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Universidade Federal de Viçosa
Campus de Rio Paranaíba
Carlos Eduardo O. Magalhães, 108
Diego Tolentino de Lima, 109
André Santana Andrade, 110
Fernando Couto de Araújo, 143
TRABALHO: PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA
RIO PARANAÍBA – MG
2010
Carlos Eduardo O. Magalhães, 108
Diego Tolentino de Lima, 109
André Santana Andrade, 110
Fernando Couto de Araújo, 143
TRABALHO: PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA
Trabalho à disciplina AGR 372 –
Fruticultura I da Universidade Federal de
Viçosa – Campus de Rio Paranaíba.
RIO PARANAÍBA – MG
2010
Resumo
As atuais exigências de mercado fundamentam-se, cada vez mais, na segurança
alimentar dos produtos agrícolas que são comercializados. Por outro lado, o conceito de
qualidade tem evoluído, além das características próprias dos produtos, também é exigido que
estes cumpram normas de qualidade preestabelecidas, sejam saudáveis, considerem a
preservação do meio ambiente na sua obtenção e a segurança do produtor, e tudo deverá ser
certificado por uma empresa que ofereça garantias, por isso a importância do crescente
aumento na produção integrada de banana (PIB). A produção integrada é um sistema de
exploração agrária que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso
dos recursos naturais e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos e
contaminantes e para assegurar uma produção agrária sustentável. Inicialmente, visava
otimizar o Manejo Integrado de Pragas. Os objetivos da produção integrada de banana são:
integrar os recursos naturais e os mecanismos de normalização das atividades da exploração
agrária visando minimizar o aporte de insumos procedentes do exterior da exploração;
assegurar uma produção sustentável de alimentos e outros produtos de alta qualidade
mediante a utilização preferencialmente de tecnologias que respeitem o meio ambiente;
eliminar ou reduzir as fontes de contaminação geradas pelas atividades agropecuárias; manter
as funções múltiplas da agricultura, satisfazendo as necessidades da sociedade como um todo,
no que se refere a produção de alimentos e insumos industriais. As razões da adoção ao
sistema de PIF são que os mercados mundiais passaram a exigir a qualidade externa das frutas
e o controle sobre todo o sistema de produção, rastreamento da origem, incluindo a análise de
resíduos nos frutos e estudo sobre o impacto ambiental, para realizarem suas importações. As
orientações gerais da Produção Integrada de frutas foram geradas com a publicação do Marco
Legal da Produção Integrada de Frutas do Brasil, onde estão as diretrizes gerais para a
elaboração dos documentos que nortearão a Produção Integrada de cada fruta,
especificamente. Dessa forma, e seguindo uma orientação base, foram gerados os documentos
da Produção Integrada de Banana, como: normas técnicas específicas (documento orientador
do sistema de PIB); cadernos de campo e de empacotadora (a rastreabilidade); grade de
agroquímicos, onde contam várias observações e restrições que devem ser respeitadas; e
documentos de acompanhamento, como listas de verificação, relação de itens para checagem,
para uso do produtor, do responsável técnico da propriedade ou do próprio auditor para fazer
a verificação das atividades.
Índice
1. Introdução...............................................................................................................................4
2. Características da produção integrada....................................................................................5
3. Princípios orientadores............................................................................................................8
4. Exigências do mercado exportador.........................................................................................9
5. Situação atual da tecnologia..................................................................................................10
5.1. Referente à própria produção.........................................................................................10
5.2. Referente a orientações e normas...................................................................................12
6. Considerações finais.............................................................................................................14
7. Referências bibliográficas.....................................................................................................16
1. Introdução
A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais
consumidas no mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo por unidade. É
rica em carboidratos e potássio, médio teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e
vitaminas B e C. A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade,
que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos
industrializados (NETO & MELO, 2003).
A cultura da banana ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas no Brasil
e a terceira posição em área colhida. Entre as frutas mais consumidas nos domicílios das
principais regiões metropolitanas do País, a banana se faz presente na mesa dos brasileiros
como um alimento, não apenas como sobremesa (EMBRAPA, 2003).
A importância da bananicultura varia de local para local, assim como de país para país.
Por vezes, ela é plantada para servir de complemento da alimentação da família (fonte de
amido), como receita principal ou complementária da propriedade ou como fonte de divisas
para o país. Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas adversas, mas, em
vista da proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna
economicamente viável (NETO & MELO, 2003).
A produção brasileira de banana está distribuída por todo o território nacional, sendo a
região Nordeste a maior produtora (34%), seguida das Regiões Norte (26%), Sudeste (24%),
Sul (10%) e Centro-Oeste (6%). A área plantada no Brasil é de cerca de 520 000 há. Embora a
região Norte apresente excelentes condições de clima e solo para a produção de banana de
alto padrão de qualidade, e tenha sido a região que apresentou o maior crescimento em área
plantada no Brasil, ainda é preciso superar, em grande parte, a baixa eficiência na produção e
no manejo pós-colheita. São vários os problemas que afetam a bananicultura dessa região,
que, de modo geral, apresenta baixo nível de tecnificação, resultando em baixa produtividade
e qualidade dos frutos (EMBRAPA, 2003).
As atuais exigências de mercado fundamentam-se, cada vez mais, na segurança
alimentar dos produtos agrícolas que são comercializados. Por outro lado, o conceito de
qualidade tem evoluído, além das características próprias dos produtos, também é exigido que
estes cumpram normas de qualidade preestabelecidas, sejam saudáveis, considerem a
preservação do meio ambiente na sua obtenção e a segurança do produtor, e tudo deverá ser
4
certificado por uma empresa que ofereça garantias (Gonzalez-Moro, 2003), por isso a
importância do crescente aumento na produção integrada de banana.
Em 1993, foram publicados pela IOBC (International Organization for Biological and
Integrated Control of Noxions Animals and Plants) os princípios e normas técnicas
pertinentes, que são comumente utilizados e aceitos como base para diretrizes específicas para
cada cultura (TIBOLA, 2005).
A adoção do sistema Produção Integrada de Frutas (PIF) evoluiu em curto espaço de
tempo e, atualmente, é amplamente empregado em vários países, apresentando resultados
positivos, tornando-se, rapidamente, um pré-requisito na comercialização de frutas (Sanhueza,
2000). Na Europa, na década de 80, Alemanha, Bélgica, Suíça, Espanha e França foram os
precursores da implementação da PIF nos pomares (SANHUEZA et al., 2003).
As razões da adoção ao sistema de PIF são que os mercados mundiais passaram a
exigir a qualidade externa das frutas e o controle sobre todo o sistema de produção, incluindo
a análise de resíduos nos frutos e estudo sobre o impacto ambiental, para realizarem suas
importações (FACHINELLO et al., 2000).
Portanto, a conversão de pomares tradicionais para o sistema de produção integrada de
banana, consiste na obtenção de frutos de alta qualidade, minimizando o uso de agroquímicos
e preservando o meio ambiente, a saúde do consumidor e do produtor, além do aumento dos
lucros devido à valorização deste produto no mercado.
2. Características da produção integrada
Segundo Titi et al. (1995) a produção integrada é um sistema de exploração agrária
que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais
e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos e contaminantes e para
assegurar uma produção agrária sustentável.
Envolta no contexto da segunda metade da década de 90, a Produção Integrada de
Frutas (PIF) surgiu a partir das demandas reais de satisfazer às necessidades da sociedade
como um todo, no que se refere à produção de alimentos e insumos industriais (fibras, couro,
etc.), gerados pela produção agropecuária, a geração de empregos no campo para população
de baixa renda e escolaridade e a redução de êxodo rural para as cidades grandes (TODA
FRUTA, 2010).
5
Os projetos de PI têm como objetivo desenvolver as bases técnicas, econômicas e
operacionais, que permitam a incorporação do Brasil ao sistema de produção integrada de
frutas, para obter produtos com qualidade, melhorando a competitividade e a rentabilidade da
fruticultura (ANDRIGUETO & KOSOSKI, 2002).
Inicialmente, visava otimizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) nas fruteiras de
clima temperado da Europa, técnica esta que vislumbra a redução do uso de agrotóxicos
baseadas em controles culturais, químicos e biológicos. Sempre que possível, o MIP é
orientado pelo Limiar de Dano Econômico (LED) e pelo Nível de Dano Econômico (NED),
que requer o conhecimento da dinâmica populacional das pragas e doenças prioritárias de
controle pelos Programas de MIP (TODA FRUTA, 2010).
A implantação prática do Sistema de Produção Integrada (SPI) deve, baseada na sua
própria definição, refletir a gestão ambiental das atividades agrárias de forma sustentável,
estabelecendo normas que assegurem uma cuidadosa utilização dos recursos naturais
minimizando o uso de agrotóxicos e insumos na exploração, baseada nas normas da série ISO
14001 (Toda Fruta, 2010). O Profruta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) tem como objetivo desenvolver as bases técnicas, econômicas e operacionais que
permitam a incorporação do Brasil ao sistema de produção integrada de frutas, incrementando
a qualidade e melhorando a competitividade e a rentabilidade da fruticultura. As frutas
produzidas neste sistema serão identificadas com o Selo de Conformidade, emitido pelo
MAPA e o INMETRO, e a adesão ao programa é voluntária (INMETRO, 2004).
As práticas de desmatamento sem manejo florestal, queimadas e uso de áreas
impróprias para o cultivo, contribuem para o baixo rendimento, degradação ambiental e
distanciamento das demandas por alimentos produzidos fora dos moldes tradicionais (Oliveira
et al., 1997). Assim, a PIF objetiva a produção de alimentos de alta qualidade obtida,
principalmente, mediante o uso de técnicas que levem em consideração os impactos
ambientais sobre o sistema solo/água/produção e que possibilitem avaliar a qualidade dos
produtos considerando as características físicas, químicas e biológicas dos recursos naturais
locais nos processos envolvidos na cadeia produtiva, pós-colheita e comercialização da
produção.
Assim sendo, os produtos elaborados conforme as normas de Produção Integrada elege
um sistema de produção que elenca as melhores alternativas existentes para a exploração do
sistema agrário assim como de instrumentos e técnicas para monitoramento ambiental e
controle da cadeia produtiva e do pós-colheita, assegurando um menor risco de contaminação
6
ambiental direta e indireta, como também proporcionando uma diminuição gradativa dos
custos de produção (TODA FRUTA, 2010).
Segundo Toda Fruta (2010), os objetivos da produção integrada de banana são:
1. Integrar os recursos naturais e os mecanismos de normalização das atividades da
exploração agrária visando minimizar o aporte de insumos procedentes do exterior da
exploração: deve refletir a gestão ambiental das atividades agrárias de forma sustentável,
estabelecendo normas que assegurem uma cuidadosa utilização dos recursos naturais de forma
a minimizar o uso de agrotóxicos e insumos utilizados na exploração (baseada nas normas
ISO14000). A substituição, mesmo que parcial, desses produtos assegura um menor risco de
contaminação ambiental direta e indireta, advindas da má utilização desses produtos, como
também diminui os custos de produção e melhora a economia da exploração agrária;
2. Assegurar uma produção sustentável de alimentos e outros produtos de alta
qualidade mediante a utilização preferencialmente de tecnologias que respeitem o meio
ambiente: objetiva a produção de alta qualidade obtida, principalmente, mediante o uso de
técnicas que levem em consideração os impactos ambientais sobre o sistema
solo/água/produção e que possibilitem avaliar a qualidade dos produtos levando-se em
consideração as características físicas, químicas e biológicas dos recursos naturais locais nos
processos envolvidos na cadeia produtiva, pós-colheita e comercialização da produção;
3. Eliminar ou reduzir as fontes de contaminação geradas pelas atividades
agropecuárias: objetiva diagnosticar as fontes de contaminação (pontuais e não pontuais),
identificar os impactos gerados pelas mesmas nos recursos naturais e propor medidas
preventivas e/ou mitigadoras desses impactos;
4. Manter as funções múltiplas da agricultura: objetiva satisfazer às necessidades da
sociedade como um todo, no que se refere a produção de alimentos e insumos industriais
(fibras, couro, etc.), gerados pela produção agropecuária, a geração de empregos no campo
para população de baixa renda e escolaridade e a redução de êxodo rural para as cidades
grandes. Deve também assegurar e proporcionar a preservação e diversificação da fauna e
flora local, assim como da paisagem, propiciando o aparecimento de outras fontes de renda ao
agricultor como aquelas advindas do ecoturismo rural.
7
3. Princípios orientadores
A produção integrada da bananeira, assim como a produção integrada de outras
fruteiras, prioriza princípios baseados na sustentabilidade, utilizando de recursos naturais de
forma racional, regulando mecanismos para substituição de insumos poluentes e reduzindo de
modo geral o excessivo uso dos mesmos (EMBRAPA, 2007). Além disso, consideram-se
aspectos relacionados aos recursos humanos dos agentes envolvidos em cada etapa de
produção, todo o processo é rastreado para conhecimento do consumidor e o produto final
possui qualidade superior ao convencional.
Alguns aspectos dos principais princípios orientadores da produção integrada são
destacados abaixo (ASSOR, 2010; TODA FRUTA, 2010):
Visão unificada do sistema: a produção deve ser aplicada de forma holística, ou seja,
deve ser considerado um sistema centrado e toda a exploração agrária deve ser considerada
como unidade básica. A aplicação da produção integrada em partes individuais da exploração
não é adequada;
Minimizar os impactos indesejáveis e custos indiretos (secundários) sobre a sociedade,
ou seja, busca-se atenuar os efeitos das atividades agrícolas que afetam indiretamente a
sociedade, como contaminação de água potável por agroquímicos, redução de recursos
hídricos pelo aporte de sedimentos decorrentes de erosão de solo, etc.;
Equilibrar os ciclos de nutrientes, reduzindo as perdas ao mínimo, além de reforçar a
diversidade biológica local e adequar manejo otimizado dos recursos naturais e de técnicas
utilizadas na agricultura;
Proporcionar conhecimento e motivação periódica sobre educação ambiental e
produção integrada aos produtores e principais agentes envolvidos nos processos das cadeias
produtivas, pós-colheita e certificação de qualidade.
Utilizar métodos que fomentem o aumento e a conservação da fertilidade intrínseca do
solo;
Fomentar o uso de manejo integrado como a base de tomada de decisão para a
proteção das culturas;
Fomentar a busca pela qualidade da produção levando em consideração os parâmetros
ecológicos do sistema de produção e os de certificação de qualidade.
8
4. Exigências do mercado exportador
A crescente exigência dos consumidores na qualidade dos produtos está induzindo os
produtores de bananas para adotar o sistema de Produção Integrada que garante, não somente
para o mercado externo, mas também para o mercado interno, a melhoria da qualidade das
frutas, principalmente a banana, que tem sua produção consumida quase totalmente no
mercado interno. A sistematização de toda a cadeia produtiva garantirá qualidade das frutas,
proteção ao meio ambiente e retorno financeiro aos produtores rurais, além de melhoria da
pós-colheita, com redução do desperdício de alimentos, importante em um país marcado por
contrastes sociais e econômicos como o nosso (APTA, 2010).
As barreiras técnicas impostas pela União Européia (um dos maiores importadores de
banana) até o ano de 2003 foram pouco rigorosas na importação de frutas frescas exigindo
apenas o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) que não requer nenhum tratamento
específico para a fruta importada. Porém, o mercado europeu está se tornando cada vez mais
exigente e a partir de 2003, no caso das frutas, essa tendência se concretizará, pois será visado
um maior controle de qualidade dos alimentos consumidos. O selo EurepGap criado em 1999
e elaborado por um grupo de empresas varejistas européias (Euro Retailer Produce Working
Group – Eurep), visa atender os padrões das chamadas “boas práticas agrícolas” (Good
Agricultural Practice - GAP) bastante difundido no mercado internacional com ênfase na
segurança do alimento, preservação do meio ambiente e silvestre e preservação dos direitos
dos trabalhadores. Além disso, o EurepGap demanda implementação e verificação
independente através dos processos de certificação que assegurem a conformidade dos
requisitos exigidos por esses compradores (CINTRA et al., 2010).
Além do EurepGap existem outros selos que certificam as Boas Práticas Agrícolas de
gestão ambiental e social visando a segurança e qualidade dos alimentos in natura ou
processados, entre eles podemos destacar ISO 14001, SA 8000 e o HACCP. O ISO 14001
considera todos os aspectos ambientais da atividade produtiva e o seu gerenciamento visa,
principalmente, diminuir o impacto ambiental. Esse selo é uma norma internacional e segue
os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A implantação e certificação do SGA é
uma novidade e pode ser considerado um importante diferencial para os agentes do setor. Na
mesma tendência está o SA 8000, também uma norma internacional e define o que é o
Sistema de Gestão Social. Este atesta e contabiliza o que a empresa realiza em prol da
9
sociedade e bem estar dos públicos internos e externos da mesma e orienta uma gestão
socialmente responsável nas empresas de qualquer natureza (IBCERT, 2010).
O HACCP (Hazard Analylisis and Critical Control Points - Análise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle) é exigido pela União Européia, Canadá, Austrália, Nova
Zelândia e Japão e é aplicado para a produção de alimentos, indústrias processadoras ou
qualquer dependência que manipule alimentos. Esse selo foi instituído por agências como a
do Serviço de Inspeção de Alimentos e Segurança do Departamento Norte-Americano de
Agricultura e pela Administração de Alimentos e Drogas (FDA), como um sistema para o
controle científico dos processos objetivando a eliminação de contaminantes em áreas críticas
da produção e distribuição. Esse certificado auxilia na prevenção na contaminação dos
alimentos garantindo um alimento saudável contra perigos biológicos, físicos ou químicos
identificando as medidas preventivas necessárias e pontos críticos de controle (CINTRA et
al., 2010).
5. Situação atual da tecnologia
5.1. Referente à própria produção
Em se tratando de investimento e inovações tecnológicas, tanto a parte de irrigação (e
fertirrigação) quanto o manejo pós-colheita merecem destaque, no cultivo tradicional assim
com na Produção Integrada.
A irrigação e a fertirrigação, como práticas agrícolas na produção integrada, devem ser
racionalmente aplicadas e monitoradas de modo que se evitem os desperdícios com os
conseqüentes prejuízos econômicos, sociais e ambientais. De acordo com as Normas Técnicas
Específicas para a Produção Integrada de Banana (NTEPIBanana) de 20 de janeiro de 2005, a
área temática número 8 trata da Irrigação e recomenda “Utilizar técnicas de irrigação sub-
copa, como a microaspersão e a aspersão, conforme os requisitos da cultura da banana”. Estes
métodos têm características hidráulicas e de aplicação da água que se tornam
comparativamente vantajosas em relação aos demais, em se tratando da cultura da banana. O
sistema de microaspersão é o método utilizado por todas as propriedades que aderiram à
Produção Integrada de Banana no Norte de Minas Gerais, portanto, estão de acordo com as
normas (OLIVEIRA et al., 2005).
10
Seja através do uso das estações meteorológicas automáticas registrando diariamente
dados climáticos e utilizando o modelo empírico de Penman-Monteith (evapotranspiração),
tanque de evaporação classe ‘A’ ou até mesmo valores já tabelados, existem várias maneiras
de se ministrarem lâminas de irrigação aos cultivos de banana. O manejo da irrigação baseia-
se nessas informações que irão permitir a definição de quando irrigar e quanto de água
aplicar. Não há porque os produtores não utilizarem qualquer destas informações, em troca de
um manejo empírico, sem qualquer controle, com desperdício de água e de nutrientes além de
outros fatores de produção com conseqüente prejuízos financeiros e ambientais (EMBRAPA,
2003).
Com o intuito de ajustar e refinar o turno de rega, tensiômetros deverão ser
aleatoriamente instalados na área irrigada para monitorar o potencial da água (estado de
umidade) na camada a 40 cm de profundidade do solo. Nesta profundidade encontra-se 80%
do sistema radicular de absorção da banana e onde a leitura dos tensiômetros deverá estar
oscilando entre 70 e 100% da água disponível do solo. Com o auxilio da curva de retenção de
cada solo, será determinada a leitura no tensiômetro equivalente àqueles valores de água
disponível que representa um nível de umidade ótimo para a bananeira nas condições de clima
e solo da região. Uma das maiores dificuldades na utilização de tensiômetros no manejo da
irrigação é a variabilidade espacial do solo (OLIVEIRA et al., 2005).
Com relação à fertirrigação apesar de ter sido iniciada com a irrigação por aspersão,
essa prática se adapta mais aos sistemas localizados, uma vez que aproveita as características
próprias do método, tais como baixa pressão, alta freqüência de irrigação e possibilidade de
aplicação da solução na zona radicular, tornando mais eficiente o uso do fertilizante. Muitas
outras vantagens existem em se fertirrigar usando-se sistemas localizados, de tal forma que,
atualmente, o equipamento de fertirrigação é tão indispensável nos sistemas de irrigação
localizada quanto os de filtragem e tratamento da água (EMBRAPA, 2003).
Quanto ao manejo pós-colheita destaca-se: o transporte de cachos por cabos aéreos;
galpões de embalagem (lavagem, classificação, pesagem e etiquetagem); embalagem (caixas
revestidas com plástico de baixa densidade); frigoconservação; conservação em atmosferas
controlada e modificada; maturação controlada (climatização – temperatura e umidade
relativa na câmara). Com o beneficiamento, classificação, padronização e embalagem das
bananas, em vista da melhoria da qualidade do produto, as técnicas citadas surgiram com a
necessidade de aprimoramento nesses seguimentos visando aumentar o valor agregado do
produto final, pois se sabe que a maioria dos consumidores de frutas (principalmente
11
externos), têm uma crescente tendência a serem influenciados por coloração, sabor, tamanho e
uniformidade, além é claro do rastreamento da produção, teores nutricionais adequados e
livres de resíduos de agroquímicos.
5.2. Referente a orientações e normas
Com já se sabe, a busca dos consumidores mundiais é por alimentos seguros e, nesse
caso específico, frutas produzidas em sistemas de produção sustentáveis, baseados na
utilização de boas práticas agrícolas e de fabricação, oferecendo garantia de rastreabilidade.
Neste cenário se insere a Produção Integrada como sendo o sistema de produção capaz de
oferecer frutas certificadas e com as garantias desejadas pelos consumidores. Para que isso
ocorra é necessário o estabelecimento das normas e documentações exigidas.
As orientações gerais da Produção Integrada de frutas foram geradas com a publicação
do Marco Legal da Produção Integrada de Frutas do Brasil (Andrigueto & Kososki, 2002),
onde estão as diretrizes gerais para a elaboração dos documentos que nortearão a Produção
Integrada de cada fruta, especificamente. Dessa forma, e seguindo uma orientação base, foram
gerados os documentos da Produção Integrada de Banana.
Normas técnicas específicas: constitui o documento orientador do sistema de PI de
Banana, organizado em quinze áreas temáticas, as quais definem as ações ou práticas a serem
utilizadas pelo produtor, distribuindo-as em obrigatórias, recomendadas, proibidas e
permitidas com restrição. As bases para elaboração das normas técnicas específicas foram
dadas pelas Normas Técnicas Gerais da Produção Integrada de Frutas – NTGPIF, contidas no
Marco Legal da Produção Integrada de Frutas (Andrigueto & Kososki, 2002). Para os
produtores interessados na certificação Produção Integrada de Frutas, é fundamental que as
práticas definidas como obrigatórias sejam realizadas e aquelas proibidas não o sejam.
Práticas recomendadas não têm necessariamente que ser aplicadas, mas, para aquelas
permitidas com restrição, significa que a sua utilização deve ser acompanhada de alguma
justificativa técnica. A utilização de agrotóxicos, por exemplo, será sempre uma prática
permitida com restrição. O monitoramento da praga e o nível de controle indicado se
constituirá na justificativa técnica para a aplicação de determinado produto (CORDEIRO,
2010).
Cadernos de campo e de empacotadora: a rastreabilidade, que em simples palavras
significa fazer o caminho de volta, é uma das bases do sistema de Produção Integrada.
12
Portanto, fazer todas as anotações do que, como e quando foi realizado, desde a implantação
do bananal até o beneficiamento da fruta e envio para o mercado consumidor, é a única forma
de permitir essa rastreabilidade. Nesse sentido, os cadernos de campo e empacotadora
constituem os documentos básicos para permitir a rastreabilidade. Na ocorrência de algum
problema com a fruta, os cadernos tanto podem servir como prova de condenação como de
absolvição do produtor. Durante o processo de auditoria, os cadernos de campo e
empacotadora são documentos básicos de trabalho para o auditor. Os modelos de cadernos
que constam da documentação da Produção Integrada de Banana, não precisam,
necessariamente, ser os mesmos modelos adotados pelos produtores, desde que o seu sistema
de anotação garanta a rastreabilidade do sistema. A evolução do processo já permite que os
cadernos sejam informatizados, facilitando assim o sistema de anotações (CORDEIRO,
2010).
Grade de agroquímicos: A grade de agroquímicos é, nada mais nada menos, que a
relação dos produtos químicos como: fungicidas, inseticidas, nematicidas, herbicidas,
acaricidas e produtos de uso geral, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), para uso na cultura da bananeira. Novos produtos passam,
automaticamente, a fazer parte da grade assim que o registro for oficializado. O contrário vale
para produtos cujo registro tenha sido cancelado ou vencido. Uma norma básica da Produção
Integrada é a não utilização de produtos sem registro. Nesse sentido, incidirá em falta grave o
produtor, inscrito na Produção Integrada, que utilizar produto sem o devido registro no
MAPA. Portanto, a grade de agroquímicos atualizada é a que consta do programa Agrofit, na
página do MAPA (CORDEIRO, 2010).
Na grade de agroquímicos da Produção Integrada Banana constam várias observações
e restrições que devem ser respeitadas, tais como:
a) Observação: a soma dos tratamentos com fungicidas monosítio e IBE (inibidores da
biossíntese de ergosterol) não deve ultrapassar a 60% por safra, e a 30% de forma consecutiva
para um mesmo princípio ativo por safra.
b) Restrições para uso de alguns fungicidas:
· A soma dos tratamentos com produtos à base de benzimidazól não deve exceder a
três aplicações por safra.
· Não utilizar o Chlorothalonil em mistura com óleo mineral agrícola. Obedecer a um
intervalo mínimo de 15 dias antes ou após tratamento com óleo mineral. Uso permitido
somente em bananais com cachos protegidos por sacos plásticos.
13
· As intervenções com fungicidas ditiocarbamatos serão permitidas em períodos de
alto risco de acordo com orientação do monitoramento, devendo ser feitas alternadamente
com fungicidas de outros grupos em doses não superiores a 3 kg ha-1, ou em mistura com
triazóis mantendo como dose mínima 70% da recomendação para ambos fungicidas
componentes da mistura. Uso permitido somente em bananais com cachos protegidos com
sacos plásticos.
c) Restrições para o uso de inseticidas e/ou nematicidas: o uso de inseticidas é
permitido somente sob monitoramento da flutuação populacional.
d) O uso de nematicidas é permitido somente sob monitoramento da flutuação
populacional.
e) Restrições para herbicidas: não utilizá-los em solos com baixos níveis de matéria
orgânica.
Documentos de acompanhamento: entre os documentos chamados de
acompanhamento, encontram-se as listas de verificação, uma relação de itens para checagem,
para uso do produtor, do responsável técnico da propriedade ou do próprio auditor para fazer
a verificação das atividades e, a partir daí, fazer as correções e/ou observações necessárias.
Entre esses documentos, destacam-se: Lista de Verificação para Auditoria Inicial de Campo;
Lista de Verificação para Auditoria de Acompanhamento de Campo e Lista de verificação
para Auditorias de Empacotadoras. De modo geral o auditor elabora sua própria lista de
verificação, que, tomando como base as quinze áreas temáticas que compõem as normas
técnicas do produto. Os itens obrigatórios e os proibidos são os mais visados durante a
auditoria (CORDEIRO, 2010).
6. Considerações finais
Considerando que o atual sistema de produção da cultura da banana, verifica-se que os
gargalos encontrados, como a alta incidência de pragas e doenças (moleque, nematóides, mal
do Panamá, Sigatoka negra e amarela, principalmente a negra), baixo nível de tecnologia
utilizado na produção e na pós-colheita, falta de capacitação dos agentes da cadeia produtiva e
comercialização, proporciona sérias limitações à produção convencional, assim, é possível
que cresça a tendência de aumento no sistema de produção integrada, uma vez que muitos
problemas “crônicos” da produção convencional podem ser resolvidos utilizando-se a
14
produção integrada, tais como maior capacitação dos agentes envolvidos na produção e
principalmente na comercialização e uso de técnicas diversificadas para o controle de pragas e
doenças.
Em termos gerais, apesar da bananeira ser uma fruta de grande importância para o
mundo, verifica-se que ela vem apresentando uma redução drástica na produção, devido
principalmente à susceptibilidade da maioria das cultivares plantadas à severas doenças.
Assim, é prudente também não buscar somente produção integrada em todas as lavouras, uma
vez que se isso ocorresse, a produção mundial de banana não atenderia a toda a demanda,
sendo importante ponderar que a produção convencional, que de fato não é sustentável, retrata
uma sociedade que também não é sustentável, tendo uma característica excessivamente
consumista. Assim, buscar manter os recursos naturais para as futuras gerações, preservar
aspectos de recursos humanos e ainda se obter lucros com a produção agrícola envolve todo
um trabalho de conscientização da população, que em especial devem pagar mais, devido ao
justo ônus da produção integrada, afinal, se o consumidor quer consumir uma banana livre de
doenças, insetos e resíduos de agroquímicos, sem manchas, no ponto ideal de maturação, com
tamanho adequado, com teores nutricionais adequados, com sabor adequado e ainda querem
ter o rastreamento da produção, que o produtor pague integralmente encargos sociais e
impostos e por fim que o produto ainda esteja no varejo da “esquina de sua casa” em oferta
estável durante todo ano, é prudente que o consumidor pague, e pague caro, por isso.
15
7. Referências bibliográficas
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