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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
PARANÁGOVERNO DO ESTADO
FICHA CATALOGRÁFICA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
PROFESSOR PDE 2010
Título: Leitura, Escrita e Contação de História: Atividades Lúdicas na sala de aula.
Autor: Célia de Souza Alves
Escola de Atuação: Colégio Estadual José Domingues da Costa. Ensino Fundamental e Médio
Município da escola: Congonhinhas
Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio
Orientador: Miguel Heitor Braga Vieira
Instituição de Ensino Superior UENP
Disciplina/Área (entrada no PDE): Língua Portuguesa
Produção Didático-pedagógica: Unidade Didática.
Relação Interdisciplinar:
Público Alvo: Alunos da 1ª série do Ensino Médio
Localização: Colégio Estadual José Domingues da Costa.Av: Manoel Ribas, 688
Apresentação: Esta pesquisa tem como objetivo propor atividades de leitura que desenvolvam a capacidade da oralidade, da escuta e da escrita, no processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa. O qual vem contemplar considerações pertinentes ao ato de escrever, por meio de elaboração coletiva de um instrumento didático pedagógico, através da aplicação dos conteúdos e apropriação do conhecimento fundamentados na Pedagogia-Crítica difundida por João Luiz Gasparin.Levando-se em conta os grandes problemas apresentados pelos alunos em relação à produção textual nas escolas e a carência de uma concepção de linguagem que lhes confira significação à produção escrita, procurando mostrar a escrita dos diários de alunos como forma de manifestação lingüística a ser valorizada pela escola.
Palavras-chave: Leitura, escrita e contação de histórias.
Produção Didática – Pedagógica
Unidade Didática
1. Identificação
1.1- Área PDE: Língua Portuguesa.
1.2- Professor PDE: Célia de Souza Alves.
1.3- Professor Orientador IES: Miguel Heitor Braga Vieira.
1.4- IES Vinculada: UENP.
1.5- Escola de Implementação: Colégio Estadual José Domingues da Costa.
1.6- Município: Congonhinhas.
1.7- NRE: Cornélio Procópio.
1.8- Público Objetivo da Intervenção: Alunos da 1ª série do Ensino Médio.
2. Título- Leitura, escrita e contação de história: Atividades lúdicas na sala de aula.
INTRODUÇÃO:
Tendo em vista a importância de aprimorar as competências da leitura,
escrita, fala e contação de história, de forma dinâmica, é que foi selecionada a turma
da 1ª série do Ensino Médio. Este trabalho vem contemplar considerações
pertinentes ao ato de escrever, por meio de elaboração coletiva de um instrumento
didático pedagógico, através da aplicação dos conteúdos e apropriação do
conhecimento fundamentados na Pedagogia - crítica difundida por João Luiz
Gasparin, na qual apresenta em cinco capítulos, em que cada um é constituído de
um quadro teórico metodológico e dos correspondentes procedimentos operacionais
da ação docente – discente e complementar.
O instrumento é o Gênero Textual “Diário”, que vai ser produzido pelos alunos
durante os encontros semanais, o qual constituem-se em instrumentos de escrita
que possibilitam reflexão de quem lê e de quem escreve, além de poderem ser
considerados como meios para a elaboração de saberes quanto a linguagem escrita
pelos alunos. Em sua concepção ampla, como materiais pouco estudados no mundo
2
contemporâneo, o trabalho contempla ainda um levantamento daquilo que será
produzido principalmente no que diz respeito à utilização dos diários enquanto
instrumento didático pedagógico, além de analisar alguns diários publicados, como
“O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria”
(Michel Quoist), a fim de tomar maior contato com tal gênero de escrita.
Segundo Marcuschi, 2002, “os gêneros são, em última análise, o reflexo de
estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a
variação de gêneros, mas este é um aspecto que somente o estudo intercultural dos
gêneros poderá decidir.”
Para Bronckart (1994), os gêneros constituem ações de linguagem que
requerem do agente produtor uma serie de decisões que ele necessita ter
competência para executar: a primeira delas é a escolha que deve ser feita a partir
do rol de gêneros existentes, em que lhe parece adequado ao contexto e à intenção
comunicativa; e a segunda, é a decisão e a aplicação que poderá acrescentar algo a
forma destacada ou recriá-la.
Sobre os gêneros digitais como o blog se justificam pelo fato de que esses
diários virtuais têm se tornado uma ferramenta muito popular entre jovens e já fazem
parte de sua vida cotidiana. O blog surge como um novo gênero a ser descrito e
explorado, sai da internet e migra para a sala de aula, passa de diário íntimo da rede
para uma ferramenta a mais para o professor.
O blog é concebido como um espaço em que o escrevente pode expressar o
que quiser na atividade da escrita, com a escolha de imagens e de sons que
compõem o todo do texto veiculado pela internet.
A aproximação dos blogs ao gênero dos diários pode ser justificada pela
projeção de uma imagem estereotipada daquele que se ocupa de escritos pessoais.
Quem escreve sobre si, para relatar acontecimentos íntimos.
Os blogs, que seriam, segundo Marcuschi (2004, p.31), um gênero emergente
que teria como contra-parte preexistente os diários pessoais, abrigam tanto escritas
sobre si, ou seja, declarações de cunho pessoal que formariam o gênero “diário
pessoal”, quanto piadas, músicas e outros gêneros que demonstram o gosto pessoal
do dono do blog.
Os PCNs referem-se à atividade discursiva vista como forma textual
empiricamente realizada, mas essas recomendações deveriam implicar a
consideração, por parte dos professores, não só da estrutura, mas também do uso,
3
ou seja, da interação, uma vez que o texto resulta de uma base de orientação
constituída por um conjunto das representações do agente-produtor acerca da
definição dos parâmetros de situação comunicativa (o lugar e o momento da
produção, o emissor e o receptor, a instituição social onde se dá a interação, os
papéis sociais do produtor e do destinatário e o objetivo da interação).
JUSTIFICATIVA:
Levando-se em conta os grandes problemas apresentados pelos alunos em
relação à produção textual nas escolas e a carência de uma concepção de
linguagem que lhes confira significação à produção escrita, procurando mostrar a
escrita dos diários de alunos como forma de manifestação linguística a ser
valorizada pela escola.
Contudo, se o que se deseja é atrair o aluno para as possibilidades da língua,
é preciso permitir que ele contribua com suas manifestações linguísticas e se
conscientize das diversas formas de expressão, sejam elas, orais ou escritas, com
condições específicas de produção. Nesse sentido, tornando-se interessante fazer
uma comparação entre os diferentes contextos abordados no trabalho, isto é, a
escrita do diário e a escrita da escola, indicando-se assim tais diferenças, a fim de
se considerar também o diário como uma escrita valiosa para o uso de linguagem.
OBJETIVOS
Objetivo Geral:
• Desenvolver da destreza escrita a partir da produção de um diário pessoal.
Objetivo Específico:
• Identificar as características do gênero, bem como do emprego de linguagem
informal, de expressões idiomáticas, datas, etc.
• Entender o diário como um gênero textual da ordem relatar.
• Conhecer as práticas sociais da produção e circulação do diário.
• Construir textos adequados ao gênero textual diário.
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Sequência Didática
Unidade DidáticaParte IPrática SocialNível de Desenvolvimento Atual do Educando
Prática Social Inicial do ConteúdoO que os alunos e o professor já sabem
A prática social inicial consiste em preparar o aluno para entrar em contato
com a temática, e inicialmente o professor fará um diagnóstico com relação aos
hábitos de leitura e escrita dos alunos para que a partir da resposta dos mesmos o
professor possa então conduzir as atividades da melhor forma possível, alguns
questionamentos seria se eles têm o hábito de ler e com que freqüência esse ato se
realiza? Quais os gêneros de leitura eles lêem? Se eles tem hábito de escrever? Em
resposta afirmativa o que geralmente eles escrevem, ou seja, que tipos de produção
eles realizam.
Parte II:Teoria.Zona de Desenvolvimento Imediato do Educando.
PROBLEMATIZAÇÃO.EXPLICITAÇÃO DOS PRINCIPAIS
PROBLEMAS DA PRÁTICA SOCIAL.
Neste segundo momento que consiste na problematização será apresentado
para os alunos a pintura “Moça” de Almeida Junior. Sabemos que textos não são só
aqueles formados por palavras e frases, que se encadeiam para ganhar sentido. Os
comerciais da TV, as pinturas em livros e obras de arte são formados por sinais que
precisam ser decodificados, lidos, para serem compreendidos. Agrupando aos textos
5
verbais, essas linguagens ajudam os alunos a interagir com o mundo e a se
expressar melhor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior
A partir da pintura “Moça”, será feito alguns questionamentos, como:
- O que vocês podem observar nesta obra?
- O que mais chamou sua atenção nesta obra?
- Que elementos tornam perceptíveis na imagem?
- O que podemos analisar através desta imagem, isto é, a respeito dos aspectos
formais da obra?
- Na sua opinião, é possível vislumbrar uma história a partir da imagem? Qual?
Parte IIIINSTRUMENTALIZAÇÃO.AÇÕES DIDÁTICAS – PEDAGÓGICOS PARA A APRENDIZAGEM.
Logo após a pintura, iniciaremos o processo de instrumentalização, nessa
atividade, os alunos estabelecem uma comparação intelectual entre seus
conhecimentos cotidianos e os conhecimentos científicos.
Este trabalho apresenta uma intervenção pedagógica com o gênero textual
“Diário”, pouco usado e pouco conhecido no meio escolar. E sabemos que a
principal meta é levar o aluno a utilizar a linguagem na escrita e produção de textos
orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas
demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e considerar
condições de produção do discurso (Brasil/MEC, 1998).
Esta forma pode revelar-se um excelente lugar de registro de uma escrita ao
sabor de impulsos momentâneos, correspondendo ao desejo de apenas escrever. O
6
autor utiliza o diário como um lugar onde ele pode expor seus sentimentos e contar
seus segredos.
Também sabemos que o diário pessoal pode, muitas vezes, tornar-se um
documento de grande valor histórico, quando relata fatos desconhecidos pela
maioria das pessoas, como “O Diário de Anne Frank”, “O Diário de Zlata Filipovic”,
“O Diário de Ana Maria”, entre outros.
Nesse momento será apresentada a leitura do texto “Páginas de um diário”,
de Lino de Albergaria que relata a história de um jovem de treze anos
aproximadamente que estuda no ensino fundamental e que ajuda os pais no
sustento da família.
PÁGINAS DE UM DIÁRIO8/11/94
Ontem, uma segunda-feira, já ia subir o morro, depois da aula, quando encontro
Maria Laura. Decidi mudar de ideia e fazer uma coisa. Perguntei se ela queria
passear comigo na pracinha que existe lá embaixo.
– Vamos esperar o pôr-do-sol – eu propus.
– Vai demorar – ela disse.
– A gente espera, fica conversando. Aposto que você não tem nada para fazer.
E não tinha mesmo, porque topou. Um banco estava vazio, perto de uma árvore.
Foi lá que a gente ficou.
– Desculpa ter demorado pra devolver suas poesias – ela falou.
– Esquece isso.
– Sabe por quê? Eu estava copiando.
– Você copiou?
Então pensei que ela entendeu e eu não tinha percebido que ela tinha entendido.
Que aquilo era meu amor, entregue de bandeja. É, ela sabia que eu gostava dela. E
até guardou a prova, a confissão.
Já que era assim, tomei coragem e segurei a mão dela. Fiquei sem saber se ela ia
tirar. Não tirou.
O céu foi começado a mudar de cor. Alguma coisa vermelha ia mudando o azul.
– Olha, começou – eu falei, apontando para o céu.
Ela olhou. Ficamos olhando juntos. O sol se afastando e pintando o céu.
7
– Maria Laura...
Ela olhou para mim e eu a puxei para perto. Ela veio. Pus meus lábios sobre os dela.
Olhando o céu. Antes que anoitecesse, ela chamou para a gente subir.
Entrou em casa sem se voltar. Acho que estava atrasada. Continuei minha subida,
sem pressa nenhuma. Esperando pela primeira estrela.
Lino de Albergaria. Caderno de segredos.
São Paulo. Saraiva, 1996.
Disponível em: http://entremulheres.com/artigos/5-resolucoes-para-ano-novo-que-
nao-deve-fazer
DIALOGANDO COM O TEXTO
1) Um diário serve para registrar momentos que, de certa forma, nos tocam, nos
emocionam.
a) De quem são as experiências registradas nessas páginas de diário?
R- São de José Carlos.
b) Você sabe que narrador é aquele que conta a história. Observe o narrador
desse texto. Ele também é personagem? Qual o ponto de vista assumido por ele
na história?
R- Sim, ele também é personagem, pois narra em 1ª pessoa.
c) Que palavras permitem reconhecer o ponto de vista do narrador?
R- Os pronomes e verbos em 1ª pessoa. Exemplos: (eu) decidi; eu propus.
2) Por que o encontro entre José Carlos e Maria Laura mereceu ser registrado
nessas páginas de diário?
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R- Porque foi um momento marcante para eles. José Carlos descobriu que Maria
Laura correspondia ao seu amor, e numa pracinha, apreciando o pôr-do-sol,
aconteceu o primeiro beijo.
3) Durante o diálogo entre Maria Laura e José Carlos, ela confessa ter copiado
os poemas dele.
a) Como ele interpretou o que Maria Laura disse?
R- Como uma declaração de reciprocidade ao seu amor.
b) Que outros sinais no comportamento de Maria Laura podem ter levado José
Carlos a fazer essa interpretação?
R- O fato de ela aceitar passear com ele na pracinha e esperar a chegada do
pôr-do-sol em sua companhia.
4) O narrador-personagem, ao registrar suas experiências no diário, emprega
palavras e expressões coloquiais, próprias do discurso oral. Identifique as
marcas de oralidade nos trechos a seguir e transcreva-as em seu caderno.
a) “Foi lá que a gente ficou.
– Desculpa ter demorado pra devolver suas poesias – ela falou.”
R- A gente; desculpa; pra.
b) “Então pensei que ela entendeu e eu não tinha percebido que ela tinha
entendido.”
R- A repetição das formas verbais entendeu / tinha percebido / tinha entendido.
c) Que efeito o emprego dessas palavras e expressões transmitem ao texto?
R- Transmitem um efeito de coloquialidade e informalidade.
5) O primeiro beijo entre os jovens aconteceu no momento do pôr-do-sol.
a) De que modo o cenário descrito se relaciona ao momento vivido pelos jovens?
R- A mudança de cores do céu, o vermelho invadindo o azul, simboliza o
momento de amor vivido pelos jovens.
b) Na sua opinião, qual cor descrita nesse momento pode ser associada, de
maneira simbólica, ao sentimento dos personagens?
R- O vermelho. Simbolicamente é uma cor associada ao amor e à paixão.
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6) Os fatos da narrativa estão ligados ao tempo em que a ação acontece. O
tempo pode ser indicado pela época ou momento em que a história se passa e
pela duração da ação.
a) Que expressões determinam claramente o momento em que a ação
acontece?
R- Ontem; segunda-feira; depois da aula; antes que anoitecesse.
b) Quanto tempo, aproximadamente, dura a ação? Justifique.
R- Um fim de tarde, pois os jovens se encontram antes do pôr-do-sol e
despedem-se ao anoitecer.
7) Esse texto, extraído do livro “Caderno de Segredos”, foi escrito em forma de
diário.
a) Nessas páginas de diário, que tipo de discurso é empregado pelo narrador?
R- O discurso direto.
b) Que marcas lingüísticas permitem identificar nesse texto o tipo de discurso
empregado?
R- O uso do travessão para introduzir cada fala e os verbos de elocução propus,
disse, falou.
8) O autor desse texto escolheu a forma de diário para narrar os conflitos e as
aventuras de seu personagem, um adolescente de aproximadamente treze anos.
a) Por que, na sua opinião, o diário foi o tipo de texto escolhido pelo autor?
R- Resposta pessoal. Sugestão: Por que é um tipo de texto com linguagem e
temática próximas do adolescente, público-alvo do autor do livro.
b) Que características do diário permitem ao autor atingir seu objetivo?
R- O diário é um tipo de texto em que se registram impressões e fatos do
cotidiano, além de desejos, emoções e segredos. A linguagem é informal e
apresenta expressões coloquiais e marcas da oralidade, características que o
aproximam do público adolescente.
c) Qual a importância de se registrarem por escrito os acontecimentos e
emoções em um diário?
R- Resposta pessoal. Sugestão: Para relembrar o passado; para reviver
momentos
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Apresentar a seguinte imagem para os alunos:
Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/37/21275909/?franq=184711
Em seguida fazer alguns questionamentos:
- O que vocês acham que essa imagem representa?
- O que é um diário?
- Por que a agenda tem um cadeado?
- Por que tem esse nome?
- Há tipos diferentes de diários?
- Alguém já leu ou escreveu um diário?
Após essa discussão, será proposto por meio de uma produção escrita de
uma página de diário ou um blog, de um relato de memórias, Isto é, um texto que
conte uma experiência vivida com uma pessoa especial e inesquecível. Os alunos
poderão compartilhar com os colegas suas experiências.
Leia a seguir trechos do diário de Bridget Jones, personagem criado pela
escritora inglesa Helen Fielding (1960) resolveu fazer um diário por um ano,
conversando consigo mesma, dia após dia, de maneira bem humorada.
Domingo, 8 de janeiro
58 kg (bom à beça, mas e daí?), ... 3.100 calorias (ruim).
4H. Ai, Deus, por que sou tão pouco atraente? Não posso acreditar que me
convenci que não faria nada o fim de semana inteiro para trabalhar quando na
verdade estava em estado de alerta para o encontro-com-Daniel. Horrível, perdi dois
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dias olhando para o telefone como uma psicopata e comendo coisas. Por que ele
não ligou? Por quê? O que há de errado comigo? Por que pediu meu telefone se
não ia ligar e, se fosse, certamente seria no fim de semana? Preciso me centrar.
Vou pedir a Jude um bom livro de autoajuda, de preferência baseado em alguma
religião oriental.
[...]
23h. Muito tarde para Daniel ligar. Muito chateada e traumatizada.
[...]
Domingo, 15 de janeiro
57 kg (excelente), 3.879 calorias (horrível), 942 pensamentos negativos (média por
minuto), 127 minutos contando pensamentos negativos (aprox.).
18h. Completamente exausta depois de passar o dia todo me preparando para o
encontro. Ser mulher é pior do que ser lavrador__ tem tanta coisa para cuidar na
plantação e na colheita: depilar pernas com cera, raspar axilas, tirar sobrancelhas,
passar pedra-pomes nos pés, esfoliar e hidratar a pele, tirar os cravos, pintar a raiz
dos cabelos, completar o desenho das pestanas, lixar as unhas, massagear a
celulite, exercitar os músculos da barriga. A coisa é tão complexa que basta você
esquecer durante uns dias e lá se vai a plantação. Às vezes penso como eu ficaria
se deixasse tudo por conta da natureza__ barba comprida, bigode de pontas
viradas, sobrancelhas grossas, rosto igual a um cemitério, cheio de células mortas,
espinhas na pele, unhas longas como as de Mortícia Adams, cega como um
morcego sem minhas lentes de contato, o corpo flácido balançando, Argh, argh. É
de espantar que as garotas sejam inseguras?
19h. Não posso acreditar. Quando ia para o banheiro dar os últimos retoques na
plantação, vi que a luzinha da secretária eletrônica estava piscando: Daniel.
– Olha, Jones, mil desculpas. Acho que não vai dar para nos encontrarmos
hoje à noite. Tenho de fazer uma apresentação de campanha às 10 da manhã e ler
uma pilha de 45 laudas de texto.
Não acredito. Levei um bolo. Desperdício total de um dia inteiro de esforço e
energia corporal hidroelétrica. Mas não se deve viver na dependência dos homens e
sim ser uma mulher de fibra.
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21h. É preciso considerar que ele tem um cargo muito importante. Talvez não
quisesse estragar um primeiro encontro com nervosismo por causa do trabalho.
23h. Argh. Bem que ele podia ter ligado de novo. Vai ver que saiu com alguém mais
magra do que eu.
5h da manhã. O que eu tenho de errado? Estou completamente sozinha. Detesto
Daniel Cleaver. Não vou ter mais nada com ele. Vou me pesar.
FIELDING, Helen. O diário de Bridget Jones. Trad. De Beatriz
Horta. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1998.
(fragmento).
1) Nesse trecho do diário, Bridget relata suas impressões pessoais no tempo de
dois domingos.
a) No seu entender, qual é a característica mais marcante da personalidade
dela? Você se identifica com ela?
R- Pessoal. Sugestão: A protagonista (Bridget) sente-se insegura e ansiosa em
relação a como se vê fisicamente e a como é vista por possíveis pretendentes.
Mas consegue brincar com suas impressões, vendo-se criticamente e dando
leveza ao texto.
b) Bridget tem 32 anos de idade. Você acha que o comportamento do
personagem é comum a todas as mulheres, não importando a faixa etária?
R-Pessoal. Sugestão. A tendência é que demonstrar insegurança e ansiedade
quanto à aparência física seja um traço que perde terreno à medida que a mulher
amadurece.
2) Há uma comparação no texto que provoca humor ao deslocar de lugar e de
sentido certas atividades femininas. Copie no caderno essa passagem e
explique-a.
R- É o trecho que vai de “ser mulher é pior do que ser lavrador...” até “... minhas
lentes de contato, o corpo flácido balançando”. Ao comparar as atividades do
lavrador às atividades de embelezamento femininas, deslocando o lugar e o sentido
de trabalho no campo para o trabalho no corpo e pondo características masculinas
(barba e bigode) no rosto feminino, o humor explode no texto de Helen Fielding.
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3) Marcas de oralidade aproximam o texto escrito da fala.
a) Uma dessas marcas aparece repetida no texto. Copie-a e escreva o que diz sobre
a linguagem usada nos diários.
R- É a interjeição “argh”, que expressa desagrado, repulsa. O diário pretende
reproduzir na escrita uma conversa (consigo mesmo), gênero típico da oralidade.
Para que isso ocorra, lança mão da linguagem informal ou coloquial.
b) O que a marcação temporal, comum nos diários, pode indicar sobre o enredo
narrado? Qual é o tempo do diário de Jones? E o que também aparece como
marcador temporal junto à indicação dos dias?
R- Que tudo o que é narrado ou relatado nos diários, fatos, ações de personagens,
passeios, descrições, ocorre geralmente no tempo de um dia, ou seja, aquele
indicado no texto. No trecho visto do diário de Bridget Jones, o tempo ocorre em dois
domingos, dias 8 e 15 de janeiro. Os textos que aparecem em itálico abaixo dos dias
também são indicadores temporais, pois informam sobre os “números” do dia do
personagem (peso, calorias, pensamentos positivos e negativos). As horas,
evidentemente, também marcam o tempo.
c) Em geral, os diários são escritos em 1 pessoa. Transcreva uma frase com verbo e
pronome nessa pessoa.
R- “Preciso me centrar.”
LENDO O CONTEXTO
É comum o diário apresentar vocativo (por exemplo, Querido diário) depois
da data e, no final, a assinatura. Contudo, os diários típicos não são conhecidos,
pois são escritos para o próprio autor, que costuma expor seus segredos, como num
desabafo.
Mas o diário pode ser produzido para alguém, para ser publicado, e o
conteúdo nem sempre é real; o de Bridget Jones, por exemplo, é fictício.
PRODUÇÃO DE TEXTOS1ª PROPOSTA:
A seguir, leia trechos de dois diários de conteúdos diversos.
14
O primeiro foi escrito por Amyr Klink no livro Mar sem fim: 360º ao redor da
Antártica. Nele o autor conta sua fantástica aventura de circum-navegação pelo
continente gelado ao longo de cinco meses.
O segundo faz parte de O diário de Anne Frank, livro que narra o cotidiano de
uma jovem judia de 13 anos que viveu escondida com a família e outras pessoas em
um prédio em Amsterdã, Holanda, na época do nazismo. Ela escreveu o diário entre
12 de junho de 1942 e 1º de agosto de 1944, quando o grupo foi descoberto e preso.
Escolha um dos textos a seguir para desenvolver o seu diário, de acordo com
as sugestões apresentadas.
Leitura:
Texto 1
[...] Sábado de manhã, chovendo. Levantei as velas, finalmente em ordem, e
soltei o cabo da poita de Jurumirim. “Te cuida, Amyr!” disse o Hermann depois de
um abraço desajeitado, e saltou no bote laranja com o Álvaro, o Sérgio e os
portugueses João e Paulo. Únicas testemunhas da partida, os cinco me
acompanharam a distância, em meio à chuva que não parava, até alcançarmos a
boca da baía. É engraçado, mas gosto da chuva em Paraty. Faz o mar ficar mais
verde e as matas das montanhas ao redor mais vivas. Baía dentro de uma baía,
Jurumirim logo desapareceu. Depois sumiram as igrejas e as palmeiras-imperiais da
cidade, ao fundo da baía maior. A distância, o Hermann fez uma curva com o
levantado e os cinco ficaram para trás. Acenei. Estava fora da baía. Ao enxugar o
rosto molhado de chuva na manga do casaco vermelho ainda sem gosto de sal,
deixei escapar um grito entalado há um bom tempo. Impronunciável. De alegria, de
alívio. [...]
Klink, Amyr. Mar se fim: 360º ao redor da Antártica. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000. p. 15. (Fragmento).
- Poita: espécie de âncora para pequenas embarcações.
Esse é o início do texto em forma de diário que Amyr escreveu em sua
viagem à Antártica. Você pode criar um diário próprio, ao mesmo estilo do dele,
desenvolvendo um primeiro parágrafo para narrar sua saída e mais dois de igual
tamanho para contar as surpresas desse primeiro dia de viagem. Observe o tipo de
linguagem e empregue a 1ª pessoa, como ocorre no texto de Amyr Klink.
15
Texto 2:
[...]
Quinta-feira, 5 de novembro de 1942.
Querida Kitty,
Finalmente os ingleses conseguiram algumas vitórias na África, e Stalingrado
ainda não caiu, por isso os homens estão contentes e tivemos café e chá hoje de
manhã. Quanto ao resto, nada de especial para contar.
Esta semana andei lendo bastante e fazendo pouco trabalho. É assim que as
coisas deveriam ser. Certamente é a estrada para o sucesso.
Ultimamente mamãe e eu estamos nos dando melhor, mas nós nunca
ficamos íntimas. Papai não é muito aberto com relação aos seus sentimentos, mas é
a mesma doçura de sempre. Acendemos a lareira há alguns dias e toda a sala ainda
está cheia de fumaça. Prefiro aquecimento central, e provavelmente não sou a
única. Margot é uma nojenta (não há outra palavra para isso), uma fonte de irritação
constante, de manhã, de tarde e de noite. FRANK, Otto H; PRESSLER, Mirjam. O diário de Anne
Frank. 16. ed. Trad. de Ivanir Alves Calado. Rio de
Janeiro: Record, 2001. p. 65. (fragmento).
Observe que, nessa página do diário, há a data e o vocativo, além do
emprego da 1ª pessoa. Nela, são registrados alguns fatos relacionados à Segunda
Guerra Mundial, mas também um dia tranqüilo diante da loucura da guerra. A obra
constitui um importante documento sobre a ocupação alemã.
Escreva uma página de diário, imaginando-se como parte do grupo de Anne
Frank, vivendo o seu cotidiano e as freqüentes ameaças de bombardeio ou a
possibilidade de ser descoberto pelos alemães. Você vive os problemas de um
adolescente e sonha que um dia o conflito vai terminar.
2ª PROPOSTA:
Um diário pode refletir momentos pessoais, significativos para avaliação de
nossas experiências, as quais, muitas vezes, podem nos incomodar, por serem
tristes, preocupantes, ou nos alegrar, por serem felizes.
16
Redija uma página de diário contando alguns fatos importantes que
aconteceram recentemente e lhe causaram grande felicidade ou tristeza. Você pode
narrar, por exemplo, uma experiência marcante, um relacionamento difícil ou
prazeroso, uma viagem com muitas lembranças boas, um período de grandes
mudanças na família ou em sua vida pessoal.
Leia antes estas orientações.
- Observe a estrutura do diário (data, vocativo) e desenvolva o texto. Escreva
na 1ª pessoa e empregue a linguagem informal ou coloquial. Não se esqueça da
assinatura.
- Conte os fatos revelando suas opiniões e emoções, as causas e as
consequências do ocorrido. Depois releia o texto e reescreva-o, se for preciso.
- Avalie a estrutura e a linguagem, se as ideias foram bem expressas e se
estão interessantes.
- Como o diário em geral é pessoal, você deve decidir se vai entregá-lo a
algum colega para ler. Se quiser, mostre depois seu texto para o professor e troque
ideias com ele.
Produção de TextosOs blogs representam um ótima forma de comunicação. Se você tiver um
computador e uma conexão com a internet, crie um blog comunitário para trocar
ideias, fotografias e links co amigos e ainda conversar sobre outros assuntos que
considerar interessantes.
Você pode produzir também um blog familiar, para que seus parentes
troquem notícias e fotos. Se for necessário. Consulte sites e provedores na internet
que o (a) orientem na produção de blogs. Dê o endereço de seu blog a colegas e
amigos com quem deseja se comunicar mais frequentemente.
Estes sites podem ajudá-lo na criação de seu blog.
• http:/blog.uol.com.br/
• http://blog.terra.com.br/
• http://www.theblog.com.br/
17
PARTE IV
CARTASEEXPRESSÃO ELABORADA DA NOVA FORMA
DE ENTENDER A PRÁTICA SOCIAL.
Construindo então o processo da instrumentalização vai se então para a
catarse na qual os alunos começam então a colocar em prática suas impressões a
partir das leituras e atividades prévias, ou seja, os alunos estarão preparados para
trabalhar com uma produção de ordem literária, o texto escolhido é: “Cordel
adolescente, ó xente” de Sylvia Orthof, que é considerado um texto da literatura
popular escrito em versos rimados e que narra à história de Bertulina, uma
adolescente que se apaixona como tantas outras, nesta ocasião o professor deverá
trabalhar com a produção de um cordel em que os alunos contarão um episódio de
suas vidas de forma escrita e também, narrada ou declamada, explorando
consequentemente a oralidade e a escrita.
Cordel adolescente ó xente!
Sou mocinha nordestina,
meu nome é Doralice,
tenho treze anos de idade,
conto e reconto o que disse,
1 pois me chamo Doralice,
sou quem vende meu cordel Disponível em http://acordacordel.blogspot
nas feiras lindas do longe com/2011/04/folhetim-global-
onde a poesia esconde valoriza-o-cordel.html
nas sombras do meu chapéu!
Eu falo tudo rimado
no adoçado da palavra
do Nordeste feiticeiro,
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2 no meu jeito brasileiro,
aqui vim dizer e digo
que escrevo muito livro
que penduro num cordel,
todo fato acontecido
eu coloco no papel!
Vim pra feira, noutro dia,
armei a minha poesia
num cordel de horizonte.
3 Quem passasse no defronte
daquilo que eu vendia,
parava e me escutava,
pois sou mocinha falante,
declamava o que escrevia!
Contei de uma garota
que me amava um cangaceiro,
era um tal cabra da peste,
4 uma valentão do Nordeste
que montava a ventania,
trazia susto e coragem
por cada canto que ia!
Virge Maria!
O nome da tal mocinha?
não digo... é um segredo,
escrevo o que não devo,
5 invento, pois tenho medo
de contar que a tal menina
era... toda fantasia!
Era moça que esconde
a tristeza na alegria,
19
6 morava no perto-longe
daquilo que nunca digo,
o seu nome era antigo,
era... talvez... Bertulina...
Quem sabe da tal menina?
Um dia de azul e noite,
pernoite de cavalgada,
na sombra, muito assustada,
7 Bertulina viu o moço
que, ao longe, galopava.
Ai, xente!
Um luar se balançava
num cordel adolescente!
O vento corria tanto,
8 espanto: não alcançava
a ligeireza perfeita
que o galope desenhava!
Era um cabra cangaceiro,
curtido e sertanejo,
9 tinha olhos de lonjuras,
verduras de olhar miragens,
chapéu de couro, facão
de abrir caminhos, viagens!
Tinha estrelas faiscantes
10 nos dentes do seu sorriso...
Ai... Me calo... quase falo!...
Ó xente... que perco o siso!
Nos cascos do seu cavalo
tinha trovão e faísca,
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11 tinha fogo, tinha brasa,
fósforo que queima e risca
o escuro e ilumina
a paixão em Bertulina!
O moço chegou chegando,
sorriu sua belezura,
saltou fora do cavalo
12 (vontade ninguém segura),
roubou o beijo da boca
de Bertulina, a donzela.
Depois de assaltar o beijo,
perguntou o nome dela.
— Eu me chamo Bertulina,
moço, estou muito assustada,
sou tão moça, inda menina,
nunca antes fui beijada...
O senhor me assaltou,
13 não deu tempo pra mais nada...
Eu não sei o que que eu faço,
minha boca está molhada
como o orvalho da flor...
Será que seu beijo, ó moço,
em mim pousou... namorou?
Será que o gesto louco
teve um pouco de amor?
– Não sei se é fato, ou fita,
não sei se é fita, ou fato,
o fato é que você me fita,
14 me fita mesmo, de fato!
– respondeu o cangaceiro
em brincadeira e risada,
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pulou sobre o seu cavalo
e partiu em galopada!
15 A lua tremeu nos olhos
De Bertulina, em lágrimas...
A mocinha ficou louca
de gosto de amor partido
no alto do céu da boca!
16 Nem sabia que o amor
podia ser cangaceiro,
podia assanhar desejos
roubando o beijo primeiro!
Porque o primeiro beijo
17 é coisa muito esperada:
tem que ser algo de manso,
remanso, lagoa d’água...
Tem que ter um certo tempo,
18 coragem não revelada,
um perfume de jasmim,
um não s’esqueça de mim...
Quando numa noite quente
a lua ficou inchada,
19 o cavaleiro voltou.
Bertulina espiava
de dentro de uma paixão.
O moço viu Bertulina
20 e quis roubar outro beijo.
Foi aí que a mocinha
falou assim pro rapaz:
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– Antes de querer meu beijo,
por favor, moço, me diga
se o beijo é verdadeiro,
ou se é ousadia,
assalto de cangaceiro!
[...]
Eu me chamo Doralice
21 Bertulina do sertão.
Comigo só tem poesia
se rimar no coração.
Aprendi uma verdade
22 e verdade não se esquece:
tudo aquilo que se aceita...
pois é, a gente merece!Sylvia Orthof. Cordel adolescente, ó xente! By herdeiros de Sylvia Orthof.
São Paulo, Quinteto Editorial, 1996.
DIALOGANDO COM O TEXTO:
1. O cordel, uma narrativa em versos, é um tipo de texto elaborado para ser
declamado ou cantado.
a) O texto que você leu se inicia com uma apresentação. Quem se apresenta ao
leitor/ouvinte? Qual o seu nome o que faz?
R.: A menina Doralice é cordelista e vende seus cordéis de feiras.
b) Qual é a estratégia empregada pela cordelista para atrair a atenção das pessoas
para o seu cordel?
R.: Ela declama os cordéis que escreve.
c) Qual é o tema do cordel?
R.: O amor de Bertulina por um cangaceiro.
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2. Na 4° estrofe, a narradora começa a contar a historia da garota que amava um
cangaceiro.
a) Que aspectos do cangaceiro são ressaltados nessa estrofe?
R.: A valentia, a coragem e a ousadia.
b) Que expressão tipicamente nordestina é usada para qualificar o cangaceiro?
R.: Cabra da peste.
c) Transcreva a expressão da linguagem oral empregada pela narradora. Que
significado ela adquire no contexto?
R.: “Virge Maria!”. Indica admiração da narradora diante da valentia do cangaceiro.
3. Ao referir-se à mocinha da história, na 5° e 6° estrofes, a narradora não a
identifica claramente. Por que ela utiliza essa estratégia?
R.: Porque ela quer despistar o leitor/ouvinte, para que não descubra que o caso de
amor aconteceu com ela própria.
4. A primeira vez que Bertulina viu o cangaceiro, algo aconteceu.
a) Que imagem representa o despertar do amor em Bertulina?
R.: “Um luar se balançava/ num cordel adolescente!”
b) Que verso expressa a emoção incontida desse momento?
R.: “Ai, xente!”
c) Que efeito de sentido é decorrente dessa escolha?
R.: O registro da fala da personagem direta e espontânea, com o vocabulário e o
modo de falar próprio da região em que vive, torna o diálogo mais vivo e expressivo
para o leitor.
5. O cangaceiro é caracterizado na 9° estrofe.
a) Que versos mostram o seu jeito de ser?
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R.: “Era um cabra cangaceiro,/ tinha olhos de lonjuras,/ verduras de olhar miragens,/
chapéu de couro, facão/ de abrir caminhos, viagens!”
b) O que esse trecho revela sobre as características do cangaceiro?
R.: Revela que ele gostava de aventuras, de correr o mundo, que nada o prendia a
um lugar.
6. A 11° estrofe narra o momento em que explode a paixão de Bertulina.
a) Que substantivos empregados nessa estrofe podem ser associados às sensações
vividas por Bertulina?
R.: Trovão, faísca, fogo, brasa e fósforo.
b) Que sentidos os substantivos empregados nessa estrofe atribuem ao momento
narrado e conseqüentemente ao sentimento de Bertulina?
R.: Atribuem um efeito de intensidade, a sensação de uma paixão arrebatadora e
incontrolável.
7. Releia a 12° estrofe e responda.
a) Que recurso foi utilizado para revelar a impetuosidade do cangaceiro?
R.: A seleção dos verbos empregados revela uma sucessão de ações rápidas que o
cangaceiro executa ao roubar o beijo de Bertulina.
b) Por que, na sua opinião, a narradora não empregou adjetivos e/ou advérbios para
caracterizar o cangaceiro e sua ação?
R.: Resposta pessoal.
Sugestão: Porque a forma como as ações se sucedem já permite ao leitor perceber
o jeito de ser cangaceiro, sendo, pois, desnecessário o emprego de outras classes
de palavras.
8. Na 13° estrofe, Bertulina, após o beijo, afirma estar assustada.
a) Qual a preocupação dela em relação ao beijo?
R.: Ela quer saber se o beijo foi roubado por amor.
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b) Na fala de Bertulina, o que as reticências podem revelar?
R.: As reticências podem revelar o nervosismo e a ansiedade dela depois do beijo
roubado; ou o encanto e a paixão que corta a fala.
9. Doralice e Bertulina são as mesma pessoa.
a) Que pistas, no texto, podem leva-lo a concluir isso?
R.: Sugestão de resposta. Os alunos poderão se referir: à 5° estrofe, quando a
narradora esconde o nome da menina e diz que ela é “fantasia”; à 6° estrofe, quando
ela diz “era... talvez... Bertulina...”, mostrando insegurança; à 10° estrofe, quando a
narradora deixa extravasar seus sentimentos pelo cangaceiro
“Ó xente... que perco o siso!” Poderão se referir também à passagem do discurso
indireto (fala do narrador) para o discurso direto (fala da personagem) que ocorre na
13° estrofe do cordel.
b) Com que objetivo a narradora pode ter usado essa estratégia na sua história?
R.: Possivelmente, para deixar o leitor curioso, prender sua atenção e também
surpreende-lo no final.
O CORDEL E O ACRÓSTICO
O acróstico é um recurso empregado pelos autores de cordéis para assegurar
o direito à autoria. As iniciais dos versos que compõem a última estrofe das
narrativas formam o nome do autor. Veja o exemplo.
A sorte pintou o drama
Lentamente, como um giz;
Mesmo sendo barulhento,
Evaristo foi feliz.
Isso fez sem ter orgulho:
Deixou de comprar barulho
Assim seu destino quis!
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(Manoel D’Almeida Filho. O comprador
De barulho. São Paulo, Luzeiro, 1976.)
Fonte de pesquisa: Gênero do discurso na escola __ mito, conto, cordel, discurso
político, divulgação cientifica. Coordenadora Helena Nagamine Brandão. São Paulo,
Cortez,2003.
PARTE VPRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO
NOVA PROPOSTA DE AÇÃO
A PARTIR DO CONTEÚDO APRENDIDO
Na etapa final que é a prática social final do conteúdo será trabalhado o filme
“Escritores da Liberdade” que conta a história de uma forma comovente e instigante,
o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme se
inicia com uma jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra
como novata em uma instituição de Ensino Médio, a fim de lecionar Língua Inglesa e
Literatura para uma turma de adolescente considerada “turbulenta”, e que ao longo
da trama ela valoriza os alunos como indivíduos críticos e que infelizmente estavam
inseridos em um contexto social ao qual eles não tinham voz, ela então incentivou os
alunos a registrarem fatos da sua vida por meio da produção de um diário e que ao
final da história se torna um livro, na qual eles tiveram a liberdade para expressar
suas idéias e sentimentos.
Nesse momento será realizada algumas atividades.
Atividade 1
• Os alunos serão levados para assistir o vídeo.
• Os alunos assistirão ao filme “Escritores da Liberdade”
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• Estar orientando os alunos para que assistam com muita atenção e que
possam estar fazendo algumas anotações, pois serão feitos a
questionamentos do filme.
Atividade 2
• Após ter assistido o filme, será entregue aos alunos algumas questões.
• Onde se narra a história do filme?
• Em que época ela acontece?
• Quais são os personagens protagonistas?
• Do que se trata a história narrada do filme?
• Na história apresenta complicadores, quais são eles?
• Relate com poucas palavras o que você entendeu da história.
Será dado um tempo para que os alunos respondam às questões, e pedir
para que apresentem as suas respostas.
COLETÂNIA DE TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOSA proposta de produção é a escrita de um diário da turma, onde consta o
relato feito pelos alunos e será feito o lançamento da coletânea com a presença de
familiares, amigos e professores no centro cultural.
No Horizonte perdido
Vou ao longo do infinito
Com o coração partido
Descubro um lugar bonito.Célia de Souza Alves
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REFERÊNCIASBELTRÃO, Eliana Santos & GORDILHO, Tereza. Coleção Novo Diálogo. 7ª Série. p. 8-12, 19-25. 1ª Ed. São Paulo. FTD. 2006.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Língua Portuguesa. Ensino Fundamental. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental MEC, 1998.
CARVALHO, Maria Angélica Freire de. Os Gêneros Do Discurso E O Texto Escrito Na Sala De Aula Uma Contribuição Ao Ensino. Disponível em: http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/os%20generos.html. Acesso em 22 de junho de 2011.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Critica, 5ª ed. rev. e ampl. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. & XAVIER Antônio Carlos. (orgs.) HipertextoE_Gêneros_Digitais. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 2004.
SARMENTO, Leila Lauar & TUFANO, Douglas. Português – Literatura – Gramática – Produção de Texto. Vol. 1. p. 371-375. 1ª Ed. São Paulo. Editora Moderna. 2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior. Acesso em 10/06/2011 às 16h.
http://www.submarino.com.br/produto/37/21275909/?franq=184711. Acesso em 11/06/2011 às 10h.
http://acordacordel.blogspotcom/2011/04/folhetim-global- valoriza-o-cordel.html. Acesso em 11/06/2011 às 14:20h.
http://entremulheres.com/artigos/5-resolucoes-para-ano-novo-que-nao-deve-fazer. Acesso em 14/06/2011 às 15h.
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