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PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MATERIAIS CERÂMICOS Área INDUSTRIAL Ano : 4 ano

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MATERIAIS CERAMICOS 4 ano

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PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

MATERIAIS CERÂMICOS

Área INDUSTRIAL

Ano : 4 ano

ENGENHARIA INDUSTRIAL

Prof. Cláudio Antonio GarciaProcessos de Fabricação 2Ano: revisada em julho de 2011.

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Cerâmica.

cerâmica (do grego κέραμος — "matéria-prima queimada"[1][2] ) é a atividade ou a arte de produção de artefatos cerâmicos. Qualquer classe de material sólido inorgânico, não-metálico (não confundir com termo ametal) que seja submetido a altas temperaturas (aprox. 540°C) durante manofatura ou uso. Geralmente uma ceramica é um óxido metálico, boreto, carbeto, ou nitreto, ou uma mistura, ou um composto de tais materiais, podendo incluir aníons.[3]

Tipos de cerâmica

As cerâmicas são comumente dividas em dois grandes grupos:

Cerâmica Tradicional - Inclui cerâmica de revestimentos, como ladrilhos, azulejos e também potes, vasos, tijolos e outros objetos que não tem requisitos tão elevados se comparados ao grupo seguinte.

Cerâmica Avançacada , ou de engenharia - Geralmente são materiais com solicitações maiores e obtidos apartir de matéria prima mais pura. Alguns exemplos são substratos para chips de microprocessadores, cordierita como suporte para catalisador automotivo [4], ferramentas de corte para usinagem, tijolos refratários para fornos.[5]

Classificação

Os materiais cerâmicos podem ser classificadas de diversas formas, o mais usual é classifcação por aplicação. Outras formas de classificação mais aprimoradas são:

Composição química o Óxidos , Carbetos, Nitretos e Oxinitretos.

Origem Mineralógica o Quartzo , bauxita, mulita, apatita, zircônia, entre outros.

Método de moldagem o Compressão isostática, colagem por barbotina (slip casting), extrusão e

moldagem por injeção, calandragem entre outros. [6]

História da cerâmica

As peças de cerâmica mais antigas são conhecidas por arqueólogos foram encontradas na Tchescolováquia, datando de 24,500 a.C. Outras importante peças cerâmicas foram encontradas no Japão, na área ocupada pela cultura Jomon há cerca de oito mil anos,

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talvez mais. Peças assim também foram encontradas no Brasil na região da Floresta Amazônica com a mesma idade. São objetos simples. A capacidade da argila de ser moldada quando misturada em proporção correta de água, e de endurecer após a queima, permitiu que ela fosse destinada ao armazenamento de grãos ou líquidos, que evoluíram posteriormente para artigos mais elaborados, com bocais e alças, imagens em relevo, ou com pinturas vivas que possivelmente passaram a ser considerados objetos de decoração. Imagens em cerâmica de figuras humanas ou humanóides, representando possivelmente deuses daquele período também são freqüentes. Parte dos artesãos também chegou a usar a argila na construção de casas rudes. Em outros lugares como na China e no Egito, a cerâmica tem cerca de 5000 anos. Tendo destaque especial o túmulo do imperador Qin Shihuang e seus soldados de terracota. No Egito, a arte de vidrar é datada em cerca de 3000 anos a.C.. Colares de faianças vidradas aparecem entre as relíquias do 3o. milênio, juntamente com estatuetas e amuletos. O mais velho fragmento de cerâmica vidrada foi feito em policromia, trazendo o nome do rei Mens do Egito. Outras manifestações importantes na história da cerâmica foram os Babilônicos e os assírios que utilizavam cerâmica com ladrilhos esmaltados em azul, cinza azulado e creme e ainda relevos decorados (século VI a.C.), bem como os persas com sua fabricação de objetos em argila cozida em alto brilho, e das cores obtidas misturando óxidos metálicos, método usado ainda nos nossos dias. Com o tempo, a cerâmica foi evoluindo e ganhando os nossos dias, mas não sem contar com os esforços dos gregos, romanos, chineses, ingleses, italianos, franceses, alemães e norte-americanos. A esmaltação industrial teve início por volta de 1830, na Europa Central. Por muitos anos, as placas cerâmicas foram conhecidas como sinônimo de requinte e luxo. Após a segunda Guerra Mundial, houve um grande aumento da produção de revestimento cerâmico, por conseqüência do desenvolvimento de novas técnicas de produção. Isso fez com que os preços começassem a baixar, possibilitando a uma faixa maior de classes sociais a condição de adquirir o produto cerâmico. Nesta época, as placas cerâmicas eram utilizadas primordialmente em banheiros e cozinhas. Com o passar dos anos, a indústria cerâmica se desenvolveu com grande rapidez. Novas tecnologias, matérias-primas, formatos e design foram desenvolvidos, o que proporcionou a migração da cerâmica do banheiro e cozinha para outras partes da casa, aliás, acabou migrando também para fora dos portões das residências, indo para shoppings, aeroportos, hospitais, hotéis, entre outros locais. No tocante da tecnologia atual, o uso da cerâmica não se restringe apenas aos tijolos refratários, mas também em aplicações aeroespaciais e de tecnologia de ponta, como na blindagem térmica de ônibus espaciais, na produção de nanofilmes, sensores para detectar gases tóxicos, varistores de redes elétricas entre outros.

Cerâmica tradicional

As principais matérias-primas são o Feldspato (particularmente os potássicos), a sílica e a argila. Além destes três principais componentes, as cerâmicas podem apresentar aditivos para o incremento de seu processamento ou de suas propriedades finais. Após submetida a uma secagem lenta à sombra para retirar a maior parte da água, a peça moldada é submetida a altas temperaturas que lhe atribuem rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da massa, fixando os esmaltes das superfícies. A cerâmica pode ser uma actividade artística, em que são produzidos artefactos com valor estético, ou uma actividade industrial, através da qual são produzidos artefactos com valor utilitário. De acordo com o material e técnicas utilizadas, classifica-se a cerâmica em :

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terracota - argila cozida no forno, sem ser vidrada, embora, às vezes, pintada cerâmica vidrada - o exemplo mais conhecido é o azulejo grês - cerâmica vidrada, às vezes pintada, feita de pasta de quartzo, feldspato,

argila e areia faiança - louça fina obtida de pasta porosa cozida a altas temperaturas,

envernizada ou revestida de esmalte sobre o qual pintam-se motivos decorativo

Cerâmica artística

Com possível exceção do fabrico de tijolos e telhas, geralmente utilizados na construção desde a antiguidade na Mesopotâmia, desde muito cedo a produção cerâmica deu importância fundamental à estética, já que seu produto, na maioria das vezes, destinava-se ao comércio. Talvez por esta razão a maioria das culturas, desde seus albores, acabou por desenvolver estilos próprios que com o passar do tempo consolidavam tendências e evoluíam no aprimoramento artístico, a ponto de se poder situar o estado cultural de uma civilização através do estudo dos artefatos cerâmicos que produzia. Afora a cerâmica para a construção, a cerâmica meramente industrial só ocorreu na Antiguidade em grandes centros comerciais, iniciando vigorosa etapa com a Revolução industrial. Com a utilização da porcelana, a cerâmica alcançou níveis elevados de sofisticação

Cerâmica industrial

A indústria cerâmica é responsável pela fabricação de pisos, azulejos e revestimento de larga aplicação na construção civil, bem como pela fabricação de tijolos, lajes, telhas, entre outros. Ainda, o setor denominado cerâmica tecnológica, é responsável pela fabricação de componentes de alta resistência ao calor e de grande resistência à compressão. Atualmente a cerâmica é objeto de intensa pesquisa tendo em vista o aproveitamento de várias das propriedades físicas e químicas de um grande número de materiais, principalmente a semicondutividade, supercondutividade e comportamento adiabático.

Cerâmica de revestimento.

A cerâmica de revestimento é uma mistura de argila e outras matérias-primas inorgânicas, queimadas em altas temperaturas, utilizada em larga escala pela Arquitetura. Sua aplicação com esses fins teve início com as civilizações do Oriente Próximo e na Ásia .

Na arquitetura européia, a cerâmica de revestimento se fez presente desde que os primeiros edifícios de tijolo ou pedra foram erguidos. O seu uso na arquitetura foi dirigido tanto a um apelo decorativo, quanto prático. Em razão de suas características o azulejo torna as residências mais frescas e reduz os custos de conservação e manutenção, já que é refratário à ação do sol e impede a corrosão das paredes pela umidade.

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As limitações iniciais da técnica vêm sendo superadas pela descoberta e implantação de novos usos e processos, determinados, basicamente, pela pesquisa e adoção de mudanças tecnológicas, por exemplo, na bitola e no formato das peças, nos métodos de queima, no tamanho e tipo de fornos, nas técnicas de esmaltação, entre outros.

Aplicação e uso

A placa cerâmica pode ser utilizada para os revestimentos de pisos, paredes, na forma de azulejos, ladrilhos e pastilhas, tanto em ambientes residenciais, públicos e comerciais como em industriais. O desempenho técnico do material explica suas vantagens de uso:

proteção contra infiltrações externas, maior conforto térmico no interior das edificações, boa resistência às intempéries e à maresia, proteção mecânica de grande durabilidade, longa vida útil e fácil limpeza e manutenção.

O assentamento se encontra hoje fora do controle da indústria, estando mais ligado aos prestadores de serviços independentes. No entanto, quaisquer falhas no assentamento, refletem-se negativamente na indústria e na imagem geral do produto cerâmico.

Alguns dos principais defeitos relacionados ao assentamento malfeito e a outros fatores do processo são:

eflorescência . destacamento . Ocorre pela dilatação/retração do contrapiso e pela falta de junta

ou outros fatores distintos. gretamento . Acontece quando o esmalte se rompe devido à incompatibilidade de

dilatação entre a base e o esmalte, agravada pela variação de umidade e temperatura.

desgaste prematuro do esmalte.

Pré-producão

A pré-produção equivale a primeira etapa do processo de fabricacão da cerâmica de revestimento. Esta etapa consiste na extração da matéria-prima necessária para preparação das massas (pasta homogênea com um conteúdo predefinido de água, que alimentará as maquinas de conformação no processo produtivo), bem como seu armazenamento e estocagem.

Extração da matéria-prima

Para a produção da cerâmica de revestimento, utilizam-se matérias-primas classificadas como plásticas e não-plásticas.

As principais matérias-primas plásticas são:

argilas plásticas (queima branca ou clara);

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argilas fundentes (queima vermelha); caulim

Dentre as matérias não-plásticas, destacam-se:

filitos ; fundentes feldspáticos ; talco ; carbonatos

Cada matéria-prima exerce uma função específica durante o processo produtivo, porém as plásticas são essenciais na fase de conformação, pois fornecem à massa a plasticidade necessária, para se obter um revestimento de alta qualidade mecânica. Já os materiais não-plásticos, atuam principalmente na fase do processamento térmico e nas misturas com argilas, para a produção da massa.

Armazenamento e estocagem das matérias-primas

As matérias-primas são transportadas do local de extração, sendo descarregadas e armazenadas em depósito, descoberto ou coberto, em lotes separados segundo o tipo das mesmas. O sazonamento a céu aberto das argilas, atua de forma mais positiva no tratamento. O processo de intemperismo alivia as tensões nos produtos conformados, auxiliando na plasticidade, na trabalhabilidade da argila e na homogeneização e distribuição da umidade nas massas. As matérias-primas devem ser desagregadas ou moídas, classificadas de acordo com a granulometria e muitas vezes também purificadas.

Produção

O processo de produção da Cerâmica de Revestimento é bastante automatizado, utilizando equipamentos de última geração, mas existe interferência humana nas atividades de controle do processo, inspeção da qualidade do produto acabado, armazenagem e expedição.

Preparação dos materiais

Os materiais utilizados para a fabricação da cerâmica de revestimento são:

o pó, que constitui o produto resultante da fase da preparação das massas; e as fritas ou esmalte, que é uma cobertura vitrificada impermeável aplicada no

biscoito.

Massa para conformação por extrusão

Consiste em uma pasta homogênea com um conteúdo predefinido de água (em torno de 15%), a qual irá imediatamente alimentar a extrusora. A massa é introduzida na extrusora e através da aplicação de uma pressão é empurrada por uma abertura devidamente modelada de maneira, a reproduzir a seção transversal do revestimento. A

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extrusora é dotada de uma câmara a vácuo para facilitar a desareação da massa, na qual sai em uma fita contínua e é cortada conforme o tamanho especificado do revestimento.

Massa para conformação por prensagem

Consiste em um pó com predefinida distribuição granulométrica e com um conteúdo predefinido de água (entorno de 4 a 6%). A prensagem consiste na compactação do pó sobre um molde, através da pressão de um punção, que pressiona para reassentar e colocar os grãos da massa em íntimo contato, resultando assim, em um produto compactado e cru.

Conformação do produto final

Os principais materiais de ingresso nesta etapa do processo produtivo são a pasta ou o pó, dependendo do tipo de conformação. O revestimento “verde” formado nesta etapa possui praticamente a mesma umidade da massa de ingresso.

Secagem

A secagem do produto moldado assegura a integridade e regularidade dimensional do produto, prevenindo quebras e distorções. O material proveniente das máquinas de conformação é seco, passando a conter 1% de água.

Os tipos de secadores mais difundidos são os de funcionamento através de ar quente. O ar quente é utilizado para favorecer a difusão da água de dentro para fora e para a evaporação da água da superfície da peça.

Queima

Na etapa de queima o revestimento adquire características mecânicas adequadas e estabilidade química para as diversas utilizações.

Existem dois processos principais de queima: monoqueima e biqueima:

A monoqueima é um procedimento na qual são queimados, simultaneamente, a base e o esmalte, em temperaturas que giram em torno de 1000ºC a 1200ºC. Esse processo determina maior ligação do esmalte ao suporte (base), conferindo-lhe melhor resistência à abrasão superficial, dependendo das características técnicas do esmalte aderido e maior resistência mecânica à flexão. A baixa ou alta absorção de água depende do produto produzido, pois pode-se ter tanto um porcelanato esmaltado e queimado nas condições de monoqueima, com um %Aa de 0,05, quanto uma monoporosa que tem %Aa acima de 10%.

A biqueima é o processo mais obsoleto, no qual o tratamento térmico é dado apenas ao esmalte, pois o suporte já foi queimado anteriormente.

Uma outra técnica utilizada hoje por algumas empresas é a terceira queima, que consiste em criar efeitos de decoração sobre o esmalte já queimado e recolocá-lo no forno sob temperaturas mais baixas, para obter o design definitivo.

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Acabamento

Corte

Produz peças para utilidades especiais:

com bordas aparadas, para uso em ângulos externos com furos, para uso em equipamentos específicos

Polimento

Tem como finalidade o polimento e o lustre de superfícies cerâmicas. Para este processo é necessário o controle do pó resultante das operações, como também da temperatura, através da utilização de água.

Esmaltação

A aplicação de decorações e esmaltes superficiais são realizadas em uma linha contínua de máquinas:

campana , disco, aerógrafo , máquina serigráfica

As matérias primas utilizadas para a produção do esmalte são caulim, fritas,pigmentos, areia e óxidos diversos, com um teor de água na ordem de 40%.

Seleção e embalagem

A seleção elimina peças defeituosas e distribui os revestimentos provenientes do setor de queima, em lotes homogêneos por tipo, tonalidade cromática e pelos calibres. Depois são embalados em caixas de papelão e destinados as lojas para comercialização. Os revestimentos cerâmicos recebem a nomenclatura A, B, C, D, conforme os defeitos. Os produtos B, C, D são respectivamente, 15%, 40% e 60% mais baratos que o produto A.

Descarte

Em quase todo o processo de fabricação da cerâmica de revestimento, há algum tipo de descarte de resíduo, sendo este não mais reutilizado. Na indústria brasileira de revestimentos cerâmicos o volume de material descartado por quebra representa em média 3% de toda produção nacional.

O que não pode ser nem reutilizado e nem reciclado, é despejado em lixos urbanos, mais ou menos autorizados, ou mesmo dispersos no ambiente. No caso dos despejos em centros legais de processamento de lixo, os produtos eliminados devem ser devidamente recolhidos e transportados, bem como devem ser tratados aqueles que apresentarem substâncias tóxicas ou nocivas. Alguns esmaltes utilizados no processo de fabricação da cerâmica contêm metais pesados como chumbo e cádmio, e se a frita

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utilizada for à base de sódio, solubiliza-se em presença de água e pode contaminar o solo.

Reaproveitamento da quebra

Ao longo dos últimos anos, vários estudos e testes foram promovidos, visando a reutilização dos cacos gerados no processo. A presença do esmalte cerâmico queimado e tonalidades da massa impediram o seu uso. A massa cerâmica evoluiu na sua formulação e novos testes foram feitos permitindo a adição do caco (quebra) moído em percentuais reduzidos, que juntado a um trabalho constante de redução das quebras nos fornos, a curto prazo permitirá incorporar toda a quebra novamente no processo. O Sistema de moagem e Reaproveitamento da quebra é isto: uma central para onde é deslocada toda a quebra gerada nos processos de produção das Cerâmicas. São utilizados equipamentos para a britagem destas quebras (conjunto de britadores primário e secundário), reduzindo a pó a quebra gerada nos mais diversos formatos e dimensões. Este pó é reutilizado na formulação da massa em percentuais que não interferem na qualidade do produto final.

Reciclagem

A reciclagem da cerâmica de revestimento é possível através da reutilização dos resíduos sólidos da fabricação. Os resíduos originários do processamento do azulejo, através da biqueima, constituem peças finas, porosas e frágeis. São reciclados para a moagem a úmido, onde são misturados a outras matérias primas para a obtenção da massa cerâmica.

O chamote de pavimentos gresificados é o resíduo sólido do processo de fabricação do revestimento cerâmico, descartado por quebras ou defeitos visuais e dimensionais, que inviabilizam sua utilização. A cerâmica já queimada não é biodegradável por reagir ao calor ou à chuva, tendo como única saída ecologicamente correta a reciclagem. Os resíduos de pavimentos gressificados passam por um processo mais complicado de reciclagem, por terem características mais resistentes e maior densidade devido ao processo de monoqueima onde as peças são queimadas até 1220ºC. Métodos invoadores de reciclagem de pavimentos gressificados utilizam o chamote moído a seco, transformado em pó, e depois misturado à massa cerâmica, num índice de reutilização de 3% dos resíduos.

A reciclagem diminui o impacto ambiental e os custos de produção das empresas caem, pois os próprios resíduos são reutilizados como matéria-prima, retornando ao início do ciclo de produção da cerâmica de revestimento.

Fabricante

De acordo com a Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento), existem 94 empresas de revestimentos em operação no Brasil e praticamente todas utilizam gás em suas linhas de produção. As empresas absorvem 800 milhões de metros cúbicos por ano, volume que equivale a 10% de todo o gás importado da Bolívia e a 6% do total consumido no País.

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Os fabricantes nacionais estão entre os principais usuários do produto que corresponde a cerca de 30% dos custos de produção. Em 1º de setembro, a Petrobrás aplicou um acréscimo de 13% sobre o gás boliviano e, em 1º de novembro, o insumo importado terá outro aumento de 10%.

Design Cerâmico

O Design Cerâmico trata desde a conformação do produto em si (composição da pasta, tipo de queima,acabamentos) a sua aparência superficial (desenhos, tendências).

O desenvolvimento da técnica e da sensibilidade estética aplicada ao material aliados a inerente capacidade decorativa das superfícies cerâmicas criou uma gama variada de padrões e motivos, texturas e efeitos.

A integração da cerâmica ao Design Industrial moderno e contemporâneo tem ampliado os efeitos práticos e semânticos deste produto, gerando superfícies com resultados visuais cada vez mais atrativos e tecnicamente corretos, em um sem número de possibilidades.

Azulejo.

Fotografia do painel de azulejos da praça de José da Costa, Oliveira de Azeméis, Portugal.

O termo azulejo designa uma peça de cerâmica de pouca espessura, geralmente, quadrada,[1] em que uma das faces é vidrada, resultado da cozedura de um revestimento geralmente denominado como esmalte, que se torna impermeável e brilhante.[2] Esta face pode ser monocromática ou policromática, lisa ou em relevo. O azulejo é geralmente usado em grande número como elemento associado à arquitetura em revestimento de superfícies interiores ou exteriores ou como elemento decorativo isolado.[1]

Os temas oscilam entre os relatos de episódios históricos, cenas mitológicas, iconografia religiosa e uma extensa gama de elementos decorativos (geométricos, vegetalistas etc)

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aplicados a paredes, pavimentos e tectos de palácios, jardins, edifícios religiosos (igrejas, conventos), de habitação e públicos.[3]

Com diferentes características entre si, este material tornou-se um elemento de construção divulgado em diferentes países, assumindo-se em Portugal como um importante suporte para a expressão artística nacional ao longo de mais de cinco séculos,[3] onde o azulejo se transcende para algo mais do que um simples elemento decorativo de pouco valor intrínseco. Este material convencional é usado pelo seu baixo custo, pelas suas fortes possibilidades de qualificar esteticamente um edifício de modo prático. Mas nele se reflete, além da luz, o repertório do imaginário português, a sua preferência pela descrição realista, a sua atracção pelo intercâmbio cultural. De forte sentido cenográfico descritivo e monumental, o azulejo é considerado hoje como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, onde se dá a conhecer, como num extenso livro ilustrado de grande riqueza cromática, não só a história, mas também a mentalidade e o gosto de cada época.[3]

Atualmente, a procura por azulejos tem se dado menos por seu valor decorativo e mais por suas características impermeabilizantes, sendo muito utilizado em cozinhas, banheiros e demais áreas hidráulicas.[4]

Técnica e terminologia da azulejaria

Azulejo alicatado em El-Hedine, Marrocos.

Técnica desenvolvida e implementada pelos mouros na Península Ibérica e seguida em Espanha com assimilação do gosto pela decoração geométrica e vegetalista, no que se designaria no barroco como horror vacui (horror ao vazio).

Esta técnica necessita de um barro homogéneo e estável, onde, após uma primeira cozedura, se cobre com o líquido que fará o vidrado. Os diferentes tons cromáticos obtêm-se a partir de óxidos metálicos: cobalto (azul), cobre (verde), manganésio

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(castanho, preto), ferro (amarelo), estanho (branco). Para a segunda cozedura as placas são colocadas horizontalmente no forno assentes em pequenos tripés de cerâmica designados de trempe. Estas peças deixam três pequenos pontos marcados no produto final, hoje em dia importantes na avaliação de autenticidade.[5]

Inicialmente o azulejo não tinha uma dimensão normalizada, mas em Portugal, a partir do século XVI o azulejo passou a ter uma medida quadrada variável entre 13,5 e 14,5 cm, como consequência do aumento de produção pelo maior número de encomendas. Essa situação perdurou até o século XIX.

Alicatado

Técnica para revestimentos em que se agrupam pedaços de cerâmica vidrada cortados em diferentes tamanhos e formas geométricas com a ajuda de um alicate. Cada pedaço é monocromático e faz parte de um conjunto de várias cores que pode ser mais ou menos complexo, semelhante ao trabalho com mosaico. Esta técnica esteve em voga nos séculos XVI e XVII, mas pela sua morosidade acabou por ser substituído por outras técnicas posteriores.

Corda-seca

Técnica do final do século XV e início do XVI em que a separação das cores ou motivos decorativos é feita abrindo sulcos na peça que, preenchidos com uma mistura de óleo de linhaça, manganés e matéria gorda, evitam que haja mistura de cores (hidro-solúveis) durante a aplicação e a cozedura.

Azulejo de aresta em Fez, Marrocos.

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Aresta (ou Cuenca)

Técnica do período da corda-seca em que a separação das cores é feita levantando arestas (pequenos muros) na peça, que surgem ao pressionar o negativo do padrão (molde de madeira ou metal) no barro ainda macio. Este processo mais simplificado reduz o preço do produto acabado e permite uma maior variedade de padrões, embora o acabamento nem sempre seja perfeito. Com os maiores centros de produção em Sevilha e Toledo esta técnica foi também empregue em Portugal, onde se desenvolve a variante em alto-relevo (azulejo relevado) de padrões com parras. Existem também os raros exemplos de azulejo de “lustre”, em que o seu reflexo metálico final é conseguido colocando uma liga de prata e bronze sobre o vidrado, que é depois cozido uma terceira vez a baixa temperatura.

Majólica

Técnica vinda de Itália e introduzida na Península Ibérica a meados do século XVI. Não é simples clarificar a origem do termo; talvez uma locução italiana para Maiorca, porto de onde eram exportados os azulejos, ou uma metamorfose do termo Opera di Mallica usado desde o século XV para designar a mercadoria italiana exportada do porto de Málaga. O termo faiança, utilizado a partir do século XVII, tem origem no centro italiano Faenza onde era produzida esta cerâmica.A majólica veio revolucionar a produção do azulejo pois permite a pintura directa sobre a peça já cozida. Após a primeira cozedura é colocada sobre a placa um líquido espesso (branco opaco) à base de esmalte estanífero (estanho, óxido de chumbo, areia rica em quartzo, sal e soda) que vitrifica na segunda cozedura. O óxido de estanho oferece à superfície (vidrado) uma coloração branca translúcida na qual é possível aplicar directamente o pigmento solúvel de óxidos metálicos em cinco escalas de cor: azul cobalto, verde bronze, castanho manganésio, amarelo antimónio e vermelho ferro (que por ser de difícil aplicação pouco surge nos exemplos iniciais). Os pigmentos são imediatamente absorvidos, o que elimina qualquer possibilidade de correcção da pintura (designada decoração ao grande fogo). O azulejo é então colocado novamente no forno com temperatura mínima de 850°C revelando, só após a cozedura, as respectivas cores utilizadas.

Azulejo semi-industrial

Técnicas semi-industriais utilizadas a partir do século XIX como a estampilha ou estampagem (ver abaixo).

Por técnica de decoração

Azulejo aerografado (ou decoração ao terceiro fogo): pintura do azulejo através de um aerógrafo (pistola de jacto de tinta) em que estampilhas de zinco delimitam as áreas a pintar. Em Portugal a Fábrica de Sacavém empregou bastante esta técnica durante o período Art Déco.

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Azulejo esgrafitado com arabescos, Meknes, Marrocos. Azulejo esgrafitado: técnica em que os elementos decorativos são “abertos” no

vidrado raspando-se com um estilete até aparecer o biscoito (base do azulejo). As ranhuras que resultam deste processo podem ser preenchidas com betume ou cal da cor que se deseje.

Azulejo esponjado: aplicação da tinta através de uma esponja ou escova, em que o resultado se assemelha a uma superfície de pedra (rugosa). Com utilização a partir do século XVIII tem maior aplicação em rodapés e lances de escada.

Azulejo estampado (ou impressão a talhe doce): decoração da superfície vidrada através da utilização de uma estampa ou decalcomania.

Azulejo estampilhado: decoração da superície vidrada com trincha através da utilização de uma estampilha, uma peça de metal onde está recortado o motivo decorativo a pintar.

Decoração ao grande fogo: pintura sobre o vidrado remetida posteriormente a uma cozedura com temperaturas superiores a 800°C.

Decoração ao fogo de mufla: pintura com cor sobre o biscoito (base do azulejo) ou vidrado submetida a uma cozedura com temperatura moderada.

Por tipo de decoração/temática

Albarrada com motivos florais em silhar na Casa dos Patudos, Alpiarça. Albarrada: motivo decorativo independente (século XVII) que pode ser

repetido (século XVIII) e que consiste em ramos de flores em jarra, cesto, vaso ou taça com outros elementos figurativos a ladear (pássaros, crianças ou golfinhos). Caso seja repetido, por exemplo ao longo de um silhar, pode ter outros elementos a servir de divisão (arquitectónicos ou vegetalistas).

Alminha : painel de azulejos de dimensões reduzidas, ou como elemento autónomo, com decoração alegórica representando as almas no purgatório. A base pode apresentar as iniciais P.N (Padre Nosso) ou A.V. (Ave Maria).

Atlante : figura escultórica masculina muito utilizada na antiguidade clássica em substituição do fuste numa coluna. É muito utilizado como motivo decorativo em painéis de azulejo nos séculos XVII e XVIII.

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Azulejos enxaquetados: agrupamento de azulejos a formar uma malha geométrica em xadrez utilizando elementos alternados de cores diferentes. Também aplicado em Portugal no século XVI até meados do século XVII.

Azulejo de figura avulsa: em que cada azulejo representa uma composição isolada (flor, animal etc, ou até mesmo, descrição de cenas mais complexas). Em Portugal divulgou-se mais o género de figura simples a azul durante o século XVIII com elementos decorativos nos cantos a ajudar à união visual entre os vário azulejos. Colocados sobretudo em cozinhas e lances de escada encontram-se também aplicados à arquitectura religiosa e com temas populares durante o Estado Novo já no século XX. As composições mais complexas foram divulgadas através do azulejo holandês.

Azulejos de padrão com faixa no Paço de São Cipriano, Tabuadelo. Azulejos de padrão: azulejos em grupos de 2x2 até 12x12 que formam uma

determinada composição e que, depois de repetidos várias vezes, formam um padrão (p.ex, azulejos de tapete).

Azulejo de tapete: azulejos em grande número, em revestimento parietal, que pela multiplicação de determinados modelos resulta num padrão polícromo. Pode ser rematado com frisos, barras ou cercaduras apresentando-se no seu conjunto total semelhante a um tapete.

Balaústre : colunelo (pequena coluna) usado como elemento arquitectónico em balaustradas e que se assume como motivo decorativo em azulejos do século XVIII de modo a criar efeitos espaciais ópticos.

Barra: Remate horizontal e vertical (p.ex. em painéis) compostos por duas ou mais filas de azulejos adjacentes com motivos decorativos variados. Com a mesma função a cercadura é composta por uma só fileira de azulejos. A faixa é composta por meios azulejos (peças rectangulares) e pode servir ou não de remate a um painel.

Cartela: motivo decorativo com apogeu no Barroco que serve de fundo a uma determinada imagem ou cena de modo a destacá-la dos elementos circundantes. Pode ter a forma de um pergaminho ou escudo em que os cantos enrolados ou decorações vegetalistas servem de moldura.

Figura de convite: característica dos séculos XVIII e XIX, esta figura representa uma pessoa (lacaio, dama, guerreiro etc) trajado a rigor e posicionado em locais de entrada de uma habitação nobre (átrio, patamar de escada etc.) em gesto de boas vindas, como que a receber as visitas que chegam. Símbolo do protocolo aristocrático, do poder e riqueza. Produzida em tamanho real com o contorno recortado e geralmente crescendo a partir de um silhar.

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Painel historiado do cerco ao Castelo de Torres Novas, painel de Gil Pais, Torres Novas.

Painéis historiados: painéis descritivos representando um determinado acontecimento ou cena histórica, religiosa, mitológica ou do quotidiano.

Silhar (alisar ou alizar): revestimento parietal longitudinal que se desenvolve a partir do chão e tem entre 10 a 12 azulejos de altura.

Termos relacionados

Alicer (ou tacelo): pequena peça de uma só cor utilizada, p. ex., como elemento em composições de alicatado.

Biscoito (ou chacota): denominação para a peça de azulejo que ainda só foi cozida uma vez, ou seja, antes de ser vidrada.

Trempe: pequeno tripé de suporte que permite a optimização do espaço dentro do forno pela possibilidade que oferece de empilhar azulejos.

Tardoz: lado do azulejo oposto ao vidrado que se aplica directamente no suporte de destino.

Origens e expansão

Mosaico bizantino, c 547, Ravenna, Itália.

A palavra em si, azulejo, tem origem no árabe azzelij (ou al zuleycha, al zuléija, al zulaiju, al zulaco) que significa pequena pedra polida e era usada para designar o mosaico bizantino do Próximo Oriente. É comum, no entanto, relacionar-se o termo com a palavra azul (termo persa الژورد: lazhward, lápis-lazúli) dado grande parte da

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produção portuguesa de azulejo se caracterizar pelo emprego maioritário desta cor, mas a real origem da palavra é árabe.[1]

A utilização do azulejo pode-se observar já na antiguidade, no período do Antigo Egito e na região da Mesopotâmia, alastrando-se por um amplo território com a expansão islâmica pelo norte de África e Europa (zona do Mediterrâneo), penetrando na Península Ibérica no século XIV por mãos mouras que levam consigo a origem do termo actual. O oriente islâmico impulsiona qualitativamente a produção de revestimentos parietais pelo contacto com a porcelana chinesa que, pela rota da seda, surge em vários centros artísticos do próximo oriente. Durante a permanência islâmica na Península Ibérica a produção do azulejo cria bases próprias em Espanha através de artesãos muçulmanos e desenvolve-se a técnica mudéjar entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência (Manises, Paterna) e Talavera de la Reina, sendo o maior centro o de Sevilha (Triana). Na viragem do século XV para o século XVI o azulejo atinge Portugal, um país já com uma longa experiência em produção de cerâmica. Inicialmente importado de Espanha o azulejo é, mais tarde, empregue como resultado de manufactura própria, não só no território nacional, mas também em parte do antigo império de onde absorve simultaneamente uma grande influência (Brasil, África, Índia).

Com as suas respectivas variantes estéticas o azulejo vai ser utilizado em outros países europeus como os Países Baixos, a Itália e mesmo a Inglaterra, mas em nenhum outro acaba por assumir a posição de destaque no universo artístico nacional, a abrangência de aplicação e a quantidade de produção atingidas em Portugal.

O azulejo em Portugal

Herança islâmica

Azulejos com motivo de esfera armilar no Pátio da Carranca, Palácio Nacional de Sintra.

No ano de 1498 o rei de Portugal D. Manuel I viaja a Espanha e fica deslumbrado com a exuberância dos interiores mouriscos, com a sua proliferação cromática nos revestimentos parietais complexos. É com o seu desejo de edificar a sua residência à

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semelhança dos edifícios visitados em Saragoça, Toledo e Sevilha que o azulejo hispano-mourisco faz a sua primeira aparição em Portugal. O Palácio Nacional de Sintra, que serviu de residência ao rei, é um dos melhores e mais originais exemplos desse azulejo inicial ainda importado de oficinas de Sevilha em 1503 (que até então já forneciam outras regiões, como o sul de Itália).

Embora as técnicas arcaicas (alicatado, corda-seca, aresta) tenham sido importadas, assim como a tradição decorativa islâmica dos excessos decorativos de composições geométricas intrincadas e complexas, a sua aparição em Portugal cede já um pouco ao gosto europeu pelos motivos vegetalistas do gótico e a uma particular estética nacional fortemente caracterizada pela influência de factores contemporâneos. O império ultramarino português vai contribuir para a variedade formal; vão ser adaptados motivos e elementos artísticos de outros povos que se transmitem pelo curso da aculturação. Um dos exemplos mais marcantes do emprego de ideias originais é o do motivo da esfera armilar que surge no Palácio Nacional de Sintra e que vai permanecer ao longo da história portuguesa como o símbolo da expansão marítima portuguesa.

RoteiroPalácio Nacional de Sintra: Azulejos hispano-mouriscos do século XV e XVI. Revestimento parietal (salas, corredores e pátios) com realce de características arquitectónicas, envolvência de portas e janelas. Destaque para tons verdes. Sala dos Árabes: fonte central em bronze e base em mármore emoldurada a azulejo de aresta; paredes e molduras de portas em alicatado, aresta, corda-seca e relevo. Sala dos Leões e Pátio Diana: destaque para azulejos de parra em relevo. Sala das Sereias: destaque para azulejo esgrafitado em estilo marroquino tawriq a rematar porta. Sala dos Cisnes: revestimento parietal em xadrez e losângulos. Sala das Pegas: revestimento parietal com corda seca de reforço (com aresta) e remates ondulantes de portas, janelas e lareira. Pátio interior central e Tanque dos Cisnes: revestimentos em azulejo com motivo pé-de-galo em corda-seca de reforço. Pátio do Leão: fonte inserida em muro de azulejos com esfera armilar.

A majólica e o início da produção

A majólica, nova técnica vinda de Itália que permite pintar directamente no azulejo vidrado, é introduzida na Península Ibérica nos finais do século XV pela mão do artista italiano Francisco Niculoso. Na altura sem grande impacto vai ganhar importância mais tarde, após o estabelecimento de artistas italianos na Flandres (Antuérpia) e em França. A criação de oficinas em Espanha e Portugal por ceramistas flamengos vai dar origem, a partir de meados do século XVI, à iniciativa de produção própria do azulejo, que era até então importado da Holanda e Itália.

Mas além da técnica, também o repertório formal vai ser importado e o gosto italiano da época renascentista de transição para o maneirismo funde-se com o estilo gráfico flamengo numa estética harmoniosa e de pincelada minuciosa. As composições passam a ser figurativas e, renunciando à estética islâmica como resultado do Concílio de Trento, vão-se adaptar e transpor para o azulejo cenas mitológicas, de alegorias, religiosas, guerreiras e satíricas presentes em gravuras estrangeiras. Vão ser usadas representações de elementos arquitectónicos na criação de ilusões espaciais (trompe-

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l’oeil, literalmente engana o olho) e a variada palete de elementos decorativos maneiristas ganha vida no painel de azulejo em Portugal (putti -anjinhos, grinaldas, medalhões, troféus, vasos, frutas e flores). Concorrendo com a pintura mural, o azulejo desta época é suporte para o traço erudito dos mestres do desenho e da pintura. Artistas portugueses a referir são Francisco de Matos e Marçal de Matos.

RoteiroQuinta da Bacalhoa: exemplo de qualidade da estética renascentista italiana em Portugal com majólica de produção em oficina de Lisboa. Casa do Tanque: painéis de 1565 de temática religiosa e mitologia grega em tons suaves e harmoniosos, branco, amarelo e verde. Loggia: painéis alegóricos de cinco rios (Douro, Mondego, Nilo, Eufrates e Danúbio), alusão aos descobrimentos portugueses.Capela de São Roque em Lisboa: inicialmente com ambas paredes laterais revestidas; somente lado inferior intacto após terramoto de Lisboa de 1755. Autoria de Francisco de Matos, 1584. Tons amarelo, azul e branco; variedade ornamental (folhas de acanto, flores, frutos, obeliscos, medalhões, ânforas, putti). Cena central destacada pelo uso de tons verdes e castanhos.

Padrões geométricos e assimilação de motivos externos

Revestimento a enxaquetados na Igreja Matriz de Cambra, Vouzela.

Num plano paralelo produz-se um outro género estético de azulejo com igual força decorativa, mas menos dispendioso, à medida das necessidades do clero. O azulejo enxaquetado é usado como revestimento de grandes superfícies em igrejas e mosteiros e não necessita de representações únicas e diferenciadas. Aplicadas entre os séculos XVI e XVII estas composições compõem-se principalmente por azulejos monocromáticos em alternâncias de duas cores (branco-azul ou branco-verde), onde se revela uma malha de força diagonal e grande dinamismo visual. A introdução do

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azulejo de padrão reduz a morosidade do processo anterior pela repetição de modulos de azulejos em grandes superfícies.

Com a perca da independência nacional e a consequente Guerra da Restauração o azulejo tem uma época baixa como reflexo da crise social e as composições únicas decrescem para dar lugar ao azulejo de padrão inspirado nos tecidos estampados indianos e tapetes persas com forte carácter ornamental, o azulejo de tapete. Neste género colorido (azul, amarelo e verde), bem ao gosto português pelo exótico, proliferam os motivos florais, lóbulos, representações fantásticas e do paraíso, delimitadas por molduras e faixas em comunhão com elementos da temática religiosa. Vêm substituir os tais tecidos originais nos frontais de altar, revestindo também grandes superfícies nos interiores de igrejas, onde apenas pequenos painéis (chamados registos) com cenas figurativas e de santos surgem como apontamento a intercalar a malha do padrão.

São ainda de referir, no século XVII, os chamados grotescos, géneros de influência italiana divulgada na Europa, de presença curta, mas de destaque na azulejaria portuguesa. Consistem em cenas burlescas, fantásticas inseridas num contexto sem nexo, caótico, mas de traçado realista. Mesmo tratando-se de repertórios importados, reproduzidos através de gravuras, estas temáticas, ampliadas à escala da azulejaria de grande formato, vão adaptar-se bem ao espírito português conturbado da época filipina.

Também importado, como consequência do processo de assimilação das colecções de gravuras do norte da Europa, mas de temática diferente, é o motivo da albarrada de origem flamenga. Estas representações de jarras com flores ganham, em Portugal, uma traçado mais liberto que no local de origem.

Azulejos de padrão no Claustro do Cemitério no Convento de Cristo em Tomar.RoteiroEnxaquetado: Igreja de Santa Maria de Marvila em Santarém ; Igreja de São Quintino em Sobral de Monte Agraço ; Igreja de Jesus em Setúbal ; Igreja da Madre de Deus em LisboaTapete: Igreja de Nossa Senhora dos Remédios em Carcavelos ; Igreja do Salvador em Évora ; Igreja de São Vicente em CubaFrontal de altar: Hospital de Santa Marta em Lisboa ; Convento de Santa Cruz do Buçaco no Buçaco ; Igreja de Almoster em AlmosterGrotescos: Ermida de Santo Amaro em Santarém ; Convento da Graça em Lisboa

A transição formal e a Grande Produção

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Com a Restauração da Independência em 1640 a nobreza ganha novo ímpeto no território nacional e encomenda-se a construção de diversos edifícios palacianos para a sua residência que vão exigir um grande número de azulejos para revestir superfícies em interiores e jardins. Vão-se destacar as composições polícromas (amarelo, azul e também apontamentos em verde e castanho) de tradição holandesa. Cenas de caça, idílicas, e cenas sobre a temática holandesa dos cinco sentidos onde vários personagens à mesa fazem referência indirecta aos diferentes sentidos (música para a audição, bebidas e alimentos para o paladar, os toques que trocam entre si para o tacto etc).

Também na segunda metade do século XVII aparecem as famosas composições de macacaria em tons predominantemente amarelos e azuis, representando macacos em trajes e actividades humanas de grande sentido irónico e satírico, como que numa caricatura moral dos reais protagonistas que imitam costumes sem os compreender. Esta temática teve a sua primeira aparição já no século XV, mas só recebe impulso no século XVII pela mão do pintor flamengo David Teniers, e estende-se pelos séculos XVIII e XIX.

Azulejos no Jardim do Paço, Castelo Branco.

A partir dos finais do século XVII importam-se também dos Países Baixos ciclos em azul e branco influenciados pela cerâmica chinesa, nos mesmos tons, que chegou à Europa pelos caminhos marítimos e que agradou bastante, não só aos holandeses, que iniciaram uma produção própria de azulejo azul e branco, mas também aos portugueses. Mas a preferência na Holanda pelo trabalho em miniatura (enkele tegels) não corresponde ao gosto português pela monumentalidade e assim passam-se a efectuar encomendas específicas às oficinas holandesas de painéis que se adaptem perfeitamente aos enquadramentos arquitectónicos em Portugal. Os temas centram-se agora em cenas religiosas, cortesãs e militares. Desta altura são também os painéis de figura avulsa, com cenas independentes, e que vão ser aplicados sobretudo em cozinhas e sacristias de igrejas e conventos (como as típicas representações de alimentos pendurados - caça ou peixe).

O emprego de uma só cor, azul, sobre o fundo branco permite uma maior concentração na pintura e os exemplos importados da Holanda demonstram bem a superioridade técnica do traço, evidentes em obras de Willem van der Kloet e Jan van Oort. Mas as

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oficinas portuguesas vão reagir à concorrência e inicia-se o período de desenvolvimento da produção nacional, conhecido pelo ciclo dos mestres, impulsionada pelo espanhol Gabriel del Barco, sediado em Portugal, e que responde a um grande número de encomendas um pouco por todo o país. A sua técnica não é de grande qualidade, mas uma série de seguidores vai dar início à época dos grandes mestres das oficinas de Lisboa, como António Pereira, António de Oliveira Bernardes e o seu filho Policarpo de Oliveira Bernardes, Manuel dos Santos e o anónimo P.M.P., abandonando-se progressivamente as importações do exterior.

A partir da segunda metade do século XVIII o número de encomendas aumenta, (também vindas do Brasil) e a riqueza durante o reinado de D. João V (proveniente das minas de ouro e diamantes do Brasil) permite o aumento sem precedentes da produção de azulejo de onde resultam os maiores ciclos de painéis historiados. Esta estética é, acima de tudo, influenciada pelo Barroco onde as cenas ganham um estatuto teatral e onde as molduras, de carácter exuberante, chegam a ter quase tanto peso como as cenas centrais que envolvem (cenas bucólicas, mitológicas, religiosas - bíblicas, marianistas-, de caçadas, do quotidiano cortesão e alegóricas). A riqueza ornamental, que faz uso dos contrastes claro-escuro para ilusão de volumetria, chegam de livros de ornamentos de Jean Bérain I, Claude Audran III, Gilles Marie Oppenord, Nicolas Pineau, Pierre Lepautre entre outros, e oferecem grande organicidade e vitalidade ondulante à composição no seu todo. Vão proliferar os côncavos e convexos, concheados, flores, frutos, cartuchos, entrelaçados, putti, baldaquinos, efeitos ilusionistas arquitectónicos (balaustradas) e as figuras de convite.

Nas igrejas o azulejo reveste todas as superfícies, mesmo tectos e abóbadas, e observa-se um complemento estético entre a talha dourada do período barroco português e as molduras ondulantes do azulejo.

Até ao terramoto de 1755 vão ter posição de relevo os seguintes nomes da azulejaria portuguesa: Nicolau de Freitas, Teotónio dos Santos, Valentim de Almeida e Bartolomeu Antunes.

RoteiroTransição: Palácio dos Marqueses de Fronteira em Lisboa: jardins com grandes composições, desde a policromia aos ciclos azuis e brancos importados da Holanda, assim como exemplos da criação portuguesa de azulejo azul e branco.Grande produção: Convento de São Vicente de Fora ; Igreja de São Lourenço em Azeitão ; Palácio da Mitra em Santo Antão do Tojal  ; Quinta de Manique em Alcabideche

Do Rococó ao terramoto de 1755

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Painel rococó no jardim do Palácio Nacional de Queluz.

A influência do estilo rococó vindo de França vai-se reflectir no gosto estético do azulejo a meados do século XVIII. Regressa a policromia (inicialmente amarelo, verde e violeta, mais tarde cenas centrais monocromáticas a violeta), e os As molduras perdem grande parte da sua massa volumétrica e assume-se a assimetria em motivos de flores e folhas. As gravuras de Watteau ditam a temática das cenas galantes, bucólicas e idílicas que se inserem na perfeição em jardins.

Com o terramoto de 1755 a necessidade imprevista da reconstrução da cidade de Lisboa vai levar à retoma do azulejo de padrão, que, como material de baixo custo, vai permitir a aplicação rápida nas fachadas dos edifícios e ao mesmo tempo elevar o seu efeito estético. Vão-se observar, pequenos painéis de registo em fachadas, representações de padroeiros de protecção contra catástrofes naturais, e, em frisos de portas e janelas, já a introdução da estética neoclássica de carácter mais racional e quase desprovido de decoração. Este tipo de azulejo fica conhecido como azulejo pombalino como referência ao Marquês de Pombal, responsável pela reconstrução da cidade. Uma das fábricas com um importante papel na reconstrução de Lisboa foi a Fábrica Sant'Anna fundada em 1741. Esta fábrica ainda se mantém activa produzindo azulejo e faianças através de processos inteiramente manuais.

RoteiroPalácio dos Condes de Mesquitela em Carnide ; Palácio Nacional de Queluz em Queluz ; Quinta dos Azulejos no Lumiar ; Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras ; Edifícios da Baixa pombalina em Lisboa

Da influência brasileira ao azulejo actual

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Painel de azulejos num edifício de Abrantes.

Com as Invasões francesas, a corte portuguesa refugia-se no Brasil e o início do século XIX traz estagnação à produção de azulejo. Mas no Brasil o emprego do azulejo vai ter um desenvolvimento paralelo autónomo e, desde finais do século anterior, observa-se, especialmente ao norte do país, a aplicação do azulejo como revestimento total de fachadas de edifícios. Este fenómeno tem a sua principal origem nas condições climatéricas; o azulejo assume-se como elemento impermeável, protector contra chuvas intensas, possibilita simultaneamente o arrefecimento do interior por reflectir o calor. Estes revestimentos, inicialmente a branco, desenvolvem-se para padrões simples a duas cores.

Com a decadência das oficinas de Lisboa o fornecimento de azulejos para o Brasil é feito pela Inglaterra, França e Holanda. Mas rapidamente se reconhece que os gostos não são similares e a produção de azulejo em Portugal renasce para fazer frente às encomendas brasileiras.

Com o regresso de um grande número de portugueses ao território, o novo gosto brasileiro vai ser implementado em Portugal, principalmente na região do Porto, surgindo nesta altura as primeiras fachadas revestidas a azulejo suportadas pelos novos métodos de produção semi-industriais e industriais. Este hábito provoca diferentes reacções no território, por um lado é encarado como uma deturpação dos revestimentos que pertencem ao intimismo do interior da habitação – sendo mesmo utilizado o termo “casas de penico”-, por outro lado reconhece-se o seu potencial de valorização estética dos exteriores.

Com a introdução da linguagem romântica em Portugal é dado um maior realce à produção de épocas anteriores, como se pode observar na obra de Luís Ferreira (conhecido também como Ferreira das Tabuletas), que combina os novos métodos com a temática do século anterior, ou de Jorge Colaço com ênfase no historicismo.

Entrando já no século XX são de referir Rafael Bordalo Pinheiro, com produções ecletistas com destaque para o enaltecimento histórico nacional, Paolo Ferreira e Jorge Barradas. Já a meados do século Júlio Resende, Júlio Pomar, Sá Nogueira, Maria Keil

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com diferentes projectos de valorização urbana, João Abel Manta, Eduardo Nery, entre outros.

Para preservar e estudar a azulejaria portuguesa foi criado o Museu Nacional do Azulejo.

Porcelanato

Porcelanato é uma peça de revestimento cerâmico adequada à áreas de alto tráfego encontradas com acabamento polido e fosco. Entre suas características, pode-se citar: uniformidade de coloração, alta resistência a abrasão física e química, absorção próxima a zero, massa homogenea e geralmente com ausência de esmaltação.

A peça é formada por: argila, feldspato além de corantes. Em seu processo de produção, é utilizada uma pressão de compactação superior a da cerâmica tradicional e uma temperatura de queima superior a 1.250ºC.

Hoje o porcelanato domina o mercado mundial de revestimentos cerâmicos. É extremamente difundido nos grandes países produtores mundiais como Itália, Espanha, China e Brasil. Pode ser subdividido em duas grandes categorias: porcelanato técnico e porcelanato esmaltado.

Cerâmica vermelhaCerâmica vermelha é a atividade de produção de setor cerâmica vermelha, a partir de argilas, depende de algumas características determinadas por sua plasticidade, capacidade de absorver e ceder água, capacidade aglutinante, índice de trabalhabilidade, contração na secagem e queima, é submetida a altas temperaturas que lhe atribuem rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da massa.

Entende-se por cerâmica vermelha todos os materiais com coloração avermelhada utilizados na construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas expandidas).

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ::

 DEFINIÇÃOCerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas.

 

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CLASSIFICAÇÃOO setor cerâmico é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em sub-setores ou segmentos em função de diversos fatores como matérias-primas, propriedades e áreas de utilização. Dessa forma, a seguinte classificação, em geral, é adotada.

Cerâmica VermelhaCompreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. As lajotas muitas vezes são enquadradas neste grupo porém o mais correto é em Materiais de Revestimento.

Materiais de Revestimento(Placas Cerâmicas)São aqueles materiais, na forma de placas usados na construção civil para revestimento de paredes, pisos, bancadas e piscinas de ambientes internos e externos. Recebem designações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, etc.

Cerâmica BrancaEste grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste grupo passaram a ser fabricados , sem prejuízo das características para uma dada aplicação, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração.

Dessa forma é mais adequado subdividir este grupo em:

louça sanitária louça de mesa isoladores elétricos para alta e baixa tensão cerâmica artística (decorativa e utilitária). cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e

mecânico.

Materiais RefratáriosEste grupo compreende uma diversidade de produtos, que têm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação dos equipamentos industriais, que em geral envolvem esforços mecânicos, ataques químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar estas solicitações e em função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos outros. inúmeros tipos de produtos, a partir de diferentes matérias-primas ou mistura destas. Dessa forma, podemos classificar os produtos refratários quanto a matéria-prima ou componente químico principal em: sílica, sílico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesianocromítico, cromítico-magnesiano, carbeto de silício, grafita, carbono, zircônia, zirconita, espinélio e

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IsolantesTérmicosos produtos deste segmento podem ser classificados em: refratários,b) isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos como vermiculita expandida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de vidro e lã de rocha, que são obtidos por processos distintos ao do item a) e que podem ser utilizados, dependendo do tipo de produto até 1100 ºC ec) fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes as citadas no item b), porém apresentam composições tais como sílica, sílica-alumina, alumina e zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilização de 2000º C ou mais.

Fritas CorantesEstes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos cerâmicos que requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-primas. É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire aspecto vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética, tornar a peça impermeável, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras características.

Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos obtidos a partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são fabricados por empresas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção envolve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem. Os corantes são adicionados aos esmaltes (vidrados) ou aos corpos cerâmicos para conferir-lhes colorações das mais diversas tonalidades e efeitos especiais.

AbrasivosParte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos semelhantes aos da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico. Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio eletrofundido e o carbeto de silício.

Vidro,CimentoeCalSão três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades, são muitas vezes considerados à parte da cerâmica.

Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmica AvançadaO aprofundamento dos conhecimentos da ciência dos materiais proporcionaram ao homem o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas mais diferentes áreas, como aeroespacial, eletrônica, nuclear e muitas outras e que passaram a exigir materiais com qualidade excepcionalmente elevada. Tais materiais passaram a ser desenvolvidos a partir de matérias-primas sintéticas de altíssima pureza e por meio de processos rigorosamente controlados. Estes produtos, que podem apresentar os mais diferentes formatos, são fabricados pelo chamado segmento cerâmico de alta tecnologia ou cerâmica avançada. Eles são classificados, de acordo com suas funções, em: eletroeletrônicos, magnéticos, ópticos, químicos, térmicos, mecânicos, biológicos e nucleares. Os produtos deste segmento são de uso intenso e a cada dia tende a se ampliar. Como alguns

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exemplos, podemos citar: naves espaciais, satélites, usinas nucleares, materiais para implantes em seres humanos, aparelhos de som e de vídeo, suporte de catalisadores para automóveis, sensores (umidade, gases e outros), ferramentas de corte, brinquedos, acendedor de fogão, etc.

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PROCESSO DE FABRICAÇÃO - INTRODUÇÃO ::

 

Os processos de fabricação empregados pelos diversos segmentos cerâmicos assemelham-se parcial ou totalmente. O setor que mais se diferencia quanto a esse aspecto é o do vidro, embora exista um tipo de refratário (eletrofundido), cuja fabricação se dá através de fusão, ou seja, por processo semelhante ao utilizado para a produção de vidro ou de peças metálicas fundidas. Esses processos de fabricação podem diferir de acordo com o tipo de peça ou material desejado. De um modo geral eles compreendem as etapas de preparação da matéria-prima e da massa, formação das peças, tratamento térmico e acabamento. No processo de fabricação muitos produtos são submetidos a esmaltação e decoração.

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PROCESSO DE FABRICAÇÃO - PREPARAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA ::

 

Grande parte das matérias-primas utilizadas na indústria cerâmica tradicional é natural, encontrando-se em depósitos espalhados na crosta terrestre. Após a mineração, os materiais devem ser beneficiados, isto é desagregados ou moídos, classificados de acordo com a granulometria e muitas vezes também purificadas. O processo de fabricação, propriamente dito, tem início somente após essas operações. As matérias-primas sintéticas geralmente são fornecidas prontas para uso, necessitando apenas, em alguns casos, de um ajuste de granulometria.

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PROCESSO DE FABRICAÇÃO - PREPARAÇÃO DA MASSA ::

 Os materiais cerâmicos geralmente são fabricados a partir da composição de duas ou mais matérias-primas, além de aditivos e água ou outro meio. Mesmo no caso da cerâmica vermelha, para a qual se utiliza apenas argila como

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matéria-prima, dois ou mais tipos de argilas com características diferentes entram na sua composição. Raramente emprega-se apenas uma única matéria-prima.

Dessa forma, uma das etapas fundamentais do processo de fabricação de produtos cerâmicos é a dosagem das matérias-primas e dos aditivos, que deve seguir com rigor as formulações de massas, previamente estabelecidas. Os diferentes tipos de massas são preparados de acordo com a técnica a ser empregada para dar forma às peças. De modo geral, as massas podem ser classificadas em:

suspensão , também chamada barbotina, para obtenção de peças em moldes de gesso ou resinas porosas;

massas secas ou semi-secas , na forma granulada, para obtenção de peças por prensagem;

massas plásticas , para obtenção de peças por extrusão, seguida ou não de torneamento ou prensagem.

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PROCESSO DE FABRICAÇÃO - FORMAÇÃO DAS PEÇAS ::

 Existem diversos processos para dar forma às peças cerâmicas, e a seleção de um deles depende fundamentalmente de fatores econômicos, da geometria e das características do produto. Os métodos mais utilizados compreendem: colagem, prensagem, extrusão e torneamento.

Colagem ou FundiçãoConsiste em verter uma suspensão (barbotina) num molde de gesso, onde permanece durante um certo tempo até que a água contida na suspensão seja absorvida pelo gesso; enquanto isso, as partículas sólidas vão se acomodando na superfície do molde, formando a parede da peça. O produto assim formado apresentará uma configuração externa que reproduz a forma interna do molde de gesso.

Mais recentemente tem se difundido a fundição sob pressão em moldes de resina porosa.

PrensagemNesta operação utiliza-se sempre que possível massas granuladas e com baixo de teor de umidade. Diversos são os tipos de prensa utilizados, como fricção, hidráulica e hidráulica-mecânica, podendo ser de mono ou dupla ação e ainda ter dispositivos de vibração, vácuo e aquecimento. Para muitas aplicações são empregadas prensas isostática, cujo sistema difere dos outros. A massa granulada com praticamente 0% de umidade é colocada num molde de borracha

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ou outro material polimérico, que é em seguida fechado hermeticamente e introduzido numa câmara contendo um fluido, que é comprimido e em conseqüência exercendo uma forte pressão, por igual, no molde.

No caso de grandes produções de peças que apresentam seções pequenas em relação ao comprimento, a pressão é exercida somente sobre a face maior para facilitar a extração da peça, como é o caso da parte cerâmica da vela do automóvel, isoladores elétricos e outros. O princípio da prensagem isostática também está sendo aplicado para obtenção de materiais de revestimento (placas cerâmicas), onde .a punção superior da prensa é revestido por uma membrana polimérica, com uma camada interposta de óleo, que distribui a pressão de modo uniforme sobre toda a superfície ou peça a ser prensada. Outra aplicação da prensagem isostática que vem crescendo, é na fabricação de determinadas peças do segmento de louça de mesa.

ExtrusãoA massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como maromba, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de bocal com determinado formato. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada, com seção transversal com o formato e dimensões desejados; em seguida, essa coluna é cortada, obtendo-se desse modo peças como tijolos vazados, blocos, tubos e outros produtos de formato regular.

A extrusão pode ser uma etapa intermediária do processo de formação, seguindo-se, após corte da coluna extrudada, a prensagem como é o caso para a maioria das telhas, ou o torneamento, como para os isoladores elétricos, xícaras e pratos, entre outros.

TorneamentoComo descrito anteriormente, o torneamento em geral é uma etapa posterior à extrusão, realizada em tornos mecânicos ou manuais, onde a peça adquire seu formato final.

:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PROCESSO DE FABRICAÇÃO - TRATAMENTO TÉRMICO ::

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:: INFORMAÇÕES TÉCNICAS - PRODUTOS QUÍMICOS AUXILIARES ::

 

O processo cerâmico, em sua complexidade, é um dos que possuem maior quantidade de variáveis que afetam a qualidade e a constância do produto final.

Com a evolução na tecnologia de fabricação dos materiais, surgiu uma variedade de aditivos químicos, que auxiliam desde o processo de moagem até etapas posteriores a queima, como no tratamento da superfície para evitar o manchamento.

A indústria química evoluiu muito neste sentido e tornou-se uma parceira das indústrias cerâmicas e colorifícios, oferecendo uma ampla gama de produtos (denominados produtos químicos auxiliares) e serviços, contribuindo assim para a melhoria contínua deste processo. Como produtos químicos auxiliares podemos mencionar os defloculantes, aditivos para terceira queima, CMC, colas de PVC, colas para granilha, espessantes para esmaltes, fixadores, ligantes, agentes suspensivos, veículos serigráficos, entre outros.

Nota Importante:

Estas informações foram cedidas pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CERAMICA que nos deu uma ampla gama de informações relacionadas aos processos industrias de fabricação com uma visão de forma simplista e bem objetiva direcionada ao curso de Engenharia INDUSTRIAL.

Temos a satisfação de ter estes dados e colhermos mais informações e pesquisas em sites específicos fornecidos pela mesma onde pudemos reciclar e resumir a mesma visando fornecer dados aos nossos corpo discente direcionando ao curso propriamente dito de Engenharia INDUSTRIAL.

Site da ANFACER - Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento - Brasil

1. ↑ Hans Thurnauer: "Ceramics"; in: "Dielectric Materials and Applications", edited by A. R. von Hippel, published jointly by The Technology Press of M.I.T. and John Wiley & Sons, 1954

2. ↑ Callister, Jr William D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Quinta edição (2002 pp 266)

3. ↑ W.W Perkins, American Ceramic Society's Ceramic Glossary (1984, pp 13-4)4. ↑ Redd, James Stalford, Principles of ceramics processing 2nd ed. (1988)5. ↑ David W. Richerson, Modern Ceramic Engineering (1992)

6. ↑ Shigeyuki Somiya, Advanced technical ceramics (1989 pp 11-25)

Referências

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2. ↑ HowStuffWorks (Como Tudo Funciona). Pisos de azulejo cerâmico (em português). Página visitada em 16/05/2009.

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3. ↑ a b c Infopédia. Tudo sobre azulejo (em português). Página visitada em 16/05/2009.4. ↑ Azulejos na arquitetura brasileira (em português). Página visitada em 16/05/2009.5. ↑ O Azulejo.net. Azulejos portugueses (em português). Página visitada em 16/05/2009.

Bibliografia

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Atenciosamente,

Prof. Claudio Antonio GarciaProcessos de Fabricação 2UNIABC – SANTO ANDRÉ