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Publication of the

Sasana Abhiwurdhi Wardhana Society

Buddhist Maha Vihara,123, Jalan Berhala, Brickfields,50470 Kuala Lumpur, Malaysia

Tel: 603-22741141 Fax: 603-22732570E-Mail: [email protected]: www.buddhistmahavihara.com

www.ksridhammananda.com

Published for Free DistributionPermission to reprint for free distribution can be

obtained upon request.

1st Print – December 2008 (1000 copies)

The Society gratefully acknowledges the efforts ofVen Sunan Sunantho for translating the orginal

English text into Portuguese.

Printed by Uniprints Marketing Sdn. Bhd. (493024-K)(A member of Multimedia Printing & Graphics (M) Sdn Bhd)

ISBN: 978-967-5168-14-7

ONDE ESTÁ O BUDDHA?

Ven. Dr. K. Sri Dhammananda

(Translated into Brazilian Portuguese by Rev. Sunantho Bhikkhu)(Traduzido para o Português do Brasil por Rev. Sunantho Bhikkhu)

Publicado Originalmente por:

Buddhist Maha Vihara123, Jalan Berhala, Brickfields50470, Kuala Lumpur, MalaysiaTel.: 03-22741141, 22741186E-mail: [email protected]

Primeira Edição Original em 31 de Agosto de 2006 (50.000 cópias)

ESTE LIVRO É SOMENTE PARA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA, NÃO PODE SER VENDIDO.THIS BOOK IS FOR FREE DISTRIBUTION ONLY, CAN NOT BE SOLD.

Em memória de nosso amado MestreVenerabilíssimo Dr. K. Sri Dhammananda Nayaka Maha Thera(Sri Lanka, 18 Março 1919 - Malásia, 31 Agosto 2006)

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ONDE ESTÁ O BUDDHA?

As pessoas sempre fazem esta pergunta; para onde o Buddha foi e onde ele está vivendo agora? É uma pergunta muito difícil de responder aos que não têm uma vida de desenvolvimento mental. Isto porque todo mundo pensa sobre a vida de modo mundano. É difícil para as pessoas entender o conceito de Buddha. Certos missionários se aproximam dos buddhistas e dizem que o Buddha não era um deus, era um homem. Ele morreu e partiu. O que se pode lucrar em adorar um homem morto? Mas, devemos entender que o Buddha é chamado Satthá Dêva-manussánam, que significa mestre dos deuses e dos homens. Sempre que os deuses tinham alguma questão, procuravam o conselho do Buddha. Então eles afirmam que o deus deles está vivo e, por isso, todos deveriam rezar para ele.

De acordo com a Ciência, foi preciso milhões de anos para que desenvolvêssemos nossa mente e entendimento. Quando nossa mente não estava completamente desenvolvida, percebemos que há alguns poderes que fazem a natureza funcionar. Porque não éramos capazes de entender exatamente como a natureza funciona,

começamos a pensar que há uma pessoa que cria e mantêm essas ocorrências. Para ajudar os demais a entenderem este conceito, foi dada a essa energia uma forma e representação física, com estátuas e pinturas. Esses “espíritos” ou poderes foram importantes para fazer com que os humanos praticassem o bem e não cometessem más ações e também para recompensá-los por praticarem o bem. Sempre que temos medo, preocupações, suspeita, insegurança, precisamos de algo do qual dependa a nossa proteção. Eventualmente, essa força é transformada em um Deus único. Agora, as pessoas dependem de Deus para tudo. E, por causa disto, tentam apresentar a idéia de que existe uma alma eterna que deixa este mundo e permanece eterna, no céu. Com isto, satisfazem o apego a uma existência para sempre. O Buddha diz que tudo que passa a existir, está sujeito a mudanças, decadência e extinção.

Quando analisamos a vida do Buddha, vemos que ele nunca se apresentou como sendo filho de Deus nem mensageiro de Deus, mas simplesmente um mestre Iluminado. Ao mesmo tempo, o Buddha nunca se apresentou como encarnação de um outro Buddha. Tampouco o Buddha é o criador de um outro Buddha, nem a reencarnação

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de outro Buddha. Ele é uma pessoa que, através de um longo trabalho por um longo período, vida após vida, desenvolveu e cultivou todas as grandes qualidades, virtudes, e sabedoria, às quais chamamos de Paramitas ou perfeições. Quando completou todas essas qualidades, ganhou a Iluminação: o completo entendimento de como o Universo funciona. Ele descobriu que não existe um Deus criador do Universo.

As pessoas perguntam como ele pode ter conseguido a Iluminação sem a ajuda de algum deus. Os Buddhistas afirmam que todo indivíduo é capaz de desenvolver a mente e o entendimento sobre tudo. O significado da palavra manússa, em muitas línguas, é ser-humano. Mas o significado da palavra Mána é mente. Portanto, manússa é o ser-humano que pode desenvolver e cultivar a mente até a perfeição. Ninguém além dos seres- humanos pode desenvolver a mente até esse ponto, para atingir a Iluminação. Nem mesmo os seres divinos podem se tornar Buddhas, porque eles não conseguem desenvolver a mente a tal ponto. Eles têm sensualidade mundana, paz, existência próspera mas a capacidade de pensar deles é muito pobre. Apenas manússa, seres humanos, podem se tornar um Buddha, um

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Iluminado. Quando dizem que o Buddha não é um deus, não devemos tentar provar o contrário. Se o fizermos, na verdade estaremos menosprezando o conceito de Iluminação. Há quem diga que deus mandou uma mensagem para a Humanidade. Se a mensagem é para todos os seres-humanos neste mundo, por que ele não a proclamou em público e a revelou a apenas um homem? O Buddha não incentivou ninguém a acreditar em nada nem afirmou ter sido instruído por um poder mais alto a fazer isso.

Certa vez, um sacerdote cristão veio me ver, com alguns de seus seguidores para discutir sobre Buddhismo e perguntou: “Na verdade, me diga, em que os buddhistas acreditam?” Eu, muito francamente, disse a eles que não “acreditamos” em nada. Então ele me mostrou meu livro “No que os Buddhistas Acreditam” e perguntou:”Por que escreveu esse livro?” Eu disse a ele: “Escrevi este livro para que você o leia e veja se há algo no qual deve acreditar.” “Neste caso”, ele perguntou, “pode me dizer o que fazem os Buddhistas?” Eu disse: O Buddha nos deu a resposta para essa pergunta, ele nos aconselhou sobre o que fazer. Em vez de acreditar, devemos praticar pariyatti, patipatti e pativeda. Há três modos de prática.

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Primeiro, temos que tentar entender porque não podemos acreditar cegamente em nada que não consigamos entender.

Neste Ensinamento do Nobre Caminho Óctuplo, o primeiro ítem é sammaditthi, a visão ou entendimento correto. O Buddha começou sua missão pedindo aos seus seguidores para desenvolverem o correto entendimento, em vez de terem fé ou crença cegas. Após aprendermos, obtemos o maravilhoso conhecimento sobre o Buddha e seus Ensinamentos. Você tem que praticar o que aprendeu. Se não entendeu vai criar idéias de acordo com sua própria imaginação. O conselho dele foi para que praticássemos o que aprendemos com correto entendimento. Após praticarmos experimentamos o resultado ou efeito. Só assim sabemos se é verdade. Estes são os três métodos ensinados pelo Buddha, aprender, entender, praticar. Este é o modo de viver neste mundo para se livrar do sofrimento. Agora você é capaz de entender que o modo do Buddha introduzir o Ensinamento não foi nos pedindo para acreditarmos mas sim para aprendermos e examinarmos os resultados.

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Por exemplo, o Buddha diz que temos que ser gentis, temos que ser honestos. Após entendermos o Ensinamento, tentamos praticá-lo e em seguida, todos nos respeitam quando percebem que somos gentis e muito honestos. Ninguém quer perturbar ou acusar você, todos respeitam. É este tipo de resultado que você experimenta. Ao mesmo tempo, o Buddha diz que temos que tentar entender de acordo com o nível de sua própria experiência. Você pode testar os resultados da prática por você mesmo. Entende como algumas coisas estão erradas e porque outras são certas e outras são certas, mas, ainda assim você não as segue por causa da proibição ou Mandamento, vindo dos céus. Você tem uma mente pensante e bom senso para entender. Nosso entendimento e nossa experiência própria são suficientes para entender a razão de algo ser certo ou errado. Por exemplo, o Buddha nos aconselhou a não destruir outros seres vivos. Ele não criou nenhuma Lei Religiosa para isso, porque um ser humano inteligente deve ser capaz de entender que matar um ser vivo é crueldade. Não é difícil de entender o porquê de isto ser mau, porque quando alguém vem e tenta nos matar, certamente não gostamos disso. Novamente, pergunto como você se sente quando tem algo valioso roubado? Da mesma

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forma, quando roubamos algo de alguém, a pessoa não gosta disso. Não é necessário que recebamos ordens de um deus ou Buddha ou Jesus para entendermos este simples conceito. Mestres religiosos aparecem no mundo para nos lembrar de coisas que negligenciamos ou esquecemos. Sua própria experiência e entendimento são muito mais importantes e mais do que suficientes para que você saiba exatamente o porquê de certas coisas serem certas e outras erradas.

O Buddha nos aconselhou a pensar e entender. Temos o sentido da razão. Temos senso comum, diferentemente de outros seres vivos que também têm uma mente, mas não podem usá-la de modo racional. Suas mentes se limitam a encontrar comida, abrigo, proteção e prazer sensual. Não podem ir além disso. Mas seres-humanos têm a mente para pensar e entender até um nível máximo. É por isso que os cientistas têm pesquisado e descoberto tantas coisas que nunca tínhamos ouvido antes. Não há nenhum outro ser-vivo neste mundo que seja capaz de ir até esse ponto. Por isso, somente seres-humanos são capazes de se tornar um Buddha. Somente através do desenvolvimento da mente, os seres humanos obtêm a Iluminação. O Buddha nos disse para

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agirmos de acordo com nossa própria experiência. Assim, podemos comprovar os resultados. Os seguidores das Religiões saúdam uns aos outros dizendo: “Deus te abençoe!”, mas buddhistas dificilmente se cumprimentam dizendo “que o Buddha te abençoe!”. Mas recitam “Buddham saranám gatcháami” (eu me refugio no Buddha). Se os buddhistas acreditam que podem se refugiar no Buddha, por que não dizem “que o Buddha te abençoe!”? O Buddha também nos aconselhou a lembrar dele nos momentos de medo.

Então, “Onde está o Buddha” é o nosso tema. Podemos dizer que ele está no céu, ou mora no Nibbana ou está em algum outro lugar? Para onde ele foi? Devemos lembrar que tudo o que perguntamos é do ponto de vista deste mundo. Depois de atingir a Iluminação o Buddha afirmou: “ayamantimadjáti natt´hidanipunábavo” , este é meu último renascimento e não há mais o tornar a ser, parei de voltar e voltar a ser neste mundo, vida após vida, experimentando sofrimento infinito. Os prazeres e entretenimentos que as pessoas vivenciam, são satisfações emocionais temporárias que desaparecem dentro de um período curto. Isto cria insatisfatoriedade.

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Durante nosso período de vida, fisicamente e mentalmente passamos por enormes sofrimentos, preocupações, problemas, dor, dificuldades, calamidades e insatisfação. Não existe ninguém no mundo que possa dizer que está satisfeito com a vida. Todo mundo reclama e se queixa de problemas físicos ou psicológicos. Ao entender esta situação, o Buddha cessou seus renascimentos. A isto chamamos salvação. Salvação significa libertação do sofrimento físico e mental. Portanto, se não gostamos de sofrer, o melhor a fazer é parar de vez com o renascimento. Nós nos apegamos à existência. Cobiça e apego são muito fortes em nossa mente. Queremos existir, mesmo com tanto sofrimento e problemas por causa do nosso apego e ignorância. Veja o que está acontecendo no mundo. O mundo todo é um grande campo de batalha, por toda parte as pessoas criam violência e derramamento de sangue, e guerra e destruição. Os animais vivem sem criar problemas que os façam sofrer. Quando estão com fome, saem e matam outro ser vivo, satisfazem a fome e voltam a dormir. Mas os seres-humanos não se contentam sem ter apego a tantas outras coisas. Apego é algo tão forte na mente humana. Por causa dele o ciúme, inimizade, raiva, má vontade, crueldade, fraqueza surgem.

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Os seres-humanos têm uma religião. A religião não é apenas para adorar e rezar, mas para prestar serviço aos outros seres-vivos para que possamos manter afastados os maus pensamentos e assim servir aos outros. Os aspectos devocionais de uma religião são importantes, mas eles sozinhos não são capazes de desenvolver a mente e criar o entendimento correto para alcançar a sabedoria.

Quando o Buddha estava morrendo, muitas pessoas se reuniram com flores para oferecer a ele e demonstrar respeito. O Buddha pediu que elas fossem embora. Ele explicou que, se elas realmente quisessem mostrar respeito por ele, em vez de oferecerem flores e adoração, deveriam praticar ao menos um dos conselhos que ele as tinha dado. Assim, elas realmente o respeitaram ainda mais.

Agora você entende o que o Buddha queria. Uma vida espiritual não significa recitar apenas, mas seguir alguns conselhos dados por ele. Uma vez um monge chamado Bákkula decidiu se sentar diante do Buddha e o observar diariamente. O Buddha perguntou: “O que você está fazendo aqui?” - Ele respondeu: “Quando olho para seu corpo físico, isto me traz grande

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felicidade.” O Buddha disse, “Bákkula, olhando este corpo sujo, impuro, impermanente, o que você ganha? Você apenas entretém suas emoções. Não pode ver o Buddha verdadeiro através do corpo físico.” Então ele disse: “Somente quem entende o Dhamma ensinado pelo Buddha vê o Buddha realmente. O Buddha real aparece na mente quando entendemos o que o Buddha ensinou.” Aqui, você pode entender que o Buddha não se limitava particularmente ao corpo físico. Quando estudamos a história da Índia, por aproximadamente 500 anos nunca houve nenhuma imagem do Buddha, porque ele nunca incentivou alguém a fazer imagens dele. Foram os Gregos quem criaram as imagens do Buddha e outras formas e símbolos religiosos. Agora, é claro, diferentes formas e imagens do Buddha estão espalhadas pelo mundo todo.

Seguidores de algumas religiões nos condenam como idólatras, adoradores de imagens. Na verdade, eles não sabem o que os buddhistas fazem. Algumas centenas de anos após o Buddha, havia um monge bastante conhecido, chamado Upágutha. Ele era excelente em discursos. Sempre que dava sermões, milhares de pessoas se reuniam para ouví-lo. Mara, o rei dos demônios, estava

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muito insatisfeito porque mais e mais pessoas estavam se tornando seguidoras do Dhamma.

Maras não são seres-vivos, mas sim fortes obstruções mentais e obstáculos que nos impedem de seguir uma vida de desenvolvimento mental. Mara é então personificado como O Malévolo. Este Mara começou a fazer encenações atraentes, dança, canções, e espetáculos em frente ao templo. Assim, os devotos gradativamente se voltaram para Mara. Ninguém quis ouvir os Ensinamentos. Upagutha decidiu dar uma boa lição a Mara e também ele foi assistir seu espetáculo. Quando a apresentação terminou, Upagutha disse que gostou muito. “Como agradecimento pelo espetáculo, gostaria de pôr um colar de flores em seu pescoço.” Mara estava muito orgulhoso. Quando Upagutha pôs o colar de flores em seu pescoço, ele sentiu um aperto na garganta, como se estivesse sendo estrangulado por uma cobra. Ele tentou arrancar a cobra mas não conseguiu. Foi então procurar Shakra, o Rei dos Deuses e pediu ajuda para arrancar o colar de flores. Shakra também fez todo o possível, mas não conseguiu remover. Mara pediu ajuda a Brahma, o deus criador, que também tentou inutilmente remover o colar de flores. Brahma disse a Mara que somente

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quem colocou nele o colar, seria capaz de removê-lo. Assim, Mara teve que voltar ao Venerável Upagutha e pedir a ele que retirasse o colar, caso contrário, Mara morreria. Upagutha disse, “Não é difícil mas eu tenho duas condições. Primeiro, você tem que prometer não mais perturbar meus futuros Ensinamentos.” Mara concordou. “A segunda condição é que, você já viu o Buddha e já o perturbou diversas vezes. Você continua existindo há centenas de anos após o Buddha. Tem poder sobrenatural para reproduzir o corpo físico dele.” Mara disse que sim, que poderia fazer isso se tivesse a promessa de não ser adorado quando aparecesse na forma física do Buddha, porque ele não era um homem santo.” Então, Upagutha garantiu que não adoraria a Mara.” No entanto, quando ele apareceu como um Buddha real, o Venerável Upagutha o reverenciou. Então Mara gritou, “Você prometeu que não me adoraria.” Mas Upagutha disse, “não reverenciei Mara, reverenciei o Buddha.”

Este é um bom exemplo para as pessoas dizerem aos outros o significado de reverenciar a imagem do Buddha. Quando temos uma imagem do Buddha, à qual reverenciamos, podemos usá-la também como objeto de meditação. Isto não

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é adorar um ídolo. Você convida o Buddha a entrar em sua mente, através de um símbolo. É um símbolo de cultivo mental. Como a imagem do Buddha age como apelo à mente humana, pode ser entendido através do seguinte exemplo. Durante a Segunda Guerra Mundial, em Mianmar, o comandante chefe do exército encontrou uma bela imagenzinha do Buddha. Ele a mandou de presente a Winston Churchill, que era o Primeiro Ministro da Inglaterra na época, com a seguinte nota: “por favor, mantenha esta imagem em sua mesa. Sempre que tiver alguma preocupação ou problemas, olhe para o rosto da imagem. Acredito que assim o senhor possa acalmar sua mente.”

O Sr. Nehru, ex-Primeiro Ministro da Índia, foi preso pelo Governo Britânico. Quando estava na prisão, tinha uma pequena imagem do Buddha em seu bolso. Pegou a imagem e a pôs na mesa, ao olhar para ela, pensou: “Apesar de tantos problemas, tantas dificuldades no mundo, se o Buddha conseguiu manter o sorriso em sua face, por que não seguir o exemplo desse grande homem?”

Anatole France, que foi um grande catedrático francês, visitou o Museu de Londres e, pela

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primeira vez na vida viu uma imagem do Buddha. Olhando para ela, disse: “se Deus tivesse descido do céu para vir à Terra, não teria outra aparência além dessa.” Entretanto, uma imagem não é essencial. Muita gente pode praticar os Ensinamentos do Buddha sem ter uma imagem. Ter uma imagem não é algo obrigatório. Não a adoramos, não rezamos para ela, não pedimos nada à imagem, apenas prestamos homenagem, respeitamos a imagem de um grande mestre.

Um de nossos membros tem uma imagem há 45 anos em sua casa. Um dia, um missionário disse que ele estava idolatrando o demônio. Ele não soube o que responder. Isto é surpreendente, porque durante 45 anos ele presta respeito à imagem e não sabe o que dizer quando alguém o condena por fazer isso. É essa a fraqueza de alguns buddhistas. Seguem a tradição, adoração, rezas, oferendas, recitações, mas não entendem os verdadeiros Ensinamentos do Buddha. Entenda que, com ou sem imagem do Buddha você pode praticar seus Ensinamentos. O corpo físico não é o Buddha.

De acordo com a Tradição de Buddhismo Mahayana, há 3 corpos do Buddha, ou 3 káyas,

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sambhogakáya, nirmanakáya e dharmakáya. Ele usou ambos, sambhogakáya e nirmanakáya para comer, dormir, caminhar, falar, aconselhar e discursar. Todas essas atividades foram feitas com o corpo físico. Quando atingiu o Parinibbana, esses dois corpos desapareceram. Mas o Dharmakáya ou corpo do dhamma do Buddha não vai desaparecer nunca. De acordo com o Mahayana, o Buddha Amitábha está em Sukhaváti, a Terra Pura. Quem recita seu nome, com respeito e os que o adoram, renascerão na Terra Pura e, em seguida, terão a chance de alcançar o Nibbana. De acordo com esse modo de pensar e acreditar, este conceito dá muita confiança e esperança de que o Buddha ainda estará vivo até que todos os seres alcancem a salvação final.

O Buddha mencionou: “caso um Buddha apareça ou não, o Dhamma existe para sempre no mundo”. Quando um Buddha aparece, ele percebe que as pessoas já esqueceram o verdadeiro Dhamma. “Este Dhamma que eu entendi não é um dhamma novo, criado por mim”, disse o Buddha. Este Dhamma sempre existiu mas as pessoas o interpretaram mal, criaram conceitos errados, de acordo com suas imaginações, e poluíram completamente a pureza do Dhamma.

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Isto acontece até hoje, 2.500 anos após o Buddha ter revelado a verdade sobre o Dhamma. As pessoas fazem coisas erradas em muitos países, em nome do Buddha. Elas não seguem realmente o conselho dado pelo Buddha. Incluem suas culturas tradicionais e misturam suas práticas ao Buddhismo, apresentando o resultado como Buddhismo. Nós Buddhistas temos que tentar aprender o que o Buddha ensinou e tentar praticar o Ensinamento dele para buscar nossa salvação.

As pessoas perguntam onde está o Buddha. Praticar o Buddhismo não é necessariamente saber onde o Buddha está, ou para onde ele foi. Veja o caso da eletricidade, descoberta por alguém. Não precisamos saber quem descobriu a eletricidade, de qual país era. Nossa função é simplesmente utilizar a eletricidade. Também quem descobriu os átomos ou a energia atômica pode usá-la para construir ou destruir. Assim, é nosso dever usar essa energia de modo correto. Na verdade, não é necessário saber quem descobriu a energia atômica. Alguém descobriu o computador e a televisão, mas não precisamos saber os nomes ou detalhes sobre quem foi. Basta que os usemos.

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Da mesma forma, não pergunte onde está o Buddha ou para onde ele foi. Se o Dhamma, que ele ensinou, é verdadeiro, disponível e efetivo, por que é necessário saber onde o Buddha está? O Buddha nunca disse que pode nos mandar para o Céu ou para o Inferno. Ele pode dizer a você o que fazer ou não para ganhar a salvação, é tudo o que o Buddha pode fazer. Ele não pode fazer nada além disso por você. Sua função é praticar o que o Buddha nos ensinou. Há quem diga que Deus pode lavar os pecados que as pessoas cometem. O Buddha nunca disse nada sobre pecados serem cometidos por alguém, ou poderem ser lavados por outra pessoa. Nem Buddha nem Deus podem fazer isso. Quando alguém está morrendo e diz acreditar em Deus, após todos os atos pecaminosos que cometeu, será que Deus pode lavar todos os pecados? Por exemplo, talvez você seja temperamental e sabe que isso é errado, mas não consegue mudar seu modo de ser. Você reza a Deus e pede a ele, por favor, para tirar a maldade da sua mente, você acha que Deus pode fazer isso? Você pode adorar o Buddha e pedir a ele para remover a maldade da sua mente. Mas o Buddha também não pode fazer isso. Ele apenas pode dizer como você, por esforço próprio, consegue remover seu ódio. Ninguém além de você mesmo pode lhe

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ajudar, através do entendimento. Apenas você pode perceber: “esse ódio é perigoso, pode causar muitos problemas e dificuldades, é prejudicial e faz mal aos outros. Tenho que tentar reduzir o ódio pelo uso da energia mental e criar uma forte determinação para retirá-lo da minha mente.” Assim, nem o Buddha nem Deus podem lavar pecados cometidos por nós, somente nós mesmos podemos fazer isso. Há um bom conselho, dado pelo Buddha: Se alguém cometeu uma má ação, ou mau kamma, não adianta fugir dos efeitos dele rezando para Deus ou para o Buddha. No entanto, quando entendemos que cometemos uma má ação, devemos parar de cometê-la. Temos que estar determinados, em nossa mente, a criar mais e mais bom kamma e ações meritórias. Quando desenvolvemos ações meritórias, o efeito do mau kamma anteriormente praticado pode ser superado pelo bom kamma.

Veja, por exemplo, Angulimála, o assassino que matou quase mil seres-humanos. Quando o Buddha soube disso, foi procurá-lo. Angulimála tentou matar o Buddha, porque tinha completado 999 mortes. Ele tinha a missão de matar mil, e ficou feliz de ver o Buddha, porque pensou que pudesse pegá-lo. Acontece que o Buddha

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usou de um milagre: sabendo que seria difícil controlar Angulimá-la pelas palavras, o Buddha começou a andar em velocidade normal e deixou que Angulimála corresse atrás dele. Quando Angulimála mandou que o Buddha parasse de correr, o Buddha disse: “eu já parei, só você continua correndo.” Angulimála disse: “como pode dizer que já parou de correr, quando vejo que continua?” O Buddha respondeu: “Já parei, significa que parei de matar e destruir outros seres vivos. Você é quem continua, significa que apenas você ainda não parou de cometer maus atos. Se parar de correr, então, poderá me alcançar.” Então, Angulimála disse: “Não consigo entender o que você disse.” E o Buddha continuou, “Eu parei de matar, mas você continua, significa que continua correndo, continua dentro do Samsara,” Então Angulimála percebeu seu erro e decidiu seguir o Buddha, tornando-se um monge praticante da meditação. Mais tarde, atingiu o estado mental de Arahant e alcançou o Nibbana. O mau kamma não teve chance de pegá-lo. Desenvolveu bom kamma e o mau kamma não teve efeito sobre ele. O Buddha ensinou que esse método de superar o efeito do mau kamma não é através de oração para nenhum deus, mas através da prática de ações meritórias.

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Se eu dissesse que o Buddha está morando em algum lugar do Universo, com uma forma física qualquer, isto seria contra os Ensinamentos do Buddha. Por outro lado, se eu disser que o Buddha não está em parte alguma do Universo, com uma forma física, muita gente vai ficar desapontada, porque isso não vai satisfazer o apego delas pela existência. Portanto, chamam a isto de nulidade. Não é nulidade; é o fim do sofrimento físico e mental e a experiência da salvação da alegria Nibbânica. Por outro lado, há quem realmente precise de uma forma física, de uma imagem do Buddha, para acalmar a mente, reduzindo a tensão, o medo e as preocupações. No entanto, não é correto dizermos que o Buddha está vivo ou não. Se a doutrina do Ensinamento do Buddha é acessível a nós para que tenhamos paz, satisfação em nossa vida, isto é mais do que bastante para todos. Consideremos um médico que tenha descoberto um remédio eficiente. Se ele está disponível, se pode curar nossa doença, será que precisamos saber onde está o médico, ou se ainda está vivo ou não? O importante é nos livrarmos da doença, usando o remédio. Do mesmo modo, os Ensinamentos do Buddha são mais que suficientes para nos livrar de nossos sofrimentos. O Buddha nos deu todo direito de

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pensar livremente, de entendermos se algo é errado pelo uso do senso comum ou pela razão para entendermos a natureza real das coisas que passam a existir.

Por outro lado, não há nada no Universo que exista sem alguma mudança, sem decadência, sem extinção, porque tudo é a combinação de elementos, energia, energia mental e energia kámmica. Portanto, é impossível que essas energias permaneçam para sempre inalteradas. Se você puder entender isto, então os Ensinamentos do Buddha vão lhe ajudar a entender como encarar seus problemas e dificuldades e como superar sua insatisfação. Caso contrário, teremos que nos defrontar com sofrimento físico e mental, insatisfação e desapontamento. Temos que agir de modo sábio para nos livrarmos de nossos problemas. É difícil escapar do sofrimento simplesmente rezando, adorando alguém, mas, através do entendimento da natureza de nossos problemas e dificuldades e da causa deles, somos capazes de nos libertar de tais problemas.

Muita gente pergunta para onde o Buddha foi. Se dissermos que ele foi para o Nibbana, então, vão achar que o Nibbana é um lugar físico. O

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Nibbana não é um lugar, é um estado mental que pode ser alcançado por nós para experimentarmos nossa salvação final. Não podemos dizer que o Buddha foi para algum lugar ou que o Buddha continua existindo, mas ele vivenciou a felicidade Nibbânica, ou o objetivo final da vida.

Assim, a melhor resposta para a pergunta “Onde está o Buddha?” é: o Buddha está em sua mente, que é capaz de atingir a Verdade Definitiva.

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