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PORTO DE SANTOS: PROSPECÇÃO
SOBRE A LOGÍSTICAS DE SEUS
ACESSOS
Giovanna Ferreira de Almeida (FEI )
Leticia Piatti Setoguchi (FEI )
MARCELLA GUERRA DE FIGUEIREDO CORREA (FEI )
Mario de Souza Nogueira Neto (FEI )
Wilson de Castro Hilsdorf (FEI )
O Porto de Santos, maior porto da América do Sul e Central, é a porta
de entrada e saída de grande parte das mercadorias que circulam no
Brasil. Atualmente, pelo crescimento econômico de que desfruta o país,
passa por obras de expansão com planos até o ano de 2024. Por conta
desse aumento de movimento de mercadorias, os acessos ao porto
precisam estar aptos para atender produtivamente o crescimento da
demanda. Esse trabalho investiga as condições dos acessos ao porto e
suas capacidades diante das expansões. Para tanto foram feitas
entrevistas com representantes dos principais atores do sistema
portuário onde foram colhidas opiniões de profissionais do setor. Por
fim, conclui-se que os acessos não estão adequados a movimentação de
cargas, porém, projetos estão em andamento para minimizar os atuais
problemas detectados.
Palavras-chaves: Logística portuária, acessos logísticos, porto de
Santos
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
Hoje considerado o maior porto da América Latina, o Porto de Santos, proporcionou em 2012
segundo a CODESP – Companhia Docas do Estado de São Paulo, a entrada e saída de
aproximadamente 104 milhões de toneladas de cargas, assumindo dessa forma um papel de
destaque na economia brasileira, a qual é sustentada principalmente por exportação de
commodities agropecuárias (carnes de boi e de porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar,
milho e café), minerais (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel) e
energéticas (petróleo, gás natural e carvão).
Segundo o diretor de planejamento da Companhia Docas do Estado de São Paulo – CODESP
(2012) Renato Barco, com o crescimento da economia do país, que ocupou, em 2012, a 6ª
posição de maior economia do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, China,
Japão, Alemanha e França, foi necessário o desenvolvimento de um projeto de ampliação que
prevê dobrar a capacidade de operação do porto até 2024.
Para auxiliar o crescimento do país, o projeto de expansão do Porto de Santos prevê um
aumento da capacidade de seus terminais baseado nos projetos de melhorias dos já existentes
e principalmente no projeto de construção de dois novos terminais que passarão a movimentar
8 milhões de TEUs (twenty feet equivalent unit) em carga – cada TEU equivale a um contêiner
de 20 pés, que pode transportar aproximadamente 10 toneladas.
Os investimentos para a construção dos novos terminais, totalizando cerca de R$ 3,5 bilhões,
serão feitos pela Empresa Brasileira de Terminais Portuários S.A (Embraport) e pela Brasil
Terminal Portuária (BTP) e fazem parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Com as obras, segundo Renato Barco, o porto passará a trabalhar com folga - a demanda
prevista para 2024 é de 9 milhões de TEUs sendo que em 2012 foram movimentados 3,2
milhões de TEUs no Porto de Santos.
Apesar das melhorias que estão ocorrendo no Porto de Santos, ainda existe um enorme
gargalo para o transporte das mercadorias importadas e também para o escoamento dos
produtos que serão exportados, devido à infraestrutura da malha logística que fornece acesso
ao porto estar constantemente congestionada.
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O objetivo desta investigação é verificar se os acessos logísticos existentes atenderão aos
projetos de expansão previstos até 2024 no Porto de Santos, identificando os principais atores
envolvidos nas operações portuárias na cidade de Santos – SP, por meio de visitas e
entrevistas colher a opinião de colaboradores de representantes dos players.
2. Metodologia
Este estudo foi realizado por meio de pesquisa exploratória, predominantemente qualitativo
onde se descreve a complexidade do problema e a interação de variáveis. Como instrumento
de coleta de dados, aplicado no período compreendido entre agosto e outubro de 2012,
utilizou-se o método de entrevistas estruturadas realizadas por meio de perguntas pré
elaboradas. Foi selecionado, por conveniência de contato, um representante para as seguintes
categorias atuantes no porto: autoridade portuária (CODESP), transportadora, concessionária
de rodovias (ECOVIAS), concessionária de ferrovias, pátio logístico, terminal marítimo.
Apesar da relevância do setor político para a pesquisa, não foi possível estabelecer contato
com a prefeitura das cidades de Santos e Guarujá, devido ao período de campanha eleitoral.
Os nomes de alguns entrevistados e de algumas das empresas visitadas foram omitidos devido
à solicitação dos mesmos.
3. Configuração do cenário
O maior porto da América Latina, o Porto de Santos, é responsável pelo transbordo de mais
de um quarto da balança comercial brasileira, conta com duas margens, sendo a margem
direita no município de Santos com uma área de 3.700.000 m² e 4.000.000 m² na margem
esquerda localizada no município de Guarujá, totalizando uma extensão de cais acostável de
13 quilômetros.
Localizado a dois quilômetros do Oceano Atlântico, no centro do litoral do estado de São
Paulo, o Porto de Santos estende-se ao longo de um estuário que tem em suas extremidades as
ilhas de São Vicente e de Santos Amaro (BERGER, 2009).
Segundo a CODESP, em 2012 foram atracados 5595 navios, uma média de 467 navios por
mês. Aproximadamente 49% das movimentações realizadas em 2012 no Porto de Santos são
referentes a materiais sólidos a granel, 36% de carga geral e 15% de líquidos a granel. É
possível visualizar na Figura 1 a movimentação crescente desde o ano de 1994, praticamente
dobrando esta movimentação até o ano de 2004 (CODESP, 2012).
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Figura 1 – Movimentação de Cargas no Porto de Santos em milhões de toneladas
43,148,2
53,560,1
67,671,9
76,380,8 81,1 83,3
96 97,2
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Granel Líquido
Granel Sólido
Carga Geral
Fonte: Adaptado de CODESP (2012)
Em 2012, a movimentação de cargas para exportação correspondeu a 69%, o volume
exportado de soja em grãos superou as expectativas, ocorreu um crescimento em torno de
14,8% em relação a 2011, devido a uma combinação de preços internacionais elevados, em
virtude das quebras de safras ocorridas em importantes países produtores, e uma excepcional
safra brasileira. Já a importação representou 31% na movimentação de cargas (CODESP,
2012).
O Porto de Santos, dentre os portos nacionais, é o líder no ranking na balança comercial, sua
participação na movimentação das trocas comerciais brasileiras foi de 25,8% em 2012.
O escoamento e a chegada das cargas do Porto de Santos são realizados predominantemente
pelas rodovias, como mostrado na Figura 2 abaixo, porém há um crescimento da participação
do modal ferroviário ao longo dos últimos anos.
Figura 2 - Matriz de transportes terrestres no Porto de Santos em milhões de toneladas.
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68% 67% 66%
21% 22%24%
11% 11% 10%
2009 2010 2011
Rodovia
Ferrovia
Dutovia
Fonte: Adaptado de CODESP (2011)
A área de influência servidas pelo Porto de Santos, hinterlândia, responsável por
aproximadamente 67% do PIB brasileiro, é composta por 5 estados : Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Já os estados do Rio Grande do Sul, Paraná,
Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia compõem a hinterlândia secundária.
Com diversas alternativas de crescimento, o Porto de Santos tem como um dos principais
desafios planejar sua ampliação, embasado por propostas e estudos que apontam para um
horizonte de possibilidades, demandando uma análise apurada que aponte as mais adequadas
ações que garantam a expansão do principal complexo portuário do país com qualidade e
eficiência.
Em 2010, foram apresentados pelo diretor de planejamento e controle da CODESP, Renato
Ferreira Barco, os estudos de Acessibilidade e o Plano de Expansão - Masterplan para o Porto
de Santos. O Plano de Expansão caracteriza o cenário portuário desde 2009 até os próximos
15 anos, considerando os possíveis projetos executáveis até 2024 e os projetos já
consolidados, aliados a estudo de demanda da hinterlândia, abrangendo mercados de origem e
destino, principais parceiros comerciais e PIB médio brasileiro e mundial, entre outras
variáveis. Todos esses projetos para atender a uma projeção otimista que indica, segundo a
CODESP (2012), que até 2024 o Porto de Santos estará aumentando a quantidade de
movimentação de carga, passando dos atuais 104 milhões de toneladas para 230 milhões de
toneladas, sendo que a carga geral responderá por 53% desse volume, o granel sólido por 30%
e o granel líquido 17%. A quantidade de contêineres movimentada também aumentará:
passará dos 3,1 milhões de TEUs para 9 milhões de TEUs. No gráfico da Figura 3 abaixo é
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possível verificar a projeção da demanda de movimentação de carga para os próximos anos
nas visões pessimistas e otimistas.
Figura 3 – Projeção de demanda até 2024 em milhões de toneladas
2009 2014 2019 2024
Pessimista 80,34 91,77 112,6 137,42
Base 84,76 107,83 139,59 180,75
Otimista 88,96 139,59 168,32 229,73
Fonte: Adaptado de CODESP (2010)
Segundo Gonçalves e Nunes (2008), o aumento de movimentação de cargas, não está só
atrelado ao comércio exterior, é necessário considerar também o crescimento na
movimentação de cabotagem e a perspectiva de aumento da movimentação de granéis
líquidos.
Projetos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram realizados e
melhoraram a questão da trafegabilidade. É o caso da dragagem de aprofundamento e
alargamento do canal, que tiveram início em 2009 e começo de 2010, respectivamente, e que,
quando totalmente concluídas deverão trazer benefícios múltiplos ao Porto de Santos, como
permitir o acesso de navios de maior porte. A obra de dragagem para aprofundamento, já está
95% finalizada, a intervenção irá aumentar a profundidade do canal de 12 para 15 metros, e a
largura de 150 para 220 metros, possibilitando tráfego de navios em mãos duplas, além de
navios de grandes portes como os Post Panamax com capacidade de 70 mil toneladas
(CODESP, 2012).
4. Acessos ao Porto de Santos
De acordo com a CODESP (2012), o Porto de Santos é servido por vários modais de acessos,
como o rodoviário, ferroviário, dutoviário além do próprio canal de acesso marítimo. O porto
tem também acesso indireto a Hidrovia Tietê-Paraná, onde em Pederneiras (próximo a Itaipu)
se faz a transposição hidroviária ferroviária e em Anhembi (próximo a Conchas) há a
transposição do modal hidroviário rodoviário.
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A rodovia BR-101, também denominada de translitorânea, percorre toda a costa atlântica do
Brasil, com extensão de 4.551,4 quilômetros, desde o Rio Grande do Sul até o Ceará. O seu
acesso ao Porto de Santos ocorre pelo trecho Rio-Santos, atendendo o litoral norte do Estado
de São Paulo. Na região de Ubatuba até Peruíbe a BR-101, é conhecida como SP-055
realizando o acesso ao Porto de Santos e ao litoral Sul do Estado de São Paulo. O Sistema
Anchieta Imigrantes liga a capital paulista e interior do estado ao litoral, o transporte de carga
por esse sistema é feito pela Rodovia Anchieta e pela pista ascendente da Rodovia dos
Imigrantes. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni interliga o Porto de Santos à Rodovia Rio-
Santos compondo o sistema BR-101/SP-055.
A malha ferroviária de acesso ao porto é administrada basicamente por duas concessionárias:
América Latina Logística (ALL) e M.R.S. Logística S/A (MRS), conforme a Figura 4 abaixo.
Além delas, existe também uma malha da Companhia Paulista de Trens Metropolitano
(CPTM) que atualmente está desativada.
Figura 4 – Malha Ferroviária do Porto de Santos
Fonte: ALL, 2012.
A malha PORTOFER e Ferrovias Bandeirantes S/A (FERROBAN) são administradas pela
ALL. Já as malhas Pereque-Valongo e MRS são concessões da M.R.S. Logística S/A.
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Como as malhas são divididas entre as concessionárias acima, para utilizar esse modal de
transporte há necessidade de obter o direito de passagem pela concessionária administradora
de cada trecho. A Ferrovia Centro Atlântica (FCA) concessionária de trechos da malha
ferroviária nos estados de Sergipe, Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, para chegar ao
Porto de Santos necessita pagar uma taxa para utilizar os trilhos sob outra concessão.
Como as hidrovias não apresentam ligações diretas com a baixada santista, o Porto de Santos
depende do transporte intermodal com a combinação entre os modais ferroviário e rodoviário.
4.1 Acessos locais
O principal acesso aos terminais da margem direita do Porto de Santos acontece pelo Viaduto
Doutor Paulo Bonavides – Viaduto da Alemoa. Este liga o término da Rodovia Anchieta a
Av. Augusto Barata, mais conhecida como Retão da Alemoa chegando à Avenida Perimetral
da margem direita que se estende até a Ponta da Praia, em um total de 8 quilômetros. Além de
acessar o Viaduto da Alemoa pela Rodovia Anchieta também é possível acessá-lo pelo
seguinte caminho: pista lateral da Rodovia Anchieta (uma via de mão-dupla) / Avenida Nossa
Senhora de Fátima / Ruas Boris Kauffmann ou Rua Particular Ana Santos.
A única porta de entrada dos caminhões que vem de todo o país para carregar ou descarregar
suas cargas nos diversos terminais da margem esquerda do Porto de Santos é a Rua Idalino
Pinez, mais conhecida como Rua do Adubo. A Rua do Adubo ficou assim conhecida por ser
há anos a rota principal de acesso ao antigo Terminal de Fertilizantes (Tefer) do Guarujá, hoje
administrado pela empresa privada Fertimport.
A Rua do Adubo, com 1,15 quilômetros de extensão e 10,5m de largura, contêm três faixas,
duas faixas para quem vai sentido Porto de Santos e uma para quem a deixa. Seu acesso é
feito por meio da Rodovia Cônego Domênico Rangoni. Está localizada entre as ruas Álvaro
Leão Carmelo e José Lourenço Guerra, no Bairro Jardim Boa Esperança na Cidade de
Guarujá, cruzando com a ferrovia e com a Via Santos Dumont, uma pista de tráfego local
intenso, dando acesso à Avenida Perimetral da margem esquerda que se estende por 4
quilômetros até o distrito de Vicente de Carvalho.
4.2 Congestionamento nos acessos
Os acessos viários ao Porto de Santos sofrem constantes congestionamentos decorrentes de
filas de caminhões que tentam chegar aos terminais portuários para descarregar,
transformando as vias de acesso aos terminais marítimos em um gigantesco estacionamento a
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céu aberto. Como mostra o gráfico da Figura 5 abaixo, em 2011 a movimentação máxima de
caminhões em um dia nas duas margens do Porto de Santos chegou a 18.528.
Figura 5 - Movimentação de caminhões em 2011
312 292
8059
39243822
2119
12193
6335
Margem Direita Margem Esquerda
Carga Geral Veículos
Conteiner
Granel
Fonte: Adaptado de CODESP (2011)
Segundo a CNT (2012), os motivos desses congestionamentos começam na incapacidade de
estocagem nos locais de produção de cargas, os exportadores de commodities agrícolas não
conseguem compatibilizar as viagens rodoviárias das cargas com a atracação dos navios.
Existe ainda o fato de que são raros os terminais que agendam a chegada de caminhões. Essa
falta de programação faz com que alguns veículos fiquem dias parados ocupando espaço
viário, à espera do navio aonde sua carga vai ser embarcada.
Outro ponto que agrava os congestionamentos é o planejamento deficiente do zoneamento
portuário que coloca na faixa do cais os terminais graneleiros no ponto oposto ao da entrada
dos caminhões – soja – ou na metade dela – açúcar.
Como complicador dos gargalos portuários os atrasos nos embarques e desembarques ajudam
a formar filas de caminhões na entrada dos terminais que se estendem pelas vias. O tempo
normal de operação de um caminhão no porto deveria ser de 3 horas, mas chega a 36 horas ou
mais.
Por não haver segregação física entre vias rodoviárias e os trilhos, os congestionamentos
rodoviários afetam também a ferrovia. Os caminhões costumam tomar todo o espaço livre,
inclusive sobre os trilhos, dificultando ou mesmo impedindo a passagem dos trens em
determinados trechos do Porto.
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O Sistema Anchieta Imigrantes - SAI também é vítima do congestionamento, as rodovias do
sistema estão constantemente congestionadas com veículos em direção ao porto que disputam
espaço com veículos de passeio, que são os maiores usuários do sistema. A situação se agrava
ainda mais em vésperas de feriados. O fluxo de veículos no sistema em 2011 está
representado na Figura 6 abaixo.
Figura 6 - Fluxo de veículos no SAI em 2011
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
PASSEIO
COMERCIAL
Fonte: ECOVIAS (2012)
5. Projetos de expansão de acessibilidade
Quanto ao estudo de acessibilidade, parte do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do
Porto de Santos (PDZPS), foram avaliadas as condições necessárias para que as vias de acesso
ao Porto de Santos possam estar dimensionadas ao crescimento previsto para a movimentação
de carga, com um foco bastante dirigido sobre a hinterlândia primária.
O projeto de construção e remodelação das Avenidas Perimetrais, parte do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), é limitado pelo crescimento urbano. A expansão da
margem esquerda e direita dessas avenidas deverá atender aos usos dos terrenos já
consolidados, bem como as interferências urbanas existentes. Para a Margem Direita, o
projeto prevê 2 pistas de 10 metros de largura. Já para a Margem Esquerda do Porto de
Santos, no município do Guarujá, a obra será destinada a resolver o problema de acesso ao
porto, eliminando o conflito com o ambiente urbano e conectando ao final do projeto a
Avenida Perimetral com a Rodovia Cônego Domênico Rangoni sem interferências com o
meio urbano.
Junto ao estudo de acessibilidade, foi desenvolvido um projeto que prevê uma melhoria no
fluxo de veículos no trecho do cruzamento da Rua do Adubo com a Avenida Santos Dumont,
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os semáforos que funcionam hoje com quatro tempos passarão a operar com três. Para a
mudança serão invertidas as faixas da Rua do Adubo: as faixas da esquerda e direita da rua
servirão aos motoristas que trafegam em direção às empresas do porto, quem segue para a
Dow Química, Terminal de Grãos de Guarujá (TGG) e Cutrale, por exemplo, deverá manter-
se do lado esquerdo de quem vem da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-55). Como
mostrado na figura 34, a faixa central ficará para quem saí da via portuária e segue sentido
rodovia. Atualmente, quem vem pela SP-55 para o porto, utiliza as faixas da direita e central,
e quem sai a da esquerda. Esse movimento geralmente provoca lentidão em todos os lados da
Avenida Santos Dumont.
Além desses projetos, a CODESP também prevê o projeto do Túnel Submerso, que interligará
as margens direita e esquerda do porto por meio de um túnel subterrâneo eliminando também
o conflito entre área urbana, rodovia, ferrovia e gates de importantes terminais no trecho do
Valongo.
Um outro projeto que prevê uma ligação seca entre Guarujá e Santos é uma ponte de 4.580
metros, saindo da margem direita da Via Anchieta, passando pelo cais no bairro do Saboó, em
Santos, e chegando à Rodovia Cônego Domênico Rangoni, pela Ilha Barnabé. A ponte está
estimada em 1,2 bilhão de reais e irá liberar pistas da Anchieta no trecho urbano e encurtar a
viagem de carro até Guarujá.
Além destes projetos do PDZPS, existe o Ferroanel que faz parte do pacote lançado pelo
governo, que prevê a construção de 10 mil quilômetros de ferrovias contornando a cidade de
São Paulo. Esse investimento será feito por meio de Parcerias Público Privadas (PPP) e será
composto por três trechos, resolvendo um grave conflito entre trens de passageiros e de carga
dentro da cidade de São Paulo visto que ambos usam os trilhos da CPTM.
Segundo o Ministro dos Transportes, Ministério dos Transportes (2012), Paulo Sérgio Passos
o projeto irá desafogar o transporte de passageiros pela CPTM. O Ferroanel norte será
prioritário porque é o trecho com maior potencial de transporte, há previsão de que quando
concluído, será responsável por 90% da demanda do Ferroanel de acordo com o especialista
em regulação e assessor da superintendência de serviços de transportes de cargas da Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Francisco Gildemir Ferreira em Valor
Econômico (2012). As projeções são de que esse trecho movimentará cerca de 40 milhões de
toneladas de carga até 2040, sendo 24 milhões com destino a Santos.
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O trecho sul será o segundo a ser construído e terá demanda de aproximadamente 5 milhões
de toneladas. Segundo o assessor de planejamento da Secretaria de Logística e Transportes do
Estado de São Paulo, Milton Xavier em Valor Econômico (2012), o Ferroanel sul é prioritário
para a economia do Estado já que movimentará as cargas do Rio de Janeiro e Minas Gerais,
mas devido ao prazo estipulado pela CPTM para interromper o fluxo de trens de cargas em
suas linhas o trecho norte passou a ser urgente.
O trecho Noroeste, que ligará a malha até Evangelista de Souza, ainda está em definição e
deverá ser o último a ser construído.
6. Análise dos resultados
Baseado nos principais pontos positivos e negativos relatados pelos entrevistados, realizou-se
a tabulação dos dados relacionando o fator efeito/causa de acordo com o entendimento de
cada um deles, conforme as tabelas 1 e 2. As colunas “influência” representam o cenário
impactado.
Percebe-se por um lado a presença de fatores restritivos para a movimentação das cargas
portuárias, por outro a preocupação de diferentes envolvidos na cadeia portuária com a
melhora dos modais de acesso.
Apesar de existirem diversos fatores causadores, esses acabam por convergir para os mesmos
efeitos impactando os modais de acesso ou o próprio Porto de Santos. Muitas causas foram
destacadas por mais de um player, reforçando a semelhança de visão de diferentes atores
influentes no porto.
Tabela 1 – Pontos positivos relatados
Efeito Causas Player Influência
Redução do fluxo
nas áreas
portuárias
Agendamento prévio para carregamento
ou descarregamento de contêineres
Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Pátio para armazenagem de contêineres
vazios Pátio Logístico
Modal
Rodoviário
Readequação do local do trilho da
margem direita
Concessionária de
Ferrovias Todos
Recarregamento dos contêineres
próximo às áreas de destino inicial
Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Utilização de pátio reguladores Pátio Logístico Modal
Rodoviário
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Aumento do uso
do modal
ferroviário
Duplicação dos trilhos Concessionária de
Ferrovias
Modal
Ferroviário
Sistema de cremalheira Concessionária de
Ferrovias
Modal
Ferroviário
Aumento da
capacidade
estática dos
terminais
marítimos
Liberação de contêineres em regime de
declaração de trânsito aduaneiro
CODESP Porto
Pátio Logístico Porto
Terminal Marítimo Porto
Redução de
congestionamentos
Construção de um trevo no Km 55 da
Rodovia Anchieta ECOVIAS
Modal
Rodoviário
Construção da terceira imigrantes ECOVIAS Modal
Rodoviário
Construção de uma nova faixa na
Imigrantes Norte no trecho do planalto ECOVIAS
Modal
Rodoviário
Reforma na Rua do Adubo Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Fonte: Autores
Tabela 2 - Pontos negativos relatados
Efeito Causas Player Influência
Aumento do fluxo
nas áreas
portuárias
Devolução de contêineres vazios Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Indisponibilidade de agendamento para
carga a granel
Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Restrição do uso
do modal
ferroviário
Baixa velocidade do trem Terminal Marítimo Modal
Ferroviário
Divisão das linhas férreas por diferentes
concessionárias
Concessionária de
Ferrovias
Modal
Ferroviário
Terminal Marítimo Modal
Ferroviário
Morosidade das moegas Concessionária de
Ferrovias
Modal
Ferroviário
Trens que passam pela mesma linha dos
passageiros da cidade de São Paulo são
liberados para circulação apenas no
CODESP Modal
Ferroviário
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período noturno
Redução da
capacidade
estática dos
terminais
marítimos
Demora de importadores na retirada da
carga CODESP Porto
Contêineres em perdimento CODESP Porto
Horário de funcionamento restrito do
porto CODESP Porto
Aumento de
congestionamentos
Balanças de pesagem nas rodovias Terminal Marítimo Modal
Rodoviário
Gargalos nas entradas das cidades
próximas ao porto
ECOVIAS Modal
Rodoviário
Transportador
Rodoviário
Modal
Rodoviário
Restrição do tráfego de veículos pesados
na pista descendente da Rodovia
Imigrantes
ECOVIAS Modal
Rodoviário
Terminal Marítimo Modal
Rodoviário
Fonte: Autores
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7. Considerações finais
A pesquisa realizada indica problemas de congestionamentos nos acessos ao Porto de Santos.
O sistema Anchieta – Imigrantes, quantitativamente, apresenta capacidade para suportar a
expansão portuária, porém, devido à idade avançada da frota de caminhões, a rodovia dos
Imigrantes não é utilizada no sentido descendente para o transporte de carga. Esse aspecto
qualitativo da atual frota de caminhões associado a outros fatores de destaque no contexto
analisado terminam causando congestionamentos no sistema rodoviário.
Atualmente, os principais gargalos do fluxo de movimentação de cargas no sistema portuário
santista são: os acessos de entrada as cidades da baixada santista e as inúmeras restrições do
transporte ferroviário, dificultando a participação do modal no transporte de cargas.
Há dificuldades evidentes no transporte das cargas pelos acessos logísticos ao Porto de
Santos. Porém, percebe-se a preocupação de todos os players entrevistados no planejamento e
execução de projetos de melhorias no sistema portuário que visam atender o crescimento de
demanda decorrente da ampliação do porto. Em paralelo a esses projetos, os players estão
desenvolvendo alternativas próprias para se adaptar as condições existentes e minimizar os
impactos.
Entretanto, somente os projetos em andamento e os planejados não serão suficientes para
atingir o nível ideal de satisfação do fluxo de cargas entre o porto e modais.
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