nos últimos anos, principalmente após a

promulgação da Lei 11.638/2007, que se intitula a Nova Lei das Sociedades

Anônimas.

Este dado, todavia, também revela o interesse dos jovens na profissão

contábil, de tempos em tempos o vestibular é um termômetro para avaliar as

profissões mais desejadas da atualidade. Apesar de a profissão contábil não figurar

como uma das primeiras é uma profissão sempre procurada pelo mercado.

A figura folclórica de guardadores de livros do passado através desta

pesquisa é substituída por profissionais que optaram pela profissão contábil por

entenderem ser uma profissão com campo de oportunidades não apenas para

jovens, mas para profissionais que se mantêm atualizados no mercado, como

poderá ser observado no quesito de formação profissional.

90

Gráfico 2 – Faixa Etária

16%

38%42%

4% 18 A 25 ANOS

26 A 35 ANOS

36 A 45 ANOS

ACIMA DE 45 ANOS

6.1.2 Gênero

Quanto ao gênero, 56% são femininos e consequentemente 44% masculinos

como apresentado no Gráfico 3, porém estes percentuais não foram sempre assim,

no passado a profissão contábil era tida como uma profissão exclusiva de homens,

contudo nas últimas décadas vem se percebendo a inserção feminina nos

departamento de contabilidade.

Atualmente, segundo o Conselho Federal de Contabilidade, a classe contábil

conta com aproximadamente 400 mil profissionais. Desses, as mulheres

representam 37% dos contabilistas no Brasil, formando um contingente de mais de

140 mil contabilistas em plena atividade (CFC: 2008).

As empresas têm ganhado com esta nova realidade, atualmente grande

parte dos departamentos de contabilidade é gerenciada por mulheres, que por sua

vez tem se revelado uma profissional capacitada, preocupada com a profissão e por

isso sempre atualizada no mercado, aproveitando de sua característica nata, que

inclui senso crítico, percepção de detalhes, força de vontade e até mesmo

sensibilidade, cada vez mais as mulheres têm ganhado o mercado de trabalho (CFC:

2008).

91

Gráfico 3 – Gênero

44%

56%

MASCULINO

FEMININO

6.1.3 Regionalidade

Conforme a amostra, 84% dos respondentes são nascidos na região

Sudeste, enquanto 16% pertencem à região Sul. As regiões Norte e Nordeste e

Centro-Oeste, conforme as respostas dos respondentes, não possuem nenhum

representante.

Não levando em consideração apenas a região de nascimento, a região

Sudeste é a que detém o maior número de contabilistas no Brasil e, dentre todos os

estados da Federação, um destaque especial para São Paulo.

A primazia do estado de São Paulo pode ser justificada não apenas pelo

desenvolvimento econômico ou pela quantidade de empresas, mas também por ter

sido o polo do ensino de contabilidade no país.

Iudícibus (2009: 36) destaca a Fecap - Fundação Escola de Comércio

Álvares Penteado, pelo provável pioneirismo no ensino da contabilidade e a

FEA/USP – Faculdade de Economia e Administração de São Paulo, pela excelência

de seus professores, ambas instituições sediadas em São Paulo.

92

A figura a seguir, extraída do site Canal Executivo, divulgou uma pesquisa

realizada pelo CFC - Conselho Federal de Contabilidade sobre a distribuição de

contadores e contadoras por região no Brasil.

Figura 10. Distribuição de contadores e contadoras por região

Região Norte Quantidade

Contadores 6.551

Contadoras 6.982

Total 13.533

Empresas 2.496

Região Centro-Oeste Quantidade

Contadores 10.989

Contadoras 7.673

Total 18.662

Empresas 7.505

Região Nordeste Quantidade

Contadores 17.338

Contadoras 13.223

Total 30.561

Empresas 10.829

Região Sudeste Quantidade

Contadores 65.022

Contadoras 39.479

Total 104.501

Empresas 26.529

Região Sul Quantidade

Contadores 25.127

Contadoras 15.963

Total 41.090

Empresas 19.665

Fonte: CFC julho 2008

93

Gráfico 4 – Regionalidade

16%

84%

SUL

SUDESTE

NORDESTE

NORTE

6.1.4 Etnia

Quanto ao aspecto etnia, 86% dos respondentes são brancos, 6% mestiços,

6% se determinam outras raças e apenas 2% negros.

Sem entrar no mérito de discriminação racial ou preconceito, que não é o

tema deste estudo, é relevante informar que apesar de homens e mulheres negras

no Brasil representarem 44,7% da população brasileira, conforme senso de 2000,

publicados no portal do IBGE, eles representam 70% dos 10% mais pobres do país

e consequentemente com menos acesso à educação, à formação e a uma carreira.

Nakayama (2007) menciona que, apesar de os negros estarem tendo

acesso ao ensino público, as políticas de inclusão à educação ainda são muitos

recentes para refletirem de uma forma mais eficaz na sociedade, no sentido de tirar

da pobreza quase a metade dos brasileiros, que na maioria são negros e mestiços.

94

Gráfico 5 – Etnia

6%

86%

2%6%

BRANCO

NEGRO

ASIATICO

MESTIÇO

OUTROS

6.1.5 Nível de Escolaridade

Para o nível de escolaridade verifica-se que 36% dos profissionais estão

cursando graduação em contabilidade e 22% cursam pós-graduação em contábeis.

Dentre os demais profissionais 14% possuem graduação em ciências contábeis,

18% pós-gradução em contábeis e 10% possuem formação em outra área

(Administração).

Levando em consideração os estudantes de contábeis, os que possuem

formação e os de pós-graduação, 78% dos entrevistados estão inseridos na

formação de contabilidade.

Ter conhecimentos conceituais e técnicos é primordial para o contador, mas

aliado a isso é preciso que ele adquira a capacidade de enxergar a empresa como

um todo, identificando sua missão, valores e principalmente o ambiente

socioeconômico em que ela está inserida.

As universidades têm um papel importante na formação profissional da área

contábil, principalmente em possibilitar ao profissional contábil a capacidade de

enfrentar uma sociedade em constante alteração dos pontos de vista tecnológico,

social, jurídico etc.

95

Neste contexto Carvalho (2002: 10), comenta que:

O fim do curso de graduação, por si só, não garante o sucesso profissional.

Muito pelo contrário, é o início de uma longa caminhada, que tem como

pressuposto básico a educação continuada. Afinal as empresas estão

procurando profissionais cada vez mais especializados, que possuam uma

visão generalista e sejam capazes de conectar fatos, acontecimentos em

várias áreas e ajudar as empresas na consecução dos seus objetivos.

Para Molina (2004), é inegável que a contabilidade preenche todos os

requisitos de ciência. Sendo assim, a formação dos novos contabistas deverá estar

em conformidade com a evolução da ciência, que no Brasil enfatiza cada vez mais a

clareza das informações.

Molina (2004) propõe que as disciplinas técnicas afins do curso de ciências

contábeis apoiem-se numa metodologia que viabilize o aprendizado, desenvolvendo,

assim, a visão corporativa no mundo dos negócios e assegurando que o futuro

contabilista se integre no contexto atual, no qual a tecnologia domina os ambientes

empresariais.

O contabilista com visão ampla saberá desenvolver ou interpretar modelos

integrando a tecnologia da informação ao seu trabalho.

As diretrizes atuais apontam para o domínio de competências e habilidades

inter e multidisciplinares. Esse domínio faz do contabilista um profissional generalista

dos mais conceituados e ao mesmo tempo um especialista em processos

administrativos financeiros.

Sendo assim, Molina (2004: 126) defende que não basta elencar um

amontoado de disciplinas e agrupá-las na matriz curricular. É necessário critério que

viabilize o perfil desejado.

As competências e habilidades desejadas dos formandos para o curso de

graduação em Ciências Contábeis, previstas no Parecer CES/CNE 146/2002 do

Ministério da Educação, são listadas por Molina (2004: 126):

Utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem próprias das Ciências

Contábeis e Atuariais;

96

Demonstrar uma visão sistêmica e interdisciplinar da atividade contábil;

Elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o desempenho eficiente

e eficaz de seus usuários, quaisquer que sejam os modelos organizacionais;

Aplicar adequadamente à legislação inerente as funções contábeis;

Desenvolver, com motivação e através de permanente articulação, a liderança

entre equipes multidisciplinares para a captação de insumos necessários aos

controles técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis, com

reconhecido nível de precisão;

Exercer suas funções com expressivo domínio das funções contábeis e

atuariais que viabilizem aos agentes econômicos e aos administradores de

qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno cumprimento de sua

responsabilidade quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação de

contas de sua gestão perante a sociedade, gerando também informações

para a tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores

orientados para a cidadania;

Desenvolver, analisar e implantar sistemas de informações contábeis e de

controle gerencial;

Exercer com ética e proficiência as atribuições e prerrogativas que lhe são

prescritas através da legislação específica, revelando domínios adequados

aos diferentes modelos organizacionais.

A aquisição destas competências e habilidades deverá ser muito bem

delineada no projeto pedagógico. Molina (2004: 139) apresenta os conteúdos

curriculares, agrupados em três blocos interligados:

I. Conteúdos de Formação Básica: estudos relacionados com outras

áreas do conhecimento, sobretudo Administração, Economia, Direito,

Métodos Quantitativos, Matemática e Estatística;

II. Conteúdos de Formação Profissional: estudos específicos atinentes

às Teorias da Contabilidade, além de suas relações com a Atuária, e da

Auditoria, da Controladoria e suas aplicações peculiares ao setor público e

privado;

III. Conteúdos de Formação Teórico-Prática: Estágio Curricular

Supervisionado, Atividades Complementares, Estudos Independentes,

97

Conteúdos Optativos, Prática em Laboratório de Informática utilizando

softwares atualizados para Contabilidade.

Segundo Molina (2004), deveria ter sido reservado um bloco de conteúdos

humanísticos onde seriam alocados estudos de ética, filosofia, sociologia, psicologia,

lógica, metodologia de pesquisa, dentre outros. O contabilsta é antes de tudo um

cidadão que deve se orientar pela ética e bons costumes na prática profissional,

sendo assim os conteúdos humanísticos são imprescindíveis para a formação desse

cidadão.

Molina (2004: 177) pesquisou a matriz curricular do curso de Ciências

Contábeis e as disciplinas mais comuns, embora com nomes diferentes entre as

diversas faculdades de ciências contábeis existentes em cada estado brasileiro.

Uma matriz bem formulada para uma faculdade é fundamental para que o

aluno se torne realmente um profissional capacitado para o mercado de trabalho.

No Quadro 14, as disciplinas que costumam ser parecidas entre as

Faculdades no país:

98

Quadro 14. Principais Disciplinas na Matriz Curricular do Curso de Ciências Contábeis

DISCIPLINAS NOMES CORRELACIONADOS

Contabilidade Financeira

Contabilidade Geral

Contabilidade Introdutória

Contabilidade Básica

Português

Língua Portuguesa

Português Instrumental

Comunicação e Expressão

Comunicação Oral e Escrita

Redação Empresarial

Matemática

Matemática Básica

Complementos de Matemática

Sociologia

Sociologia Econômica

Introdução às Ciências Sociais

Contabilidade e Análise de Custos

Contabilidade de Custos

Contabilidade e Análise de Custos

Métodos de Custeio

Sistemas de Custeio

Administração

Administração Geral

Introdução à Administração

Teoria Geral da Administração

Fundamentos de Administração

Economia

Elementos de Economia

Economia Brasileira

Teoria Econômica

Estatística

Noções de Estatística

Introdução a Estatística

Administração Financeira e Orçamentária

Administração Financeira e

Orçamento Empresarial

Estratégia Financeira

Análise das Demonstrações Contábeis Análise das Demonstrações

Financeiras

Auditoria Metodologia e Relatórios de

Auditoria

Teoria da Contabilidade Teoria Contábil

Fonte: Adaptado de Fabio Brussolo (2002: 177)

99

Os conteúdos dos cursos de Ciências Contábeis são os previstos na

Resolução 03/92 do Conselho Federal de Educação, através do referido estudo,

evidenciou-se que as instituições de ensino superior precisam adaptar a matriz

curricular dos cursos de ciências contábeis a nova realidade econômica e social,

bastante alterada na última década.

Gráfico 6 – Comparativo de Grau de Escolaridade

10% 36%

14%22%

18%

CURSANDO GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE

BACHAREL EM CONTABILIDADE

CURSANDO PÓS GRADUAÇÃO NA ÁREA CONTÁBIL

PÓS GRADUAÇÃO NA ÁREA CONTÁBIL

OUTROS

6.1.6 Experiência Profissional

Identifica-se na pesquisa realizada que, em relação à experiência

profissional, 44% dos entrevistados possuem menos de 10 anos de experiência na

área, 28% de 10 a 15 anos de experiência, de 16 a 20 anos correspondem a um

percentual de 16% e, de 21 a 25, 12% se enquadram no percentual restante,

conforme Gráfico 7 – Experiência Profissional.

Tendo em vista a faixa etária dos respondentes, o maior percentual

realmente se enquadra em uma experiência inferior a 10 anos, entretanto a

experiência pode variar conforme o cargo, quanto mais alto o cargo maior a

experiência desejada.

100

Gráfico 7 – Experiência Profissional

44%

28%

16%

10% 2% menos de 10 anos

de 10 a 15 anos

de 16 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

6.1.7 Cargo

Dentro do contexto cargos profissionais conforme Gráfico 8, a grande

maioria (54%) atua nos cargos clássicos da contabilidade e 36% atuam no

departamento contábil exercendo outras funções que não foram mencionadas no

questionário. A descrição de cargos da profissão contábil pode variar de empresa

para empresa, entretanto julgou-se novamente necessário informar as atribuições

básicas de cada cargo como segue:

Controller – controla diversos departamentos da empresa como:

contabilidade, custos, fiscal e financeiro;

Coordenação/Supervisão – coordena os trabalhos, geralmente é o

responsável por gerenciar e analisar os Demonstrativos;

Analista Contábil Sênior – possui todo o conhecimento da área, podendo

inclusive orientar o restante da equipe, geralmente é a pessoa responsável

por elaborar demonstrativos e declarações;

101

Analista Contábil Pleno – possui os conhecimentos plenos da técnica contábil,

geralmente é a pessoa que faz as análises contábeis.

Analista Contábil Júnior – devido à sua pouca experiência precisa ser

orientado em suas atribuições, geralmente a de elaborar conciliações

contábeis.

A nomenclatura dos cargos de contabilidade, bem como a sua descrição têm

sofrido grandes mudanças nos últimos anos principalmente devido ao grande

avanço tecnológico dos sistemas de contabilidade.

Profissões como classificador contábil, conciliador, antes tão comuns em

classificados de jornais, hoje não existem mais, uma vez que os sistemas integrados

têm como base que os documentos sejam classificados contabilmente no momento

de sua entrada na empresa, tornando assim os dados contábeis únicos em todos os

departamentos da empresa, eliminando também a figura do conciliador, que tinha

entre as suas atribuições a de conferir os números entre os departamentos da

organização.

Gráfico 8 – Cargo Profissional

6% 6%

18%

16%10%8%

36%

Analista Contábil JR

Analista Contábil Pl

Analista Contábil Sr

Coordenador/

Supervisor contábil

Gerente de

Contabilidade

Controller

Outros

102

6.1.8 Religião

66% dos contabilistas que responderam ao questionário são católicos, 16%

pertencem a outra religiões, 14% espíritas e 4% protestantes.

Em estudo recente de Lima (2007) sobre Economia e Felicidade foram

levantados determinantes que podem influenciar na felicidade do brasileiro como:

estado civil, idade, escolaridade, sexo, religião, etnia, renda, posição relativa da

renda, desemprego, probabilidade de emprego para indivíduos desempregados e

probabilidade de desemprego para indivíduos empregados.

Neste estudo, foi apontado que as religiões católica e espírita (denominação

dada neste estudo para englobar religiões como candomblé, espiritismo e umbanda)

possuem coeficiente negativo para felicidade.

Gráfico 9 – Religião

4%

66%

14%

16%

CATÓLICA

PROTESTANTE

ESPÍRITA

OUTRA

103

6.1.9 Estado Civil

No estudo de Lima (2007), casamento é um importante determinante na

felicidade dos brasileiros, comparativamente com os demais estados civis. Nesta

mesma pesquisa as variáveis utilizadas para explicar a felicidade dos brasileiros não

foram satisfatórias quando analisada, dentro do estado civil casado, a posição chefe

de família.

Dentro da pesquisa verifica-se, com base nos dados dos respondentes, que

58% são solteiros, 38% casados e 4% divorciados. Apesar de na presente

dissertação a hipótese Estado Civil não ter sido testada, a fim de avaliar se interfere

na percepção do clima, no quesito felicidade o estudo de Lima (2007) aponta como

um fator determinante na felicidade.

O fato de a grande maioria dos respondentes ter se apresentado como

solteira é justificável porque 54% dos respondentes têm até 35 anos.

Gráfico 10 – Estado Civil

58%

38%

4%

SOLTEIRO

CASADO

DIVORCIADO

104

6.1.10 Número de Filhos

No Gráfico 11 – Número de Filhos verifica-se que 56% dos respondentes

não possuem filhos, 24% possuem um filho, 14% dois filhos, 4% três filhos e 2%

acima de três filhos.

Tendo como base os demais dados de faixa etária e estado civil, justifica-se

a maioria dos respondentes não ter filhos. Apesar de a hipótese de filhos não ter

sido apresentada neste trabalho, verifica-se através do estudo de clima que ela pode

influenciar fatores de conformidade, com base nos estudos estatísticos

apresentados.

Gráfico 11 – Número de Filhos

24%

56%

14%4% 2%

NENHUM

UM

DOIS

TRÊS

ACIMA DE TRÊS

6.1.11 Tempo de Empresa

Conforme o Gráfico 12 – Tempo de Empresa, 46% dos respondentes possui

mais de 5 anos de empresa, 30% de 1 a 2 anos de empresa, 14% de 3 a 5 anos de

empresas e apenas 10% possui menos de 1 ano de empresa.

105

A pesquisa revelou, dentro da amostra pesquisada, que o contabilista possui

uma estabilidade considerável, uma vez que quase a metade dos respondentes está

há mais de 5 anos trabalhando na mesma empresa.

O departamento de contabilidade das empresas é o que detém as

informações, que muitas vezes são de cunho confidenciais. As grandes empresas,

inclusive, geralmente preveem em suas normas de procedimentos que os

contabilistas assinem declarações de confidencialidade das informações.

Desta forma, acredita-se que um dos motivos da estabilidade demonstrada

na pesquisa seja decorrente do fato de que para as empresas é importante manter

os contabilistas em suas organizações como forma também de se resguardar o sigilo

das informações.

Gráfico 12 – Tempo de Empresa

30%

46%

10%

14%

MENOS DE 1 ANO

DE 1 A 2 ANOS

DE 3 A 5 ANOS

HÁ MAIS DE 5 ANOS

6.2 Análise Referente aos Testes de Hipóteses

Para a análise das variáveis de maior impacto na pesquisa de clima

organizacional dos departamentos de contabilidade foram utilizados os softwares

Minitab® 15 e o Microsoft Excel® como apoio para o emprego dos dados e técnicas

estatísticas.

106

Procurou-se testar se as médias obtidas para cada fator de clima diferem em

relação ao sexo, tempo de empresa, cargo etc., conforme modelo aplicado por

Santos (1999).

Com base no quadro a seguir pode ser observada a verificação das

hipóteses de pesquisa. A primeira coluna indica as hipóteses nulas a serem

testadas. A segunda coluna mostra os valores em porcentagem, assumidos pelos

níveis descritivos dos testes de hipótese, ou seja, o nível a partir do qual as

hipóteses nulas são rejeitadas. A terceira coluna descreve as conclusões para as

hipóteses de pesquisa, ao nível de significância de 5%. Para valores inferiores a 5%,

ou seja, p < 0,05, as hipóteses nulas são rejeitadas.

Quadro 15. Quadro geral de verificação de Hipóteses de Pesquisa

Hipóteses a serem testadas

Níveis descritivos dos testes de

hipóteses (em %) Conclusões para (p < 0,05)

H0 2

Ramo de atividade

0,1

Rejeita-se H02, logo há diferença na percepção do clima entre o ramo de atividade.

H0 6

Nível de escolaridade

2,2

Rejeita-se H06, logo há diferença na percepção do clima entre o grau de escolaridade do respondente.

H0 7

Gênero 0,8

Rejeita-se H07, logo há diferença na percepção do clima entre as diferentes religiões.

H0 8

Cargo 1,8

Rejeita-se H08, logo há à diferença na percepção do clima entre os estados civis do respondente.

H 10

Experiência 2,7

Rejeita-se H10, logo há diferença na percepção do clima entre o tempo de experiência do respondente.

Como observado por Santos (1999), todas as hipóteses ao nível de

significância 5% foram rejeitas e todas as hipóteses diferentes deste nível, ou seja,

ramo de atividade, nível de escolaridade, gênero, cargo e experiência confirmam-se

que interferem na percepção do clima e serão analisadas neste estudo, as demais

hipóteses não serão comentadas nesta dissertação.

107

Com base no Quadro 10 – Quadro Geral de Verificação de hipótese, as

hipóteses abaixo são nulas:

H01 : Não existe efeito do ramo de atividade da empresa

H02 : Não existe efeito do nível de escolaridade

H03 : Não existe efeito do sexo

H04 : Não existe efeito da experiência

H05 : Não existe efeito do cargo ocupado

No Quadro 16 pode ser observado sob quais influências a percepção do

clima é exercida, devido aos sete fatores de Kolb (1978) (Conformidade,

Responsabilidade, Padrões de Desempenho, Recompensas, Clareza, Apoio e Calor

Humano e Liderança), conforme Quadro 10–Questões contidas nos Fatores de Kolb.

A variância de 5% foi dividida por sete (5%÷7), o que leva o nível de

significância de 0,71%, ou seja, quando um valor do nível descritivo obtido for menor

ou igual a 0,71% evidencia-se o efeito da variável estudada, uma vez que a hipótese

correspondente foi rejeitada.

Quadro 16. Níveis descritivos, em Porcentagem dos Testes de Igualdade de Médias das Variáveis de Estudo.

Fatores de clima organizacional

Variáveis de estudo

Apoio e

calor humano

Clareza Conformidade Liderança Padrões Recompensa Responsabili-

dades

Ramo de atividade

66,8 não tem

efeito

0,1 tem

efeito

47,3 não tem

efeito

7,9 não tem

efeito

38,0 não tem

efeito

15,0 não tem

efeito

1,9 não tem efeito

Nível de escola- ridade

32,6 não tem

efeito

0,4 tem

efeito

0,3 tem efeito

0,0 tem efeito

0,2 tem efeito

0,1 tem efeito

0,3 tem efeito

Gênero

38,6 não tem

efeito

16,9 não tem

efeito

0,7 tem efeito

0,6 tem efeito

82,8 não tem

efeito

65,0 não tem

efeito

0,2 tem efeito

Cargo

0,6 tem

efeito

30,9 não tem

efeito

0,3 tem efeito

0,2 tem efeito

83,9 não tem

efeito

0,0 tem efeito

0,1 tem efeito

Experi- ência

73,9 não tem

efeito

54,2 não tem

efeito

0,6 tem efeito

0,7 tem efeito

42,0 não tem

efeito

0,4 tem efeito

0,5 tem efeito

Obs: Nível de significância de 5% (p < 0,05) ≤ 0,71% - (5% 7)

108

O resultado obtido para cada fator de clima pode ser tratado como uma

variável quantitativa, do tipo intervalar. Para a análise conjunta entre os diversos

níveis, utilizou-se a técnica estatística denominada Análise de Variância.

Assim, para testar a hipótese de pesquisa gênero, tempo de empresa etc.,

por exemplo, foi analisado o comportamento dos vetores formados pelos sete fatores

(apoio e calor humano, clareza, conformidade, liderança, padrões, recompensas, e

responsabilidade). As médias calculadas serão indicadoras de possíveis diferenças

entre os níveis.

Foi utilizada a seguinte formulação do modelo, também apresentado no

estudo de Santos (1999):

Onde:

Y = u + μ + E ~ij ~ ~1 ~ij

Y

~ij

:é o vetor de medidas j-ésimo submetido ao i-ésimo níel A(*). Estas medidas

correspondem aos valores que os fatores de Kolb assumem para cada

indivíduo

u

~ : é o vetor de médias dos fatores de Kolb

μ

~1 : é o vetor dos efeitos do i-ésimo nível de A(*)

E

~ij : é o vetor dos erros aleatórios não observáveis

(*) : ―Níveis de A‖ terão diferentes significados dependendo do caso em estudo.

A, no Quadro de ―Níveis A‖, apresentada a seguir, mostra estes possíveis

casos

109

Quadro 17. Quadro de “Níveis A”

A

Níveis de A

Ramo de Atividade

―Indústria‖, ―Instituição Financeira‖, ―Comércio‖, ―Prestação de Serviço‖

Nível de Escolaridade

―Cursando Graduação em Contábeis‖, ―Graduado em Contábeis‖, ―Cursando Pós Contábeis‖, ―Pós-Graduado em Contábeis‖, ―Outros‖

Gênero

―Masculino‖ e ―Feminino‖

Tempo de experiência profissional

―Menos de 10 anos‖, ―de 10 a 15 anos‖,‖de 16 a 20 anos‖, ―de 21 a 25 anos‖, ―de 26 a 30 anos‖, ―mais de 31 anos‖.

Cargo

―Analista Contábil Jr‖, ―Analista Contábil Pl‖, Analista Contábil Sr‖, Coordenador/supervisor contábil‖, ―Gerente de contabilidade‖, ―Controller‖, ‖Outros‖

6.2.1 Análise da Percepção do Clima Conforme o Ramo de Atividade

Com um nível de significância de 0,71% verifica-se que o ramo de atividade

em que o contabilista atua influencia em sua percepção do clima organizacional no

fator clareza, principalmente, como pode ser observado no Quadro 16, entretanto em

outros fatores como liderança, responsabilidade e recompensa podem ser notadas

variações.

Esta influência na percepção do clima pode ser verificada principalmente

para os contabilistas que trabalham na indústria, que foram os que apresentaram

maiores diferenças entre os fatores de clima organizacional. Os contabilistas da

indústria percebem de forma menos favorável fatores como: apoio e calor humano,

clareza, padrões, recompensa, responsabilidade e liderança, porém quanto à

conformidade é um fator que se aproxima muito da média geral, como pode ser

observado no Quadro 18.

A análise que se tem desta informação é que, apesar de os contabilistas da

indústria serem os que percebem o clima menos favorável, ainda assim demonstram

conformidade em relação à percepção (0,80).

110

De todos os ramos de atividade os contabilistas que atuam no comércio são

os profissionais com uma percepção mais próxima da média ideal, com exceção

apenas dos fatores de apoio e calor humano, conformidade e recompensa em que

os contabilistas atuantes no ramo de atividade de prestação serviço possuem uma

percepção mais favorável.

Em resumo, pela amostra estudada, verifica-se que o ramo de atividade

prestação de serviço é o que oferece maior apoio e calor humano, conformidade e

recompensa ao contabilista. Maior clareza, liderança, padrões e responsabilidade

são vistas mais favoravelmente pelos contabilistas que trabalham no comércio.

Quadro 18. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional Real e o Ideal por Ramo de Atividade

Ramo Indústria Instituição financeira

Comércio Prestação de

serviço Geral

Indicador Média DP Média DP Média DP Média DP Média

DP

Apoio e calor humano

3,30 2,83 2,67 2,34 2,75 1,50 2,23 2,30 2,54 1,34

Clareza

4,80 1,87 4,50 1,87 0,75 1,50 3,57 1,59 3,70 1,92

Conformidade

0,80 2,78 2,00 2,53 1,50 3,00 0,30 2,55 0,73 2,62

Liderança

9,90 2,33 6,83 3,55 6,50 1,92 6,77 3,64 7,38 3,45

Padrões

3,70 1,95 2,83 2,14 2,50 1,00 2,57 1,74 2,82 1,79

Recompensa

5,60 1,90 5,00 2,45 4,5 0,50 4,03 1,90 4,48 1,96

Responsabilidade

4,20 1,62 2,67 1,03 1,00 2,00 3,17 1,74 3,14 1,81

111

Gráfico 13 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Ramo de Atividade

0

2

4

6

8

10

12

Apoio e calor humano

Clareza Conformidade Liderança Padrões Recompensa Responsabilidade

Indústria

Instituição Financeira

Comércio

Prestação de serviço

6.2.2 Análise da Percepção do Clima Conforme o Nivel de Escolaridade

A um nível de significância de 0,71% observou-se que o nível de

escolaridade influencia na percepção de clima nos fatores como clareza,

conformidade, liderança, padrões, recompensa e responsabilidade, conforme

Quadro 16.

Como pode ser verificado no Quadro 19, os contabilistas que veem o clima

mais desfavoravelmente são os profissionais que estão cursando a graduação em

contabilidade, nos fatores como: apoio e calor humano, liderança e

responsabilidade. Seguidos também por aqueles que estão cursando pós-graduação

nos fatores como: clareza, padrões e recompensa.

Os profissionais que são bacharéis em contabilidade possuem uma

percepção mais favorável ao clima nos fatores de clareza, padrões, apoio e calor

humano e recompensa, enquanto que os pós-graduados percebem mais

favoravelmente em relação a liderança e responsabilidade.

112

Os profissionais que atuam nos departamentos de contabilidade, porém não

têm formação na área, são os mais conformados.

Quadro 19. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional Real e o Ideal por Nível de Escolaridade.

Nível

Cursando graduação

em Contabili-

dade

Bacharel em

Contabili-dade

Cursando pós-

graduação na área contábil

Pós-graduado na área contábil

Outros

Geral

Indicador Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé-dia

DP Mé-dia

DP Mé-dia

DP

Apoio e calor humano

3,33 2,50 1,25 2,44 2,56 2,60 2,30 2,06 2,2 0,84 2,54 2,34

Clareza 3,78 1,48 2,25 2,05 4,78 2,22 3,90 2,02 3,40 1,52 3,70 1,92

Conformidade 0,65 2,68 0,70 2,05 0,89 2,80 1,20 2,44 0,80 2,68 0,85 2,62

Liderança 8,44 3,85 7,38 2,67 7,22 2,91 6,20 2,97 6,20 4,87 7,38 3,45

Padrões 2,83 1,62 2,50 0,76 2,89 2,37 3,00 2,45 2,80 1,48 2,82 1,79

Recompensa 4,39 1,68 1,25 1,28 5,22 2,54 4,20 2,44 4,4 2,07 4,48 1,96

Responsabilidade 4,11 1,57 1,88 2,47 2,78 0,97 ,20 1,23 2,20 2,68 3,14 1,81

Gráfico 14 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Nível de Escolaridade

-2

0

2

4

6

8

10

Apoio e calor humano

Clareza Conformidade Liderança Padrões Recompensa Responsabilidade

Cursando a graduação em Contabilidade

Bacharel em Contabilidade

Cursando pós-graduação na área contábil

Pós-graduado na área contábil

Outros

113

6.2.3 Análise da Percepção do Clima Conforme o Gênero

Ainda com um nível de significância de 0,71% o gênero, ou seja, o sexo, tem

influência na percepção do clima organizacional para fatores de conformidade,

liderança e responsabilidade, como pode ser visto no Quadro 16.

Observando o Quadro 20, as contabilistas são as que mais evidenciam

desfavoravelmente o clima organizacional em todos os fatores, com exceção da

conformidade. Isso também foi evidenciado por Santos (1999), quando analisou a

percepção do clima organizacional conforme o sexo em estudo realizado em

Instituições de Pesquisa no Brasil.

Para o fator conformidade, analisando-se as diferenças entre as médias

obtidas e o clima real e ideal verifica-se que as contabilistas são mais conformadas

(0,26) que os contabilistas homens, o que acaba confirmando estudos relacionados.

De todos os fatores o que apresenta maior variação é o que se refere à

liderança e sobre este tema algumas hipóteses podem ser levantadas, tais como

foram apontadas no estudo realizado por Santos (1999) como:

Discriminação da mulher nas organizações;

Postura profissional da mulher.

A causa do problema não é o tema de estudo deste trabalho, porém,

conforme o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, verifica-

se que apesar de as mulheres estudarem mais que os homens, obterem formação

acadêmica em menos tempo, terem qualificações além das masculinas, ainda hoje

são os homens que ocupam as melhores posições nas organizações.

Com base na colocação acima pode se afirmar que a hipótese de

discriminação da mulher nas organizações, inclusive nos departamentos de

contabilidade, é uma hipótese válida, que merece mais estudos e pesquisas neste

sentido.

Ainda hoje, apesar dos grandes avanços, é cultural algumas organizações

terem uma visão estereotipada em relação à mulher, colocando-a em determinados

papéis, não considerando sua capacidade igual à dos aos homens.

114

A outra hipótese refere-se à postura profissional da mulher, que como

elucidado no estudo realizado por Santos (1999) cada vez mais as mulheres,

inclusive as contabilistas, deve estar cônscia de que o mercado de trabalho exige

mais dedicação, criatividade e competitividade.

Quanto ao fator recompensa, a pesquisa também apresentou que as

contabilistas percebem o clima organizacional mais desfavoravelmente.

Em recente pesquisa realizada pelo BID (Banco Interamericano de

Desenvolvimento) foi constatado que os homens recebem salários 30% maiores que

as mulheres com a mesma idade e nível de instrução nos países da América Latina,

porém as médias apresentadas entre o clima real e ideal pelos homens não são

satisfatórias, o que evidencia a insatisfação geral da categoria em relação a salários.

A mulher contabilista também demonstra insatisfação quanto à

responsabilidade. Enquanto os homens apresentam uma maior satisfação, a mulher

deseja que as organizações a vejam como responsável por suas atribuições.

Em resumo pode se verificar que de uma maneira geral a mulher contabilista

apresenta uma percepção ao clima mais desfavorável, quando comparada com o

homem contabilista, com base na amostra clima organizacional realizada nos

departamentos de contabilidade das empresas estudadas.

Quadro 20. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional Real e o Ideal por Gênero

Gênero Masculino Feminino Geral

Indicador Média DP Média DP Média DP

Apoio e calor humano 2,39 2,23 2,67 2,46 2,54 2,34

Clareza 3,17 2,17 4,15 1,59 3,70 1,92

Conformidade 1,22 2,84 0,26 2,36 0,73 2,62

Liderança 6,44 3,34 8,18 3,41 7,38 3,45

Padrões 2,56 2,04 3,04 1,56 2,82 1,79

Recompensa 3,13 2,17 4,74 1,84 4,48 1,96

Responsabilidade 2,65 1,53 3,56 1,95 3,14 1,81

115

Gráfico 15 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Gênero

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Apoio e calor humano Clareza Conformidade Liderança Padrões Recompensa Responsabilidade

Masculino

Feminino

6.2.4 Análise da Percepção do Clima Conforme a Experiência Profissional

Os resultados de conformidade, recompensa, liderança e responsabilidade

são os fatores que demonstram que possuem efeito a um nível de significância de

0,71% e desta forma influenciam na percepção do clima organizacional dos

contabilistas (Quadro 16).

O interessante é que a pesquisa revelou que na amostra estudada os

respondentes mais experientes, aqueles que possuem entre 26 a 30 anos de

experiência profissional, são os que demonstram maior insatisfação quanto ao clima

organizacional, com exceção apenas do fator responsabilidade.

O fator apoio e calor humano, liderança, padrões, recompensa são os mais

favoráveis entre os contabilistas que possuem de 21 a 25 anos de experiência. Para

os contabilistas entre 16 a 20 anos de experiência o fator clareza e responsabilidade

são os melhores em sua percepção. Entretanto os contabilistas menos experientes

são os que evidenciam uma maior aceitação ao fator conformidade.

116

Enfim, a pesquisa demonstrou, com base na amostra estudada, que

contabilistas acima de 25 anos de experiência tem uma percepção do clima da

organização menos favorável, entretanto os contabilistas que possuem de 21 a 25

anos de experiência são os que têm uma visão melhor do clima e que os menos

experientes são os mais conformados dentro do estudo de clima da organização.

Quadro 21. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional Real e o Ideal por Experiência Profissional

Experiência

Menos 10

anos

10 a 15 anos

16 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

Geral

Indicador

Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP

Mé- dia

DP

Apoio e calor humano

2,68 2,80 2,71 2,30 2,50 1,93 1,40 0,55 3,00

0,00

2,54 2,34

Clareza

4,09 1,66 3,71 2,02 2,88 2,85 3,00 0,00 5,00

0,00

3,70 1,92

Conformi- dade

0,59 3,19 0,93 2,13 0,75 2,38 0,60 1,30 4,00

0,00

0,73

2,62

Liderança

8,41 3,19 7,07 4,22 6,75 2,44 4,40 2,51 9,00 0,00

7,38 3,45

Padrões

2,96 1,79 2,86 2,21 2,75 1,75 2,20 0,84 3,00

0,00

2,82 1,79

Recompen- sa

4,91 1,74 4,29 2,30 4,63 2,00 2,60 0,89 6,00

0,00

4,48

1,96

Responsa- bilidade

3,18 1,94 3,93 1,49 1,88 1,89 3,00 1,00 2,00

0,00

3,14 1,81

117

Gráfico 16 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Experiência

-2

0

2

4

6

8

10

Apoio e calor humano

Clareza Conformidade Liderança Padrões Recompensa Responsabilidade

Menos 10 anos

10 a 15 anos

16 a 20 anos

21 a 25 anos

26 a 30 anos

6.2.5 Análise da Percepção do Clima Conforme o Cargo

A um nível de significância de 0,71% os resultados da pesquisa

demonstraram que conforme o cargo há influência do clima organizacional sobre os

fatores de apoio e calor humano, conformidade, liderança, recompensa e

responsabilidade. A influência mais significativa foi para o fator recompensa em que

o nível descritivo assumiu o valor de 0,0% (Quadro 16).

O cargo de Analista Contábil Sênior é o que demonstra ser menos

desfavorável ao clima organizacional, enquanto que o cargo de Analista Contábil

Pleno é que percebe o clima organizacional mais favorável para fatores como apoio

e calor humano, clareza.

Dentre os cargos de chefia o Gerente Contábil é o que melhor percebe como

favorável o fator de padrão e responsabilidade. Já para o cargo de Controller as

melhores percepções do clima estão nos fatores de liderança e recompensa, ou

118

seja, com base no estudo apresentado confirma-se a hipótese de que o cargo

influencia na percepção do clima.

Os cargos de chefia são os que apresentam as melhores médias do clima

organizacional.

Quadro 22. Média, Desvio Padrão das diferenças entre o Clima Organizacional Real e o Ideal por Cargo

Cargo

Analista contábil

Jr.

Analista

contábil Pl

Analista contábil

Sr.

Coordena

dor / supervisor

contábil

Gerente

de contabi- lidade

Controller

Outros

Geral

Indica-dor

Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia

DP Mé- dia DP

Mé- dia DP

Mé- dia DP

Apoio e calor humano

1,00 1,41 0,50 1,92 4,22 2,68 2,78 2,33 1,50

0,58

2,00 1,00

2,53

2,34

2,54

2,34

Clareza 3,00 0,00 2,75 1,50 5,11 2,09 3,78 1,64 4,00

0,82

3,33 1,53

3,26

2,16

3,70 1,92

Confor-midade

0,01 0,00 0,50 2,65 1,22 2,77 1,33 3,74 0,02

0,00

3,00 2,65

0,58

2,06

0,73 2,62

Lideran-ça

9,50 2,12 5,00 4,24 10,11 3,30 7,78 2,22 6,50

3,11

4,33 4,04

6,84

3,35

7,38 3,45

Padrões 2,00 0,00 3,00 1,83 3,67 2,18 3,33 1,58 1,00

2,00

2,67 1,53

2,63

1,64

2,82

1,79

Recom- Pensa

4,50 0,71 4,25 2,75 5,56 2,40 4,67 1,87 3,75

2,50

3,67 2,08

4,21

1,62

4,48 1,96

Respon- sabilida- de

4,00 1,41 2,01 0,82 4,22 1,64 3,00 2,12 2,00

1,00

2,67

1,16

3,05

2,01

3,14

1,81

Gráfico 17 – Perfis de Insatisfação com o Clima organizacional Conforme Cargo

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

Analista contábil Jr. Analista contábil Pl Analista contábil Sr. Coordenador / supervisor contábil

Gerente de contabilidade

controller Outros

Apoio e calor humano

Clareza

Conformidade

Liderança

Padrões

Recompensa

Responsabilidade

119

Para uma visão mais clara dos resultados da pesquisa, o Quadro 23 permite

verificar, em percentual, os fatores que mais significativamente causam diferença na

percepção do clima para as hipóteses testadas ao nível de significância de 0,71%.

Quadro 23. Fatores de clima para as hipóteses testadas ao nível de significância de 0,71%

Fatores Ramo de Atividade

Nível de Escolaridade Gênero Experiência Cargo

Conformidade 0,3% 0,7% 0,6% 0,3%

Liderança 0,0% 0,6% 0,7% 0,2%

Responsabilidade 0,3% 0,2% 0,5% 0,1%

Padrões 0,2%

Clareza 0,1% 0,4%

Recompensa 0,1%

0,0% Apoio e Calor Humano 0,6%

No Quadro 24, há uma comparação entre as variáveis (níveis de ―A‖) mais

significativas das hipóteses, com os fatores de clima, a fim de identificar quais variáveis

têm a percepção melhor ou pior do clima.

Quadro 24. Comparação entre as variáveis das hipóteses testadas em relação aos fatores de clima

Cima Ramo de Atividade

Nível de Escolaridade Gênero Experiência Cargo Geral

Fatores

Serv. Indús- Gradu- Gradu-

Pós

Mascu- Femi- Até 15

16 a 25 26<

Inici-

Sênior Chefia

/Com. tria andos ados lino nino antes

Conformidade + - + - - + + - + - +

Liderança + - - + + - + - - + -

Responsabilidade + - - + + - - + - +

Padrões + - + - + - + - +

Clareza + - - + + - + - -

Recompensa + - + - + - + -

- + Apoio e Calor Humano + - - + + - + - + -

+ melhor percepção ao clima - pior percepção ao clima

Verifica-se, por exemplo, que para as hipóteses gênero há diferença na

percepção do clima mais significativamente para os fatores: conformidade (0,7%),

liderança (0,6%) e responsabilidade (0,5%). Com base na pesquisa, o contabilista

homem possui uma percepção melhor do clima para todos os fatores, apenas para o

fator conformidade, a contabilista mulher possui uma percepção mais favorável.

120

6.3 ANÁLISE DOS MOTIVOS PERCEBIDOS PELOS INDICADORES DE CLIMA

De acordo com os critérios estatísticos estabelecidos no item 6.2 deste

estudo para as hipóteses testadas verifica-se que a percepção do clima é mais

favorável quando as médias são menores.

Tendo como base esta mesma analogia será apresentada uma análise dos

motivos, conforme referencial a teoria de McClelland (1972) sobre motivação

humana, também apresentada no Capítulo 4 desta dissertação e os modelos

conceituais de Kolb (1978) sobre clima organizacional.

Conforme Gomes (2002: 96), as teorias de Kolb (1978) e McClelland (1972)

referem-se a conceitos de clima e motivação pelo efeito que ambos provocam no

desempenho e satisfação do indivíduo no trabalho.

Ainda para Gomes (2002: 96), ―motivação é um processo interno ao

indivíduo, no entanto compreende-se que o ambiente contribui para seu afloramento,

pois é a partir dele que o homem constrói, pela percepção, sua realidade.‖

Para Gomes (2002:97), utilizando os indicadores de Kolb (1978) para a

percepção do clima organizacional: conformismo, liderança, responsabilidade,

padrões, clareza, recompensa e calor humano, associados aos motivos de

McClelland (1972) de poder, realização e afiliação, verifica-se:

Poder congrega as categorias de liderança e conformidade.

Realização diz respeito a responsabilidade, padrões, clareza.

Afiliação está associada a recompensa, calor humano e apoio

Tendo como base o modelo acima, o objetivo neste momento é analisar a

motivação dos contabilistas, através dos indicadores de clima apresentados nas

hipóteses que foram testadas.

Conforme Quadro 25, para a hipótese Ramo de Atividade o melhor índice

médio é o de Realização (3,02), enquanto que a percepção menos favorável refere-

se ao poder (4,33).

Os contabilistas que atuam no Ramo de Prestação de Serviço têm uma

percepção mais favorável em motivos de poder (3,54) e afiliação (3,13), enquanto

que os que atuam no comércio percebem mais favoravelmente o motivo de

121

realização (1,42). Já para os atuantes na indústria, com base na amostra estudada,

são os que apresentam todos os motivos menos favoravelmente.

Quadro 25. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Ramo de Atividade

Motivos Ramo de Atividade

(percepção indicadores) Indústria Financeira Comércio Serviço Média

Poder 5,35 4,42 4,00 3,54 4,33

Conformidade 0,80 2,00 1,50 0,30 1,15

Liderança 9,90 6,83 6,50 6,77 7,50

Realização 4,23 3,33 1,42 3,10 3,02

Responsabilidade 4,20 2,67 1,00 3,17 2,76

Padrões 3,70 2,83 2,50 2,57 2,90

Clareza 4,80 4,50 0,75 3,57 3,41

Afiliação 4,45 3,84 3,63 3,13 3,76

Recompensa 5,60 5,00 4,50 4,03 4,78

Calor Humano 3,30 2,67 2,75 2,23 2,74

MENOR MAIOR

Analisando o Quadro 26, referente ao nível de escolaridade, percebe-se que

a melhor média é a de realização (2,89) e que os contabilistas graduados são os que

percebem mais favoravelmente todos os motivos: poder (4,04), realização (2,21) e

afiliação (1,25).

Enquanto que os contabilistas que estão cursando a graduação são os que

menos favoravelmente percebem os motivos de poder (4,55) e realização (3,57) e os

que cursam pós-graduação percebem desfavoravelmente o motivo afiliação (3,89).

Com base na média (4,04) do motivo Poder, fica claro o desejo que todos os

contabilistas têm, independente do nível de escolaridade, de obter das instituições

em que trabalham mais liderança, como pode ser observado no quadro a seguir.

122

Quadro 26. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Nivel de Escolaridade

Motivos Nível de Escolaridade

(percepção indicadores) Cursando Graduação

Graduado Contábeis

Cursando Pós

Contábeis

Pós em Contábeis

Outros Média

Poder 4,55 4,04 4,06 4,05 3,50 4,04

Conformidade 0,65 0,70 0,89 1,90 0,80 0,99

Liderança 8,44 7,38 7,22 6,20 6,20 7,09

Realização 3,57 2,21 3,48 2,37 2,80 2,89

Responsabilidade 4,11 1,88 2,78 0,20 2,20 2,23

Padrões 2,83 2,50 2,89 3,00 2,80 2,80

Clareza 3,78 2,25 4,78 3,90 3,40 3,62

Afiliação 3,86 1,25 3,89 3,25 3,30 3,11

Recompensa 4,39 1,25 5,22 4,20 4,40 3,89

Calor Humano 3,33 1,25 2,56 2,30 2,20 2,33

MENOR MAIOR

Com base no Quadro 27 de Gênero, observa-se que os contabilistas

percebem menos favoravelmente o motivo poder (4,03) como verificado também nos

quadros anteriores, este é o motivo com menor percepção.

Com base nos dados apresentados os contabilistas sentem a necessidade

de exercer mais poder nas instituições em que trabalham independente do sexo,

nível de escolaridade ou cargo que desempenham.

Ainda com base no Quadro 27 verifica-se uma percepção menos favorável

da contabilista sobre todos os motivos: poder (4,22), realização (3,58) e afiliação

(3,71). O contabilista possuir uma percepção favorável em todos os motivos: poder

(3,83), realização (2,79) e afiliação (2,76).

Para ambos os sexos a média do motivo realização é o que apresenta o

melhor índice (3,19).

123

Quadro 27. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Gênero

Motivos Gênero

(percepção indicadores) Masculino Feminino Média

Poder 3,83 4,22 4,03

Conformidade 1,22 0,26 0,74

Liderança 6,44 8,18 7,31

Realização 2,79 3,58 3,19

Responsabilidade 2,65 3,56 3,11

Padrões 2,56 3,04 2,80

Clareza 3,17 4,15 3,66

Afiliação 2,76 3,71 3,23

Recompensa 3,13 4,74 3,94

Calor Humano 2,39 2,67 2,53

MENOR MAIOR

Pela análise da hipótese experiência, conforme Quadro 28, o motivo

afiliação com a média (3,47) é o que apresenta a melhor percepção.

Os contabilistas que estão na faixa de experiência de 21 a 25 anos são os

mais satisfeitos, pelo menos quanto a poder (2,50) e a afiliação (2,00), enquanto que

os profissionais na faixa de 16 a 20 são mais realizados (3,76).

Os contabilistas na faixa de 26 a 30 anos percebem menos favoravelmente

os motivos de poder (6,50) e afiliação e contabilistas na faixa de 10 a 15, o de

realização (5,25). A realização é a pior média para todos os profissionais (4,64).

Quadro 28. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Experiência

Motivos Experiência

(percepção indicadores) >10 anos 10 a 15 anos 16 a 20 anos 21 a 25 anos 26 a 30 anos Média

Poder 4,50 4,00 3,75 2,50 6,50 4,25

Conformidade 0,59 0,93 0,75 0,60 4,00 1,37

Liderança 8,41 7,07 6,75 4,40 9,00 7,13

Realização 5,12 5,25 3,76 4,10 5,00 4,64

Responsabilidade 3,18 3,93 1,88 3,00 2,00 2,80

Padrões 2,96 2,86 2,75 2,20 3,00 2,75

Clareza 4,09 3,71 2,88 3,00 5,00 3,74

Afiliação 3,80 3,50 3,57 2,00 4,50 3,47

Recompensa 4,91 4,29 4,63 2,60 6,00 4,49

Calor Humano 2,68 2,71 2,50 1,40 3,00 2,46

MENOR MAIOR

124

Com referência ao cargo, como apresentado no Quadro 29, a média de

realização (3,09) é melhor percebida para todos os cargos e a pior percepção para

poder (4,02).

E os analistas contábeis plenos percebem mais favoravelmente os motivos

de poder (2,55) e afiliação (2,38) e os gerentes contábeis os motivos de realização

(2,50). Os analistas contábeis seniores são os que percebem menos favoravelmente

todos os motivos, poder (5,67), realização (4,33) e afiliação (4,89).

Quadro 29. Indicadores de Clima de Kolb x Motivos de McClelland por Cargos

Motivos Cargos nos Departamentos Contábeis

(percepção indicadores) Analista contábil

Jr

Analista contábil

Pl

Analista contábil

Sr

Coordenador / supervisor

contábil

Gerente Contábil

Controller Outros Média

Poder 4,76 2,55 5,67 4,56 3,25 3,67 3,71 4,02

Conformidade 0,01 0,05 1,22 1,33 0,00 3,00 0,58 0,52

Liderança 9,50 5,00 10,11 7,78 6,50 4,33 6,84 7,15

Realização 3,00 2,58 4,33 3,37 2,50 2,89 2,98 3,09

Responsabilidade 4,00 2,00 4,22 3,00 2,50 2,67 3,05 3,06

Padrões 2,00 3,00 3,67 3,33 1,00 2,67 2,63 2,61

Clareza 3,00 2,75 5,11 3,78 4,00 3,33 3,26 3,60

Afiliação 2,75 2,38 4,89 3,73 2,63 2,84 3,37 3,22

Recompensa 4,50 4,25 5,56 4,67 3,75 3,67 4,21 4,37

Calor Humano 1,00 0,50 4,22 2,78 1,50 2,00 2,53 2,08

MENOR MAIOR

Todas as necessidades ou motivos diagnosticados revelam um panorama

atual, baseado na amostra estudada, entretanto, conforme Santos e Rosso (2004:

12), o mundo, as organizações estão em constante mudança e adaptar é uma

questão de sobrevivência.

Com base nos quadros 25 a 29 tecendo uma análise geral sobre todas as

hipóteses testadas verifica-se que, com exceção da variável experiência profissional,

há uma necessidade para os contabilistas de ter mais poder nas organizações em

que atuam.

Também se observa que exceto para experiência profissional a melhor

média apresentada para todos os contabilistas refere-se a realização, que

corresponde a indicadores de responsabilidade, padrões e clareza.

125

Na hipótese experiência profissional, a necessidade mais evidente refere-se

a realização (4,64) e a que apresenta uma melhor média é a de afiliação (3,67).

Através do Quadro 30 é possível tecer um resumo de toda a análise dos

motivos percebidos nas hipóteses testadas, para as variáveis (níveis de ―A‖), mais

significativas, com os fatores de clima organizacional.

Quadro 30. Resumo dos motivos das hipóteses testadas

Motivos Ramo de Atividade

Nível de Escolaridade Genero Experiência Cargo Geral

(Fatores Clima) Serv. Indús- Gradu- Gradu-

Pós

Mascu- Femi- Até 15

16 a 25 26<

Inici-

Sênior Chefia

/Com. tria andos ados lino nino antes

PODER (conformidade,

liderança) + - - + + - + - + - +

REALIZAÇÃO (responsabilidade, padrões, clareza) + - - + + - - + - + -

AFILIAÇÃO (recompensa, apoio e calor

humano) + - + - + - + - + -

+ melhor percepção ao clima - pior percepção ao clima

126

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O clima organizacional é a percepção que os indivíduos possuem dos

atributos organizacionais, através do diagnóstico e o acompanhamento do clima

organizacional a relação indíviduo-organização pode ser continuamente

aperfeiçoada. O interesse central desta dissertação é conhecer qual é a percepção

que o contabilista tem do clima organizacional e como este clima relete na sua

motivação.

Com base no referencial teórico apresentado e na utilização de técnicas

para o levantamento do clima organizacional evidenciado pelos contabilistas que

atuam nos departamentos contábeis das empresas estudadas, foram

estatísticamente testadas 5 hipóteses, para um nível de significância de 0,71% , em

que a síntese dos resultados e conclusões pode ser registradas:

a. O ramo de atividade em que o contabilista trabalha influencia na sua

percepção do clima. Pode-se inferir que a influência mais significativa se refere ao

fator clareza (0,1%). Os contabilistas que atuam em empresas ligadas ao comércio e

ao serviço percebem o clima organizacional mais favorável que os contabilistas que

atuam na indústria para os fatores conformidade, liderança, responsabilidade,

padrões, clareza, recompensa, apoio e calor humano.

Quando associados os fatores de clima organizacional de Kolb (1978) à

Teoria dos Motivos de McClelland (1972) os contabilistas do comércio e serviço

apresentam melhores índices médios para os motivos de poder, realização e

afiliação em relação aos contabilistas pertencentes à indústria. Dentro da

concepção de que os melhores índices médios dos Motivos indicam uma maior

satisfação, pode-se inferir que os contabilistas do comércio e serviço estão mais

motivados que os da indústria.

b. Existe diferença na percepção do clima para os contabilistas com nível de

escolaridade diferente, principalmente para os fatores clareza (0,4%), conformidade

(0,3%), liderança (0,0%), padrões (0,2%), recompensa (0,1%) e reponsabilidade

(0,3%).

127

Comparados os níveis de escolaridade com os fatores de clima, os

graduados em contabilidade possuem uma melhor visão do clima organizacional nas

organizações para os fatores de padrão, clareza, recompensa, apoio e calor

humano. Os pós-graduados percebem mais favoravelmente os fatores de liderança

e responsabilidade, apenas para o fator conformidade há uma melhor percepção por

parte dos graduandos.

Quanto à Teoria dos Motivos, os graduados são os que apresentam os

melhores índices médios para os motivos de poder, recompensa e afiliação, quando

comparados aos demais níveis de graduação. Com base nesta Teoria pode-se

afirmar que os graduados demonstram maior motivação, entretanto além do nível de

escolaridade o mercado de trabalho exige que os contabilistas se mantenham

atualizados quanto aos seguintes aspectos:

A nova Lei da Contabilidade 11.638/2007 e a instituição do SPED

(Sistema Publico de Escrituração Digital) exigem que o Contabilista

seja um profissional extremamente informado.

Os novos pronunciamentos contábeis que têm por finalidade

aproximar os Demonstrativos Financeiros aos padrões internacionais,

evidenciando aos seus usuários uma maior clareza das informações.

O próprio mercado de trabalho exige do contabilista conhecimentos

técnicos em contabilidade e legislação fiscal, mas exige também que

externe habilidades pessoais para assessorar os gestores nas

tomadas de decisões.

c. Há diferença na percepção do clima para contabilistas de sexos

diferentes, principalmente sobre os fatores conformidade (0,7%), liderança (0,6%) e

responsabilidade (0,2%). O contabilista homem apresenta uma percepção mais

favorável para os fatores de clima, apenas para o fator de conformidade há uma

percepção melhor para as contabilistas mulheres. A percepção do clima

organizacional menos favorável pela mulher também foi observada por Santos

(1999) em estudo realizado junto a Instituições de Pesquisa.

A associação entre os indicadores de clima e a Teoria de McClelland (1972)

também evidencia que os contabilistas homens apresentam melhores médias para

todos os motivos, poder, realização e afiliação, enquanto as mulheres têm evidente

128

necessidade destes motivos, o que leva a concluir, sem entrar no mérito de

discriminação, que a mulher contabilista, apesar de ser maioria na pesquisa e

possuir escolaridade superior à dos homens, demonstra menos satisfação no

trabalho.

d. Existe diferença na percepção do clima entre os contabilistas com

experiência profissional diferente, as influências mais significativas referem-se a

conformidade (0,6%), liderança (0,7%), recompensa (0,4%) e responsabilidade

(0,5%). Comparando as faixas de experiência, os contabilistas que estão na faixa de

16 a 25 anos percebem mais favoravelmente os fatores de clima, apenas o fator

conformidade é melhor percebido por profissionais com menos de 15 anos de

experiência. Os contabilistas com mais de 25 anos de experiência são os que

percebem menos favoravelmente os fatores de clima organizacional.

Comparando os fatores aos motivos pecebe-se que a faixa entre 16 a 25

anos apresenta melhores médias para os motivos de poder, realização e afiliação,

enquanto que a faixa que evidencia maior necessidade é a que possui experiência

superior a 25 anos para os motivos poder e afiliação, para o motivo realização a

faixa inferior a 15 anos demonstra maior necessidade.

e. Os cargos apresentam diferença de percepção de clima principalmente

para os fatores de apoio e calor humano (0,6%); conformidade (0,3%); liderança

(0,2%), recompensa (0,0%) e responsabilidade (0,1%). Os cargos de chefia (gerente

e controller), quando comparados aos demais cargos, são os que apresentam

melhor percepção dos fatores de liderança, responsabilidade, padrões e

recompensa, ao passo que os cargos iniciantes demonstram mais favoravelmente os

fatores de conformidade, apoio e calor humano. O cargo de analista sênior percebe

menos favoravelmente os fatores de clima.

Quando comparado os motivos aos fatores de clima, os contabilistas em

cargos iniciantes apresentam melhor os motivos de poder e afiliação, enquanto que

os de chefia, os motivos de realização. O cargo de analista contábil sênior apresenta

maiores necessidades para todos os motivos, sob esta ótica é possível afirmar que

os contabilistas neste cargo apresentam maior desmotivação comparados com

outros cargos.

129

f. Considerando todas as hipóteses testadas, o fator de conformidade é o

que possui melhor percepção para os contabilistas. A própria Contabilidade com

suas técnicas, procedimentos e prazos leva seus profissionais a assimilar melhor

este fator para o desempenho de suas funções. Porém a pesquisa apresentou algo

interessante: para todas as hipóteses os contabilistas percebem menos

favoravelmente o fator liderança.

Quanto aos motivos da Teoria de McClelland (1972), todas as hipóteses

testadas, com exceção da experiência, demonstram melhores médias para os

motivos de realização (responsabilidade, padrões e clareza) e uma maior

necessidade para o motivo de poder (liderança e conformidade). Apenas a hipótese

experiência demonstra melhores médias para o motivo afiliação (recompensa e calor

humano) e médias piores para o motivo realização (responsabilidade, padrões e

clareza) principalmente pelo fator liderança.

Em face das conclusões recomenda-se:

a) que através do diagnóstico do clima organizacional apresentado pelos

contabilistas e de como este pode influenciar em sua motivação individual, sejam

realizados esforços para que o desempenho, a criatividade e a satisfação pessoal

dos contabilistas sejam continuamente melhorados. Através das hipóteses testadas

recomenda-se ainda que:

por ser a indústria um dos pilares da economia do país haja maior

atratividade para os contabilistas que atuam neste ramo de atividade,

para que não haja evasão destes profissionais para empresas de

outros setores;

proporcionalmente ao aumento da escolaridade, fatores como

recompensa, liderança, responsabilidade sejam melhor percebidos

pelos contabilistas;

a ascensão da mulher contabilista ao mercado de trabalho não seja

apenas em quantidade, mas também em sua percepção favorável do

clima organizacional;

as empresas estejam propensas a oferecerem mais oportunidades de

liderança aos contabilistas, inclusive em relação a cargos de direção.

130

b) que as instituições de ensino e entidades de classes contábeis utilizem dos

subsídios apresentados na pesquisa para uma melhoria nos níveis educacionais dos

contabilistas, redundando na eficácia da profissão contábil.

Considerando os resultados desta pesquisa entende-se como necessário

apresentar algumas limitações. Em primeiro lugar, as limitações de natureza

metodológica, como a inviabilidade de atingir toda a população levantada para a

mensuração e análise da percepção do clima organizacional.

Em segundo lugar, as análises e resultados apresentados referem-se tão

somente àqueles que se dispuseram a participar do estudo, refletindo assim,

primeiramente, as conclusões sob a ótica destes contabilistas.

Finalmente, diante das limitações expostas e do desafio que foi o estudo de

campo dentro de uma visão comportamental para a área de contabilidade, em que

se observa muito mais a excelência das pesquisas técnicas sobre as sociais, para a

proposição de futuras pesquisas faz-se necessário:

a. revisar a metodologia e os instrumentos de pesquisas, a fim aumentar o

grau de confiabilidade estatística no diagnóstico do clima organizacional pelos

contabilistas.

b. estudar o efeito de novas variáveis sobre o clima que podem interferir nos

aspetos motivacionais dos contabilistas.

131

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Anexo 1 – QUESTIONÁRIO PARA ANÁLISE DO CLIMA NOS DEPARTAMENTOS DE CONTABILIDADE DE EMPRESAS DE GRANDE PORTE

São Paulo, Julho de 2009. Caro Participante. Sou mestranda em contabilidade e finanças pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP e estou desenvolvendo minha dissertação de mestrado com o tema Um estudo do clima organizacional em departamentos de contabilidade de empresas de grande porte. Para o desenvolvimento desta pesquisa preciso de sua ajuda para responder a esse questionário, que não levará mais de 10 minutos para o preenchimento, as respostas são confidenciais e você não precisa se identificar. Não existem respostas certas ou erradas, apenas responda cada pergunta atribuindo a escala que melhor expresse a sua opinião. Os resultados serão compilados e analisados em minha dissertação de mestrado, que será concluída ainda este ano. Atenciosamente, Rosângela Silva Mestranda em Contabilidade e Finanças. Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP

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QUESTIONÁRIO PARA ANÁLISE DO CLIMA NOS DEPARTAMENTOS DE CONTABILIDADE DE EMPRESA DE GRANDE PORTE Pesquisa de Clima Organizacional em Departamentos Contábeis e Controladorias de Empresas de Grande Porte. I- Dados da Instituição Nome da Empresa (Opcional) _______________________________________ Natureza Jurídica: 1) Empresa Privada ( ) 2) Autarquia ( ) 3) Empresa Pública ( ) Ramo de Atividade 1) Indústria 2) Instituição Financeira 3) Comércio 4) Prestação de Serviço II- Perfil do Respondente 1- Qual sua faixa etária ? (1) 18 a 25 anos (2) 26 a 35 anos (3) 36 anos a 45 anos (4) acima de 45 anos 2- Sexo: (1) masculino (2) feminino 3- Em que região do país você nasceu? (1) Sul (2) Sudeste (3) Nordeste (4) Norte 4- Qual a sua categoria étnica (1) branco (2) negro (3) asiático (4) mestiço (5) outros______ 5- Grau de escolaridade (1) Cursando Técnico em contabilidade (2) técnico em contabilidade (3) cursando a graduação em contabilidade (4) bacharel em contabilidade (5) cursando pós-graduação na área contábil (6) pós-graduado na área contábil (7) outros (especificar)_____________ 6- Tempo de experiência profissional (1) menos de 10 anos (2) de 10 a 15 anos (3) de 16 a 20 anos (4) 21 a 25 anos (5) de 26 a 30 anos (6) mais de 31 anos 7- Seu cargo (1) analista contábil Jr. (2) analista contábil PL (3) analista contábil Sr (3) coordenador/supervisor contábil (4) gerente de contabilidade (5) controller (6) Outros (especificar) __________________ 8- Religião (1) católica (2) protestante (3) espírita (4) islâmica 5) outra__________

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9 – Estado civil (1) solteiro (2) casado (3) divorciado (4) outro ________ 10- Número de filhos (1) nenhum (2) um (3) dois (4) três (5) acima de três 12- Há quanto tempo você trabalha no departamento de contabilidade desta empresa? (1) menos que 1 ano (2) de 1 a 2 anos (3) de 3 a 5 anos (4) há mais de 5 anos? 13- Considere seus últimos 12 meses de trabalho e indique o(s) tipo(s) de atividade(s) que você tem desenvolvido, preenchendo o respectivo quadro ao lado, da seguinte forma. Atribua o número 1 para as tarefas que demandam maior tempo seu, o número 2 para aquelas que exigem menor tempo e assim por diante. ( ) Atividades técnicas (classificação contábil, conciliação de contas contábeis, elaboração de demonstrativos financeiros, preenchimento de obrigações assessórias etc.) ( ) Gerência de Atividades técnicas (responsável por projeto, por coordenação de atividades contábeis, responsável por elaboração de cronogramas) ( ) Gerência de atividades administrativas (finanças, pessoal, compras etc.) ( ) Outros (especificar)___________________________________________. III- Percepção do respondente quanto às características do clima organizacional. Uma série de afirmações usadas para descrever o clima organizacional do departamento de contabilidade ou da controladoria será colocada neste momento, assinale com os respectivos números de cada, de acordo com a tabela abaixo, a que você entende que é a mais próxima para responder a afirmação: (1 ) nunca ocorre (2 ) raramente ocorre (3 ) frequentemente ocorre (4 ) sempre ocorre Usando primeiro os espaços da esquerda, descreva o que você acredita que atualmente acontece nesta organização. Depois de preencher a coluna da esquerda, use os espaços da direita para descrever o que você idealmente acha que deveria acontecer nesta organização. Importante: Procure relacionar cada situação com seus sentimentos e opiniões pessoais. *A melhor resposta a qualquer item é simplesmente a que melhor reflete a sua opinião. *Use o tempo necessário para obter respostas verdadeiras e precisas.

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*Dê respostas para todas as afirmações. Cada afirmação deve ter apenas uma resposta

ATUAL ITENS IDEAL 1 N

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1- No seu departamento há regras, políticas e procedimentos que orientam os trabalhos que você deve executar.

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2- Os colaboradores deste departamento podem tomar decisões e resolver problemas de natureza técnica, sem precisar consultar os superiores.

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3- Uma das características do departamento é que ele estabelece altos padrões de desempenho para seus colaboradores, com vistas à produção e qualidade elevadas do trabalho.

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4- No departamento o reconhecimento e recompensa pelo bom desempenho são geralmente maiores que a atitude crítica e punitiva por algum trabalho que não é bem feito ou sai errado.

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5- De um modo geral pode-se afirmar que no departamento as “coisas” estão bem organizadas.

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6- A interação entre os colaboradores deste departamento e a circulação de informações são favorecidas nesta instituição, pois aqui se fornecimento faz uso de um sistema de comunicação aberto e informal.

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7- Este departamento aceita e estimula a liderança que é baseada no conhecimento técnico que o indivíduo possui.

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8- Aqui, há pouca liberdade para se mudar as rotinas de trabalho.

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9- O departamento estabelece para seus colaboradores metas ambiciosas e desafiadoras, mas possíveis de serem atingidas.

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10- O departamento demonstra um interesse ativo no desenvolvimento e atualização dos conhecimentos técnico-administrativos de seus colaboradores (há incentivos para a participação em curso, seminários, congressos etc.).

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11- Aqui, as atribuições de seus colaboradores estão claramente definidas.

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12- Neste departamento, os integrantes coordenam projetos e podem tomar decisões e resolver problemas administrativos da sua unidade de trabalho (por ex. alocação de recursos, formação de equipes, despesa orçamentárias, contratação de serviços etc.) sem verificar com os superiores).

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13- O departamento aceita e estimula a liderança individual que nasce dos sentimentos de amizade, relações interpessoais e apoio sócio-emocional, para com os colaboradores da unidade de trabalho.

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14- As punições são severas para as pessoas que não seguem o sistema de trabalho determinado pelo departamento.

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15- Este departamento faz os seus colaboradores sentir-se realmente compromissado com o atingimento das metas pela instituição.

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16- O departamento oferece aos seus colaboradores salários condizentes com o nível e a responsabilidade do cargo ocupado.

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17- Neste departamento, as metas a serem alcançadas pelos colaboradores são estabelecidas de forma clara e bem definida.

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18- De um modo geral, pode se dizer que neste departamento existe um “bom ambiente” de trabalho.

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19- A amizade, respeito humano e ajuda mútua, são normas valorizadas por este departamento.

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20- Aqui neste departamento, é possível, a qualquer momento, alguém assumir e ser recompensado por uma liderança bem sucedida.

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21- Neste departamento, os colaboradores são incentivados a propor projetos de controladoria, não se limitando apenas em executá-los.

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22- Os líderes da contabilidade participam de reuniões estratégicas da organização para tomada de decisões.

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23- Você vê os integrantes da contabilidade apenas como geradores de relatórios contábeis.

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24- Na instituição em que você trabalha os profissionais contábeis ocupam cargos diretivos.

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25- As demais áreas da Instituição vêem os profissionais da contabilidade como pessoas introspectivas e reservadas.

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26- Você vê que os demais departamentos consideram os profissionais da contabilidade como líderes.

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27- Você vê o seu trabalho como essencial para o desenvolvimento da organização.

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28- Você considera os profissionais contábeis atualizados e capacitados para cargos gerenciais. Você se considera líder

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