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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
JOSÉ GERALDO LIMA DE OLIVEIRA
PROPRIEDADES ANATÔMICAS DA MADEIRA DE DOIS CLONES DE EUCALIPTO IMPLANTADOS EM DIFERENTES
LOCALIDADES
ALEGRE 2009
JOSÉ GERALDO LIMA DE OLIVEIRA
PROPRIEDADES ANATÔMICAS DA MADEIRA DE DOIS CLONES DE EUCALIPTO IMPLANTADOS EM DIFERENTES LOCALIDADES
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Orientador: Prof. D.Sc. José Tarcísio da Silva Oliveira
ALEGRE 2009
ii
PROPRIEDADES ANATÔMICAS DA MADEIRA DE DOIS CLONES DE EUCALIPTO IMPLANTADOS EM DIFERENTES LOCALIDADES
JOSÉ GERALDO LIMA DE OLIVEIRA
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, para obtenção do título de Mestre em
Produção Vegetal.
Aprovada em 15 de maio de 2009.
__________________________________________ Profª. D.Sc. Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho
Universidade Federal de Viçosa
________________________________ Pesquisador D.Sc. Júpiter Israel Muro Abad
Aracruz Celulose S.A.
______________________________ Prof. D.Sc. Aderbal Gomes da Silva
Universidade Federal do Espírito Santo
_______________________________ Prof. D.Sc. Nilton César Fiedler
Universidade Federal do Espírito Santo
______________________________________ Prof. D.Sc. José Tarcísio da Silva Oliveira
Universidade Federal do Espírito Santo (Orientador)
iii
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela vida e por permitir a concretização de mais uma etapa.
À minha mãe, Marly Estelita Lima de Oliveira, e meus irmãos, pela compreensão,
paciência e apoio para que eu pudesse realizar este trabalho.
Ao Prof. D.Sc. José Tarcísio da Silva Oliveira, pela atenção, compreensão,
dedicação, paciência e orientação no transcorrer do desenvolvimento desta
pesquisa.
Ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-
UFES), pelo apoio e compreensão na concretização desta etapa.
À empresa Aracruz Celulose, pelo apoio e cessão do material para o estudo.
Aos meus amigos, Rafael Leite Braz, Brunela Pollastrelli Rodrigues, que não
mediram esforços ao auxiliar durante as pesquisas. Ao marceneiro Elecy P.
Constantino, pela ajuda na confecção do material que foi estudado.
A todos que direta e indiretamente, auxiliaram na elaboração deste trabalho.
Muito obrigado!!!!!!!!!!!
iv
BIOGRAFIA
José Geraldo Lima de Oliveira, filho de Antônio Moreira de Oliveira (in memorian) e
Marly Estelita Lima de Oliveira, nasceu no município de Alegre, Estado do Espírito
Santo, aos 11 de março de 1964.
Cursou segundo grau na Escola de 1º e 2º graus “Jerônimo Monteiro”, em
Jerônimo Monteiro-ES, concluindo os estudos em 1982.
Em 1998, obteve o título de Licenciado em CIÊNCIAS – Habilitação em Biologia,
pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre – FAFIA, Alegre – ES.
Em 2006, obteve o título de Engenheiro Agrônomo, pela Universidade Federal do
Espírito Santo – Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFES – Alegre – ES.
Em 2007, ingressou no curso de mestrado em Produção Vegetal, área de
concentração em Recursos Florestais, desenvolvendo estudos na linha de
pesquisa de Tecnologia de madeira, no Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, em Alegre-ES. Em 2009, concluiu
os requisitos necessários para obtenção do Título de “Magister Scientiae”
v
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo geral a caracterização da estrutura
anatômica da madeira de eucalipto produzida pelo programa de fomento florestal
nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Foram utilizados dois clones de
híbrido natural de Eucalyptus grandis, provenientes da localidade de Rio Claro-SP,
com idade variando entre 69 meses, no total de 294 árvores. As regiões
envolvidas no fomento, pertencentes ao Estado do Espírito Santo, foram os
municípios de Aracruz, Domingos Martins, Alto Rio Novo e São Mateus e,
pertencentes ao Estado de Minas Gerais, os municípios de Mutum e Aimorés. Este
estudo foi desenvolvido no Laboratório de Ciência da Madeira – LCM do
Departamento de Engenharia Florestal do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da
Universidade Federal do Espírito Santo. Em condições de laboratório, as amostras
de madeira foram preparadas e, em seguida, analisados os parâmetros anatômicos
qualitativos e quantitativos da madeira (caracterização da estrutura anatômica,
dimensões das fibras, vasos e parênquima radial). Os resultados possibilitam a
detalhada caracterização dos clones entre as regiões, a saber: (i) podem ser
observadas variações qualitativas e quantitativas dos elementos anatômicos da
madeira entre clones; (ii) as variações qualitativas entre os clones envolvidos
neste trabalho apresentam diferenças entre todas as regiões; (iii) quanto aos
parâmetros quantitativos dos elementos anatômicos entre os clones avaliados
também são verificadas diferenças significativas entre as regiões; e (iv) os valores
de coeficientes de variação indicam diferenças entre as regiões, demonstrando ser
essa madeira pouco heterogênea a heterogênea, portanto, sendo consideradas
madeiras diferentes, possibilitando a identificação para melhor uso na produção de
celulose e papel.
Palavras-chave: Estrutura anatômica. Madeira de eucalipto. Clones. Fomento florestal.
vi
. ABSTRACT
This work had as objetive the general characterization of the anatomical structure of
the eucalypt wood produced by the forest promotion programs in the States of
Espírito Santo and Minas Gerais to be used in the pulpwood industry. Two clones of
the natural hybrid of Eucalyptus grandis provenance of Rio Claro-SP, with ages
ranging among sixty and nine months were used, being a total of two hundred and
ninety-four trees. The townships involved in the promotion program were Aracruz,
Domingos Martins, Alto Rio Novo, São Mateus belonging to the Espírito Santo
State and Mutum and Aimorés belonging to the Minas Gerais State. This study was
developed in the Laboratório de Ciência da Madeira – LCM of the Departamento de
Engenharia Florestal of the Centro de Ciências Agrárias (CCA) of the Universidade
Federal do Espírito Santo located in Jerônimo Monteiro township. In the laboratory
samples of wood were prepared and analyzed with respect to anatomical
parameters of wood (characterization of the anatomical structure, and measures of
fibers, vessels and radial parenchyma). The results allow detailed characterization
of the clones among regions, in which: (i) can be observed qualitative and
quantitative variations of the wood anatomical elements between clones; (ii) the
qualitative variations between clones involved in this study show differences among
all regions; (iii) on the quantitative parameters of the anatomical elements to the
clones evaluated are observed significant differences among all regions; and (iv)
the values of the coefficients of variation show differences between the regions,
demonstrating that this wood is little heterogeneous to heterogeneous, being
considered different woods, allowing the identification to better use in the
production of pulp and paper.
Key words : Anatomicals properties. Eucalypt wood. Clones. Forest promotion.
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1.1 Objetivo geral ............................................................................................. 2
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 3
2.1 O gênero Eucalyptus ................................................................................... 3
2.2 Anatomia da madeira de eucalipto .............................................................. 5
2.2.1 Características gerais .................................................................. 5
2.2.2 Características anatômicas da madeira ...................................... 7
2.3 A madeira de Eucalyptus urophylla ............................................................ 10
2.4 A madeira de Eucalyptus grandis ............................................................... 12
2.5 Madeira do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla ................. 13
2.6 Variabilidade nas propriedades anatômicas da madeira de Eucalyptus...... 14
2.7 Influência do local de crescimento ............................................................. 17
2.8 Influência da idade ..................................................................................... 19
2.9 Influência do material genético .................................................................. 23
2.10 Madeira de Eucalyptus como matéria-prima para a indústria de celulose......................................................................................................
25
3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 28
3.1 Descrição do material................................................................................. 28
3.2 Metodologia ................................................................................................ 28
3.2.1 Descrição anatômica qualitativa .............................................. 29
3.2.2 Descrição anatômica quantitativa ............................................ 30
3.2.2.1 Mensuração de vasos e raios ................................ 30
3.2.2.2 Mensuração das fibras ........................................... 31
3.2.3 Análise dos dados .................................................................... 32
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 33
4.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de Aracruz – ES ..............................................................................
33
4.1.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de Aracruz – ES ..................................................
33
4.2 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de Domingos Martins – ES .............................................................
34
viii
4.2.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de Domingos Martins – ES ...............................
35
4.3 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de Mutum – MG ............................................................................
36
4.3.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de Mutum – MG ...............................................
36
4.4 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de São Mateus – ES......................................................................
37
4.4.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de São Mateus – ES ........................................
38
4.5 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de Aimorés – MG ...........................................................................
39
4.5.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de Aimorés – MG .............................................
39
4.6 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de Alto Rio Novo – ES....................................................................
40
4.6.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de Alto Rio Novo – ES.......................................
41
4.7 Fotomicrografias dos três planos anatômicos dos dois clones A e B para todas as regiões relacionadas neste estudo .....................................
42
4.8 Descrição anatômica quantitativa ............................................................. 45
4.8.1 Mensuração de elementos vasculares .................................... 45
4.8.2 Mensuração do parênquima radial .......................................... 49
4.8.3 Mensuração dos elementos fibrosos ....................................... 57
5 CONCLUSÔES ................................................................................................ 66
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 67
ANEXOS .......................................................................................................... 79
1 INTRODUÇÃO
O gênero Eucalyptus é originário da Austrália e possui centenas de espécies na sua
região de origem. Somente algumas espécies são plantadas no Brasil. Esse gênero
tem se destacado nos últimos anos pela grande diversidade de espécies botânicas
e boa adaptação aos mais diferentes tipos de ambientes. A adoção de práticas
sustentáveis de manejo florestal, objeto de uma das grandes realizações da
pesquisa florestal no Brasil, proporcionou o desenvolvimento de uma tecnologia
silvicultural de florestas plantadas, reconhecida no mundo todo. A aplicação dessa
tecnologia, bem como o grau de melhoramento genético das espécies, é
fundamental na agregação da qualidade e valor ao produto final industrializado.
O fornecimento em larga escala de matéria-prima para a obtenção dos produtos
tradicionais, como celulose, papel, chapa de fibras, carvão vegetal, lenha, produtos
sólidos em forma roliça e serrada entre outras, fazem do eucalipto um gênero
consagrado no Brasil.
A qualidade da madeira se refere à combinação das características físicas,
mecânicas, químicas e anatômicas de uma árvore, que permite a sua melhor
utilização para um determinado uso, e há possibilidade de encontrar essas
propriedades combinadas em diferentes espécies.
A composição química, a distribuição dos elementos celulares, bem como suas
dimensões compondo a estrutura anatômica da madeira, são requisitos essenciais
que contribuem com as características de qualidade analisadas durante e após o
seu processamento. O teor de extrativo é um parâmetro importante a ser
considerado na seleção da madeira para produzir polpa.
A identificação e principalmente a caracterização anatômica proporcionam o melhor
conhecimento da madeira e direcionam de forma mais segura e adequada a sua
utilização final no mercado. Atualmente tem-se buscado um melhoramento genético
acentuado em várias espécies para o atendimento de diversas demandas para as
indústrias.
2
A utilização de clones poderá de um modo geral levar à produção de madeira de
qualidade e em grande escala, possibilitando a seleção prévia de características
que poderão assegurar ganhos de qualidade do produto final, em grande parte em
face da homogeneidade da matéria-prima. Entretanto, existem variações ambientais
que nem sempre são consideradas nas previsões de abastecimento, principalmente
na qualidade da matéria-prima.
1.1 OBJETIVO GERAL
Esta pesquisa tem como objetivo caracterizar a estrutura anatômica da madeira de
eucalipto produzida pelo Programa de Fomento Florestal da Aracruz Celulose
implantado em diferentes regiões nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O gênero Eucalyptus
O gênero Eucalyptus pertence à família Myrtaceae que conta com
aproximadamente 20 gêneros e 1200 espécies de arbustos e árvores de tamanho
pequeno, médio e grande (RIZZINI, 1981).
O gênero Eucalyptus contava com mais de 500 espécies, porém depois de um
profundo estudo realizado pelos botânicos australianos, Hill e Johnson (1995),
trabalhando no Herbário Nacional de Nova Gales do Sul, na cidade de Sidney,
Austrália, foi reduzido em exatas 113 espécies, formando um novo gênero,
denominado Corymbia. Isso significa que espécies conhecidas como Eucalyptus
citriodora e Eucalyptus maculata, pertencentes ao grupo denominado de
"bloodwood" na Austrália, e também espécies como Eucalyptus papuana, do grupo
"ghost gums", agora têm um novo nome genérico e serão conhecidos como
Corymbia citriodora, Corymbia maculata e Corymbia papuana (MOURA, acesso em
15 jun. 2009).
No Brasil, de acordo com Silva (2001), as árvores do gênero Eucalyptus adaptaram-
se perfeitamente às condições edafoclimáticas, sendo as espécies mais utilizadas o
Eucalyptus grandis, E. saligna, E. urophylla e E. viminalis .
Segundo Foelkel e Barrichelo (1975), as variações entre árvores e a variabilidade
nas propriedades da madeira são bastante altas, devido à grande diversidade das
espécies, a facilidade de hibridação e também pela amplitude de sítios e locais
onde são plantadas comercialmente. O Eucalyptus é um dos principais
fornecedores de madeira para a indústria de base florestal no Brasil.
A espécie Eucalyptus grandis apresenta boa adaptação em todas as regiões do
Brasil, com elevado potencial silvicultural e plantios em larga escala (ROCHA,
2000). As árvores apresentam boa forma, fornecendo toras adequadas para
4
produção de serrados, apresentando ainda uma massa específica ideal para a
produção de móveis.
Record e Hess (1949) afirmaram que as madeiras desse grupo, como um todo, são
duras, pesadas, resistentes e de textura fina, dando um bom acabamento, mas
apresentando uma tendência decisiva ao empenamento devido à secagem, sendo,
portanto sensíveis às alterações de umidade, ou seja, não são muito estáveis
dimensionalmente.
De acordo com Mangieri e Dimitri (1971), citado por Berger (2000), esse gênero
adquiriu maior importância nos plantios comerciais na América do Sul, devido à sua
grande variedade de espécies e a boa aclimatação em países de clima temperado,
tropical e/ou subtropical. No Brasil, mais especificamente na região Centro-Sul do
país, tem sido utilizado como principal fonte de matéria-prima para a indústria de
celulose e papel, desde meados do século passado. Isso devido à sua ampla
capacidade de adaptação, seu rápido crescimento, alta produtividade e qualidade
dos produtos obtidos (VALERA e KAGEYAMA, 1988).
A utilização da madeira de espécies do gênero Eucalyptus nas indústrias de base
florestal, seja como matéria-prima ou como insumo energético, tem se caracterizado
pela falta de especialização de seus atributos em relação ao seu uso final (ASSIS,
1986).
Downes et al. (1997) afirmaram que as plantações de eucaliptos têm sido
ampliadas em muitos países, pela excelência das suas propriedades na fabricação
de papel, particularmente papel para impressão.
5
2.2 Anatomia da madeira de eucalipto
2.2.1 Características gerais
De acordo com Thomaz (1995), a madeira é um material heterogêneo, possuindo
diferentes tipos de células adaptadas a desempenham funções específicas. As
variações nas composições químicas, físicas e anatômicas da madeira são grandes
entre espécies, embora dentro da mesma espécie elas também ocorram, em função
principalmente da idade, fatores genéticos e ambientais. Dentro de uma mesma
árvore ocorrem variações significativas no sentido base-topo e medula-casca. Além
disso, existem diferenças entre o cerne e o alburno, madeira de início e fim de
estação de crescimento e, em escala microscópica, entre células individuais.
As características das madeiras de eucaliptos foram estudadas por Drew (1914) na
Austrália, analisando os aspectos externos e algumas propriedades físicas da
madeira de espécies da Nova Gales do Sul. Logo após, Baker (1917) descreveu a
morfologia das espécies e a anatomia da madeira do E. paniculata, E. begeri, E.
nanglei e E. fergusoni. Welch (1922) começou os trabalhos visando à identificação
de espécies através da coloração, identificado pela reação dos extrativos da
madeira solúveis em água, com determinados agentes químicos. Welch (1924)
descreveu a estrutura anatômica da madeira de E. pilularis, E. microcorys e C.
maculata e a coloração das madeiras foi abordada, reagindo com cloreto férrico.
Dadswell (1932), através das características anatômicas, apresentou a descrição
macro e microscópicas e uma chave para a identificação de 37 espécies de madeira
de coloração escura. E logo após, o mesmo autor realizou a descrição de outras
espécies de madeira de coloração clara ou levemente escura. Após o trabalho de
Dadswell (1934), houve um avanço na anatomia da madeira e suas aplicações na
identificação de espécies de eucalipto.
No Brasil, Pereira (1933) enfatizou seus trabalhos descrevendo a anatomia da
madeira de 11 espécies de eucalipto. Recentemente, Miles (1978) analisou
fotomicrografias da madeira de 10 espécies de eucalipto em uma publicação que
6
agrupou as principais madeiras comerciais do mundo. Parraga (1981) descreveu as
características macro e microscópicas do Eucalyptus globulus e Lanyon (1981)
relatou as características da madeira de 15 espécies de eucalipto com suas
respectivas utilizações.
Quanto às características gerais do gênero, destaca-se para árvore adulta, o
alburno delgado, com menos de 3,00cm de espessura na maioria das vezes e de
coloração clara. O cerne, de acordo com Alfonso (1987), possui a cor variando
desde amarelado, até vários tons pardos, pardo-avermelhados e vermelhos. A
madeira apresenta pouco brilho, grã direita à revessa, textura fina à média, macia à
moderamente dura ao corte, com cheiro e gosto indistintos. Quanto à massa
específica aparente, esta varia desde as mais leves, passando a média até bastante
pesada. Valores de massa específica aparente são encontrados variando de 0,40 a
1,10g/cm3, conforme informações de Albuquerque (1991).
Ao avaliarem as características tecnológicas das madeiras de Eucalyptus grandis e
Eucalyptus cloeziana visando ao seu aproveitamento na indústria moveleira,
concluíram que a madeira da primeira espécie apresentou um bom comportamento
ao ser trabalhada com máquinas e ferramentas. Verificou ser esta uma madeira
macia, que não oferece resistência a cortes e trabalhos manuais. Sua grã direita
certamente é uma característica positiva quanto à facilidade de trabalhabilidade.
Ainda relativo ao E. grandis, a sua cor rosa avermelhada e o brilho moderado da
madeira levaram a produção de um móvel esteticamente agradável, com ótimo
acabamento apontado pela maioria dos consumidores. A madeira de Eucalyptus
cloeziana apresentou pequenas dificuldades na trabalhabilidade por máquinas e
equipamentos em razão, sobretudo da sua dureza e da presença de fibras
revessas. Por outro lado, esta madeira recebeu bem a seladora, originando um bom
acabamento (GONÇALEZ et al., 2006).
7
2.2.2 Características anatômicas da madeira
Scurfield (1976) relatou que as propriedades físicas da madeira como a densidade
básica e parâmetro de fácil obtenção influenciam na qualidade do papel. No
entanto, é necessário analisar parâmetros ligados à anatomia da madeira.
De acordo Silva et al. (2007), os estudos anatômicos permitiram identificar as
espécies, e dessa forma, compreender as relações entre o lenho e as
características gerais da madeira, principalmente a que se refere à permeabilidade,
resistência natural, trabalhabilidade e resistência mecânica. Apesar disso, o gênero
se caracteriza por uma constituição anatômica muito homogênea entre as espécies,
sendo, portanto de difícil separação (OLIVEIRA 1997).
As características anatômicas da madeira de Eucalyptus sp, descritas por
Barrichelo e Brito (1976) apresentaram comprimento das fibras variando entre
750,00 a 1300,00µm, com a média próxima de 1000,00µm. Quanto ao diâmetro das
fibras, a variação ficou entre 15,00 a 20,00µm. O diâmetro dos vasos variou de
50,00 a 300,00µm e a frequência entre 5 a 100vasos/mm2. Ainda de acordo com
esses autores, o percentual de fibras, vasos e parênquima no tecido lenho foram de
65, 17 e 18% respectivamente.
Alfonso (1987) relatou que o xilema secundário, na maioria das vezes apresenta
poros exclusivamente solitários, existindo, portanto exceções como, por exemplo,
as espécies de C. maculata e C. citriodora, em que nestas varia de solitários a
múltiplos de 2-4. Quanto ao parênquima axial, o gênero caracteriza-se pela pouca
abundância de tal elemento, na maioria das espécies, com tipos variados do difuso
escasso, sub-agregado, vasicêntrico e confluente. Quanto ao parênquima radial, o
gênero possui raios relativamente finos e baixos, com predomínio dos unisseriados,
localmente bisseriados e bisseriados. Com relação às fibras, há um predomínio
daquelas libriformes, de paredes espessas a muito espessas, naquelas espécies
com madeiras mais densas como E. microcorys, C. maculata, E. propinqua, E.
paniculata, C. citriodora, E. camaldulensis, E. cloeziana, entre outras.
8
Algumas espécies apresentam cristais rombóides, em séries cristalíferas nas
células do parênquima axial, ou ainda nos raios, como nas espécies de C.
maculata, C. citriodora e E. siderophloia. A madeira de espécies como C. maculata
e C. citriodora apresenta outra característica importante que é a presença de canais
traumáticos, ocorrentes principalmente devido a algum “stress” sofrido pela árvore
durante o período de formação (ALFONSO, 1987).
De acordo com Marcati (1992), muitos fatores, tanto internos quanto externos à
árvore, conduzem às variações quanto ao tipo, número, tamanho, forma, estrutura
física e composição química dos elementos anatômicos da madeira.
Zobel e Bujtenen (1989) afirmam que as características morfológicas das fibras
variam significativamente entre e dentro das árvores e que geneticamente poderá
ser controlada, podendo apresentar alterações em função de diferentes práticas
silviculturais e das alterações da idade de corte. Quando se refere ao comprimento
de fibras, Duffield (1964) já destacava que o mesmo aumentava da medula em
direção à casca.
Tomazello Filho (1985), Shimoyama (1990) e Moreira (1999) afirmaram que a
espessura da parede das fibras está relacionada a fatores genéticos e ambientais,
bem como à idade da árvore, tendendo a aumentar no sentido medula-casca. Os
vasos variam quanto à frequência, diâmetro, forma e arranjo dentro da árvore. No
sentido medula-casca, ocorre aumento no diâmetro dos elementos de vasos e
redução na sua frequência ao longo dos anéis sucessivos de crescimento, tendendo
à estabilização na madeira adulta.
Bamber e Humphrey (1963), estudando a madeira de árvores de E. grandis,
relataram grandes diferenças para o diâmetro dos vasos, em diferentes posições
dos anéis de crescimento no sentido medula-casca. O diâmetro dos vasos
aumentou de 64,00µm, no lenho inicial, para 141,00µm no tardio. Bamber et al.
(1982) relataram que árvores de eucalipto de rápido crescimento têm menor
frequência de vasos em relação ao normal (14,10/mm²), explicando a tendência da
maior densidade de madeira de árvores de rápido crescimento, embora não
9
significativa. Quanto ao diâmetro dos vasos, este foi significativo entre árvores de
crescimento rápido e normal, com valores variando entre 61,00µm e 74,00µm.
Davidson (1972), analisando as variações nas propriedades da madeira de árvores
de E. deglupta em Papua Nova-Guiné, verificou que os parâmetros relacionados
com a dimensão das fibras, principalmente com a quantidade de parede na seção
transversal, representam 58,50% da variação total. Os parâmetros relacionados
com o volume e dimensão dos vasos e de outros tecidos representam 18,80% da
variação. Os parâmetros relacionados com o lume das fibras representam 11,90% e
os parâmetros relacionados com o comprimento das fibras, 4,20% da variação.
Brasil e Ferreira (1972), analisando as características das fibras da madeira de
Eucalyptus grandis aos 16 anos, verificaram valores médios de 1,30mm, para
comprimento, 5,00µm para espessura da parede das fibras e 7,70µm para o
diâmetro do lume.
Tomazello Filho (1983), estudando as espécies de Eucalyptus globulus e
Eucalyptus grandis, ambas com a idade de 10 anos, relatou que a primeira
apresentou comprimento de fibras 0,83mm e a segunda 1,03mm. Para a madeira
do híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla com idade de 7 anos,
Alencar (2002) encontrou valor de 1,15mm para o comprimento médio das fibras.
De acordo com Wilkes e Abbott (1983), estudando a influência da taxa de
crescimento na anatomia do lenho de árvores de Eucalyptus bancroftii, E. dealbata,
E. goniocalyx, E. macrorrhyncha e E. sideroxylon de 40 anos, verificaram que a
frequência dos vasos (no. de vasos/mm2) foi maior no lenho das árvores de menor
crescimento e a porcentagem de área ocupada pelos vasos e o diâmetro dos vasos
foi maior no lenho das árvores de maior crescimento. Quanto ao comprimento das
fibras e a porcentagem dos raios, não houve diferenças significativas.
Wher (1991) informou que as fibras com paredes delgadas combinadas com
maiores diâmetros de fibras são encontradas em madeiras de menores massas
10
específicas, sendo essas fibras mais susceptíveis ao colapso, favorecendo as
ligações entre fibras e também no resultado do refino na fabricação de papel.
Almeida et al. (2001), verificaram os efeitos da quantidade de extrativos e da
acessibilidade do licor na polpação kraft de clones de eucaliptos e concluíram que a
anatomia da madeira, em especial as dimensões médias de fibras, deve ser
considerada como de fundamental importância nos programas de melhoramento
florestal para produção de celulose.
Dinwoodie (1965) afirmou que os três requisitos principais que controlam a
resistência do papel são a densidade (espessura da parede celular e porcentagem
de madeira juvenil), a resistência e o comprimento da fibra.
Carvalho et al. (1998) relataram que as propriedades anatômicas, como dimensões
de fibras e porcentagem de vasos e parênquima, além do número de fibras por
grama e “coarseness” (peso por unidade de comprimento da fibra, expressada
como miligramas por 100m ou decigramas por 10km), são mais utilizados para
avaliar a qualidade da madeira de eucalipto para produção de celulose e papel.
2.3 A madeira de Eucalyptus urophylla
De acordo com as informações de Moura (2004), o Eucalyptus urophylla S. T. Blake
é uma espécie que tem origem na Indonésia e que ocorre naturalmente na costa de
Timor a partir de 500m de altitude até cerca de 3000m, com árvores que atingem
45m de altura, podendo encontrar diâmetros superiores a 2m. Os solos onde cresce
a espécie são bem variados.
Em face de grande importância do Eucalyptus urophylla para plantios comerciais e
da necessidade de sementes para fins experimentais nos trópicos, a Divisão de
Pesquisa Florestal do Commonwealth Scientific Industrial Research Organization
(CSIRO) em Canberra inclui o Timor e as Ilhas do Arquipélago, no seu programa de
coleta de sementes.
11
Diversos autores (KISE, 1977; MOURA et al., 1980; PIRES et al., 1981;
GOLFARI,1982; RODRIGUES et al., 1986; PIRES e PARENTE, 1986; DRUMOND
et al., 1998), afirmaram que entre a maioria das espécies de eucalipto introduzido
no Brasil, o E. urophylla é o que apresentou maior estabilidade genética em todas
as áreas onde foi testado, considerado como uma das espécie de maior potencial
para reflorestamento devido ao seu bom crescimento em quase todo Brasil.
A madeira oriunda do E. urophylla tem densidade mediana (Moura, 1986) e cor
clara, cuja tonalidade do cerne varia de rosa a marrom, (TURNBULL e BROOKER,
1978), podendo ser utilizada para celulose, painéis de fibras, postes e carvão,
entre outras aplicações.
De acordo com Alfonso (1987), citado por Souza (2008), o E. urophylla possui
estrutura anatômica composta por alburno e cerne pouco distintos quanto à cor, em
que o alburno é bege levemente rosado e o cerne bege-rosado. Sua madeira possui
pouco brilho, odor imperceptível, macia ao corte, grã direita e levemente revessa e
textura de fina a média. As camadas de crescimento são pouco distintas, mas
quando presente, demarcadas por zonas de maior espessamento das paredes das
fibrotraqueídes e menor frequência de poros.
Ainda de acordo com Alfonso (1987), a madeira de E. urophylla possui vasos que
são visíveis a olho nu, difusos, exclusivamente solitários, em disposição diagonal,
com a frequência correspondente de 6 a 15/mm2, com o diâmetro tangencial do
lume compreendendo 84,00 a 148,00µm e com os apêndices ausentes ou
presentes em uma ou ambas as extremidades, podendo ser curtas e longas. Os
elementos de vasos são unidos por placa de perfuração simples, apresentando
pontuações intervasculares pequenas a grandes, predominando as médias;
pontuações raio-vasculares pequenas a grandes, arredondadas, simples e com
aréolas incompletas. Os fibrotraqueídeos presentes podem variar de extremamente
curtas, muito curtas a curtas. O parênquima axial é pouco visível, do tipo
paratraqueal vasicêntrico e eventualmente aliforme e o parênquima radial (raios) é
unisseriado, localmente bisseriado e bisseriado cuja frequência está entre 7 a
15/mm, com valor da média de 11/mm e altura compreendendo 0,13 a 0,42mm
12
variando entre 4 a 18 células, sendo ainda homogêneo e menos frequente os
heterogêneos.
2.4 A madeira de Eucalyptus grandis
A espécie Eucalyptus grandis é a mais cultivada no mundo, devido à grande
variabilidade genética e a facilidade de adquirir semente em quantidade e qualidade
(MARTINS, 1999).
Alzate (2004), avaliando a madeira de um clone de Eucalyptus grandis de 8 anos de
idade, verificou que esse possui o cerne distinto do alburno e de cor rosa claro, com
brilho moderado, massa específica baixa a média, macia ao corte, com grã direita e
textura média. As camadas de crescimento são bem distintas.
Ainda, segundo Alzate (2004), os vasos são: visíveis a olho nu e sob lente (10x);
difusos; em arranjo diagonal; solitários predominantes e múltiplos de dois, sendo
que a frequência está entre 9 a 14/mm2 e diâmetro tangencial do lume
compreendendo 61,44 a 138,70µm; com placas de perfurações simples; depósitos
indistintos e pontuações intervasculares indistintas; e pontuações raio-vasculares
areoladas, alternas, arredondadas e abundantes. As fibras libriformes, com
pontuações muito pequenas, septadas e fibrotraqueídeos, estão presentes (com
pontuações areoladas e grandes) de curtas a longas, 670,00 a 1230,00µm de
comprimento, e a largura compreendendo entre 17,71 a 22,77µm. O parênquima
axial é invisível a olho nu; paratraqueal escasso; células de tipo seriado;
parênquima radial (raios) unisseriados predominantes e localmente bisseriados
raros, homocelulares e procumbentes, cuja frequência está entre 13 a 16/mm, a
altura compreendendo 0,16 a 0,18mm e 6 a 21 células, cuja largura varia de 13,96 a
19,12µm.
13
2.5 Madeira do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla
O híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla (BRIGATTi et al., 1980;
IKEMORI e CAMPINHOS, JR., 1983; BERTOLUCCI et al., 1993) possui grande
importância para a produção de celulose, em função da alta produtividade e
qualidade de suas fibras. O Eucalyptus grandis Hill ex Maiden é espécie nativa da
Austrália e que ocorre em regiões de clima subtropical a temperado, onde a
precipitação varia de 1000 a 1700mm/ano (NIELSEN, 1998).
Martins e Ikemori (1987), estudando vários cruzamentos entre espécie de eucalipto,
verificaram que o híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla foi o que mais
destacou, devido suas características desejáveis para a produção de celulose, boa
produtividade relacionada à adaptação às condições do local, mostrando inclusive
resistência ao cancro.
Carvalho (2000), citado por Almeida (2002), realizou um estudo sobre a valorização
da madeira desse híbrido, através da produção conjunta de madeira serrada em
pequena dimensão, celulose e lenha, e concluiu que a simulação de mercado
realizada indicou que as madeiras dos plantios estudados podem ser valorizadas
com a diversificação do produto final, mas em momentos de alta no preço da
celulose o uso múltiplo pode não ser vantajoso.
Na descrição anatômica da madeira do híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus
urophylla com idade de 8 anos, Alzate (2004) afirma que a madeira apresenta
cerne distinto do alburno e de cor rosa claro, com brilho moderado e odor
imperceptível, massa específica baixa a média, macia ao corte, grã direita e textura
média. As camadas de crescimento são pouco demarcadas devido à espessura da
parede das fibras nos dois lenhos (primaveril e outonal). Os vasos são: visíveis a
olho nu ou lente (10x), com arranjo diagonal, sendo na maioria solitários, raros
geminados, às vezes formando arranjos oblíquos, com frequência de 8 a 13/mm²,
diâmetro tangencial do lume 76,91 a 133,25µm com a média 103,63µm e forma
ovalada a circular predominante, com apêndice curto; placas de perfuração simples;
depósito indistinto; pontuações intervasculares indistintas; pontuações raio-
14
vasculares areoladas, alternas, arredondadas e abundantes; e pontuações
parênquima-vasculares alternas circulares a ovaladas e abundantes. As fibras com
pontuações indistintas são curtas a longas, fibrotraqueídeos presentes, com
pontuações areoladas e grandes, sendo o comprimento variando de 620,00 a
1270,00µm, e a média 1030,00µm. A largura varia de 17,28 a 20,93µm (média de
19,69µm), o diâmetro do lume de 7,33 a 10,48µm (média de 9,68µm); e a
espessura da parede delgada com 3,48 a 6,71µm (média de 5,01µm). O
parênquima axial é invisível a olho nu, do tipo vasicêntrico. O parênquima radial
(raios) é unisseriado, e bisseriado, com altura variando de 0,16 a 0,20mm, com a
média de 0,18mm e com frequência de 10 a 17/mm, sendo a média de 14/mm,
sendo homocelulares, com células procumbentes.
2.6 Variabilidade nas propriedades anatômicas da ma deira de Eucalyptus
A alta variabilidade dentro das espécies de eucaliptos, confirmando Zobel e Jett
(1995), é a base dos estudos para propagação e qualificação de árvores com
características superiores e específicas ao uso industrial.
De acordo com Foelkel e Assis (1995), a clonagem de indivíduos selecionados
contorna em parte o problema da variabilidade e agrega mais homogeneidade à
madeira e à plantação florestal.
O estudo da variabilidade é altamente importante para a determinação da
adequação da espécie e de sua madeira à finalidade desejada. Portanto, as
indústrias que utilizam a madeira de eucalipto como matéria-prima necessitam de
informações básicas quanto à sua qualidade (FERREIRA e KAGEYAMA,1978).
A grande variabilidade de características químicas, físicas e mecânicas observadas
na madeira de árvores do gênero Eucalyptus, tanto ao nível de espécies,
procedências, progênies ou clones, tem como um forte componente da sua
expressão, a constituição genética dos indivíduos (ASSIS, 1986).
15
Segundo Esau (1993) e Raven et al (1992), citados por Silva (2002), divisões
transversais na região periférica e na medula constituem as bases dos primeiros
estágios de alongamento das células e mais tarde predomina o aumento do número
dessa célula. Essas divisões são afetadas pela taxa de hormônios da árvore que é
influenciada pela sazonalidade, pelas condições ambientais e por fatores genéticos.
A variação das propriedades da madeira no sentido radial é uma importante fonte
de variação, pois, sua extensão é determinada pela proporção de madeira juvenil e
pelas suas características físico-químicas e anatômicas ao longo do tronco
(MALAN, 1995).
Segundo Hillis e Brown (1978), as porcentagens de fibras, vasos e parênquima
variam consideravelmente no lenho próximo à medula e a casca e entre as
espécies, com os vasos usualmente menores e mais numerosos perto da medula.
Ohbayashi e Shiokura (1997) estudaram as variações das dimensões das fibras no
sentido radia nas amostras da madeira de E. saligna, com quatro anos de idade,
procedente do Brasil. Os resultados mostram que o comprimento das fibras
aumentou rapidamente nos primeiros anos, chegando a dobrar próximo à casca,
independente do diâmetro das árvores.
A massa específica é outra variável importante para diferentes produtos da madeira
e pode ser explicada pelas diferenças anatômicas, devido às mudanças que
ocorrem no lenho juvenil/adulto, que são mais acentuadas nas coníferas que nas
folhosas. O ângulo fibrilar é maior na região da medula ou próximo dela e diminui,
rapidamente, em direção à casca, ocorrendo, paralelamente, um aumento rápido no
diâmetro dos vasos. Nessa região, as fibras são mais curtas, apresentam menores
diâmetros e, geralmente, as paredes são mais finas (BENDTSEN e SENFT, 1986).
De acordo com Barrichelo et al. (1983), a variação longitudinal da densidade básica
da madeira de eucalipto possui vários tipos de tendência. Em algumas espécies, a
densidade tende a ser decrescente da base para o topo, em outras tende a ser
crescente a partir do nível do DAP, podendo ainda, em outras espécies, apresentar
valores alternados com a tendência decrescente e crescente.
16
A variação da densidade básica no sentido medula-casca, geralmente, é crescente,
isto é, aumenta gradativamente do cerne para o alburno (FOELKEL et al., 1983).
Variações na densidade ao longo do tronco são menos consistentes do que na
direção radial. A proporção de madeira juvenil na direção longitudinal do caule
tende a aumentar e como resultado imediato a densidade diminui.
Oliveira (1997), estudando as propriedades anatômicas de sete espécies de
Eucalyptus, com idade de aproximadamente 16 anos, observou que os
comprimentos das fibras de um modo geral apresentaram um aumento linear da
medula em direção à periferia do tronco, com valores variando de 0.80 a 1.20mm.
Hillis (1978) afirma que a parede celular das fibras pode variar entre espécies, entre
lenho inicial e tardio, bem como entre madeira normal e de tração.
Tomazello Filho (1985) analisou que, como regra geral, o modelo de variação no
sentido radial das árvores de eucalipto com idades de 1 a 25 anos, que
caracterizado pelo aumento nas dimensões das fibras nos primeiros anos, e, após
esse período, atingem a estabilização em torno do oitavo ao décimo anel de
crescimento.
Brasil et al. (1972) avaliaram a variação da densidade básica e das características
das fibras em Eucalyptus grandis ao nível do DAP, e concluíram que há uma
tendência para o comprimento das fibras e espessura das paredes crescerem no
sentido medula-casca, ao passo que o diâmetro do lume decresce. O diâmetro das
fibras não varia com a posição na seção transversal do tronco. Para valores iguais
de diâmetro das fibras, o maior diâmetro do lume nas camadas mais internas
(medula), correspondeu à menor espessura de parede das fibras. O acréscimo do
comprimento e espessura das paredes das fibras é maior nas camadas mais
externas.
A variação existente no sentido axial se apresenta em menores intensidades que
aquelas encontradas da medula para a casca (DOWNES, 1997; LIMA, 1999).
Diversos autores (BARRICHELO e BRITO, 1976; TOMAZELLO FILHO, 1985;
SHIMOYAMA, 1990; Cruz, 2000) apresentaram resultados inerentes ao
17
comprimento médio das fibras da madeira de Eucalyptus grandis de ordem 1mm. A
variação das propriedades das fibras na direção medula-casca é quase sempre
crescente, acompanhando a variação da massa específica.
De acordo com Arulcheluam (1971), para a madeira de Eucalyptus robusta, foi
verificado um aumento no comprimento das fibras e dos vasos a uma distância de
19 a 22cm da medula, relatando que o diâmetro e o número de vasos por área
aumentaram no sentido radial, atingindo valores constantes e diminuindo para
algumas amostras. Quanto à densidade da madeira no alburno, observou-se que
nas árvores de maiores diâmetros essa foi superior.
Amidon (1981) afirma que o comprimento da fibra não é independente da
flexibilidade da fibra e que esta é considerada uma variável para resistência ao
rasgo de folha de papel.
Uma característica muito importante para as propriedades do papel é a largura da
fibra. Fibras mais largas produzirão papéis com menor resistência à passagem de
ar, maior volume específico aparente e maior resistência ao rasgo. As resistências à
tração e ao arrebentamento são prejudicadas quando as fibras são mais largas,
devido ao ajuste imperfeito das fibras no papel, prejudicando as ligações entre
fibras (SANTOS, 2005).
Carvalho et al. (1998) relataram que a espessura da parede é uma característica
anatômica tão importante quanto a largura da fibra, pois está interligada com a
rigidez do papel. Fibras com maiores espessuras de paredes sofrem maior efeito de
hidratação e inchamento, aumentando volume, proporcionando maior área de
ligações e resultando maior resistência da folha.
2.7 Influência do local de crescimento
O clima é considerado fator primordial na descrição da aptidão ecológica das
espécies. Dentro do mesmo estrato climático, variações locais de topografia podem
18
levar ao aparecimento de ecótipos, com exigências de água e de nutrientes bem
diferenciadas entre si. Dessa forma, a capacidade produtiva de uma área florestal é
condicionada em função da interação e ação de fatores climáticos, edáficos,
topográficos e bióticos, exigindo então práticas silviculturais e de manejo. (SPURR e
BARNES, 1980).
De acordo com Corrêa Neto (2004), em face da plasticidade da cultura do eucalipto
e a grande diversidade de sítios onde são feitos os plantios, torna-se importante
relacionar as propriedades edáficas aos parâmetros de crescimento e produtividade
da cultura.
Conforme os relatos de Barros e Novais (1990), as espécies de Eucalyptus
introduzidas em algumas regiões do Brasil, embora tivessem semelhança com os
parâmetros climáticos das regiões de origem, não mostraram o crescimento
desejado. Ainda, espécies e/ou procedências dissimilares quanto a condições
climáticas, na Austrália e no Brasil, podem mostrar uma boa adaptação.
No México, Barajas (1985) verificou, no lenho de árvores de espécies de zonas
secas, a formação de cerne mais escuro, de alta densidade e dureza, maior
quantidade de cristais, fibras e vasos de menor comprimento, parede espessa e em
maior frequência em relação ao lenho das espécies de áreas úmidas.
Morais et al. (1990) avaliaram as variações na produção de massa seca e na
extração de nutrientes pelo Eucalyptus grandis, com oito anos de idade, em duas
regiões bioclimáticas estudadas. Identificou que se obteve a maior produção de
massa seca, bem como, maior extração de nutrientes na localidade de Viçosa - MG,
quando comparada à região de Paraopeba - MG. Segundo os autores, isso ocorreu
devido às condições edafoclimáticas de Viçosa se identificarem mais com as do
local de origem dessa espécie, ou seja, maior disponibilidade de água e nutrientes
nessa localidade. Silveira et al. (1995) constataram que o potássio juntamente com
o boro foram os nutrientes mais limitantes ao crescimento para Eucalyptus grandis
na região de Itatinga -SP.
19
Davis (1966) relatou que as espécies podem reagir de forma diferente em um
mesmo solo, e que árvores de uma mesma espécie podem reagir diferentemente
em um determinado solo em idades diferentes e, ainda, Carmean (1970) informou
que o padrão de crescimento em altura pode variar não somente entre grupos de
solo, mas dentro de um mesmo grupo.
Tonini et al. (2004) analisaram o crescimento de clones de Eucalyptus saligna, na
depressão central e serra do sudeste, Rio Grande do Sul. Esses autores concluíram
que o padrão de crescimento em altura para os clones analisados variou tanto entre
grupos de solos, como dentro de um mesmo grupo. No mesmo estudo, quando
aplicaram análise de covariância, verificaram que os efeitos dos fatores de sítio
sobre o crescimento em altura dominante indicaram que a declividade do terreno,
exposição, inclinação, adubação, posição no relevo e preparo de solo não
influenciaram o padrão de crescimento em altura dominante para os três clones
analisados.
Ao analisar o clone de Eucalyptus camaldulensis em duas condições de
crescimento, avaliando o efeito do genótipo e do ambiente na estrutura da madeira,
Rudman,1970 concluiu que o comprimento das fibras foi de 0,58 e 0,64mm para
baixa temperatura (13/18ºC) e altas temperaturas (22/27ºC) respectivamente, e o
diâmetro das células foi menor em altas temperaturas e maior nas baixas. Nas duas
condições de crescimento, as fibras aumentaram em comprimento no sentido radial,
verificando ainda que nos clones mantidos sob temperatura mais alta, as fibras
próximas à medula apresentaram-se mais longas.
2.8 Influência da idade
A madeira juvenil possui estrutura celular e propriedades acentuadamente
diferentes em comparação com a madeira mais próxima da casca. Nas coníferas a
madeira juvenil tem menor densidade básica, traqueídeos mais curtos, paredes
celulares mais finas, menos celulose, mais hemicelulose, maior ângulo das fibrilas e
20
uma maior quantidade de madeira de compressão em relação à madeira adulta
(MATZIRIS e ZOBEL 1973).
Conforme Vital et al. (1984), citado por Trugilho et al. (1996), o efeito da idade sobre
as características físico-químicas e anatômicas já é bem conhecido. Normalmente,
a densidade tende a aumentar com a idade, como consequência do aumento da
espessura da parede celular e diminuição da largura das células.
A influência da idade nas características físico-químicas e anatômicas da madeira
de Eucalyptus saligna (com 12, 24, 36 e 48 meses de idade) está relacionada a uma
tendência de redução da taxa de incremento da densidade básica. Isso pode ser
explicado perfeitamente, pois apesar das células estarem, ainda, aumentando a
espessura de suas paredes e, consequentemente, aumentando a largura das fibras,
outras dimensões, como comprimento e diâmetro do lume, possuem a mesma
tendência da densidade básica. Consequentemente contribuem para a tendência de
redução da taxa de incremento da densidade (TRUGILHO et al. 1996).
As células cambiais passam a produzir, durante certo tempo, elementos com
maiores dimensões até atingir a sua estabilização em idades mais avançadas, ao
longo do raio, razão pela qual, há aumento no comprimento das fibras no sentido
medula casca, com o aumento da idade. Assim, as fibras localizadas nas camadas
de crescimento, mais próximas da medula e a um dado nível do tronco,
apresentam menores dimensões do que as localizadas nas camadas finais de
crescimento, mais próximas da casca (TOMAZELLO FILHO 1985; ANDRADE
1987; ESTEBAN 2003)
Ferreira e Kageyama (1978) relatam os efeitos da idade na densidade da madeira
das populações de eucaliptos, que podem ser exemplificados pelos seguintes
dados da Tabela 1.
21
Tabela 1 - Variação da densidade da madeira (g/cm³) em função da espécie e
idade em Itupeva-SP
Idade (anos) E. urophylla E. grandis E. propinqua E. saligna
5 0,528 0,409 0,538 0,454
7 0,572 0,462 0,580 0,482
9 0,574 0,460 0,604 0,488
11 0,603 0,474 0,623 0,586
Fonte: Ferreira e Kageyama (1978).
Os dados apresentados na Tabela 1 demonstram que o aumento da densidade, no
período de 5 a 11 anos, é mais pronunciado para o E. urophylla, E. propinqua e E.
saligna, e de menos intensidade para E. grandis. Há, portanto, até os 11 anos de
idade, uma forte tendência para o E. grandis produzir madeira menos densa do que
as outras espécies analisadas.
De acordo com Jankowsky (1979), o período de juvenilidade é variável, podendo
ser superior a 10 anos em algumas espécies de Eucalyptus plantadas na Austrália.
Segundo Koga (1988), o lenho juvenil é formado nos primeiros anos na região
próxima da medula, sendo sua duração variável, o que para um tronco de uma
árvore de 15 anos poderá ocupar 85%, e reduzindo para cerca de 10% do volume
aos 30 anos de idade. Madeira juvenil possui mais xilanas e lignina; menos celulose
e glucomananas; menor comprimento de fibras e vasos; menor diâmetro celular;
paredes celulares mais finas; massa específica menor; maiores ângulos fibrilares;
maiores proporções de fibras; e menores proporções de vasos.
Para Tomazello Filho (1987), o aumento do comprimento das fibras em função da
idade, é resultado do aumento do comprimento das células que as originaram,
denominado de iniciais fusiformes. A estabilização do comprimento das fibras, para
inúmeras espécies de eucaliptos, somente irá ocorrer quando as células do câmbio
atingirem comprimento máximo, iniciando a formação da madeira adulta.
Shimoyama (1990) cita que fatores genéticos, ambientais e idade da árvore
influenciam a espessura da parede das fibras, propriedade importante no controle
22
das propriedades do papel, principalmente no que diz respeito à sua resistência ao
rasgo.
Silva et al. (2004) avaliaram as variações das dimensões das fibras e dos vasos da
madeira de Eucalyptus grandis com quatro diferentes idades (10, 14, 20, e 25
anos), proveniente de talhões comerciais do Estado do Paraná. O efeito da idade e
da variação radial foi verificado em todos os parâmetros no sentido medula-casca, à
exceção da largura e do diâmetro do lume das fibras, todos os demais parâmetros
apresentaram correlação positiva.
Rocha et al. (2004) avaliaram as variações das dimensões dos elementos
anatômicos da madeira de árvore de Eucalyptus grandis aos sete anos, e
concluíram que, na direção radial (medula-casca), todas as dimensões das fibras
apresentaram tendência crescente; nos vasos a tendência crescente foi observada
para o comprimento e diâmetro tangencial e, decrescente para a frequência. Os
maiores valores das dimensões dos raios foram verificados na região da medula e a
frequência apresentou tendência decrescente.
Bhat et al. (1990) analisaram as árvores de E. grandis aos três, cinco, sete e nove
anos e, mensurando o comprimento das fibras a 0, 25, 50 e 75% da altura total do
tronco e em três pontos do raio, encontraram diferenças significativas em relação à
idade das árvores. Em média, o comprimento das fibras aumentou de 0,81mm aos
três anos, para 1,15mm aos nove anos. Quanto à variação em altura do tronco,
houve um pequeno aumento até 25%, do comprimento das fibras, que decresceu,
posteriormente, até o topo das árvores.
Silva et al. (2007), estudando a influência da idade e da posição radial nas
dimensões das fibras e dos vasos da madeira de Eucalyptus grandis, verificaram
que tais dimensões apresentaram variações tanto em relação à idade quanto ao
sentido medula-casca com o comprimento, a espessura da parede das fibras e o
diâmetro dos vasos mostrando-se positivamente correlacionados com a idade e
com a posição radial no sentido medula-casca. A largura e o diâmetro do lume das
23
fibras correlacionaram-se negativamente com a idade, mas positivamente com a
posição radial, no sentido medula-casca.
Trabalhos desenvolvidos por Foelkel et al. (1975), em Piracicaba, concluíram que,
com a madeira juvenil tem-se normalmente baixa densidade, mesmo assim, tem
dado ênfase à produção de celulose a partir dela, pois, apesar de baixo rendimento
e baixa resistência ao rasgo, tais polpas levam á produção de papeis com elevada
resistência à tração e ao arrebentamento.
2.9 Influência do material genético
Uma seleção direcionada para a característica de interesse deve ser feita para se
executar um programa de melhoramento (MORAES et al., 1997). A maioria das
avaliações a serem realizadas torna-se de fundamental importância para os
estudos de amostragem e de determinação dos níveis de controle genético das
características, bem como da correlação genética entre elas, em especial, com a
massa específica básica (PIRES e PAULA, 1997).
Foelkel (1997) enfatizou que a massa seca das árvores, a massa específica
básica, o volume da árvore sem casca, o fator de forma, o percentual de casca e
os percentuais de cerne e alburno são os principais parâmetros a incluir em uma
seleção de árvores superiores.
De acordo com Assis (1986), os programas de melhoramento são comumente
desenvolvidos em ciclos repetidos de seleção e recombinação. As estratégias de
melhoramento estabelecem como esses ciclos serão organizados para produzir
material genético melhorado a ser utilizado nos plantios comerciais.
Para Ruy (1998), a susceptibilidade ao cancro do eucalipto, aliada à baixa
capacidade de rebrota em climas sujeitos a deficiência hídrica, limitaram a utilização
extensiva do Eucalyptus grandis. Devido a esse problema, a síntese do híbrido
24
Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla passou a ser base da silvicultura
intensiva clonal brasileira.
Conforme a observação de Oda e Ferreira (1982), híbrido de Eucalyptus grandis x
Eucalyptus urophylla aos 14 meses, plantado no Estado de São Paulo, apresentou
uma superioridade em relação ao Eucalyptus grandis.
Segundo Zobel e Kellison (1973), diversos autores destacam que a forma da árvore
e as características de crescimento afetam a qualidade da madeira. A retidão do
tronco, por exemplo, tem um efeito considerável sobre a madeira de reação, o que
por sua vez determina a qualidade do produto final, havendo um melhoramento
automático na qualidade da madeira quando árvores mais retas são selecionadas.
Os mesmos autores comentam que a grã espiralada é importante apenas em
determinados programas de melhoramento, já que tem pouco efeito na produção ou
qualidade da celulose e papel.
De acordo com Zobel e Talbert (1984), a densidade básica é uma característica
ideal para manipulação genética devido à grande variação individual, alta
herdabilidade, baixa interação genótipo x ambiente e seus efeitos sobre a produção
e a qualidade da madeira.
As adoções de dados morfológicos de fibras de eucalipto são úteis como
parâmetros de seleção para programas de melhoramento, devido à grande relação
dessas variáveis com diferentes propriedades do papel (ALMEIDA e SILVA,1997).
Rocha et al (2006) afirmam que o híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla
viabilizou plantios tolerantes ao cancro no litoral do Espírito Santo, ao déficit hídrico
na região central, e a seca de ponteiros no Vale do Rio Doce, sendo adaptado a
ambientes marginais, além de proporcionar boas características relacionadas à
qualidade da madeira tanto para celulose quanto para carvão vegetal.
No que se refere às características importantes para a fabricação de celulose,
Demuner e Bertolucci (1993) encontraram um alto controle genético na sua
25
expressão em um estudo envolvendo clones de Eucalyptus. Valores elevados de
herdabilidade e relação da variação de ordem genética pela variação de ordem não
genética, na qual se destacam a densidade da madeira (h2 = 0,928), o teor de
lignina (h2 = 0,826), as pentosanas (h2 = 0,791), os extrativos etanol/tolueno (h2 =
0,856) e os extrativos diclorometano (DCM) (h2 = 0,882), demonstram a
possibilidade de avançar rapidamente a média da população no sentido desejado
através do melhoramento genético.
Resultados encontrados por Tolfo et al. (2005), avaliando parâmetros genéticos
para caracteres de crescimento de produção e tecnológicos da madeira em clones
de Eucalyptus spp., reforçam que as estimativas de herdabilidade, no sentido
amplo, em geral, são de alta magnitude para essas variáveis, evidenciando o bom
controle genético sobre os mesmos e a possibilidade de avanços genéticos
expressivos com a seleção.
Estudando as diversidades genéticas de clones de eucalipto, GARCIA (1998) afirma
que se deve considerar tanto características de qualidade da madeira como de
crescimento, a fim de assegurar melhor qualidade da matéria-prima, associada à
maior produtividade, visando manter a competitividade no mercado de celulose.
2.10 Madeira de Eucalyptus como matéria-prima para a indústria de celulose
De acordo com Rossi Filho (1997), o papel deve agrupar uma série de propriedades
que garantam sua imprimibilidade e seu desempenho durante os processos de
impressão e acabamento, bem como atendam aos requisitos de uso final. Assim, o
teor de extrativos, a densidade básica e o comprimento de fibras, o teor de lignina e
holocelulose são critérios de qualidade importantes na produção de celulose para a
indústria de papel (HILLIS, 1972).
Conforme o relato de Barrichelo et al. (1975), as espécies do gênero Eucalyptus
adquiriram posição de destaque entre as principais matérias-primas fornecedoras
de fibras para a indústria de celulose e papel na década de 70. Espécies como o
26
Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna e Eucalyptus urophylla, dentre outras, se
tornaram as bases da cultura florestal de fibra curta na indústria de celulose.
Trugilho et al. (2004), estudando a classificação dos clones de Eucalyptus sp.
visando a produção de polpa celulósica, verificaram que em 15 clones de
Eucalyptus sp., com seis anos de idade, tendo sido coletadas duas árvores por
clone, ocorreu grande variação entre estes e as características que mais
contribuíram para essa variação foram o rendimento depurado (58,10%) e a
viscosidade da polpa celulósica (35,00%).
Segundo Jacob e Balloni (1978), o comprimento de fibras está ao lado da
densidade da madeira, como os principais fatores que afetam a qualidade da
celulose e do papel.
Para Busnardo (1981), o Eucalyptus urophylla e seu híbrido (Eucalyptus grandis x
Eucalyptus urophylla) são uma das principais fontes de matéria-prima para a
indústria brasileira de celulose, pois apresentam excelentes desenvolvimentos em
altura e diâmetro, massa específica intermediária entre as médias (0,47g/cm3 -
Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna) e as elevadas (acima de 0,57g/cm3 –
Corymbia citriodora e Eucalyptus paniculata).
Calori et al. (1993) realizaram estudos com o Eucalyptus dunnii, comparando ao
Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna pela densidade básica, demonstraram que
a média superior foi de 0,49g/cm³, sendo que, o Eucalyptus grandis apresentou uma
média de 0,40g/cm³ e o Eucalyptus saligna de 0,45g/cm³, demonstrando potencial
para uso na região Sul, por apresentar resistência à geada.
Ikemori e Campinhos Jr. (1983) e Bertolucci et al. (1993) citam que os plantios
Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla apresentam alta produtividade no local
de crescimento e as características das fibras são de alta qualidade.
Com respeito ao comprimento médio da fibra, esse parâmetro afeta a formação ou
uniformidade da distribuição das fibras. Quanto mais curtas forem as fibras, mais
27
uniforme será a formação da folha e melhor sua estabilidade dimensional (YOUNG,
1980).
A propriedade de ligação entre fibras é a chave para a coesão interna do papel.
Quase toda a interação mecânica entre as fibras durante a fabricação do papel
toma lugar por meio das ligações das fibras (RETULAINEN e EBELING, 1993).
Carpim et al. (1987) verificaram que as propriedades que dependem do grau de
ligação entre fibras (densidade aparente e as resistências à tração e ao
arrebentamento) mostraram maiores índices em polpas com mais fibras por grama.
Carvalho et al. (1998) e Wallis et al. (1996) determinaram a qualidade da madeira
de Eucalyptus, visando a produção de polpa e papel e demonstraram que os
fatores químicos como teores de celulose, lignina, pentosanas e extrativos são
considerados os mais relevantes.
Valente et al. (1992) relataram que baixo teor de lignina e alto teor de carboidratos
requerem condições menos severas de polpação e conduzem alto rendimento
gravimétrico.
Ao avaliar a madeira de Betula pendula, Eucalyptus globulus e de híbrido de
Eucalyptus grandis x Euclyptus urophylla destinada à produção de polpa celulósica
Kraft, mostrou que as matérias-primas utilizadas industrialmente no Brasil, na
Finlândia e em Portugal têm características e desempenhos distintos frente ao
processo Kraft de produção de polpa celulósica branqueável de fibra curta,
podendo levar a produtos finais com propriedades diferenciadas (DUARTE, 2007).
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Descrição do material
Neste estudo foram avaliadas as propriedades anatômicas da madeira de eucalipto
que cresceu em quatro regiões do Estado do Espírito Santo e duas regiões do
Estado de Minas Gerais, provenientes do Programa de Fomento Florestal da
Empresa Aracruz Celulose. O material genético é procedente de dois clones
denominados A e B, constituído de híbridos naturais de Eucalyptus grandis,
originados da localidade de Rio Claro-SP. A média de idade das árvores utilizadas
no estudo foi de 69 meses.
Foram utilizadas amostras em forma de disco, com espessura de aproximadamente
5,0cm, retirado na altura do DAP de seis árvores em cada um dos tratamentos
avaliados.
3.2 Metodologia
Foram utilizadas amostras de madeira com média de idade 69 meses, de dois
clones A e B, procedentes de quatro regiões do Estado do Espírito Santo e duas
regiões do Estado de Minas Gerais. De cada uma dessas regiões foram amostradas
árvores de localidades distintas, considerando duas condições de topografia do
terreno (inclinados e planos). Em cada tratamento foram utilizadas seis árvores com
total de 294 árvores, apresentados na Tabela 2.
29
Tabela 2 – Relação de tratamentos avaliados
Tratamento Clone Região Nº Árvore
1 A Aracruz – ES 24
2 B Aracruz - ES 24
3 A Domingos Martins - ES 24
4 B Domingos Martins - ES 24
5 A Mutum – MG 24
6 B Mutum – MG 24
7 A São Mateus - ES 18
8 B São Mateus - ES 24
9 A Aimorés – MG 24
10 B Aimorés – MG 24
11 A Alto Rio Novo - ES 24
12 B Alto Rio Novo - ES 36
Total 294
A madeira na forma de discos, devidamente identificada, foi conduzida ao
Laboratório de Ciência da Madeira (LCM) do Departamento de Engenharia Florestal
do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-
UFES), onde foram realizadas todas as atividades experimentais.
3.2.1 Descrição anatômica qualitativa
A identificação macroscópica foi feita com auxílio de uma lente de 10x de aumento,
onde foram observadas as características anatômicas, como camadas de
crescimento, tipos de parênquima, poros (vasos) e raios.
Para a descrição ou análise macroscópica, foi utilizada lente de aumento (10x),
obedecendo às normas de procedimentos em estudos de anatomia de madeira, de
acordo com as normas da COPANT (1974). Quanto à descrição da cor da madeira
seca ao ar, foi utilizada a escala de Munsell (1957), que é adequada para madeiras.
30
3.2.2 Descrição anatômica quantitativa
Para os estudos anatômicos foram retiradas amostras de cerne periférico dos
respectivos discos. Foram realizadas mensurações dos elementos anatômicos
utilizando cortes histológicos e materiais especificamente dissociados.
Em relação às fibras, foram feitos macerados de acordo com o método do peróxido
de hidrogênio/ácido acético descrito por Ramalho, (1987), que posteriormente foi
mensurado em microscópio óptico comum, com auxílio de um sistema analisador de
imagens. Com relação aos vasos, foram realizadas cortes anatômicos com auxílio
de um micrótomo de deslize, modelo Leica SM 2000R, com montagem temporária
em glicerina destilada e água na proporção de 1:1. Para as mensurações foi
utilizado um microscópio óptico comum de marca Zeiss e um sistema analisador de
imagem provido de software axiovision 4.5. Os estudos anatômicos seguiram os
procedimentos da norma (COPANT, 1974).
3.2.2.1 Mensuração de vasos e raios
Para todas as amostras do lenho no DAP dos dois clones, perfazendo um total de
294 discos, as amostras foram retiradas nas posições de transição do cerne/alburno
(cerne periférico). Nessa posição foram cortados corpos–de–prova de dimensões
1,0 x 1,5 x 2,0cm, nas direções radiais, tangenciais e longitudinais respectivamente.
Cada corpo-de-prova foi amolecido em água à ebulição e fixado em micrótomo de
deslize, modelo Leica SM 2000R, para a obtenção de cortes de espessura variando
de 18 a 20µm dos planos transversal e longitudinal tangencial, sendo em seguida
montados em lâminas temporárias, com uso de glicerina e água.
Em ralação aos vasos, foram feitas fotomicrografias das lâminas anteriormente
descritas, com a utilização de uma câmera fotográfica de marca Canon, modelo
DSC Powershot A 620, 7.1 mega pixels, que foram utilizados em sistema analisador
de imagem anteriormente descrito. Os parâmetros mensurados relativos aos vasos
foram a frequência vascular em poros/mm² e o diâmetro tangencial em micrômetro.
31
Para cada disco de madeira, foram feitas 40 repetições para frequência e 40
repetições para o diâmetro tangencial dos vasos, totalizando para cada tratamento
960 repetições relativas às 24 árvores, tendo como exceção os tratamentos 7 e 12
em que foram utilizadas 18 e 36 árvores, levando a 720 e 1440 repetições,
respectivamente.
Relativos aos raios, utilizando também o sistema analisador de imagens, foram
mensurados a altura, a largura e também a frequência em raios/mm, considerando
40 repetições, relativas ao mesmo número de árvores e repetições mencionados
para os elementos de vasos.
Para cada tratamento foram confeccionadas lâminas permanentes, utilizando cortes
histológicos dos três planos, que foram montados segundo rotina do Laboratório de
Ciência da Madeira do Departamento de Engenharia Florestal do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, descritas de acordo
com as normas COPANT (1974) e IAWA-Committee (1989).
3.2.2.2 Mensuração das fibras
Para todos os discos do lenho no DAP dos dois clones, as amostras foram retiradas
nas posições de transição do cerne/alburno (cerne periférico), tomando os cavacos
no plano radial das amostras, que posteriormente foram submetidos ao processo de
maceração. Os cavacos foram transferidos para um vidro de 25ml contendo uma
solução de ácido acético/peróxido de hidrogênio em proporção de 1 para 1, sendo
completamente lacrado e transferido para estufa (600C, 48h), método este proposto
por Nicholls e Dadswel, descrito por (RAMALHO, 1987).
Esgotada a solução macerante, a suspensão de células foi lavada em água
destilada, corada em safranina e montadas lâminas histológicas sobre água
destilada e glicerina em proporção de 1:1. Depois de fotografadas as imagens
obtidas em um microscópio de marca Zeiss, com uma câmera de marca Canon,
descrita anteriormente, as fotomicrografias foram utilizadas para a mensuração do
32
comprimento, largura e diâmetro de lume, utilizando um sistema analisador de
imagens de marca axiovision 4.5.
As mensurações das fibras foram realizadas segundo os procedimentos das
normas COPANT (1974), considerando 20 repetições, totalizando para cada
tratamento 480 repetições relativas às 24 árvores, tendo como exceção os
tratamentos 7 e 12 em que foram utilizadas 18 e 36 árvores, levando a 360 e 720
repetições, respectivamente. Para a determinação da espessura da parede celular,
utilizou-se a seguinte equação:
2
DLLFEP
−=
em que:
EP = Espessura da parede da fibra, em µm;
LF = Largura da fibra, em µm; e
DL = Diâmetro do lume da fibra, em µm.
3.2.3 Análise dos dados
Uma vez coletados os dados, estes foram lançados em uma planilha do Software
Excel, onde se realizou o cálculo dos parâmetros avaliados. Foram utilizadas
estatísticas simples, como média, desvio-padrão e coeficiente de variação. Gráficos
e tabelas de resultados foram confeccionados a partir dessa planilha.
A estatística também envolveu análise de variância (anexos 2) e teste de média
para a verificação de ocorrência nas diferenças entre os tratamentos A e B,
utilizando o Software Statistic SAEG 6.0.
33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do c lone A para a região de
Aracruz - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/2 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 3,70 a 16,10cm, com valor médio de 9,14cm. Apresenta
brilho moderado na face longitudinal radial. As camadas de crescimento são
aparentemente demarcadas por zonas fibrosas mais escuras e menores
frequências de vasos.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, formando às vezes
pequenas confluências, e também apotraqueal escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial, às vezes
diagonal. A sua frequência média é pouco numerosa (14,32vasos/mm2). São
solitários, de seção oval e com diâmetro tangencial médio de tamanho pequeno
(95,47µm).
- Raios – não são visíveis a olho nu e dificilmente sob lente, exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente
finos (8,48µm), extremamente baixos (0,23mm) e pouco frequentes (12,27
raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (970,84µm), com paredes de
delgadas a espessas (2,94µm).
4.1.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de
Aracruz - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosada, 2,5YR
8/3 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
34
2,30 a 4,40cm, com valor médio de 3,30cm. Apresenta brilho moderado na face
longitudinal radial. As camadas de crescimento são aparentemente demarcadas por
regiões de menor frequência de vasos.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso e apotraqueal difuso
escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo diagonal
predominante e radial. A frequência média é pouco numerosa (11,06vasos/mm2).
São exclusivamente solitários, com rara ocorrência dos múltiplos de dois; de seção
ovalada e com diâmetro tangencial de tamanho médio (129,45µm).
- Raios – pouco visíveis sob lente de 10x, exclusivamente unisseriados,
homogêneos e formados por células procumbentes. São extremamente finos
(8,13µm), extremamente baixos (0,24mm) e pouco frequentes (10,43raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos, Curtas (1096,27µm), com paredes de
delgadas a espessas (3,45µm).
4.2 Descrição anatômica qualitativa da madeira do c lone A para a região de
Domingos Martins - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/3 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 3,90 a 13,20cm e com valor médio de 8,60cm. Apresenta
brilho moderado na face longitudinal radial. As camadas de crescimento são
indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso e apotraqueal difuso
escasso.
35
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo predominante
radial. A frequência média é pouco numerosa (13,43vasos/mm2). São solitários e de
seção oval, com diâmetro tangencial de tamanho médio (103,23µm).
- Raios – visíveis somente sob lente no plano transversal. Exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes. São extremamente
finos (8,46µm), extremamente baixos (0,25mm) e pouco frequentes
(12,69raios/mm).
- Fibras - predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (910,65µm), com paredes
delgadas a espessas (3,88µm).
4.2.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de
Domingos Martins - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosado, 2,5YR
8/4 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
1,50 a 5,70cm e média de 3,10cm. Apresenta brilho moderado na face longitudinal
radial. As camadas de crescimento são indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, com rara e pequena
confluência e também apotraqueal difuso escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo diagonal. A
frequência média é pouco numerosa (10,41vasos/mm2). São predominantemente
solitários e em menor frequência, múltiplos de dois. Possui seção oval a circular e
com diâmetro tangencial de tamanho médio (129,68µm).
- Raios – visíveis somente sob lente no plano transversal e no plano tangencial
pouco visíveis mesmo sob lente de 10x. Exclusivamente unisseriados,
homogêneos, formados por células procumbentes. São extremamente finos
(8,34µm), extremamente baixos (0,21mm) e pouco frequentes (9,78raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1117,5µm), com paredes
delgadas a espessas (4,80µm).
36
4.3 Descrição anatômica qualitativa da madeira do c lone A para a região de
Mutum - MG
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/3 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 4,40 a 9,60cm e com valor médio de 7,60cm. Apresenta
brilho moderado, formado pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As
camadas de crescimento são indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, tendendo a formar
confluências e apotraqueal difuso escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial
predominante e diagonal. A frequência média é pouco numerosa (13,68
vasos/mm2). São solitários na maioria e geminados, de seção oval, com diâmetro
tangencial de tamanho médio (103,46µm).
- Raios – visíveis sob lente no plano transversal. Exclusivamente unisseriados,
homogêneos, formados por células procumbentes. São extremamente finos
(8,43µm), extremamente baixos (0,23mm) e pouco frequentes (12,45raios/mm).
- Fibras - predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (924,35µm), com paredes
delgadas a espessas (3,60µm).
4.3.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira d o clone B para a região de
Mutum - MG
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosado, 2,5YR
8/4 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
2,50 a 4,10cm e com valor médio de 3,10cm. Apresenta brilho moderado, formado
pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As camadas de crescimento
são demarcadas pela mudança na direção do arranjo diagonal dos vasos.
37
Características Anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso e apotraqueal difuso
escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo diagonal, com
tendência de inversão da direção nas delimitações das camadas de crescimento. A
frequência média é pouco numerosa (9,95vasos/mm2). São solitários
predominantemente, múltiplos de dois e raramente de três, de seção ovalada, com
diâmetro tangencial de tamanho médio (126,10µm).
- Raios – visíveis somente sob lente no plano transversal. Exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente
finos (8,45µm), extremamente baixos (0,21mm) e pouco frequentes (10,04
raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1083,92µm), com paredes
delgadas a espessas (4,4µm).
4.4 Descrição anatômica qualitativa da madeira do c lone A para a região de
São Mateus - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/2 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 5,60 a 9,00cm e com valor médio de 7,70cm. Apresenta
brilho moderado, formado pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As
camadas de crescimento são indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, tendendo a formar
confluências e apotraqueal difuso escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial
predominante e diagonal. A frequência média é de pouco numerosa (16,00
38
vasos/mm2). São predominantemente solitários, de seção ovalada, com diâmetro
tangencial de tamanho pequeno (91,59µm).
- Raios – visíveis sob lente no plano transversal. Exclusivamente unisseriados,
homogêneos formados por células procumbentes, extremamente finos (7,80µm),
extremamente baixos (0,26mm) e pouco frequentes (13,19raios/mm).
- Fibras - predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (994,47µm), com paredes
delgadas a espessas (3,50µm).
4.4.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de
São Mateus - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosado, 2,5YR
8/4 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
2,00 a 5,50cm e com valor médio de 3,70cm. Apresenta brilho moderado, formado
pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As camadas de crescimento
são aparentemente demarcadas por regiões de menor frequência de vasos.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso e apotraqueal difuso
escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo diagonal e radial.
A frequência média é de pouco numerosa (13,00vasos/mm2). São solitários e
múltiplos de dois, raramente três, de seção ovalada, com diâmetro tangencial de
tamanho médio (111,99µm).
- Raios – pouco visíveis sob lente no plano transversal. Exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente
finos (7,80µm), extremamente baixos (0,20mm) e pouco frequentes (10,47
raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1119,78µm), com paredes
delgadas a espessas (4,01µm).
39
4.5 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de
Aimorés - MG
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/2 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 2,80 a 10,50cm e com valor médio de 7,00cm. Apresenta
brilho moderado, formado pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As
camadas de crescimento são indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, tendendo a formar
confluências e apotraqueal difuso escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial
predominante e diagonal. A frequência média é pouco numerosa (13,06
vasos/mm2). São solitários na maioria e geminados, raramente múltiplos de quatro,
de seção oval, com diâmetro tangencial de tamanho médio (100,69µm).
- Raios – visíveis sob lente no plano transversal. Exclusivamente unisseriados,
homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente finos (7,03µm),
extremamente baixos (0,29mm) e pouco frequentes (12,84 raios/mm).
- Fibras - predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1051,92µm), com paredes
delgadas a espessas (3,75µm).
4.5.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de
Aimorés - MG
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosado, 7,5YR
8/3 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
1,20 a 3,60cm e com valor médio de 2,90cm. Apresenta brilho moderado, formado
pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As camadas de crescimento
40
são aparentemente demarcadas por zonas fibrosas formadas em regiões de vasos
reduzidas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, tendendo formar pequenas
confluências e apotraqueal difuso escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial
predominante e diagonal. A frequência média é pouco numerosa (9,67vasos/mm2).
São solitários na maioria e raramente múltiplos de três, de seção ovalada, com
diâmetro tangencial de tamanho médio (142,25µm).
- Raios – visíveis somente sob lente no plano transversal. Exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente
finos (8,00µm), extremamente baixos (0,23mm) e pouco frequentes (10,28
raios/mm).
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1184,25µm), com paredes
delgadas a espessas (4,86µm).
4.6 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone A para a região de
Alto Rio Novo - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração marrom
castanho claro, 10YR 8/3 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura
do alburno varia entre 8,00 a 13,25cm e com valor médio de 9,33cm, para 24
árvores deste estudo. Apresenta brilho moderado, formado pelo espelhado dos
raios na face longitudinal radial. As camadas de crescimento são aparentemente
demarcadas por zonas fibrosas formadas em regiões de frequência de vasos
reduzidas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso, tendendo a formar
pequenas confluências e apotraqueal difuso escasso.
41
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo radial
predominante e diagonal. A frequência média é pouco numerosa (14,32
vasos/mm2). São solitários na maioria e geminados, de seção oval, com diâmetro
tangencial de tamanho médio (100,79µm).
- Raios – visíveis sob lente no plano transversal. Exclusivamente unisseriados,
homogêneos, formados por células procumbentes, extremamente finos (9,72µm),
extremamente baixos (0,27mm) e pouco frequentes (12,76raios/mm).
- Fibras - predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (984,81µm), com paredes
delgadas a espessas (3,83µm).
4.6.1 Descrição anatômica qualitativa da madeira do clone B para a região de
Alto Rio Novo - ES
Características gerais
Alburno de coloração clara, distinto do cerne, que possui a coloração rosado, 2,5YR
8/4 de acordo com a escala de Munsell (1957). A espessura do alburno varia entre
2,30 a 5,90cm e com valor médio de 4,00cm. Apresenta brilho moderado, formado
pelo espelhado dos raios na face longitudinal radial. As camadas de crescimento
são indistintas.
Características anatômicas
- Parênquima axial – paratraqueal vasicêntrico escasso e apotraqueal difuso
escasso.
- Vasos/poros – visíveis a olho nu, porosidade difusa com arranjo predominante
diagonal e radial. A frequência média é pouco numerosa (11,10vasos/mm2). São
solitários predominantemente e múltiplos de dois, raramente mais, de seção
ovalada, com diâmetro tangencial de tamanho médio (137,91µm).
- Raios – visíveis somente sob lente no plano transversal. Exclusivamente
unisseriados, homogêneos, formados por células procumbentes, são extremamente
finos (7,63µm), extremamente baixos (0,24mm) e pouco frequentes (10,66
raios/mm).
42
- Fibras – predomínio de fibrotraqueídeos. Curtas (1176,42µm), com paredes
delgadas a espessas (4,69µm).
4.7 Fotomicrografias dos três planos anatômicos d os dois clones A e B para
todas as regiões relacionadas neste estudo
As fotomicrografias das seções transversal (A), longitudinal tangencial (B) e
longitudinal radial (C) da madeira do híbrido natural de Eucalyptus grandis – clone
A e B nas diferentes regiões do Estado do Espírito Santo e Minas Gerais – são
apresentadas nas Figuras 1 a 12. Barra = 100µm.
Figura 1 – Clone A da região de Aracruz – ES.
Figura 2 – Clone B da região de Aracruz – ES.
Figura 3 – Clone A da região de Domingos Martins – ES.
43
Figura 4 – Clone B da região de Domingos Martins – ES.
Figura 5 – Clone A da região de Mutum – MG.
Figura 6 – Clone B da região de Mutum – MG.
Figura 7 – Clone A da região de São Mateus – ES.
Figura 8 – Clone B da região de São Mateus – ES.
44
Figura 9 – Clone A da região de Aimorés – MG.
Figura 10 – C lone B da região de Aimorés – MG.
Figura 11 – Clone A da região de Alto Rio Novo – ES.
Figura 12 – Clone B da região de Alto Rio Novo – ES.
45
4.8 Descrição anatômica quantitativa
4.8.1 Mensuração de elementos vasculares
Os valores médios e o respectivo desvio-padrão e os coeficientes de variação,
obtidos para os parâmetros relacionados ao diâmetro e frequência dos vasos para
os clones A e B da madeira do híbrido natural de Eucalyptus grandis, com média de
idade 69 meses, estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 - Valores médios de diâmetro e frequência vasculares para madeira dos
clones A e B, provenientes de diferentes regiões
Clone A Clone B
Região
Diâmetro tangencial
(µm)
Frequência (vasos/mm 2)
Diâmetro tangencial
(µm)
Frequência (vasos/mm²)
Aracruz - ES 95,47c B1
(18,05) (18,91)* 14,32b A (4,39) (30,67)
129,45c A (18,79) (14,52)
11,06b B (5,17) (46,24)
Domingos Martins-ES 103,23ab B (22,35) (21,65)
13,43cd A (3,66) (27,23)
129,68c A (34,52) (26,62)
10,41c B (3,34) (32,13)
Mutum - MG 103,46a B (21,52) (20,80)
13,68c A (3,73) (27,31)
126,10c A (25,68) (20,37)
9,95cd B (3,37) (33,86)
São Mateus - ES 91,59d B (14,57) (16,35)
16,00a A (3,93) (24,54)
111,99d A (20,96) (18,72)
13,00a B (3,89) (29,90)
Aimorés - MG 100,69b B (17,89) (17,76)
13,06d A (3,54) (27,13)
142,25a A (44,77) (31,47)
9,67d B (2,71) (28,05)
Alto Rio Novo - ES 100,79b B (23,23) (23,05)
14,32b A (4,01) (28,04)
137,91b A (18,79) (13,33)
11,10b B (3,56) (32,13)
Média geral 99,21 B (19,60) (19,75)
14,14 A (3,88) (27,48)
129,56 A (27,25) (20,84)
10,87 B (3,67) (33,72)
* Valores entre parêntesis correspondem ao desvio-padrão (µm e vasos/mm²) e coeficiente de variação (%), respectivamente. 1 Valores médios, ao longo das colunas, seguidos de mesma letra minúscula e ao longo das linhas, para o mesmo parâmetro, seguidos de mesma letra maiúscula, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Pela Tabela 3, observa-se que, de um modo geral, o clone A possui vasos de
menores diâmetros tangenciais, com as regiões de São Mateus e Aracruz se
destacando pelos menores valores, ou seja, vasos com diâmetros de 91,59 e
95,47µm, respectivamente. Para este mesmo clone, os maiores diâmetros
vasculares foram encontradas no lenho de árvores que cresceram nas regiões de
46
Domingos Martins e Mutum, cujos valores são de 103,23 e 103,46µm,
respectivamente.
Alzate (2004) avaliou as propriedades anatômicas da madeira de clones de
Eucalyptus grandis, com 8 anos de idade que cresceram no Estado de São Paulo e
encontrou valor de diâmetro tangencial dos vasos igual a 106,00µm. Tais valores
são próximos daqueles encontrados neste estudo para as regiões de Domingos
Martins – ES e Mutum – MG.
Em relação ao clone B na Tabela 3, são observados os maiores diâmetros
vasculares que aqueles encontrados para o clone A. Para o clone B, o maior
diâmetro vascular foi obtido para a madeira cultivada na região de Aimorés – MG,
cujo valor é de 142,25µm, diferindo estatisticamente de todas as demais regiões. A
região de São Mateus – ES é aquela cujos vasos têm o menor diâmetro para este
clone (111,99µm). As regiões de Domingos Martins – ES, Aracruz – ES e Mutum –
MG não diferem estatisticamente quanto ao diâmetro tangencial dos vasos das
madeiras ali produzidas.
De um modo geral, o clone A, produziu madeira com vasos de menores diâmetros
tangenciais e maiores frequência de vasos em todas as regiões, quando comparada
com as madeiras do clone B, para todas as regiões.
Os coeficientes de variação para o diâmetro dos vasos, observados no clone A,
variam entre 18,91 a 23,05%, demonstrando uma variação mediana, podendo
considerar que o diâmetro dos vasos foi pouco heterogêneo entre as regiões.
Quanto à variação no clone B, a região de Aimorés é a que apresenta uma maior
heterogeneidade no que diz respeito ao diâmetro de seus vasos, cujo coeficiente de
variação é da ordem de 31,47%. Para as demais madeiras, produzidas pelas
demais regiões, o clone B apresenta coeficientes de variação variando de 13,33 a
26,66%, considerados de baixo a médios.
Como é de se esperar, as madeiras que apresentam os menores diâmetros
vasculares são aquelas com maiores frequências vasculares, como ocorre para o
47
clone A. O clone B por sua vez, por apresentar vasos de maiores diâmetros,
apresenta os menores valores de frequência vasculares.
Alzate (2004) também em seu estudo relatou a anatomia da madeira de árvores de
Eucalyptus grandis com idade de 8 anos, encontrando valores de frequência
vascular variando de 9 a 14vasos/mm2, portanto próximos aos encontrados neste
estudo para ambos os clones e praticamente todas as regiões.
Os coeficientes de variação para a frequência de vasos, observados no clone A,
variam de 24,14% para a madeira de São Mateus a 30,67% para a da região de
Aracruz, considerados medianos a elevados, respectivamente. Para o clone B, as
regiões de São Mateus, Domingos Martins e Alto Rio Novo, apresentam
coeficientes de variação entre 29,90 a 46,24%, demonstrando uma alta variação,
portanto, bastante heterogêneo. A região de Aimorés apresenta coeficiente de
variação de 28,05%, o mais baixo para o clone B em relação às demais regiões, o
que demonstra que tais madeiras possuem grau mediano quanto às variações da
frequência vascular em seus lenhos.
Para melhor visualização da Tabela 3, os histogramas apresentando as médias das
mensurações do diâmetro tangencial e frequência dos vasos para os dois clones do
híbrido natural de Eucalyptus grandis, são apresentados nas Figuras 13 e 14,
respectivamente.
48
Diâmetro tangencial dos vasos
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Diâ
met
ro (
µm)
Clone A
Clone B
Figura 13 – Valores médios do diâmetro tangencial dos vasos para as madeiras
dos clones A e B nas diversas regiões.
A Figura 13 evidencia muito bem os maiores diâmetros tangenciais nos vasos da
madeira produzida pelo clone B, com destaque para a região de Aimorés – MG e
São Mateus – ES na produção de árvores com maiores e menores diâmetros
vasculares, respectivamente.
49
Frequência dos vasos
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Fre
quên
cia
(vas
os/m
m²)
Clone A
Clone B
Figura 14 - Valores médios da frequência vascular para as madeiras dos clones A
e B nas diversas regiões.
A Figura 14 evidencia novamente a presença de maior frequência vascular para as
madeiras do clone A, para todas as regiões, com destaque as regiões de São
Mateus – ES e Aimorés – MG, como aquelas produtoras dessas árvores com maior
e menor frequência vascular, respectivamente.
4.8.2 Mensuração do parênquima radial
Os valores médios dos parâmetros anatômicos do tecido radial da madeira dos dois
clones do híbrido natural de Eucalyptus grandis, com média de idade 69 meses, são
apresentados na Tabela 4.
50
Tabela 4 - Valores médios dos parâmetros mensurados nos raios da madeira dos clones A e B provenientes de diferentes regiões
Clone A Clone B Região
Altura (µm)
Largura (µm)
Altura (nº de células )
Frequência raios/mm
Altura (µm)
Largura (µm)
Altura (nº de células)
Frequência raios/mm
Aracruz – ES 239,73de A1 (96,03) (40,06)*
8,48b A (2,09) (24,67)
13,26c B (4,96) (37,46)
12,27d A (1,88) (15,30)
246,38a A (75,32) (30,57)
8,13abc B (2,32) (28,49)
13,85a A (4,32) (31,15)
10,43ab B (3,99) (38,24)
Domingos Martins- ES 252,85cd A (120,60) (47,70)
8,46b A (2,32) (27,44)
14,85b A (7,46) (50,26)
12,69bc A (1,96) (15,43)
214,49c B (97,82) (45,61)
8,34ab A (2,80) (33,57)
11,27c B (4,78) (42,41)
9,78d B (1,99) (20,34)
Mutum – MG 233,07e A (102,78) (44,10)
8,43b A (1,99) (23,60)
13,35c A (6,10) (45,73)
12,45cd A (1,82) (14,65)
219,98bc B (140,77) (63,99)
8,45a A (3,63) (43,00)
11,99bc B (5,29) (44,08)
10,04cd B (1,86) (18,56)
São Mateus - ES 261,55bc A (107,69) (41,17)
7,79c A (2,05) (26,31)
14,53b A (6,39) (43,96)
13,19a A (2,08) (15,76)
208,54c B (90,18) (43,24)
7,80cd A (2,23) (28,56)
11,57c B (5,76) (49,77)
10,47ab B (1,92) (18,32)
Aimorés – MG 298,01a A (166,65) (55,92)
7,03d B (1,89) (26,96)
16,05a A (4,62) (28,80)
12,84ab A (4,73) (36,84)
230,44b B (89,23) (38,72)
8,01bc A (2,16) (26,99)
12,52b B (6,62) (52,88)
10,28bc B (1,86) (18,11)
Alto Rio Novo - ES 271,41b A (115,83) (42,68)
9,72a A (3,50) (35,98)
15,92a A (5,90) (37,07)
12,76bc A (1,98) (15,54)
247,05a B (79,81) (32,30)
7,63d B (2,30) (30,16)
13,30a B (7,92) (59,57)
10,66a B (1,93) (18,16)
Média Geral 259,44 A (118,26) (45,27)
8,32 A (2,31) (27,49)
14,66 A (5,90) (40,54)
12,70 A (2,41) (18,92)
227,81 B (95,52) (42,40)
8,06 A (2,57) (31,79)
12,42 B (5,78) (46,64)
10,28 B (2,26) (21,95)
* Valores entre parêntesis correspondem ao desvio-padrão (µm, nº de células e raios/mm²) e coeficiente de variação (%), respectivamente. 1 Valores médios, ao longo das colunas, seguidos de mesma letra minúscula e ao longo das linhas, para o mesmo parâmetro, seguidos de mesma letra maiúscula, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância.
51
Ao avaliar o clone A na Tabela 4, verificando a altura do parênquima radial, o clone
implantado na região de Aimorés apresenta maior altura do parênquima radial
(298,01µm). A região de Mutum é a que demonstra menor altura do parênquima
radial (233,07µm), diferindo de todas as outras regiões.
Comparando com descrição de Alfonso (1987) ao analisar as características
anatômicas da madeira de Eucalyptus grandis, com a idade de 8 anos, em que os
valores da altura do parênquima radial estão variando entre 120,00 a 450,00µm, os
valores observados na Tabela 4 podem ser considerados baixos. Alzate (2004),
avaliando o clone da madeira de Eucalyptus grandis, com a idade de 8 anos,
encontrou valores para altura do parênquima radial variando entre 160,00 a
180,00µm, considerados bastante inferiores aos valores encontrados nesta
pesquisa.
Os coeficientes de variação, relativos às mensurações da altura do parênquima
radial, no clone A, variam de 28,80 a 50,26%, considerados elevados, indicativo de
grande heterogeneidade neste lenho com relação a esse parâmetro.
Considerando o clone B, na Tabela 4, a altura do parênquima radial para a região
de Alto Rio Novo apresenta maior valor correspondendo a 247,05µm e 208,54µm
para o menor valor médio demonstrado na região de São Mateus. Em relação à
altura de raios para a madeira da região de São Mateus, ao compararmos com as
informações de Alfonso (1987), anteriormente citadas, essa pode ser considerada
extremamente baixa.
Os coeficientes de variação para altura de raio no clone B variaram de 30,57 a
63,99%, considerados muito elevados para todo o material estudado desse clone.
A análise de variância mostra que, na Tabela 4, a região de Aimorés é a que produz
madeira com maior altura de raios pertencentes ao clone A. Raios mais baixos são
encontrados para as madeiras do clone B, produzidas nas regiões de São Mateus
(208,54µm) e Domingos Martins (214,49µm), que não diferem estatisticamente ao
nível de 5% de significância. A Tabela 4 demonstra de forma evidente para todas as
52
regiões, que a madeira do clone A apresenta raios mais altos que a madeira do
clone B. Também relativo ao número de células, o clone A se destaca com maior
altura em relação ao clone B para todas as regiões.
O valor médio observado, na Tabela 4, para a largura do parênquima radial do
clone A na região de Alto Rio Novo é de 9,72µm e para a região de Aimorés de
7,03µm, sendo o maior e o menor respectivamente. Alfonso (1987), ao descrever
as características anatômicas da madeira de Eucalyptus grandis, com idade de 8
anos, relatou valores de largura do parênquima radial variando de 8 a 22µm,
superiores aos apresentados na Tabela 4. Em relação ao clone B, a região de
Mutum apresenta raios com maior largura (8,45µm) e a região de Alto Rio Novo
menor largura (7,63µm), com diferenças estatísticas para o valor de 7,80µm obtido
para a madeira produzida na região de São Mateus.
Os coeficientes de variação relativos à largura do parênquima radial no clone A
variam de 24,67% para as madeiras da região de Aracruz até o valor de 35,98%
daquelas da região de Alto Rio Novo, todos considerados de medianos a elevados,
indicando pouca homogeneidade nos lenhos relativos às dimensões dos raios. Para
o clone B, as regiões de Domingos Martins, Mutum e Alto Rio Novo apresentam
valores entre 30,16 a 43,00%, indicando que o material apresenta grande variação
em seu tecido radial. Para as regiões de Aracruz, São Mateus e Aimorés, os
coeficientes de variação variam de 26,99 a 28,49%, podendo ser considerados
medianos.
Para a largura dos raios, a Tabela 4 apenas mostra uma ligeira diferença entre os
clones A e B no geral. O clone A apresenta raios de larguras superiores ao clone B
nas madeiras produzidas nas regiões de Aracruz (8,48µm) e Alto Rio Novo
(9,72µm). Quanto ao clone B, este produz madeira com raios mais largos que o
clone A apenas na região de Aimorés (8,01µm).
Relativo à frequência do parênquima radial do clone A, a região de São Mateus
apresenta, de acordo com a Tabela 4, valor de 13,19raios/mm, sendo o mais
elevado para esse clone. Para o mesmo clone, os menores valores são para as
53
regiões de Aracruz com 12,27raios/mm e de Mutum 12,45raios/mm, não
diferenciando estatisticamente ao nível de 5% de significância. Alfonso (1987)
encontrou valores variando entre 5 a 14raios/mm, para a madeira de Eucalyptus
grandis com 8 anos de idade. Quando comparados com os valores encontrados por
Alzate (2004), anteriormente citados, para a mesma espécie, foram de 13 a
16raios/mm, mais elevados que aqueles encontrados neste estudo.
Quanto ao clone B, para a frequência do parênquima radial, as regiões de Alto Rio
Novo, São Mateus e Aracruz produzem madeiras com maior frequência de raios,
porém não havendo diferenças estatísticas entre elas ao nível de 5% de
significância. Para o mesmo clone B, os lenhos que apresentam as menores
frequências de raios são produzidos nas regiões de Mutum e Domingos Martins,
que também não apresentam diferenças estatísticas ao nível de 5% de
significância.
O coeficiente de variação analisado para a frequência do parênquima radial no
clone A da região de Aimorés é de 36,84%, considerado elevado, refletindo em
grande heterogeneidade desses lenhos relativos à frequência radial. À exceção do
valor elevado para o coeficiente de variação apresentado na madeira produzida na
região de Aracruz, todas as demais regiões produzem madeiras mais homogêneas
quanto à frequência radial nos dois clones.
Ao considerar o parâmetro da largura relacionando ao número de células, todas as
regiões diferenciam estatisticamente. Quanto à frequência do parênquima radial,
todas as regiões diferem estatisticamente.
De um modo geral, ao compararmos os clones, avaliando os parâmetros do
parênquima radial quanto à altura, largura e altura (no de células), o clone A
demonstra valores maiores em relação ao clone B.
54
Para melhor visualização da Tabela 4, os histogramas apresentando as médias das
mensurações obtidos dos parâmetros, como altura, largura, altura (nº de células) e
frequência radial para os dois clones do híbrido natural de Eucalyptus grandis, são
apresentados nas Figuras 15, 16, 17 e 18, respectivamente.
Altura do parênquima radial
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Altu
ra (
µm)
Clone A
Clone B
Figura 15 – Valores médios da altura dos raios para as madeiras dos clones A e B
nas diversas regiões.
A Figura 15 ilustra de forma evidente que, para o clone A, a região de Aimorés –
MG produz madeira com raios mais altos que às demais. Para o clone B, não há
grande destaque relativo à produção de raios muito alta nas diversas regiões, ou
seja, graficamente não se percebe grandes diferenças na altura dos raios das
madeiras produzidas nas diversas regiões.
55
Largura do parênquima radial
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
Aracruz
D. Martin
s
Mutum
S. Mateus
Aimorés
Alto R
io Novo
Região
Larg
ura
(µm
)
Clone A
Clone B
Figura 16 - Valores médios da largura dos raios para as madeiras dos clones A e B
nas diversas regiões.
A Figura 16 deixa evidente apenas a produção de madeira com raios mais largos
pelo clone A na região de Alto Rio Novo – ES. Graficamente as demais regiões
produzem madeiras com raios de largura próximos nos dois clones estudados.
56
Altura (número de células)
0,002,004,006,008,00
10,0012,0014,0016,0018,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Núm
ero
de C
élul
as
Clone A
Clone B
Figura 17 – Valores médios da altura dos raios em números de células para as
madeiras dos clones A e B nas diversas regiões.
A Figura 17 destaca valores mais elevadas relativos à altura dos raios em número
de células para o clone A, com os maiores valores evidenciados para os lenhos
produzidos nas regiões de Aimorés – MG e Alto Rio Novo – ES, no que diz respeito
à altura dos raios em número de células. A Figura 17 também ilustra de forma
gráfica os raios mais altos em números de células para as madeiras produzidas
nas regiões de Aracruz – ES e Alto Rio Novo – ES, para o clone B.
57
Frequência do parênquima radial
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Fre
quen
cia
(n°/m
m)
Clone A
Clone B
Figura 18 – Valores médios da frequência dos raios para as madeiras dos clones A
e B nas diversas regiões.
A Figura 18 evidencia mais uma vez os maiores valores de frequência radial nas
madeiras do clone A, sendo estes sempre superiores a 12raios/mm em todas as
regiões estudadas. Nas madeiras do clone B, os valores da frequência radial
situam-se por volta dos 10raios/mm com valores superiores para a frequência de
raios nas madeiras produzidas nas regiões de Aracruz – ES, São Mateus – ES,
Aimorés - MG e Alto Rio Novo - ES.
4.8.3 Mensuração dos elementos fibrosos
Os valores médios dos parâmetros relativos às dimensões das fibras da madeira
dos dois clones do híbrido natural de Eucalyptus grandis, com média de idade 69
meses, são apresentados na Tabela 5.
58
Tabela 5 - Valores médios dos parâmetros mensurados a partir das fibras dos clones A e B provenientes de diferentes regiões
Clone A Clone B
Região
Comprimento (µm)
Largura da fibra (µm)
Diâmetro do lume
(µm)
Espessura de parede
(µm)
Comprimento (µm)
Largura da fibra
(µm)
Diâmetro do lume
(µm)
Espessura de parede
(µm) Aracruz – ES 970,84b B¹
(152,26) (15,68)* 16,93e A (3,34) (19,75)
11,05c A (3,13) (28,32)
2,94d B (1,00) (34,14)
1096,27bc A (156,46) (14,27)
16,93c A (3,44) (20,32)
10,03bc B (3,01) (30,01)
3,45d A (1,09) (31,69)
Domingos Martins-ES 910,65c B (153,45) (16,85)
18,76bc A (3,46) (18,45)
11,00c A (3,44) (31,24)
3,88a B (1,14) (29,46)
1117,50bc A (201,80) (18,10)
19,04a A (3,60) (19,00)
9,50cd B (3,40) (35,50)
4,80a A (1,30) (26,60)
Mutum – MG 924,35c B (137,19) (14,84)
18,51c A (3,35) (18,09)
11,31bc A (3,03) (26,79)
3,60bc B (0,81) (22,51)
1083,92c A (193,06) (17,81)
18,30b A (3,45) (18,88)
9,51cd B (3,03) (31,83)
4,39b A (0,96) (21,86)
São Mateus - ES 994,47b B (146,95) (14,78)
17,70d B (3,44) (19,44)
10,72c A (3,02) (28,20)
3,49c B (0,88) (25,14)
1119,78b A (147,36) (13,16)
19,09a A (3,57) (18,71)
11,08a A (3,25) (29,33)
4,01c A (0,94) (23,53)
Aimorés - MG 1051,92a B (443,09) (42,12)
19,58a A (3,20) (16,34)
12,09a A (3,15) (26,06)
3,75ab B (0,93) (24,83)
1184,25a A (164,07) (13,85)
19,16a A (3,62) (18,92)
9,43d B (3,48) (36,89)
4,86a A (1,23) (25,33)
Alto Rio Novo - ES 984,81b B (117,93) (11,97)
19,30ab A (3,21) (16,61)
11,64ab A (3,00) (25,79)
3,83a B (0,92) (24,02)
1176,42a A (236,13) (20,07)
19,61a A (3,32) (16,94)
10,24b B (3,01) (29,40)
4,69a A (1,09) (23,29)
Média Geral 972,84 B (191,81) (19,37)
18,46 A (3,33) (18,11)
11,30 A (3,13) (27,73)
3,58 B (0,95) (26,68)
1129,69 A (183,14) (16,21)
18,68 A (3,50) (18,79)
9,97 B (3,19) (32,16)
4,37 A (1,10) (25,38)
* Valores entre parêntesis correspondem ao desvio-padrão (µm) e coeficiente de variação (%), respectivamente. ¹ Valores médios, ao longo das colunas, seguidos de mesma letra minúscula e ao longo das linhas, para o mesmo parâmetro, seguidos de mesma letra maiúscula, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância.
59
Ao analisar o clone A, a Tabela 5 mostra para o comprimento de fibras, que a região
de Aimorés apresenta maior comprimento, correspondendo a 1051,92µm, e a
região de Domingos Martins apresenta menor comprimento com valor de 910,65µm.
Alzate (2004), ao avaliar o clone de Eucalyptus grandis, com idade de 8 anos,
relatou que a média do comprimento das fibras analisadas atingiu valor de
1030,00µm. Tomazello Filho (1985), ao avaliar as características anatômicas da
madeira de Eucalyptus gandis, com idade de 10 anos, relatou o comprimento das
fibras com o valor médio de 1200,00µm. Barrichelo e Brito (1976), ao analisar as
características anatômicas da madeira de Eucalyptus grandis, com idade de 5 anos,
relataram o comprimento de fibras de 1030,00µm.
Para o clone B, a Tabela 5 evidencia a formação de madeira com fibras mais longas
formadas nas regiões de Aimorés (1184,25µm) e Alto Rio Novo (1176,42µm), que
não diferem estatisticamente. Para o mesmo clone, os menores valores de
comprimentos foram para as madeira amostradas nas regiões de Domingos Martins
(1117,50µm), Aracruz (1096,27µm) e Mutum (1038,92µm), que também não diferem
estatisticamente entre si ao nível de 5% de significância.
Para todas as regiões, a Tabela 5 mostra que o clone B produz madeira com fibras
mais longas que o clone A, ou seja, comprimento médio igual a 972,84µm para o
clone A e igual a 1129,69µm para o clone B.
Os coeficientes de variação relacionados ao parâmetro comprimento da fibra para o
clone A da região de Aimorés apresentam o valor de 42,12%, demonstrando uma
maior heterogeneidade no lenho dessas madeiras quanto ao comprimento de suas
fibras. Para as madeiras produzidas nas demais regiões e provenientes do clone A,
os valores de coeficientes de variação podem ser considerados baixos, ou seja,
variam de 11,97 a 16,85%. Também relativo ao clone B, os valores de coeficientes
de variação são considerados normais para esse mesmo parâmetro avaliado.
Também observando a Tabela 5, verifica-se que, para a largura das fibras, os dois
clones produzem madeira com fibras de larguras próximas. Para o clone A,
destacam-se as regiões de Aimorés (19,58µm) e Alto Rio Novo (19,30µm), como as
60
que produzem madeiras de fibras mais largas, não diferindo estatisticamente entre
elas ao nível de 5% de significância. Para o mesmo clone, as fibras de menor
largura são encontradas nas madeiras produzidas na região de Aracruz (16,93µm).
Relativo ao clone B, os parâmetros largura das fibras não diferem estatisticamente
para as regiões de Alto Rio Novo (19,61µm), Aimorés (19,16µm), São Mateus
(19,09µm) e Domingos Martins (19,04µm). Nesse mesmo clone, a madeira com
fibras mais estreitas aparece na região de Aracruz, apresentando inclusive o
mesmo valor encontrado para o clone A, na mesma região, igual a 16,93µm. A
Tabela 5 mostra que somente na região de São Mateus há diferença estatística nos
clones relativos à largura das fibras, com o clone B destacando quanto a este
parâmetro. Alzate (2004) encontrou valores de largura de fibras de 20,99µm.
Tomazello Filho (1985) relatou largura de fibras de 23,00µm e Barrichelo e Brito
(1976) apresentou valores de 20,50µm para as madeiras de Eucalyptus grandis que
cresceram no Estado de São Paulo.
Os valores dos coeficientes de variação relacionados ao parâmetro largura da fibra,
para o clone A e B em todas as regiões analisadas estão entre 16 a 20%, indicando
que o material avaliado possui heterogeneidade mediana quanto à largura das
fibras do xilema secundário.
Avaliando o parâmetro diâmetro do lume para o clone A, os maiores diâmetros
apresentados ocorrem na região de Aimorés (12,09µm) e Alto Rio Novo (11,64µm)
que não diferem estatisticamente. Para o clone B, a região de São Mateus
apresenta maior diâmetro de lume correspondendo 11,08µm em comparação às
outras regiões que apresentam valores menores. Alzate (2004), Tomazello Filho
(1985) e Barrichelo e Brito (1976) encontraram valores de diâmetro de lume de
9,58, 12,20 e 10,30µm, respectivamente, para madeiras de idades entre 8 e 10
anos que cresceram no Estado de São Paulo.
Também relativo ao diâmetro de lume, apenas na região de Aimorés, há diferença
estatística significativa quanto a esse parâmetro, com o clone A produzindo lenho
com fibras de maior lume 12,09µm, comparado ao clone B cujo diâmetro de lume
atinge 9,43µm.
61
Os valores de coeficiente de variação são bastante elevados em todas as regiões,
relativo ao diâmetro de lume, indicando presença de lenhos bastante heterogêneos
no que diz respeito aos lumes das fibras.
Avaliando, na Tabela 5, o parâmetro da espessura de parede para o clone A, os
maiores valores são encontrados nas regiões de Domingos Martins (3,88µm), Alto
Rio Novo (3,83µm) e Aimorés (3,75µm) e não diferem estatisticamente. As fibras de
paredes mais delgadas, ainda para clone A, são produzidas na madeira da região
de Aracruz. Para o clone B, os maiores valores de espessura de parede das fibras
também são encontrados nas madeiras das regiões de Alto Rio Novo (4,69µm),
Aimorés (4,86µm) e Domingos Martins (4,80µm), não diferindo estatisticamente
entre elas. Também para clone B, a região de Aracruz se destaca por produzir
lenho com as fibras de paredes mais delgadas. De um modo geral, o clone B se
destaca por produzir lenho com fibras mais espessas comparado ao clone A, para
todas as regiões.
Alzate (2004), Barrichelo e Brito (1976) e Tomazello Filho (1985) encontraram para
a mesma espécie deste estudo valores de espessura de parede de 5,70, 5,10 e
5,40µm, respectivamente.
Os coeficientes de variação avaliados para a espessura de parede nos dois clones
variam de 21,86 a 34,14%, indicando também a formação de lenhos bastante
heterogêneos em relação a esse parâmetro para todas as regiões.
De um modo geral, os parâmetros comprimento de fibras, largura de fibras e
espessura de parede do clone A foram menores quando comparados ao clone B.
Quanto ao diâmetro do lume, o clone A apresenta maior valor quando comparado
ao clone B.
A Tabela 5 também fornece informações extremamente importantes no que diz
respeito à utilização de tais madeiras para a produção de celulose. Parâmetros
importantes, como comprimento, largura e espessura de parede das fibras,
destacadamente superiores no clone B, são indicativos da melhor adequação dessa
62
madeira para a produção de celulose, por implicarem em melhoria de algumas
importantes propriedades do papel.
Para melhor visualização da Tabela 5, os histogramas apresentando as médias das
mensurações obtidas de parâmetros dos elementos fibrosos, como comprimento,
largura, diâmetro do lume e espessura de parede, para os dois clones do híbrido
natural de Eucalyptus grandis, são apresentados nas Figuras 19, 20, 21 e 22,
respectivamente.
Comprimento de fibra
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
1400,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Com
prim
ento
(µm
)
Clone A
Clone B
Figura 19 – Valores médios do comprimento de fibra para as madeiras dos clones
A e B nas diversas regiões.
A Figura 19 ilustra novamente a superioridade do comprimento de fibras nos lenhos
do clone B, com maior destaque para as regiões de Aimorés e Alto Rio Novo.
Também para o clone A, a região de Aimorés se destaca na produção de lenho com
maior comprimento de fibras.
63
Largura da fibra
15,50
16,00
16,5017,00
17,50
18,00
18,5019,00
19,50
20,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Larg
ura
(µm
)
Clone A
Clone B
Figura 20 – Valores médios de largura de fibras para as madeiras dos clones A e
B nas diversas regiões.
A Figura 20 evidencia a pequena diferença na largura das fibras produzidas pelos
dois clones quando se comparam as regiões, com destaque para a maior largura de
fibras ocorrendo nas madeiras produzidas nas regiões de Aimorés e Alto Rio Novo
para os dois clones. Também evidencia bem a formação de fibras mais estreitas na
região de Aracruz para os dois clones.
64
Diâmetro do lume da fibra
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Diâ
met
ro (
µm)
Clone A
Clone B
Figura 21 – Valores médios de diâmetro de lume para as madeiras dos clones A e
B nas diversas regiões.
Graficamente, a Figura 21 deixa evidente a produção de lenho com fibras de
maiores diâmetros de lume no clone A, destacando ainda mais os maiores
diâmetros de lume das fibras dos lenhos produzidos na região de Aimorés.
65
Espessura de parede
0
1
2
3
4
5
6
Aracruz
D. Martin
sMutum
S. Mateus
Aimorés
Alto Rio Novo
Região
Esp
essu
ra (
µm)
clone A
clone B
Figura 22 - Valores médios de espessura de parede das fibras para as madeiras
dos clones A e B nas diversas regiões.
A Figura 22 evidencia a formação de fibras de paredes mais espessas no clone B
em todas as regiões, quando comparado ao clone A. Também destaca a produção
de fibras de paredes mais finas por ambos os clones na região de Aracruz.
66
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos no estudo de anatomia da madeira de
dois clones do híbrido natural de Eucalyptus grandis, pode-se concluir que:
– em relação aos aspectos anatômicos qualitativos do lenho dos dois clones
crescendo em diferentes regiões: (i) a coloração do cerne é variável; (ii) as camadas
de crescimento em algumas situações são distintamente demarcadas; (iii) o
parênquima axial apresenta tipos diferentes ; (iv) o arranjo dos poros varia de radial
a diagonal; (v) os raios são basicamente unisseriados e homogêneos; e (vi) as
fibras são predominantemente constituídas por fibrotraqueídeos;
– os parâmetros relacionados aos vasos/poros demonstram diferenças significativas
entre os clones, sendo que o clone B apresenta maior diâmetro e o clone A
apresenta maior frequência entre todas as regiões;
– em relação aos raios, também são verificadas diferenças relativas à altura, largura
e frequência entre os dois clones, nas diversas regiões. Tais diferenças são
acentuadas nos parâmetros relativos altura e frequência vascular;
– maiores comprimentos, largura e espessura de parede das fibras ocorrem no
clone B para todas as regiões estudadas. Quanto ao diâmetro do lume, o clone A se
destaca em quase todas as regiões, por produzir lenhos com fibras de maiores
diâmetros de lume;
– as madeiras produzidas na região de Aracruz, independente de clone possuem
fibras de comprimento e espessura de paredes muito inferiores às produzidas nas
demais regiões estudadas;
– as características anatômicas da madeira são significativamente variáveis para os
dois clones e nas diversas regiões, o que demonstra a importância de serem
avaliadas quando se busca a qualidade de madeira para a produção de celulose.
67
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80
Anexo 1 - Sumário das características anatômicas da madeira de dois clones de
hibrido natural de Eucalyptus grandis, com média de idade 69 meses para regiões
envolvidas neste estudo
CLONES
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS A B
Alburno: Cor Espessura (cm)
Cerne:
Cor Camadas de crescimento
Parênquima axial:
Paratraqueal Apotraqueal
Parênquima radial:
Tipo de célula Formato Altura (µm) Largura (µm) Frequência (raios/mm)
Vasos/poros:
Porosidade Agrupamento Arranjo Diâmetro tangencial (µm) Frequência (vasos/mm2)
Fibras:
Tipo Comprimento (µm) Largura (µm) Diâmetro do lume (µm)
Espessura de parede (µm)
Clara
7,00 a 9,14
Marrom castanho claro Indistinta e algumas possuem camadas mais escuras
Vasicêntrico escasso Difuso escasso
Unisseriados Homogêneos
259,44 8,32 12,70
Difusa Solitários
Radial e diagonal 99,21 14,14
Fibrotraqueídeos 972,84 18,46 11,30 3,58
Clara
2,90 a 4,00
Rosada Indistinta e algumas possuem região menor frequência de vasos
Vasicêntrico escasso Difuso escasso
Unisseriados Homogêneos
227,81 8,06 10,28
Difusa Solitários
Diagonal predominante e radial 129,56 10,87
Fibrotraqueídeos 1129,69 18,68 9,97 4,37
81
Anexo 2 - Resultados estatísticos das análises de variâncias dos clones A e B do
híbrido natural Eucalyptus grandis originados de Rio Claro – SP, com média de
idade 69 meses
Anexo 2.1 - Análise de variância relacionado ao diâmetro dos vasos/poros – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 487062,7 97412,54 119,585 0,000
Resíduo 6234 5078136 814,5870
Anexo 2.2 - Análise de variância relacionada à frequência dos vasos/poros – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 6830,194 1366,039 98,853 0,000
Resíduo 6234 86147,38 13,81896
Anexo 2.3 - Análise de variância relacionada ao diâmetro dos vasos/poros – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 92075,56 18415,11 45,713 0,00074 Resíduo 5514 2221262 402,8404
Anexo 2.4 - Análise de variância relacionada à frequência dos vasos/poros – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 4304,567 860,9134 56,989 0,00074 Resíduo 5514 83298,05 15,10665
Anexo 2.5 - Análise de variância relacionada à altura do parênquima radial – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 1442890 18415,11 30,899 0,000
Resíduo 6234 0,5822 x 108 402,8404
82
Anexo 2.6 - Análise de variância relacionada à largura do parênquima radial – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 551,2796 110,2559 16,291 0,000 Resíduo 6234 42190,45 6,767797
Anexo 2.7 - Análise de variância relacionada à altura (nº de células) do parênquima radial – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 5208,686 1041,737 28,152 0,000 Resíduo 6234 230684,4 37,00423
Anexo 2.8 - Análise de variância relacionada à frequência do parênquima radial – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 548,4982 109,6996 19,749 0,000
Resíduo 6234 34628,48 5,554777
Anexo 2.9 - Análise de variância relacionada à altura do parênquima radial – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 2651311 530262,2 36,204 0,00074
Resíduo 5514 0,8076 x 108 14646,66
Anexo 2.10 - Análise de variância relacionada à largura do parênquima radial – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 3750,151 750,0302 131,881 0,00066
Resíduo 5514 31359,14 5,687185
Anexo 2.11 - Análise de variância relacionada à altura (nº de células) do parênquima radial – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 6978,042 1395,608 39,262 0,00074 Resíduo 5514 196000,7 35,54602
83
Anexo 2.12 - Análise de variância relacionada à frequência do parênquima radial – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 430,1080 86,02159 12,288 0,00074
Resíduo 5514 38599,02 7,000185
Anexo 2.13 - Análise de variância relacionada ao comprimento de fibra – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de Quadrados
Quadrado Médio
F Signif.
Região 5 4620546 924109,2 25,584 0,000
Resíduo 3114 0,1124 x 109 36120,35
Anexo 2.14 - Análise de variância relacionada à largura de fibra – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 2396,121 479,2242 39,232 0,000 Resíduo 3114 38038,27 12,21524
Anexo 2.15 - Análise de variância relacionada ao diâmetro do lume da fibra – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 987,8527 197,5705 19,503 0,000 Resíduo 3114 31546,27 10,13047
Anexo 2.16 - Análise de variância relacionada à espessura de parede da fibra – Clone B
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 733,2494 146,6499 120,263 0,000 Resíduo 3114 3797,230 1,219406
Anexo 2.17 - Análise de variância relacionada ao comprimento de fibra – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 6223008 1244602 24,508 0,00021 Resíduo 2754 0,13985 x 109 50782,93
84
Anexo 2.18 - Análise de variância relacionada à largura de fibra – Clone A Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 2315,994 463,1987 41,766 0,00021
Resíduo 2754 30542,83 11,09035
Anexo 2.19 - Análise de variância relacionada ao diâmetro do lume da fibra – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 546,4059 109,2812 11,108 0,00021
Resíduo 2754 27093,16 9,837748
Anexo 2.20 - Análise de variância relacionada à espessura de parede da fibra – Clone A
Fontes de variação
G.L. Soma de quadrados
Quadrado médio
F Signif.
Região 5 286,1274 57,22549 62,527 0,00021 Resíduo 2754 2520,511 0,9152183
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