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Position Paper 1

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Page 1: Position Paper 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NÚCLEO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: Novas Tecnologias Aplicadas à Educação

PROFESSOR: Dr. Henrique Nou Schneider

ALUNO: Adriana Alves Novais Souza

DATA DE ENTREGA: 07/04/2011

POSITION PAPER 1

SCHNEIDER, Henrique N. O paradigma da Era Industrial: Uma Análise Crítica (Cap. II). A

Era do Conhecimento na Educação e no Trabalho (Cap. III). In: Um Ambiente Ergonômico

de Ensino-Aprendizagem Informatizado. Tese de Doutorado. UFSC. 2002

1. DO AUTOR E DA OBRA

Henrique Nou Schneider possui graduação em Engenharia civil pela Universidade

Federal de Sergipe, mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de

Campinas e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa

Catarina. É professor adjunto da Universidade Federal de Sergipe e professor do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.

É professor pesquisador dos Departamentos de Estatística e Informática, de Ciência da

Computação e do Mestrado em Educação, no qual coordena o grupo de pesquisas

relacionadas à Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais.

Os capítulos analisados estão contidos na tese de doutorado defendida pelo autor: Um

ambiente ergonômico de ensino-aprendizagem informatizado, cuja importância rendeu-lhe o

mérito de ser qualificada como uma das melhores teses quando de sua defesa.

Algumas obras do autor, publicados em Anais de congressos e periódicos:

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SCHNEIDER, Henrique N. Internet para educação e cidadania. Revista Candeeiro, Aracaju-

SE, v.11/12, p.27-32, 2005.

________________Educação à Distância Via Internet (e-learning), Contextualização (know

what), Justificativa (know why), Implantação (know how). Revista Cadeeiro(UFS), v13-14, p.

39-48, 2006.

_______________As TIC’s na Educação: Um olhar sobre a produção intelectual do

Programa de Pós- Graduação da UFS no período de 1997-2008. In: Miguel André Berger

(Org). A Pesquisa Educacional e as Questões da Educação na Contemporaneidade. 1 ed.

Maceió: EDUFAL, 2010, v.1, p. 231-249.

______________Telemática na Educação: agregando valor às atividade administrativas da

escola e ao processo de ensino-aprendizagem. In: Jorge Carvalho do Nascimento.(Org.)

Problemas de Educação Escolar e Extra-escolas. 1 ed. Aracaju: Editora UFS, 2005, v. 1, p.

119-152.

2 RESUMO DA OBRA

No capítulo II, O paradigma da Era Industrial: Uma análise crítica, p. 19-27, Schneider

discorre acerca das características históricas e sociais da Era Industrial e seu impacto na

formação da sociedade da época até os dias atuais. Como conseqüência dessa nova sociedade

que surge pós-industrialismo, temos a preocupação excessiva com bens, dinheiro e

mercadoria, em detrimento do social e humano; é a sociedade da precisão, da quantidade em

detrimento da qualidade, da planificação da produção e do consumo.

O autor baseia-se em Toffler e De Masi, elencando princípios básicos da sociedade

industrial, dentre eles: a padronização, a especialização, a sincronização, a concentração, a

maximização e a centralização. As mudanças provocadas pela Era Industrial tiveram o poder

de uniformizar o mundo, impondo medidas, fórmulas e padrões, exaltando o conhecimento

científico, acadêmico, em detrimento da prática e conhecimento informal do homem que

aprendeu fazendo. Em De Masi e Taylor, o autor critica os princípios dos escritórios-fábrica,

tanto por seu determinismo nas funções e responsabilidades dos indivíduos, quanto pela

atenção exacerbada com o estudo das necessidades de produção e rendimento em detrimento

das necessidades do homem, escravizados e depreciados em sua capacidade de pensar.

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Ao apresentar as principais características da sociedade típica industrial, o autor nos

convida à reflexão acerca das mudanças ocorridas no mundo, na burocratização e rotinização

da vida e até mesmo da língua, causados pela crescente busca por produção que finda

transformando o trabalhador em um ser limitado, preciso, “tarefeiro”.

Ao industrialismo econômico é atribuída a causa da desestruturação nas famílias e da

sobrecarga nas escolas, uma vez que as famílias passaram a cargo desta última a tarefa de

educar seus filhos e à escola foi atribuída a tarefa de preparar os futuros trabalhadores dentro

dos moldes do sistema industrial. Schneider traça um perfil da educação em massa que se

instaurou, a partir da linha pedagógica então assumida, baseada na formação precoce dos

futuros “tarefeiros”, os princípios da educação escravagista: a obediência e a obsessão pelo

trabalho produtivo.

A segunda Era abordada, a da sociedade da informação, nos é apresentada como o

rompimento de um dos principais marcos da industrialização: a freqüência no trabalho, afinal,

hoje, é possível administrar uma pequena empresa, vender, comprar, prestar serviços, sem sair

de casa, a partir dos recursos tecnológicos vigentes.

Diante dessa mudança de paradigma, Schneider alerta que o papel da escola também

precisa ser reavaliado, já que o ensino de hoje ainda se baseia numa perspectiva tradicional,

sem considerar o conhecimento prévio do aluno, suas vivências e sua inventividade, num

modelo convencional de ensino fragmentado, individual e analítico, em detrimento da

formação mais humana e compreensiva.

A linha educacional defendida por Schneider é construtivista, favorecendo o

conhecimento espontâneo, com ética e moral sendo construídas em comum, em oposição ao

neoliberalismo em sua educação competitiva, individualista e darwinista.

O capítulo III, a Era do Conhecimento na Educação e no Trabalho, foi dividido em

quatro tópicos, sendo que o primeiro trata das Eras do desenvolvimento social,

metaforicamente caracterizadas por ondas, cada qual com suas mudanças que provocam

turbulência, mas que acabam sendo absorvidas pela sociedade até que surja uma nova onda e

traga consigo novo turbilhão. Cada Era nos é descrita pelo autor, sendo a Industrial

caracterizada pela competição, autopreservação e consumo, a Tecnológica por uma

conscientização maior sobre a preservação da vida e da cooperação universal e a futurista ou

de co-criação, como aquela que trará a união entre todos os seres da biosfera, regida por uma

política de controle sobre o futuro da vida ou biopolítica.

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As mudanças indispensáveis na consciência e nos valores globais e as necessidades

urgentes quanto à preservação ecológica são temas discutidos pelo autor nesse tópico, que

apresenta também características de cada fase da sociedade em relação a comportamentos

apresentados.

Schneider reflete sobre o termo tecnologia, em todos os seus benefícios e também nos

prejuízos oriundos de uso inconsciente, uma vez que esta precisa atender às necessidades

ecológicas, aos interesses sociais, empresariais e educacionais. Para Schneider, é apropriado o

uso da tecnologia da informação em organizações, pois possibilita uma maior inclusão por um

custo menor, como também o impacto tecnológico na sociedade (desde que bem utilizado),

por sua flexibilidade. Alerta-nos, porém, quanto às mudanças no modus vivendi social, acerca

da perda de privacidade, da necessidade de reciclagem profissional e de maior segurança. Para

tornar o fluxo de informações digitais parte essencial de qualquer organização, é preciso que

se desenvolvam novas habilidades, reavaliação constante, trabalho cooperativo e o aprender a

aprender.

No tópico três, o autor discute o fenômeno da globalização, definindo-a como o ápice

do processo de internacionalização do mundo capitalizado, pois esta permite construir uma

sociedade global, mais comprometida com o planeta, com a biodiversidade, com a educação e

a felicidade dos indivíduos. As empresas globalizadas se voltam para o mercado de consumo,

para a Qualidade Total, uma filosofia de organização do trabalho que busca a satisfação do

cliente, oferecendo-lhe produtos e serviços através da integração de recursos tecnológicos.

Nesse processo, o autor deixa claro que a busca pela qualidade deve ser um processo,

independente de avaliações de desempenho, tendo como base para a capacitação de seus

funcionários a criatividade e racionalidade na resolução de problemas.

O emocional do trabalhador também é apresentado como motivo de preocupação da

Era pós-industrial, em total repúdio aos valores da Era industrial: redução de carga horária e

da densidade no trabalho, (permitindo um tempo ocioso de qualidade ao trabalhador), abertura

ao diálogo e ao posicionamento, segurança e estabilidade no emprego, dentre outros, são

atitudes que proporcionam um aumento significativo na qualidade do trabalho. A valorização

do trabalhador e este de seu trabalho, sua co-responsabilidade com o produto e a formação de

equipes autogerenciáveis, que apresentam independência no desenvolvimento e consideração

de ideias, que interagem democraticamente, que oferecem ajuda voluntária e demonstram

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empatia com os demais membros, desempenhando papel decisivo na tomada de decisões das

organizações.

O tópico quatro trata da mudança na reorganização do trabalho, do novo perfil do

trabalhador, o que ocasionou um retorno desse indivíduo ao lar, de onde fora retirado quando

da Era Industrial. A presença deste no emprego não é mais indispensável, o que se requer é

inovação, a força manual passa então a ser cada vez mais automatizada. A essa nova fase o

autor denomina teletrabalho e assim delineia os processos de estruturação da nova

organização empresarial e da importância que a tecnologia assume rumo a esse novo sistema,

não como fim em si mesma, mas como suporte às práticas de trabalho. No “O ócio criativo”,

de Domenico De Masi, o autor baseia suas afirmações acerca do impacto benéfico dessa nova

categoria de trabalho que também se associa a lazer (dupla também separada pela segunda

onda), provando que é possível extrair boas idéias durante o processo de descanso, de ócio, o

que vem transformar o trabalho alienado, estressante e exploratório em um momento criativo,

consciente e preparado para as mudanças futuras.

3 ANÁLISE CRÍTICA

Os capítulos apresentados pelo autor em sua tese fornecem subsídios para a

compreensão do advento tecnológico até os nossos dias, dada a necessidade de se

compreender todo o processo histórico, como base para quaisquer pesquisas científicas na

área das Tecnologias da Informação e Comunicação. Sua pesquisa se apóia em diversos

teóricos, com conclusões e concepções bem embasadas.

À medida que Schneider trata dos princípios que fomentaram o surgimento da Era

tecnológica e sua inserção nas organizações, ele faz uma preleção sobre as consequências de

cada Era mundial na formação da sociedade atual, reportando-se a esclarecimentos teóricos

com bases seguras e que provocam críticas na atualidade, porém altamente relevantes pelo

contexto histórico em que estão inseridos, como as contribuições de Taylor e Ford, que

retratam o pensamento alienante que provocou a rotina massacrante dos trabalhadores na Era

industrial.

Os conhecimentos históricos e epistemológicos acerca do tema, as metáforas, tabelas,

distribuição de tópicos e questionamentos foram eficazes em apresentar de maneira clara e

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detalhada as circunstâncias nas quais se deu o progresso informativo global, especialmente

por esta se caracterizar como uma leitura exigente, que requer conhecimentos prévios, mas

dada sua transparência e originalidade, foi possível compreender suas concepções básicas. O

autor não se limita a repetir idéias de pensadores e pesquisadores renomados, mas apresenta

suas próprias ideias e estas, aliadas a questionamentos pontuais, provocam reflexão crítica,

discussões teóricas e sinalizam um novo olhar acerca do papel social da educação tecnológica,

não como um fim em si mesma, mas como fator de importância global, capaz de preparar o

cidadão da quarta onda, tornando-o um ser co-criador, engajado na preservação da vida,

consciente de si como parte de uma única engrenagem que faz girar o planeta.

4 OUTROS AUTORES

Muitas idéias apresentadas na obra de Schneider são corroboradas por estudiosos que

pesquisam a informatização do ambiente de ensino-aprendizagem, dentre eles temos Pierre

Levy, em seu livro “Cibercultura”, que defende as tecnologias intelectuais e sua influência no

cognitivo humano, em especial, na aprendizagem e na imaginação. Na escola, o acesso à

informatização oferece ao educador uma alternativa capaz de ampliar seus conhecimentos.

Levy versa sobre a possibilidade de se construir uma tecno-democracia, onde homens e

máquinas podem co-habitar. Ele não nega os problemas da cibercultura, mas aponta caminhos

para uma convivência benéfica.

Em seu livro “A quinta disciplina”, Peter Senge aponta para a maneira como o

indivíduo vê a si mesmo e ao grupo, interagindo e aprendendo com ele, como fator

preponderante para o desenvolvimento da capacidade de aprendizado das organizações do

futuro.

Richard Crawford, “Na Era do Capital Humano”, ressalta a importância do homem no

processo de utilização da informação, uma vez que a tecnologia torna-se inútil sem o

conhecimento humano para aplicá-la produtivamente.

Moraes, em “O paradigma educacional emergente: implicações na formação do

professor e nas práticas pedagógicas”, defende o diálogo entre indivíduo, sociedade e

natureza, característicos da sociedade do futuro e questiona a que ponto educação e

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ambientes de aprendizagem facilitam tais diálogos e como poderão ampliar a percepção de

mundo, de realidade e colaborar para a transformação do processo educacional.

Anicleide Silva baseou seu artigo “A educação corporativa e as TIC como promotoras

da educação continuada nas organizações” na obra de Schneider, dissertando sobre os setores

econômicos que tem apresentado serviços inovadores, através das redes na Internet, porém

reforça o alerta quanto ao perigo desta ficar sobrecarga, sofrer danos ou não apresentar a

segurança devida.

Rejane Ester Vieira, em seu artigo “A Tecnologia Moderna Como Herança Da

Revolução Industrial Do Século XVIII”, analisa as semelhanças entre a “Era Industrial” e a

“Era Informacional”, pelo fato de ambas servirem de base para um sistema e exercerem

tamanho impacto sobre a organização e a estrutura da sociedade.

Em “A evolução dos paradigmas educacionais à luz das teorias curriculares”, Correia e

Dias reconhecem o poder do conhecimento sobre o dinheiro e o capital, pois reduz matéria-

prima, mão-de-obra, tempo, espaço e capital. O conhecimento gera poder, porém o

conhecimento acerca do conhecimento é o que mais importa.

5. REFERÊNCIAS

CORREIA, A.P. S., DIAS, P. A Evolução dos Paradigmas Educacionais à Luz dasTeorias Curriculares. Revista Portuguesa de Educação, 1998, 11 (1), 113-122© 1998, I.E.P. Universidade do Minho, Portugal. Disponível em http://labspace.open.ac.uk/file.php/3310/AnaPaulaSousa_1_.pdf.

CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1994.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Cap. 5. In: O paradigma educacional emergente. 6 ed. Campinas, SP: Papirus, 1997, p. 135-197.

SENGE, Peter M. A quinta disciplina. São Paulo: Editora Best Seller, 1990.

SILVA, A. P. Educação Corporativa e as Tic como Promotoras da Educação Continuada nas Organizações. Universidade Federal de Sergipe (UFS-Anais do II Seminário Educação, Comunicação, Inclusão e Interculturalidade), agosto de 2009.