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"Pos Colonial" Ella Shohat

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This text is in Portuguese... sorry. It´s about a text of Ella Shohat, "notes on the post-colonial". Great text, great woman

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Page 1: "Pos Colonial" Ella Shohat

Trabalho da disciplina de Temas de Literaturas AfricanasDocente: Inocência MataAluno: Bruno Mendes nº 33 974Ano lectivo 2008/2009

Ambiguidade do termo “pós-colonial”

Objecto de estudo: texto “Notes on the post-colonial” por Ella Shohat

Índice

Introdução

Problemática espacial

Problemática temporal

As implicações do termo

Conclusão

Page 2: "Pos Colonial" Ella Shohat

Trabalho da disciplina de Temas de Literaturas AfricanasDocente: Inocência MataAluno: Bruno Mendes nº 33 974Ano lectivo 2008/2009

Introdução

Este trabalho pretende, segundo o texto de Ella Shohat, analisar a

ambiguidade espácio-temporal do termo “pós-colonial” e as suas implicações.

Termos como, imperialismo, neo-colonialismo, neo-imperialismo, surgiram

com a oposição académica à Guerra do Golfo. Nos dias que correm, pós-colonial é

o termo utilizado, por conveniência, pelos adeptos do politicamente correcto

para se referirem aos povos do terceiro mundo.

Uma visão mais conservadora usa o termo pós-colonial como forma de não

recorrer a linguagens que invoquem termos como, neo-colonialismo e

imperialismo, termos como uma conotação negativa. Segundo o texto, o termo

pós-colonial não surgiu com o objectivo de preencher um espaço vazio na

linguagem da analise político-cultural. Surge como forma de encobrir, ou mesmo

extinguir, um antigo paradigma, o do terceiro mundo. A noção de três mundos,

contorna heterogeneidades, disfarça contradições e dilui diferenças.

O termo terceiro mundo comporta consigo os substantivos, países, nações e

pessoas. O termo pós-colonial torna-se num substantivo que se refere aos países

e pessoas que vivem numa condição pós-colonial. Vejamos as implicações do

termo pós-colonial.

A problemática espacial

O prefixo pós, é usado para definir um facto do passado, mais ainda, partilha a

noção de movimento para lá de, implica a passagem para um novo período

histórico dando por terminado outro.

O termo pós-colonial é ambíguo devido ao facto de não corresponder a uma

cronologia exacta e não tem uma referencia espacial. É um termo muito

abrangente que faz referencia ao fim do colonialismo quando este ainda se

verifica por outros meios.

No campo da literatura podemos falar em literatura pós-colonial, fazendo

referencia à literatura dos países colonizados mas também àquela que emerge

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Trabalho da disciplina de Temas de Literaturas AfricanasDocente: Inocência MataAluno: Bruno Mendes nº 33 974Ano lectivo 2008/2009

das diásporas nos países colonizadores. Nesta ultima poderíamos incluir a

literatura norte americana, ainda que não seja considerada como tal, devido ao

seu poder actual e ao seu papel como neo-colonizador.

O termo pós-colonial mascara o colonizador e a sua politica opressora perante

os povos colonizados não só antes da independência mas também depois. A

categoria “pós” pode facilmente tornar-se uma categoria universal que neutraliza

as diferenças politicas entre países colonizados e colonizadores, uma vez que,

todos vivem numa época pós-colonial.

A problemática temporal

Existem varias datas históricas que marcaram a independência dos vários

povos colonizados, desde os povos africanos aos povos sul americanos. Existiram

também razões diferentes que levaram à independência, casos em que se

registou o declínio de impérios colonizadores e casos de resistência e luta. Cada

caso é um caso e o termo pós-colonial tende a engloba-los atribuindo-lhes um

fim comum.

Por outro lado, o significado de “pós“ pressupõe um depois mas o facto de a

colonização ter terminado, como tal, com a independência dos países

colonizados não significa que tenha terminado a hegemonia dos países

desenvolvidos e no contexto actual trata-se de neo-colonialismo. No texto temos

o exemplo concreto de como a independência do Egipto, declarada em 1923, não

preveniu o domínio britânico, o que provocou a revolta de 1952.

O termo pós-colonial implica que a força político-económica dos países

desenvolvidos em países de terceiro mundo seria agora uma questão do passado,

retirando peso às deformações provocadas pela colonização de outrora e as suas

implicações no presente.

Ella Shohat faz uma questão pertinente. Como é que se pode negociar

semelhança e diferença nos parâmetros de um pós-colonial cujo significado

enfatiza semelhança e retira ênfase à diferença?

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As implicações do termo

Os movimentos modernos nacionalistas anti-coloniais mantêm a Europa no

centro das suas críticas. A narrativa pós-colonial implica uma narrativa cuja

referência continua a ser o colonialismo. O termo pós-colonial leva-nos, nos

tempos que decorrem ao termo neo-colonial. Após a independência dos países

colonizados, podemos assistir ao ressurgir da colonização empregue por outros

meios. Por outro lado o termo pós-independencia conta a historia da resistência

dos povos colonizados perante as imposições culturais do povo colonizador. Há

três grandes razões pelas quais se deve aplicar o termo neo-colonial:

O termo neo-colonial é um termo explícito que se refere à situação actual.

Podemos verificá-la no poder de uma nova ordem mundial que determina

mercados e submete culturas, usando o termo pós-colonial como forma de

suavizar as suas implicações. Enquanto que pós-colonial é um termo passivo que

faz referência a um movimento intelectual específico, o termo neo-colonial tem

implicações politicas.

O significado de “pós”, ao dar por terminado um tempo na história,

implica a ideia de um tempo ao qual não se pode regressar, ficando para trás a

esperança da recuperação de uma identidade colectiva que existiu outrora e que

estamos a caminhar para uma irreversível homogeneização.

A celebração do sincretismo e do hibridismo, se não for articulada com as

questões da hegemonia e a relação de poder neo-colonial corre o risco de

santificar os feitos ou, os efeitos da violência colonial. Temos de considerar o

local e a perspectiva quando se fala de sincretismo e de hibridismo. Existem

diferenças entre os diferentes povos colonizados e a sua relação com os povos

colonizadores. E deve ser considerada a relação que se estabeleceu entre

culturas de povos colonizados.

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Conclusão

O conceito de pós-colonial deve ser interrogado e contextualizado, histórica,

geográfica e culturalmente. O argumento sustentado por Ella Shohat é que cada

situação deve ser vista como um aspecto particular de sistemas e modos de

dominação e de submissão de identidades colectivas e as relações globais do

mundo contemporâneo.

Procurei, ao longo deste trabalho e tanto quanto possível debruçar-me sobre o

termo pós-colonial mas a subjectividade inerente ao termo levou-me sempre a

outras perspectivas e a outros conceitos, tais como o de neo-colonial e

imperialismo. O termo pós-colonial “diz-me” que aqueles que passaram pela

experiencia do colonialismo vivem agora numa era pacífica, de relações

moderadas entre povos ex-colonizados e ex-colonizadores levando a querer que

hoje em dia pode existir harmonia entre os mesmos. Não quero dizer que não

pode haver harmonia na relação entre povos diferentes, seria errado, prova disso

é o hibridismo e a mestiçagem que ocorre nos dias de hoje.

A legitimidade daquele que defende a cultura única do seu povo que constitui,

em parte, uma identidade cultural, não é menor do que a daquele que defende a

mestiçagem e uma intercultura. Poderá existir uma única cultura? Poderá haver

inter-cultura sem intervenção de, no mínimo, duas culturas previamente

estabelecidas? A minha convicção é de que podem existir dois mundos separados

que se relacionam mas que para que isso ocorra com harmonia têm de se

compreender sem invadir o espaço vital um do outro. Como na relação de duas

pessoas, tem de haver, parte a parte, respeito pela propriedade privada um do

outro. Aqueles que colonizaram outrora não existem mais, não são puníveis nem

a sua culpa poderá constituir herança para a sua descendência. Hoje é possível

verificar os danos causados pela colonização e resta-nos prevenir e combater

novas formas de colonizar. Existem outros ideais de colonização como é o caso

das multinacionais que se (des-)mobilizam para territórios onde ainda hoje

crianças trabalham em regime de escravatura. Hoje em dia isto constitui um

desrespeito aos direitos da humanidade, é um crime e como tal, punível.

Colocarei uma ultima questão, será que hoje em dia a neo-colonização não

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transbordou as barreiras físicas e culturais, para se manifestar numa nova ordem

mental que dita necessidades e desejos, em mentes premiáveis como a de uma

criança?