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Psicanálise e aprendizagemProfª Edla Cristina
A teoria da personalidade de Freud
•Uma visão nova , para além da teoria da personalidade de Freud e diante de todas as críticas que se possa fazer à Psicanálise, a autora do texto faz as seguintes questões:
•“ O que poderia ser, para a psicanálise, o fenômeno da aprendizagem?
•O que habilita uma criança para o mundo do conhecimento?
•Em que circunstâncias essa busca do conhecimento se torna possível?
- Pulsão - “representante psíquico das excitações provenientes do interior do corpo e que chegam ao psiquismo” (SANTOS, 2009).
Dentre as pulsões encontram-se as energias de natureza sexual, a libido (desejo sexual).
A sexualidade para Freud está relacionada a todos os desejos que pedem satisfação e que podem ser satisfeito em qualquer parte do nosso corpo.
Com a pressão das pulsões para chegar ao nível do consciente, vêm alguns fenômenos psíquicos:
Sonhos Atos falhos Sublimação Neuroses
Sonho - é uma concessão do superego para a liberação das energias do id, a condição para que isso aconteça é a falta de clareza do sonho.
Atos falhos – “desejo reprimido que obteve satisfação por uma fresta nas defesas do superego”(CUNHA, 2008, p. 13).
A sublimação – é a canalização de uma energia reprimida para um setor social aceitável.
Neurose – “desequilíbrio que se manifesta na vida consciente da pessoa”(CUNHA, 2008, p.14).
As pulsões
Pulsões parciais – aspectos perversos na sexualidade infantil: pulsão oral, no caso do prazer de sucção, anal...
As pulsões parciais são caracterizadas (...) “Antes do advento e do domínio do interesse pela criança , cujo interesse pela questão genital – pela cópula dita – ainda não foi despertado” (KUPFER, 1997, p. 41).
“Eis aí o ponto que interessa ao educador. Por seu caráter maleável, proveniente de ausência de objeto e de seu caráter decomponível, a pulsão sexual é passível de se dirigir a outros fins que não os propriamente sexuais” (KUPFER, 1997, p. 42).
A sublimação Sublimação – “Uma pulsão é dita sublimada
quando deriva para um alvo não-sexual” (KUPFER, 1997, p. 42).
A energia continua sendo sexual mas o objeto passa por um processo de dessexualização.
A sublimação ocorre porque há uma espécie de reserva libidinal que pode ser reaproveitada em atividades “espiritualmente elevadas” .
Aos educadores cabe aproveitar esse mecanismo e não tentar suprimir as pulsões parciais o que pode gerar efeitos como a neurose.
Ex.: A transformação da pulsão escópica em curiosidade intelectual, importante para o desenvolvimento do desejo de saber.
Princípio do prazer – “a atividade psíquica no seu conjunto tem por objetivo evitar o desprazer e proporcionar o prazer” ( FREUD, 1970 apud KUPFER, 1997, p. 53)
Princípio da realidade – junto ao princípio do prazer, transforma-o, na medida em consegue impor-se como regulador.
Sintoma – é a escolha do menor desprazer. Recalque – mecanismo de repressão dos
impulsos.
A teoria do desenvolvimento psicossexual - Fases
• Oral (0 - 18 meses)
Centros de prazer na boca — sugar, morder, mastigar.
• Anal (18-36 meses)
O prazer focaliza a eliminação do intestino e bexiga: lida com demandas de controle.
A teoria do desenvolvimento psicossexual - Fases
• Fálico (3-6 anos)Zona de prazer nos genitais; lida com
sentimentos sexuais incestuosos.
• Latência (6 anos à puberdade)Sentimentos sexuais latentes
• Genital (puberdade em diante)Maturação de interesses sexuais - Características
evidentes .
Freud e a aprendizagem Freud pensou quais os determinantes
psíquicos que fazem alguém ser um “desejante de saber” ( o famosos por quês das crianças).
Mas há dois por quês fundamentais: por que nascemos? Por que morremos? Que tem a ver com as expectativas dos pais em relação à criança.
Freud tenta descobrir a gênese dessas preocupações.
Há, portanto, o momento de descoberta daquilo que Freud chama de diferença sexual anatômica.
As crianças iniciam suas investigações sexuais que não são diretas.
Ocorre a percepção de que alguma coisa falta às meninas. Essa constatação leva meninos e meninas à angústia das perdas que Freud chamou de angústia de castração.
A descoberta das diferenças sexuais não ocorre pela observação mas pela passagem pelo complexo de Édipo.
A angústia que nos leva ao conhecimento.
Ao final do conflito edipiano a espera-se que a
investigação sexual infantil caia na repressão, mas parte
dela sublima-se em:
“pulsão de saber” associada a “pulsões de
domínio” e a “pulsões de ver”.
•As crianças precisam renunciar as investigações sexuais, isto é inerente à constituição infantil. Há , portanto um deslocamento dos interesses sexuais para os não-sexuais.
•Esse deslocamento associa-se à pulsão de domínio – curiosidade sádica. O desejo de saber – dominar , ver e sublimar.
•Para Freud, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual.
Ao chegar na escola, por volta dos 6 ou 7 anos, a criança está superando o complexo de Édipo e o mecanismo de sublimação está bastante atuante.
Para a psicanálise, o fenômeno da aprendizagem depende de como vai se aproveitar a libido.
Nesse sentido, o professor pode ter a sublimação a seu favor.
“ A investigação sexual sublimada “ associa-se à pulsão de domínio – conhecer é dominar.
Há determinantes que levam a criança a querer aprender mas ela não aprende sozinha.
“O ato de aprender sempre pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina” (KUPFER, p. 84).
A fala do professor nunca é objetiva.
• “A finalidade da educação é instaurar o princípio da realidade como princípio regulador das condutas individuais”( JOILBERT, 2010, P. 15).
• “Para Freud, a educação precisa “ensinar a criança a dominar seus instintos” sabendo que “é impossível, de fato, usufruir uma liberdade total; autorizar a obediência total aos seus impulsos” ( FREUD, 1965, pp. 166-167).
A educação “ visa reprimir a energia sexual para convertê-la em sentimentos que possam ser empregados em prol da harmonia social”.
“Uma liberdade infinita equivale à negação da liberdade” (JOLIBERT, 2010, p. 22).
Para Freud, o ato de aprender
sempre pressupõe uma
relação com outra pessoa, a
que ensina.
A relação professor - aluno
Bibliografia
KUPFER, M.C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1989.
CUNHA, Marcus Vinícius da Cunha. Psicologia da Educação. 4ª edição. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.