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1 Prêmio Opinião Pública 2012 Case: Santo Antônio Energia no combate à Malária em Porto Velho Ultrapassando a obrigação com um programa de Relações Públicas Categoria: IV Relações Públicas e Sustentabilidade: Responsabilidade Social e Ambiental

Prêmio Opinião Pública 2012 Santo Antônio Energia no ... · Constitucional de Financiamento do Norte. O investimento na construção da usina foi de R$ 16 bilhões. Alta produtividade

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Prêmio Opinião Pública 2012

Case:

Santo Antônio Energia no combate à Malária em Porto Velho

Ultrapassando a obrigação com um programa de Relações Públicas

Categoria:

IV Relações Públicas e Sustentabilidade: Responsabilidade Social e Ambiental

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1. Análise do contexto da organização

Santo Antônio Energia:

A segunda maior empresa privada de energia no Brasi l

A Santo Antônio Energia, segunda maior empresa privada do setor no Brasil, é

a concessionária responsável pela construção e operação da usina Santo

Antônio no Rio Madeira, uma das 15 maiores hidrelétricas do mundo. Quando

concluída e a plena carga, no início de 2016, ela produzirá energia suficiente

para atender mais de 40 milhões de pessoas em todo o país. A concessão é de

35 anos e a usina, localizada a 7 km de Porto Velho, capital de Rondônia,

começou a operar em 30 de março de 2012, nove meses antes do prazo

previsto, com o acionamento de duas turbinas, com 71,6 MW de capacidade

cada uma.

A usina já fornece energia de fonte renovável e segura para os estados de

Rondônia e Acre, que dependiam de geração intermitente de termoelétricas.

Quando a concessionária da linha de transmissão concluir a interligação com o

sul do país, a Santo Antônio Energia vai se integrar ao sistema elétrico

nacional, fornecendo energia a todo o Brasil.

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A Santo Antônio Energia tem como acionistas Eletrobrás-Furnas (39%),

Odebrecht (18,6%), Andrade Gutierrez (12,4%), Cemig (10%) e Caixa FIP

Amazônia Energia (20%). Com investimentos previstos de R$ 16 bilhões, a

implantação do projeto conta com financiamentos do BNDES e do FNO Fundo

Constitucional de Financiamento do Norte. O investimento na construção da

usina foi de R$ 16 bilhões.

Alta produtividade e baixo impacto ambiental - Uma das primeiras grandes

obras do PAC, Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, a

entrar em operação, a usina Santo Antônio está sendo implantada na

Amazônia legal atendendo ao triplo desafio da sustentabilidade - ambiental,

social e econômica.

Apresenta alta produtividade e é a hidrelétrica com um dos mais baixos

impactos ambientais a operar no Brasil, além de responsável pela introdução

de novas tecnologias e práticas na área operacional, ambiental e social.

Quando completa, a usina vai apresentar a melhor relação entre Área de

Reservatório e Energia Gerada: 0,11 km2 por Megawatt, 10 vezes menor que a

média brasileira e abaixo dos parâmetros internacionais.

Inovação na forma de gerar energia - Este nível de produtividade foi atingido

por diversos aspectos inovadores, que tornam a usina de Santo Antônio uma

nova referência no setor.

Uma das inovações foi a decisão dos empreendedores à época de definição da

construção, de optar pela instalação de duas usinas no Rio Madeira, em vez de

apenas uma, adotada após profundos estudos realizados antes da aprovação

do projeto. Com isto, a área do reservatório da usina ficou três vezes menor e

do total ocupado, 60% corresponde à calha do rio.

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Aproveitando os grandes volumes de água fornecidos pelo Rio Madeira, maior

afluente do Rio Amazonas, a tecnologia utilizada, diferente da adotada na

maior parte das hidrelétricas brasileiras e internacionais, gera energia a partir

do próprio fluxo d’água, usando turbinas tipo bulbo. Cada gerador hidráulico

fica instalado dentro de um bulbo por onde a água segue rumo às hélices que

giram um rotor, transformando potência hidráulica em mecânica e, finalmente,

em energia elétrica, dispensando grandes quedas de água e reduzindo as

áreas de reservatório.

As turbinas bulbo, instaladas em quatro casas de força autônomas, têm oito

metros de diâmetro cada uma, peso de cerca de mil toneladas, potência de

71,6 megawatts e são as de maior capacidade de geração no mundo. Toda a

energia já está comercializada até 2027 no mercado livre, e até 2042 no

mercado regulado.

Para evitar problemas com os 30 mil troncos e galhos anuais trazidos pelo rio

foi desenvolvido um projeto inovador para sua transposição, o que também

evita alterações na ecologia.

Novo conceito gerencial - A implantação da usina hidrelétrica na Amazônia

Legal de forma sustentável está baseada em um novo modelo e cultura de

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gestão, que envolve uma parceria inovadora entre três grupos de profissionais

de formação, experiência e competência diferentes e complementares. De um

lado estão engenheiros e administradores com larga vivência na construção e

condução de hidrelétricas, que supervisionam e cobram qualidade e prazo dos

construtores e fornecedores. De outro, nos escritórios de Porto Velho e de São

Paulo, 200 profissionais desenvolvem nova cultura empresarial, incluindo

metas econômicas, sociais e ambientais que exigem competências específicas,

e que têm na valorização da diversidade profissional a chave para seu

sucesso.

No terceiro braço dessa parceria estão especialistas em sustentabilidade, que

coordenaram um grupo que chegou a ter mais de 2.000 profissionais de 140

empresas entre biólogos, geólogos, cientistas sociais e arqueólogos,

contratadas para garantir o atendimento às metas ambientais e sociais.

Compromisso socioambiental - O Plano Básico Ambiental (PBA) aprovado

pelo IBAMA em 2008 envolvia investimentos totais de R$ 1,3 bilhão em

projetos socioambientais, valor que foi superado atingindo R$ 1,6 bilhão. A

Santo Antônio Energia assumiu o compromisso de aplicar os recursos para

garantir o menor impacto possível no meio ambiente e nas comunidades

ribeirinhas e urbanas da região, criando ao mesmo tempo um acervo de

informações inéditas sobre fauna, flora e história locais.

Como parte desse trabalho, um levantamento inédito da ictiofauna no rio

Madeira permitiu identificar cerca de 700 espécies de peixes, algumas

desconhecidas antes. Para a migração dos que passam de um lado a outro da

barragem foi construído um canal de 900 metros de extensão e 10 metros de

largura, que representa uma grande inovação técnica. A qualidade da água é

verificada em tempo real por um laboratório flutuante de monitoramento.

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Uma APP (área de preservação permanente) de 39 mil hectares foi implantada

para compensar os 12 mil hectares suprimidos para a formação do

reservatório, e será mantida ao longo do tempo da concessão pela Santo

Antônio Energia. Mais de 100 mil animais retirados da área do reservatório

foram reincorporados à mata.

O programa de remanejamento de pessoas englobou mais de 1.700 processos

envolvendo ribeirinhos, comerciantes e fazendeiros, com indenização ou

cessão de novos imóveis com documentação legal em um dos sete

reassentamentos construídos, com 574 casas e infraestrutura completa.

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Diálogo permanente com a população - O diálogo permanente com as

pessoas afetadas pela instalação da usina e com os demais moradores de

Rondônia é parte do compromisso socioambiental da empresa desde o início

do projeto, e recebeu o Prêmio POP 2010 do CONRERP/SP.

Embora não existam tribos na área de influência direta da usina, o diálogo

inclui as comunidades indígenas Karitiana e Karipuna, localizadas a mais de 50

km do reservatório, que receberam melhorias nas áreas da saúde, educação,

valorização cultural, apoio à produção e à sustentabilidade econômica, bem

como na redução da incidência da malária.

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Também com as áreas universitárias e de pesquisa vem ocorrendo intenso

diálogo, em decorrência das atividades ligadas à fauna e flora e também à

história da região. A aplicação de R$ 14 milhões nas áreas de paleontologia e

arqueologia, com a contratação de equipes especializadas, permitiu identificar

utensílios e fósseis com mais de 40 mil anos, gerando um acervo único, que

deve originar um museu local.

Outra iniciativa marcante é a recuperação de um símbolo histórico de

Rondônia: a centenária estrada de ferro Madeira-Mamoré, que passa a ser

atração turística de Porto Velho e atrai seus moradores e visitantes.

O compromisso socioambiental da Santo Antônio Energia também inclui

investimentos nas áreas de educação, saúde, planejamento urbano e outros,

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que ajudam a criar condições para um novo ciclo de desenvolvimento para o

estado de Rondônia.

Ao lado dos investimentos realizados, que envolveram a contratação de

funcionários locais pelas construtoras contratadas e a consequente geração de

renda e tributos, a presença do empreendimento e a perspectiva de energia

disponível e segura vêm atraindo novos negócios para Porto Velho e para o

estado. No pico a empresa chegou a ter mais de 20 mil pessoas trabalhando

na obra, 85% moradores locais..

Malária: um problema de saúde mundial e da Amazônia - Historicamente, a

ocupação da Amazônia foi acompanhada por grandes epidemias de doenças

tropicais que assolavam os trabalhadores das obras de infra-estrutura e a

população em geral (Ministério da Saúde, 2006). O caso mais divulgado é o da

construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, conhecida como a Ferrovia

do Diabo, no atual estado de Rondônia, que, por conta das epidemias de

malária, febre amarela e doenças diarréicas ocorridas durante a construção,

registrou dezenas de milhares de mortos, além de uma grande redução na

capacidade de trabalho.

A primeira tentativa de construção da ferrovia ocorreu em 1862 e foi

abandonada “dez meses depois, quando os ingleses que sobreviveram às

doenças abandonaram o lugar” (Ruth Martins, Agência FIOCRUZ). A segunda

tentativa, também sem êxito pelo mesmo motivo, ocorreu em 1877. O primeiro

trecho da ferrovia foi concluído na terceira empreita, em 1910, mesmo ano em

o grande sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz esteve na região inspecionando as

obras. Disse ele na ocasião, em carta endereçada a Salles Guerra: "Meu caro,

isto aqui é de impressionar. A cifra de impaludismo [malária] é colossal (...) É

um espetáculo tétrico (...) ataca de 80% a 90% do pessoal" (Agência FIOCRUZ

de notícias).

Mais recentemente, o governo militar, na década de 1960, com o slogan

“Integrar para não entregar”, intensificou o processo de ocupação da

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Amazônia, o que gerou um aumento no número de casos da doença. A

situação foi parcialmente controlada na década seguinte por meio do Programa

de Erradicação da Malária. Houve, posteriormente, uma segunda onda de

ocupação com o início da regularização de Terras da Amazônia, quando um

decreto Federal determinou que terras de até 60 mil hectares adquiridas

irregularmente, mas com boa fé, poderiam ser tituladas. Essa ocupação trouxe

também a exploração de ouro e outros minérios para a região.

Ainda nessa época, ocorreu a construção de estradas: a BR 364,

Transamazônica, entre outras, que também enfrentaram problemas com

doenças tropicais. Observou-se, a partir daí, um grande aumento no número

casos da doença na região, que passou de um patamar de 50.000 a 100.000

casos por ano, nas décadas de 1960 e 1970, para cerca de 400.000 a 600.000

nas décadas de 1980, 1990 e 2000.

As duas últimas décadas foram marcadas por ciclos de aumento e diminuição

no número de casos por conta da descontinuidade das ações de controle por

parte do poder público. Além disso, houve uma grande mudança no paradigma

de controle do agravo, pois o foco, que até o início da década de 1990 era o

controle da população dos mosquitos vetores, passou a ser o diagnóstico e

tratamento precoces para bloquear o ciclo de transmissão. Este princípio é

adequado à realidade amazônica, onde há uma infindável quantidade de

criadouros de mosquitos vetores, o que dificulta enormemente o controle

químico das populações desses insetos.

Há de se ressaltar que a elaboração e execução de um Plano de Ação para o

Controle da Malária é mandatório para empreendimentos como o da Santo

Antônio Energia, localizados na Amazônia Legal Brasileira por conta da

resolução CONAMA nº 286/2001 e das portarias nº 47/2006 e 45/2007

SVS/MS. Nesse contexto, a Santo Antônio Energia ficou obrigada a investir R$

12 milhões na fase de implantação do empreendimento para apoiar a

Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho no controle dessa doença.

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Em virtude da Licença de Operação nº 1044 expedida pelo IBAMA em

setembro de 2011, a SAE pactuou em março de 2012 com a Secretaria

Municipal de Porto Velho e anuência do Ministério da Saúde, o Plano

Complementar de Ação de Controle da Malária. Com o Plano Complementar a

SAE investirá mais R$ 13,9 milhões até 2015.

Compensação com Resultado – A Santo Antônio Energia optou por fazer

mais do atender às compensações definidas no Plano Básico Ambiental (PBA).

Sua postura sempre foi a de não se limitar às exigências e trâmites

burocráticos, garantindo a efetiva implantação de todas as medidas e ações

previstas. Essa atitude caracteriza a política definida por uma empresa

consciente de sua responsabilidade, e comprometida em garantir o sucesso e a

sustentabilidade de um projeto realizado na área da Amazônia Legal.

Com isto, em maio de 2012 a empresa concluiu a entrega das 20 obras de

compensação social previstas. Assim, além dos impactos socioeconômicos

positivos decorrentes da implantação da usina, a população de Rondônia

recebeu importantes melhorias provenientes das ações compensatórias

definidas na aprovação do projeto, às quais se somaram as iniciativas

espontâneas da Santo Antonio Energia.

Site da empresa: www.santoantonioenergia.com.br

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Usina de Santo Antônio – informações gerais

Localização Rio Madeira, Rondônia a 7 km da capital Porto

Velho

Energia suficiente para atender mais de 40 milhões

de pessoas

Capacidade de geração

Início da geração em 31 de março de 2012.

Conclusão em 2016

Investimento total R$ 16 bilhões, dos quais R$ 1,6 bilhão para ações

na área socioambiental

20 mil no pico da construção da usina

2.000 profissionais em projetos de sustentabilidade

Geração de empregos

200 na administração da Santo Antônio Energia

Maior turbina tipo bulbo do mundo, capacidade de

geração – 71,6 MW

Reservatório três vezes menor, com 60% da área

correspondendo à calha do rio.

Inovações tecnológicas

Melhor relação Área do Reservatório/Energia

Gerada: 0,11 Km2/Megawatts – 10 vezes melhor

que a média brasileira

R$ 636 milhões = Programas Ambientais

R$ 597 milhões = Remanejamento das Populações

Ribeirinhas

R$ 264 milhões = Projetos de Compensação Social

Ações aprovadas pelo Plano

Básico Ambiental (PBA)

R$ 1,4 bilhão em 28 programas

R$ 67 milhões = Outras compensações

Sistema de transposição de peixes

Monitoramento das águas

Preservação da Ictiofauna (conjunto de peixes da

região)

Transposição de troncos de árvores

Criação de APP de 39 mil hectares

Resgate de animais

Reassentamento da comunidade

Apoio às comunidades indígenas

Diálogo constante com a comunidade

Recuperação da história e arqueologia

Principais ações

Combate à malária

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2. Descrição do case

O COMBATE À MALÁRIA COMO TRABALHO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

A instalação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto

Velho (RO), praticamente na mesma região em que foi construída a Estrada de

Ferro Madeira-Mamoré no início do século XX, sofreu, desde o projeto,

resistência de alguns setores da comunidade científica, além de ter sido alvo

da preocupação do Ministério da Saúde e do órgão licenciador, o IBAMA, face

ao risco de expansão das doenças tropicais, particularmente a malária.

O professor Katsuragawa e seus colaboradores publicaram, em 2008, um

trabalho intitulado “Endemias e epidemias na Amazônia. Malária e doenças

emergentes em áreas ribeirinhas do Rio Madeira”. Um caso de escola, que

trata dos riscos de aumento da epidemia durante a implantação das usinas

Santo Antônio e Jirau, segunda usina do complexo Madeira que está sendo

construída a montante. O trabalho cita que a grande preocupação não eram os

trabalhadores alojados, mas sim a população geral de Porto Velho, pois uma

possível epidemia ocorreria por conta da população atraída e da grande

incidência registrada nas áreas próximas ao canteiro de obras das usinas

Santo Antônio e Jirau.

Há de se ressaltar que o controle do agravo da doença em um ambiente

controlado de canteiro de obras é relativamente menos complexo quando

comparado ao controle nos seus arredores, com um grande fluxo de pessoas.

Além disso, um dos compromissos do consórcio construtor, CCSA, era de

manter cerca de 80% da mão-de-obra de pessoas residentes em Porto Velho.

Assim sendo, o controle do agravo no canteiro é dependente do controle no

entorno da obra e um cenário desfavorável, poderia afetar inclusive a

produtividade dos funcionários, pois cada caso de malária representa um

afastamento de cinco dias.

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Situação anterior à construção da usina - A Incidência Parasitária Anual

(IPA) de malária no ano anterior à instalação do empreendimento, 2007, era de

85,9 casos para cada grupo de mil habitantes, e a porcentagem de malária

causada por Plasmodium falciparum, espécie do protozoário responsável pelos

episódios mais graves da doença, era de 21,9%. A presença de malária em

crianças menores de 10 anos atingia 14,31% da população nesta faixa etária.

As ações de controle utilizadas pela Prefeitura de Porto Velho no município,

antes da participação da Santo Antônio Energia, eram as tradicionais, a saber:

Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI), aplicação espacial de inseticidas por

termonebulização (Fog), e busca ativa de casos suspeitos para diminuir o

tempo entre o início dos sintomas e o início do tratamento do paciente, além

das ações de Educação em Saúde e Mobilização Social evitando a

transmissão dos parasitos do humano doente para os mosquitos, o que resulta

no bloqueio do ciclo de transmissão.

Essas ações de controle vetorial, BRI e Fog, eram realizadas de maneira

assistemática, sem respeitar os ciclos de aplicação recomendados pelo

Ministério da Saúde, o que levava a resultados insatisfatórios e a um grande

desperdício de recursos financeiros e humanos. A BRI é a aplicação de

inseticida de efeito residual nas paredes internas das residências, de modo a

reduzir a longevidade dos mosquitos que têm por hábito repousar no

intradomicílio, já o Fog pretende eliminar as fêmeas de mosquito durante o vôo

nas áreas próximas às residências (peridomicílio). Esta última técnica, segundo

o Ministério da Saúde, deve ser utilizada somente em situações de

“emergência epidemiológica” (Ministério da Saúde, 2009), mas era utilizada

como rotina dos serviços de saúde do município.

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Trabalho Previsto pelo Plano Básico Ambiental da Sa nto Antônio Energia

O PBA previa as seguintes iniciativas da empresa:

1) Metodologia da Focalização das Ações de Controle Vetorial: esse conceito,

elaborado pelo Ministério da Saúde e deficientemente aplicado no sistema local

de saúde até 2008, passou a ser um dos principais pilares da elaboração do

Plano de Ação para o Controle da Malária nas áreas de Influência da Usina

Santo Antônio. É definido como “a concentração da capacidade operacional

existente nos municípios, para que as localidades com maior carga de doença

recebam intervenções de controle vetorial, cumprindo os critérios de cobertura,

periodicidade e qualidade”.

O Ministério da Saúde, por meio do documento Diretrizes Técnicas para o

Plano de Ação de Controle da Malaria nas Áreas de Influências Direta e

Indireta da Usina Santo Antônio, no Município de Porto Velho, Estado de

Rondônia, com Vistas à Emissão do Atestado de Condições Sanitárias, definiu

a necessidade de contratação de 164 profissionais para fazer o controle da

malária no município somente nas áreas de influência da Usina Santo Antônio.

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2) Uso de Mosquiteiros Impregnados com Inseticida de Longa Duração (MILD)

como Ferramenta de Controle Vetorial: A Organização Mundial de Saúde

(OMS) recomenda, no Programa Global de Malária (Global Malaria Programme

GMP) três intervenções principais para o controle da doença, são elas: o

diagnóstico dos casos de malária e tratamento com medicamentos efetivos; a

distribuição de mosquiteiros impregnados de longa duração (MILD) para atingir

cobertura total sobre toda população em risco; e o uso de borrifação

intradomiciliar para reduzir ou eliminar a transmissão de malária.

As medidas de controle vetorial de malária têm como objetivo reduzir o contato

do homem com o vetor por meio do uso de barreiras físicas e/ ou químicas que

impedem ou diminuem a chance de contato do mosquito com o homem.

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Quando bem realizadas, estas medidas podem ter grande impacto, reduzindo

enormemente a densidade de mosquitos do gênero Anopheles - os vetores

potenciais de malária - picando humanos.

Os MILD têm o inseticida impregnado nos polímeros que formam as fibras ou

têm as fibras da trama encapadas com uma substância que contêm o

inseticida. Em ambas as situações os praguicidas ficam protegidos da

degradação e remoção física. Desta forma, os mosquiteiros podem ser

repetidamente lavados sem que a ação inseticida seja perdida. Para serem

considerados de longa duração pela OMS, tais mosquiteiros têm de durar, pelo

menos, três anos, sem necessitar de reimpregnação.

A utilização desse tipo de mosquiteiro apresenta muitas vantagens quando

comparada ao uso dos convencionais, pois este último necessita de

reimpregnação, o que é um dos principais obstáculos ao uso de mosquiteiros

impregnados em muitas partes do mundo. Além disso, o uso dos MILD ajuda

evitar problemas relacionados ao estoque e à manipulação não profissional de

pesticidas, reduz o uso e minimiza os danos causados pela liberação de

inseticidas nos corpos de água (OMS, 2004).

Na primeira etapa de entrega dos MILD realizada pela própria SAE,

contemplando a 8ª e a 5ª região de saúde de Porto Velho foram entregues

14.000 mosquiteiros para cerca de 4.000 famílias. A segunda etapa foi

realizada com financiamento do BNDES, com a contratação de empresa

especializada para realizar as atividades de entrega, instalação, educação em

saúde e monitoramento dos MILD. O projeto foi uma parceria entre a Santo

Antonio Energia e o Ministério da Saúde que disponibilizou os MILD do Projeto

Fundo Global para o combate da AIDS, tuberculose e malária. A instalação

ocorreu no período de março a agosto de 2012, com 17.531 MILD instalados

nas localidades da 5ª, 3ª e 9ª regiões de saúde de Porto Velho (PVH), para

mais 6.000 famílias.

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Ultrapassando a obrigação e criando um programa de Relações Públicas

Coerente com a postura de buscar a Compensação com Resultado, a empresa

decidiu dar um passo além da simples doação de equipamentos e distribuição

dos mosquiteiros à população. Nasceu, então, o projeto de Relações Públicas

no Combate à Malária, incorporado ao projeto geral de relacionamento e

comunicação com a comunidade.

Objetivos e estratégia da comunicação da Santo Anto nio Energia – Ao

lado do investimento realizado na adoção de tecnologias e procedimentos que

dão sustentabilidade ao projeto da usina, um passo fundamental para garantir a

longevidade e a aceitação favorável da operação, além de minimizar os

impactos junto à população diretamente atingida, foi a constituição, em 2008,

do Plano de Comunicação Social da Santo Antônio Energia. O plano abrange

um amplo trabalho de relações públicas voltado para o diálogo com a

comunidade envolvida pelo empreendimento, moradores da capital e de outras

cidades de Rondônia e entidades da região. Pela sua complexidade e pelo

grau de importância dado pela empresa, pode ser considerado um projeto

inédito dentro do setor de geração de energia.

Todas as ferramentas de RP do Plano de Comunicação Social foram usadas

com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos e a forma de

combater a malária, criando uma sistemática de divulgação antes inexistente.

Assim, a Diretoria de Sustentabilidade da Santo Antônio Energia definiu, com

as equipes de comunicação e da área de atendimento e controle da malária, o

direcionamento estratégico para os trabalhos que compõem o projeto de

Relações Públicas no Combate à Malária:

• Desenvolver uma comunicação baseada na diversidade de mídias,

para atingir o público em toda a sua particularidade e localização;

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• Criar ferramentas de diálogo próximas e de fácil consulta pelo

público de interesse;

• Quando necessário, promover o contato individualizado junto aos

moradores de regiões com menor acesso aos serviços de

comunicação e saúde, de forma a garantir a eficácia da

comunicação.

• Agir localmente sempre que necessário para suprir a falta de

informação dos moradores em relação aos procedimentos.

A ação em relação à população em geral de Porto Velho e de outras cidades

do estado, aos trabalhadores da obra, bem como às autoridades e órgãos de

governo, universidades e entidades de pesquisa da região, fornecedores e

empresas locais, organizações não governamentais e outros, envolveu o

diálogo permanente, ao lado dos sistemas convencionais de comunicação:

contatos pessoais, reuniões, boletins e materiais escritos, e o uso dos veículos

de comunicação de Porto Velho e das demais cidades do estado.

Para um público muito particular, formado pela população ribeirinha ao Rio

Madeira, diretamente atingida pelo empreendimento, usou-se um canal

bidirecional de comunicação e relacionamento constituído por reuniões e

contatos pessoais, que teve um papel importante também na informação sobre

a malária. O canal foi criado para esclarecer dúvidas e questionamentos sobre

os impactos do projeto, informar sobre os programas ambientais e benefícios

incluídos no plano sócio-ambiental, mostrar claramente os aspectos positivos

relacionados às práticas de sustentabilidade da empresa, bem como obter

sugestões e expectativas desse público, garantindo a participação popular nas

tomadas de decisão.

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Esse público é composto por alguns milhares de pessoas, em sua maioria com

baixa formação escolar e pouco acesso a serviços públicos. A ação de

Relações Públicas em relação a esse grupo prioritário teve de superar a

dificuldade constituída pela sua dispersão em uma área superior a 300 km2, de

difícil acesso e composta basicamente por um núcleo urbano (Jacy-Paraná,

com 15 mil habitantes), pequenos vilarejos e propriedades isoladas. Para a

mobilidade dos agentes de comunicação social e relacionamento foi criado um

sistema composto por caminhonetes e lanchas "voadeiras”, que possibilita a

visitação.

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Ações de comunicação e relações públicas realizadas

Para a implantação do projeto de Relações Públicas no Combate à Malária

foram realizadas as seguintes ações de comunicação e relações públicas:

1) Reuniões de Diálogo Social com populações ribeirinhas e dos pequenos

núcleos. A mobilização para as reuniões é feita pela equipe do Centro de

Pesquisas de Populações Tradicionais Cuniã, por meio da entrega de convites

em visitas porta a porta. Nos convites consta: data, horário, local e pauta da

reunião. Vale mencionar que o CPPT Cuniã participou das audiências públicas

iniciais, realizadas a partir de 2003, na condição de ONG autônoma e voltada

aos interesses da população ribeirinha. Posteriormente, se engajou no

Programa de Comunicação Social, como um dos principais parceiros da Santo

Antônio Energia. Foram realizadas 160 reuniões entre 2008 e 2012. O Diálogo

Social abrange todos os temas de interesse dessas populações, e foi um

importante meio utilizado no projeto de Relações Públicas no Combate à

Malária pela Santo Antonio Energia, com informações, diálogo e engajamento

da população.

2) Jornal impresso Santo Antônio Energia Informa. Publicação mensal

destacando as ações da empresa nas mais diversas áreas, com distribuição de

3 mil exemplares para as comunidades no entorno do projeto. Foram

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publicadas 49 edições entre 2008 e 2012, sendo que boa parte trouxe matérias

sobre a malária, cuidados, prevenção e combate.

3) Programa de rádio Santo Antônio Energia e Você. Veiculado diariamente na

Rádio Caiari AM (1430 KHZ e 4785 KHZ), de Porto Velho destacando a cada

edição um tema voltado para as comunidades locais. Vários programas já

foram veiculados com temas relacionados à malária, e outros estão previstos.

4) Expresso Santo Antonio. Boletim de acompanhamento da construção com

informações gerais sobre o andamento da obra e com orientação sobre

aspectos de interesse dos operários e da população. Quatro boletins já

distribuídos entre 2008 e 2012, com temas relacionados à malária.

5) Demandas recebidas pelo telefone 0800. Canal para recebimento de

duvidas e solicitações da comunidade atingida. O Programa de Comunicação

Social recebeu 1.697 ligações entre 2008 e 2012. A informação sobre malária

feita pelos outros sistemas de comunicação e relacionamento vem se

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mostrando eficaz, tanto que apenas 11 destas ligações foram referentes à

malária.

6) Noticiário para imprensa. Elaboração de notas específicas sobre o combate

à malária para serem veiculadas pela mídia local e originarem matérias mais

amplas sobre a malária, bem como entrevistas de especialistas. Como o tema

é de alta importância na região, a informação promovida pela Santo Antônio

Energia resultou em grande número de matérias e entrevistas sobre o tema.

Agentes de saúde e de informação e relações pública s – Dando mais um

passo para transformar o que era sua obrigação em um projeto de

relacionamento com a comunidade, a Santo Antonio Energia, decidiu ir além

das ferramentas de comunicação geral. Assim, o projeto de Relações

Públicas no Combate à Malária envolveu a formação e treinamento da equipe

de 164 agentes especializados no combate à doença, para incluir aspectos de

relacionamento com a comunidade em seu trabalho. Como apoio foram

preparados materiais informativos específicos em linguagem simples, que

passaram a ser levados e distribuídos por estes agentes.

As equipes de agentes incluem os seguintes profissionais:

Função Quantidade Técnico de entomologia 9 Agente de controle de endemias 91 Laboratorista-microscopista 23 Chefe de turma 21 Técnico de capacitação 1 Entomologista 1 Agentes polivalentes com Arrais 17 Administrador 1 Total 164

No processo definido pelo programa, as famílias foram cadastradas por meio

de um questionário de hábitos e costumes e as casas, georreferenciadas de

forma a se definir a região de aplicação das ações, e dar continuidade ao

relacionamento estabelecido.

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A aplicação dos mosquiteiros impregnados envolveu adicionalmente uma

equipe especial para acompanhamento da população, que complementou o

esforço de relações públicas.

Função Quantidade Agentes recenseadores 15 Motoristas 5 Mateiro 1 Cozinheiro 1 Analistas sócio-ambientais 3 Total 25

Com isso, a atuação da equipe de agentes passou a envolver as seguintes

ações permanentes:

• Diálogo e orientação individual, casa a casa, aos moradores sobre a

instalação correta dos mosquiteiros impregnados com inseticidas

• Visitas rotineiras às famílias, para relacionamento, informação e

conscientização sobre o combate à malária, e estabelecimento de uma

relação positiva com a Santo Antonio Energia

• Distribuição de material informativo preparado para a ação.

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A partir do cadastramento, as famílias passam a receber a visita de um agente

da Santo Antônio Energia, com ensinamentos sobre malária, prevenção da

doença e correto uso dos mosquiteiros. A informação feita pessoalmente é

complementada por intermédio de um álbum seriado. Em apoio a esta ação

individual foram realizadas as campanhas de conscientização no rádio e

reuniões citadas acima.

Com estes agentes, os mosquiteiros foram instalados casa a casa.

26

Ultrapassando suas obrigações definidas pelo Plano Básico Ambiental, ao

instalar casa a casa os mosquiteiros impregnados a Santo Antônio reforçou seu

relacionamento com a comunidade, ao lado de garantir que os habitantes das

residências tivessem condições de usar adequadamente o equipamento todas

as noites.

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Metodologia de Avaliação – Resultados

A metodologia empregada pela Santo Antonio Energia para avaliar os

resultados dos investimentos do Plano de Ação de Controle da Malária,

preconizando as ações de controle vetorial, diagnóstico e tratamento precoce,

bem como a entrega e instalação de Mosquiteiros Impregnados de Longa

Duração (MILD), são aferidos através das análises do banco de dados do

Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – SIVEP MALÁRIA, onde

são avaliados os números de notificações de casos de malária.

Adicionalmente, são realizadas reuniões periódicas de avaliação das ações de

controle vetorial, diagnóstico e tratamento, com a equipe técnica de endemias

do município de Porto Velho. Participam destas reuniões representantes das

usinas de Santo Antônio e Jirau, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da

Saúde.

O resultado do projeto de Relações Públicas no Combate à Malária pode ser

avaliado por dois critérios: o primeiro, se a ação ampliada reduziu os índices da

doença, e o segundo, se teve um efeito positivo no relacionamento da empresa

com a comunidade, lideranças locais e imprensa.

Do ponto de vista da saúde pública parece claro que o projeto apresentou

resultado significativo. Houve uma forte redução da incidência da doença, de

85,9 casos por mil habitantes em 2007, antes do empreendimento, para 54,9

em 2010. Além disso, houve uma redução significativa na malária “mais grave”

(a causada pelo Plasmodium falciparum) na área de influência da Usina de

12,4% do total de casos em 2008 para 3,46% (anexo 1) no primeiro semestre

de 2012%.

Outro destaque é que no ano de 2011 a redução do número de casos de

malária foi de 30,3%, e no primeiro semestre de 2012 a redução foi de 10,7%

no município (Anexo 2 e 3), apresentando os menores níveis registrados desde

2003.

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Com os resultados positivos de redução obtidos no ano de 2011, o município

de Porto Velho passa da classificação de alto risco para médio risco em

adoecimento por malária. No primeiro semestre de 2012 o município

apresentou IPA de 11,2 casos por mil habitantes.

Como parte do projeto de Relações Públicas no Combate à Malária, foi

também avaliada a aceitação do uso dos MILD. Primeiramente foram aplicados

questionários de cadastro em todas as localidades da 8ª região de saúde e as

localidades selecionadas da 5ª região de saúde. Após seis meses da entrega,

foram aplicados questionários de avaliação e acompanhamento dos MILD

(questionário a seguir), em localidades selecionadas do Assentamento Joana

D’Arc, 8ª região de saúde.

As análises dos questionários revelaram que mais de 80% dos entrevistados

utilizam os MILD diariamente e seguem as recomendações fornecidas pelos

agentes treinados pela Santo Antonio Energia, durante as visitas casa a casa e

outras atividades de educação em saúde.

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No que se refere ao relacionamento com a comunidade, lideranças e imprensa,

os resultados também são significativos, com aceitação crescente da Santo

Antônio Energia como parceiro confiável e seguro da população de Porto Velho

e de Rondônia. As matérias da imprensa sobre o trabalho da empresa no

combate à malária (anexas) são uma comprovação adicional do resultado

desejado e obtido com o projeto de Relações Públicas no Combate à Malária.

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Resultados após a realização do projeto de Relações Públicas no Combate à

Malária

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Material de divulgação

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Clipping – Imprensa

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