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1 ESTADO DE GOIÁS Secretaria de Estado da Segurança Pública Corpo de Bombeiros Militar Academia Bombeiro Militar Curso de Formação de Oficiais PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TESTE DE APTIDÃO FÍSICA DO CBMGO FÁBIO JOSÉ RODRIGUES Goiânia 2014

PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TESTE DE … · que regulamenta o Treinamento ... A confiança depositada pela sociedade no Corpo de ... possuem capacidade física para realizar

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ESTADO DE GOIÁS

Secretaria de Estado da Segurança Pública

Corpo de Bombeiros Militar

Academia Bombeiro Militar

Curso de Formação de Oficiais

PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TESTE DE APTIDÃO

FÍSICA DO CBMGO

FÁBIO JOSÉ RODRIGUES

Goiânia

2014

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FÁBIO JOSÉ RODRIGUES

PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TESTE DE APTIDÃO

FÍSICA DO CBMGO

Artigo Monográfico apresentado em

cumprimento às exigências para o término

do Curso de Formação de Oficiais, sob

orientação do CAP QOC Marcus Vinícius

Borges Silva.

Goiânia

2014

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FÁBIO JOSÉ RODRIGUES

PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TESTE DE APTIDÃO

FÍSICA DO CBMGO

Artigo Monográfico apresentado em

cumprimento às exigências para o término

do Curso de Formação de Oficiais, sob

orientação do CAP QOC Marcus Vinícius

Borges Silva.

Avaliado em: ____/____/____

AVALIADO POR:

______________________________________________________

TC QOC – Roberto Machado Borges

______________________________________________________

MAJOR QOC – Carlos Borges dos Santos

______________________________________________________

CAP QOC – Antônio Carlos Moura

Goiânia

2014

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus,

pela graça da vida e pela saúde que me

proporciona. Em segundo lugar, à minha

família, especialmente aos meus pais, que

sempre se esforçaram para garantir meus

estudos. Por final, a todos os oficiais da

Academia Bombeiro Militar, em especial ao

meu orientador, Capitão Vinícius, que

sempre se dispôs a ajudar, e aos instrutores

e colegas de turma, que contribuíram de

alguma forma para o meu conhecimento.

RESUMO

O presente estudo busca propor alteração na Norma Administrativa 02 (NA 02), que regulamenta o Treinamento Físico Militar (TFM) e o Teste de Aptidão Física (TAF) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), com a inclusão da natação como mais uma modalidade de avaliação no TAF, bem como demonstrar a importância e os benefícios da modalidade esportiva para a saúde e bem estar dos bombeiros militares. Através de pesquisa de campo procurou-se obter posicionamento de militares, oficiais e praças, acerca do tema proposto. O estudo justifica-se pela necessidade da Instituição em estimular a prática da natação e desenvolver a capacidade física de seus militares com formas mais variadas de exercícios, que evitem lesões e proporcionem mais qualidade de vida e bem estar. O objetivo é divulgar estudo indicativo de melhora da saúde, da capacidade física e também profissional dos militares, bem como a viabilidade da alteração no TAF, tendo em vista as reais condições estruturais da Corporação. Para se atingir o conhecimento o presente trabalho utiliza-se de métodos científicos, que são as linhas de raciocínio adotadas no processo de pesquisa. Adotou-se a pesquisa descritiva, através do método qualitativo e quantitativo, através de pesquisa de campo e coleta de dados, envolvendo oficiais e praças em curso na Academia Bombeiro Militar (ABM), oriundos de diversas Unidades do CBMGO. As informações foram analisadas descritivamente, através de processo estatístico, para fomentar o trabalho com informações que sustentem o tema proposto. O trabalho aborda também a forma de avaliação e aplicação do teste de aptidão física em instituições bombeiro-militares de outros estados, visando elaborar, analogicamente, estudo sobre as tendências das corporações, buscando-se identificar semelhanças e explicar as diferenças. Palavras-chave: Treinamento físico; Natação; Teste de Aptidão Física (TAF).

6

ABSTRACT

This study attempts to propose changes in the standard which regulates the Military Physical Training (MPT) and the Fire Department of the State of Goiás Physical Fitness Test (PFT), with the inclusion of swimming as another type of training and review the MPT as well as demonstrate the importance and benefits of this type of sport to the health and welfare of firefighters. Through field research tried to obtain positioning of military, officers and enlisted, about the proposed theme. The study is justified by the actual need of the institution to develop the physical ability of their military, with various forms of exercises to prevent injuries and provide better quality of life and well being. The goal is to promote the study indicative of substantial improvement of health, physical capacity and also professional military, and the feasibility of the change, in view of the actual structural conditions of the Corporation. To the knowledge attaining this paper makes use of scientific methods, which are lines of reasoning adopted in the research process. We tried to adopt the descriptive research through qualitative and quantitative method, through field research and data collection, involving the ongoing military Firefighter Military Academy (FMA), from various operational units of the State. The information will be analyzed descriptively by statistic process, to foster work with information in support of the proposed topic. Methods of physical training and assessment are presented in PFT, adopted by military institutions in other states, in addition to the armed forces, to draw up a comparative study, aiming to identify similarities and explain the differences. Keywords: physical training; swimming; Physical Fitness Test (PFT).

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estimativa de local de óbito por afogamento não intencional – Brasil. 19

Tabela 2 – Estatística de ocorrências de afogamento em Goiás. ........................ 20

Tabela 3 – Ocorrências de enchentes, inundações e alagamentos atendidas

pelo CBMGO. ....................................................................................................... 21

Tabela 4 – Modalidades exigidas no TAF de outros Estados............................... 30

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Lago de Serra da Mesa – Uruaçu/GO. ................................................ 14

Figura 2 – Porto de Aruanã/GO. ........................................................................... 15

Figura 3 – Benefícios da natação para a saúde humana ..................................... 18

9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Grau de importância da natação para a atividade bombeiro militar ... 24

Gráfico 2 – Avaliação do desempenho em natação ............................................. 24

Gráfico 3 – Tempo para adequação dos bombeiros militares .............................. 25

Gráfico 4 – Frequência de treinamento ................................................................ 26

Gráfico 5 – Condições de treinamento ................................................................. 27

Gráfico 6 – Participação em operações do CBMGO como Guarda-Vidas ........... 28

Gráfico 7 – Grau de segurança como Guarda-Vidas ........................................... 28

Gráfico 8 – Curso de especialização na área náutica .......................................... 29

Gráfico 9 – Posicionamento acerca da inclusão da natação no TAF ................... 29

10

SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................ 10

1.1. Justificativa ................................................................................................ 10

1.2. Objetivos do Estudo .................................................................................. 10

1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................... 10

1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................... 11

1.3. Relevância da Pesquisa ............................................................................ 11

2. Revisão de Literatura ....................................................................................... 12

2.1. Aspectos Legais ........................................................................................ 12

2.2. Hidrografia Goiana .................................................................................... 13

2.3. Histórico da Natação ................................................................................. 15

2.4. Benefícios da Natação .............................................................................. 17

2.5. Incidentes Aquáticos ................................................................................. 18

3. Metodologia...................................................................................................... 21

3.1. Pesquisa Aplicada ..................................................................................... 23

3.1.1. Resultados e discussões ................................................................... 24

3.2. Analogia Interestadual .............................................................................. 30

4. Sugestão de Aplicabilidade .............................................................................. 32

5. Conclusão ........................................................................................................ 34

6. Referências Bibliográficas ................................................................................ 37

APÊNDICE ....................................................................................................... 40

ANEXO ............................................................................................................ 44

10

1. Introdução

1.1. Justificativa

O presente trabalho propõe a inclusão da natação no Teste de Aptidão

Física (TAF) em decorrência da natação ser exigida apenas durante o processo de

inclusão nas fileiras da corporação, durante os respectivos cursos de formação ou

em caso de especialização na área náutica, não havendo avaliação nos testes

ordinários no transcorrer da carreira do militar.

O rol de atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros Militar

possui magnitudes que, para o seu cumprimento, depende, dentre elas, da

capacidade física destes profissionais. Deste modo, uma maneira eficaz para dizer

se o bombeiro militar está apto ou não, fisicamente, para desenvolver suas

atividades são os protocolos de avaliações.

Estas atividades possuem algumas especificidades, ora no calor

infernal dos incêndios, ora na tormenta das águas. Desta maneira, observamos que

estes dois pólos opostos determinam, por si só, que o bombeiro militar precisa ser

detentor de boa aptidão física para subir escadas, transportar mangueiras, materiais

e equipamentos diversos, escalar morros para efetuar buscas, além de transpor

obstáculos como rios e lagos para resgatar vítimas em perigo.

A confiança depositada pela sociedade no Corpo de Bombeiros

abrange todos os militares da Corporação. Para ela, todos os bombeiros militares

possuem capacidade física para realizar qualquer tipo de socorro, seja num

ambiente terrestre, em altura ou na água. Em caso de princípio de afogamento, por

exemplo, acredita realmente a população que qualquer bombeiro militar seja capaz

de nadar até a vítima e salvá-la.

1.2. Objetivos do Estudo

1.2.1 Objetivo geral

Propor a inclusão da natação do Teste de Aptidão Física (TAF) do

11

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, alterando-se a Norma

Administrativa 02, que regulamenta o Treinamento Físico Militar (TFM) e o TAF da

Corporação.

1.2.2 Objetivos específicos

Realizar estudo para fornecer ao Comando do CBMGO argumentos e

dados para explicitar os reais benefícios de se adotar a natação como um dos

requisitos para aprovação no TAF da Corporação

Apresentar pesquisa de campo, aplicada através de questionário,

efetuada entre oficiais e os praças em curso na Academia Bombeiro Militar, oriundos

de diversas Unidades Operacionais do Estado, visando obter informações sobre o

desempenho dos profissionais, a importância e o posicionamento acerca do tema

proposto.

Efetuar estudo, por analogia, com instituições bombeiro-militares de

outros entes da Federação, buscando identificar as tendências das Corporações.

1.3. Relevância da Pesquisa

Atualmente, para os integrantes do CBMGO, são adotados os testes

constantes na Norma Administrativa número 2 (NA-02), cuja bateria de avaliações é

composta por quatro modalidades de provas, a saber: flexão de membros superiores

(braços) na barra fixa; flexão abdominal; flexão de membros superiores (braços)

sobre o solo e corrida de 12 (doze) minutos. A norma estabelece ainda

procedimentos para a aplicação do TAF, levando em consideração a variável idade

como dependente para a avaliação da aptidão física. Da mesma forma, para os

sexos masculino e feminino, os critérios mudam de acordo com a idade.

Conhecendo a diversidade de ocorrências que podem ser atendidas

pelos bombeiros militares, dentre elas as de salvamento aquático, que requerem

bom desenvolvimento em meio líquido, torna-se importante atribuir mais destaque

aos treinamentos que envolvam natação, bem como inserir a modalidade de

exercício no protocolo de avaliação física.

12

Por se tratar de um esporte completo, pois mexe com toda a

musculatura do corpo, absorvendo o impacto dos movimentos físicos pela água,

anulando a probabilidade de lesão, a medida traz diversificação no processo de

condicionamento físico, diminuindo impacto repetitivo nas articulações e reduzindo

riscos de lesões.

Por se tratar de uma atividade que não causa impacto, a natação

oferece pouco risco de lesões, e a pessoa que pratica o esporte regularmente

trabalha mais o sistema cardíaco e respiratório, melhorando seu condicionamento

físico consideravelmente.

Dessa forma, por tratar-se de assunto relevante para o Corpo de

Bombeiros Militar do Estado de Goiás, o presente estudo propõe alteração na norma

que regulamenta o TAF da Corporação, sugerindo a inclusão da natação no teste de

aptidão física, pois as tarefas afetas ao bombeiro militar também requerem deste

profissional aptidão física geral na área aquática.

2. Revisão de Literatura

2.1. Aspectos Legais

As atribuições do Corpo de Bombeiros Militar estão previstas

explicitamente no texto da Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de

outubro de 1988, em seu artigo 144, como se segue:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...) V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. (...) § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, aos Corpos de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

A Constituição Estadual de Goiás, de 10 de outubro de 1989,

estabelece com mais precisão a competência do Corpo de Bombeiros Militar do

Estado, através do artigo 125, incisos I a IV, a saber:

13

Art. 125 - O Corpo de Bombeiros Militar é instituição permanente, organizada com base na hierarquia e na disciplina, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes atribuições: I - a execução de atividades de defesa civil; II - a prevenção e o combate a incêndios e a situações de pânico, assim como ações de busca e salvamento de pessoas e bens; III - o desenvolvimento de atividades educativas relacionadas com a defesa civil e a prevenção de incêndio e pânico; IV - a análise de projetos e inspeção de instalações preventivas de proteção contra incêndio e pânico nas edificações, para fins de funcionamento, observadas as normas técnicas pertinentes e ressalvada a competência municipal definida no Art. 64, incisos V e VI, e no art. 69, inciso VIII, desta Constituição.

Por fim, exaurindo as competências do CBMGO, o Estatuto do Corpo

de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, lei 11.416, de 5 de fevereiro de 1991,

estabelece, no artigo 2º, outras atribuições inerentes à profissão:

Art. 2° - O Corpo de Bombeiros Militar do Estado é uma instituição permanente e regular, organizada com base na hierarquia e na disciplina, força auxiliar e reserva do Exército, destinando-se à execução de serviços de perícia, prevenção e combate a incêndios; de busca e salvamento; de prestação de socorros nos casos de inundações e desabamentos, catástrofes e calamidades públicas, bem assim, à execução de outros serviços que se fizerem necessários à proteção da comunidade, inclusive atividades de defesa civil.

Da leitura das normas que regulamentam as competências do Corpo

de Bombeiros Militar de Goiás, podemos observar que a atividade desenvolvida pela

instituição é complexa e diferenciada, o que exige dos seus integrantes preparação

específica em relação ao condicionamento físico, inclusive quanto às atividades

envolvendo água (busca e salvamento e inundações), devendo este fator ser um

componente fundamental de qualificação desses profissionais.

2.2. Hidrografia Goiana

Engana-se quem pensa que as características de vegetação de

savana, típicas do cerrado, são reflexos da escassez de água na região. Pelo

contrario, Goiás é rico em recursos hídricos, sendo considerado um dos mais

abundantes estados brasileiros relativos à hidrografia. Fator este de grande

importância social e econômica para o Estado, pois gera atração de turistas de

diversas regiões do Brasil. Porém, esta característica gera também muita

responsabilidade ao Corpo de Bombeiros, como capacitação e preparo profissional

de seus militares na área náutica.

14

Para se ter ideia, nascem em Goiás rios formadores das três mais

importantes bacias hidrográficas do país (Bacia Amazônica, do São Francisco e do

Paraná). Todos os cursos d’água no sentido Sul-Norte, por exemplo, são coletados

pela Bacia Amazônica, dos quais se destacam os rios Maranhão, das Almas e

Paraná, que dão origem ao rio Tocantins, mais importante afluente econômico do rio

Amazonas.

No mesmo sentido, corre o rio Araguaia, de importância ímpar na vida

do goiano, que divide Goiás com os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

e atrai milhares de turistas, principalmente durante o mês de julho, em virtude do

período de férias, causa principal de acontecimento da maior Operação executada

pelo CBMGO.

Em Goiás também estão localizados diversos lagos artificiais, com

destaque para o lago da Usina de Serra da Mesa, no noroeste do Estado.

Considerado o quinto maior lago do Brasil (1.784 km² de área inundada), e o

primeiro em volume de água (54,4 bilhões de m³). Formado pelos rios Tocantins,

Traíras e Maranhão, propicia importantes atrativos turísticos e econômicos para a

região, como a realização de torneios esportivos e de pesca, além da geração de

energia elétrica.

Figura 1 – Lago de Serra da Mesa – Uruaçu/GO.

Fonte: <https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=qciBU8egGaOj8wfwyIGAAQ#q=lago+serra+da+mê sa>. Acessado em: 15 mai. 2014.

15

Outros destaques hidrográficos podem ser citados, como ocorre nas

cidades de Aragarças, Britânia, Caldas Novas, Itumbiara, Jataí, Niquelândia, Nova

Crixás, São Miguel do Araguaia (distrito de Luiz Alves), São Simão, Aruanã e

Uruaçu. Dentre estas, destaque para cidade de Aruanã, às margens do rio Araguaia,

que atrai milhares de turistas durante o ano, principalmente no mês de julho, período

da temporada de férias, a qual mobiliza grande número de bombeiros para trabalhar

na Operação Turista Seguro.

Figura 2 – Porto de Aruanã/GO.

Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=imagens+temporada+aruana>. Acessado em: 15 mai. 2014.

Ambiente de lazer e esporte, esses rios, lagos e balneários

representam não só o crescimento turístico e o desenvolvimento regional, mas

também a ocorrência de inúmeros acidentes, entre eles o afogamento, decorrentes

da exposição aos perigos e da negligência dos banhistas.

Neste cenário, é importante que a Instituição concentre esforços para a

diminuição de acidentes. Para tanto, torna-se importante o emprego de militares

bem treinados, portadores de bom condicionamento físico, sobretudo com aptidão

na área náutica.

2.3. Histórico da Natação

Foram os militares os precursores de uma metodologia sistemática

para a aprendizagem da natação, pois para quem não sabia nadar, qualquer que

16

fosse seu armamento, um rio ou uma extensão de água constituía um obstáculo às

vezes mais intransponível do que as linhas inimigas, e por isso a prática da natação

foi sendo considerada de extrema importância e tornando-se regra para aqueles que

queriam melhorar a postura e aumentar o vigor físico (BONACELLI, 2004).

Na Grécia antiga, a natação tinha importância social. Esse fato pode

ser constatado nos escritos de Catteau e Garoff (1990), ao comentar sobre o que

dizia Platão. Segundo ele “todo cidadão educado é aquele que sabe ler e nadar”.

Ressaltam também os autores citados acima que os gregos, tão amantes do vigor

físico e suas relações com a saúde mental, criaram em seus templos os banhos e

ginásios como centros de higiene.

O salvamento aquático, enquanto atividade regulamentada e

amplamente praticada com escolas, doutrinas, competições e instituições militares e

civis pelo mundo inteiro, é uma prática bastante recente se comparada com

atividades como a natação e mais especificamente à própria moda do banho iniciada

no século XIX pela realeza inglesa (Ângulo, 2004).

As atividades de salvamento aquático, no âmbito institucional,

iniciaram-se em resposta à necessidade de atendimento aos náufragos, sendo que,

de acordo com Cipriano Júnior em 2007, citando Shanks e colaboradores em 1996,

a primeira organização de que se tem notícia em termos de salvamento aquático foi

a Associação de Salvamento Aquático Chinkiang (Chinkiang Association for the

Saving of Life), uma organização chinesa datada de 1708.

[...] em Amsterdã em 1767, a ‘Sociedade para Salvar as Pessoas que se Afogam’ (Maatschappij tot Redding van Drenkelingen), tendo como objetivo principal evitar a morte por afogamento nos numerosos canais abertos da cidade, essa sociedade existe até hoje e promove vários eventos e campanhas educacionais na área de prevenção. (CIPRIANO JÚNIOR, 2007).

No âmbito nacional os primeiros registros são da cidade do Rio de

Janeiro, onde o Governo do Estado procurou aproveitar alguns pescadores com

suas canoas e botes para atuarem, ainda que de maneira empírica, na prevenção e

salvamento de banhistas imprudentes (Mocellin, 2001).

17

2.4. Benefícios da Natação

A natação é considerada por Wilke (1979), Bonacelli (2004) e Massaud

(2004) um dos desportos mais completos e mais acessíveis a todo o gênero de

pessoas, pois reduz o impacto dos ossos no meio líquido, reduz o risco de incidência

de doença cardiovascular, fortalece os músculos da parede torácica, beneficia as

articulações e a musculatura do corpo, dentre outros benefícios.

Estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, feita pelo

pesquisador Joel Stager, com nadadores acima de 25 anos, demonstra que eles

perdem menos massa muscular com o passar do tempo, têm artérias mais

saudáveis, reflexos mais rápidos e melhor memória que a média das pessoas da

mesma idade. A velocidade de transmissão de estímulos nervosos de um nadador

de 80 anos, por exemplo, é equivalente à de um indivíduo 30 anos mais jovem. Além

disso, a pressão arterial e os batimentos cardíacos ficam mais estáveis. Todo bom

resultado, porém, depende de algumas regras, como a regularidade e a intensidade

do exercício.

Para o pesquisador, a prática da natação permite que o pulmão libere

mais oxigênio ao sangue e ao coração, melhorando a condição das células, e a

consequência é que os sinais da idade demoram mais a aparecer, sendo que,

aqueles que nadam 3 a 5 quilômetros por semana, apresentam um condicionamento

físico até 20 anos mais jovem do que sua idade real.

Segundo o especialista em geriatria Wilson Jacob Filho, da

Universidade de São Paulo, a fórmula do envelhecimento tardio pode estar na

natação. As braçadas frequentes na piscina podem ajudar a capacidade circulatória

e cardiorrespiratória, desenvolver os músculos, dar mais flexibilidade e resistência,

melhorar o raciocínio e até recuperar movimentos, o equilíbrio e a coordenação

motora. Além disso, o exercício ajuda a controlar os níveis de açúcar e colesterol no

sangue.

Na figura 3, são demonstrados, passo a passo, os principais benefícios

da natação para a saúde humana.

18

Figura 3 – Benefícios da natação para a saúde humana.

Fonte: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2011/03/os-beneficios-da-natacao-saude-sao-destaque-do-bem-estar-nesta-6-4.html.>. Acessado em: 10 mai. 2014.

Com todos os benefícios apresentados, o incremento da natação no

processo de avaliação do TAF, além de incentivar o treinamento dos militares,

aumentando a qualificação profissional, proporciona substancial melhoria na

qualidade de vida dos bombeiros militares. Estes profissionais necessitam ter boa

qualidade de vida para desempenhar suas funções no trabalho e, claro,

desempenhar o seu papel social de cidadão e desenvolver suas potencialidades.

2.5. Incidentes Aquáticos

A situação dos incidentes aquáticos no Brasil não difere do resto do

mundo, porém, possui uma característica única, a singularidade em que está sujeito

a este tipo de ocorrência. Por sua posição geográfica continental, sua imensa

população, sua heterogeneidade em renda e educação, posição em dois hemisférios

com estações diferentes, e seu clima tropical durante todo o ano, o Brasil possui a

maior área espelhada e utilizável no mundo, o que gera o maior número de resgates

aquáticos e um dos maiores número de óbitos no mundo.

19

Segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA),

o afogamento é uma das principais causas de morte em crianças e adultos jovens

no Brasil, embora estejamos quantificando apenas 6% do problema. Isto ocorre pela

forma como os dados sobre o assunto são coletados, classificados e reportados,

assim como pela dificuldade em interpretar e ajustar estes dados para nossa

realidade.

De acordo com a SOBRASA, em 2011, o afogamento foi no Brasil a 2ª

causa geral de óbito entre 1 e 9 anos, a 3ª causa nas faixas de 10 a 19 anos, a 4ª

causa na faixa de 20 a 29 e 6.494 brasileiros (3.4/100.000 hab) morreram afogados.

Considerando o custo direto (atendimento pré-hospitalar + hospitalar) e indireto

(Perda de produtividade associada + custos familiares de enterro, translado e tempo

dos familiares), o gasto médio é de R$ 210.000,00 para cada afogamento com óbito

no Brasil.

Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático,

em média, homens morrem 6 vezes mais que as mulheres por motivo de

afogamento e a maior relação ocorre na faixa de 20 a 25 anos (13 vezes mais). Em

2011, a região Sudeste mostra o menor risco (2,5/100.000 hab.) de óbitos por

afogamento e a região Norte o maior risco (13,2/100.000 hab.).

Tabela 1 – Estimativa de local de óbito por afogamento não intencional – Brasil.

ÁGUAS NATURAIS (90%)

ÁGUA DOCE (75%)

Rios com correnteza (25%) Represas (20%) Remanso de rio (13%) Lagoas (5%) Inundações (5%) Baia (3%) Cachoeira (2%) Córrego (2%)

PRAIAS OCEANICAS (15%)

ÁGUAS NÃO NATURAIS (8,5%)

Banheiros, caixas d’água, baldes e similares (2,5%) Galerias de águas fluviais (2%)

Piscinas (2%) Poço (2%)

NO USO DE EMBARCAÇOES (1,5%) Fonte: <http://www.sobrasa.org/locais-de-obitos-por-afogamento-no-brasil-estimativa-sobrasa-2014/>. Acessado em: 10 mai. 2014.

O fato de 75% dos incidentes, segundo a tabela 1, ocorrerem em

20

ambientes de água doce nos permite concluir que o Estado de Goiás torna-se uma

região vulnerável a este tipo de incidente e contribui para a estimativa de óbitos não

intencionais no Brasil, haja vista possuir vasta hidrografia, baseada em rios, lagos,

balneários, cachoeiras, barragens, dentre outros.

No Estado de Goiás, segundo dados fornecidos pela 1ª Seção do

Estado-Maior Geral (BM/1), seção responsável pela elaboração das estatísticas no

CBMGO, durante o período de 2011 até o mês de abril de 2014 foram registradas

160 ocorrências de afogamento, conforme descritas na tabela abaixo:

Tabela 2 – Estatística de ocorrências de afogamento em Goiás.

LUGAR

AFOGAMENTO

PERÍODO TOTAL

(%) 2011 2012 2013 2014

RIO OU RIACHO 9 16 13 7 28,12

AÇUDE, BARRAGEM OU REPRESA 12 6 10 - 17,5

LAGO OU LAGOA 9 5 11 1 16,25

OUTRO 16 8 5 - 18,12

PISCINA 2 3 24 - 18,11

CÓRREGO 2 - 1 - 1,9

TOTAL 50 38 64 8

Fonte: 1ª Seção do Estado-Maior Geral (BM/1) – Estatística de afogamento. Até 30 de abril de 2014.

Os resultados comprovam a grande incidência desse tipo de ocorrência

no Estado, com destaque para aquelas ocorridas em rios e riachos, que atingem o

maior índice. O número de acidentes não são maiores em virtude do serviço

preventivo realizado pelo CBMGO, principalmente nos períodos de maior incidência

das ocorrências, no carnaval e no período das férias escolares, em que a

quantidade de turistas se multiplica nos principais pontos turísticos do Estado, como

o rio Araguaia, lago de serra da mesa, lago de três ranchos, dentre outros.

Outros eventos recorrentes que merecem ser descritos em nossa

região se referem aos alagamentos, enchentes e inundações. Estes acontecimentos

são cada vez mais frequentes em nosso cotidiano, conforme demonstrados pelas

estatísticas da BM/1 na tabela abaixo:

21

Tabela 3 – Ocorrências de enchentes, inundações e alagamentos atendidas pelo CBMGO.

Ocorrências de enchentes e alagamentos Natureza

Período Alagamento Enchente/Inundação

2012 2013 2012 2013 Janeiro 10 15 2 10

Fevereiro 09 2 4 5 Março 15 9 3 - Abril 6 9 9 1 Maio 1 1 - -

Junho 2 2 - - Julho - - - -

Agosto 1 1 - - Setembro 4 3 1 - Outubro 2 3 2 1

Novembro 12 28 - 2 Dezembro 2 26 - -

TOTAL 65 98 21 19 Fonte: 1ª Seção do Estado-Maior Geral (BM/1) – Estatística de enchente e alagamento. Até 31 de dezembro de 2013.

Podemos observar, através da tabela, que as ocorrências de

alagamento ocorrem com maior frequência no Estado, se comparadas àquelas

envolvendo enchentes ou inundações. O motivo está diretamente ligado ao fato do

alagamento ter como principal característica o acúmulo de água nas ruas e nos

perímetros urbanos em decorrência de problemas estruturais como a drenagem das

águas.

Essa peculiaridade torna este evento mais frequente nos centros

urbanos e traz como consequência a formação de ambientes alagados, acarretando

perigo à vida das pessoas, que são surpreendidas com o repentino aumento do nível

das águas, oriundas, por exemplo, das fortes chuvas.

3. Metodologia

Esta pesquisa caracteriza-se por ser do tipo acadêmica, sendo utilizado

o método cientifico indutivo. O método indutivo tem na sua natureza uma pesquisa

aplicada, com o objetivo de característica descritiva, a qual observa, registra, analisa

e ordena os dados, sem manipulá-los, isto é, sem haver interferência do

22

pesquisador. O método indutivo é responsável pela generalização, isto é, partimos

de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas (LAKATOS E MARCONI, 2010B, p. 277).

Quanto à técnica, a pesquisa enquadra-se como pesquisa de campo.

Segundo Marconi e Lakatos (2010b), pesquisa de campo é aquela utilizada quando

se quer informações e conhecimentos sobre um problema ao qual se procura uma

resposta. Consiste na observação de fatos e fenômenos tais como se apresentam.

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los” (PRODANOV e FREITAS, 2013, p.59).

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos

científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de

problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o

emprego de métodos científicos. Passold (2000) diz que o método “é a base lógica

da dinâmica da investigação científica”.

De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço

característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena,

inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao

longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido.

Segundo Lakatos e Marconi (1986) a pesquisa bibliográfica trata-se do

levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o

assunto que está sendo pesquisado em livros, enciclopédias, revistas, jornais,

folhetos, boletins, monografias, teses, dissertações e material cartográfico.

Pretende-se, assim, colocar o pesquisador em contato direto com todo material já

escrito sobre o mesmo.

23

Ainda, de acordo com Cervo e Bernian (2002), qualquer tipo de

pesquisa em qualquer área do conhecimento supõe e exige pesquisa bibliográfica

prévia, quer para o levantamento da situação em questão, quer para a

fundamentação teórica.

Assim, afirmam que a pesquisa bibliográfica é um excelente meio de

formação e juntamente com a técnica de resumo de assunto ou revisão de literatura,

constituí geralmente o primeiro passo de toda pesquisa científica. Por isso, os

universitários devem ser incentivados a usarem métodos e técnicas científicas para

realizá-la, tanto independente quanto como parte complementar de qualquer tipo de

pesquisa descritiva ou experimental.

A pesquisa caracteriza-se por ser de campo e do tipo qualitativa e

quantitativa, onde, através da observação e aplicação de questionários, busca-se

adquirir dados de militares, dentre oficiais e praças, com o objetivo de levantar

informações acerca da importância da inclusão da natação no TAF, bem como

verificar a real situação dessas unidades, relativamente às condições físicas de

treinamento, para oferecer condições para o desempenho daquilo que exige.

3.1. Pesquisa Aplicada

Para dar mais relevância ao tema proposto, foi efetuada pesquisa de

campo com um universo de 60 (sessenta) militares, abrangendo oficiais, alunos do

Curso de Formação de Oficiais e praças oriundos de diversas Unidades

Operacionais do Estado, frequentando estágio ou curso de aperfeiçoamento na

Academia bombeiro militar.

Foi elaborado questionário com um rol de perguntas, nas quais os

militares puderam se posicionar acerca de possível mudança no processo de

avaliação do TAF, com a inclusão da natação no teste.

As perguntas foram elaboradas no intuito de identificar o grau de

importância da natação para a atividade bombeiro militar, bem como levantar o nível

de desempenho dos militares nesta área. Além disso, a entrevista buscou identificar

prazo para adequação daqueles militares que possuam baixo desempenho em

24

natação e também a periodicidade de treinamento e as condições estruturais das

OBM’s

Outros aspectos abordados na pesquisa, que trouxeram informações

importantes, se referem à participação dos militares em Operações da corporação; o

nível de segurança no desempenho da função de guarda-vidas; o índice de

especialistas na área e o posicionamento dos bombeiros militares acerca da

inclusão da natação no TAF.

3.1.1. Resultados e discussões

Gráfico 1 – Grau de importância da natação para a atividade bombeiro militar.

Analisando-se os resultados obtidos, podemos perceber que apenas

3% considera a natação pouco importante para a atividade bombeiro militar,

enquanto a quase totalidade, ou seja, 97% evidencia ser o esporte importante e, até

mesmo, essencial à profissão. Trata-se, porém, de número expressivo, que

corrobora a relevância de se adotar medidas que desenvolvam e despertem nos

bombeiros militares de Goiás a prática do esporte para aperfeiçoamento na área.

Gráfico 2 – Avaliação do desempenho em natação.

25

Para se avaliar o atual nível de capacidade dos bombeiros militares em

natação, foi efetuado questionamento acerca do desempenho individual no esporte.

Os resultados são preocupantes, na medida em que percebeu rendimento

insatisfatório para a função exercida, já que apenas 45% afirmam ter desempenho

bom ou muito bom no esporte.

De outra parte, 55%, o que representa a maioria dos militares ouvidos,

reconhece ter desempenho regular ou ruim na água, o que significa não possuir

condições de atuar em ocorrências que envolvam salvamento de vítima com

princípio de afogamento.

O índice obtido demonstra desinteresse ou a falta de militares

comprometidos com o aperfeiçoamento profissional na área aquática. Desinteresse

que pode ser atribuído à falta de exigência nos testes de avaliação física.

Gráfico 3 – Tempo para adequação dos bombeiros militares.

Outro ponto abordado na pesquisa diz respeito ao prazo para

adequação daqueles bombeiros militares que se declararam regulares ou ruins em

natação. A pergunta foi formulada buscando-se obter parâmetros para estimativa de

lapso temporal satisfatório para a efetivação da proposta deste trabalho.

Trata-se de questionamento importante, haja vista a mudança no TAF

representar interferência direta na carreira dos militares, pois o teste é um dos

requisitos para progressão na carreira. Assim, apesar da avaliação de desempenho

ser um método importante para se aferir o grau de capacidade do sujeito, deverá ser

respeitado prazo ideal para que o militar consiga se adequar às mudanças.

26

Sabendo disso, o resultado traz informação preciosa, onde os próprios

entrevistados estipulam tempo suficiente para haver melhorias de rendimento na

modalidade. Percebe-se assim, que as respostas indicam como prazos ideais

aqueles compreendidos entre seis meses a um ano, para que o militar possa

melhorar seu potencial em natação, representando 79% das respostas auferidas,

servindo de referência para a tomada de decisão.

Gráfico 4 – Frequência de treinamento.

Com relação à frequência de treinamento dos militares em natação,

procurou-se oferecer amplas alternativas para posicionamento do entrevistado. O

objetivo do questionamento foi avaliar o zelo do militar pelo condicionamento físico e

aprimoramento profissional na área.

O resultado obtido demonstra falta de comprometimento com a

profissão que exerce, ferindo uma das manifestações essenciais do bombeiro militar,

prevista no próprio estatuto, que é zelar pelo seu preparo técnico-profissional. Boa

parte dos militares ouvidos (41%) afirmou não realizar treinamento algum.

Outra parte afirmou treinar esporadicamente, alguns, uma vez ao mês

(15%), outros, duas vezes ao mês (12%) e a minoria (22%) afirmam treinar

semanalmente, uma, duas e até três vezes no período. O desinteresse fica

evidenciado, porém, quando obtemos dados que apontam para o militar que se

declara ruim em natação, possui piscina no ambiente de trabalho e afirma não

realizar treinamento.

27

Gráfico 5 – Condições de treinamento.

Outro ponto ressaltado na pesquisa se refere às condições estruturais

do ambiente de trabalho do militar. O questionamento levantado teve por objetivo

averiguar as reais condições de treinamento existentes no quartel do militar.

Do universo pesquisado, boa parte aponta para a existência de

condições efetivas de treinamento, em 46% dos casos. Isso representa que alguns

quarteis, quase a metade deles, possuem instalações físicas com piscinas para

treinamentos.

Aliado a isso, 26% dos militares entrevistados afirmaram possuir meios

alternativos para a prática da natação. Trata-se de clubes localizados nas

imediações dos municípios que possuem quartéis do CBMGO, os quais atuam em

parceria com os quarteis, cedendo suas instalações para servir de treinamento aos

bombeiros militares locais.

Outra parte declarou não haver condições de treinamento,

representando 28% do público total da pesquisa. Característica negativa para a

instituição, porém, com chances de gerenciamento, através de gestão de comando,

no sentido de buscar parcerias com clubes próximos à localidade.

Com o advento do Planejamento Estratégico 2012/2022 o CBMGO

estabeleceu como prioridade a instalação de quarteis nas cidades com 20.000 (vinte

mil) habitantes ou mais. A cidade que possua tal número de habitantes, certamente

possuirá clube que contenha piscina, podendo servir como local de treinamento aos

militares.

28

Gráfico 6 – Participação em operações do CBMGO como Guarda-Vidas.

Visando analisar o índice de participação dos militares como Guarda-

Vidas em Operações do CBMGO e efetuar cruzamento das respostas com dados

coletados em outras perguntas, foi indagado sobre a participação em Operações. O

resultado aponta que 78% dos militares envolvidos na pesquisa já trabalhou em

Operações, exercendo a função de Guarda-Vida.

Este resultado poderia ser avaliado como normal, porém ao

observarmos o grupo que já trabalhou em Operações como Guarda-Vidas,

percebemos que 44% deles, ou seja, quase a metade declarou ter desempenho ruim

ou regular em natação.

Gráfico 7 – Grau de segurança como Guarda-Vidas.

Outra informação importante diz respeito ao nível de segurança do

bombeiro militar, em caso de atuação como guarda-vidas. O resultado demonstra

que a maioria tem segurança caso tenha que atuar na área, representando um total

de 57% se declarando seguro ou muito seguro, sendo que desse universo, 35%

passaram por curso de especialização na área aquática, conforme figura abaixo.

29

Gráfico 8 – Curso de especialização na área náutica.

De outro lado, ainda encontramos números consideráveis de

bombeiros inseguros na água, onde 43% deles demonstraram insegurança em caso

de atendimento a vítimas em ambiente aquático. Esta característica remonta mais

uma vez à questão da importância do desenvolvimento da natação e técnicas de

salvamento, pois as ocorrências são repentinas e não escolhem lugar ou horário

para acontecer, o que exige pronto atendimento do bombeiro militar, independente

de estar ou não de serviço.

Gráfico 9 – Posicionamento acerca da inclusão da natação no TAF.

Por fim, com o objetivo de dar mais enfoque ao tema proposto,

procurou-se obter o posicionamento dos militares acerca da inclusão da natação no

TAF do CBMGO. O resultado revela que a maioria é favorável, correspondendo a

60% dos militares.

Contrariamente à proposta se manifestou 18% dos militares, o que

ainda representa resistência aos processos de mudança na organização. Paralelo a

30

isso, encontramos também aqueles que se posicionaram como sendo pouco

favorável à proposta, correspondendo a um total de 22%.

Importante ressaltar certas características do público manifestamente

desfavorável à medida. Dos militares contrários à inclusão da natação no TAF,

90,9% declarou ter desempenho ruim ou regular em natação, o que representa

índice expressivo e reforça a importância de se reavaliar os métodos e modalidades

de provas físicas exigidas no TAF.

3.2. Analogia Interestadual

Com o intuito de identificar, especificamente, as modalidades de provas

exigidas para aplicação do teste físico aos bombeiros de outros Estados, bem como

identificar as tendências das outras Instituições bombeiro- militares do país, foi

efetuada pesquisa com 20 (vinte) corporações de outros Estados, confrontando-se

os resultados obtidos com a real situação do CBMGO.

Foram efetuados contatos, via fone, com as Diretorias de Ensino dos

Corpos de Bombeiros dos Estados relacionados na tabela abaixo, buscando-se

identificar os métodos de aplicação do TAF, bem como verificar se há aplicação da

natação nos testes, por se tratar do foco principal deste trabalho, obtendo-se os

seguintes Resultados:

Tabela 4 – Modalidades exigidas no TAF de outros Estados.

ESTADO Corrida Flexão no solo

Flexão na barra fixa Abdominal Natação Outros

AC Sim Sim Sim Sim Sim -

BA Sim Sim Sim Sim Sim -

RS Sim Sim Sim Sim Não

CE Sim Sim Sim Sim Sim (GM) -

DF Sim* Sim Sim Sim Sim* A

RJ Sim Sim Sim Sim Sim -

ES Sim Sim Sim Sim Não -

GO Sim Sim Sim Sim Não -

MG Sim* Sim Sim Sim Sim* A e B

MS Sim Sim Sim Sim Sim -

31

MT Sim Sim Sim Sim Sim -

PA Sim Sim Sim Sim Sim -

PE Sim Sim Sim Sim Sim (GM) A e B

RN Não Não Não Não Não -

RO Sim Sim Sim Sim Sim -

RR Sim Sim Sim Sim Sim -

SC Sim Sim Sim Sim Sim -

SE Sim Sim Sim Sim Sim (GM) -

SP Sim Sim Sim Sim Sim -

TO Sim Sim Sim Sim Sim - NOTAS ESPECÍFICAS: (A) - Militares que possuam restrições nos membros inferiores podem substituir a corrida pela natação de 12 minutos; (B) - Prova de agilidade ‘Shuttle Run”; (GM) – Natação para Grupamento Marítimo; (*) – Admite substituir a corrida pela natação de 12 minutos, em caso de restrição física de membros inferiores.

Da análise da tabela 2, podemos extrair dados importantes, pois das 20

(vinte) Corporações abordadas, apenas 20%, isto é, 04 (quatro) delas ainda optam

por não exigir a natação no Teste de Aptidão Física.

Dentre este quantitativo encontra-se o CBMGO, corporação que está

inserida num Estado que possui vastas áreas banhadas por rios, lagos e balneários.

Esta característica traz necessidade de militares qualificados, devido à atração de

milhares de turistas durante o ano, ocasiões propícias ao acontecimento de

acidentes envolvendo afogamentos ou outros tipos de acidentes em meio líquido.

Por outro lado, vale destacar o grande número de Estados em que os

Corpos de Bombeiros já instituem a natação nos protocolos de avaliação do TAF.

Das Corporações ouvidas, 80% adotam o esporte como forma de avaliação no Teste

de Aptidão Física e esta característica indica a tendência das Instituições bombeiro-

militares em adotar a natação como atividade obrigatória no processo de avaliação

física dos militares.

Há de se ressaltar que algumas Corporações novas e ainda

consideradas pequenas, como o Corpo de Bombeiros do Estado do Tocantins, que

possui efetivo inferior a quinhentos bombeiros, já enxergaram esta tendência e

estimulam a prática da natação e formas diversificadas de exercícios, para

proporcionar bem estar e qualidade de vida aos seus militares e, por consequente, a

qualificação profissional.

32

Nas forças armadas, mais especificamente no Exército Brasileiro, em

seu manual de Campanha de Treinamento Físico Militar (C 20-20), estão previstos

como métodos de treinamento, a corrida contínua ou caminhada; Corrida variada;

Treinamento intervalado aeróbico e a Natação.

O manual reserva um artigo exclusivamente para tratar da natação, e a

define como uma atividade física que, além de melhorar a eficiência mecânica do

nado, proporciona autoconfiança e autodomínio no meio aquático, enquanto

aprimora a aptidão física. Define como objetivos desse esporte, a capacidade de

desenvolver a resistência aeróbica, além de capacitar o combatente a lutar pela sua

sobrevivência.

Estabelece ainda que o treinamento físico militar possui dentro de seus

enfoques, o enfoque na saúde, de forma a atender melhor os interesses do militar,

relacionados com seu próprio bem-estar, tendo como objetivos e benefícios

proporcionar uma melhoria na qualidade de vida do militar (Brasil, 2002).

4. Sugestão de Aplicabilidade

De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, realizada entre

oficiais e praças da Academia Bombeiro Militar, bem como por analogia entre

instituições bombeiro-militares do Brasil, percebeu-se a importância de se instituir da

natação no processo de avaliação física do Corpo de Bombeiros militar do Estado de

Goiás. Como sugestão para aplicabilidade é apresentada no apêndice deste

trabalho os protocolos e tabelas, abordando todos os índices e regras para a

realização do exercício.

Relativamente ao tipo de prova sugerida para aplicação no TAF e a

confecção das tabelas, optou-se pela prova de natação de 100 metros, estilo livre. A

justificativa se baseia em estudos e parâmetros adotados em projetos da Sociedade

Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), a qual funciona como um conselho

profissional e tem por objetivo principal prevenir afogamentos, estabelecer as

melhores técnicas, uniformizar e difundir o conhecimento na área de salvamento

aquático.

33

A instituição oferece diversos tipos de cursos, destacando-se o curso

de guarda-vidas em piscinas, rios e lagos, além do curso de guarda-vidas em praias.

No tocante ao curso específico para rios e lagos, característica principal do Estado

de Goiás, o programa especifica o cumprimento de algumas exigências para

obtenção do certificado de aptidão para execução de serviço de guarda-vidas.

O teste de maior exigência, que capacita ou não o guarda-vidas em

seu treinamento, é a realização de um salvamento, sem equipamento, de vítima

inconsciente, distante no mínimo 50 metros da margem. Desta maneira a vítima

inconsciente requer mais condicionamento físico que uma vítima consciente, ainda

que esta esteja a uma distância maior.

Logo, todo aquele que executa serviço de guarda-vidas, para

desempenhar bem sua função, segundo a SOBRASA, deve ser capaz de realizar

um resgate de 50 metros de distância com vítima inconsciente, sendo percorridos 50

metros para se alcançar a vítima e outros 50 metros para retornar à margem,

perfazendo um total de 100 metros de deslocamento.

Baseado nisso, elaborou-se tabelas, constantes no apêndice deste

trabalho, adotando-se o percurso de 100 metros de natação como proposta de

aplicação no TAF do CBMGO. Já com relação aos índices e notas, foram tomadas

como referências os testes aplicados pelos Corpos de Bombeiros dos Estados de

Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS) e Tocantins (TO).

Nos Estados de MT e MS já existem tabelas para execução da prova

de natação de 100 metros, estilo livre. Já no Estado de Tocantins, atualmente, a

prova estabelece um percurso de 50 metros, porém, já em processo de mudança

para 100 metros, haja vista os cursos oferecidos pela SOBRASA indicarem este

percurso como ideal para a atividade de Guarda-Vidas.

Com relação ao lapso temporal para efetivação da proposta, a

pesquisa de campo foi fundamental para a delimitação de tempo ideal para

adequação dos militares ao processo de mudança. Na pesquisa, identificou-se que

34

79% dos entrevistados estipularam um período de 6 meses a 1 ano como tempo

ideal para melhorar o desempenho em natação.

Analisando-se também a imagem 3 é possível obter outra informação

importante. O especialista em geriatria Wilson Jacob Filho, da Universidade de São

Paulo, estabelece determinados períodos para que os resultados dos treinamentos

em natação apareçam.

A imagem aponta melhora expressiva em natação quando o

treinamento é realizado por um período de 12 semanas e, para avanços

progressivos mais estáveis, quando realizado pelo período de 6 meses em diante.

Partindo desse pressuposto, sugere-se que a exigência da natação no TAF seja

efetivamente adotada, respeitando-se lapso temporal compreendido entre seis

meses e um ano, para adequação dos militares.

No tocante à viabilidade estrutural, em se tratando da região

metropolitana, não há que se falar em inviabilidade para treinamento, pois a

Corporação possui quartéis com estrutura adequada para treinamento. Quanto ao

interior do Estado, a realidade é diferente, pois a maioria não possui piscina.

De toda forma, o fato de a Instituição não possuir todas as suas

Unidades Operacionais preparadas, com piscinas para treinamento, não inviabiliza o

processo de mudança no TAF. Apesar de ser importante a existência de estrutura

para treinamento nos quartéis, outras alternativas podem ser adotadas como, por

exemplo, efetivação de convênios com clubes particulares ou outras instituições

existentes no município, que possuam estrutura para treinamento.

5. Conclusão

Após análise dos dados, tabulados através das pesquisas, e dos

argumentos referenciados no corpo do trabalho podemos concluir que o tema

proposto possui grande relevância para a Instituição, pois o assunto está

intimamente ligado à questão do condicionamento físico, aperfeiçoamento

35

profissional e, sobretudo, à manutenção da qualidade de vida e bem estar dos

bombeiros militares do Estado.

Esses argumentos podem ser justificados pela gama de benefícios

proporcionados pela natação, referenciados no corpo deste trabalho, tratando-se de

um esporte completo e fundamental para a atividade bombeiro militar, tendo em

vista estar diretamente ligado às atribuições legalmente previstas para a classe.

Diante dos resultados apresentados na pesquisa, com o público a ser

afetado com a alteração do TAF, foi possível mensurar o desempenho daquele

grupo e obter posicionamento acerca de possível mudança no processo de

avaliação física da corporação.

Os resultados caminharam na mesma direção da proposta analisada

no trabalho, tendo em vista 48% reconhecer a importância da natação para a

profissão e outros 49% a considerar essencial. Paralelamente a isso, 60% da

população pesquisada afirmou ser favorável à proposta de inclusão da natação no

TAF.

Assim, os dados obtidos nos permitem concluir que a natação deve ser

aplicada com mais frequência na instituição e uma forma interessante de se

desenvolver e estimular a prática do esporte acontece com a inserção da

modalidade no teste de aptidão física. Com a exigência no TAF, haveria maior

interesse pelos treinamentos, haja vista o teste ser pré-requisito para progressão na

carreira do profissional.

Por fim, através da pesquisa efetuada em Corporações de outros

Estados da Federação, obteve-se resultados importantes que reforçam a

importância da inclusão da natação no TAF do CBMGO. Pelos resultados da

pesquisa, torna-se evidente a tendência dos Estados em adotar formas de

treinamentos mais variadas, pois 80% das instituições militares ouvidas informaram

ter a natação como parte integrante do TAF, índice expressivo que demonstra

conhecimento dos benefícios do esporte e investimento no condicionamento físico e

na qualidade de vida de seus integrantes.

36

Diante do exposto, é possível afirmar que o CBMGO necessita alterar

seu processo de avaliação física, com a inclusão da natação no TAF. Esta afirmação

se dá em virtude das pesquisas demonstrarem as tendências de outras instituições

bombeiro-militares neste sentido, da manifestação favorável de parte considerável

dos militares ouvidos na pesquisa, além de todos os benefícios que o esporte

proporciona para a saúde e qualidade de vida do bombeiro militar.

37

6. Referências Bibliográficas

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38

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39

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40

APÊNDICE

- PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DA NORMA ADMINISTRATIVA 02 - TESTE DE NATAÇÃO 100 METROS ESTILO LIVRE ( Masculino e Feminino) 1. Protocolo de treinamento:

Tarefa Condição Padrão mínimo

Executar atividade de natação até o limite de

resistência do bombeiro militar

- Uniforme de treinamento físico; - O militar efetuará deslocamento em meio líquido para aprimorar e manter capacidade operacional na área.

O militar deverá ter pontuação mínima: Faixa etária 18-25: 6,0 26-33: 5,5 34-39: 4,5 40-45: 3,0 46-49: 2,5

- Atributos físicos exigidos: resistência e força muscular. - Principais grupos musculares ativados: braço, costas e pernas.

2. Protocolo de avaliação do exercício:

2.1 Índices para pontuação (masculino)

Teste de Natação (medição em tempo) – Nado Estilo Livre 100m – Masculino

Pontos Faixa etária - masculino

18-25 26-33 34-39 40-45 46-49 > 50 anos

0 > 2’10”01 > 2’20”01 > 2’30”01 > 2’40”01 > 2’50”01 -

2,5 2’07”01 a

2’10”00

2’17”01 a

2’20”00

2’27”01 a

2’30”00

2’37”01 a

2’40”00

2’47”01 a

2’50”00 -

3,0 2’04”01 a

2’07”00

2’14”01 a

2’17”00

2’24”01 a

2’27”00

2’34”01 a

2’37”00

2’44”01 a

2’47”00 -

3,5 2’01”01 a

2’04”00

2’11”01 a

2’14”00

2’21”01 a

2’24”00

2’31”01 a

2’34”00

2’41”01 a

2’44”00 -

4,0 1’58”01 a

2’01”00

2’08”01 a

2’11”00

2’18”01 a

2’21”00

2’28”01 a

2’31”00

2’38”01 a

2’41”00 -

4,5 1’55”01 a

1’58”00

2’05”01 a

2’08”00

2’15”01 a

2’18”00

2’25”01 a

2’28”00

2’35”01 a

2’38”00 -

5,0 1’52”01 a

1’55”00

2’02”01 a

2’05”00

2’12”01 a

2’15”00

2’22”01 a

2’25”00

2’32”01 a

2’35”00 -

5,5 1’49”01 a

1’52”00

1’59”01 a

2’02”00

2’09”01 a

2’12”00

2’19”01 a

2’22”00

2’29”01 a

2’32”00 -

41

6,0 1’46”01 a

1’49”00

1’56”01 a

1’59”00

2’06”01 a

2’09”00

2’16”01 a

2’19”00

2’26”01 a

2’29”00 -

6,5 1’43”01 a

1’46”00

1’53”01 a

1’56”00

2’03”01 a

2’06”00

2’13”01 a

2’16”00

2’23”01 a

2’26”00 -

7,0 1’40”01 a

1’43”00

1’50”01 a

1’53”00

2’00”01 a

2’03”00

2’10”01 a

2’13”00

2’20”01 a

2’23”00 -

7,5 1’37”01 a

1’40”00

1’47”01 a

1’50”00

1’57”01 a

2’00”00

2’07”01 a

2’10”00

2’17”01 a

2’20”00 -

8,0 1’34”01 a

1’37”00

1’44”01 a

1’47”00

1’54”01 a

1’57”00

2’04”01 a

2’07”00

2’14”01 a

2’17”00 -

8,5 1’31”01 a

1’34”00

1’41”01 a

1’44”00

1’51”01 a

1’54”00

2’01”01 a

2’04”00

2’11”01 a

2’14”00 -

9,0 1’28”01 a

1’31”00

1’38”01 a

1’41”00

1’48”01 a

1’51”00

1’58”01 a

2’01”00

2’08”01 a

2’11”00 -

9,5 1’25”01 a

1’28”00

1’35”01 a

1’38”00

1’45”01 a

1’48”00

1’55”01 a

1’58”00

2’05”01 a

2’08”00 -

10,0 < 1’25”00 < 1’35”00 < 1’45”00 < 1’55”00 < 2’02”00 -

2.2 Índices para pontuação (feminino)

Teste de Natação (medição em tempo) – Nado Estilo Livre 100m – Feminino

Pontos Faixa etária - masculino

18-25 26-33 34-39 40-45 46-49 > 50 anos

0 > 2’20”01 > 2’30”01 > 2’40”01 > 2’50”01 > 3’00”01 -

2,5 2’17”01 a

2’20”00

2’27”01 a

2’30”00

2’37”01 a

2’40”00

2’47”01 a

2’50”00

2’57”01 a

3’00”00 -

3,0 2’14”01 a

2’17”00

2’24”01 a

2’27”00

2’34”01 a

2’37”00

2’44”01 a

2’47”00

2’54”01 a

2’57”00 -

3,5 2’11”01 a

2’14”00

2’21”01 a

2’24”00

2’31”01 a

2’34”00

2’41”01 a

2’44”00

2’51”01 a

2’54”00 -

4,0 2’08”01 a

2’11”00

2’18”01 a

2’21”00

2’28”01 a

2’31”00

2’38”01 a

2’41”00

2’48”01 a

2’51”00 -

4,5 2’05”01 a

2’08”00

2’15”01 a

2’18”00

2’25”01 a

2’28”00

2’35”01 a

2’38”00

2’45”01 a

2’48”00 -

5,0 2’02”01 a

2’05”00

2’12”01 a

2’15”00

2’22”01 a

2’25”00

2’32”01 a

2’35”00

2’42”01 a

2’45”00 -

5,5 1’59”01 a

2’02”00

2’09”01 a

2’12”00

2’19”01 a

2’22”00

2’29”01 a

2’32”00

2’39”01 a

2’42”00 -

6,0 1’56”01 a

1’59”00

2’06”01 a

2’09”00

2’16”01 a

2’19”00

2’26”01 a

2’29”00

2’36”01 a

2’39”00 -

42

6,5 1’53”01 a

1’56”00

2’03”01 a

2’06”00

2’13”01 a

2’16”00

2’23”01 a

2’26”00

2’33”01 a

2’36”00 -

7,0 1’50”01 a

1’53”00

2’00”01 a

2’03”00

2’10”01 a

2’13”00

2’20”01 a

2’23”00

2’30”01 a

2’36”00 -

7,5 1’47”01 a

1’50”00

1’57”01 a

2’00”00

2’07”01 a

2’10”00

2’17”01 a

2’20”00

2’27”01 a

2’30”00 -

8,0 1’44”01 a

1’47”00

1’54”01 a

1’57”00

2’04”01 a

2’07”00

2’14”01 a

2’17”00

2’24”01 a

2’27”00 -

8,5 1’41”01 a

1’44”00

1’51”01 a

1’54”00

2’01”01 a

2’04”00

2’11”01 a

2’14”00

2’21”01 a

2’24”00 -

9,0 1’38”01 a

1’41”00

1’48”01 a

1’51”00

1’58”01 a

2’01”00

2’08”01 a

2’11”00

2’18”01 a

2’21”00 -

9,5 1’35”01 a

1’38”00

1’45”01 a

1’48”00

1’55”01 a

1’58”00

2’05”01 a

2’08”00

2’15”01 a

2’18”00 -

10,0 < 1’35”00 < 1’45”00 < 1’55”00 < 2’05”00 < 2’15”00 -

3. Protocolo de execução do exercício:

3.1 Para realizar a prova de natação o executante deverá nadar 100 metros em

qualquer estilo;

3.2 O tempo será marcado em minutos, segundos e centésimos de segundos;

3.3 A prova poderá ser realizada em piscinas, preferencialmente, de 25 ou 50

metros;

3.4 O executante poderá iniciar a prova fora da piscina com salto da borda ou da

plataforma, ou dentro da piscina com uso de impulso na borda, se optar;

3.5 Para realização da prova o executante deverá estar trajado de uniforme

correspondente (sunga para homens e maiô, com short, para mulheres), sendo o

uso de touca e óculos de natação de caráter facultativo;

3.6 A prova estará concluída quando o executante completar 100 metros e tocar na

borda com qualquer parte de seu corpo;

3.7 Este teste será realizado por executantes sem restrições médicas;

3.8 O executante somente iniciará o exercício após a autorização do avaliador

4. Generalidades

4.1 O oficial responsável pela aplicação do TAF autorizará o bombeiro militar que

não obtiver o índice mínimo no teste a repeti-lo, somente uma vez, no momento das

provas, visando melhorar o resultado obtido.

4.2 Os valores dos índices para o teste de natação serão os seguintes:

43

Natação 100 metros estilo livre (pontuação)

Idade I R B MB E

18 – 25 3,0 3,5 a 5,5 6,0 a 7,5 8,0 a 9,0 9,5 a 10

26 – 33 2,5 3,5 a 4,5 5,5 a 6,5 7,5 a 8,5 9,0 a 10

34 – 39 0 2,5 a 3,5 4,5 a 5,5 6,5 a 7,5 8,5 a 10

40 – 45 0 0 2,5 a 4,5 5,5 a 6,5 7,5 a 10

46 – 49 0 0 0 2,5 a 4,5 5,5 a 10

> 50 Exercício não previsto para esta faixa etária

4.3 O índice final do TAF do militar será o resultado da seguinte fórmula matemática:

(2 x B) + (1 x A) + (1 x BS) + (3 x C) + (2 x N)

9

– acima de 50 anos: resultado da marcha.

4.4 Para a menção final do TAF (E, MB, B, R ou I) utilizar-se-á o resultado do índice

final que terá a seguinte equivalência:

Índice 5,0 5,01 a 6,0 6,01 a 8,0 8,01 a 9,0 9,01 a 10

Menção I R B MB E

Legenda:

– B: resultado da flexão de braços na barra fixa;

– A: resultado da flexão abdominal:

– BS: resultado da flexão de braços sobre o solo;

– C: resultado da Corrida de 12 min; e

– N: Resultado da Natação de 100 metros.

44

ANEXO

QUESTIONÁRIO PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TEMA: PROPOSTA DE INCLUSÃO DA NATAÇÃO NO TAF ORDINÁRIO DA

CORPORAÇÃO

1. Qual o grau de importância da natação para a atividade bombeiro militar?

( ) Pouco importante; ( ) Importante; ( ) Essencial.

2. Como você avalia seu desempenho em natação?

( ) Ruim; ( )Regular; ( ) Bom; ( ) muito bom.

3. Caso a resposta anterior seja REGULAR ou RUIM, quanto tempo seria necessário para melhorar

seu desempenho?

( ) 6 meses; ( ) 1 ano; ( ) 1 ano e meio; ( ) 2 anos.

4. Qual sua frequência de treinamento em natação?

( ) 1 vez por semana; ( ) 2 vezes por semana; ( ) 3 vezes por semana; ( ) 1 vez por mês;

( ) 2 vezes por mês; ( ) não pratica.

5. Quais são as condições de treinamento existentes na sua área ou ambiente de trabalho?

( ) Piscina no quartel; ( ) Piscina em clubes; ( ) Não há condições de treinamento.

6. Qual Operação do CBMGO já participou, em que tenha atuado como Guarda-Vidas?

( ) Op. Férias; ( ) Op. Carnaval; ( ) Op. Semana Santa; ( ) Outras; ( ) Nenhuma

7. Como se sente efetuando serviço de Guarda-Vidas?

( ) inseguro; ( ) seguro; ( ) muito seguro

8. Curso de especialização na área náutica.

( ) CMAUT; ( ) GV; ( ) nenhum

9. Qual seu posicionamento sobre a inclusão da natação no TAF da Corporação?

( ) favorável; ( ) pouco favorável; ( ) desfavorável