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FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 1) GRANDE ÁREA: Exatas ( ) Humanas (X) Vida ( ) 2) DADOS DO (A) ALUNO (A) Nome: Amanda Lopes(PIBIC) / Bryan Mariano Martinez Alves (VIC) Curso: Ciências Econômicas Semestre/Ano: 3 o semestre (Amanda) / 9 o semestre (Bryan) Dados da Bolsa: ( ) Renovação (X) Nova PIBIC ( Amanda ) OU VIC ( Bryan ) Período do relatório: Agosto/2009 a Julho/2010 2) DADOS DO (A) ORIENTADOR (A) Nome: Margarida Garcia de Figueiredo Instituto/Faculdade: Faculdade de Economia Deptº: 3) DADOS DO PROJETO DE PESQUISA Título do Projeto e/ou sub-projeto: Recuperação de áreas com pastagem degrada: estudo comparativo entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul N° de registro na CAP: 006/CAP/2009 4) APRECIAÇÃO SUCINTA DO ORIENTADOR (A): Tanto a Amanda quanto o Bryan apresentaram bastante interesse pela pesquisa, participaram satisfatoriamente de todas as atividades à eles atribuídas, além de demonstrarem bom relacionamento com colegas no desenvolvimento de atividades coletivas. Assinatura do (a) aluno (a) Assinatura do (a) orientador (a)

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Page 1: projeto pibic

FORMULÁRIO PARAAPRESENTAÇÃO DE RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

1) GRANDE ÁREA: Exatas ( ) Humanas (X) Vida ( )

2) DADOS DO (A) ALUNO (A)

Nome: Amanda Lopes(PIBIC) / Bryan Mariano Martinez Alves (VIC)

Curso: Ciências Econômicas Semestre/Ano: 3o semestre (Amanda) / 9o semestre (Bryan)

Dados da Bolsa: ( ) Renovação (X) Nova

PIBIC ( Amanda ) OU VIC ( Bryan ) Período do relatório: Agosto/2009 a Julho/2010

2) DADOS DO (A) ORIENTADOR (A)

Nome: Margarida Garcia de Figueiredo

Instituto/Faculdade: Faculdade de Economia Deptº:

3) DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título do Projeto e/ou sub-projeto: Recuperação de áreas com pastagem degrada: estudo comparativo entre Mato Grosso e Mato Grosso do SulN° de registro na CAP: 006/CAP/2009

4) APRECIAÇÃO SUCINTA DO ORIENTADOR (A): Tanto a Amanda quanto o Bryan apresentaram bastante interesse pela pesquisa, participaram satisfatoriamente de todas as atividades à eles atribuídas, além de demonstrarem bom relacionamento com colegas no desenvolvimento de atividades coletivas.

Assinatura do (a) aluno (a)

Assinatura do (a) orientador (a)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMTFACULDADE DE ECONOMIA - FE

Relatório Final de Pesquisa de Iniciação Científica

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS COM PASTAGEMDEGRADA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MATO

GROSSO E MATO GROSSO DO SUL

OrientadorMargarida Garcia de Figueiredo

Alunos de ICAmanda Lopes (PIBIC)

Bryan Mariano Martinez Alves (VIC)

Cuiabá, MTJulho de 2010

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3

Sumário

Resumo...................................................................................................................................4

1. Introdução..........................................................................................................................5

2. Revisão de Literatura.........................................................................................................7

3. Metodologia.......................................................................................................................9

4. Resultados e Discussão....................................................................................................10

5. Conclusões.......................................................................................................................17

6. Atividades desenvolvidas.................................................................................................17

7. Dificuldades encontradas e ações adotadas para superação das dificuldades..................18

8.Considerações finais..........................................................................................................19

9. Referências Bibliográficas...............................................................................................19

Anexos..................................................................................................................................20

Page 4: projeto pibic

4

Resumo

A despeito da grande importância econômica da pecuária extensiva no Brasil, em especial

no Estado de Mato Grosso, um problema que vem sendo atualmente enfrentado pelo setor

diz respeito à sustentabilidade da atividade, especialmente nas áreas localizadas próximas

ao bioma amazônico. Nesse contexto, a recuperação de pastagens degradadas é uma

possível solução tecnológica que pode ser utilizada para reduzir o impacto que a atividade

pecuária representa. Assim, o objetivo geral do projeto é desenvolver uma análise

comparativa para recuperação de áreas com pastagem degradada entre os Estados de Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, considerando duas propriedades típicas. Como ferramenta

de análise foram utilizados alguns métodos de avaliação de viabilidade econômica de

projetos, a saber: Método do Valor Presente Líquido (VPL); Método da Razão

Benefício/Custo (B/C); e Método da Taxa Interna de Retorno (TIR). Tais métodos foram

empregados sob diferentes cenários, considerando a utilização do sistema de integração

lavoura-pecuária, uma das formas usuais de se recuperar áreas com pastagem degradada.

Até o presente momento foram efetuadas as análises para a propriedade localizada no

estado de Mato Grosso do Sul, e no segundo semestre deste ano serão realizadas as

análises para a propriedade localizada em Mato Grosso, bem como a análise comparativa

entre os dois estados. Vale ressaltar que a principal dificuldade no desenvolvimento do

estudo foi quanto à disponibilidade de dados para o estado de Mato Grosso, os quais ainda

não foram disponibilizados conforme o combinado com o produtor. A previsão é de que

estes dados estejam disponíveis até meados de setembro, para que o projeto seja finalizado

até dezembro de 2010. Como principais resultados parciais, verificou-se que, no caso da

propriedade localizada no Mato Grosso do Sul, o aumento gradual das áreas de lavoura, no

sistema integração lavoura-pecuária, será benéfico à fazenda como um todo. Tal benefício

ocorre porque esta prática faz girar mais dinheiro na propriedade, recupera áreas de

pastagens degradadas, e reduz a proporção de custos fixos, representando uma boa opção

para o pecuarista que necessita recuperar áreas com pastagens degradadas.

Page 5: projeto pibic

5

1. Introdução

O Brasil possui grandes vantagens comparativas em relação a outros países

produtores de carne bovina, destacando-se a disponibilidade de áreas de pastagem e a boa

oferta e distribuição de chuvas nas principais regiões produtoras, que juntamente às

variedades forrageiras adaptadas aos solos de cada região, tornam o país importante

ofertante de animais de pasto. A maior vantagem do sistema de produção brasileiro é sem

dúvida o baixo custo de produção, basicamente por não depender de grãos para

alimentação do rebanho, mas ainda se destaca pelo enorme potencial de crescimento, pela

possibilidade de aumentar a produção em áreas subaproveitadas (com baixa lotação) ou

degradadas, e em rotação com agricultura.

O Brasil dispõe um estoque inicial, de aproximadamente 180 milhões de cabeças

de gado, com uma produção de 9,5 milhões de toneladas de carne. Cerca de 90% da carne

é produzida em sistemas em que a alimentação do rebanho está baseada exclusivamente

em pastagens. A área total de pastagens cultivadas soma aproximadamente 100 milhões de

hectares. Somente na região dos Cerrados existem 49,4 milhões de hectares de pastagens

cultivadas, as quais abrigam cerca de 40 milhões de cabeças de bovinos, representando

mais de 35% do rebanho nacional. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2008), a maior porção do rebanho bovino do Brasil está

localizada na região Centro-Oeste, com destaque para os Estados de Mato Grosso, com 26

milhões de cabeças, seguido por Mato Grosso do Sul com 22 milhões de cabeças, fazendo

que a região represente 34,07% do total nacional em 2008.

A despeito da grande importância econômica da pecuária extensiva no Brasil, em

especial no Estado de Mato Grosso do Sul, um problema que vem sendo atualmente

enfrentado pelo setor diz respeito à sustentabilidade da atividade. Na região dos Cerrados,

para comportar o rápido crescimento do rebanho bovino, ocorreram aumentos

significativos nas áreas de pastagens cultivadas. O avanço na proporção de pastos chegou a

saltar de 18% para 65% em 2002 (MULLER e MARTHA JR., 2008), indicando que a

degradação de pastagens vem se acelerando.

O manejo inadequado do sistema solo-planta forrageira-animal e o gerenciamento

ineficiente do negócio explicam o fato de que, atualmente, 60% a 70% das pastagens

cultivadas nos Cerrados – cerca de 35 milhões de hectares –, apresentam algum grau de

degradação (MARTHA JR. e VILELA, 2002). Geralmente os fatores que causam a

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6

degradação das pastagens estão associados ao manejo, contudo, falhas técnicas durante o

processo de semeadura e estabelecimento podem concorrer para esta degradação.

Nesse contexto, a recuperação de pastagens degradadas é uma possível solução

tecnológica que pode ser útil na tentativa de reduzir o impacto que a atividade pecuária

representa nas áreas de cerrado e, ao mesmo tempo, melhorar a produtividade animal,

favorecendo a economia regional. Diante do anuncio do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA) de que pretende incentivar a produção agropecuária

sustentável e a recuperação de pastagens degradadas, com uma linha especial de

financiamento, supondo que crédito se torne disponível em condições atrativas, é de se

esperar que um grande número de produtores se engaje na tarefa de recuperar seus pastos.

Aos que a isso se lançarem, duas decisões fundamentais se apresentam: primeiramente,

escolher o processo de recuperação mais adequado ao estado em que se encontra a área

degradada e aos recursos disponíveis (condições do solo, máquinas, equipamentos, mão-

de-obra, capital e capacidade administrativa, principalmente); em segundo lugar, mas

talvez mais importante e difícil, definir a dimensão em que deve empreender este processo.

Traduzindo estes condicionantes na forma de um questionamento do produtor,

delineia-se a seguinte pergunta: “dado o capital, as pastagens e o rebanho de que disponho,

quanto da área degradada devo recuperar a cada ano, vendendo ou não gado para financiar

este processo, ou, contrariamente, comprando gado, de forma a otimizar a utilização dos

pastos e assim gerar o maior retorno econômico?”. A recomendação de se recuperar

pastagens degradadas, muitas vezes, baseia-se na experiência e intuição dos autores,

entretanto, no intuito de embasar tomadas de decisões mais seguras faz-se necessário a

realização de estudos que procurem oferecer subsídios, para responder aos

questionamentos do produtor.

O objetivo geral do trabalho é realizar um estudo de caso para uma propriedade

típica, localizada na região de Sidrolândia, no centro-norte de Mato Grosso do Sul, de

modo a analisar comparativamente, e identificar se a utilização do sistema de integração

lavoura-pecuária apresenta-se como opção economicamente viável para a recuperação de

áreas com pastagens degradadas. Objetivos específicos incluem: I. a elaboração de um

diagnóstico da propriedade, e construir o fluxo de caixa para a atividade; II. O

desenvolvimento de cenários para análise de recuperação de pastagens degradadas em

diferentes sistemas de produção; III. A análise da viabilidade econômica de cada cenário;

IV. O estabelecimento de comparações entre os resultados obtidos nos diferentes cenários,

de modo a identificar a melhor alternativa para a propriedade.

Page 7: projeto pibic

7

Segundo a opinião de especialistas, como justificativa para este trabalho, é

possível intensificar a produção nacional de carne bovina sem a expansão das áreas de

pastagem e sim com a introdução de novas tecnologias de recuperação de pastagens

degradadas (BAPTISTA, 2008). Somente no Estado de Mato Grosso do Sul, dos 16

milhões de hectares de pastagem cultivados, 60% a 70% apresentam algum grau de

degradação e 30% a 40% já estão em um processo avançado de degradação (ZIMMER et

al; 1998).

2. Revisão de Literatura

De acordo com Macedo (1995), a degradação de pastagens consiste no processo

evolutivo de perda de vigor, de produtividade e de capacidade de recuperação natural das

pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais. Além

disso, consiste na incapacidade de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e

invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de

manejos inadequados. Existem diferentes métodos para a recuperação e renovação de

pastagens, conforme descritos a seguir:

Recuperação e renovação direta: Entende-se por recuperação direta as práticas

mecânicas e químicas aplicadas a uma pastagem com o intuito de revigorá-la, sem

substituir a espécie forrageira existente. Apresenta menor risco ao produtor, e é

aconselhada para áreas que se encontram com clima e solos desfavoráveis para produção

de grãos, com falta ou pouca infra-estrutura de máquinas e implementos, aporte de

insumos, menor disponibilidade de recursos financeiros, e utilização da pastagem no curto

prazo (MACEDO, KICHEL e ZIMMER, 2000).

Renovação direta: seriam as ações relativas às praticas agronômicas aplicadas

sobre pastagens degradadas no sentido de substituir a espécie presente e reverter o

processo de degradação através da implantação de uma nova espécie forrageira. Baseia-se

em procedimentos mecânicos e químicos com uso de herbicidas.

Recuperação e renovação indireta: A recuperação indireta de pastagens

degradadas pode ser compreendida como aquela efetuada através de práticas mecânicas,

químicas e culturais, utilizando-se de uma pastagem anual ou lavoura anual de grãos, por

certo período de tempo, a fim de revigorar a espécie forrageira existente. A renovação

indireta de pastagens, por sua vez, pode ser entendida como aquela efetuada através de

práticas mecânicas, químicas e culturais, utilizando-se de uma pastagem anual ou de uma

lavoura anual de grãos, por certo período de tempo, objetivando substituir a espécie

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8

forrageira existente por outra de melhor valor nutritivo ou com diferentes características

que as da espécie em degradação. Recomenda-se para estágios de degradação muito

avançados, onde o solo apresente baixa fertilidade e alta acidez, baixa produtividade de

forragem, grande quantidade de invasores. Entretanto seu custo é elevado, pois exige infra-

estrutura de máquinas e equipamentos e conhecimento tecnológico (MACEDO, KICHEL e

ZIMMER, 2000).

Integração lavoura - pecuária: Este sistema permite um uso mais racional de

insumos, máquinas e mão-de-obra na propriedade agrícola, além de diversificar a produção

e o fluxo de caixa dos produtores, dando uma melhor sustentabilidade da produção

agropecuária. A integração lavoura - pecuária permite um sistema de exploração em

esquema de rotação, onde se alternam anos ou períodos de pecuária com a produção de

grãos ou fibras, etc. Tem-se apresentado eficiente na melhoria das propriedades químicas,

físicas e biológicas do solo, controlando invasoras e quebrando ciclos de pragas e doenças

(MACEDO, KICHEL e ZIMMER, 2000).

Plantio direto sobre pastagens: O sistema de plantio direto sobre pastagens

também é uma tecnologia alternativa de manutenção da produtividade e de

recuperação/renovação de pastagens em estádios iniciais de degradação, para áreas que

apresentem apenas perda de vigor ou rápida queda na produtividade. Este sistema pode ser

utilizado para o plantio de pastagens anuais (milheto ou sorgo forrageiro), leguminosas

(estilosantes ou guandu) ou culturas anuais de grãos (soja ou milho), sobre pastagens de

Brachiaria ou Panicum. O sucesso da produção da cultura utilizada no plantio direto está

associado ao nível de degradação da pastagem.

Estudos realizados na década de 80 descreveram uma redução da fertilidade do

solo, apontando a importância da recuperação dos pastos degradados. A viabilidade da

atividade pecuária sem os benefícios concedidos nas décadas anteriores passa, então, a ser

questionada. Falesi & Veiga (1986) concluem que a técnica de recuperação de pastagens só

se torna viável através de financiamentos acessíveis devido ao alto custo da utilização de

máquinas pesadas e de fosfato aplicado em grande quantidade. A necessidade do uso de

tecnologia na pecuária no Brasil centro-norte não foi percebida somente nos últimos anos.

No trabalho realizado no Brasil Central e descrito por Mueller (1977), que utiliza

simulações com modelos de programação linear, o autor ressalta a importância das

pesquisas destinadas à melhoria das variedades de pastagens mais adaptadas, como é o

caso da introdução do gênero Brachiaria brizanta, forrageira desenvolvida para o cerrado

que contribuiu para a expansão da pecuária na região permitindo ganhos significativos na

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9

taxa de lotação animal, desempenho e produtividade. Diante de toda esta discussão, torna-

se interessante a realização de estudos que definam as tecnologias e estratégias mais

viáveis econômica e ambientalmente, resultantes da combinação de métodos para a

recuperação de áreas que seriam eventualmente abandonadas.

3. Metodologia

O primeiro passo foi selecionar duas propriedades típicas (uma no Mato Grosso e

outra no Mato Grosso do Sul), que viriam a servir como foco de estudo. Procurou-se

selecionar os dados necessários ao desenvolvimento das análises, estabelecendo-se um

diagnóstico preciso das atuais características das propriedades, devendo contemplar: o

tamanho da fazenda, a proporção da área com pastagem degradada, a capacidade de

suporte das demais áreas na propriedade, a disponibilidade de capital de giro e de

investimento, a atual disponibilidade de estoque de capital (incluindo-se máquinas,

equipamentos, construções e benfeitorias), a capacidade administrativa, a disponibilidade

de mão-de-obra, as condições do solo, o tamanho do rebanho existente, os atuais índices de

desempenho zootécnico, dentre outros fatores. Vale ressaltar que, dentro do programa

desenvolvido para os alunos de iniciação científica, foi possível desenvolver somente as

atividades relacionadas à propriedade situada no Mato Grosso do Sul, conforme justificado

no item das dificuldades encontradas. Como principais métodos para a análise econômica,

adotou-se as medidas de mérito do Valor Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de

Retorno (TIR) e da relação Benefício-Custo (RBC).

O VPL é amplamente utilizado como medida de mérito na tomada de decisão em

projetos de viabilidade econômica, sendo definido como a diferença entre o valor presente

dos benefícios e o valor presente dos custos. Os valores de custos e benefícios esperados

durante a vida útil de um projeto são trazidos para o tempo zero, descontando-se a taxa de

juros, também denominada taxa de desconto (FRIZZONE; 2005). Analisando-se um único

projeto, independentemente de alternativas, o critério a ser adotado deve ser o de se

investir apenas se o VPL > 0; caso contrário, não se deve investir. Quando existirem

projetos alternativos, e o tomador de decisão tiver que escolher em qual investir, o mais

apropriado será o que apresentar o maior VPL, com a ressalva de que todos devem ser

expressos no mesmo prazo.

A relação benefício-custo (RBC) é o quociente entre o valor dos benefícios e o

valor dos custos. Este critério pode ser aplicado tanto para valor presente, quanto para

valores anuais, contanto que os benefícios e custos a serem comparados estejam sempre em

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iguais instantes referidos. Neste caso, o projeto deve ser aceito para investimento apenas se

RBC > 1. Ao comparar projetos alternativos, deve-se optar pelo que tiver a maior RBC.

A TIR é a taxa de juros que torna nulo o valor presente líquido (VPL), ou seja,

representa a taxa mínima de retorno do projeto, necessária para recuperar pelo menos o

valor do investimento. Após o cálculo da TIR, seu valor deve ser comparado ao da taxa

mínima de atratividade (taxa de desconto), de modo que o projeto apenas deva ser

implementado se a TIR for maior ou igual a esta taxa.

Para comparação entre diferentes projetos, todos devem apresentar o mesmo

horizonte de tempo e, caso isto não ocorra, devem ser transformados através de artifícios

matemáticos. Além disso, ao comparar alternativas de investimento pelo método da TIR,

deve-se analisar a TIR do valor incremental, ou seja, da ΔVPL. A alternativa de maior

investimento deve ser aceita, caso a TIR do valor incremental seja maior do que a taxa

mínima de atratividade.

4. Resultados e Discussão

Toda a análise foi baseada na manutenção constante das áreas de lavoura, com os

anos, em 521 ha dentre 7680 ha de área total. Sem considerar as áreas para produção de

silagem de cana, essas áreas exclusivas lavoura são:

Reservatório (silagem de sorgo): 64,5 ha

Reservatório (soja seguido de aveia): 64,5 ha

Lanchonete (soja seguido de aveia branca): 33 ha

Piquete dos carneiros (soja seguido de milheto): 53 ha

Piquete 13 (soja seguido de milheto): 98 ha

Invernada 02 (soja seguido de milho safrinha): 158 ha

Área de silagem de Aruana: 50 ha

Das áreas acima, as de produção de silagem totalizam 114,5 ha, demandam custos

variáveis diretos mas não produzem receita bruta direta de lavoura. Isso porque o material

colhido é convertido em produto animal. Estas áreas foram mantidas constantes e,

portanto, seus custos operacionais variaram, ao longo dos anos, apenas em função da

expectativa de inflação. O fato de não haver receita direta das áreas de silagem não implica

que elas podem ser transformadas em áreas de soja ou outra cultura não-forrageira, mais

rentáveis, posto que tais áreas são fundamentalmente contabilizadas no planejamento de

oferta de forragem. Por outro lado, pode-se optar pela substituição de silagem do sorgo e

capim Aruana por culturas forrageiras mais mais produtivas (ex.: cana-de-açúcar), caso a

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11

oferta de forragem apresente-se crítica, ou então por forrageiras mais interessantes em

termos de custo-tonelada na dieta final (nos casos em que é elevado o custo de obtenção de

proteína na propriedade, pode não ser a cana-de-açúcar).

A substituição de sorgo e/ou capim Aruana por outras forrageiras não sensibiliza

significativamente a economicidade (para cima ou para baixo) da Fazenda como um todo

porque as áreas envolvidas são relativamente pequenas. Entretanto, a opção pela cana-de-

açúcar tende a ser sempre mais econômica em função da produtividade desta cultura.

Dessa forma, desconsiderando-se as áreas para produção de volumosos de sorgo e

capim Aruana, tem-se uma área inicial (atualmente) de lavoura de 406,5 ha. A análise da

expansão das áreas de lavoura em 10% ao ano mostrou-se satisfatória na economicidade

geral da Fazenda. Cabe ressaltar que este incremento guarda consigo a proporcionalidade

das atividades empregadas anteriormente. O planejamento de semeadura das áreas ao

longo dos anos agrícolas é apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Planejamento aproximado para áreas de lavoura (ha) ao longo dos anos.

Ano agrícola (Agostoi – Julhoi+1)

1 2 3 4 5 6 7 8

Soja / aveia 70,95 78,05 85,85 94,43103,8

8

114,2

7

125,6

9

138,2

6

Soja / aveia branca 36,30 39,93 43,92 48,32 53,15 58,46 64,31 70,74

Soja / milheto166,1

0

182,7

1

200,9

8

221,0

8

243,1

9

267,5

1

294,2

6

323,6

8

Soja / milho safrinha 173,8191,1

8

210,3

0

231,3

3

254,4

6

279,9

1

307,9

0

338,6

9

Área total447,1

5

491,8

7

541,0

5

595,1

6

654,6

7

720,1

4

792,1

5

871,3

7

Porcentagem da área útil

que é convertida em

lavoura* (%)

8 8 9 10 11 12 13 15

*Não considera as áreas voltadas para a produção de forragem, nem os arrendamentos.

O custo variável de produção foi assumido em R$/ha 1800 para áreas de soja /

aveia, soja / aveia branca e soja milheto. Para as áreas de soja / milho safrinha, assumiu-se

R$ / ha 2500. As produtividades de soja foram consideradas em 50 sacas/ha, e os preços de

nivelamento deste produto foram adotados como sendo R$/saca 39,00. Para o milho

Page 12: projeto pibic

12

safrinha, as produtividades e os preços foram considerados como sendo 62 sacas/ha e

R$/saca 17,00; respectivamente. Na medida em que se emprega o progama de gestão

proposto pela Propaga, a intenção é levantar estes valores e colocá-los em análises

posteriores com o intuito de melhorar a fidedignidade da mesma.

A expansão das áreas de lavoura, que ao final resultará em uma área de ~871 ha

de soja, irá demandar áreas que anteriormente eram pastagens. Um dos benefícios gerados

é a melhoria das terras selecionadas devido ao emprego da integração Agricultura-

Pecuária, pois adiciona nutrientes às pastagens que serão novamente formadas, melhora a

estrutura do solo e rompe ciclos de pragas que por ventura possam ocorrer. Outro benefício

é a minimização do custo de oportunidade dessas terras. Ainda, o aumento de lavoura

confere maior estabilidade à expectativa de lucro líquido anual, o que pode ser averiguado

quando se confere a faixa verde da Figura 1. Por último, o aumento gradual das áreas de

integração lavoura-pecuária contribui para o aumento do know-how da mão-de-obra e

execução de serviços da propriedade.

Observa-se na Figura 1 que a receita líquida fica negativa no primeiro ano. Isso se

deve ao fato de ter sido adotado o descarte de 500 matrizes no Ano 0, ocasionando assim a

redução no número de bezerros que seriam produzidos e vendidos para o Ano 1. A

evolução do rebanho foi toda modificada em função da contagem de plantel que foi

atualizada e repassada para esta análise, e será discutida mais adiante.

Pela Figura 1, observa-se também uma tendência crescente de custos fixos,

variáveis e receitas brutas, embora a receita líquida (faixa verde) tende a ser constante.

Uma parte dessa tendência é explicada pela inflação, que é a majoração expontânea dos

preços de insumos e produtos. A outra parte é explicada pela intensificação da pecuária

associada ao aumento de áreas de lavoura. Estima-se que, no final de 8 anos, o custeio para

tocar ~1000 ha de lavoura (culturas + forrageiras + cana) mais a pecuária e seu

confinamento seja da ordem de ~5.700.000 (cinco milhões e setecentos mil), valor este

considerado alto em relação à receita líquida correspondente. Deve-se levar em conta ainda

que esta última análise contemplou a saída de recursos, via investimento, da ordem de R$

300.000,00 nos anos 3 e 5 para futuras aquisições de máquinas e implementos.

Page 13: projeto pibic

13

0300,000600,000900,000

1,200,0001,500,0001,800,0002,100,0002,400,0002,700,0003,000,0003,300,0003,600,0003,900,0004,200,0004,500,0004,800,0005,100,0005,400,0005,700,0006,000,0006,300,0006,600,0006,900,0007,200,0007,500,000

1 2 3 4 5 6 7 8

Ano pecuário

Val

or (

R$)

Receita líquida (R$)Custos fixos (R$)Custos variáveis (R$)

Figura 1 – Variação temporal da receita líquida, dos custos fixos e variáveis decorrentes da

intensficação gradual da pecuária associada ao aumento gradual das áreas de

lavoura.

No geral, isso representa uma TIR = 5,74% (inferior à TIR do cenário em que as

áreas de lavoura eram consideradas constantes), e um VPL = R$ – 1.410.012,00. Estas

medidas de mérito econômico (TIR e VPL) só se tornaram inferiores aos do primeiro

cenário pelo fato de o rebanho ter sido atualizado com números diferentes. Se os mesmos

números fossem mantidos, TIR e VPL do cenário de aumento gradual de lavoura seriam

maiores, e o VPL positivo. Contudo, se atualizarmos também as taxas de desconto (TD) e

de inflação (TI) para 0,6% a.m. e 8% a.a., verifica-se que TIR e VPL sobem para 7,60% e

R$ 520.109,71; respectivamente. Se por um lado o aumento da inflação pode balancear o

aumento do custo de capital expresso pela taxa de juros, o lado obscuro do aumento da

inflação é o aumento do risco. Pelas análises, por exemplo, nota-se as taxas de aumento

dos custos variáveis (CV) são maiores, ao passo que a receita líquida (RL) não aumenta

substancialmente (Figura 2). A Figura 1 e a Figura 2 apresentam-se em escalas diferentes

(observar que, com a taxa de inflação aumentada, a receita bruta – linha superior da faixa

verde – ultrapassa a casa de R$ 8.500.000,00). Embora rudimentar, a relação CV/RL pode

ser considerada como uma primeira medida para se avaliar o risco do empreendimento. Na

medida em que o programa de gestão vai sendo implementado, os custos unitários e

receitas vão sendo coletados, possibilitando que se estime o risco por métodos mais

consagrados, como o de minimização dos desvios negativos da receita líquida.

Page 14: projeto pibic

14

0300,000600,000900,000

1,200,0001,500,0001,800,0002,100,0002,400,0002,700,0003,000,0003,300,0003,600,0003,900,0004,200,0004,500,0004,800,0005,100,0005,400,0005,700,0006,000,0006,300,0006,600,0006,900,0007,200,0007,500,0007,800,0008,100,0008,400,0008,700,000

1 2 3 4 5 6 7 8

Ano pecuário

Val

or (

R$)

Receita líquida (R$)Custos fixos (R$)Custos variáveis (R$)

Figura 2 – Variação temporal da receita líquida, dos custos fixos e variáveis decorrentes da

intensficação gradual da pecuária associada ao aumento gradual das áreas de

lavoura com a atualização também das taxas de desconto e de inflação.

Os componentes de custo são apresentados na Figura 3. Verifica-se que há uma

tendência de aumento na fração de custos representada pelos custos operacionais de

lavoura (barras verdes), exceto nos anos 3 e 5, já que para estes anos está previsto o

desembolso de R$ 300.000,00 (em cada ano) em investimentos com maquinário de

lavoura. Os custos fixos (barras vermelhas) tendem a cair, uma vez que que se planeja um

processo de intensificação da propriedade.

31.37%

26.35%

29.97%

22.56%21.44%

17.71%17.01%

16.09%

32.18%

34.36%

32.08%

37.40%

32.01%

37.35%

40.42%

43.02%

13.64% 13.77%

16.01%17.02% 17.55%

16.05% 15.63%14.89%15.20%

16.27%

12.08% 12.14%

20.20% 20.19%

18.60% 18.14%

5.95%7.27% 7.73%

8.58%

6.86% 6.75% 6.47% 6.11%

1.65% 1.98% 2.12% 2.31% 1.94% 1.95% 1.87% 1.75%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

1 2 3 4 5 6 7 8

Ano pecuário

Fração de custo representada por custo fixo Fração de custo representada por custos de lavouraFração de custo representada por suplementação Fração de custo representada por custo de aquisição de animaisFração de custo representada por outros custos variáveis Fração de custo representada por produtos farmacológicos

Figura 3 – Frações de custo total representado pelos diversos componentes de custo.

Page 15: projeto pibic

15

Com a atualização do rebanho, a evolução também foi levemente alterada, bem

como as ocupações nos períodos de águas, secas e confinamento. Devido ao aumento das

áreas de lavoura, há de se adequar também o rebanho em função da área reduzida de

pastagens para que o sistema não entre em colapso em termos de lotação e disponibilidade

de volumosos. Mantendo-se o mesmo número de animais de compra, a ocupação dos

animais em confinamento tende a permanecer constante, a partir do Ano 4, em

aproximadamente 2200 rêses, conforme mostra a Figura 4, que também mostra a ocupação

total de animais nos períodos das águas e das secas.

5078

4366

39743797

3629

4770

35593356 3278

31423013

34963370

2818

880

1458

1595

2205 2222 2182 2145

0

800

1600

2400

3200

4000

4800

5600

6400

1 2 3 4 5 6 7 8

Ano pecuário

Núm

ero

de r

êses

Animais de pasto nas águas (não inclui bezerros ao pé)

Animais de pasto nas secas (não inclui bezerros ao pé)

Animais de confinamento

Figura 4 – Número de rêses nas águas, nas secas e no confinamento.

Como conseqüência, a área requerida para o plantio de cana-de-açúcar ficou

também reduzida, conforme mostra a Tabela 2, levando em conta a preservação dos 114,5

ha de produção de silagem de Aruana e Sorgo.

Tabela 2 – Requerimento de área de cana-de-açúcar (ha) ao longo dos anos.

CulturaAno pecuário

1 2 3 4 5 6 7 8

Cana-de-açúcar 14 16 25 28 30 34 37 37

O único índice zootécnico que foi alterado, em relação à original, foi a meta de

descarte de matrizes. Originalmente, definiu-se que 15 e 20% seriam descartadas nos anos

7 e 8, respectivamente. Na nova formatação, deve-se buscar manter o descarte de matrizes

Page 16: projeto pibic

16

em 5% ao ano, visando que se atinja, no último ano, um plantel de matrizes semelhante ao

plantel inicial, ou seja, em torno de 1600 matrizes adultas. As modificações nos objetivos

do projeto também modificam as expectativas de receitas líquidas, que se alteram

levemente com o novo cenário de evolução do rebanho. Há uma expectativa crescente para

a receita líquida com o tempo, conforme mostra a linha média de tendência da Figura 5.

Com o aumento gradual das áreas de lavoura e com a leve alteração da evolução

do rebanho, não há um aumento substancial de receita total em relação à primeira Análise,

mas há uma expectativa de maior estabilização das receitas ao longo dos anos. Pela Figura

5, por exemplo, observa-se que as maiores receitas líquidas estão previstas, de acordo com

os índices zootécnicos preconizados e com o aumento das áreas de lavoura, para os anos

intermediários 3, 4 e 5, tendendo a cair após este ano devido às expectativas de baixa no

ciclo pecuário, mas tendendo a subir novamente com a intensificação via aumento do

número de rêses confinadas. As Relações Benefício-Custo tendem a acompanhar a

tendência das variações das receitas líquidas. Em média, estima-se uma receita líquida

anual não superior a R$ 380.000,00; já descontando todos os custos fixos e variáveis,

depreciações, custo do capital e pro-labores do proprietário.

0.00

80,000.00

160,000.00

240,000.00

320,000.00

400,000.00

480,000.00

560,000.00

640,000.00

720,000.00

800,000.00

880,000.00

960,000.00

1,040,000.00

1,120,000.00

1,200,000.00

1 2 3 4 5 6 7 8

Ano pecuário

Rec

eita

líqu

ida

(R$)

1.00

1.10

1.20

Relação B

enefício-custo

Receita líquida

Relação Benefício-custo

Linha média da receita líquida

Figura 5 – Expectativas de projeção de receitas líquidas e as respectivas tendências de

crescimento, expresso pela linha média da receita líquida, ao longo dos anos.

Em linhas gerais, o aumento gradual das áreas de lavoura será benéfico à Fazenda

como um todo porque fará girar mais dinheiro na propriedade, renovará áreas de pastagens,

e reduzirá a proporção de custos fixos. Restará apenas gerir adequadamente os custos

Page 17: projeto pibic

17

operacionais (desembolsos anuais) com lavoura. Já o cenário macroeconômico aponta,

para os próximos tempos, para taxas de juros mais elevadas que as taxas praticadas nos

últimos três anos. Assim, o custo do capital fica maior, fazendo com que os créditos sejam

menos acessíveis e interessantes. As bases para o aumento das taxas de juros são duas,

isoladamente ou de forma conjugada: i) internamente, por parte do governo brasileiro, para

tentar conter a taxa de inflação em eminência de crescimento espontâneo devido ao

aumento da demanda da população crescente por alimentos; e ii) externamente, por parte

da queda de grandes instituições financeiras americanas, que retirarão dinheiro do mercado

financeiro brasileiro, reduzindo assim a disponibilidade de dinheiro no país e,

conseqüentemente, tornando-o mais caro.

Com as moedas estrangeiras fortalecidas devido à retirada de investimentos do

mercado financeiro brasileiro, a carne bovina torna-se mais barata em dólar (ou em moeda

estrangeira). Isso se traduz em vantagens, já que a demanda externa por este produto fica

potencialmente aumentada, conferindo maior robustez à procura por carne, mas não

necessariamente estabilidade de preços, já que poucos frigoríficos dominam maior parte do

mercado brasileiro. Em síntese, até que a economia mundial não se defina em termos de

hegemonia, os planejamentos das diversas atividades econômicas devem continuar sendo

feitos para longos prazos, mas as decisões deverão ser tomadas em curto prazo, requerindo

então que os planejamentos sejam feitos de forma a permitir flexibilidade de ajuste e

constante revisão. A flexibilidade de ajuste residirá justamente em processos graduais, que

permitam retornar a um patamar imediatamente anterior em caso de revés das

externalidades econômicas. Isto está em consonância com o planejamento de aumento

gradual das áreas de lavoura da Fazenda, principalmente se a gestão de custos deste

planejamento seja adequadamente monitorada.

5. Conclusões

Para a propriedade rural analisada, localizada em Mato Grosso do Sul,

recomenda-se que seja feito o processo gradativo de renovação de pastagens por

intermédio do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, especificamente nas áreas

propícias desta propriedade e não em toda ela. Esta opção mostrou-se viável a partir dos

dados obtidos.

6. Atividades desenvolvidas

Conforme exposto no plano de trabalho (tanto do PIBIC quanto do VIC), durante

o ano de desenvolvimento da pesquisa, os alunos colaboraram na tabulação dos dados

Page 18: projeto pibic

18

utilizados para as análises, participaram das discussões sobre a forma de organização das

atividades na propriedade localizada em Mato Grosso do Sul e contribuíram na elaboração

das planilhas para a análise de viabilidade econômica dos diversos cenários considerados

no estudo. Paralelamente à estas atividades, desenvolveram uma série de leituras e

elaboraram uma revisão bibliográfica sobre o assunto. Finalmente, elaboraram junto à

orientadora, um resumo para inscrição do trabalho e participação do XVII Seminário de

Iniciação Científica.

7. Dificuldades encontradas e ações adotadas para superação das dificuldades

Uma primeira dificuldade surgida ao longo do período foi quanto à metodologia

de análise. Ao iniciar a tabulação dos dados e estabelecer os cenários e formas de análise

dos resultados, verificou-se que a utilização de modelos de Programação Linear não seria

interessante aos propósitos do estudo. Chegou-se a conclusão de que a maneira mais eficaz

de se avaliar os modos de recuperação de áreas com pastagens degradadas seria através da

elaboração de fluxos de caixa para os diferentes cenários. De posse dos fluxos de caixa, foi

possível realizar a análise de viabilidade econômica a partir da utilização de medidas de

mérito, tais como: Método do Valor Presente Líquido, Método da relação Benefício/Custo

e Método da Taxa Interna de Retorno. Os resultados dos diferentes cenários foram

comparados ao final da análise.

A segunda dificuldade surgida, e talvez a mais relevante quanto ao

desenvolvimento da pesquisa, foi quanto à disponibilidade dos dados referentes ao estado

de Mato Grosso. Foram estabelecidos alguns contatos com produtores rurais, os quais

iriam disponibilizar as informações necessárias para elaboração das análises, tal como foi

feito para o Mato Grosso do Sul. Porém, até o presente momento, nenhum deles forneceu

os dados necessários aos propósitos do estudo, ou porque não tinham ou por não estarem

dispostos a passar. Diante do exposto, foi estabelecido um contato com um pesquisador

que está desenvolvendo estudos com pecuaristas de Mato Grosso, e este ficou de

disponibilizar os dados até meados de agosto de 2010. Portanto, no mês de setembro serão

realizadas as mesmas análises desenvolvidas até o presente momento, para uma

propriedade situada em Mato Grosso. Depois os resultados serão confrontados com aqueles

obtidos para o Mato Grosso do Sul e o projeto será finalizado até dezembro de 2010. Como

os dados de Mato Grosso ainda não foram liberados, os alunos de PIBIC e VIC não

puderam participar da análise completa, participando apenas das análises desenvolvidas

para o Mato Grosso do Sul. Vale ressaltar que, mesmo diante das dificuldades, todo o

Page 19: projeto pibic

19

trabalho desenvolvido pelos alunos durante este ano foi de grande valia, e estes tiveram a

oportunidade de aprender a desenvolver um estudo científico.

8.Considerações finais

Diante do exposto anteriormente, verificou-se que no caso da propriedade

localizada no Mato Grosso do Sul, a integração lavoura-pecuária, com aumento gradativo

da área destinada à esta finalidade, mostrou-se como opção economicamente viável para

recuperação de áreas com pastagens degradas. O próximo passo será realizar as mesmas

análises para a propriedade localizada em Mato Grosso. A comparação entre os resultados

encontrados para as duas propriedades será fundamental para o fechamento do estudo, com

expectativas de se chegar a conclusões interessantes.

9. Referências Bibliográficas BAPTISTA, M. Outro norte para a produção. Produtor Rural, Cuiabá, v. 17, n. 181, p. 40-42, jun. 2008.

FALESI, I.C.; VEIGA J.B. O solo da Amazônia e as pastagens cultivadas. In: PEIXOTO, A.M. Pastagens na

Amazônia. Piracicaba: FEALQ, 1986. p.1-26.

FRIZZONE, J.A. Análise de Decisão Econômica em Irrigação. Piracicaba: ESALQ, 2005.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. SIDRA: pesquisa pecuária

municipal. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 2 ago. 2008.

MACEDO, M. C. M. 1995. Pastagens no ecossistema cerrados: pesquisas para o desenvolvimento

sustentável. In: ANAIS DO SIMPÓSIO SOBRE PASTAGENS NOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS:

Pesquisas para o Desenvolvimento Sustentável, Brasília. XXXII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de

Zootecnia, Julho de 1995. p.28-62.

MACEDO, M.C.M.; KICHEL, A.N.; ZIMMER, A.H. Degradação e alternativas de recuperação e renovação

de pastagens. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, Comunicado Técnico 62, 2000. 4p.

MARTHA JR., G.B.; VILELA, L. Pastagens no cerrado: baixa produtividade pelo uso limitado de

fertilizantes. Planaltina: Embrapa Cerrados. 2002. 32p.

MUELLER, C.C. Pecuária de corte no Brasil central: resultado das simulações com modelos de programação

linear. Revista de Economia Rural, v.2, n.1, p.103-161, 1977.

MUELLER, C.C; MARTHA JR, G.B. A agropecuária e o desenvolvimento socioeconômico recente do

Cerrado. In: SIMPÓSIO NACIONAL CERRADO. Brasília: Embrapa Cerrados, 2008. 41p.

ZIMMER, A.H, et.al. Considerações sobre índices de produtividade da pecuária de corte em Mato Grosso do

Sul. Campo Grande, MS, 1998.

Page 20: projeto pibic

20

ANEXOS

Objetivos e metas do Plano de Trabalho ao qual o relatório está vinculado

Objetivos

O objetivo geral do projeto é desenvolver uma análise comparativa para

recuperação de áreas com pastagem degradada entre os Estados de Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul, considerando duas propriedades típicas. Dadas as disponibilidades de

capital, pastagens e rebanho, em cada propriedade, o estudo pretende identificar qual a

proporção de área de pastagem degradada a ser recuperada a cada ano, de forma a otimizar

a utilização dos pastos, gerando assim o maior retorno econômico possível. No caso da

participação dos alunos de IC, o objetivo é o de aproximar o aprendizado teórico com as

aplicações práticas, bem como aumentar a integração entre aluno e professor. Esta é uma

atividade importante, que possibilita aos alunos de graduação a participação no

desenvolvimento de pesquisa científica, o que seguramente trará uma série de vantagens no

decorrer da trajetória acadêmica.

Metas do Plano de Trabalho

1- Tabulação dos dados referentes às duas propriedades.

2- Discussões sobre a forma de organização das atividades em cada propriedade.

3- Leituras diversas e elaboração de revisão bibliográfica.

4- Participação do XVII Seminário de Iniciação Científica.

5- Elaboração e entrega do relatório parcial.

6- Participação, junto à orientadora, do desenvolvimento do modelo de

otimização.

7- Participação das discussões referentes à viabilidade econômica das

alternativas.

8- Elaboração e entrega do relatório final.