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Por que e como você tem errado sistematicamente desde que começou a pensar João Lourenço Mestrando em Filosofia da Mente/Consultor em vieses cognitivos [email protected]

Por que e como você tem errado sistematicamente desde que ... · Qual probabilidade alguém deveria atribuir que uma enchente inunde uma hipotética cidade? Qual probabilidade alguém

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Por que e como você tem errado

sistematicamente desde que

começou a pensar João Lourenço

Mestrando em Filosofia da

Mente/Consultor em vieses

cognitivos

[email protected]

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Resolver satisfatoriamente tarefas cognitivas

envolve também considerar restrições como tempo

e dispêndio energético, que eram mais escassos no

nosso passado evolutivo.

Essas falhas são conhecidas como vieses cognitivos: desvios sistemáticos que

a cognição humana comete da racionalidade e podem ocasionar perdas

enormes

Por conta disso, a evolução favoreceu operações

mentais que resolvem tarefas de raciocínio através

de ‘atalhos’ que funcionam bem na maioria dos

casos, mas falham em algumas exceções.

Como os módulos cognitivos que realizam tais tarefas

são, segundo a hipótese da psicologia evolucionista,

relativamente universais na humanidade, os casos em

que nossos ‘atalhos’ nos deixam na mão também

apresentam certa regularidade.

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Por exemplo, homens em geral tendem a

superestimar o interesse sexual do sexo

oposto, enquanto mulheres tendem a

subestimar o interesse afetivo do sexo

oposto.

Evolutivamente faz sentido, pois para um homem subestimar interesse afetivo de uma mulher é pior do que superestimar: no primeiro caso ele perde a possibilidade de espalhar seus genes sem muito trabalho, no segundo ele apenas pode tomar um fora. No caso da mulher subestimar o interesse afetivo é pior, pois ter um filho com um homem que não está disposto a dispender cuidado parental é pior do que dispensar um homem que está.

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Qual tipo de palavra inglesa é mais frequente, a que começa com R ou a que

tem R como terceira letra?

O que é mais perigoso, andar num beco escuro a noite ou quase nunca

sair de casa e não se exercitar?

Red, Runtime, Right, Road, Room, RAM, Reboot, etc.

Dirty, Turbo, ????

Andando num beco escuro a noite você pode ser assaltado,

roubado ou sequestrado, a cada canto escuro da rua e das

construções dos arredores parece surgir uma nova ameaça.

Por outro lado ficar em casa a maior parte do tempo parece

trazer à mente poucos cenários arriscados.

R aparece na terceira posição de palavras em inglês

mais do que na primeira.

Ter uma vida sedentária é o maior fator de risco de morte

existente (fora cigarro), enquanto mortes por homicídio são

proporcionalmente baixas.

1979

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Viés da disponibilidade

É muito mais fácil lembrar de palavras que se iniciam com R do que as que

têm sua terceira letra como R. Como consequência, a maioria das pessoas

considera as palavras que se iniciam com R como mais frequentes.

Esse é um caso influenciado pelo viés da disponibilidade. Uma

diminuição da ocorrência de um evento no nosso horizonte

imediatamente acessível à memória nos faz automaticamente assumir

que esses eventos ocorrem na mesma proporção em que são

acessíveis

A disponibilidade de um dado na nossa memória não é um indicativo claro de

sua freqüência.

A segunda é um fato a respeito do

mundo.

Analogamente, os riscos de um beco escuro a noite são muito

mais vívidos na nossa mente do que os advindos de uma

maior probabilidade de morte futura consequente de um certo

hábito inofensivo no curto prazo.

A primeira é uma condição epistêmica e computacional de um cérebro feito

para lidar com um mundo no qual, por exemplo, a taxa de homicídio (evitável)

era muito maior que a de infarto (inevitável).

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Qual probabilidade alguém deveria atribuir que uma enchente inunde uma

hipotética cidade?

Qual probabilidade alguém deveria ter atribuído que uma enchente inunde essa

mesma cidade, depois de saber que a cidade foi de fato inundada?

A segunda probabilidade é sempre considerada como sendo maior que a

primeira, quando elas deveriam ser sempre iguais.

Sempre que um evento anteriormente inesperado ocorre nós o

consideramos provável em retrospecto. O acidente em Fukushima, a

última crise financeira, as enchentes no Rio e as milhões de mortes

ocasionadas pelos tsunamis na Ásia foram todas consideradas

tragédias que poderiam e deveriam ter sido evitadas.

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Viés da retrospecção

Não conseguimos nos ater ao fato de que na época não

tínhamos informações suficientes para saber com segurança

sobre a probabilidade de qualquer um destes eventos.

Uma série de eventos foi descrita para 3 grupos distintos. Para dois

desses grupos foi dito que depois desta série de eventos um evento

específico ocorreu enquanto que para o grupo restante não. Mesmo

sendo instruídos para avaliar qual a probabilidade do evento

específico ocorrer da perspectiva de alguém posicionado antes da

ocorrência do evento, os grupos que sabiam do evento atribuíram

uma probabilidade 10 vezes maior para o mesmo.

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É necessário julgar quão provável era a probabilidade de um evento

partindo das condições epistêmicas da época e não com base no

nosso conhecimento atual.

Vendo a história através das lentes desse viés, nós vastamente

subestimamos a ocorrência de eventos que agora parecem improváveis,

pois temos a tendência a acreditar que um evento que ocorre

necessariamente seria avaliado como provável na época anterior a

ocorrência. Ao fazer isso nós superestimamos o custo de nos prevenir para

uma catástrofe improvável. Isso nos leva ao próximo viés.

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Apesar de perder muito, o risco é extremamente baixo e no geral o

investimento é uma fonte de lucro constante.

Isso claramente não é o caso após calcularmos as perdas e ganhos totais

(10x0.98 – 1.000.000x0.002 = -1990,2).

Nós tendemos a ignorar riscos de probabilidade pequena, mas que

tenham perdas muito altas. Isso se manifesta mesmo em casos mais

complexos analisados por grandes especialistas no assunto, um dos

inúmeros motivos da ultima crise econômica americana.

Dar mais atenção a riscos pequenos de danos muito altos. Calcular de fato

as probabilidades em vez de se guiar por intuições.

Cisnes Negros Um investimento que ganha 10 reais 98% das vezes, mas perde um milhão em 0,2%

dos casos é um investimento ruim?

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A vasta maioria das distribuições estatísticas obedece à distribuição gaussiana em que existe um valor médio e a maioria das amostras se encontra próxima ao valor médio enquanto a probabilidade de encontrar uma amostra longe da média cai drasticamente.

Exemplos desse tipo de

distribuição são: número

de sapatos, altura e

idade

Existe uma outra classe de

fenômenos que tendem a se

encaixar numa distribuição

chamada de lei de potência (power

law).

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Nesse tipo de distribuição também existe

um valor médio no qual a maioria das

amostras se encaixa, no entanto a

probabilidade de encontrar uma amostra

com um valor extremo não é tão pequena

quanto na distribuição gaussiana. Como

eventos extremos acabam ocorrendo em

algum momento e como em geral eles

costumam ter uma influência extrema,

nesse tipo de distribuição os eventos

improváveis acabam sendo responsáveis

pela maior parte do comportamento de

toda a amostra.

Um exemplo desse tipo de distribuição é o de numero de habitantes por cidade.

Em média, as cidades têm em torno de 4.000 habitantes. No entanto a maioria

da população urbana vive em cidades com mais de 1 milhão de habitantes.

Isso ocorre porque existem cidades que, apesar de improváveis, contêm um número

extremo de habitantes. Catástrofes naturais e crises econômicas se encaixam nesse

perfil também.

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Outros exemplos: blecautes, intensidade das guerras, tamanho de asteróides, mortes

por inundações, intensidade das labaredas solares etc.

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Quando tentamos entender o passado, nós implicitamente

usamos a mesma hipótese e regras que usamos para

entender o presente, numa manifestação do viés da

projeção. Se nós sistematicamente subestimamos as

surpresas que o passado tinha para nós, ficamos sempre

com as hipóteses mais usuais e achamos que temos poucas

razões para as mudar.

Nós conseguimos aprender a não deixar aviões sequestrados sobrevoar nossas cidades, no entanto nós falhamos em aprender que eventos catastróficos não antecipados ocorrem. Nenhum livro de história narra o sucesso de medidas preventivas heróicas.

As vezes, a maioria da evolução de um processo vem de

eventos excepcionalmente raros e excepcionalmente

grandes. Por conta do viés de projeção, nós não

conseguimos acessar a existência de tais eventos em geral,

somente sua ocorrência específica.

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O que é mais provável: (1) que os EUA dissolvam suas relações diplomáticas com

a Coreia do Norte ou (2) que a Correia do Norte esteja reativando com força ainda

maior seu programa nuclear e os EUA dissolvam suas relações diplomáticas com a

Coreia do Norte?

O segundo caso parece muito mais provável e verossímil que o primeiro. Por

que os EUA iriam cortar relações diplomáticas com um país que acabou de

anunciar a interrupção de seu programa nuclear?

Mas, segundo a teoria da probabilidade, isso é necessariamente falso, pois

a probabilidade de um evento A e um evento B acontecerem

concomitantemente é sempre menor do que a probabilidade do evento A

acontecer isoladamente, consequentemente a probabilidade do corte de

relações diplomáticas é sempre maior que a probabilidade do corte de

relações diplomáticas E da reativação do programa nuclear.

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P(A ^ B) = P(A) x P(B|A) = P(B) x P(A|B)

Como as duas probabilidades condicionais são sempre

positivas ou iguais a zero caso P(A) seja zero no primeiro

caso ou caso P(B) seja zero no segundo caso:

P(A ^ B) ≤ P(A) e P(A ^ B) ≤ P(B)

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A Falácia da conjunção

De acordo com a teoria da probabilidade, adicionar detalhes em uma história

faz com que a história se torne menos provável. É menos provável que a

Coréia do Norte reative seu programa nuclear e os EUA cortem relações

diplomáticas do que os EUA cortem relações diplomáticas isoladamente.

Sempre tenha em mente que mais detalhes significam mais improbabilidade.

Detalhes num cenário, projeto ou história têm inúmeras vantagens práticas,

mas o aumento da probabilidade de que o cenário ocorra não é uma delas.

Faça sempre os cálculos quando possível.

Mesmo assim a psicologia humana parece seguir a regra de que adicionar mais detalhes a

uma história a faz mais plausível. As pessoas tendem a superestimar probabilidades

conjuntivas e subestimar probabilidades disjuntivas, pois estas parecem mais vagas e

implausíveis. Racionalmente disjunções são muito mais prováveis que conjunções.

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A sequência 2-4-6 obedece a uma regra, qual é ela? Posso dizer se outras

sequências obedecem a regra, quais sequências você deve perguntar para

testar sua hipótese?

Alguém que forma a hipótese “Os números estão aumentando +2” deve testar

as triplas 8-10-12 ou 20-22-24, concluir que elas se ajustam a hipótese e

anunciar a regra.

Alguém que forme a hipótese “X-2X-3X” deve testar a tripla 3-6-9, concluir

que ela confirma a hipótese e anunciar a regra.

No entanto, nenhuma dessas regras se adequa à seqüência como um todo, que

apenas obedece à regularidade de ser crescente.

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Para testar uma regra devemos buscar evidencias contrárias a ela. Se formo a

hipótese da regra +2, devo testar seqüências cuja resposta afirmativa possa

eliminar a minha hipótese por completo e não seqüências cuja afirmativa deixe

outras hipóteses mais simples em aberto. Devemos sempre buscar a

desconfirmação da nossa hipótese.

Tentamos sempre confirmar a nossa hipótese em vez de a falsificar. Mesmo

quando somos apresentados com um conjunto completo de evidências

contrárias e favoráveis, tendemos a selecionar apenas as favoráveis.

Viés da Confirmação

Dois pensadores sob a influência deste viés irão considerar a mesma

sequência de evidências, mas modificarão as suas crenças em sentidos

contrários – ambos irão aceitar seletivamente apenas a evidência favorável.

Ou seja, o viés da confirmação pode te tornar completamente cego aos dados.

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Existem mais ou menos que 500 pessoas nessa sala?

500 é muito alto! Menos

Quantas pessoas existem nessa sala?

A sua resposta vai ser incorrigivelmente enviesada para 500. Um numero aleatório

que o palestrante resolveu colocar na pergunta, sem qualquer relação com o

numero de pessoas nessa sala.

????

Sujeitos a quem se perguntam inicialmente se o número de países africanos na ONU é maior ou menor que 15, geraram posteriormente estimativas bem menores do que aqueles a quem foi perguntado se esse número era menor ou maior que 65.

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Esses indivíduos tomaram o número inicial como seu ponto de partida, ou âncora, e

então ajustaram o número para cima ou para baixo até alcançarem uma resposta que

lhes parecesse razoável e então pararam de ajustar. Como resultado a estimativa foi

contaminada por um número totalmente aleatório sem nenhuma relação com a

pergunta.

Os numeros 15 e 65 foram gerados

aleatoriamente por uma roleta

Ancoragem, ajuste e

contaminação

Jamais use um valor de referência não informativo para se perguntar a magnitude

de algo. A sua resposta será invariavelmente contaminada pelo valor.

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As pessoas tendem a não atualizar suas crenças de maneira correta quando os dados são apresentados em termos de porcentagens ou probabilidades absolutas (10%, 0,01..). Mas quando os dados são apresentados em termos de ocorrências (1 pessoa em cada 10) a atualização se torna mais próxima da correta.

Evoluímos para aprender sobre a realidade com base em ocorrências e não

em números abstratos. Absorvemos muito melhor a informação sobre um

risco se sabemos de pessoas que sofreram esse risco, mas não se lemos uma

pesquisa. Isso é obviamente errado, pois as pesquisam científicas em geral

usam um número grande de participantes, controlam para outras variáveis e

realizam um análise estatística cuidadosa.

Viés do Formato Estatístico

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Esse é um, dentre vários, dos vieses que bloqueiam a mente humana de aprender que uma nova droga pode ser mais segura que uma antiga, por exemplo quando vemos uma pesquisa mostrando uma incidência de 5% de complicações coronarianas nos usuários de café, em oposição a 0% nos usuários de modafinil.

Nosso cérebro está programado para aprender que algo

não é seguro se descobrimos sobre alguém que sofreu os

efeitos maléficos da substância, não se vemos um número

abstrato escrito em alguma pesquisa.

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Participantes foram instruídos a avaliar qual era o perfil médio de membros

de um grupo no qual estavam com respeito a uma lista de habilidades. Em

seguida foram requisitados para avaliar a si próprios com relação a essa

média.

Esse viés faz com que muitas

pessoas se considerem imunes

aos vieses e falhem em corrigi-

los.

Ilusão de Superioridade

Em geral todos os participantes do grupo avaliaram a média

mais ou menos corretamente, no entanto quase todos se

avaliaram como acima da media – mesmo a média sendo

definida justamente como o perfil mais comum.

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Um experimentador fingiu ter um ataque cardíaco perto de

grupos de uma, três, cinco ou dez pessoas.

Em quais dos grupos a probabilidade dele ser atendido era maior?

No de uma pessoa!

A probabilidade de o experimentador ser socorrido

decaiu conforme o número de pessoas aumentou.

Isso ocorre, porque quanto maior o grupo maior a difusão de responsabilidade

entre as pessoas e menor a probabilidade de alguém se sentir responsável o

suficiente para agir.

Viés da Apatia

A probabilidade de alguém reclamar caso entre um grupo de fumantes num

ambiente fechado é inversamente proporcional ao número de pessoas não

fumantes

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E em caso de infarto, aponte

uma única pessoa da multidão

em vez de simplesmente pedir

por ajuda.

Nunca delegue tarefas publicamente que podem ser feitas individualmente por

qualquer uma das pessoas de um grupo. É mais eficaz eleger uma única pessoa

ou informar as pessoas uma a uma sobre a tarefa.

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Participantes de diversos experimentos foram

apresentados a uma longa lista de palavras

relacionadas a um único tema pontual. Em seguida

foram perguntadas se uma palavra específica

relacionada ao tema, que não estava na série, estava

ou não na série.

Memória Fabricada

A grande maioria dos participantes não só afirmou que a palavra estava na

serie como inventou uma memória episódica sobre qual palavra veio depois e

antes da palavra perguntada.

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Em outra classe de experimentos os participantes foram instigados

indiretamente a imaginar uma certa cena fictícia. Após alguns dias

elas foram requisitadas a se lembrar de um evento passado, em

que, sem os participantes saberem, a cena fictícia se encaixaria. A

maioria dos participantes acreditou piamente que a cena fictícia

tinha ocorrido.

Esse viés é tão forte que atualmente não

existe nenhum método experimental

conclusivo para diferenciar memórias

fabricadas de verdadeiras.

Num dos experimentos os participantes foram apresentados a um vídeo de um

carro vermelho, de fácil identificação, batendo em um táxi. Após alguns dias

foram mostrados uma cena de um carro azul, de difícil identificação, batendo em

um táxi e questionados sobre a cor do táxi. Quando questionados, a vasta

maioria dos participantes afirmou que a cor do novo táxi era vermelha.

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Se perguntadas sobre suas características (e.g.: traços de

personalidade, habilidades cognitivas, habilidades motoras, etc..)

de um passado imediato as pessoas tendem imediatamente a

dizer que elas são as mesmas características que as atuais.

Quando questionadas sobre suas características do passado

remoto as pessoas tendem imediatamente a dizer que elas

mudaram em relação as atuais.

Quando infelizes as pessoas tendem a avaliar as características suas no passado

como melhores que as atuais. Quando felizes as pessoas tendem a avaliar

características suas no passado como piores que as atuais.

O que se observa é que características pessoais mudam muito

pouco ao longo do tempo.

Ilusões de Mudança

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As pessoas tendem a achar mais agradáveis imagens que já tenham visto anteriormente, até um certo limite de exposição depois do qual elas enjoam da imagem. O número limite de exposição é diretamente proporcional à complexidade da imagem. Esse efeito é válido mesmo quando não ocorre o reconhecimento consciente da imagem.

Um efeito semelhante é valido para sentenças. Em um experimento os participantes

foram apresentados a um grupo de sentenças e informados que todas elas tinham

50% de chance de serem verdadeiras e 50% de serem falsas. Após algumas horas

eles foram apresentados a outro grupo de sentenças, algumas das quais presentes no

grupo anterior, e questionados acerca da validade de cada uma delas.

As sentenças recorrentes foram qualificadas em geral como mais válidas que as que

apareciam pela primeira vez. Isso significa que quanto mais você sabe a respeito de um

tema mais enviesado para verdadeiro será o seu julgamento a respeito de qualquer

sentença sobre aquele tema.

Efeitos de Exposição

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Riscos

Existenciais

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A maioria dos especialistas no assunto calcula que temos uma chance maior de

20% de sermos extintos até o fim desse século.

Possíveis causas:

Meteoros

Acidentes Nucleares

Supervulcanismo

Biotecnologia

Inteligência Artificial

Etc.

A morte de 7 bilhões de seres humanos nem

de longe se iguala à real perda de uma

extinção

Extinção significa a perda de todo o potencial

futuro de vida humana, todas as nossas

potencialidades seriam completamente

eliminadas.

Conservativamente, calcula-se que a extinção da humanidade acarretaria

numa perda de 1054 vidas humanas

(1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.0

00.000)

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Infelizmente, a maior parte das pessoas, quando entra em contato com esse

tipo de dado, prefere ignorar suas consequências como algo de ficção

cientifica, de um futuro distante e longínquo que nada tem a ver com a sua

vida.

Isso ocorre pois existe uma gama exacerbada de vieses agindo na análise

desse tipo de risco. Alguns dos já citados nessa apresentação seriam o dos

cisnes negros, da retrospecção e da apatia.

A perda seria tão grande que, utilitariamente, não existe nenhuma outra tarefa

moralmente melhor para a humanidade do que a de se dedicar – direta ou

indiretamente – a diminuição dos riscos existenciais.

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Viés de Seleção Observacional Dado o passado da vida inteligente na Terra, como você avalia a probabilidade

de uma extinção futura?

Seja lá qual foi seu raciocínio, se ele usou o passado da vida inteligente na

terra como fonte de informação ele está errado.

A probabilidade de extinção no passado dada a nossa existência

atual é necessariamente 0. Ela não tem qualquer relação com a

real probabilidade de extinção que enfrentamos.

Em contraste com quase todos os outros campos do

conhecimento, no campo da análise do risco de extinção, o

nosso passado tem poder preditivo nulo sobre o futuro.

Essa dificuldade e maneiras de solucioná-las foram mais

substancialmente elaboradas recentemente pelo filósofo

sueco, fundador do transhumanismo, Nick Bostrom. Mas

ainda existem inúmeros problemas altamente complexos

em aberto.

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Dentre os vários riscos, o resultado mais comum é um inverno nuclear e a

fome generalizada subseqüente. Tente imaginar vividamente todos os

que você ama e se importa morrendo lentamente de fome num mundo

onde o completo caos social foi instalado e repleto de cadáveres

humanos em putrefação.

Esse cenário atroz pode ajudar nosso cérebro primitivo a dar a

devida atenção para um campo ao qual, mesmo evitando-se todos os

vieses, é extremamente difícil dar a atenção emocional proporcional

ao que o resultado do cálculo racional sugeriria.

Existem ainda muitos outros vieses e tendências irracionais agindo nesse

campo:

•Desconto do Futuro Hiperbólico

•Baixa compaixão com quem não pertence ao seu grupo

•Insensibilidade ao Escopo (i.e.: preferimos salvar 7 passarinhos do que

700)

•Viés da Intencionalidade dos Riscos

•Crenças ‘Milenaristas’

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IERFH O Instituto de Ética, Racionalidade e Futuro da Humanidade (IERFH) é uma ONG

em processo de formação que tem como missão: “Reunir mentes e conhecimentos

para geração de alto impacto positivo a longo prazo.”

Estamos construindo um portal do Instituto, com textos, noticiais e discussões

que visem cumprir essa missão. Qualquer ajuda que você puder oferecer é

bem vinda. (Atualmente precisamos fazer o sistema de cadastro do site,

dentre outras coisas)

Contato:

[email protected]

Atividades:

Fundamentação Ética,

Pesquisas de Alto Impacto,

Divulgação, Riscos

Existenciais e Catastróficos,

Correção de Vieses Cognitivos

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Consultoria

Consultoria em forma de palestras e análises para empresas ou outras

instituições

Isabella Bertelli: Graduada em Psicologia(USP). Mestranda em

Psicologia Experimental(USP), no estudo do Desconto do Futuro.

[email protected]

11 7241-9237

João Lourenço: Graduado em Filosofia(USP). Mestrando em

Filosofia da Mente (USP), no estudo do Futuro da Mente Humana e

na correção de vieses cognitivos

[email protected]

11 6388-2680

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Bibliografia Recomendada:

• ‘Cognitive Biases Potentially Affecting Judgment of Global Risks’ – Elizer

Yudkowsky

• Cognitive Illusions: A Handbook on Fallacies and viéses in Thinking,

Judgement and Memory – Pohl (ed)

• The Handbook of Evolutionary Psychology - David Buss(ed)

• http://wiki.lesswrong.com/wiki/How_To_Actually_Change_Your_Mind