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F. Teixeira dos Santos 1 PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS FERNANDO TEIXEIRA DOS SANTOS (Faculdade de Economia do Porto)

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS Teixeira dos Santos.pdf · iv. Agravamento do desemprego, em especial durante a crise em curso (desde Junho de 2008). A previsão é de que

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F. Teixeira dos Santos 1

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS FERNANDO TEIXEIRA DOS SANTOS

(Faculdade de Economia do Porto)

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Ordem de trabalhos: 1 - Os factos

Breve descrição da situação económica e financeira do país 2 - Os desafios, os desequilíbrios e os atrasos a vencer 3 – Portugal! E a Europa?

O enquadramento europeu e o ajustamento nacional

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F. Teixeira dos Santos 3

4,0%

1,0%

-4,0%

-3,0%

-2,0%

-1,0%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

Crescimento do PIB

AE PT

1 – Os factos

i) Crescimento médio annual de Portugal foi mais forte desde a adesão à CEE até à introdução do Euro. Revelou-se mais baixo no período posterior.

ii) Crescimento negativo em 2011 e 2012 e previsto para 2013 seguido de fraca recuperação em 2014.

iii) Quebra do PIB per capita português face ao da Área do Euro.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

0,456

58,4% 56,1% 56,9% 55,3% 54,0% 53,6% 53,4%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

1985 1998 2007 2010 2011 2012 2013 2014

PIB per capita em Portugal (% Área Euro)

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iv. Agravamento do desemprego, em especial durante a crise em curso (desde Junho de 2008). A previsão é de que assim continue até 2014.

v. O desemprego de longa duração tem registado um agravamento mais intenso.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Taxa de desemprego

AE PT

7,3%

15,8%

2,6%

6,8%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

18%

3-1

-07

7-1

-07

11

-1-0

7

3-1

-08

7-1

-08

11

-1-0

8

3-1

-09

7-1

-09

11

-1-0

9

3-1

-10

7-1

-10

11

-1-1

0

3-1

-11

7-1

-11

11

-1-1

1

3-1

-12

7-1

-12

Taxa de desemprego em Portugal

Total Longa Duração

1 – Os factos

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vi. Desequilíbrio externo significativo decorrente de: • Perda de competitividade externa (custos e evolução cambial) • Choques negativos sobre o setor exportador (alargamento e adesão da

China à OMC) • Aumento de preços internacionais (p.e. petróleo)

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

-5,59

-9,43 -9,58

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

Balança Corrente (%PIB)

AE PT

0,6

0,3

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

PT EU/AE

Taxa Cambio Real Efetiva % variação média anual desde 1999

1 – Os factos

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vii. Aumento do endividamento público e privado. O endividamento público agravou-se de forma significativa a partir a crise iniciada em 2007. O endividamento privado aumentou muito significativamente até à crise.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

0

50

100

150

200

250

1995 1999 2005 2007 2008 2009 2010 2011

Dívida privada - %PIB

AE Portugal

0

20

40

60

80

100

120

1995 1999 2005 2007 2008 2009 2010 2011

Dívida pública - %PIB

AE Portugal

1 – Os factos

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viii. Acentuado agravamento das condições de financiamento público

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Spread das obrigações portuguesas a 10 anos face às alemãs

1 – Os factos

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ix. Com consequências nas condições de financiamento bancário à economia

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS 1 – Os factos

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x. Procura interna (consumo privado, consumo público e investimento) em terreno negativo e exportações em desaceleração.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

2008 2009 2010 2011 2012e 2013p

Taxa de crescimento

Consumo Priv Consumo Publico FBCF Export

1 – Os factos

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① Crescimento económico (o grande desafio)

② Financiamento

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

Necessidade de convencer investidores/credores que controlamos o nível da dívida e que somos capazes de reduzir o seu peso na economia.

Dívida PIB

Dívida

PIB

Ajustamento orçamental Reforço da poupança

Reforço da exportação reforço da competitividade Investimento Melhoria das perspetivas económicas

Financiamento (capital e crédito) Iniciativa/Empreendedorismo

2 – Os desafios

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PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

③ Corrigir desequilíbrios / vencer atrasos

Crescer mais. Convergir com a União Europeia 14560

26330

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

PT EU/AE

PIB per capita

15,7

11,1

0

5

10

15

20

PT EU/AE

Desemprego

Reduzir o desemprego

2 – Os desafios

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Melhorar a competitividade

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

68

29

01020304050607080

PT EU/AE

Baixa escolaridade

③ Corrigir desequilíbrios / vencer atrasos

Qualificar os recursos. Melhorar a produtividade

2 – O desafios 2 – Os desafios

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Aumentar a poupança

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

③ Corrigir desequilíbrios / vencer atrasos

Dinamizar o investimento

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

1990 1995 2000 2005 2010 2011

Investimento bruto %PIB

EA12 Portugal

0%

5%

10%

15%

20%

25%

1990 1995 2000 2005 2010 2011

Poupanca nacional bruta %PIB

EA17 Portugal

2 – Os desafios

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Diminuir o endividamento

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

119

93,5

0

20

40

60

80

100

120

140

PT EU/AE

Dívida Pública % PIB

249

181

0

50

100

150

200

250

300

PT EU/AE

Dívida Privada %PIB

③ Corrigir desequilíbrios / vencer atrasos

2 – Os desafios

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Tendo presente que os desequilíbrios comprometem o crescimento e o desenvolvimento da economia portuguesa, torna-se clara a necessidade imperiosa da sua correção.

A eliminação dos desequilíbrios favorece o crescimento, torna-o mais forte e sustentável. Mas o próprio crescimento contribui para essa eliminação.

Se o ajustamento financeiro é, no curto prazo, restritivo e recessivo, o crescimento facilita o ajustamento, suaviza os seus efeitos negativos. Por outras palavras, a falta de crescimento dificulta e compromete o sucesso do esforço de ajustamento.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS 3 – Portugal! E a Europa?

A Teoria Económica ensina-nos que a evolução deste rácio depende da interação entre:

Taxa de Juro

Saldo orçamental

Crescimento

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A falta de crescimento está a comprometer o sucesso do ajustamento orçamental. Em Portugal, o insucesso de 2012 prejudicou as expectativas e a confiança dos agentes económicos. Daí derivam riscos para 2013. Em 2013 não se pode repetir o sucedido em 2012, sob pena de prejudicarmos seriamente as hipóteses de regresso aos mercados de financiamento soberano e nos sujeitarmos a pressões, que serão cada vez maiores, para a reestruturação da dívida pública portuguesa. Esta “equação” será dificilmente resolvida sem um reforço do crescimento económico, a par da atenuação das condições de financiamento. Estamos perante uma questão de intensidade e duração do ajustamento. Como superar esta incompatibilidade de objetivos? Com um só instrumento de política económica não é possível alcançar dois objetivos simultâneos.

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS 3 – Portugal! E a Europa?

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3 – Portugal! E a Europa? PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

Só num quadro de envolvimento europeu, será possível prosseguir estes dois objetivos.

Falta na UE uma política de crescimento económico. Não existem instrumentos de política europeia para o crescimento, e a coordenação das políticas nacionais revela-se incapaz de a promover. Onde para a Estratégia 2020? Falta o pilar orçamental na UEM. A crise tem revelado que, para além da união monetária, é necessária a união orçamental. As reformas institucionais em curso na governação económica do euro vão no sentido correto, mas inserem-se numa lógica de “upgrade” do quadro existente e não de avanço para a necessária união.

Assim como o BCE tem avançado com soluções não convencionais, torna-se necessária uma atitude semelhante da parte dos responsáveis pela política económica.

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3 – Portugal! E a Europa? PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

• Preservação do Euro

• Permanência no Euro

• Correção dos desequilíbrios

• Política económica mais orientada para o crescimento (a Área do Euro tem um problema de dívida pública elevada, pelo que será necessário um crescimento mais forte para reduzir o seu peso)

• Maior envolvimento europeu, mais decisões a nível europeu (reforço da natureza federal da União)

• Avanço no sentido da criação de uma união orçamental As mudanças implicam cedência de competências, perda de soberania. Os consensos políticos são difíceis e exigem tempo. As medidas entretanto tomadas visam ganhar tempo. Pode ser que tenhamos novidades após as eleições alemãs.

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3 – Portugal! E a Europa? PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

FIM

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3 – Portugal! E a Europa? PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

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29

24

0

5

10

15

20

25

30

35

PT EU/AE

Var rácio dependência 2010-50 18

16,5

10

11

12

13

14

15

16

17

18

PT EU/AE

Risco de pobreza

1,2

1,6

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

PT EU/AE

PIB potencial na última década

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-6,6

0,3

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

PT EU/AE

BTC

75

53

0

10

20

30

40

50

60

70

80

PT EU/AE

Dependência energética

0,6

0,3

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

PT EU/AE

Taxa Cambio Real Efetiva % variação média anual desde 1999