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Propriedade Intelectual e acesso a tratamentos ARV: inquietações a partir da experiência brasileira Carlos André F. Passarelli Centro Internacional de Cooperação Técnica Programa Nacional de DST e AIDS

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Page 1: Propriedade Intelectual e acesso a tratamentos ARV: inquietações a partir da experiência brasileira Carlos André F. Passarelli Centro Internacional de

Propriedade Intelectual e acesso a tratamentos ARV: inquietações a partir da experiência

brasileira

Carlos André F. Passarelli

Centro Internacional de Cooperação Técnica

Programa Nacional de DST e AIDS

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UNGASS: Declaração Política43. Reafirmamos que o Acordo sobre os aspectos de direitos

de propriedade intelectual relacionados ao Comércio da Organização Mundial de Comércio não impede, nem deve impedir que os países membros tomem medidas agora e

no futuro para proteger a saúde pública. Em conseqüência, ao tempo em que reiteramos nossa adesão a esse acordo, reafirmamos também que o acordo pode e deve ser interpretado e aplicado de maneira tal que apóie o direito de proteger a saúde

pública e, em particular, a promover o acesso a medicamentos para todos, incluída a produção de medicamentos antiretrovirais genéricos e outros

medicamentos essenciais para combater as infecções vinculadas com a AIDS. Em relação a isto, reafirmamos o direito de aplicar plenamente as disposições do acordo, a Declaração de Doha relativa ao TRIPS e a saúde pública

e a decisão adotada pelo Conselho Geral da OMC em 2005, assim como as emendas do artigo 31, que dão

flexibilidade para este propósito.

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Acesso ao tratamento

1.Precoce – efeito demonstrativo para outros países

2.Acesso universal e sem custo adicional para o paciente (“gratuito”) – exames laboratoriais – junho 2006 - 175.000 pessoas em tratamento

3.Existência de um consenso terapêutico nacional

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Ter mantido a taxa de mortalidade por aids em 6,4 óbitos por 100.000 habitantes.

Fonte: MS/SVS/SIM.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

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Acesso ao diagnóstico e tratamento Hospitalizações por aids e não uso de anti-retrovirais

Acesso ao diagnóstico e tratamento Hospitalizações por aids e não uso de anti-retrovirais

valor “potencial” baseia-se na média de internações registradas em 1996

0

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Internações registradas no SUS

Número estimado de internações que teriam ocorrido, mantida a média de 1996

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*Produção Local

RITONAVIR (1996)* SAQUINAVIR (1996)* INDINAVIR (1997)* NELFINAVIR (1998) AMPRENAVIR (2001) LOPINAVIR/r (2002) ATAZANAVIR (2004)

ZIDOVUDINE (1993)* ESTAVUDINE (1997)* DIDANOSINE (1998)* LAMIVUDINE (1999)* ABACAVIR (2001) DIDANOSINE EC (2005) TENOFOVIR (2003)

NEVIRAPINE (2001)* EFAVIRENZ (1999)

ITRN e ITRNt

ENFUVIRTIDE (2005)

IP

INIBIDOR DE FUSAOITRNN

ARV distribuidos no Brasil por categoria terapêutica. Brasil, 2006ARV distribuidos no Brasil por categoria terapêutica. Brasil, 2006

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74,377,064,352,683,3Multinacional

25,723,036.747,4Nacional

2001Produção de

ARV

* FONTE: Coordenação-Geral de Ações de Suporte às Ações de Assistência Farmacêutica - CGSAF/DAF/SCTIE

1999 2000 2002 2003 2004 2005*

16,7 44,6 42,2

55,4 57,8

Distribuição proporcional dos gastos com ARV, de produção nacional e multinacional

2006 – NACIONAL 18,4%, MULTINACIONAL 81,6% (dados estimados)

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Média do custo da terapia ARV por paciente/ano (US$). Brasil, 2005Média do custo da terapia ARV por paciente/ano (US$). Brasil, 2005

6240

5486

4603

3464

2210

1500 1359 1336

2500

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005*

Ano

Mil

(U

S$)

Introdução dos gastos com novos ARVs• Quedas substanciais nos

preços nas drogas patenteadas de segunda linha têm cessado

•Aumento do Número de pacientes

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Total expenditure (in US$ million) on ARVs and average number of patients on ARV

therapy. Brazil, 1997 – 2005*

Total expenditure (in US$ million) on ARVs and average number of patients on ARV

therapy. Brazil, 1997 – 2005*

Source: PN STD-AIDS/SVS/MH

* Data subject to revision and modification

224

305336

303

232

179 181203

395

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005*

Ex

pe

nd

itu

re (

US

$ m

illi

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)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Nu

mb

er

of

pa

tie

nts

(th

ou

sa

nd

s)

Total expenditure (US$million) Average no. of patients (thousands)

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Breakdown of expenditure* on ARV procurement (2005), by source of drug. Brazil,

2005

Breakdown of expenditure* on ARV procurement (2005), by source of drug. Brazil,

2005

*US$ million for 180,000 patients

84.07

106.88

31.60

116.02

309.59

55.09Other ARV imported

drugs: 37.5%

National

production

21,4%

Lopinavir/r

34.5%Tenofovi

r

12.2%Efavirenz

17.8%

Imported from multinational manufacturers: 78,6%

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0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

2002 2003 2004 2005 2006

Ano

de P

acie

ntes

em

Uso

de

LPV

/r

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

Pre

ço p

or C

ápsu

la d

e LP

V/r

(US

$)

Preço por Cápsula de LPV/r (US$) Nº de Pacientes em Uso de LPV/r

Pacientes: aumento de 450%

Preço: redução de 61%

LOPINAVIR/RITONAVIR (LPV/r)PREÇO E PACIENTES EM USO. BRASIL, 2002 a 2006

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EFV, LPV/r and TNF – Estimated savings if manufactured locally (Far-Manguinhos)

EFV, LPV/r and TNF – Estimated savings if manufactured locally (Far-Manguinhos)

Source of data: PN-STD/AIDS and Far-Manguinhos; includes a yearly depreciation rate of 10% for EFV and LPV/r in 2006-2009 and 5% in 2010

Expenditure estimated as result of local production (Far-Manguinhos)

Expenditure estimated using 2005 prices paid by MOHfor branded products

60.78 64.69 67.72 70.01 74.86

147.47

172.48

198.89

222.39

242.40

0.00

50.00

100.00

150.00

200.00

250.00

300.00

2006 2007 2008 2009 2010

FONTE: MS/SVS/PN-DST/AIDS

Saving: US$ 86,69

Saving: US$ 107,79

Saving:US$ 131,17Saving: US$ 152,38

Saving: US$ 167,54

Total potential savings (2006-2010): US$ 645,560,000

Exp

end

itu

res

(In

US

$ m

illio

n)

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Impacto do contexto global Impacto do contexto global

processo de pré-qualificação de medicamentos

ARV da OMS é obstáculo para ampliação da

produção de genéricos

enorme diferença de preços praticados pela

indústria farmacêutica em diferentes países –

influência de leis patentárias, de acordos de livre

comércio, etc.

E se decidirmos tratar todas as pessoas que

precisam de tratamento?

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Contexto nacionalContexto nacional

“sustentabilidade aparente” da política de acesso

universal - garantida por lei - pressão grande sobre

o orçamento da saúde

programa de tratamento de longo termo –

aumento da expectativa de vida – cerca de 40% dos

pacientes em ARV de 2a linha

ARV de 2a linha podem se tornar de 1a linha

3a linha - preços estratosféricos (ex. T-20)

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Maior investimento na produção de:

fármacos (matéria prima) – parceria público-

privada?

novas moléculas e tecnologias de prevenção

(P&D)

insumos laboratoriais para diagnóstico e

monitoramento (P&D)

Melhoria na formulação de alguns ARV – Dose Fixa

Combinada e DDI EC

Transferência de tecnologia por meio do uso das

flexibilidades do acordo TRIPS

1. Ampliar a capacidade nacional de produção

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Muitos preços praticados em outros países

ainda são bem menores do que o Brasil

negocia

Compra centralizada de matéria prima???

Pool de patentes???

2. Melhorar a negociação de preços

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Annual cost in selected countries per patient per therapeutical combination (US$)Annual cost in selected countries per patient per therapeutical combination (US$)

Country AZT+3TC AZT+3TC D4T+DDI D4T+DDI+LPV/RTV

+EFV +NVP +IDV+RTV

Argentina 843 285 923 4643

Brasil 870 241 1492 1829

Peru 677 311 1577 5297

Uruguai 1248 869 1281 5672

Venezuela 748 350 1825 4847

México 2876 5336 3015 6563

Negotiated 573,05 240,9 762 1123,47

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Economia por país por esquema terapêutico (%)Economia por país por esquema terapêutico (%)

Países AZT+3TC AZT+3TC D4T+DDI D4T+DDI+LPV/RTV

+EFV +NVP +IDV+RTV

Argentina - 32 - 15 - 17 - 76

Brasil - 34 0 - 49 - 39

Peru - 15 - 23 - 52 - 79

Uruguai - 54 - 72 - 41 - 80

Venezuela - 23 -31 - 58 - 77

México - 80 - 95 - 75 - 83

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Novas drogas on the pipeline...

Adaptado de Hoffman, 2003

Classe farmacológica

2003-2005 Após 2005

IPFos-Amprenavir

Atazanavir,Tipranavir

MozenavirTMC-114TMC-126

ITRNNTMC-125

CapravirinaEmvirina

DPC-083GW-20867

ITRNd4T(XR)

FTCAmdoxovir

DPC-817ACH-126443BCH-13520

MIV-310

Inibidores de Entrada

T-20

BMS-806Pro-542

SCH-C, SCH-DPro-140T-1249

Inibidores de Integrase

S-1360, L-870812L-870810

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Ameaças e desafios

• Dar com uma mão e retirar com a outra: os resultados alcançados podem ser rapidamente perdidos e os compromissos assumidos podem virar poeira – enquanto os países não implementam as flexibilidades garantidas em Doha, acordos bilaterais tolhem o acesso em muitas regiões;

• Avaliação da capacidade nacional (PNUD, REBRIP, F. Bill Clinton): temos, mas poderemos não ter mais...

• São poucas as perspectivas de sustentabilidade técnica e financeira dos avanços conquistados.

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Prerrogativas para a sustentabilidade do acesso universal?• A vida não deve ser objeto de patente!• Inclusão da Sociedade Civil nos processos de

tomada de decisão;• TLC não devem incluir provisões consideradas

TRIPS-plus• O INPI deve rever seus critérios de concessão de

patentes, a fim de evitar patentes frívolas (segundo uso e novas formulações);

• Reforçar a participação do setor saúde nos processos de concessão de patentes farmacêuticas: anuência prévia

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Obrigado pela atenção!

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