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Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
PREVALÊNCIA DE LESÕES NA CAVIDADE ORAL EM CRIANÇAS SOB TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Tomás Alexandre Costa da Conceição Duarte de Almeida
Monografia de Investigação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina Dentária, com vista a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
PREVALÊNCIA DE LESÕES NA CAVIDADE ORAL EM CRIANÇAS SOB TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Tomás Alexandre Costa da Conceição Duarte de Almeida
Monografia de Investigação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina Dentária, com vista a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária Endereço Eletrónico: [email protected] / [email protected]ço Telefónico: +351 913 786 556
Orientador: Prof. Doutora Cristina Maria Ferreira Guimarães Pereira Areias Professora Auxiliar das unidades curriculares de Odontopediatria I, II, III e
Unidade Clínica de Ortodontia e Odontopediatria Docente da Especialização de Odontopediatria da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
DEITAR FORA ESTA FOLHA
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Cristina Areias, pelo apoio incondicional durante a realização deste estudo, pela extrema simpatia e por, acima de tudo, me ter proporcionado a oportunidade única de desenvolver este trabalho com estas crianças, para que possam ter um futuro melhor.Se hoje posso dizer que aprendi Odontopediatria a si muito lho devo, Obrigado.À Doutora Maria do Bom Sucesso, pelo apoio e conselhos dados, bem como pelo tempo que despendeu para que fosse possível realizar este projeto.
À equipa de Enfermeiras e Médicos do Serviço de Hemato-Oncologia do Centro Hospitalar de São João, pela simpatia com que me receberam, por todo o trabalho indispensável e incansável que desenvolveram comigo para que isto fosse possível e por todo o trabalho que têm dia-a-dia na vida destas crianças.
Aos Professores, que marcaram o meu percurso na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, e que permitiram o meu crescimento constante enquanto pessoa e futuro Médico Dentista.
À Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e a todos os que trabalharam comigo, ao longo destes três anos de Associativismo, lutando por proporcionar aos outros um Mundo melhor, de forma totalmente voluntária e livre de outros interesses. Em particular, ao Daniel, à Rita e à Sara, obrigado por terem sido grandes Professores e grandes fontes de inspiração, em cada dia e em cada pequeno gesto.A todos os meus Amigos, que estiveram presentes em todos os momentos, bons e maus, e que nunca me deixaram perder o foco durante esta longa caminhada.
À minha querida Família, em especial aos meus Avós, por me terem permitido ser o Homem que sou e por me terem ensinado valores que carregarei comigo para sempre.À Sofia, por me ter ajudado a traçar o meu caminho académico durante um dos mais difíceis períodos da minha vida e por me ter mostrado que existe sempre uma luz na escuridão.
À Beatriz, por me ter ensinado coisas que não estão nos livros e por nunca ter desistido da nossa amizade.À Inês, por me ensinar a estar sozinho comigo mesmo, a saber valorizar as pessoas e as pequenas coisas, quase sempre com um sorriso na cara e uma pérola algures.
�I
À Diana, pelo apoio, carinho e conselhos. Por ter estado sempre lá, mesmo a Km de distância e por me conhecer tão bem.Obrigado por nunca te poder conseguir agradecer o suficiente. Não chegaria uma vida para o fazer.
À Cláudia, a quem nada posso apontar e a quem, por mais que escreva, nunca conseguirei dizer tudo o que sinto. Obrigado por me mostrares que há laços mais fortes que o sangue, por seres a irmã que nunca tive e por termos traçado este caminho juntos. Não conseguiria pedir melhor pessoa para estar ao meu lado, todos os dias, até sermos velhinhos. Finalmente, à minha Mãe, a pessoa mais importante da minha vida e que mais amo, sem a qual nada disto seria possível. Obrigado por seres para mim um exemplo de força, dedicação, coragem e resiliência, por me ensinares que desistir não faz parte do meu dicionário, pelo carinho e acima de tudo por teres sido Pai e Mãe e me teres feito o Homem que sou hoje.A todos estes e aos Nomes estão sempre no meu pensamento, Obrigado.
�II
LISTA DE ABREVIATURAS
WHO- World Health Organization RON- Registo Oncológico NacionalRORENO- Registo Oncológico Nacional Região Norte
NCI- Nacional Cancer Institute
IPO- Instituto Português de OncologiaPIPOP- Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica GLOBOCAN- Global Cancer Observatory
�III
ÍNDICE GERAL
Resumo …………………..……………………………………………………………………………………..1Abstract ……………….…………………………………………………………………………………………3Introdução…………………………………………………………………………………………………..……5Material e Métodos………………………………………………………………………………………………8 Constituição da amostra……………………………………………………………………………….8 População alvo………………………………………………………………………………….8 Tamanho da amostra…………………..………………………………………………………8 Critérios de Inclusão……………………………………………………………………………8 Critérios de Exclusão………………………………………………………….……………….9 Metodologia…………………………………………………………………………………………….9 Equipa examinadora…………………………………………………………………………..9 Local do estudo e recolha de dados…………………………………………………………9 Recolha de dados……………………………………………………………………………..9 Material utilizado………………………………………………………………………….….10
Variáveis em estudo……………………………………………………………………………..….10 Considerações éticas………………………………………………………………………….……11
Análise estatística……………………………………………………………………………………12
Resultados………………………………………………………………………………………………..…….13 Caracterização da amostra…………………………………………………………..……..……13
Distribuição por género……………………………………………………………….……13
Distribuição por idade………………………………………………………………………13
Distribuição por raça………………………………………………………………………..14 Distribuição por fase de tratamento médico para doença oncológica……………..…14 Distribuição por tipo de doença oncológica……………………………………..………15
Distribuição por localização da doença oncológica……………………………………..16 Distribuição por esquema terapêutico………………………………………………..…..17 Quimioterapia……………………………………………………………………..17 Radioterapia………………………………………………………………………18 Distribuição por toma de medicação regular…………………………………………….19 Distribuição por hospitalização prévia……………………………………………………20
Distribuição por história de doença hereditária dos pais……………………………….21 Distribuição por história de doença oncológica na família……………………………..21 Caracterização da dieta…………………………………………………………………………22
Caracterização da saúde oral………………………………………………………………..…25
Consulta no Médico Dentista…………………………………………………………….25
�IV
ÍNDICE GERAL Idade da primeira consulta no Médico Dentista……………………………………….25
Número de escovagens dentárias por dia…………………………………………..…26
Utilização de meios auxiliares de higiene oral……………………………..………….26
Realização de tratamento dentário……………………………………………..………27
História de dor dentária…………………………………………………………….……28
História de dor noutros locais da cavidade oral……………………………………….29
Período temporal de dor noutros locais da cavidade oral de acordo com a terapêutica..29 Exame clínico……………………………………………………………………………….……32
Exame Extra-oral……………………………………………………………………..…32
Assimetria facial…………………………………………………………………..32
Pigmentação facial……………………………………………………………….33 Cadeias ganglionares…………………………………………………………….31 Lábios………………………………………………………………………………34 Exame Intra-oral……………………………………………………………………..…35
Língua……………………………………………………………………………..35 Amígdalas……………………………………………………………………..….35
Hipoplasias dentárias……………………………………………………………36 Traumatismos…………………………………………………………………….36
Alteração de forma e número de dentes……………………………………….36
Cronologia de erupção dentária…………………………..……………………38
Avaliação das lesões orais e associações de variáveis de estudo………………………38
Distribuição da amostra segundo a presença de lesões orais por género e idade…38
Distribuição da amostra segundo o tipo de lesões orais……………………40
Distribuição da amostra segundo o local das lesões orais…………………43
Distribuição das crianças com lesões orais de acordo com a toma de medicação…43
Distribuição das crianças com lesões orais segundo a terapêutica oncológica…….44 Distribuição das crianças com lesões orais segundo a ida ao médico dentista…….44
Associação entre dor e escovagem dentária………………………………..45
Associação entre lesões e escovagem dentária……………………………45 Associação entre o aparecimento de lesões e a ida ao médico dentista..46
�V
ÍNDICE GERAL
Discussão……………………………………………………………………………………………………….46
Pertinência e atualidade do tema………………………………………………….……46
Limitações do estudo…………………………………………………………………….48
Caracterização da amostra………………………………………………..…….………48
Caracterização da Dieta……………………………………………………..……….….50
Caracterização da Saúde Oral………………………………………………………….50
Exame clínico……………………………………………………………………………..51
Exame Extra-Oral……..……………………………………………….…….51
Exame Intra-Oral…………………………………………………………….52
Avaliação das lesões orais e associação de variáveis de estudo…………..….…..52
Conclusão……..…………………………………………………………………………………………….….54
Anexos…………………………………………………………………………………………………….…….61
�VI
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico I: Distribuição da amostra quanto ao género …………………..……..………………….……..13
Gráfico II: Distribuição da idade da amostra…….…………………………………………………………13
Gráfico III: Distribuição da raça da amostra…………………………………………………………….….14
Gráfico IV: Distribuição da amostra segundo fase ativa ou inactiva de tratamento oncológico…..…14
Gráfico V: Distribuição da amostra pelo tipo de doença oncológica…………………………………….15
Gráfico VI: Distribuição da amostra pela localização da doença oncológica………………………..…16
Gráfico VII: Distribuição da amostra de acordo com o tratamento de Quimioterapia…………………17
Gráfico VIII: Distribuição da amostra pela idade de início de Quimioterapia…………………………..17
Gráfico IX: Distribuição da amostra de acordo com o tratamento de Radioterapia….………………..18
Gráfico X: Distribuição da amostra pela idade de início de Radioterapia…………………………..….18
Gráfico XI: Distribuição da amostra pela medicação prescrita e tomada de forma regular…………..19
Gráfico XII: Distribuição dos grupos farmacológicos na medicação regular da amostra……….….…20
Gráfico XIII: Distribuição da amostra por história de hospitalização prévia não relacionada com a
doença oncológica…………………………………………………………………………………………….20
Gráfico XIV: Distribuição da amostra por pais com história de doença hereditária……………….….21
Gráfico XV: Distribuição da amostra segundo a história de doença oncológica familiar….………….21
Gráfico XVI: Distribuição da amostra pelo tipo de dieta alimentar seguida……………………….……22
Gráfico XVII: Distribuição da amostra pelo consumo de refrigerantes com gás…………..…………..23
Gráfico XVIII: Distribuição da amostra pelo consumo de chocolates e/ou gomas……………..….….23
Gráfico XIX: Distribuição da amostra pelo consumo de outros alimentos com açúcar…..……..……24
Gráfico XX: Distribuição da amostra pelo consumo de sumos de frutas……………………..……..…24
Gráfico XXI: Distribuição da amostra de acordo com a visita ao médico dentista…………………….25
Gráfico XXII: Distribuição de idades das crianças na primeira ida ao Médico Dentista………………25
Gráfico XXIII: Distribuição da amostra pelo número de escovagens dentárias diárias…………..…..26
Gráfico XXIV: Distribuição da amostra pela utilização de meios auxiliares de higiene oral……..……27
Gráfico XXV: Distribuição da amostra pelo tipo de meio auxiliar de higiene oral utilizado……………27
Gráfico XXVI: Distribuição da amostra pela realização de tratamento dentário prévio……….…..…..27
Gráfico XXVII: Distribuição da amostra pelo tipo de tratamento dentário realizado…………………..28
Gráfico XXVIII: Distribuição da amostra relativamente a episódios de dor dentária….………………28
Gráfico XXIX: Distribuição segundo episódios de dor noutro local da cavidade oral………………….29
�VII
ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico XXX: Distribuição da amostra segundo o período de tempo de manifestação de dor noutro
local da cavidade oral………………………………………………………………………………………….30
Gráfico XXXI: Distribuição da amostra com dor noutro local e em tratamentos de quimioterapia
segundo o período temporal de manifestação da dor…………………………………………….……….30
Gráfico XXXII: Distribuição da amostra segundo os locais da dor nos tecidos moles………………..31
Gráfico XXXIII: Distribuição da amostra segundo a maior dificuldade em manter a saúde oral da
criança…………………………………………………………………………………………………………..32
Gráfico XXXIV: Distribuição da amostra segundo a assimetria facial……………………………..……32
Gráfico XXXV: Distribuição da amostra segundo a pigmentação facial……………………………..…33
Gráfico XXXVI: Distribuição da amostra segundo o estado inflamatório dos gânglios………………..33
Gráfico XXXVII: Distribuição da amostra segundo o estado do lábio superior………………………..34
Gráfico XXXVIII: Distribuição da amostra segundo o estado do lábio inferior…………………………34 Gráfico XXXIX: Distribuição da amostra segundo o aspeto da língua……………………………..…..35 Gráfico XL: Distribuição da amostra segundo o tamanho das amígdalas……………………………..35
Gráfico XLI: Distribuição da amostra segundo a presença de hipoplasias…………………………….36 Gráfico XLII: Distribuição da amostra segundo a quantidade de dentes afetados pela hipoplasia….36 Gráfico XLIII: Distribuição da amostra segundo história prévia de traumatismos dentários…….……37
Gráfico XLIV: Distribuição da amostra segundo alteração de número de dentes……………..….…..37 Gráfico XLV: Distribuição da amostra segundo alteração de forma de dentes………………………..37 Gráfico XLVI: Distribuição da amostra pelo estado da erupção dentária………………………………38
Gráfico XLVII: Distribuição da amostra relativamente à presença de lesões orais……………………39 Gráficos XLVIII e XLIX: Distribuição das crianças com lesões orais segundo o género……………..39 Gráfico L: Distribuição e média da amostra em função da idade (lesões vs. Sem lesões)…………..40
Gráfico LI: Distribuição da amostra segundo o tipo de lesões orais encontradas……………………..41 Gráfico LII: Distribuição das crianças com lesões orais de acordo com o local………………….……43 Gráfico LIII: Distribuição das crianças com lesões em medicação habitual………………………..….43
Gráfico LIV: Distribuição dos pacientes com lesões segundo tratamento de radioterapia………..…44 Gráfico LV: Distribuição das crianças com lesões segundo a ida ao médico dentista………………..44 Gráfico LVI: Associação entre dor de dentes e número de escovagens dentárias por dia…………..45
Gráfico LVII: Associação entre lesões orais e número de escovagens dentárias por dia…………….45 Gráfico LVIII: Associação entre a presença de lesões orais e a ida ao médico dentista……………..46
�VIII
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Lábio Superior e Lábio Inferior Secos………………………………………………………..…34 Figura 2: Lábio Inferior Ulcerado……………………………………………………………………………34
Figura 3: Candidíase Oral Pseudomembranosa (Dorso da Língua)……………………………………41 Figura 4: Candidíase Oral Pseudomembranosa (Mucosa Jugal)……………………………………….41 Figura 5: Mucosite Oral de grau I pela Classificação do NCI (Palato)………………………………….41
Figura 6: Úlcera Oral (Lábio Inferior)……………………………………………………………………….42 Figura 7: Queilite Angular (comissuras labiais)……………………………………………………………42 Figura 8: Tórus Maxilar (Palato)……………………………………………………………………………..42
�IX
�X
RESUMO
Introdução
As crianças em tratamento oncológico podem seguir três grupos distintos de opções
terapêuticas: tratamento com quimioterapia, tratamento com radioterapia e tratamento
cirúrgico.(1)
O recurso a estas abordagens, nomeadamente à quimioterapia e radioterapia, apresenta
efeitos adversos subsequentes, correlacionados com a progressão da doença, condicionando o
estado geral de saúde dos pacientes e, a nível da cavidade oral, induzindo o aparecimento de
inúmeras lesões.(2)
ObjetivosPretendeu-se avaliar o estado de saúde oral de crianças a realizar tratamento oncológico,
usando como referencia a população em tratamento no serviço de Hemato-Oncologia do
Centro Hospitalar de São João, através do estudo de lesões orais, induzidas pelos tratamentos
de quimioterapia e/ou radioterapia.
De acordo com os resultados obtidos, está prevista a elaboração de um folheto informativo,
destinado aos pais e responsáveis legais, permitindo aconselhar e sensibilizar para as
estratégias a adoptar nestes pacientes, por forma a promover a melhoria da sua saúde oral e,
consequentemente, do seu estado geral de saúde.
Metodologia
A amostra foi constituída por 31 crianças, com história de doença oncológica, que realizam
ou realizaram tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia nos últimos dois anos,
acompanhadas pelo Serviço de Hemato-Oncologia do Centro Hospitalar de São João.
Foi realizada uma avaliação clínica com dois momentos distintos: o preenchimento de uma
ficha clínica (referindo antecedentes pessoais, familiares e dentários) e exame extra e intra-
oral, avaliando as características da cavidade oral e das lesões orais encontradas.
�1
Resultados
A média de idades da amostra foi de 9 anos. Após análise verificou-se que 48,15% dos
pacientes apresentava lesões na cavidade oral, sendo que a distribuição por género não foi
estatisticamente relevante (p=0,7224). Das lesões encontradas a prevalência mais
significativa está associada à Candídiase Oral, presente em 36,84% das crianças com lesões
(n=19) , seguida da Mucosite e das Úlceras Orais, presentes em 21,05% dessas crianças.
Verificou-se também a prevalência de outras lesões como a Queilite Angular ou o
Leucoedema embora em percentagens consideravelmente menores (5,26%). Quando
analisada a distribuição das lesões pelo tipo de terapêutica, todos os pacientes com lesões
tinham efetuado ou estavam a efetuar Quimioterapia enquanto que apenas 61.54 % das
crianças com lesões tinha realizado ou estava a realizar ciclos de Radioterapia.
Quando analisada a associação entre o número de escovagens dentárias e o risco de
desenvolver lesões na cavidade oral o Risco Relativo foi > 1 (1,388), verificando-se que
escovar menos de 2x/dia aumenta o risco de desenvolver lesões em 38,88%.
Conclusões
Cerca de metade das crianças, observadas no decorrer do estudo, apresentavam algum tipo de
lesão oral consequente do tratamento de radioterapia ou quimioterapia.
Nesse sentido, torna-se absolutamente essencial a sensibilização dos pais e cuidadores para os
tipos de lesões que podem surgir neste período, de forma a procurarem ajuda na equipa
multidisciplinar que acompanha a criança e na qual deve estar inserido o médico dentista,
bem como a inclusão no plano de tratamento de uma consulta protocolar e standardizada de
medicina dentária para todos as crianças em tratamento oncológico.
PALAVRAS-CHAVE
Medicina Dentária; crianças; pediatrica; lesões; orais; cancro; quimioterapia; radioterapia;
lesões; tratamento
�2
ABSTRACT
Introduction
Children under oncological treatment can follow three different therapeutic approaches:
chemotherapy, radiotherapy and surgery treatment.
The resort to these approaches, namely the chemotherapy and radiotherapy, can have
subsequent adverse effects, correlated with the disease progression, conditioning the pacing
global health situation and, in terms of the oral cavity, inducing the appearance of several
lesions.
Objectives
It was intended to evaluate the the state of the oral health of children under oncological
treatment, using as reference the population at the Hemato-oncology Department of Centro
Hospitalar de São João, through a study of their oral lesions, induced by the chemotherapy
and/or radiotherapy treatments.
According to the results, it is also scheduled the publication of an informative brochure,
destined to the parents and legal guardians, allowing them to get advice and be alert to the
different strategies to adopt towards the improvement of the children’s oral health and, by
consequence, their general health state.
Material and Method
The sample population was made by 31 children, with oncological disease history, who were
or had been under chemotherapy and/or radiotherapy treatments in the last two years,
followed by the Department of Hemato-oncology of Centro Hospitalar de São João.
A clinical evaluation was conducted, having two distinct moments: a survey regarding the
clinical history (personal, familiar and dental antecedents) and an extra and intra-oral exam,
evaluating the characteristics of the oral cavity and the existing lesions.
�3
Results
The mean age of the population was 9 years old. After analysis it was verified that 48,15% of
the population showed lesions in the oral cavity and, the gender distribution, was not
statistically relevant (p=0,7224). Concerning to the found lesions, the most prevalent lesion
was the Oral Candidiasis, found in 36,84% of the children (n=19), followed by Oral
Mucositis and Oral Ulcers, found in 21,05% of the children. It was noted the prevalence of
other oral lesions such as the Angular Cheilitis and Leukoedema although in considerably
smaller percentages (5,26%).
When analyzed the distribution of lesions according to the type of therapeutic approach, all of
the children with lesions were or had been under treatment with chemotherapy as only
61,54% of the children with lesions were or had been under treatment with radiotherapy.
Analyzing the association between the number of dental brushings and the risk of oral cavity,
the Relative Risk was calculated as >1 (1,388), suggesting that brushing the teeth less than 2
times a day increases the risk of oral lesions by 38,88%.
Conclusions
About half of the children, observed during the study, showed some type of oral lesion
consequent of the chemotherapy or radiotherapy treatment.
In that way, it is absolutely essential to alert the parents and care givers for these kind of
lesions that can appear during this period, allowing a proper care for the muldisciplinary team
that follows the child (in which it should be included the dentist), as well as the inclusion in
the treatment plan of a protocol and standardized appointment with a dentist for every
children under oncological treatment.
KEYWORDS
dentistry; children; pediatric; oral; lesions; oncologic; treatment; cancer; chemotherapy;
radiotherapy
�4
INTRODUÇÃO
A doença oncológica é uma doença na qual as células do nosso organismo, por terem sofrido
mutações no seu DNA, se dividem sem controlo e adquirem propriedades, durante esse
processo de divisão descontrolada, de invadir outros tecidos e de não morrer. As células de
cancro têm a capacidade de se espalharem pelo organismo usando os sistemas circulatório e
linfático, originando metástases. E, apesar de muitos dos cancros poderem ser prevenidos
pela evicção de factores de risco, como a alimentação, o álcool, o tabaco ou a exposição solar
prolongada, o cancro mantém-se como a segunda principal causa de mortalidade a nível
mundial, representando cerca de 8.8 milhões de mortes por ano. (3,4,5,6,7)
De todos os casos que são diagnosticados anualmente, o cancro em crianças até aos 18 anos
representa cerca de 1% do total de diagnósticos. No entanto, ao longo dos últimos anos, este
numero tem vindo a aumentar, numa proporção de aproximadamente 0,6% / ano. (8)
Em Portugal, os últimos dados estatísticos do Registo Oncológico Nacional confirmam esta
tendência, revelando 400 novos casos de crianças com doença oncológica por ano. (9)
Contudo, apesar da subida no numero de crianças afetadas por esta condição nas últimas
décadas, este aumento tem sido acompanhado de uma descida contínua da taxa de
mortalidade, conseguida através da evolução nos esquemas e agentes terapêuticos utilizados.(8)
As crianças em tratamento oncológico podem seguir várias linhas de tratamento, inserindo-se
essencialmente, em três grupos distintos de opções terapêuticas: o tratamento com recurso a
quimioterapia, o tratamento com radioterapia e o tratamento cirúrgico.(2)
O recurso a estas abordagens, nomeadamente à quimioterapia e radioterapia, apresenta
contudo efeitos adversos subsequentes à terapêutica escolhida, dos quais se destaca entre
outros, a marcada imunossupressão. (2,10)
�5
Tais efeitos adversos, correlacionados com a progressão da doença oncológica, condicionam
o estado geral de saúde dos pacientes e, a nível da cavidade oral, podem induzir o
aparecimento de inúmeras lesões orais.(2,10)
Em casos de tratamento com quimioterapia, estas lesões surgem como consequência direta da
toxicidade dos fármacos a nível da mucosa, glândulas salivares e tecidos de suporte.
Indiretamente, estas lesões podem ainda ser causadas, e potenciadas, por complicações
sistémicas, tais como problemas metabólicos, má nutrição ou distúrbios neurológicos.(11,12)
Entre as lesões orais mais frequentes que advêm dos tratamentos de quimioterapia a mucosite
apresenta-se como a mais prevalente embora a xerostomia, enquanto efeito adverso,
apresente também uma prevalência significativa, em cerca de 10% de crianças em tratamento
oncológico.(13,14,15)
Destacam-se ainda, entre as lesões orais mais comuns nas crianças a realizar tratamento com
citostáticos, a Candidiase oral, as Úlceras (presentes em aproximadamente 5% dos pacientes),
e as infecções por Herpes Simplex.(15)
Relativamente à radioterapia, as principais consequências da radiação aplicada sobre a zona
da cabeça e pescoço, prendem-se essencialmente com complicações associadas à xerostomia,(16) sendo que a mucosite se apresenta como o efeito adverso mais comum a nível da mucosa
oral(17) a par com a candidíase oral (com níveis de incidência que podem atingir até 100%).
Importa ainda referir que, apesar das taxas de prevalência serem ligeiramente inferiores, as
ulceras orais são também bastante comuns nestes pacientes. (17,18,19)
Torna-se assim preditivo que, os pacientes sujeitos a estes tipos de tratamentos oncológicos e,
principalmente aqueles sujeitos a múltiplas sessões de tratamento e/ou ciclos mais extensos,
se encontrem mais propensos ao aparecimento destas lesões.
�6
Como tal e, apesar da heterogeneidade clínica que caracteriza estas lesões, dadas as
implicações importantes que estas têm no sistema estomatognático e na qualidade de vida
destas crianças, torna-se extremamente importante conhecer pormenorizadamente quais as
lesões que mais afetam estes pacientes, para que assim se possa minimizar os sintomas das
mesmas.(17,20)
Assim, e porque os pais e tutores apresentam um papel preponderante na cura, tratamento e
acompanhamento da doença, ganha particular relevância a integração e sensibilização para o
aparecimento destas lesões e para a melhor forma de minorar o desconforto da criança, na
tentativa de facilitar a transição até ao final dos tratamentos.(17)
Tendo em conta a escassez de estudos e artigos de investigação sobre esta temática,
nomeadamente em Portugal, é objetivo primordial desta dissertação de investigação realizar
um levantamento da prevalência de lesões orais em crianças em tratamento oncológico, tendo
como referencia a população pediátrica do Departamento de Oncologia do Centro Hospitalar
de São João, no Porto.
�7
MATERIAL E MÉTODOS
1. Constituição da Amostra
1.1. População Alvo:
Este estudo terá como população alvo as crianças em fase de tratamento de radioterapia e/ou
quimioterapia no momento da observação clínica, bem como em crianças que tenham
efetuado qualquer uma destas modalidades terapêuticas nos últimos dois anos.
A amostra é constituída por 31 pacientes com história de doença oncológica, com idades
compreendidas entre os 3 e os 18 anos, acompanhados pelo Serviço de Hemato-Oncologia do
Centro Hospitalar de São João no Porto.
1.2. Tamanho da Amostra:
A amostra é constituída por 31 pacientes com história de doença oncológica, que estão a
realizar ou já realizaram tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia nos últimos dois
anos.
1.3. Critérios de Inclusão:
Foram incluídos na amostra participantes com idades compreendidas entre os 3 e os 18 anos,
com diagnóstico confirmado de doença oncológica ou história de doença oncológica prévia,
que tenham efetuado tratamentos de quimioterapia ou radioterapia pelo menos uma vez, ao
longo dos últimos dois anos, em que os pais ou responsáveis legais tenham permitido a sua
participação através da assinatura de um termo de consentimento livre e informado.
�8
1.4. Critérios de Exclusão:
Foram excluídos pacientes com idade inferior a 3 anos e superior a 18 anos, sem diagnóstico
confirmado de doença oncológica, pacientes que não tenham efetuado tratamento de
quimioterapia e/ou radioterapia para tratamento da doença oncológica, que tenham realizado
tratamentos de quimioterapia ou radioterapia há mais de dois anos ou pacientes cujos pais ou
representantes legais não tenham autorizado a sua participação através do preenchimento de
um termo de consentimento livre e informado.
2. Metodologia
2.1. Equipa Examinadora:
A avaliação clínica será da responsabilidade da equipa envolvida no projeto, nomeadamente
da Professora Doutora Cristina Areias, da Doutora Maria do Bom Sucesso e eu próprio,
Tomás Duarte de Almeida.
2.2. Local do Estudo e Recolha de Dados:
O estudo foi realizado na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e a
recolha de dados foi realizada no serviço de Hemato-Oncologia do Centro Hospitalar de São
João, no Porto.
2.3. Recolha de Dados:
Os dados foram recolhidos através de duas componentes: do preenchimento de uma ficha
clínica de odontopediatria e de um exame exploratório extra e intra-oral.
Numa primeira componente foram avaliados parâmetros sócio-económicos, antecedentes
pessoais, familiares e antecedentes dentários, através do preenchimento da ficha clínica pelos
pais ou pelo responsável legal da criança. Em casos onde a criança tenha uma idade superior
a 14 anos ou idade suficiente para demonstrar discernimento e autonomia, este
preenchimento foi feito pela própria criança, com o auxílio dos pais ou responsáveis legais.
�9
Numa segunda componente foi efectuado um exame clínico extra e intra-oral.
No exame extra-oral foi avaliada a presença de assimetria facial, de pigmentação ou manchas
na face, bem como a presença ou ausência de tumefação das cadeias ganglionares.
Relativamente ao exame intra-oral foram pesquisadas eventuais anomalias dentárias (forma/
tamanho/número) e foi avaliada a cronologia da erupção dentária bem como a existência de
lesões na cavidade oral, a nível dos tecidos moles.
A caracterização das lesões (local/tipo/tamanho/forma) foi efetuada com recurso à
observação clínica e com base na bibliografia temática existente.
2.4. Material utilizado:
Todo o exame clínico foi realizado com o recurso a equipamento de proteção individual
(máscara descartável, luvas de latex e bata), com o recurso a Kits descartáveis de sonda e
espelho intra-oral e com o auxílio de depressores linguais de madeira, pinça e gaze, quando
necessárias para a realização do exame.
3. Variáveis em estudo
Para a realização deste estudo de investigação foram tidas em conta as seguintes variáveis,
obtidas através do preenchimento da ficha clínica: idade; género; localização da doença
oncológica; tipo de terapia oncológica; idade da primeira consulta no médico dentista;
hábitos de higiene oral; hábitos deletérios e tipo de alimentação.
Relativamente à componente do exame clínico intra e extra-oral foram avaliadas as seguintes
variáveis: tumefação ganglionar; morfologia e características dos lábios, língua e freios;
anomalias dentárias; erupção dentária e presença de patologias orais (onde se avaliou o tipo,
local, tamanho e forma das lesões).
�10
4. Considerações Éticas
Este projecto de investigação foi aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto e pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar de São
João.
Foi ainda concedida autorização para a realização do projecto por parte do Diretor do Serviço
de Pediatria do Centro Hospitalar de São João e o elo de ligação com o mesmo ficou a cargo
da Drª Maria do Bom Sucesso, Coordenadora do Serviço de Hemato-Oncologia do Centro
Hospitalar de São João, no Porto.
Para a realização deste estudo foi contemplado um termo de consentimento livre, informado e
esclarecido para os pais ou responsáveis legais das crianças, esclarecendo os objectivos,
riscos e benefícios consequentes da participação neste projecto de investigação, bem como da
inteira liberdade em decidir não participar no mesmo, em qualquer momento da investigação.
Foi também contemplado uma declaração de assentimento livre, informado e esclarecido para
as crianças a partir dos 14 anos de idade e que revelassem autonomia e / ou capacidade de
decisão sobre a participação voluntária no estudo.
Todos os dados recolhidos foram armazenados e tratados garantindo a confidencialidade de
toda a informação, sempre respeitando as regras e princípios definidos pela Declaração de
Helsínquia.
�11
5. Análise Estatística
Os dados obtidos foram analisados utilizando o programa de análise estatística Prism 7 para
Mac OS X, versão 7.0c de 1 de Março de 2017. As variáveis categóricas foram descritas com
recurso a frequências absolutas e relativas, traduzidas em %, enquanto que as variáveis
contínua, de distribuição simétrica, foram descritas utilizando médias e desvio-padrão.
Para análise das variáveis categóricas foram realizados ainda dois testes estatísticos : o teste
de independência do qui-quadrado e o teste de exato de Fisher.
As variáveis contínuas, de distribuição assimétrica, foram ainda analisadas segundo o teste de
Mann-Whitney.
O nível de significância considerado durante a análise estatística foi de 0,05 (p<0.05).
�12
RESULTADOS1. Caracterização da amostra
1.1 Distribuição por género
A amostra foi constituída por 31 participantes dos quais: 14 do sexo masculino (45,16%) e 17
do sexo feminino (54,84%), conforme reportado no gráfico I. Dada a distribuição semelhante
de participantes entre cada um dos grupos, não foram efetuados testes estatísticos visto não
existir diferença estatisticamente relevante entre ambos.
!
Gráfico I: Distribuição da amostra quanto ao género
1.2 Distribuição por idade
Os participantes apresentaram idades compreendidas entre os 3 e os 18 anos (n=31), sendo a
média de idades de 8,93 anos. A distribuição das idades dos participantes, conforme a
frequência absoluta de cada um, encontra-se disposta no gráfico II.
!
_____________________________________________________
Gráfico II: Distribuição da idade da amostra
Genero
45.16% Masculino54.84% Feminino
N=31
0 2 4 6 8345678
11121314151718
Frequência Absoluta(número de participantes)
Distr
ibuiçã
o de i
dade
s da a
mostr
a
�13
1.3 Distribuição por raça
No gráfico III está representada a distribuição da amostra pela raça dos participantes,
caracterizando-se por 28 indivíduos de raça caucasiana (90,32%) e 3 de raça negra (9,68%)
com base no total da amostra (n=31).
_______________________________________
Gráfico III: Distribuição da raça da amostra
1.4 Distribuição por fase de tratamento médico para doença oncológica
No Gráfico IV apresenta-se a distribuição dos participantes segundo o seu estado actual
relativamente aos tratamentos para a doença oncológica, nomeadamente pela realização de
quimioterapia e/ou radioterapia. Do total de pacientes (n=31), 28 crianças encontravam-se em
tratamento oncológico para uma das modalidades terapêuticas acima referidas (90,32%), ao
passo que 3 participantes estavam em fase de controlo, não se encontrando em fase ativa de
tratamento (9,68%).
Ambos os grupos de participantes tinham reportado terem efetuado, em algum momento,
tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia.
___________________________________________________________________________Gráfico IV: Distribuição da amostra segundo fase ativa ou inactiva de tratamento oncológico
�14
Em tratamento
N=31
90.32% Sim9.68% Não
Raça
90.32% Caucasiana9.68% Negra
N=31
1.5 Distribuição por tipo de doença oncológica
A totalidade da amostra (n=31) apresentava algum tipo de doença oncológica, seguindo-se a
distribuição observada no gráfico V.
Dentro dos tipos de tumores que foram observados, a prevalência mais significativa foi a do
Meduloblastoma em 9 dos participantes (29,03%), seguida do Glioblastoma e do Glioma,
ambos observados em 6 participantes, com prevalências de 19,35% cada.
!
_______________________________________________________________________
Gráfico V: Distribuição da amostra pelo tipo de doença oncológica
Tipo de Doença Oncológica
N =31
3.23% Epidermiloma
3.23% Estesioneuroblastoma
3.23% Germinoma
19.35% Glioblastoma
19.35% Glioma
29.03% Meduloblastoma
3.23% Nefroblastoma3.23% Neuroblastoma3.23% Retinoblastoma
3.23% Sarcoma de Triton
3.23% Sarcoma Ewing
3.23% Sarcoma Sinovial
3.23% Tumor Nasofaringe
�15
1.6 Distribuição por localização da doença oncológica
No gráfico VI observa-se a distribuição da localização da doença oncológica de cada
participante do estudo (n=31). Para efeitos de análise estatística, nos casos onde os pacientes
apresentavam metastização, foram apenas contabilizadas as localizações do tumor principal
ou do tumor de origem.
A localização mais prevalente do tumor foi o Cérebro, em 16 pacientes, representando
estatisticamente mais de metade dos casos de estudo (51,61%). A segunda localização
estatisticamente significativa foi o Olho, embora em percentagem inferior, afectando 7
crianças e representando 22,58% do total da amostra.
!
___________________________________________________________________
Gráfico VI: Distribuição da amostra pela localização da doença oncológica
Localização da Doença Oncológica
N=31
3.23% Cavidade nasal
51.61% Cérebro
3.23% Coluna Vertebral
3.23% Medula Óssea
3.23% Nasofaringe
22.58% Olho
3.23% Pé
3.23% Rim
3.23% Supra-renal3.23% Toráx
�16
1.7 Distribuição por esquema terapêutico
1.7.1 Quimioterapia
Está apresentada, no gráfico VII, a distribuição dos participantes que efetuaram tratamento de
quimioterapia e a distribuição dos que não realizaram nenhum ciclo de quimioterapia.
Do total da amostra (n=31), 30 participantes tinham realizado tratamento de quimioterapia
(96,77%) e apenas 1 participante relatava não ter efetuado qualquer ciclo (3,23%).
Relativamente à idade em que iniciaram os tratamentos de quimioterapia (gráfico VIII), a
distribuição da amostra segue a frequência absoluta representada, tendo a média de idades
sido de 7,48 anos.
____________________________________________________________________
Gráfico VII: Distribuição da amostra de acordo com o tratamento de Quimioterapia
!
____________________________________________________________
Gráfico VIII: Distribuição da amostra pela idade de início de Quimioterapia
1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 12 13 14 170
2
4
6
Idade de inicio de Quimioterapia
Freq
uênc
ia a
bsol
uta
(núm
ero
de p
artic
ipan
tes)
Idade
�17
Efetuou ou está a efetuar Quimioterapia
N=31
96.77% Realiza ou realizou quimioterapia
3.23% Não realiza nem realizou quimioterapia
1.7.2 Radioterapia
No gráfico IX apresenta-se a distribuição da amostra segundo ter realizado, pelo menos um,
ciclo de radioterapia. Observou-se que, do número total de crianças (n=31), 17 tinham
efetuado pelo menos um ciclo de radioterapia (54,84%) enquanto que 14 nunca tinham
realizado radioterapia (45,16%).
Referente à idade de início dos tratamentos de radioterapia (gráfico X), a distribuição da
amostra segue a frequência absoluta representada, tendo a média de idades sido de 4,23 anos.
!
_________________________________________________________________
Gráfico IX: Distribuição da amostra de acordo com o tratamento de Radioterapia
!
_____________________________________________________________
Gráfico X: Distribuição da amostra pela idade de início de Radioterapia
Efetuou ou está a efetuar Radioterapia
N=31
54.84% Realiza ou realizou radioterapia45.16% Não realiza nem realizou radioterapia
2 3 4 5 6 7 11 12 13 140
1
2
3
4
5
Idade de inicio de radioterapia
Freq
uênc
ia a
bsol
uta
(núm
ero
de p
artic
ipan
tes)
Idade
�18
1.8 Distribuição por toma de medicação regular
Os pacientes foram distribuídos de acordo com a toma de medicação (gráfico XI) efetuada de
forma regular (n=31). 27 dos participantes tomavam medicação regularmente (87,10%),
enquanto que 4 participantes não tomavam qualquer tipo de medicação prescrita (12,90%).
Do total de crianças que tomavam medicação de forma regular (n=27), foi ainda efetuada a
categorização e seriação segundo os grupo farmacológicos que lhes eram administrados,
conforme demonstrado no gráfico XII.
Verificou-se que, dentro dos grupos farmacológicos prescritos, aquele que demonstrava maior
expressão a nível de prevalência era o grupo dos Antibióticos, fazendo parte da medicação
regular de 15 crianças (19,74%); seguido do grupo dos Anti-epiléticos, presentes na
medicação regular de 12 crianças (15,79%) e do Magnésio, tomado por 9 crianças (11,84%).
!
________________________________________________________________________
Gráfico XI: Distribuição da amostra pela medicação prescrita e tomada de forma regular
Medicação Regular
N=31
87.10% Toma medicação regularmente
12.90% Não toma medicação regularmente
�19
! _____________________________________________________________________
Gráfico XII: Distribuição dos grupos farmacológicos na medicação regular da amostra
1.9 Distribuição por hospitalização prévia
No gráfico XIII está representado o número de participantes com história de hospitalização
prévia, não relacionada com a doença oncológica e com período temporal que antecede a
mesma (n=31).
Do total da amostra apenas 9 crianças apresentavam história de hospitalização prévia, em
oposição a 22 crianças que nunca estiveram hospitalizadas por outro contexto não associado à
doença oncológica, conforme apresentado no gráfico.
! ________________________________________________Gráfico XIII: Distribuição da amostra por história de hospitalização prévia não relacionada com a doença oncológica
Grupos Farmacológicos
N=76
6.58% Citostático
15.79% Anti-epilético19.74% Antibiótico
9.21% Anti-emético
7.89% Protetor gástrico
2.63% Analgésico
3.95% Benzodiazepinas
2.63% Suplemento Vitamínico2.63% Terapeutica de Substituição Hormonal
1.32% Ferro
11.84% Magnésio
1.32% Anti-inflamatório
3.95% Corticosteróide
1.32% Anti-ulceroso1.32% Anti-fúngico
3.95% Inibidor de Bomba de Protões
1.32% Opiáceo1.32% Anti-coagulante1.32% Laxante
�20
1.10 Distribuição por história de doença hereditária dos pais
A maioria dos participantes não apresentava pais com história de doença hereditária (18
crianças, representando 58,06% do total), sendo que 12 crianças apresentavam um dos pais
com história de doença prévia (38,71%), como consta do gráfico XIV (n=31).
Apenas se observou 1 caso onde os pais ou responsáveis legais não sabiam ou não tinham
conhecimentos para responder à questão.
!
__________________________________________________________________
Gráfico XIV: Distribuição da amostra por pais com história de doença hereditária
1.11 Distribuição por história de doença oncológica na família
Quando analisada a história prévia de doença oncológica na família das crianças, verificou-se
que 5 crianças (45,45%) apresentavam história familiar de doença oncológica, quando
analisado a amostra total, em que n é igual ao número de casos onde os pais ou cuidadores
relataram história de doença familiar hereditária (n=11), patente no gráfico XV.
Dado o reduzido valor da amostra neste parâmetro não foi efetuado qualquer teste estatístico
de associação entre a história de doença oncológica e a prevalência de lesões orais.
______________________________________________________________________Gráfico XV: Distribuição da amostra segundo a história de doença oncológica familiar
Pais com história de doença hereditária
38.71% Sim
58.06% Não
3.23% NS/NR
N=31
�21
História de doenca oncológica familiar45.45% Sim54.55% Não
N=11
2. Caracterização da dieta
Quando questionados os pais ou cuidadores acerca da dieta das crianças, 23 consideram que a
criança tem uma dieta equilibrada (74,19%), enquanto que apenas 8 consideram que a dieta
da criança não é equilibrada (25,81%), conforme demonstrado no gráfico XVI.
!
____________________________________________________________
Gráfico XVI: Distribuição da amostra pelo tipo de dieta alimentar seguida
Ainda referente aos hábitos alimentares dos participantes do estudo, foi questionada a
frequência de consumo de alguns alimentos com potencial cariogénico, nomeadamente:
Refrigerantes com gás; Sumos de Frutas; Chocolates e/ou Gomas e Outros alimentos com
açúcar.
A distribuição da amostra (n=31) foi agrupada de forma independente para cada um dos
grupos alimentares, apresentando-se nos gráficos XVI, XVII, XVIII e XIX a análise
descritiva desses resultados, segundo os parâmetros de consumo: Durante ou Fora das
Refeições; Não consome e Raramente. Foram ainda analisados, segundo a frequência de
consumo por dia, as variáveis: 1/2x por dia e Mais de 2x por dia.
Tem uma dieta equilibrada
N=31
74.19% Sim
25.81% Não
�22
Destaca-se contudo que, referente ao consumo de refrigerantes com gás, mais de metade dos
participantes (18 participantes) não consomem quaisquer bebidas deste tipo e 10 crianças
apenas consomem raramente.
! _______________________________________________________________
Gráfico XVII: Distribuição da amostra pelo consumo de refrigerantes com gás
É de salientar ainda, relativamente ao consumo de chocolates e/ou gomas e de outros
alimentos açucarados que 35,48% (n=11) e 32,26% (n=10) das crianças, respectivamente,
não consomem nenhum alimento proveniente destes grupos alimentares (gráfico XVIII e
XIX). Quando comparados os resultados relativamente ao período de dia em que este
consumo é feito (fora das refeições ou durante) verifica-se contudo que a maioria das
crianças (29,03%) ingerem este tipo de alimentos fora das refeições.
!
_____________________________________________________________________
Gráfico XVIII: Distribuição da amostra pelo consumo de chocolates e/ou gomas
Consumo de refrigerantes com gás
N=31
6.45% Durante Refeições 1/2xdia
3.23% Fora Refeições Mais de 2x dia
58.06% Não consome32.26% Raramente
Consumo de chocolates e/ou gomas
N=313.23% Durante Refeições 1/2x dia29.03% Fora Refeições 1/2x dia
32.26% Não consome
35.48% Raramente
�23
______________________________________________________________________
Gráfico XIX: Distribuição da amostra pelo consumo de outros alimentos com açúcar
Ainda acerca dos hábitos alimentares e, respeitante ao consumo de sumos de frutas não
gaseificados, 10 pais ou cuidadores de crianças (33,33%) reportaram o consumo esporádico e
raro deste tipo de bebida sendo que apenas 4 relataram que os participantes não consumiam
qualquer sumo de frutas (13,33%). Destaca-se ainda no gráfico XX que, 1/3 dos pais ou
cuidadores das crianças (n=9), referem o consumo, pelas crianças, de sumos de fruta durante
as refeições, 1 ou 2 vezes por dia.
!
__________________________________________________________
Gráfico XX: Distribuição da amostra pelo consumo de sumos de frutas
Consumo de sumos de frutas
N=31
3.33% Durante e Fora refeições Mais de 2x dia
30.00% Durante Refeições 1/2x dia
3.33% Durante Refeições Mais de 2xdia
16.67% Fora Refeições 1/2x dia
13.33% Não Consome
33.33% Raramente
�24
Consumo de outros alimentos com açucar
N=31
6.45% Durante Refeições 1/2x dia29.03% Fora Refeições 1/2x dia
32.26% Não consome
32.26% Raramente
3. Caracterização da saúde oral
3.1 Consulta no Médico Dentista
Quando questionados sobre se alguma vez tinham levado as crianças ao médico dentista, a
grande maioria respondeu que sim, representando estes 74,19% (n=23) do total da amostra
(n=31), conforme descrito no gráfico XXI.
!
______________________________________________________________________
Gráfico XXI: Distribuição da amostra de acordo com a visita ao médico dentista
3.2 Idade da primeira consulta no Médico Dentista
Foram analisadas as idades com que as crianças foram a primeira vez ao Médico Dentista,
seguindo a frequência absoluta representada no gráfico XXII (n=31) e de acordo com os
intervalos paramétricos: 1-2 anos; 3-4 anos; 5-6 anos; 7-10 anos; 11-12 anos; 13-18 anos.
! _____________________________________________________________________ Gráfico XXII: Distribuição de idades das crianças na primeira ida ao Médico Dentista
Visita ao médico dentista
74.19% Sim
25.81% Não
N=31
1-2a 3-4a 5-6a 7-10a0
2
4
6
8
10
Idade da primeira ida ao Médico Dentista
Freq
uênc
ia a
bsol
uta
(núm
ero
de p
artic
ipan
tes)
Idade
�25
3.3 Número de escovagens dentárias por dia
No gráfico XXIII está representada a distribuição da amostra segundo o número de
escovagens dentárias efetuadas por dia, seguindo a frequência absoluta descrita na imagem
(n=31).
Salienta-se o facto de, a maioria das crianças, escovar os dentes pelo menos 2 vezes ao dia
(n=17), representando 54,84% da amostra total.
!
____________________________________________________________________
Gráfico XXIII: Distribuição da amostra pelo número de escovagens dentárias diárias
3.4 Utilização de meios auxiliares de higiene oral
Acerca dos meios auxiliares de higiene oral, 22 dos pacientes não utilizavam qualquer tipo de
meio auxiliar, representando assim 70,97% do total de participantes (n=31).
Apenas 9 participantes relataram a utilização de um meio auxiliar de higiene oral (29,03%),
como se comprova no gráfico XXIV.
É de considerar que, dos participantes que relataram o uso de um meio auxiliar (n=9), a
grande maioria utilizava colutório ou elixir bucal (n=8), sendo que apenas 1 criança utilizava
fio dentário ou escovilhão como método auxiliar à escovagem dentária e respetiva higiene
(gráfico XXV).
0 1 2 30
5
10
15
Número de escovagens por dia
Freq
uênc
ia a
bsol
uta
(núm
ero
de p
artic
ipan
tes)
�26
! !
___________________________________________________________________________
Gráfico XXIV (à esquerda): Distribuição da amostra pela utilização de meios auxiliares de
higiene oral
Gráfico XXV (à direita): Distribuição da amostra pelo tipo de meio auxiliar de higiene oral
utilizado
3.5 Realização de tratamento dentário
No gráfico XXVI descreve-se a amostra total (n=31), segundo o parâmetro: Efetuou
tratamento dentário. 16 participantes do estudo efetuaram previamente algum tipo de
tratamento dentário (51,61%) ao passo que 15 participantes relataram não ter realizado
qualquer tipo de tratamento dentário (48,39%).
!
_____________________________________________________________________
Gráfico XXVI: Distribuição da amostra pela realização de tratamento dentário prévio
Quando inquiridos acerca do tipo de tratamento dentário realizado, a prevalência maior de
tipos de tratamentos correspondeu às Restaurações, em 35% das crianças (n=7), seguida da
Destartarização em 30 % dos pacientes (n=6).
Utilização de meios auxiliares de Higiene Oral
N=31
29.03% Sim
70.97% Não
Meio auxiliar de higiene oral utilizado
N=9
88.89% Colutório ou elixir bucal11.11% Fio/Escovilhão
Realizou tratamento dentário51.61% Sim48.39% Não
N=31
�27
O total da amostra neste parâmetro (n=20) foi superior ao número de participantes que
relataram ter efetuado tratamentos de acordo com o gráfico anterior (n=16), justificável pela
existência de casos onde a criança relatava ter efetuado mais que um tratamento dentário
previamente (gráfico XXVII).
! ___________________________________________________________________
Gráfico XXVII: Distribuição da amostra pelo tipo de tratamento dentário realizado
3.6 História de dor dentária
Quando analisada a distribuição da amostra (n=31) relativamente a episódios de dor dentária
prévios, verificou-se que 20 crianças relataram nunca ter tido nenhuma dor de dentes
(64,52%), enquanto que 11 crianças manifestaram ter tido dor dentária em algum período
durante a sua vida (35,48%), dados visíveis no gráfico XXVIII.
!
___________________________________________________________________
Gráfico XXVIII: Distribuição da amostra relativamente a episódios de dor dentária
Tipo de tratamento dentário
N=205.00% Aplicação Tópica de Fluor
30.00% Destartarização
5.00% Tratamento ortodontico
5.00% Drenagem Abcesso
15.00% Extração
35.00% Restauração
5.00% Selantes
Já teve dor de dentes
N=31
35.48% Sim
64.52% Não
�28
3.5 História de dor noutros locais da cavidade oral
No gráfico XXIX pode-se observar a distribuição da amostra (n=31) segundo episódios de
dor noutros locais da cavidade oral, que não os tecidos dentários.
Verificou-se que a variação entre as crianças que tiveram dor e as que não tiveram era pouco
significativa, com 51,61% dos participantes (n=16) relatando pelo menos um episódio de dor.
! _____________________________________________________________________
Gráfico XXIX: Distribuição segundo episódios de dor noutro local da cavidade oral
3.7 Período temporal de dor noutros locais da cavidade oral de acordo com a terapêutica
Foi ainda analisado o período temporal no qual os participantes tiveram dor noutro local da
cavidade oral, que não os tecidos dentários, com base no período de terapêutica oncológica:
Início do tratamento de quimioterapia ; Durante o tratamento de quimioterapia ; Após
tratamento de quimioterapia; Início do tratamento de radioterapia; Durante o tratamento de
radioterapia; Após tratamento de radioterapia e Não sabe/Não responde.
Do total de participantes que relatavam ter tido episódios de dor (n=16), 37,50% reportavam
que a manifestação tinha ocorrido durante os tratamentos de quimioterapia (n=6), seguidos de
25% dos participantes (n=4) relatando que o episódio de dor aconteceu no início dos
tratamentos de quimioterapia (gráfico XXX).
Dor noutro local da cavidade oral
N=31
51.61% Sim48.39% Não
�29
! ___________________________________________________________
Gráfico XXX: Distribuição da amostra segundo o período de tempo de manifestação de dor
noutro local da cavidade oral
Quando analisado apenas o período temporal de manifestação de dor consequente à
terapêutica de quimioterapia, verificou-se que 50% dos participantes (n=6) indicaram a dor
como tendo acontecido durante a quimioterapia (gráfico XXXI).
!
_________________________________________________________________
Gráfico XXXI: Distribuição da amostra com dor noutro local e em tratamentos de
quimioterapia segundo o período temporal de manifestação da dor
Quando teve dor noutro local da cavidade oral
N=16
25.00% Inicio quimioterapia
37.50% Durante quimioterapia
12.50% Após quimioterapia12.50% Início radioterapia6.25% Durante radioterapia6.25% NS/NR
Quando teve dor noutro local (quimioterapia)
N=12
33.33% Inicio quimioterapia
50.00% Durante quimioterapia
16.67% Após quimioterapia
�30
3.8 Localização da dor na cavidade oral (tecidos moles)
Quando inquiridos sobre o local das dores, referidas a nível dos tecidos moles, a prevalência
mais significativa encontrada foi na Mucosa Jugal e na Gengiva, em 23,08% dos
participantes (n=6), seguida do lábio inferior em 19,23% das crianças (n=5).
Foram ainda relatadas lesões noutros locais, embora em menor valor de prevalência,
conforme descrito no gráfico XXXII.
!
___________________________________________________________________
Gráfico XXXII: Distribuição da amostra segundo os locais da dor nos tecidos moles
3.9 Razão da dificuldade em manter a saúde oral da criança
Foram ainda analisados os fatores de maior dificuldade em manter a saúde oral das crianças,
por parte dos pais ou cuidadores, tendo-se obtido os resultados expressos no gráfico XXXIII
(n=31).
Destaca-se que, das razões elencadas na ficha clínica, 10 pais ou responsáveis legais
(38,71%) reportaram o Custo dos tratamentos ou das deslocações como o principal
impedimento para manter uma correta saúde oral das crianças enquanto que 6 (19,35%)
relataram a dificuldade da criança na prática das técnicas aprendidas como a maior
dificuldade em manter a saúde oral da mesma.
Localização da dor (tecidos moles)
N=267.69% Comissuras Labiais
23.08% Mucosa Jugal
19.23% Lábio inferior
7.69% Lábio superior
23.08% Gengiva
7.69% Orofaringe
11.54% Língua
�31
!
_________________________________________________________________
Gráfico XXXIII: Distribuição da amostra segundo a maior dificuldade em manter a saúde
oral da criança
4. Exame clínico
4.1 Exame Extra-oral
4.1.1 Assimetria facial
No gráfico XXXIV estão patentes os resultados obtidos, aquando da análise da assimetria
facial da amostra (n=31), classificando-se 14 participantes (45,16%) como tendo assimetria
facial, em oposição à maioria da amostra (54,84% ou n= 17) onde não foi encontrada
assimetria facial.
!
____________________________________________________________
Gráfico XXXIV: Distribuição da amostra segundo a assimetria facial
Maior dificuldade em manter a saude oral da criança
N=31
3.23% A utilização dos meios auxiliares de Higiene Oral
38.71% Custo do tratamento ou Custo das deslocações
3.23% Dificuldade em encontrar um médico dentista que consiga a sua colabora
19.35% Dificuldade na prática das técnicas aprendidas
35.48% Não tem ou Nenhuma das anteriores
N=31
45.16% Sim
54.84% Não
Assimetria facial
�32
4.1.2 Pigmentação facial
Foram analisados os participantes do estudo segundo a presença ou ausência de pigmentação
ao nível da face, sendo que a grande maioria da amostra (93,55% ou n=29) não apresentava
qualquer tipo de pigmentação (gráfico XXXV).
!
______________________________________________________________________
Gráfico XXXV: Distribuição da amostra segundo a pigmentação facial
4.1.3 Cadeias ganglionares
No gráfico XXXVI encontra-se representada a distribuição da amostra segundo o estado das
cadeias ganglionares de acordo com os parâmetros: Normais e Aumentados.
Observou-se que 87,10% dos participantes (n=27) apresenta gânglios normais, em oposição a
12,90% das crianças (n=4) que apresenta gânglios com volume aumentado.
!
___________________________________________________________________________
Gráfico XXXVI: Distribuição da amostra segundo o estado inflamatório dos gânglios
Pigmentação Facial
N=31
6.45% Sim
93.55% Não
N=31
87.10% Normais12.90% Aumentados
Gânglios
�33
4.1.4 Lábios
Quando efetuada a avaliação dos tecidos labiais foram definidos os parâmetros: Normal,
Seco, Ulcerado e Húmido e avaliados em exame clínico, de forma independente, o lábio
superior e o lábio inferior. (gráfico XXXVII e gráfico XXXVIII).
41,94% (n=13) e 45,16% (n=14) dos participantes reportaram ter, respetivamente, o lábio
superior e o lábio inferior secos (Figura 1) enquanto que 2 participantes (6,45%)
apresentavam o lábio inferior ulcerado. (Figura 2)
Nenhum participante relatou ter qualquer dos lábios húmido, fator atestado pelo exame
clínico efetuado.
! !
_________________________________________________________________________
Gráfico XXXVII (à esquerda): Distribuição da amostra segundo o estado do lábio superior
Gráfico XXXVIII (à direita): Distribuição da amostra segundo o estado do lábio inferior
� � Figura 1 (à esquerda): Lábio Superior e Lábio Inferior Secos Figura 2 (à direita): Lábio Inferior Ulcerado
Lábio superior
N=31
58.06% Normal
41.94% Seco
Lábio inferior
N=31
48.39% Normal
45.16% Seco
6.45% Ulcerado
�34
4.2 Exame Intra-oral
4.2.1 Língua
Observa-se no gráfico XXXIX a distribuição dos participantes segundo a avaliação efetuada
à língua, tendo-se verificado que 22,58% das crianças (n=7) apresentava uma condição ou
patologia não explícita na ficha clínica, inserida no parâmetro Outra.
74,19% dos participantes (n=23) apresentava uma língua de aspeto ou características
normais.
! ___________________________________________________________________________
Gráfico XXXIX: Distribuição da amostra segundo o aspeto da língua
4.2.2 Amígdalas
Da observação clínica das amígdalas, efetuada aos participantes do estudo, a grande maioria
apresentava amígdalas de tamanho normal (n=28) e apenas 1 criança se encontrava com as
amígdalas hipertrofiadas (gráfico XL).
!
________________________________________________________________________
Gráfico XL: Distribuição da amostra segundo o tamanho das amígdalas
Língua
N=31
74.19% Normal
3.23% Pilosa
22.58% Outra
Amigdalas
N=31
6.45% Ausentes3.23% Hipertrofiadas
90.32% Normais
�35
4.2.3 Hipoplasias dentárias
Foram definidos intervalos paramétricos respeitantes às hipoplasias dentárias encontradas na
amostra analisada (n=31) de acordo com o número de dentes afetados, seguindo a
distribuição apresentada nos gráficos XLI e XLII.
Apenas 8 crianças apresentavam sinais de hipoplasia em pelo menos um dente sendo que, dos
participantes que tinham algum tipo de hipoplasia, 50% (n=4) possuíam hipoplasia em 3 ou
mais dentes.
!
__________________________________________________________________
Gráfico XLI (à esquerda): Distribuição da amostra segundo a presença de hipoplasias
Gráfico XLII (à direita): Distribuição da amostra segundo a quantidade de dentes afetados
pela hipoplasia
4.2.4 Traumatismos
No gráfico XLIII é possível observar a distribuição da amostra segundo a existência de
traumatismos dentários prévios em que, 27 das crianças não tinha tido qualquer traumatismo
até à data da realização do exame clínico.
Hipoplasia por dente
N=8
25.00% 1 dente25.00% 2 dentes
50.00% 3 ou mais dentes
�36
Hipoplasia
N=31
25.81% Sim
74.19% Não
!
_________________________________________________________________________
Gráfico XLIII: Distribuição da amostra segundo história prévia de traumatismos dentários
4.2.5 Alteração de forma e número de dentes
Da observação efetuada ao total da amostra (n=31), as alterações de número e de forma
foram pouco significativas a nível estatístico, com 90,32% (n=28) e 93,55% (n=29) das
crianças sem qualquer alteração de número e forma (gráfico XLIV e gráfico XLV).
! !
___________________________________________________________________________
Gráfico XLIV (à esquerda):Distribuição da amostra segundo alteração de número de dentes
Gráfico XLV (à direita): Distribuição da amostra segundo alteração de forma de dentes
Traumatismos
N=31
12.90% Sim
87.10% Não
Alteração de número de dentes
N=31
9.68% Sim
90.32% Não
Alteracao de forma de dentes
N=31
6.45% Sim
93.55% Não
�37
4.2.5 Cronologia de erupção dentária
No gráfico XLVI é possível encontrar a distribuição da amostra segundo a cronologia da
erupção dentária, observando-se que 80,65% dos participantes (n=25) tem a cronologia de
erupção dentária normal.
As restantes 6 crianças apresentam uma cronologia de erupção dentária atrasada.
! ________________________________________________________________________
Gráfico XLVI: Distribuição da amostra pelo estado da erupção dentária
5. Avaliação das lesões orais e associações de variáveis de estudo
5.1 Distribuição da amostra segundo a presença de lesões orais por género e idade
Foi analisado o total da amostra (n=31) segundo a presença ou ausência de lesões orais,
tendo-se verificado que 15 participantes (48,39%) apresentavam pelo menos uma lesão a
nível dos tecidos moles da cavidade oral (gráfico XLVII).
Realizou-se ainda a distribuição dessa amostra (n=15) de acordo com o género (gráficos
XLVIII e XLIV) e idade (gráfico XLV).
Cronologia de erupcão dentária
N=31
80.65% Normal
19.35% Atrasada
�38
! _________________________________________________________________Gráfico XLVII: Distribuição da amostra relativamente à presença de lesões orais
Relativamente ao género, 60% das crianças eram do sexo feminino (n=9) e 40% do sexo
masculino (n=6) contudo, utilizando o teste exato de Fisher, não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas (p=0,7224).
Ainda respeitante ao género dos indíviduos com lesões, obteve-se um valor de Risco Relativo
de 0,8095.
! ! _________________________________________________________________________
Gráficos XLVIII e XLIX: Distribuição das crianças com lesões orais segundo o género
Também referente à idade, de acordo com o teste de Mann-Whitney, não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas entre a idade das crianças sem lesões orais e a idade
das crianças com lesões a nível da cavidade oral (p=0,437).
Com lesões
N=31
48.39% Sim51.61% Não
Género dos pacientes com lesões
N=15
40.00% Masculino
60.00% Feminino
Masculino Feminino0
2
4
6
8
10
Género das crianças com lesões
Género
Freq
uênc
ia A
bsol
uta Lesões
Sem lesões
�39
A média de idades das crianças sem lesões orais foi de 10 anos (n=16) enquanto que a medida
de idades das crianças com lesões orais situou-se nos 6 anos (n=15).
! __________________________________________________________________________
Gráfico L: Distribuição e média da amostra em função da idade (lesões vs. Sem lesões)
5.2 Distribuição da amostra segundo o tipo de lesões orais
Observa-se no gráfico LI a distribuição da amostra pelo tipo de lesões orais encontradas,
destacando-se que a prevalência mais significativa de lesões se atribui à Candidíase oral
(Figura 3 e 4), em 36,84% dos participantes do estudo (n=7), seguida da Mucosite (Figura 5)
e das Úlceras orais (Figura 6), ambas as lesões com prevalência de 21,05% (n=4). Importa
referir que todos os casos de Mucosite corresponderam a grau I, segundo a escala do National
Cancer Institute (21) (Anexo 1), pelo que não foram realizados quaisquer testes estatísticos
referentes a esse parâmetro.
Para além destas lesões foram ainda encontradas em 4 crianças Queilites Angulares, (Figura
7) Tórus Maxilar (Figura 8), Leucoedema e Morsicattum Buccatum, com percentagens de
5,26% cada uma (n=1).
�40
! ____________________________________________________________________Gráfico LI: Distribuição da amostra segundo o tipo de lesões orais encontradas
� �
Figura 3 (à esquerda): Candidíase Oral Pseudomembranosa (Dorso da Língua) Figura 4 (à direita): Candidíase Oral Pseudomembranosa (Mucosa Jugal)
� Figura 5: Mucosite Oral de grau I pela Classificação do NCI (Palato)
Tipo de lesões orais
N=19
36.84% Candidiase Oral21.05% Mucosite21.05% Úlceras Orais
5.26% Leucoedema5.26% Morsicatum Buccatum5.26% Queilite Angular5.26% Torus Maxilar
�41
! Figura 6: Úlcera Oral (Lábio Inferior)
� Figura 7: Queilite Angular (comissuras labiais)
� Figura 8: Tórus Maxilar (Palato)
�42
5.3 Distribuição da amostra segundo o local das lesões orais
Analisaram-se os locais da cavidade oral de prevalência de lesões, observando-se a partir do
gráfico LII a frequência absoluta e respetiva distribuição as lesões por local (n=19), de onde
se verificou a língua como o local mais prevalente com 36,84% dos casos (n=7).
�
___________________________________________________________________
Gráfico LII: Distribuição das crianças com lesões orais de acordo com o local
5.4 Distribuição das crianças com lesões orais de acordo com a toma de medicação
Foi efetuado a análise das crianças, com lesões orais (n=15), que estavam em medicação
habitual ou que se encontravam sem medicação prescrita pelo médico oncologista ou de
família em que 80% destas crianças (n=12) tomava algum tipo de medicação prescrita
(gráfico LIII).
!
_____________________________________________________________________
Gráfico LIII: Distribuição das crianças com lesões em medicação habitual
Nº de Casos
Doentes com lesões em medicação habitual
N=15
80.00% Sim
20.00% Não
�43
5.5 Distribuição das crianças com lesões orais segundo a terapêutica oncológica
Quando analisado o total da amostra do estudo contendo lesões orais (n=15) e após
distribuição de acordo com o tipo de terapêutica oncológica que efetuam, verificou-se que a
totalidade dos participantes (n=15) estava a realizar quimioterapia. Relativamente à
radioterapia, apenas 66,67 % dos doentes com lesões efetuava radioterapia (n=10), conforme
consta do gráfico LIV.
!
_________________________________________________________________________
Gráfico LIV: Distribuição dos pacientes com lesões segundo tratamento de radioterapia
5.6 Distribuição das crianças com lesões orais segundo a ida ao médico dentista
No gráfico LV observa-se a distribuição da amostra de participantes com lesões orais (n=15)
segundo terem ido alguma vez ao médico dentista. 73,33% (n=11) dos participantes relataram
terem ido pelo menos alguma vez ao médico dentista e apenas 26,67% (n=4) nunca tinham
ido a uma consulta de medicina dentária.
!
_______________________________________________________________________
Gráfico LV: Distribuição das crianças com lesões segundo a ida ao médico dentista
Com lesões em tratamento de radioterapia
N=15
66.67% Sim
33.33% Não
Doentes com lesões segundo a ida ao Médico Dentista
N=15
73.33% Sim26.67% Não
�44
5.7 Associação entre dor e escovagem dentária
Foi analisada a associação entre dor de dentes e a escovagem dentária por dia, de acordo com
os parâmetros: <2 escovagens dentárias e 2 ou mais escovagens (gráfico LVI).
Não foram encontradas diferenças estatisticamente relevantes entre os dois grupos, quando
aplicado o teste de qui-quadrado (p=0,981).
O Risco Relativo foi igual a 1,012.
!
Gráfico LVI: Associação entre dor de dentes e número de escovagens dentárias por dia
5.8 Associação entre lesões e escovagem dentária
Foi calculada a associação entre o aparecimento de lesões orais e o número de escovagens,
com recurso aos parâmetros: menos de 2 escovagens dentárias e 2 ou mais escovagens
(gráfico LVII).
Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas após aplicação do teste de
qui-quadrado (p=0,3760).
Para além disso efetuou-se ainda o cálculo do Risco Relativo, tendo este sido de 1,388.
! __________________________________________________________________ Gráfico LVII: Associação entre lesões orais e número de escovagens dentárias por dia
E<2 E>=20
5
10
15
Associação entre dor de dentes e escovagem
Número de escovagens dentárias
Freq
uênc
ia A
bsol
uta
Dor+
Dor-
E<2 E>=20
5
10
15
Associação entre lesões orais e número de escovagens
Número de escovagens dentárias
Freq
uênc
ia A
bsol
uta Lesões
Sem lesões
�45
5.9 Associação entre o aparecimento de lesões e a ida ao médico dentista
Analisou-se a associação entre a presença de lesões orais e a visita ou não ao médico dentista
para o total da amostra do estudo (n=31), conforme consta do gráfico LVIII, não se tendo
verificado diferenças estatisticamente relevantes (p=0.916).
Calculou-se ainda o Risco Relativo, tendo-se obtido o valor de 0,957.
!
_____________________________________________________________
Gráfico LVIII: Associação entre a presença de lesões orais e a ida ao médico dentista
DISCUSSÃO
1. Pertinência e atualidade do tema
As complicações orais são uma consequência comum do tratamento oncológico com recurso
a quimioterapia e radioterapia, estando descrito na literatura a prevalência de mucosite,
candidíase oral, úlceras orais, estomatites e inflamação gengival nestes pacientes.(22)
Com o crescente número de casos de cancro, com 14,1 milhões de novos casos por ano e 8,2
milhões de mortes por doença oncológica anuais em todo o mundo, é extremamente
importante o estudo continuado destas patologias, nomeadamente de tudo o que pode advir,
ainda que de forma indireta, dos tratamentos oncológicos.(23)
Foi MD Não foi0
5
10
15
Associação entre lesões orais e ida ao médico dentista
Visita ao Médico Dentista
Freq
uênc
ia A
bsol
uta Lesões
Sem lesões
�46
Aliado a estes fatores de crescimento demográfico e relativamente à doença oncológica em
população pediátrica, os dados estatísticos indicam também um ligeiro crescimento da
prevalência de novos casos de cancro nos últimos anos, segundo dados da Organização
Mundial de Saúde.(23,24)
No entanto, mais do que atender aos dados estatísticos, importa analisar ainda as implicações
dos tratamentos oncológicos, como a quimioterapia, na qualidade de vida destas crianças e, a
nível de lesões orais que daí possam resultar, o impacto das mesmas no seu estado geral de
saúde. É nesse ponto que o Médico Dentista pode ser uma mais valia, quando enquadrado
numa equipa clínica multidisciplinar, intervindo por exemplo na redução de sintomatologia
de casos de mucosite.(25)
É assim necessário que seja feita a prevenção destas doenças orais e respetiva sintomatologia,
não limitando a ação do médico dentista apenas à evicção de cáries e considerando as lesões
de tecidos moles, problemas músculo-esqueléticos, problemas de fala ou problemas de
deglutição.(26)
Até à data são poucos os estudos que abordam sequer a prevalência de lesões orais
subsequentes à terapêutica oncológica, como é o exemplo do estudo de Sławińska
e colaboradores(11), sendo que dos estudos existentes na literatura, não foi encontrado
nenhum que apresente como foco e objetivo principal o levantamento dessas lesões em
população pediátrica.
Em Portugal, o levantamento dos dados referentes aos pacientes com história de doença
oncológica, onde se insere naturalmente a população pediátrica, está a cargo do Registo
Oncológico Nacional. No entanto, a última publicação nacional de resultados e análise
estatística dos mesmos, data do ano de 2010.(9)
�47
Mais ainda, no nosso país não existe até à data qualquer levantamento estatístico nacional da
distribuição de doença oncológica pela população com menos de 18 anos de idade
considerando que, o Portal de Informação Português de Oncologia Pediátrica apesar de
efetuar a organização e divulgação dos dados estatísticos disponíveis, utiliza os dados obtidos
através dos diferentes centros de registos oncológicos regionais, apresentando por isso
variações a nível de nomenclatura ou período temporal analisado. (27)
Na literatura não foi encontrado qualquer estudo sobre a prevalência de lesões orais, em
crianças em tratamento oncológico (radioterapia e quimioterapia), quer a nível nacional quer
a nível internacional.
2. Limitações do estudo
Como principais limitações do estudo destaca-se o caráter reduzido da amostra, explicado
pela proveniência dos participantes de apenas um Centro Hospitalar e respetivo serviço de
Oncologia, neste caso em concreto do Serviço de Hemato-Oncologia do Centro Hospitalar de
São João, condicionado pelas questões burocráticas e éticas da inclusão de outros locais
como o Instituto Português de Oncologia do Porto.
Este fator deve ser tido em conta em investigações futuras, propondo-se o alargamento da
amostra para incluir participantes de outros Centros Hospitalares (como por exemplo Lisboa
ou Coimbra) e das várias delegações regionais do Instituto Português de Oncologia, a fim de
tornar o registo destas lesões mais abrangente e de aumentar a significância estatística dos
resultados.
Deixa-se ainda a recomendação de que, num futuro próximo, deva ser ponderada a
possibilidade da recolha a nível nacional da prevalência de lesões orais, neste tipo de
população, propondo-se a criação de uma plataforma de divulgação pública dos dados para
efeitos académicos e científicos no estudo do tema.
�48
3. Caracterização da amostra
A amostra do estudo foi constituída por 31 crianças em tratamento oncológico, das quais 14
do sexo masculino e 17 do sexo feminino, existindo por isso uma boa distribuição da amostra
em relação ao género, semelhante ao encontrado no estudos de Döring e colaboradores (2) e de
Vargas e colaboradores. (28,29)
Quando analisado o parâmetro da faixa etária dos participantes, apenas se definiu a idade
maxima da criança (18 anos), de acordo com o que se considera atualmente como idade
pediátrica, consideração idêntica ao estudo de Velten e colaboradores.(15)
Relativamente à raça, 90,32% da amostra do estudo era de raça caucasiana, prevalecendo este
valor sobre a raça negra e assemelhando-se aos resultados de Silva e colaboradores.(30)
O estudo de Sławińska e colaboradores(11) descreve ainda o tipo de cancros mais prevalentes
nos pacientes a efetuar tratamento de quimioterapia, sendo que o Meduloblastoma com
12,5% mostrou ser o mais comum. Os dados deste estudo corroboram essa informação,
destacando-se o Meduloblastoma (29,03%) como o cancro mais prevalente na amostra
estudada, seguido do Glioblastoma e do Glioma com 19,35% cada.
Ainda referente à doença oncológica e quando avaliado o local do tumor principal, a medula
óssea foi o local de maior prevalência, para o tipo de cancro com mais lesões na cavidade
oral, no estudo de Sonis e colaboradores.(22)
Já neste estudo a localização mais prevalente da doença oncológica foi no cérebro, em
51,61% dos indivíduos, seguida do olho com 22,58. Apenas 1 criança apresentava a
localização principal do tumor na medula óssea.
Quanto à toma de medicação e respetivos grupos farmacológicos prescritos neste tipo de
população, não foi encontrado na literatura qualquer estudo sobre essa temática a fim de
corroborar o valor de 87,10% da amostra que toma medicação de forma regular.
�49
4. Caracterização da Dieta
Sławińska e colaboradores(11) avaliaram os hábitos nutricionais das crianças de acordo com o
consumo de alimentos açucarados por dia sendo que 48,3% reportaram o consumo de mais de
3 alimentos deste tipo por dia.
Estes dados são semelhantes aos obtidos no presente estudo, onde os pais ou responsáveis
legais revelam que 29,03% dos participantes consome chocolates, gomas ou outros alimentos
com açúcar fora das refeições (entre 1 ou 2 vezes por dia) e 30% consome sumos de frutas de
forma regular, durante as refeições, talvez devido à capacidade de muitas crianças tolerarem
melhor a ingestão de sumos de frutas em oposição à ingestão de fruta solida, em virtude dos
enjoos provocados pelo tratamento.
Ainda respeitante à nutrição e, quando questionados sobre se consideram que a criança tem
uma dieta equilibrada, 74,19% respondem que as crianças têm hábitos alimentares saudáveis.
Uma possível explicação para os restantes 25,81% pode passar pela incapacidade de algumas
crianças tolerarem uma dieta normal, preterindo-a em função de uma dieta exclusivamente
mole ou líquida, quando lesões orais como a mucosite estão presentes, comprometendo uma
nutrição correta e equilibrada.(31)
5. Caracterização da Saúde Oral
Dentro das características avaliadas, 74,19% dos participantes já tinham ido a uma consulta
de Medicina Dentária sendo que, a maioria dos participantes, realizava pelo menos duas
escovagens por dia.
Estes dados são corroborados pela literatura científica existente, nomeadamente pelo estudo
de Taheri e colaboradores(32), onde mais de 70% dos participantes reportam semelhante
número de escovagens dentárias.
�50
Taheri (32) comprovou ainda que o uso de fio dentário como meio auxiliar de higiene oral era
utilizado de forma regular por 30% dos participantes do estudo, o que contrasta com os dados
obtidos no presente estudo em que apenas 11,11% das crianças utilizavam fio dentário ou
escovilhão.
Tendo em conta que a prescrição de colutório ou elixir bucal é realizada por alguns dos
medicos oncologistas do serviço hospitalar, como parte do protocolo, esse facto pode
justificar esta diferença estatística.
Relativamente à história de dor dentária e de dor noutros locais da cavidade oral, a grande
maioria dos pacientes relataram ter tido algum tipo de dor, em que 51,61% das crianças
tiveram dor em algum local da cavidade oral que não os dentes, resultados semelhantes ao
demonstrado pelo estudo de Taheri e colaboradores.(32)
Este dado pode ainda estar relacionado com os casos de mucosite encontrados onde, a grande
maioria dos participantes relata dor associada à lesão, conforme defendido por Bayer e
colaboradores.(33)
6. Exame clínico
Exame Extra-Oral
Não foram encontrados dados particularmente significativos a nível estatístico no que
respeita à assimetria facial e pigmentação facial nesta amostra contudo a avaliação deste tipo
de parâmetros encontra-se normalmente associado a condições ou patologias de rara
incidência, tal como explicado por Pinto e colaboradores(34), razão que pode explicar a falta
de significância.
Procedeu-se neste estudo à avaliação ganglionar, nomeadamente à presença ou ausência de
tumefação nas cadeias ganglionares próximas da face e tecidos orais, visto que a tumefação
ganglionar pode ser um dos principais sinais de alguns tipos de doenças oncológicas. (35,36)
Não foram contudo encontradas alterações ganglionares estatisticamente relevantes dado que
87,10% das crianças apresentava gânglios normais.
�51
Exame Intra-Oral
Procedeu-se à avaliação da língua das crianças durante o exame, tendo-se obtido 25,81% de
crianças com algum tipo de alteração língua, dados semelhantes ao estudo de Taheri e
colaboradores(32) onde se relata uma taxa de prevalência de crianças com candidíase oral que
pode atingir os 33%.
Quanto avaliadas as hipoplasias dentárias, os resultados deste estudo (n=8) são corroborados
pela literatura existente, onde Sławińska e colaboradores(11) referem uma baixa incidência de
hipoplasias e opacidades neste tipo de pacientes. No que diz respeito à cronologia de erupção dentária, 6 crianças apresentavam um atraso na
erupção dentária, facto que pode ser explicado por alguma da bibliografia existente sobre o
tema, como é o caso do estudo de Medak e colaboradores (37) onde se defende que a radiação
pode não só retardar como interromper completamente a erupção dentária.
7. Avaliação das lesões orais e associação de variáveis de estudo
No parâmetro de avaliação de lesões orais destaca-se em primeiro lugar a prevalência de
algum tipo de lesão na cavidade oral em 15 crianças.
De acordo com a literatura existente sobre a prevalência de lesões orais, consequentes destes
tratamentos, alguns autores como Chaiyasate(16) reportam que 100% dos participantes
relatava ter tido pelo menos uma complicação oral durante o decorrer dos tratamentos e
Taheri e colaboradores(32) apresentam taxas de prevalência semelhantes numa das fases do
exame clínico.
Já Sonis e colaboradores(22) indicam no seu estudo que 55% dos pacientes submetidos a
radioterapia apresentavam algum tipo de lesão na cavidade oral, referenciando valores mais
semelhantes aos obtidos no decorrer deste estudo.
�52
Quando analisado o tipo de lesões orais e a respetiva prevalência, a literatura existente não é
consensual. Ainda assim, segundo Martins e colaboradores(38), podemos definir a Mucosite, a
Xerostomia e as Infeções como o tipo de lesões orais mais prevalentes e que advém de
tratamentos de quimioterapia.
Estes dados parecem atestar os resultados obtidos onde a maior prevalência de lesões é
atribuída à Candidíase oral (n=7), seguida da Mucosite (n=4) e das Úlceras Orais (n=4).
Se analisarmos a literatura referente à Candidíase oral verificamos que, segundo Taheri e
colaboradores(32), os valores de prevalência atingem 80% dos participantes enquanto que, de
acordo com o estudo de Ahadian e colaboradores(19), esse número atinge 100% da amostra.
Quando comparados estes dados com os resultados obtidos verificamos contudo valores de
incidência menores, com apenas 36,84% de casos de Candidíase oral, provavelmente
justificados pelo nível reduzido da amostra.
Relativamente à Mucosite, 21,05% das crianças apresentavam esta patologia (n=4), sendo
que todos os casos correspondiam ao grau I segundo o National Cancer Institute.(7) Estes
dados por comparação com outros estudos efetuados, como o de Ahadian e colaboradores(19)
ou o de Taheri e colaboradores(32), apresentam valores muito mais baixos de prevalência,
sendo que estes dois autores apresentam níveis de incidência que atingem a totalidade dos
participantes do estudo (n=144 e n=30 respetivamente).
Esta variação pode ser explicada pela diferença na metodologia e tipo de estudo de
investigação utilizado dado que nos casos referidos acima foi realizado um estudo de coorte,
em oposição a este estudo, de caráter observacional descritivo, em momento único.
Importa contudo referir que, os resultados obtidos neste estudo, são mais semelhantes às
conclusões obtidas por Castro e colaboradores(17) onde a prevalência de Mucosite oral foi de
57,5% (n=23).
Segundo Chaiyasate e colaboradores(16), a Xerostomia apresenta-se como outro efeito
adverso, associado à radioterapia, bastante comum, apresentando valores de prevalência de
97,5%.
�53
Embora os resultados obtidos no presente estudo não tenham sido tão significativos, destaca-
se contudo que mais de 40% das crianças apresentava um ou ambos os lábios como secos
(relatando sensação de boca seca), o que coloca a Xerostomia como um dos efeitos adversos
mais comuns nas crianças em tratamento oncológico e se enquadra na maioria da literatura
existente. (16,19,31)
No que concerne ao aparecimento de Úlceras orais, a literatura não apresenta resultados
constantes sendo que Taheri e colaboradores(32) referem valores de prevalência destas lesões
entre 3% e 90%, dependendo da fase em que os participantes do estudo foram observados.
Já relativamente a este estudo, 21,05% das crianças apresentavam úlceras orais, valores
semelhantes ao estudo de Ahadian e colaboradores(19), onde a prevalência destas lesões foi de
29,1%.
Ainda respeitante ao tipo de lesões encontradas, foi encontrado apenas 1 caso de Queilite
Angular sendo que a baixa prevalência dessa lesão se enquadra nos estudos de Taheri e
colaboradores(32) onde estas lesões têm uma reduzida incidência, em valores até 26% das
crianças.
Já relativamente à distribuição de lesões por local da cavidade oral, os resultados do estudo
indicam uma prevalência superior de lesões na língua (36,84%), apesar de haver uma
dispersão semelhante de incidência nos vários locais da cavidade oral (como o palato ou a
mucosa jugal), dados corroborados pelo estudo de Silva e colaboradores.(30)
No que respeita às associações de variáveis, importa referir que não foi encontrada nenhuma
diferença estatisticamente significativa entre género masculino e feminino dos participantes
com lesões orais (p=0,7224), resultados semelhantes aos dos estudos existentes na literatura
disponível.(15,17,22)
Analisou-se ainda a relação entre a dor dentária e a escovagem, tendo-se verificado que as
crianças que escovavam pelo menos duas vezes por dia apresentavam menos relatos de dor
dentária, do que quando comparadas com as crianças que escovavam menos de duas vezes,
facto que é suportado pelo estudo de Khanal e colaboradores.(39)
�54
Quando efetuada a associação entre lesões orais e número de escovagens dentárias, não
foram encontrados muitos estudos de investigação que tivessem em conta essas variáveis,
com excepção da associação entre o maior número de lesões cariosas com o menor número
de escovagens.(40,41,42)
No presente estudo foi contudo calculada essa associação, através da medida de associação
do Risco Relativo, sendo que as crianças que escovavam menos de duas vezes os dentes
tinham 38,8% mais probabilidade de desenvolver lesões orais.
Finalmente e, referente à associação entre o aparecimento de lesões orais e a ida ao médico
dentista pelo menos uma vez, não foram encontrados resultados estatisticamente relevantes,
uma vez que a ida ao médico dentista pode ter ocorrido muito tempo antes do inicio dos
tratamentos, pela ausência de limites temporais definidos para esse parâmetro.
CONCLUSÃO
No presente estudo foi analisada a prevalência de lesões orais em crianças sob tratamento
oncológico, tendo-se obtido os resultados mais relevantes apresentados abaixo:
- A grande maioria das crianças estava a efetuar tratamento oncológico (90,32%)
- A doença oncológica mais prevalente na amostra foi o Meduloblastoma (29,03%)
- A localização da doença oncológica mais prevalente foi no Cérebro (51,61%)
- A maior parte dos participantes estava a realizar ou tinha realizado quimioterapia
(96,77%) enquanto que apenas cerca de metade (54,84%) realizava ou tinha realizado
radioterapia
�55
- Mais de 80% das crianças tomavam medicação regular sendo que os Antibióticos
eram o grupo farmacológico mais prescrito na população
- 38,71% das crianças tinham história de doença hereditária na família
- Quase metade das crianças com história de doença hereditária (45,45%) tinha historial
de doença oncológica na família
- 64,52% das crianças já tiveram pelo menos uma dor de dentes
- Mais de metade dos participantes (51,61%) teve dor noutro local da cavidade oral
durante os tratamentos
- A maioria dos participantes relatou dor durante os ciclos de quimioterapia (37,5%)
- Mais de metade das crianças (54,84%) escova os dentes pelo menos duas vezes por
dia
- Relativamente à utilização de meios auxiliares de Higiene Oral, apenas 9 crianças
reportavam utilizar estes métodos e, dessas, 8 utilizam colutórios ou elixires bucais
- Quando questionados sobre a dieta a maioria dos pais considerava que as crianças
tinham uma dieta equilibrada (74,19%)
- Mais de 40% das crianças tinha, pelo menos um dos lábios, seco.
- Cerca de metade das crianças (n=15) apresentava lesões orais decorrentes dos
tratamentos
- O tipo de lesão oral mais frequente foi a candidíase oral (n=7) seguida da mucosite e
úlceras orais (n=4)
- Não existiram diferenças significativas entre o género dos participantes com lesões
orais (p=0,5761)
- Os pacientes que escovavam os dentes duas ou mais vezes por dia apresentavam
menos dor dentária
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- Escovar os dentes pelo menos 2 vezes por dia diminui em 38,8% o risco de
desenvolver lesões orais
- Ter ido ao médico dentista pelo menos uma vez não interfere substancialmente com o
risco de desenvolver lesões (reduz o risco em 1%)
- A idade não é um fator estatisticamente relevante no aparecimento de lesões orais
Na sequência dos resultados obtidos será elaborado ainda um folheto informativo,
destinado aos pais, encarregados de educação ou responsáveis legais destas crianças, por
forma a alertar e sensibilizar para as consequências, a nível da cavidade oral, que podem
advir dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, bem apresentar sugestões para
minorar ou suprimir a sintomatologia associada.
Recomenda-se também, com base nos resultados obtidos no desenvolvimento deste
projeto de investigação, que seja criado um protocolo de consulta de medicina dentária,
uniforme e extensível a toda a população pediátrica que vai iniciar ou que está em
tratamento oncológico, visando uma detecção acompanhamento e tratamento precoces
destas lesões.
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ANEXOS
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