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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE ODONTOLOGIA
PROPOSTA DE UM PROTOCOLO PARA A 1ª VISITA ODONTOLÓGICA DO RECÉM-NASCIDO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Belo Horizonte – Minas Gerais
Novembro/ 2009
2
TELMA ARAÚJO DE BRITTO
PROPOSTA DE UM PROTOCOLO PARA A 1ª VISITA ODONTOLÓGICA DO RECÉM-NASCIDO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Monografia apresentada ao curso de
especialização em Odontologia em Saúde
Coletiva, com ênfase em Saúde da Família.
TUTOR: FLÁVIO DE FREITAS MATTOS
Belo Horizonte – Minas Gerais
Novembro/ 2009
3
RESUMO
A reduzida prioridade conferida à dentição decídua leva a alguns
reflexos, tais como a elevada prevalência de cáries dentais desde a mais tenra
idade, o medo ao tratamento odontológico e a criação de hábitos ligados a uma dieta
cariogênica. O objetivo deste trabalho foi o de sugerir o início do atendimento
odontológico aos bebês na 1ª semana de vida, especificamente no dia do exame do
pezinho, nas Unidades Básicas de Saúde, na cidade de Belo Horizonte, visando à
conscientização da família dos benefícios da atenção odontológica precoce, bem
como da prática educativa e preventiva da saúde bucal; à adquirição pela criança de
hábitos saudáveis e de higiene desde cedo, e à influência positiva das ações desta
proposta no padrão de saúde bucal durante toda a vida do paciente.
Palavras-chave: saúde bucal, bebês, Unidades Básicas de Saúde.
4
Abstract
The low priority given to the deciduous dentition leads to some reflexes,
such as the high prevalence of dental caries at an early age, fear of dental treatment
and the creation of habits associated with a cariogenic diet. The objective of this
study was to suggest the beginning of dental care for babies in the 1st week of life,
specifically on the day of feet testing in the Basic Health Units in the city of Belo
Horizonte, aiming et the awareness of the benefits of early odontological family care,
and the educational practice and preventive oral health; the acquisition by the child of
hygienic and early healthy habits, and the positive influence of the actions proposed
in this pattern of oral health throughout the life of the patient.
Keywords: oral health, babies, Basic Health Units.
5
Introdução
Profissionais da odontopediatria da atenção secundária verificam que,
com certa frequência, crianças de 2 a 5 anos de idade são encaminhadas para
tratamento de dentes com lesões cariosas extensas ou já com comprometimento
endodôntico.
De acordo com os dados do projeto SB 2003, quase 27% (vinte e sete por
cento) das crianças de 18 a 36 meses apresentam, pelo menos, 1 dente decíduo
com cárie, e em torno de 60% (sessenta por cento) aos 5 anos de idade, com ceo-
d=2,8.
Para alguns cirurgiões dentistas (CDs) das Unidades Básicas de Saúde
(UBS), o atendimento a crianças, principalmente as de tenra idade, ainda gera certo
transtorno.
Com o intuito de diminuir a incidência desses encaminhamentos e facilitar
o trabalho dos CDs, sugere-se a 1ª visita do bebê à UBS na primeira semana de
vida.
Espera-se com isso que o atendimento aos bebês se torne uma rotina.
Além disso, os profissionais familiarizar-se-ão com uma dinâmica mais
compensatória e o trabalho passará a ser mais gratificante, menos árduo e sem
muito estresse.
Sabe-se que, quanto mais cedo as orientações sobre prevenção e
promoção de saúde são repassadas aos pais e existe um acompanhamento dos
bebês, há uma considerável diminuição da prevalência da tão temida cárie de
mamadeira ou cárie precoce da primeira infância. Com um acompanhamento
periódico aos bebês, e os pais ou responsáveis recebendo as orientações
necessárias visando à promoção da saúde bucal, espera-se um decréscimo na
necessidade de intervenções. Redução também na procura dos atendimentos de
urgência ou encaminhamentos para a atenção secundária.
Percebe-se que a antecipação da atenção odontológica por parte do
profissional pode aumentar as chances de uma melhor saúde bucal em crianças
menores de 3 anos de idade, o que contribuirá, de forma decisiva, para a prática e
os hábitos de higiene oral.
6
Um relacionamento satisfatório do dentista com a criança desde pequena,
junto aos seus pais, contribui para um diagnóstico preciso, um atendimento e
tratamento tranquilo e sem traumas psicológicos. Após essas ações a criança estará
familiarizada com o ambiente odontológico, será tratada de forma tranquila, quando
houver necessidade de novas ou futuras intervenções; quando a primeira visita de
uma criança ao consultório odontológico ocorre em casos de dor, ela pode ser
frustrante, geradora de conflitos e medos.
A organização dos serviços na atenção básica gira em torno da saúde da
família. A assistência é prestada em todos os ciclos da vida, então, nada melhor do
que iniciar as orientações aos pais, ou responsáveis, sobre a saúde bucal já na
primeira semana de vida, ou seja, no dia do exame do pezinho.
Partilha-se do entendimento que educar pessoas não significa apenas
transmitir conhecimentos ou repassar informações. O saber não pode ser dissociado
do cotidiano das pessoas. Elas precisam receber informações para adquirirem
habilidades, vontade para modificar hábitos e mudanças de atitudes, que levam a
uma boa saúde bucal e, consequentemente, a uma melhor qualidade de vida.
7
REVISÃO DA LITERATURA
A saúde deve ser uma construção e vivência das pessoas dentro daquilo
que fazem em seu dia a dia, quando elas aprendem, trabalham, divertem-se e
amam. A saúde deve ser também construída pelo cuidado de cada um consigo
mesmo e com os outros, pela capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre
as circunstâncias da própria vida. A sociedade deve oferecer condições que
permitam a obtenção de saúde para os seus membros e atuar na melhoria da
qualidade de vida e saúde de todos, tendo uma participação ativa no controle desse
processo. As estratégias e programas na área de saúde devem se adaptar às
necessidades locais, bem como levar em conta as diferenças pessoais, sociais,
culturais e econômicas (CARTA DE OTTAWA, 1986).
Esses mesmos princípios são referendados para o Programa da Saúde
da Família (PSF). Na revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção
básica, o Ministério da Saúde (Brasil), em 2006, enfatizou que os serviços de saúde
bucal devem se reestruturar, romper com antigas formas de trabalhar e de lidar com
o processo saúde-doença na sociedade. O foco da atenção deve ser a família no
seu espaço social característico. Integralidade, equipe multidisciplinar e vigilância à
saúde são prerrogativas do programa, que deve realizar um trabalho utilizando a
epidemiologia como ferramenta, voltado para o coletivo e consolidado nas linhas do
cuidado. As organizações das ações de saúde bucal devem ser baseadas e
adequadas às exigências da realidade de cada unidade de saúde. Definiu-se como
área estratégica para atuação do cirurgião dentista (CD), além dos procedimentos
clínicos individuais, a coordenação e participação em ações voltadas à promoção de
saúde e prevenção de doenças bucais, recomendando-se, ainda, que devem ser
tomadas medidas de saúde pública intersetoriais e educativas para controlar e
prevenir a doença cárie.
A cárie dentária é uma das doenças ainda prevalentes na atualidade,
sabendo-se que tem apresentado reduções significativas nos últimos anos, na
maioria das faixas etárias estudadas.
A doença cárie é um processo dinâmico, que, à luz dos conhecimentos
atuais, sabe-se, pode ser controlada e até evitada; a sua evolução pode levar a
8
perdas dentárias, com todas as sequelas orgânicas, psicológicas e sociais
(WALTER, 2002).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, por meio do Projeto Saúde
Bucal (SB 2003), 60% (sessenta por cento) das crianças com cinco anos de idade já
apresentam experiência de cárie nos dentes decíduos; 70% (setenta por cento) das
crianças brasileiras aos 12 anos e cerca de 90% (noventa por cento) dos
adolescentes de 15 a 19 apresentam pelos menos um dente permanente com
experiência de cárie. No grupo de 35 a 44 anos, o componente perdido é
responsável por cerca de 66% (sessenta e seis por cento) do índice e 93% (noventa
e três por cento) no grupo de 65 a 74 anos. A perda dentária precoce é grave, a
partir de 15 anos entre os adolescentes já surge necessidade de algum tipo de
prótese.
A meta da OMS para 2010, na idade de 5 - 6 anos, é de 90% (noventa
por cento) sem experiência de cárie; aos 12 anos o CPOD deve ser menor que um e
100% dos adolescentes sem perda dentária.
Em um estudo realizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo
Horizonte (SMSA – BH), no ano de 2008, para levantamento de necessidades de
tratamento em saúde bucal, em crianças de 0 a 6 anos, tem-se os seguintes dados
consolidados por regional conforme a tabela:
Distribuição das crianças de 0 a 6 anos por código e percentual, segundo as Regionais da Secretaria Municipal de Saúde / Belo Horizonte / 2008
Regional Código 0 Código 1 Código 2 Código 3 Total
Fonte: SMSA -BH
Norte 1705 59,9% 787 27,6% 265 9,3% 91 3,2% 2848 100%Pampulha 940 64,6% 384 26,4% 89 6,1% 41 2,8% 1454 100%Barreiro 2189 63,7% 880 25,6% 295 8,6% 70 2,0% 3434 100%Leste 2064 65,3% 806 25,5% 236 7,5% 54 1,7% 3160 100%Oeste 1798 58,7% 873 28,5% 332 10,8% 61 2,0% 3064 100%Centro-Sul 1469 53,1% 723 26,1% 451 16,3% 126 4,6% 2769 100%Nordeste 2308 59,6% 1042 26,9% 435 11,2% 85 2,2% 3870 100%Noroeste 2631 69,7% 908 24,1% 193 5,1% 43 1,1% 3775 100%Venda Nova 920 49,1% 538 28,7% 338 18,0% 78 4,2% 1874 100%Total 16024 61,0% 6941 26,4% 2634 10,0% 649 2,5% 26248 100%
9
A classificação segue os critérios preconizados pela Coordenação de
Saúde Bucal da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH):
Código 0 - Crianças que aparentemente não apresentam dentes
permanentes ou temporários com cavidade e não necessitam de restauração ou
exodontia;
Código 1 - Crianças que apresentam até 3 dentes permanentes ou
temporários com cavidades evidentes, necessitando de restaurações ou exodontias;
Código 2 - Crianças que apresentam de 4 a 8 dentes permanentes ou
temporários com cavidades evidentes, necessitando de restaurações ou exodontias;
Código 3 - Crianças que apresentam mais de 8 dentes permanentes ou
temporários com cavidades evidentes, necessitando de restaurações ou exodontias.
Walter (2002) mostra um panorama da prevalência de cárie no Brasil, em
um estudo de diferentes autores brasileiros de 1990 a 1998, na faixa etária de 0 a 36
meses, com a tendência de ser menor que 5% (cinco por cento) no primeiro ano e
próxima de 50% (cinquenta por cento) no terceiro.
Um dos fatores que colaboram para o aumento da prevalência da cárie
com a idade é a tradição e o costume de que a criança deve ser levada ao CD após
os três anos de idade, a partir de quando o seu desenvolvimento psicomotor
possibilita a realização de tratamentos odontológicos convencionais (WALTER e
NAKAMA, 1988).
A odontologia, tradicionalmente, preocupa-se com o atendimento de
crianças a partir dos primeiros dentes permanentes; a falta de prioridade à dentição
decídua tem como reflexos a elevada prevalência de cáries dentais na infância,
hábitos ligados ao consumo intenso de açúcar e o medo da ida ao consultório. Em
termos populacionais, os programas de prevenção e promoção de saúde ainda são
tímidos, apesar dos esforços desenvolvidos na área de odontopediatria, insuficientes
para reverter tal situação, pois em grande parte são direcionados para o campo
clínico (PINTO, 2008).
Existe especificamente um tipo de cárie que acomete as crianças,
principalmente as de tenra idade, a chamada cárie de mamadeira, ou cárie precoce
da infância, ou cárie de acometimento precoce. É uma modalidade de cárie
rampante, de aparecimento súbito, que atinge bebês precocemente. Tem como
etiologia uma dieta cariogênica, principalmente alimentação noturna (leite materno
10
ou mamadeira contendo leite, sucos, chá, adoçados ou não), e sem posterior
limpeza dos dentes (Medeiros, 1993; Walter et al., 1997; Feitosa et al., 2001;
Fernandes et al., 2005; Percinoto et al., 2005). É uma doença de progressão rápida
e evolução aguda, caracterizada por envolver grandes números de dentes,
ocasionando destruição coronária, podendo ocorrer envolvimento pulpar (WALTER
et al., 1997; PERCINOTO et al., 2005).
A cárie de mamadeira tem na sua etiologia determinantes e
condicionantes econômicos, sócioambientais e culturais.
Com certa frequência as verdadeiras causas das deficiências encontradas
no campo da saúde bucal situam-se na estrutura de desigualdades da sociedade e
nas oportunidades de acesso ao serviço odontológico; há de se considerar uma
epidemiologia de base social que transcende os conceitos primeiros de mera relação
entre hóspede e vetor ou esses fatores com o meio ambiente que os cerca (PINTO,
2008).
Fadel et al. (2008) realizaram um trabalho no qual verificaram que as
crianças têm como modelo os hábitos dos pais; quando modelos positivos são
incorporados precocemente através dos pais, esses hábitos tornam-se persistentes
na vida da criança. Os resultados dos trabalhos sugerem que a presença da cárie
dentária em crianças está associada a características sociais odontológicas
maternas negativas. Segundo Fernandes et al., (2005), culturalmente, ainda
prevalece o fato que “meu filho nasceu com os dentes estragados”, ou “meu filho
tomou muito antibiótico”, ressaltando o amplo desconhecimento quanto aos fatores
responsáveis pelo aparecimento das lesões de cárie.
Durante muito tempo, os próprios profissionais não acreditavam que a
odontologia poderia atuar antes do nascimento dos primeiros dentes ou mesmo do
bebê. O Professor Dr. Luiz Reynaldo Walter e um grupo de professores fundaram no
inicio da década de 80 na Universidade Estadual de Londrina, Paraná, a “Bebê
Clínica”, pioneira no Brasil e no mundo, voltada para a prevenção odontológica
precoce, com atendimento odontológico no primeiro ano de vida. Desde então,
novos conceitos foram desenvolvidos dentro do princípio de que educação gera
prevenção e deve ser o enfoque principal na redução da cárie precoce na infância
em nossa sociedade. Hoje essa filosofia já está instalada em muitas faculdades de
odontologia, e o programa implantado em vários municípios (Walter, 2002). No
11
município de Londrina, em 2004, 64% das crianças com 5 e 6 anos nunca haviam
tido cárie e o índice CPOD aos 12 anos era de 0,98 (WALTER, 2008).
A consolidação de programas de atenção precoce para crianças a partir
do nascimento, por meio de ações educativas e preventivas, visível no êxito
alcançado numa virtual e prolongada ausência de cárie em crianças que recebem
cuidados desde os primeiros meses de vida, sugere que esse é um grupo cada vez
mais importante no trabalho de saúde pública (Pinto, 2008). Correa (2005) preconiza
que a atenção precoce educativa e preventiva é mais eficaz e apresenta melhores
resultados quando a primeira visita ao dentista acontece antes do primeiro ano de
vida. Machado et al. (2005) definem que o ideal seria se o recém-nascido fosse
levado ao consultório odontológico para uma rigorosa avaliação antes do
aparecimento de qualquer intervenção, como no caso de traumatismos, para que os
pais recebessem informações sobre saúde bucal. De acordo com Walter (1997), a
prevalência de cárie em bebês está relacionada com a existência de uma atenção
precoce na comunidade onde vivem, e quando a atenção se inicia por volta de 6
meses de idade, além de diminuir a prevalência, diminui a gravidade da lesão.
Dentro das Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, aprovadas
pelo Ministério da Saúde (2004), para o grupo de crianças de 0 a 5 anos, nas
orientações sugeridas destaca-se a organização para o ingresso desse grupo etário
no sistema de atenção no máximo a partir dos 6 meses. E que as ações de saúde
bucal façam parte de programas integrais de saúde da criança, compartilhadas por
uma equipe multiprofissional.
No município de Belo Horizonte, em algumas UBS, os CDs já fazem o
acompanhamento das crianças de 0 a 5 anos de idade. Botelho (2006) fez um
estudo no Centro de Saúde Maria Goretti, onde avaliou a saúde bucal das crianças
de 0 a 5 anos e verificou, entre outras prioridades, a necessidade de medidas para
ampliação do acesso aos serviços odontológicos para alcançar essa faixa etária e o
desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar com todos se responsabilizando
pelo cuidado da saúde da criança dentro de uma filosofia preventiva. Relatou ainda
que o cuidado com a saúde bucal deve iniciar-se antes do nascimento do primeiro
dente decíduo.
12
OBJETIVO GERAL
Propor o início do atendimento odontológico aos bebês na 1ª
semana de vida nas Unidades Básicas de Saúde no município de
Belo Horizonte.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conscientização da família ou responsáveis pelo bebê da prática
educativa e preventiva da saúde bucal;
Manutenção da saúde bucal do bebê;
Redução da cárie dentária na população infantil;
Diminuição dos encaminhamentos à atenção secundária;
Redução na necessidade de tratamento endodôntico de dentes
decíduos;
Condicionamento das crianças para qualquer tratamento futuro.
13
Proposta de um protocolo para a 1ª visita odontológica do recém-nascido na UBS
Em aula sobre “Conceito de Rede na Atenção à Saúde”, a Prof.ª Helenita
Cely, da PUC-Porto Alegre, em 05/12/2008, relatou sobre a ficha odontológica do
bebê na 1ª semana de vida, nas UBS de Porto Alegre, especificamente no dia do
exame do pezinho, após o que surgiu a ideia da sugestão de um protocolo para a 1ª
consulta odontológica nas UBS na cidade de Belo Horizonte, com o propósito de
desenvolver um trabalho educativo e uma conscientização junto à família, tendo
como objetivo prioritário antecipar a visita ao CD, visando à promoção da saúde e
prevenção das doenças bucais e não o tratamento das sequelas.
É importante salientar ser apenas uma sugestão a ser adaptada,
modificada e pensada a partir da realidade local, dentro de um conceito ampliado de
saúde e com base no princípio da integralidade. Sugere-se também que a
organização do serviço não tenha como predominância o modelo assistencial
individual e curativo em detrimento das ações de promoção de saúde. Sabe-se que
a saúde bucal não pode ser dissociada da saúde como um todo e que o processo de
prevenção aliado com a promoção de saúde tem importância fundamental na vida
de uma pessoa, ainda mais em se tratando do atendimento a bebês.
De acordo com o Projeto Global de Saúde Bucal da Secretaria Municipal
de Belo Horizonte, “torna-se necessária a padronização de condutas para
enfrentamento das necessidades prioritárias levantadas no nível local, a partir de
todas as diretrizes e protocolos já produzidos e consolidados, que procuram discutir
e mudar a prática clínica tradicional, apresentando melhores alternativas para
atendimento e resolução dos problemas acumulados”.
O teste do pezinho, realizado para a detecção do Hipotireodismo
Congênito, da Fenilcetonúria, da Fibrose Cística e das doenças Falciformes,
doenças responsáveis por grande parcela dos casos de deficiência mental, é
realizado nas 146 UBS da PBH desde meados de 90; essas doenças, quando
tratadas precocemente, evitam graves deficiências físicas e mentais; o teste é
realizado em 98% da clientela do município no 5º dia de vida do recém-nascido; as
gestantes são orientadas durante o pré-natal sobre o exame e da sua importância
14
(SMSA-PBH). Nesse dia são realizadas também as vacinas de BCG e a 1ª dose da
hepatite B.
Aproveitando a família com o bebê na UBS, seria realizada a primeira
consulta odontológica, um contato inicial com os pais, por meio de uma conversa
(acolhimento), e depois seria feita a ficha odontológica. Nessa oportunidade, através
de informações objetivas e simples, seriam repassadas aos pais orientações
educativas, incluindo amamentação, hábitos dietéticos e higiene bucal. Na
impossibilidade de repassar todas as informações e realizar o exame da cavidade
bucal do bebê nesse dia, devido a dificuldades pós-parto da mãe, seria agendado
um retorno juntamente com a 2ª dose da vacina de hepatite B, quando o bebê
completar um mês. Para obter-se a participação, adesão e colaboração dos pais é
fundamental uma conscientização, pois ela é a chave principal para educar e
motivar.
Para Vianna (2008), falar de promoção e atenção primária em saúde
bucal é falar em “Puericultura Odontológica” e “o simples fato de a criança nascer sem dentes não significa que não teríamos nada
a cuidar e nada a promover para a sua saúde bucal. A cavidade oral e os dentes devem ser priorizados da mesma maneira que as vacinas são priorizadas nos primeiros anos de vida da criança”.
O profissional, através da anamnese e do exame físico, tem que conhecer
a criança no seu aspecto social, familiar, assim como suas condições bucais
(WALTER et al, 1997).
Ao realizar-se o exame intrabucal, algumas alterações, anomalias ou
deformidades congênitas podem ser observadas, entre elas:
-dentes natais (presentes ao nascimento) ou neotais (que irrompem
durante os primeiros 30 dias de vida do bebê): incidência baixa; normalmente são
incisivos inferiores decíduos e, excepcionalmente, dentes supranumerários; o
tratamento deverá ser baseado no diagnóstico radiográfico; em algumas situações, o
melhor é a extração, quando apresenta mobilidade, devido ao perigo de
deslocamento e consequente aspiração. A extração, quando indicada, deverá ser
realizada após a 1ª semana de vida, para evitar hemorragia excessiva. Na opção por
conservá-los dentes normais e maduros, deve-se alisar as bordas para não
machucar o mamilo materno durante a amamentação (WALTER et al., 1997;
MACHADO et al., 2005);
15
-fissuras labiopalatinas: são defeitos congênitos mais comuns no homem,
resultantes da falta de fusão entre os processos faciais embrionários e entre os
processos palatinos. A prevalência oscila entre 1 e 2 indivíduos afetados para cada
1.000 nascimentos e sujeitam-se à influência da região geográfica, grupo étnico e
socioeconômico, idade materna e história familiar. A família necessita de uma
orientação imediata para abrandar suas inquietações, devolver a estabilidade
emocional perdida e orientações fundamentais sobre o processo da amamentação
natural, que deve ser incentivada. A mãe deve ser orientada no sentido de que, no
momento da mamada (natural ou artificial), o bebê deve estar em posição
confortavelmente sentada, com a cabeça num nível mais elevado em relação ao
resto do corpo. A higiene buconasal deve ser feita com o uso de cotonete embebido
em água antes de cada mamada para eliminar acúmulos de secreção e após cada
mamada para eliminar restos de leite. O tratamento, muitas vezes longo, envolve
inúmeras especialidades e deve iniciar-se precocemente, com a finalidade de se
cumprir o ideal das reabilitações morfológica, funcional e psicossocial (SILVA FILHO,
2008). Quando o aleitamento materno não for possível, o bebê será alimentado por
meio de mamadeira com bico de látex de formato ortodôntico com perfuração
equivalente a uma agulha fina, para que o leite goteje e o bebê necessite sugar
vigorosamente para obtê-lo, exercitando a musculatura orofacial. Para algumas
crianças com fissuras, a utilização do açúcar pode ser orientada com o objetivo de
ganho de peso, permitindo a realização de cirurgias; porém, a utilização
indiscriminada do açúcar deve ser ponderada, lembrando que o bebê ainda não
conhece os sabores e aceitará o alimento independente da adição do açúcar
(COSTA et al., 2005);
-cistos mucosos: constituem o achado clínico mais frequente em recém-
nascido; estão localizados por vestibular ou palatino das cristas alveolares; têm
origem embriológica diversa; desaparecem espontaneamente num período de três
meses, e nenhum tratamento é necessário. São eles:- cistos da lâmina dentária:
localizados na crista do processo alveolar e são remanescentes da lâmina dentária; -
nódulos de Bohn: nódulos múltiplos ao longo do rebordo alveolar e, em especial, na
região do palato mole e duro; - pérolas de Epstein: são cistos queratinizados,
localizados na região mediopalatina, ao longo da rafe palatina mediana, e estão
presentes em 80% dos recém-nascidos (VALENTIM, 2005; MACHADO et al., 2005);
16
-epúlide congênito do recém-nascido: tumor benigno de etiologia
desconhecida; massa pedunculada de cor rosada, com inserção na crista do rebordo
ou processo alveolar, sendo mais frequente na maxila, na região de incisivos ou
caninos. O tratamento pode ser cirúrgico, ou então o acompanhamento do caso,
pois existe a possibilidade de regressão espontânea (VILLENA e CORREA, 2005)
-doença de Riga - Fede: são ulcerações traumáticas na face ventral da
língua; o fator desencadeante reside na ação das bordas afiadas dos incisivos
inferiores, em especial os dentes natais ou neotais sobre a língua durante o
aleitamento ou sucção (VALENTIM, 2005; MACHADO et al., 2005);
-candidíase pseudomembranosa aguda: popularmente conhecida por
sapinho, é uma das doenças mais prevalentes em bebês. É causada por fungo,
sendo a Cândida Albicans o agente etiológico mais comum. A infecção neonatal
ocorre em razão do contato direto com o micro-organismo no trato vaginal durante o
nascimento. As lesões bucais se caracterizam por inúmeras placas cremosas,
amolecidas e esbranquiçadas, com aspecto de pequenos flocos de leite coalhado,
levemente elevado, aderido à mucosa, não sendo removidos com facilidade. Pode
se manifestar na mucosa, língua e palato. O bebê pode se apresentar com irritação
ou dificuldade para mamar (MACHADO et al., 2005).
O aleitamento materno é considerado o mais natural e o método mais
desejável de alimentação infantil no que diz respeito aos aspectos fisiológicos,
físicos e psicológicos. O leite materno atende às necessidades nutricionais do bebê,
além de providenciar energia para o seu desenvolvimento, crescimento e fornecer
proteção contra infecções. Até aos 6 meses é recomendado como única fonte de
alimento para o bebê. O ato do aleitamento materno em si é uma forma de se
transmitir amor, carinho e aconchego e cria um vínculo afetivo e de segurança entre
a mãe e o filho, estimulando o crescimento e a formação da musculatura da face,
que representa o fator inicial do bom desenvolvimento dentofacial. Outra grande
vantagem é suprir a necessidade de sucção, característica da fase oral, diminuindo
a possibilidade de a criança adquirir hábitos deletérios (WALTER et al. 1997;
TOLLARA et al., 2005; PERCINOTO et al., 2005).
O aleitamento artificial em mamadeiras como complemento da
alimentação deverá ser desencorajado, pois o uso delas prejudica a prática de o
17
recém-nascido mamar no peito, e só devem ser indicadas quando da total
impossibilidade do aleitamento natural, tentando-se seguir o mais de perto possível
as posturas adotadas para o método natural (EDUARDO e CORREA, 2005).
Atualmente, a prática da amamentação natural está sendo valorizada e
muito estimulada. A OMS recomenda o aleitamento materno até aos 2 anos de
idade ou mais, pois ele é a estratégia isolada que mais previne mortes infantis; sabe-
se, entretanto, o desmame deve acontecer.
A dieta do desmame, que ocorre com a introdução gradual de outros
alimentos, deve ser cuidadosamente orientada. Deve ser gradativa e atraumática
para ambos os envolvidos, retirando-se o aleitamento natural ou artificial.
A amamentação noturna, seja ela natural ou artificial, aumenta o risco de
ocorrência de cárie. Ela deve ser controlada após a erupção dos primeiros dentes, e
o limite de idade aceito para a amamentação noturna é de 12 meses (WALTER et al.
1997).
Massara et al. (1998) consideram que o desmame deve acontecer até os
12 meses, respeitando o ritmo e as diferenças individuais da criança, destacando o
provável potencial cariogênico do leite materno quando consumido em condições
inadequadas; salientam que as campanhas de conscientização da população sobre
amamentação natural não abordam a importância do desmame e a necessidade da
limpeza bucal diária.
Em torno dos seis meses de vida o bebê já está fisiologicamente
preparado para outro tipo de suplemento alimentar, sendo um período adequado
para que ele comece a se adaptar a diferentes alimentos, texturas alimentares e
modos de alimentação. Deve-se orientar a mãe para evitar, depois de ter
amamentado seu filho durante meses, a introdução da mamadeira como meio de
fornecer líquidos ao bebê, pois nessa idade inicia-se a capacidade de engolir
líquidos em copos e canequinhas sem engasgar e alimentos amassados oferecidos
com a colher (Eduardo e Correa, 2005). Sugere-se ainda como orientação para a
retirada da mamadeira noturna, que deve ser feita, de preferência, antes da erupção
dos dentes, a diluição do conteúdo com água e diminuição da quantidade de açúcar,
tornando-a menos saborosa e espaçada (FERNANDES et al., 2005).
A introdução precoce e incorreta do açúcar na dieta leva ao
desenvolvimento do paladar pelo açúcar, o que pode favorecer o risco e o aumento
18
de cárie e o risco de obesidade infantil (Fernandes et al., 2005). Nadanovsky (2008)
relata que alimentos com quantidade de açúcar tendem a oferecer só calorias vazias
e pouca nutrição, levando à falta de nutrientes importantes na dieta. Machado et al.
(2005) e Pinto (2008) orientam sobre o uso racional do açúcar, não adicionar ou
reduzir a utilização na alimentação infantil, ou seja, evitar o consumo diário muito
frequente e, principalmente, um contato prolongado, por demais frequente com os
dentes.
A dieta de cada indivíduo depende do seu poder aquisitivo, dos costumes
e das tradições da comunidade em que vive; as camadas de baixa renda consomem
elevada quantidade de produtos à base de hidratos de carbono, pois é uma fonte de
energia mais acessível aos salários (PINTO, 2008).
Outro hábito relacionado à dieta é o uso de chupetas associadas ao mel
ou açúcar para que a criança acalme e adormeça, o que, aliado à ausência de
limpeza ou escovação, aumenta o risco de ocorrência de cárie.
Sabe-se que a amamentação natural ou artificial prolongada, oferecida
sem critérios, associada à introdução de uma dieta de desmame cariogênica e sem
uma correta higiene oral, pode favorecer o desenvolvimento de cárie, acometendo a
dentição decídua precocemente. É nossa responsabilidade alertar e desencorajar
sobre o aleitamento natural ou artificial irrestrito e oferecido à livre demanda após o
período do desmame, orientar sobre a introdução dos alimentos do desmame e
ensinar à família como realizar a higiene bucal do bebê. Massara et al.(1998)
afirmam que o uso prolongado do aleitamento materno e com alta frequência pode
ocorrer em função de carências afetivas, da dificuldade da mãe em negar o peito ao
filho e da desinformação sobre os riscos relativos à cárie dentária.
Segundo Walter et al. (1997), um bebê que mama à noite no primeiro ano
de vida tem 9% de possibilidade de desenvolver cárie. Se a prática continua até 24
meses, essa chance se amplia em 110%, e se continuar mamando até 36 meses, a
possibilidade é de 270%.
Os pais devem ser orientados para iniciar os procedimentos de limpeza
bucal o mais precocemente possível, entre o 2º e o 3º meses de vida do bebê, com
o intuito de criar um condicionamento e uma adaptação dele às manobras de higiene
bucal; o momento do banho é oportuno, pois a limpeza da boca estará inserida na
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prática diária da higiene pessoal e se torna um hábito na sua rotina diária
(MACHADO et al., 2005).
A higienização da cavidade bucal do bebê antes do período irruptivo deve
ser realizada com fralda ou gaze embebida em água filtrada ou fervida, pelo menos
uma vez ao dia; a mãe deve ser informada que a introdução da higiene antes da
erupção dos primeiros dentes tem a função de condicionar a criança à higienização
e familiarizá-la com o toque em sua cavidade bucal, além de deixá-la limpa
(PERCINOTO et al., 2005).
A partir de seis, sete meses de idade, em média, com a irrupção dos
primeiros dentes decíduos, a higiene bucal do bebê passa a ter importância para a
prevenção efetiva da cárie precoce da infância; a partir da modificação da dieta do
bebê, com a introdução de novos alimentos, sugere-se que a limpeza seja feita
também nos dentes com fralda ou gaze umedecida com água fervida ou filtrada, no
mínimo em dois momentos, após o almoço e à noite, antes de dormir, removendo o
biofilme ou placa bacteriana da melhor maneira possível; deve-se orientar aos pais
que ele está presente mesmo quando não conseguimos vê-lo. O mais importante é a
qualidade da higiene bucal e não a sua frequência. A partir do período de erupção
dos molares decíduos, os cuidados com a higiene bucal tornam-se mais
importantes, pois o risco de transmissibilidade e colonização por uma microbiota
aumenta. Recomenda-se uma escova dentária de cabeça pequena e cerdas extras
macias, cabo longo, sem dentifrício ou dentifrício sem flúor, e que a escovação seja
de fato eficiente naqueles dois momentos considerados mais importantes
(MACHADO et al., 2005).
As orientações de higiene bucal deverão ser demonstradas nas crianças
pelo CD, que em seguida deve pedir à mãe para fazê-lo a fim de que ele possa
corrigir suas deficiências para correta aplicação (Walter,1997). Com essa atitude o
profissional induzirá a mãe a ter uma coparticipação e ser corresponsável pela
saúde bucal do bebê (Machado et al., 2005). O simples ensinamento à mãe de que
pequenas e eficazes ações, como a ponta de uma fralda molhada para fazer a
higiene bucal do bebê, prevenindo uma cárie de grande virulência, como a cárie de
mamadeira, ou uma infecção comum como o sapinho, muito contribuiria para o bem-
estar da criança e para o fortalecimento da relação materno-infantil (VIANNA, 2008).
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Nenhum programa de promoção de saúde ou prevenção é efetivo sem
um controle regular. Os retornos periódicos, quando se trata de atendimentos a
bebês, têm por finalidade manter a saúde bucal, motivando e instruindo os pais
quanto aos hábitos saudáveis. Orientações sobre a importância da boca, da
dentição decídua, do conceito de cárie dentária como doença, informações a
respeito dos benefícios da atenção odontológica precoce, higiene bucal, da
alimentação, devem ser reforçados a cada consulta. Groisman (2008) enfatiza a
importância da orientação constante das mães, pois elas são as principais
responsáveis pela promoção e saúde bucal das crianças, podendo ser consideradas
agentes multiplicadores.
A periodicidade das consultas de retorno é individual, variando de acordo
com os fatores de risco. A finalidade será anular ou diminuir o risco à doença cárie
do bebê, enfatizando a mudança de comportamento dos pais. Além dos fatores
biomédicos ou específicos da doença, devem ser avaliados os fatores psicossociais,
considerando uma avaliação mais global. Fatores a serem considerados: higiene
oral, amamentação, hábitos alimentares, condição sócioeconômica, educação,
hábitos e saúde bucal dos pais, atitude dos pais em relação ao bebê e experiência
de cárie dos irmãos (MODESTO, 1998).
Muitos profissionais da saúde lidam com as doenças como se elas
fossem completamente independentes umas das outras, no entanto, a maioria delas
tem determinantes comuns, e como tal devem ter abordagem de riscos comuns, pois
os fatores de risco estão quase sempre interligados. A estratégia para modificar a
dieta visando melhorar a saúde de modo geral é mais apropriada do ponto de vista
comportamental do que uma ação específica para reduzir consumo de açúcar para
evitar cárie, assim como a inclusão da higiene bucal dentro da higiene pessoal como
um todo (NADANOVSKY, 2008).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se cada vez mais valorizar a atenção odontológica precoce com a
intenção de favorecer um desenvolvimento bucal saudável desde a mais tenra
idade. O exercício da odontologia em crianças é abrangente e não pode se limitar
apenas à prevenção e solução dos problemas bucais; a sua atuação é mais ampla e
precoce, visando um futuro cada vez mais saudável. Desempenha papel importante
quanto aos aspectos psicológicos e educacionais e para isso é preciso construir uma
relação de confiança entre dentista, pais e criança, de tal maneira que a experiência
seja positiva e gratificante para todos.
Este trabalho, efetivamente, propôs uma iniciativa para o início do
atendimento aos bebês, e, apesar da proposta não ter sido implementada, espera-se
que ela faça parte da rotina diária dos CDs das UBS e que possa trazer benefícios,
como a redução da cárie dentária na população infantil, a diminuição dos
encaminhamentos à atenção secundária, a redução na necessidade de tratamentos
endodônticos de dentes decíduos e o condicionamento das crianças para qualquer
tratamento futuro.
O importante é que o atendimento odontológico aos bebês se inicie
precocemente, seja no dia do exame do pezinho, com um mês de idade, com três
meses ou até com seis meses, e que a doença cárie não aconteça, pois ter cárie
não é natural. Ter dentes saudáveis durante toda a vida é que deve ser um processo
natural e desejável.
A educação para a saúde exige um esforço permanente para adequar-se
às contínuas e dinâmicas mudanças dos cenários nos quais se realiza, deve ser
adequada à realidade sócioeconômica de cada população e viável de ser
incorporada no dia a dia das pessoas envolvidas. E qualquer proposta de trabalho
deve ser considerada sempre inacabada.
A missão maior da odontologia atual é uma ampliação dos horizontes
para que possamos identificar e sermos transformadores das verdadeiras causas
e/ou mudanças sociais e econômicas que favoreçam a melhora dos níveis de saúde
geral e da saúde bucal da população.
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REFERÊNCIAS
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