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Texto e Imagem
29ª Bienal e ...
de setembro a dezembro 2010
Apresentação
Esse trabalho contem algumas imagens da 29ª Bienal de 2010, alguns artistas brasileiros e outros internacionais que vimos as obras.
Em segundo lugar, há uma explicação sobre o que ocorreu nos anos de 1950 e 1960 com relação a arte, as primeiras bienais, o concretismo e o neoconcretismo.
Em terceiro lugar, há algumas idéias para nossos próximos encontros. As imagens circulam como tessituras em trânsito, migram de suportes e tramam visibilidades.
Imagem: vilafashion.vilamulher.com.br/.../?pagina=30
A 29ª Bienal de São Paulo cujo tema principal é a arte e a política
“Há sempre um copo de mar para um homem navegar”, verso do poeta Jorge de Lima da obra Invenção de Orfeu, 1952.
Na montagem da mostra há seis espaços de convívio e de reflexão chamados de “terreiros”:
A idéia dos terreiros vem da letra da música Brasil Pandeiro.
A pele do invisível
Dito, não dito, interdito
Eu sou a rua
Lembrança e esquecimento
Longe daqui, aqui mesmo
O outro, o mesmo.
Brasil Pandeiro
Os Novos Baianos
Composição: Assis Valente
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente noutras terras, noutra gente
Num batuque de matar
Batucada, Batucada, reunir nossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, ó meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Ô, ô, sambar, iêiê, sambar...
Queremos sambar, ioiô, queremos sambar, iaiá
Alguns artistas que tem obras na 29ª Bienal
Brasileiros
Nuno Ramos
Amelia Toledo
Cildo Meirelles
Flávio de Carvalho
Lygia Pape
Nelson Leirner
Henrique Oliveira, etc.
Convidados
internacionais
Ai Weiwei
Yonamine Miguel
Zanele Muholi
Sandra Gamarra
José Antonio Vega
Macotela
O preto e o branco
Na fachada o cubano Wilfredo Prieto. Nascido em
Spíritus (Cuba), em 1978, Wilfredo Prieto esteve em
importantes mostras internacionais, como a Bienal de
Veneza.
Em frente ao pavilhão da Bienal, o artista montou a
instalação "Apolítico", uma série de bandeiras de
vários países. A obra é de 2001-2008, já exposta em
outros lugares e essas bandeiras são em escala de
cinzas, com desenhos, dimensões e telas oficiais
estipulados pela ONU.
Ai Weiwei, 1957. Vive em Pequim
Acho que todo artista é um ativista e um bom ativista pode ser um artista”, disse no mês passado”. Para ele parece que Arte e política são inseparáveis” MARIO CESAR CARVALHO DA REPORTAGEM LOCAL
Folha Ilustrada, São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Na produção de suas obras, Weiwei frequentemente se apropria de objetos –antiguidades chinesas, por exemplo, árvores ancestrais, raízes ou artefatos espirituais – para então modificá-los.
Weiwei imergiu simplesmente cinco vasos neolíticos, produzidos entre 3000 a.C. e 5000 a.C, em tinta industrial para dar-lhes um visual de linha de produção. da mesma forma, destruiu urnas da Dinastia Han (cerca de 200 a.C-200 d.C), jogando-as sobre o calçamento de pedra
Template, 2007
Portas e janelas de casas das dinastias Ming e Quing destruídas (1368-1911), base de
madeira, 720x1200x850cm
Weiwei lançou uma campanha para dar nome às crianças vítimas do terremoto em 2008, depois que o governo abafou o escândalo das “escolas de areia”. Morreram em escolas de construção precária 5.535 crianças.
O governo calou o protesto dos pais das vítimas, que foi encampado pelo artista. Seu popular blog foi bloqueado em maio. No Twitter, também bloqueado na China, ele postou fotos pré e pós-cirurgia, feita em Munique.
O aumento do confronto verbal e físico entre Weiwei e as autoridades chinesas coincide com o auge do reconhecimento de sua obra. Ele foi para a Alemanha abrir a exposição “So Sorry” (sinto muito).
Weiwei é conhecido por ter participado na concepção do Estádio Olímpico de Pequim. De sua prancheta saíram mais de 50 construções, entre edifícios comerciais, residências, restaurantes e até uma vila de ateliês para amigos artistas, no bairro de Caochangdi, em Pequim.
“I’m so sorry”
Circle of Animals é um trabalho inédito que toma como referência o conjunto de cabeças de bronze originalmente situadas no antigo palácio imperial de verão em Pequim e que representam as doze figuras do zodíaco.
Foram comissionadas pelo imperador Manchu Qianlong no século 18 e desenhadas pelos jesuítas Michel Benoist e Giuseppe Castiglioni como peças centrais do relógio de água do palácio.
Parcialmente destruídas pelos exércitos inglês e francês durante a Segunda Guerra do Ópio, sua arqueologia e recuperação foram recentemente priorizadas no quadro de uma política de propaganda e do nacionalismo que cresce paralelamente ao progresso econômico do país.
Fotos na inst
Time Divisa, 2009
José Antonio Vega Macotela, 1980, Mexico
Mapa sobre papel vegetal 200 x 200 cm
Ele busca a troca do tempo pelo tempo e não tempo por dinheiro.
Ele frequentou uma prisão durante 3 anos e meio e realizou Time-
Divisa Intercambio. Em visitas semanais à unidade carcerária onde
ninguém é dono de seu tempo, Macotela criou uma dinâmica de
trocas, 365. P.Ex: Chucho documentou em desenho todas as suas
respirações durante uma hora enquanto o artista ouvia seu irmaõ
cantar; Super-Ratón cletou restos de cigarros, enquanto o artista
assistia aos primeiros passos de seu filho, etc.
Sandra Gamarra nasceu em Lima, Peru, 1972. Ela terminou seu doutorado,
em 2003, na Facultad de Arte de Espanha, vive e trabalha em Madrid. Seus
trabalhos estão no MOMA e Tate Gallery, dentre outros espaços e participou
da 53ª Bienal Internacional de Veneza.
Sandra Gamarra.
Tríptico de las Estaciones, 2009
óleo s/tela, 200x300cm
Em Lima não há nenhum museu de arte contemporânea e Sandra pinta imagens de espaços de artes plásticas. A idéia de debater a falta de acervos densos nas instituições de arte latino-americanas levou Gamarra a criar o projeto LiMac(Museu de Arte Contemporânea de Lima), um museu imaginário cuja coleção se baseia em suas releituras. O conceito é o de acumular simbolicamente para a capital peruana uma plataforma de acesso à arte, alertando e ironizando, através de sua seleção afetiva, as lacunas da valorização da arte contemporânea em seu país.
Tatiana Trouvé nasceu em 1968 em Cosenza, Itália, e vive em
Paris.
Participou da 52ª Bienal de Veneza.
Tatiana faz esculturas, desenhos e instalações que servem para discutir a realidade e a ficção, o mental e o físico, o espaço, o tempo e a memória.
A obra 350 pontos ao infinito, feita em 2007, é composta por 350 pêndulos de metal presos no teto que se cruzam em diagonal e ficam na mesma posição por causa de um campo magnético invisível.
Zanele Muholi (Born 19 July 1972 in Umlazi, Durban) is a
South African photographer and visual activist.
Dress Codes series 2006
Yonamine Miguel nasceu em Luanda, em 1975. Viveu em Angola,
no Zaire (actual R.D.C), no Brasil e no Reino Unido.
Atualmente vive e trabalha em Lisboa.
Wall installation, silkscreen on newspaper. Variable dimensions.
Produced for ZonaMaco, project room, México City, México.
O CINEMA na BIENAL
Há muitos filmes e vídeos interessantes, mas é preciso tempo para assisti-los. Metade dos trabalhos são inéditos e a outra metade não.
Cineastas ilustres: o tailandês Apichatpong Weerasethaku; o vídeo da americana Nam Goldin, “ A Balada da Dependência Sexual”.
O documentário do belga Francis Alÿs que mora no México. A obra é sobre um tornado e ele o filma fora e dentro do furacão.
Alguns brasileirosNuno Ramos, SP 1960
Nuno Ramos - Sem titulo, técnica mista sobre madeira, 321 x 663 x 235
cm, 1994 -2006. Foto: Eduardo Eckenfels
Coleção Inhotim
Fotos dos urubus e a instalação dele
Nuno Ramos, o luto. “Bandeira Branca”,
esculturas de areia e de granito.
Gil Vicente
Tatiana Blass (1979-) Nasceu em São Paulo.
Muito cedo se dedicou à Arte participando de cursos livres. Graduou-se pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).
Participou de várias exposições no Brasil e no exterior. Recebeu bolsa da Cisneros Fontanals Art Foudation e da Fundação Iberê Camargo. Metade Da Fala No Chão _
Piano Surdo (2010) Foto Everton Ballardin.
O trabalho foi executado na abertura da Bienal. Um pianista tocava o piano de cauda enquanto a artista ia derramando sobre as cordas parafina líquida que se solidificava alterando o som, até tornar impossível qualquer som. A parafina escorria e se acumulou no chão.
A pele do invisível
Lygia Pape (1927-2004)
Lygia usou o corpo humano numa série de trabalhos de 1959, explorando o tato, o olfato e o paladar.
Lygia envolveu-se também com o Cinema Novo, cuidando da programação visual de vários filmes, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.
Jornal Estadão05/05/2004
Lygia Pape, Divisor, 1968, fendas 20x20
Jardins do Museu de Arte Moderna RJ
PAPE, Lygia. Lygia Pape. Entrevista Lúcia Carneiro, Ileana Pradilla. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p.
21-22, 44-46, 53 e 74-75 (Palavra do artista).
“Eu realizei alguns trabalhos desse tipo em 1968, mas os meus têm um outro caráter. Quando fiz o Ovo, um cubo coberto com uma superfície macia onde a pessoa entra, rompe e “nasce”, estava interessada na possibilidade de uma obra sem autor. O Divisor, uma grande superfície de 20 x 30 m, com fendas onde as pessoas enfiam suas cabeças, também foi um trabalho bastante feliz nesse aspecto. O que eu queria fazer naquele momento era um trabalho que fosse coletivo, e que as pessoas pudessem repetir sem que eu estivesse presente. O Ovo e o Divisor são estruturas tão simples que qualquer pessoa pode repetir. Ideologicamente este tipo de proposta seria uma coisa muito generosa, uma arte pública da qual as pessoas poderiam participar. Atualmente, são chamadas de performances”.
LYGIA PAPE
T téia (detalhe)
fio metalizado
dimensões variadas [1979/2005]
Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948)
Conhecido internacionalmente, Cildo cria os objetos e as instalações que acoplam diretamente o visor em uma experiência sensorial completa, questionando, entre outros temas, o regime da banana brasileira (1964 - 1984) e a dependência do país na economia global.
Situando-se na transição da arte brasileira entre a produção neoconcretista do início dos anos 60 e a de sua própria geração, já influenciada pelas propostas da arte conceitual, instalações e performances, as obras de Cildo Meireles dialogam não só com as questões poéticas e sociais específicas do Brasil, mas também com os problemas gerais da estética e do objeto artístico.
Na instalação de Amelia Toledo
INSERÇÕES EM CIRCUITOS IDEOLÓGICOS:
1. PROJETO "COCA-COLA" (1970)
Gravar nas garrafas de
refrigerantes (embalagens
de retorno) informações e
opiniões críticas, e devolvê-
las à circulação. Utiliza-se o
processo de decalque (silk-
screen) com tinta branca
vitrificada, que não aparece
quando a garrafa está vazia
e sim quando cheia, pois
então fica visível a inscrição
contra o fundo escuro do
liquido Coca-Cola.
Durante os anos 70 e 80 Cildo Meireles
arquitetou uma série de trabalhos que
faziam uma severa crítica à ditadura militar.
Obras como Tiradentes: totem monumento
ao preso político ou Introdução a uma nova
crítica, que consiste em uma tenda sob a
qual se encontra uma cadeira comum
forrada com pontas de prego, são alguns
trabalhos de cunho político do artista. Neles
a questão política sempre vem
acompanhada da investigação da
linguagem.
1970
Cadeira de madeira, pregos, tecido
preto e ferro
Obra na 7° Bienal
Coleção do artista, RJ
(...)
Enquanto o museu, a galeria, a tela, forem um espaço
sagrado da representação, tornam-se um triângulo das Bermudas:
qualquer coisa, qualquer idéia que você colocar lá vai ser
automaticamente neutralizada. Acho que a gente tentou
prioritariamente o compromisso com o público. Não com o comprador
(mercado) de arte. Mas com a platéia mesmo. Esse rosto
indeterminado, o elemento mais importante dessa estrutura. De
trabalhar com essa maravilhosa possibilidade que as artes plásticas
oferecem, de criar para cada nova idéia uma nova linguagem para
expressá-la. Trabalhar sempre com essa possibilidade de
transgressão ao nível do real. Quer dizer, fazer trabalhos que não
existam simplesmente no espaço consentido, consagrado, sagrado.
Que não aconteçam simplesmente ao nível de uma tela, de uma
superfície, de uma representação. Não mais trabalhar com a metáfora
da pólvora - trabalhar com a pólvora mesmo.
*Extraído do depoimento de CM registrado na pesquisa Ondas do
corpo, de Antônio Manuel Copy-desk e montagem do texto: Eudoro
Augusto Macieira. Publicado no Livro "Cildo Meireles" da FUNARTE.
Rio de Janeiro, 1981.
Cildo Meireles RJ, 1948, vive no Rio
Babel, 2001. 500 cm x 300 cm.
Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália 1942).
Gravadora pintora, escultora, artista multimídia e desenhista.
Em 1961, inicia curso de gravura em madeira na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro, e integra-se à Nova Figuração, movimento de reação à abstração e tomada de posição frente ao momento político brasileiro.
Freqüenta o ateliê de Ivan Serpa (1923 - 1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, e estuda gravura com Adir Botelho (1932), em 1963.
No ano seguinte, realiza sua primeira exposição individual na Galeria G, em Caracas. Em 1967 participa da Nova Objetividade Brasileira, exposição que propunha a superação do quadro de cavalete em favor do objeto, sendo organizada por críticos e artistas, entre eles Hélio Oiticica (1937 - 1980).
No final da década de 1970, a artista passa a se dedicar à performances. Em 1978, realiza Mitos Vadios, num terreno baldio da rua Augusta, em São Paulo, e, em 1981, na rua Cardoso Júnior, Entrevidas, quando dúzias de ovos de galinha são espalhados pelo chão, para que o público tivesse que driblar um "campo minado".
Na década de 1980, começa a trabalhar com a argila por influência do artista argentino Victor Grippo. Em 1990, recebe o prêmio de melhor mostra do ano, da Associação Brasileira de
Feijão com Arroz" Anna Maria Maiolino
Possui uma obra marcadamente política, na qual os traços de humor e corrosão
crítica caminham juntos. Uma visualidade pop permeia todo o caminho
contestador da obra de Nelson Leirner.
Reside nos Estados Unidos, entre 1947 e 1952, onde estuda engenharia têxtil no
Lowell Technological Institute, em Massachusetts, mas não conclui o curso. De
volta ao Brasil, estuda pintura com Joan Ponç (1927 - 1984) em 1956.
Freqüenta por curto período o Atelier-Abstração, de Flexor (1907 - 1971), em
1958.
Em 1966, funda o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee (1931), Geraldo de Barros
(1923 - 1998), Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Frederico Nasser
(1945). Em 1967, realiza a Exposição-Não-Exposição, happening de
encerramento das atividades do grupo, em que oferece obras de sua autoria
gratuitamente ao público. No mesmo ano, envia ao 4º Salão de Arte Moderna de
Brasília um porco empalhado e questiona publicamente, pelo Jornal da Tarde, os
critérios que levam o júri a aceitar a obra. Realiza seus primeiros múltiplos, com
lona e zíper sobre chassi.
Nelson Leirner (São Paulo, 1932).
É também um dos pioneiros no uso do outdoor como suporte. Por motivos políticos, fecha sua sala especial na 10ª Bienal Internacional de São Paulo de 1969, e recusa convite para
outra, em 1971. Nos anos 1970, cria grandes alegorias da situação política
contemporânea em séries de desenhos e gravuras. Em 1974, expõe a série A Rebelião dos Animais, com trabalhos que criticam duramente o regime militar, pela qual recebe
da Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA o prêmio melhor proposta do ano. Em 1975 a APCA
encomenda-lhe um trabalho para entregar aos premiados, mas a Associação recusa-o por ser feito em xerox, por isso,
como protesto, os artistas não comparecem ao evento. De 1977 a 1997, leciona na FAAP (Fundação Armando Álvares
Penteado) em São Paulo, onde tem grande relevância na formação de várias gerações de artistas.
Nelson Leirner, Pacavoa, 2010
instalação para a bienal
Protótipo em escala real a partir de esboço não executado de Leonardo da Vinci feito no princípio do
século XVI. Próxima imagem.
Nelson construiu a obra baseado num desenho de Leonardo da Vinci, uma máquina voadora. Ela só existia em desenho. Como piloto colocou inicialmente uma paca empalhada, mas achou-a pequena e substituiu por um javali fazendo uma referência ao seu trabalho O Porco.
Pacavoa (2010) Foto Odir.
Breve histórico
A 1ª Bienal traz ao Brasil, pela primeira vez, obras de Pablo Picasso (1881 - 1973), Alberto Giacometti (1901 - 1966), René Magritte (1898 - 1967), George Grosz (1893 - 1959) etc., além de apresentar a produção brasileira de Lasar Segall (1891 - 1957), Victor Brecheret (1894 - 1955), Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), Jorge Mori entre outros. Os prêmios concedidos à escultura Unidade Tripartida de Max Bill (1908 - 1994) e à tela Formas de Ivan Serpa (1923 -1973) são sintomas da atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte. Fundador da Hochschule für Gestaltung Ulm [Escola Superior da Forma], em Ulm (1951), Max Bill é o principal responsável pela entrada do ideário concreto na América Latina, sobretudo na Argentinae no Brasil, no período após a Segunda Guerra Mundial(1939-1945). A exposição do artista em 1951 no Masp e a presença da delegação suíça na 1ª Bienal, no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas linguagens plásticas, que passam a ser amplamente exploradas.
Max Bill
Unidade Tripartida, 1948/49
A escultura Unidade Tripartida (1948/49), do suíço Max Bill, foi prêmio Internacional da Primeira Bienal de São Paulo, em 1951. Trata-se de uma fita de Moebius, em aço inoxidável, na qual o artista demonstra formalmente a experiência de um espaço infinito, sem-começo, sem-fim, e de um tempo que não termina, que se enrosca e volta para si mesmo na pulsão sintética da gestualidade racionalista. O artista suíço buscava "substituir o caos pelo cosmos", criando uma arte pura, organizada, sintética.
A presença de Max Bill no Brasil, que já havia realizado em São Paulo uma exposição, anterior ao prêmio da Bienal, tornou-se um poderoso espelho, refletindo a ânsia de modernidade, de racionalidade, de internacionalidade compartilhada por uma nova geração de artistas, inicialmente em São Paulo.
A primeira Bienal de São Paulo
ocorreu em 1951 devido aos esforços
do empresário e mecenas Francisco
Matarazzo Sobrinho (1892 -
1977)(conhecido como Ciccillo
Matarazzo) e de sua esposa Yolanda
Penteado. A segunda edição (1953)
ficou famosa por trazer ao Brasil a até
então inédita no país Guernica, de
Pablo Picasso.
Uma obra engajada politicamente
Em 1936, quando a Guerra Civil Espanhola eclodiu, Picasso vivia na França. Leal à república, ele foi incumbido pelo governo espanhol de pintar uma tela para a Exposição Universal de 1937, em Paris. Em abril, contudo, a cidade basca de Guernica foi bombardeada durante um ataque nazista que matou 1.600 pessoas. Picasso se inspirou nesse evento para criar sua vigorosa obra de protesto contra os fascistas liderados pelo generalíssimo Francisco Franco.
A tela, com 3,5m por 7,8m e está no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid.
Depois de ser exibida em Paris,
Guernica circulou pela Europa, até
ser mostrada no MoMA de Nova York.
A obra retornou à Espanha em 1981,
depois da morte de Franco, porque
Picasso havia dito que o mural
deveria voltar somente quando o país
se tornasse uma democracia
novamente.
Os cartazes das primeiras bienais e a linguagem
abstrato geométrica
Além de veículo de informação, o cartaz apresenta a abstração para um público urbano vasto. Esta linguagem de vanguarda era conhecida apenas por uma elite cultural que freqüentava as salas da intelectualidade paulistana. Portanto, o cartaz é um meio determinante para a superação de preconceitos em relação à recente abstração geométrica, então presente no panorama das artes plásticas brasileiras.
Nas aulas do IAC são apresentados os preceitos estéticos do funcionalismo proposto e trabalhado na Bauhaus nos anos 1920. A função é valorizada sobre a forma. O decorativismo é rejeitado em favor da manutenção de elementos estritamente necessários à concepção industrial. Ao priorizar o projeto, os custos de produção são reduzidos e o produto final torna-se mais acessível ao público. Daí a atenção atribuída ao design gráfico, em especial ao cartaz, como instrumento de forte apelo popular
Nesse desdobramento conceitual, surge a tela Movimento (1951), de Waldemar Cordeiro, artista nascido na Itália e radicado em São Paulo, que se tornou, logo de início, o líder do grupo de arte concreta paulistana, intitulado "Ruptura". Obra definidora da maturidade de Cordeiro como artista concreto, Movimento dispõe de listras horizontais coloridas em tamanhos e posicionamentos de intervalos que produzem um efeito ótico de movimento no observador.
O Grupo Ruptura se opunha a toda arte
que havia sido feita no Brasil até então -
tanto figurativa, quanto abstrata. As
discussões a partir do seu surgimento
passaram a ter três vertentes: a arte
figurativa, a arte abstrata (que distorce os
elementos, mas ainda se baseia na
realidade), e a arte concreta (que não quer
representar a realidade, e sim quer ser e
agir na realidade contemporânea).
Waldemar Cordeiro
Movimento, 1951
No ano seguinte à finalização dessa obra, os artistas do Grupo Ruptura lançariam um Manifesto que rompia com a figuração e o naturalismo, considerando-os uma "arte antiga para uma realidade antiga".
O concretismo na arte é a promessa da construção do novo. Prega uma arte democrática, acessível a todos em sua simplicidade e objetividade. Propaga uma linguagem universal, livre de contextos específicos e livre de um excesso de subjetividade e emotividade.
Esta oposição às formas de arte feitas no Brasil até então não era meramente estética. As artes do passado estavam ligadas a um determinado pensamento cultural que não mais respondia às questões da vida contemporânea industrial. O movimento concreto queria ampliar a esfera de atuação das artes, pensando e melhorando o ambiente urbano, modernizando o meio cultural brasileiro e, principalmente, socializando as artes e a cultura.
1954
Lito-off set sobre papel, 65.7 x 47.7 cm
Cromo do acervo do MAC
Poesia Concreta- Haroldo de Campos
Em 1954, no Rio de Janeiro, surgiria outro movimento concreto: o Grupo Frente. A partir da exposição do Grupo Ruptura, os artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro passariam a manter contato entre si, e realizariam juntos, em 1956/57, em ambas as cidades, a I Exposição Nacional de Arte Concreta. Desta exposição decorreriam uma série de polêmicas entre os grupos paulista e carioca, principalmente entre Waldemar Cordeiro e Ferreira Gullar, que levariam à cisão e à fundação do Grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro.
Imagem
as imagens se contaminam com outras imagens e circulam em diferentes suportes.
a imagem tem natureza andarilha.
“cada imagem, uma vez cumprida sua função atual, conduz, em consequência, outra vez, a uma nova imagem” (Belting).
Adriana VarejãoBorn in 1964 in Rio de Janeiro, Brazil, where she lives and works.
Adriana Varejão; " Azul Branca em Carne Viva", 2002
Oil on canvas, polyurethane on aluminium, wood support
270 x 200 x 40 cm
Photo: Vicente de Mello /Galleria Soledad Lorenzo, Madrid
Collection Fondation Cartier pour l'art contemporain, Paris
© Adriana Varejão
No próximo Verão, o biscoito fino das artes vaipoder ser devorado por uma pequena parcela damassa novamente. Em vez de fazer alusão aartistas estrangeiros, como a Iódice fez com a SoniaDelaunay, a Lenny preferiu Adriana Varejão (desfileverão 2007SPFW).
Beatriz Milhazes
Palmolive, 2004Acrílica sobre tela [Acrylic on canvas]199 x 249,5 cm
Érika Ikezili escolheu Beatriz Milhazes.
As reinvenções do laço off-white de AcquaStudio e o trabalho de tiras,
em fitas nude, de Gloria Coelho são ótimas leituras.
Mariana Rachel Roncoletta (viram blog amodae.com/)
Vista externa do Museu Guggenheim em Nova Iorque, projeto do arquiteto americano Frank Lloyd Wright inaugurado em 1959
Maria Bonita trouxe nos prints uma alusão ao movimento neoconcreto brasileiro.
Obrigada pela atenção!
Até o próximo encontro!
Beth