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PPGE- UEPGDRª GISELE MASSON
Trabalho no sentido ontológico
Obs. Slides produzidos a partir de excertos dos textos referenciados.
Ente Ser Coisa
Ôntico Propriedade do ser
Ontológico
Essência do ser
TRÊS ESFERAS ONTOLÓGICAS DO SER -
LUKÁCSSOCIAL
ORGÂNICO
INORGÂNICO
• Surge pelo trabalho.• Mediação da
consciência (existe apenas entre os homens).• Possui vida.• A vida se caracteriza
pela incessante recolocação do mesmo – reprodução biológica.• Não possui vida.
• Sua evolução é um movimento de transformação em algo distinto.
- Entre a esfera inorgânica, a esfera biológica e o ser social, existe uma distinção ontológica (uma distinção nas sua formas concretas de ser): a processualidade social é distinta, no plano ontológico, dos processos naturais.
- No ser social a consciência tem um papel fundamental, possibilitando que os homens respondam de maneira sempre nova às novas situações postas pela vida. Na trajetória de uma planta, a sua reprodução apenas é possível na absoluta ausência da consciência. Apenas uma processualidade muda (isto é, incapaz de se elevar à consciência do seu em-si) pode se consubstanciar numa incessante reprodução do mesmo.
- Entre o ser biológico e o inorgânico temos, também, uma distinção ontológica: o tornar-se-outro da pedra é uma forma distinta de ser do repor-o-mesmo da planta. A pedra não se reproduz, enquanto que a planta só pode existir enquanto permanente processo de reprodução de si mesma.
- Para Lukács, portanto, existem três esferas ontológicas distintas: a inorgânica, cuja essência é o incessante tornar-se outro mineral; a esfera biológica, cuja essência é o repor o mesmo da reprodução da vida; e o ser social, que se particulariza pela incessante produção do novo, através da transformação do mundo que o cerca de maneira conscientemente orientada, teleologicamente posta.
- Apesar de distintas, as três esferas ontológicas estão indissoluvelmente articuladas: sem a esfera inorgânica não há vida, e sem a vida não há ser social. Isto ocorre porque há uma processualidade evolutiva que articula as três esferas entre si: do inorgânico surgiu a vida e, desta, o ser social.
- Essa processualidade evolutiva é responsável pelos traços de continuidade que articulam as três esferas entre si. Para a ontologia de Lukács, isso é da maior importância. Significa, acima de tudo, que o ser social pode existir e se reproduzir apenas em uma contínua e ineliminável articulação com a natureza.
TRABALHO
HOMEM NATUREZA
Mediação
TRABALHO
LINGUAGEM SOCIABILIDADE
Mediação
TELEOLOGIAFINALIDADE
PRÉVIA-IDEAÇÃO
TRABALHO- Esse momento de planejamento antecede e dirige a ação. Pela prévia-ideação, as consequências da ação são antevistas na consciência, de tal maneira que o resultado é idealizado (ou seja, projetado na consciência) antes que seja construído na prática.
- O momento da prévia-ideação é abstrato. Mas isto não significa que não tenha existência real, material, isto é, que não exerça força material na determinação dos atos sociais.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
TRABALHO
CAUSALIDADE
TRABALHO
- São os nexos causais do mundo objetivo; malha de relações e determinações pré-existentes.
- Nexos causais: sequência de causa e efeito. São, ao mesmo tempo, perpassados por momentos de casualidade e, na sua totalidade e no momento da prévia-ideação, impossíveis de serem conhecidos por que ainda não aconteceram.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização
TRABALHO
- A exteriorização é esse momento do trabalho através do qual a subjetividade, com seus conhecimentos e habilidades, é confrontada com a objetividade a ela externa, à causalidade e, por meio deste confronto, pode não apenas verificar a validade do que conhece e de suas habilidades, como também pode desenvolver novos conhecimentos e habilidades que não possuía anteriormente.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO- Processo de conversão da prévia-ideação em objeto concreto, sempre com a transformação de um setor da realidade.
- Subjetividade objetivada: objeto socialmente criado.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO
- O produto do trabalho é, portanto, uma síntese peculiar, que só pode ocorrer no mundo dos homens, entre a prévia-ideação e os nexos causais realmente existentes.
- A objetivação é o momento concreto de realização desta síntese.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO
Nova situação
objetiva
Nova situação subjetiva
CASUALIDADE
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO
Nova situação objetiva
Nova situação subjetiva
GENERALIZAÇÃO
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO
GENERALIZAÇÃO
- Generalização por todo o ser social dos resultados objetivos do trabalho.
- Funda o traço mais característico da história humana: o devir-humano dos homens.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
OBJETIVAÇÃO
TRABALHO
GENERALIZAÇÃO
TELEOLOGIA PRODUTO OBJETIVADO
TRABALHO
Ontologicamente
distintos- O resultado nunca corresponde exatamente à finalidade. Há um quantum de acaso inevitavelmente presente nas objetivações.
TELEOLOGIA
CAUSALIDADE
Exteriorização GENERALIZAÇ
ÃO
TRABALHO
Nova situação
objetiva
Nova situação subjetiva
PRÉVIA-IDEAÇÃO
OBJETIVAÇÃO
Casualidades
Contingências
AcasosOBJETO
SUJEITO
REPRODUÇÃO SOCIAL
Sociabilização
Individuação
REPRODUÇÃO SOCIAL
Sociabilização
Individuação
- Toda objetivação é, na verdade, um conjunto de atos elementares.
- Cada ato elementar transforma não apenas o ambiente, mas também o sujeito que o realiza.
- A individualidade que iniciou o processo de objetivação não é exatamente aquela que o termina: novas habilidades e conhecimentos foram adquiridos enquanto o processo era efetivado, e estas novas habilidades e conhecimentos são espontaneamente incorporados à prévia ideação, adaptando-a às novas circunstâncias.
- Ao findar uma objetivação, não apenas o resultado é distinto em algum grau da finalidade inicial, como também a individualidade e a própria finalidade foram sendo transformadas ao longo do processo de acordo com os resultados parciais a cada momento alcançados.
-Todo processo de objetivação necessariamente resulta em um processo objetivo de generalização dos resultados alcançados, de tal modo que, a cada nova objetivação, a totalidade do ambiente no qual está inserida o indivíduo também se altera.
- Um outro momento de generalização é constituído pelo fato de, ao transformar a totalidade, os atos singulares agem também sobre os outros indivíduos que estão à sua volta (e, com as devidas mediações a cada momento histórico, sobre a humanidade no seu conjunto).
- A produção de uma nova situação corresponde à geração de um novo momento histórico, fazendo com que todos os que vivam naquele ambiente estejam expostos às consequências, e portanto tenham que responder às novas situações geradas pelas objetivações singulares dos outros indivíduos.
- Isto altera não apenas a relação dos indivíduos com a natureza, mas também a relação dos indivíduos entre si.
ESTADO
DIREITO
EDUCAÇÃ
O
FAMÍLIA
RELIGIÃO
REPRODUÇÃO SOCIAL
Sociabilização
Individuação
ESTADO
DIREITO
EDUCAÇÃ
O
FAMÍLIA
RELIGIÃO
REPRODUÇÃO SOCIAL
Sociabilização
Individuação
- Lukács argumenta que todo desenvolvimento social requer e possibilita o desenvolvimento da individualidade.
- Em última análise, quanto mais complexa for a sociabilidade, quanto mais mediados socialmente forem os atos que os indivíduos devem realizar cotidianamente, tanto mais complexas são as individualidades. É este impulso que eleva os indivíduos humanos primitivos, que quase não passam de meros singulares da espécie, a personalidades crescentemente complexas.
- Isto ocorre, fundamentalmente, porque os indivíduos, ao agirem no dia a dia, absorvem subjetivamente, na elaboração das respostas que servirão de finalidades aos seus atos, os avanços objetivos e subjetivos alcançados pelo desenvolvimento do gênero humano.
TOTALIDADE SOCIAL COMPLEX
O
COMPLEXOS
COMPLEXOS
COMPLEXOS
- O processo de sociabilização conduz a formas crescentemente complexas de sociabilidade e de individualidades, já que a reprodução material da vida social é cada vez mais mediada socialmente.
- O caráter de complexo de complexos do ser social se explicita cada vez mais claramente à medida em que novas demandas dão origem a novos complexos sociais, os quais mantêm uma complexa relação de determinação reflexiva com a totalidade da formação social a qual pertencem.
- Correspondendo a todo este processo, refletindo e favorecendo o seu desenvolvimento, dá-se o desenvolvimento da linguagem. No interior do complexo de complexos que é a totalidade social, mais uma vez, é ao trabalho que cabe o momento predominante, pois é nele que temos o solo genético do novo que impulsiona a humanidade a patamares crescentes de sociabilidade.
TOTALIDADE SOCIAL COMPLEXO
COMPLEXOS
COMPLEXOS
COMPLEXOS
Potencializar capacidades
humano-genéricas
Frear desenvolvimento
humano-genérico
Alienação
TOTALIDADE SOCIAL COMPLEXO
COMPLEXOS
COMPLEXOS
COMPLEXOS
Potencializar capacidades
humano-genéricas
Frear desenvolvimento
humano-genérico
Contradição
- Na enorme maioria das vezes, a síntese dos atos singulares em tendências histórico-genéricas impulsiona a humanidade para patamares superiores de sociabilidade. Contudo, isto nem sempre ocorre. Em dadas situações históricas, mediações e complexos sociais, mesmo que anteriormente tenham impulsionado o desenvolvimento sócio-genérico, podem passar a exercer um papel inverso, freando ou dificultando o desenvolvimento humano. Ex. religião, capital.
- As alienações são produtos da história humana, portanto, são resultantes da reprodução social.
- Ao conceber a essência humana como histórica, como historicamente determinada pela reprodução social e portanto, ao conceber as misérias humanas, as desumanidades produzidas pelos próprios homens como sendo de responsabilidade única da humanidade, Lukács resgata a tese marxiana de que os homens fazem a sua própria história, ainda que em circunstâncias que não escolheram.
- A consequência decisiva deste resgate é a recusa de toda teorização que tenda a negar a possibilidade da emancipação humana do jugo do capital a partir de uma pretensa natureza humana, de uma pretensa essência humana, dada de uma vez para sempre, e que limite o desenvolvimento da sociabilidade aos padrões individualistas e mesquinhos tipicamente burgueses.
REFERÊNCIAS
LESSA, S. A centralidade ontológica do trabalho em Lukács. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, v.52, p. 7-23. 1996.
LESSA, S. Para compreender a ontologia de Lukács. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2012.