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Postura X Disfunções Temporomandibulares O estudo das disfunções temporomandibulares envolve um assunto complexo e, diante de uma vasta sintomatologia, torna-se extremamente difícil o seu tratamento sem uma visão global dos pacientes. A má postura tem sido um dos fatores relacionados a esses distúrbios, colocando- se geralmente como uma das causas ou conseqüências dessas alterações. A coluna cervical, a articulação temporomandibular (ATM), a cintura escapular e a oclusão são intimamente relacionadas. Sendo assim, a má posição ou a anormalidade funcional de uma delas costuma afetar a função ou a posição das outras. Por exemplo, uma alteração na posição da cabeça modifica a posição da mandíbula, afetando, assim, a oclusão. Disfunções nos músculos da mastigação, assim como nos músculos cervicais, por exemplo, afetam o equilíbrio entre essas estruturas. Uma alteração postural comum entre os portadores de DTM é a anteriorização da cabeça, o que gera um deslizamento da cabeça sobre o pescoço para que a pessoa possa manter o olhar horizontal. Isso pode causar dor e disfunções na cabeça, pescoço, mandíbula, músculos da mastigação, e assim por diante. É necessário um controle muscular altamente complexo e sincronizado para sustentar o equilíbrio entre os músculos da cabeça e do pescoço numa postura adequada. Caso ele seja afetado, tanto na postura estática quanto na dinâmica, todo o sistema será alterado. Portanto, é preciso estabelecer a função e o equilíbrio posturais em pacientes com DTM e má postura, pois um sintoma desencadeia outro em razão do desequilíbrio músculo-esquelético. Por exemplo, quando um paciente apresenta uma anteriorização da cabeça, apresentará também maior tensão muscular, sobretudo no músculo esternocleidomastóideo, nos grupos supra e infra-hióideos, além do genioglosso. Assim, os músculos da mastigação também alteram seu comportamento funcional. É importante ressaltar que toda alteração funcional provoca uma alteração em cadeia nos segmentos adjacentes, ou seja, em todo o

Postura X Disfunções Temporomandibulares

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Disfunções Temporomandibulares

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Postura X Disfunções Temporomandibulares

 

O estudo das disfunções temporomandibulares envolve um assunto complexo e, diante de uma vasta sintomatologia, torna-se extremamente difícil o seu tratamento sem uma visão global dos pacientes.

A má postura tem sido um dos fatores relacionados a esses distúrbios, colocando-se geralmente como uma das causas ou conseqüências dessas alterações.

A coluna cervical, a articulação temporomandibular (ATM), a cintura escapular e a oclusão são intimamente relacionadas. Sendo assim, a má posição ou a anormalidade funcional de uma delas costuma afetar a função ou a posição das outras. Por exemplo, uma alteração na posição da cabeça modifica a posição da mandíbula, afetando, assim, a oclusão. Disfunções nos músculos da mastigação, assim como nos músculos cervicais, por exemplo, afetam o equilíbrio entre essas estruturas.Uma alteração postural comum entre os portadores de DTM é a anteriorização da cabeça, o que gera um deslizamento da cabeça sobre o pescoço para que a pessoa possa manter o olhar horizontal. Isso pode causar dor e disfunções na cabeça, pescoço, mandíbula, músculos da mastigação, e assim por diante.

É necessário um controle muscular altamente complexo e sincronizado para sustentar o equilíbrio entre os músculos da cabeça e do pescoço numa postura adequada. Caso ele seja afetado, tanto na postura estática quanto na dinâmica, todo o sistema será alterado.

Portanto, é preciso estabelecer a função e o equilíbrio posturais em pacientes com DTM e má postura, pois um sintoma desencadeia outro em razão do desequilíbrio músculo-esquelético.

Por exemplo, quando um paciente apresenta uma anteriorização da cabeça, apresentará também maior tensão muscular, sobretudo no músculo esternocleidomastóideo, nos grupos supra e infra-hióideos, além do genioglosso. Assim, os músculos da mastigação também alteram seu comportamento funcional.

É importante ressaltar que toda alteração funcional provoca uma alteração em cadeia nos segmentos adjacentes, ou seja, em todo o complexo articular e muscular do corpo. Uma alteração na coluna lombar, por exemplo, influencia direta ou indiretamente nos segmentos superiores, chegando a comprometer a postura da cabeça e do pescoço e, em conseqüência, a oclusão e a ATM. Se essa situação se mantiver, ela poderá ser integrada ao esquema corporal, gerando diversos problemas a médio e longo prazo.

A presença de um profissional especializado em avaliar, detectar e tratar os desalinhamentos posturais em um paciente com disfunções temporomandibulares, segundo sugere o atual cenário científico, torna-se imprescindível. A conquista de uma melhor postura é o primeiro e fundamental passo para uma oferta mais completa de soluções para esse paciente.

Letícia Swoboda, fisioterapeuta formada pela USP, especialista em Reeducação Postural Global (RPG), com formação especial de RPG em Patologias Cervicais, Escolioses, Esporte e Leitura de Radiografias.